8 de dezembro de 2015

MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO


MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO

 

Texto Áureo = “E abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra.” (Gn 14.19)

 

Verdade Prática = A bênção de Melquisedeque não se limitou a Abraão, mas alcança todos os que recebem Jesus Cristo como sacerdote eterno.

 

Leitura Bíblica = Gênesis 14:12-20

Introdução

Neste capítulo podemos observar novas manifestações do caráter justo de Abraão. Aqui também somos apresentados a Melquisedeque, o misterioso rei, que é tão importante na história da salvação.

I. O Grande Ataque - versículos 1-12.

Temos aqui a primeira menção da guerra na Bíblia. O homem não demorou muito tempo para aprender esta arte [Tiago 4:1-2]. Para aqueles que estiverem interessados em se aprofundarem neste estudo, há vários livros escritos a respeito da identidade histórica e os ancestrais destes reis.

Ló havia acumulado tesouros na terra, e então os ladrões começaram a minar e roubar. Podemos imaginar se isso não fora um castigo de Deus, e se foi, Ló não aprendeu ou tirou proveito desta repreensão.

II. A Vitória de Abraão - versículos 13-15.

Várias coisas são dignas de nossa atenção:

A. Nesta passagem podemos ver como Abraão era rico. Ele deve ter tido mais de mil servos, pois convocou trezentos e dezoito para entrarem em combate.

B. Vemos aqui a grande coragem e habilidade militar de Abraão. Muito provavelmente, ele não só comandou seus próprios homens, como também todas as forças confederadas [vers.13]. A sua estratégia militar foi sábia e muito bem executada. A habilidade para comandar forças armadas não seria incomum para um xeque nômade como Abraão.

III. O Caráter de Abraão - versículos 16-24.

Abraão foi muito bem sucedido em sua campanha militar. Mais importante ainda, seu caráter como um homem de Deus se sobressaiu.

A. A atitude de Abraão para com Ló fala a respeito de seu caráter. Ele manteve um amor fraternal e um interesse por Ló, a despeito de sua atitude egoísta. Muitos teriam se alegrado em ver a situação de Ló ao invés de ajudá-lo.

B. Abraão deixou bem claro que ele não havia lutado a fim de aumentar suas riquezas. O rei de Sodoma reconheceu que Abraão tinha o poder de estabelecer os termos. Ele poderia ter ficado com toda a riqueza. Abraão, entretanto, queria que seus motivos fossem claramente entendidos. Ele levaria apenas aquela comida para os seus servos. As guerras feitas apenas por motivos financeiros são injustas. (Abraão permitiu que seus confederados recebessem suas recompensas ou despesas - vers. 24).

C. Note que a principal razão para Abraão se recusar a receber do espólio da guerra, foi sua preocupação em glorificar a Deus. Ele havia feito um voto a Deus de que não pegaria nada do malvado rei de Sodoma [vers. 22-23]. Ele não queria que o ímpio levasse o crédito das bênçãos que Deus havia lhe dado. Este interesse em glorificar a Deus, nos faz lembrar de alguns de Seus servos [II Reis 5:15-16; II Coríntios 11:9].

IV. Melquisedeque.

No versículo 18, encontramos uma das pessoas mais misteriosas da Bíblia. O autor de Hebreus não somente mostra a importância deste homem, como também deixa claro, que somente alguém espiritualmente maduro pode compreender este assunto [Hebreus 5:10-11].

A. O Relato Bíblico - versículos 18-20.

1. Melquisedeque foi um rei - vers. 18.

a. Ele foi rei de Salém. Salém significa "paz".                                                                                                  b. O nome "Melquisedeque" significa "rei da justiça".

2. Ele era um sacerdote de Deus - vers. 18.                                                                                                                                                                                  3. Ele alimentou Abraão quando este voltou da batalha.

4. Ele abençoou Abraão - vers. 19                                                                                                                      5. Abraão pagou o dízimo a ele - vers. 20.                                                                                                        6. Não há registro de seu nascimento, morte ou parentesco [Hebreus 7:3].

B. Quem foi Melquisedeque?

1. Alguns acreditam que ele foi Sem. Esta é uma teoria interessante, mas como nós temos o parentesco de Sem, ela acaba caindo por terra [Hebreus 7:3].

2. Outros ensinam que Melquisedeque não foi outro senão o próprio Jesus, aparecendo temporariamente em forma humana. Estas manifestações de Deus no Velho Testamento são chamadas de Teofanias, e não devem ser confundidas com a encarnação de Cristo como homem [Gênesis 18:22, Josué 5:13-15].

Como Hebreus 7:3 e 15 deixam claro que Melquisedeque foi um tipo ou figura de Cristo, nós também devemos rejeitar esta idéia.

3. Hebreus 7:3 e 15 deixam claro que Melquisedeque foi um tipo de Jesus Cristo. Assim como Adão, Moisés, Arão ou Davi, ele foi um homem mortal, cuja pessoa e vida, de várias maneiras foram um símbolo de Jesus Cristo.

C. O sentido doutrinário de Melquisedeque. Em Salmos 110, e Hebreus 7:1-28, nós aprendemos que Jesus Cristo foi um sacerdote, não segundo a ordem Levítica, mas, segundo a ordem de Melquisedeque. Este é um dos mais preciosos ensinos bíblicos a respeito de nosso Salvador.

A Bíblia é uma revelação progressiva. Gênesis 15:1-6

Quanto mais nós prosseguimos em conhecê-la, mais luz e entendimento nós receberemos dos propósitos e do plano de Deus. Gênesis 15 é um grande passo em direção a esta revelação.

Muitos conceitos novos são introduzidos aqui:

A. O conceito de fé - vers. 6                                                                                                                                    B. O primeiro dos títulos "EU SOU" de Deus aparece aqui - vers. 1.

C. O primeiro exemplo de salvação pela fé - vers. 6                                                                                                                                                                                    D. O primeiro exemplo de justiça imputada - vers. 6.                                                                                                                                                                                   E. A primeira menção da "palavra do Senhor".

I. O Desânimo de Abraão - versículo 1.

Na batalha descrita no capítulo 14, Abraão fez alguns inimigos poderosos. O que proibiria estes poderosos exércitos a retornarem para destruir uma tão pequena força militar? Que chance Abraão teria contra eles se não tivesse utilizado este elemento de surpresa?

Não há dúvidas de que todos estes pensamentos passaram pela mente de Abraão. Nós normalmente nos sentimos vulneráveis diante de dúvidas e temores, principalmente após termos passado por uma vitoriosa experiência.

Em Sua bondade e graça Deus confortou Abraão. Deus é Jeová, que significa "Eu Sou". Ao usar este título Deus estava se comprometendo da seguinte maneira: "Eu Sou o que quer que meu povo necessite".

Deus prometeu aqui que seria estas duas coisas para Abraão:

A. "Teu Escudo" - Abraão não precisava temer seus inimigos, assim como nós não devemos também [Salmo 4:8].

B. "Teu Grandíssimo Galardão" - Abraão se recusou a ser enriquecido pelo rei de Sodoma. Aqueles que abandonam alguma coisa por amor a Deus, nunca perdem por isso. A graça e a presença de Deus já é mais do que uma compensação, e, além disso, Ele sempre cuida e recompensa Seus filhos.

Note que nos versículos 1 e 4, a "Palavra do Senhor" veio a Abraão em visão e falou com ele. A maneira pela qual a "Palavra do Senhor" é personificada tem levado algumas pessoas a crerem que isto é uma referência a Jesus Cristo, ao invés da Palavra meramente falada [João 1:1 e 14; I João 1:1; Apocalipse 19:13].

II. A Reclamação de Abraão - versículos 2-4.

Deus havia prometido fazer de Abraão uma grande nação [Gênesis 12:2]. Enquanto Abraão envelhecia, parecia que isto se tornava cada vez mais impossível de se concretizar. Seu único herdeiro era o seu mordomo. Abraão não duvidou de Deus, ele apenas não entendia o que Deus estava fazendo. As vezes esquecemos que Deus aguarda até que toda esperança na carne se desvaneça, antes que Ele execute Seus maravilhosos feitos. Desta maneira somente Deus é glorificado e nossa fé é exercitada. Deus reafirmou a Abraão a sua promessa.

III. A Conversão de Abraão - versículos 5-6.

Temos aqui o primeiro exemplo de salvação pela fé registrado nas Escrituras. Abraão se tornou o "Pai dos fiéis", pois quem é salvo pela fé está seguindo este padrão [Gálatas 3:6-7]. Gênesis 15:6 é de tamanha importância, que ele é citado três vezes no Novo Testamento [Romanos 4:3; Gálatas 3:6; Tiago 2:23]. Deus levou Abraão para fora a fim de lhe mostrar as estrelas, e prometeu que a semente dele seria tão numerosa quanto aquelas estrelas. Com uma fé divinamente trabalhada, Abraão creu no Senhor.

Note aqui vários pontos importantes:

A. A fé de Abraão estava baseada na vinda do Salvador. Ele não somente creu que teria uma grande descendência, mas que de uma delas sairia o Salvador dos pecados[Gálatas 3:16]. Abraão confiou no Salvador que viria [João 8:56].

B. A fé de Abraão o levou a ser contado como justo ou justificado diante de Deus. Aqueles que crêem em Cristo têm a "justiça de Deus" imputada em favor deles [Romanos 4:22-25; 3:21-22]. Nós, como Abraão, não somos aceitos diante de Deus pela nossa bondade. Mas através da justiça de Cristo, que nos é imputada, nós somos justificados diante de Deus [II Coríntios 5:21].

C. Abraão como o "Pai dos fiéis" é o padrão de todos os remidos. Todo Cristão professo deveria perguntar: Eu fui salvo de acordo com o mesmo padrão de Abraão, ou estou confiando em outra coisa?

Vejamos como Paulo usa o exemplo de Abraão para expor falsas esperanças:

1. Ela não é alcançada através das obras [Romanos 4:1-8].                                                                        2. Ela não é alcançada através da circuncisão [Romanos 4:9-12].                                                                
3. Ela não é alcançada através da Lei [Romanos 4:13-16]. Ver também Gálatas 3.

Conclusão

O caráter robusto de Melquisedeque e seu status como respeitado sacerdote-rei tor- naram-se significativos em posteriores pronunciamentos sobre o muito esperado Messias. O Salmo 110.4 relaciona o Messias na “ordem de Melquisedeque” e o escritor da Epístola aos Hebreus cita esta porção dos Salmos para mostrar que Cristo é este tipo de ordem sacerdotal no lugar da ordem arônica (Hb 5.6,10; 6.20; 7.1-21).

O escritor de Hebreus enfatiza o significado do nome e status de Melquisedeque para assinalar que ele e Cristo eram homens de justiça e paz (Hb 7.1,2). A próxima correlação é um destaque na força e valor pessoal e não na linhagem. Seu ofício não passou automaticamente a outro. Cristo é Sumo Sacerdote e não somente sacerdote, e em vez de dar somente uma bênção, Cristo salva “perfeitamente” (Hb 7.25,26).

Você está confiando somente em Cristo para ser salvo? Você é um filho de Abraão? [Gálatas 3:7].

 Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

 

Bibliografia

 


 

Comentário Bíblico de Matthew Baseado na Obra Completa sem Abreviações

Complemento da Lição

 

I. Quem era esse. Ele era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, e outras coisas gloriosas dito sobre ele.

 

1. Os escritores rabínicos concluir que Melquisedeque era Shem, filho de Noé. Mas por que ele deveria mudar seu nome? E como ele veio a fixar residência em Canaã?

 

2. Muitos escritores cristãos ter pensado que era uma aparição do Filho de Deus na

figura rei justo, que sai em defesa de uma causa justa e dá a paz. Eles acham que é difícil imaginar um mero homem que pode ser considerado , sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida ( I. 7: 3 ).

 

3. A visão mais comum é que Melquisedeque era um príncipe cananeu que reinava em Salem e mantido ali a verdadeira religião; mas se assim for, por que ele tinha o nome dele só aparecem aqui em toda a história de Abrão? A Cadeia Arábica Melquisedeque dá a seguinte informação: Qual era o filho de Heraclim filho de Peleg, filho de Eber, o nome de sua mãe era Salatiel, filha de Gomer, filho de Jafé, filho de Noé.

 

II. O que fez.

 

1. Ele tomou o pão e vinho, um lanche para Abrão e seus soldados como parabéns por sua vitória. Isso fez dele como rei.

 

2. Como sacerdote do Deus Altíssimo, abençoou Abrão, podemos supor que Abrão seria mais do que o pão e o vinho lanche. Então, Deus, depois de ressuscitar seu Filho Jesus o enviou para nos abençoar, como tendo autoridade; e aqueles a quem ele abençoa é abençoado de fato.

 

III. O que ele disse (vv. 19-20 ). Ele disse duas coisas:

 

1. Ele abençoou Abrão de Deus. Assista os títulos aqui dadas a Deus, e eles são muito glorioso. (A) Deus Altíssimo (B) criou os céus e a terra, ou proprietário, conforme diz o hebraico, o que implica que ele é o titular do direito e Soberano Senhor de todas as criaturas, como o Criador e Criador de tudo.

 

2. Ele abençoou Deus de Abrão (v. 20 ): e bendito seja o Deus Altíssimo.

 

Comentário Bíblico de Matthew Henry Baseado na Obra Sem Abreviações –Edição Atualizada Século XXI

 

 

 

MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO

 

Texto Áureo = “E abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra.” (Gn 14.19)

 

Verdade Prática = A bênção de Melquisedeque não se limitou a Abraão, mas alcança todos os que recebem Jesus Cristo como sacerdote eterno.

 

Leitura Bíblica = Gênesis 14:12-20

 

INTRODUÇÃO

 

Se a história de Melquisedeque é pequena, sua teologia surpreende-nos pela grandeza e profundidade. O autor sagrado não precisou de muitas palavras, para apresentar-nos a um dos maiores personagens da História Sagrada. Com menos de 60 vocábulos, introduz-nos na antiga Salém, onde o rei de justiça e paz desempenhava um ministério eterno.

 

De Melquisedeque, não temos muitas informações. Sabemos apenas que era um homem santo que exercia, plenamente, as três funções do oficio divino: rei, sacerdote e profeta. Enfim, um tipo perfeito de Jesus Cristo.

 

Neste capítulo, veremos como se deu o encontro de Melquisedeque com Abraão. Ali, na futura Jerusalém, o patriarca, que ainda se chamava Abrão, é recepcionado por um monarca, cuja autoridade espiritual era irresistível. Sim, justamente ali, na presença de Bera, rei de Sodoma, o pai da nação hebreia é abençoado. Em sua bênção, todos os que cremos fomos contemplados.

 

A partir daí, o sacerdócio de Melquisedeque seria invocado, pela Escritura Sagrada, como o ideal de uma intercessão eficaz, plena e eterna. Tão sublime era o sacerdócio de Salém, que o próprio Cristo viria a exercê-lo em sua vida, morte e ressurreição. Acompanhemos, pois, esse maravilhoso capítulo da História Sagrada. Detenhamo-nos na antiga Jerusalém, e desfrutemos das bênçãos que o Pai Celeste, por meio do Filho Amado, reservou-nos.

 

1. UMA HISTÓRIA SEM BIOGRAFIA

 

Como biografar Melquisedeque? Apesar de sua grandeza teológica, quase nada temos acerca dele. Na verdade, é uma história sem biografia. No entanto, sem esse misterioso personagem, as crônicas de nossa redenção estariam incompletas.

 

 

1. Narrativa pequena, teologia grande. De forma admirável, o autor de Gênesis sumaria a história de Melquisedeque em apenas três versículos: “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo” (Gn 14.18-20).

 

Em menos de 60 palavras, Moisés narra um dos capítulos mais gloriosos da Bíblia Sagrada. Na verdade, é uma história sem biografia, pois de Melquisedeque não temos a filiação, nem a naturalidade.

 

A Bíblia não lhe declina o nome dos pais, nem lhe revela a cidade de origem. Sabemos apenas que ele era rei, sacerdote e profeta. Num texto jornalístico, não teríamos condições de responder, a contento, a estas perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? E por quê? Não obstante, somos incapazes de mesurar-lhe a grandeza teológica.

 

Excetuando o Senhor Jesus Cristo, nenhum outro personagem da História Sagrada logrou exercer os três ofícios sagrados. Aliás, nem o próprio Moisés que, entre os profetas, foi o maior, galgou semelhante honra. Embora falasse face a face com o Senhor, o sacerdócio não lhe foi atribuído; caberia a seu irmão exercê-lo. Arão, porém, não foi rei, nem profeta. Quanto a Davi, foi rei e profeta; sacerdote, não.

 

Melquisedeque, todavia, foi rei, sacerdote e profeta. Mesmo assim, sua biografia, de tão exígua, não pode ao menos ser considerada como tal. Sua teologia, contudo, é tão grande que serviu para tipificar o Messias (SI 110.4).

 

2. Rei de Salém. Devido à sua importância estratégica, Salém era a cidade mais importante e cobiçável do Oriente Médio, Soldados e comerciantes eram obrigados a transitar por seus termos, quer em suas viagens ao Oriente, quer em suas andanças ao Ocidente. E, dessa forma, refaziam-se na cidade de Melquisedeque.

 

Ali, detinham-se a ouvir o rei-sacerdote, Ninguém podia igualar-se-lhe à estatura intelectual e teológica. Sem dúvida, o homem mais sábio daquele tempo. Até os reis vinham prestar-lhe vênia. Nesse sentido, era Melquisedeque o rei dos reis daquela região. Conquanto não possuísse exército, sua autoridade moral e espiritual jamais era contestada. Aliás, Salém nem precisava de força armada, porque era a capital da paz; em seus termos imperava a justiça divina.

 

3. Sacerdote do Altíssimo. A autoridade de Melquisedeque não residia propriamente em sua realeza; fundamentava-se no ofício que exercia. Todos sabiam que, ali, na principal cidade da região, achava-se um homem de Deus. Por seu intermédio, os peregrinos consultavam o Eterno.

Até Abraão foi à sua procura, pois sabia que, espiritualmente, havia alguém superior a si. Em que consistia o sacerdócio de Melquisedeque? Não resta dúvida de que era diferente do levítico.

 

Este sobressaía-se pelas oferendas cruentas; aquele tinha como essência o sacrifício único e suficiente de Jesus que, na presciência divina, jazia vicariamente morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Não podemos descartar, porém, a imolação de animais, porque, desde Abel, cordeiros e novilhos eram oferecidos ao Senhor, prefigurando a morte do Unigênito.

 

Na Epístola aos Hebreus, encontramos uma preciosa descrição do sacerdócio de Melquisedeque: “Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote perpetuamente. Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos” (Hb 7.1-4).

 

Tão superior era o sacerdócio de Melquisedeque, que até mesmo a tribo de Levi, que se achava nos lombos de Abraão, pagou-lhe os dízimos através do patriarca: “Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão; entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas” (Hb 7.5-6).

 

4. Profeta do Senhor. Apregoando o conhecimento divino, Melquisedeque precedeu Abraão no ministério profético que, doravante, seria exercido pela nação hebréia. O rei de Salém preparou o caminho do patriarca, a fim de que este viesse a lançar as bases espirituais, morais e éticas do povo de Israel. A teologia de Abraão era melquisedequiana. Antes e depois de Levi, faz-se presente na História da Salvação.

 

Sem Melquisedeque, o ministério de Abraão seria impossível. Foi como profeta que o rei de Salém abençoou o patriarca: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos” (Gn 19,20). A primeira vista, a bênção parece um enunciado sacerdotal. No entanto, temos aqui também uma alocução profética; realça a importância messiânica de Abraão. Melquisedeque faz parte da comunidade profética que Deus mantinha antes e fora de Israel.

 

Entre esses homens ilustres, temos Jó, Eliú, Jetro e os sábios que visitaram o menino Jesus. Embora não fossem israelitas, trabalharam para que a missão de Israel tivesse êxito. Balaão também fazia parte dessa comunidade. Infelizmente, o filho de Beor deixou-se enganar pelas riquezas de Balaque, vindo a perecer ao fio da espada (Nm 31.8),

 

5. Melquisedeque, agenealogatos. Melquisedeque era um homem de Deus, mas não era divino. Embora seja descrito como não tendo pai, nem mãe, nem genealogia, era tão humano quanto Abraão.

 

O que o autor sagrado quis destacar é que, devido à sua importância, sua filiação e naturalidade fizeram-se prescindíveis. Ele não precisou de uma biografia para fazer história; sua atuação foi suficiente.

 

Se Abraão precisava de uma genealogia que o remetesse a Noé e a Adão, não carecia Melquisedeque de um registro que o ligasse a um ancestral ilustre. O triplo ministério reportava-o, de imediato, ao Filho de Deus; seu ofício era eterno, como eterno é Jesus Cristo. Melquisedeque era um sacerdócio messiânico. Melquisedeque não era divino, mas como homem de Deus era singular. Não era eterno, mas transcendeu o tempo. Sacerdote, foi honrado como rei pelo amigo de Deus. Enfim, era ele um profeta, rei e sacerdote em sua plenitude.

 

II. ABRAÃO, O GENTIO

 

Quando Deus intimou a Abraão a sair de Ur dos caldeus, era o patriarca tão gentio quanto eu e você. Sem dúvida, foi o primeiro não israelita a converter-se formal e historicamente. A partir daí, Deus o separa a uma tarefa, que haveria de mudar o perfil teológico, moral e ético do mundo. Sem ele, o Cristianismo seria impossível.

 

1. Abraão, filho de Noé. Em Ur dos caldeus, o gentio Abrão, que mais tarde entrará para a História Sagrada como Abraão, era um ben Noah. Um filho de Noé, como qualquer outro oriental. Oriundo da linhagem de Sem, já era agraciado por duas bem-aventuranças. Através de Noé, desfrutava dos favores da aliança que levou o Senhor a salvar o segundo patriarca universal das águas do Dilúvio (Gn 6.18). E, por meio de Sem, detinha o concerto messiânico (Gn 9.26).

 

Quando de seu chamamento, Abraão não passava de um arameu atribulado e sem muitas perspectivas. Pelo menos, assim professavam OS israelitas, no Sinai, em sua peregrinação à Terra de Promissões: “Arameu prestes a perecer foi meu pai, e desceu para o Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa” (Dt 26.5).

 

Mas, ali, em meio à idolatria que já ameaçava a integridade da grande e diversificada família semita, ouve Abraão a chamada do Senhor: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12,1-3).

 

2. Abraão, cidadão de Ur dos caldeus. Ur era uma das cidades-estado mais avançadas do Oriente Médio. Localizada na antiga Suméria, ficava nas cercanias da atual Teu el-Muqayyar, na província iraquiana de Dhi Qar.

 

E, plantada na foz do rio Eufrates, deveria ser deslumbrante e sedutora. Se levarmos em conta a possível etimologia de seu nome, Ur era a cidade-luz de seu tempo. Uma Paris do Oriente.

 

Nanna era a padroeira de Ur. Adorada como a deusa lunar, começava a subjugar até mesmo os descendentes de Sem, o filho mais piedoso de Noé. E, sendo ela também a deusa da fertilidade, lançava seus adoradores nos ritos mais devassos e libertinos. Prostituição e adultério eram comuns em seus templos. Mais tarde, ela seria adotada pelos gregos que lhe deram um nome mais afinado aos ouvidos ocidentais: Afrodite.

 

Os romanos a conheceriam como Vênus. Dessa cidade evoluída economicamente, mas espiritualmente tão involuída, Deus arranca Abraão. Ao ouvir a voz do Senhor, o patriarca deixa o clã paterno e faz-se peregrino: “Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram” (Gn 12.4,5).

 

3. Abraão, o peregrino. Ao deixar a sua cidade, Abraão não tinha um mapa detalhado da terra que lhe daria o Senhor. Peregrinando em direção ao Ocidente, deteve-se por algum tempo em Padã-Harã. Daí, andeja até Siquém. E, junto aos carvalhais de Moré, o Senhor torna- lhe a promessa mais clara: “Darei à tua descendência esta terra” (Gn 12.7), Diante da promissão divina, o patriarca detém-se entre o já e o ainda, Sim, a terra já é dele; pertence já aos seus descendentes. Todavia, ainda não é o tempo de a possuir. Seus descendentes terão de esperar mais quatro séculos até se apossarem do país onde mana leite e mel. Agradecendo a Deus, Abraão crê; crendo, é justificado. Somente a fé opera semelhantes milagres no coração humano.

 

 

 

III. O ENCONTRO COM MELQUISEDEQUE

 

Em Salém, dá-se um culto completo ao Deus Altíssimo. Abraão, recepcionado por Melquisedeque, bendiz ao Senhor por uma grande vitória, participa da primeira Santa Ceia e louva ao Eterno com os seus dízimos. E, diante do rei de Sodoma, realça o testemunho irresistível de sua fé em Deus.

 

1. A crise anunciada. Ao separar-se de Abraão, seu tio, muda-se Ló para a impenitente Sodoma. E, lá, segundo depreendemos do texto sagrado, veio a prosperar. Sua influência sobre a cidade era mui considerável. Ló era uma espécie de juiz universal (Gn 19.9). Todavia, jamais se conformou com a degradação moral da cidade. Diariamente, afligia-se “pelo procedimento libertino daqueles insubordinados” (2 Pe 2.7).

 

Sodoma, apesar de sua degenerescência moral, desfrutava de um admirável desenvolvimento social e econômico. Por isso, era cobiçada pelos remos da região. Certa vez, alguns desses régulos organizaram-se contra a cidade, conforme registra o autor sagrado: “Sucedeu naquele tempo que Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, fizeram guerra contra Bera, rei de Sodoma, contra Birsa, rei de Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Bela (esta é Zoar)” (Gn 14.1,2). Nesse investida, Quedorlaomer leva o justo Ló a um cativeiro incerto e cruel (Gn 14.12).

 

2. A vitória no campo de batalha. Ao saber que o sobrinho fora levado cativo, Abraão não se fez esperar. Arregimenta um exército entre os seus servos, e vai ao encalço de Ló, Sua vitória é espetacular, segundo narra o Gênesis: “E, repartidos contra eles de noite, ele e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de  (Gn 14,15). Seus 318 homens derrotaram o exército mais poderoso da região. Um exército, aliás, que vinha de várias campanhas vitoriosas,

Abraão resgata não somente o sobrinho, como também os demais cativos de Quedorlaomer. Sem dúvida, uma façanha bélica.

 

Um bando de pastores havia derrotado uma poderosa coligação. Como celebrar semelhante triunfo? Dirige-se, pois, o patriarca a Salém, onde já o esperava Melquisedeque.

 

3. O encontro com o rei de Salém. Não sabemos se até aquele houvera algum encontro entre Abraão e Melquisedeque. De qualquer forma, não poderia haver ocasião mais propícia. Se havia um culto público e testemunhal a realizar, que Salém fosse o santuário, O ato de adoração ao Unico e Verdadeiro Deus seria presenciado por Bera, rei de Sodoma. Infelizmente, o sodomita não se deixaria enternecer pela manifestação divina. Mais interessado em reaver os súditos, partiu de imediato a sua impenitente e ja condenada cidade-estado.

4. A santa ceia em Salém. O pão e o vinho faziam parte do cardápio oriental; eram alimentos básicos, Mas, agora, o pão e o vinho de Salém adquirem um caráter sacramental. A vitória do patriarca, portanto, será comemorada com uma ceia que se faz santa. Observemos como a narrativa sagrada descreve a celebração: Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14,18 ). Observemos a precisão da narrativa bíblica. Melquisedeque traz pão e vinho a Abraão na qualidade de sacerdote, e não como rei de Salém. Era, pois, uma refeição sacramental, não um banquete oficial.

 

Conclui-se que o pão e o vinho ali servidos já prefiguravam o corpo e o sangue de Cristo. Levemos em conta, também, que o sacerdócio de Melquisedeque era superior ao de Levi, porquanto messiânico, eterno e universal. O que isso significa? Acima de tudo, que o pão e o vinho, naquele momento, eram mais adequados do que um cordeiro.

 

5. Abraão dá os dízimos a Melquisedeque. Após a refeição sacramental, Melquisedeque abençoa Abraão. Dessa forma, o sacerdote do Deus Altíssimo agracia o patriarca hebreu: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos” (Gn 14,19,29). Nesse evento, Abraão era ainda Abrão. Mas logo seria ele não apenas um grande pai, mas o pai espiritual de todos os crentes, quer hebreus, quer gentios.

 

Já no encerramento do culto, Abraão serve a Deus com os seus dízimos. Ao rei de Salém, entrega o melhor de seus haveres (Gn 14.20), Tão liberal mostrou-se o patriarca que, além de não aceitar a oferta de Bera, rei de Sodoma, fez questão de externar materialmente o que, espiritualmente, havia recebido. Até mesmo dos despojos de guerra que estavam em seu poder, deu ele o dízimo (Hb 7.4),

 

Na verdade, Abraão nenhum despojo quis para si, mas desse mesmo despojo pagou o dízimo ao Senhor pela mão de Melquisedeque.

 

CONCLUSÃO

 

Abraão encontrou-se com Melquisedeque, e foi espiritual e teologicamente edificado. Em Salém, teve uma visão mais clara de seu chamamento. Sabia, agora, que a sua missão ia além do tempo; era eterna. Nele, seriam abençoadas todas as nações da terra por intermédio de Jesus Cristo, seu mais ilustre descendente.

Hoje, através de Cristo, é-nos facultada a entrada ao trono da graça. E, agora, podemos adentrar não a Salém terrena, mas a Jerusalém Celeste, cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus.

 

 

Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Livro o Começo de Todas as Coisas = CPAD = Claudionor de Andrade

 

 

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