LIDANDO DE
FORMA CORRETA COM O DINHEIRO – Ev.
José Costa Junior
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O assunto
desta lição diz respeito a como lidar de forma correta com o dinheiro dentro do
contexto da sabedoria de DEUS para uma vida vitoriosa.
É ensino claro da Palavra de Deus
que toda a riqueza a ele pertence, enquanto nós somos simples despenseiros
dela. Só Deus tem o direito de propriedade e o cristão somente o direito de
posse, isto é, o direito de usar os bens materiais enquanto estiver neste mundo.
O cristão verdadeiro reconhece que Deus é quem lhe dá forças para adquirir
riquezas (Dt. 8:18).
O homem trabalha certo número de
horas por dia e recebe em troca certo número de reais. Esse dinheiro representa
uma porção de sua energia física e mental, transformada em dinheiro, com o qual
ele pode adquirir o necessário para o seu sustento. É o resultado do seu
trabalho por determinado tempo, é parte da sua vida gasta numa certa atividade,
que visa diretamente contribuir para o desenvolvimento da coletividade. Não
exageramos, portanto, quando dizemos que o dinheiro é personalidade armazenada
ou, por assim dizer, parte da vida transformada em moedas e papel.
Não há muito tempo, faleceu um homem
que legou à filha uma pequena fortuna. O advogado que cuidava dos interesses do
pai da moça entregou-lhe uma carta, deixada em seu poder pelo falecido. Era o
seguinte o seu teor: "Deixo-lhe uma quantia no banco e espero que seja
suficiente para fazer face às suas despesas. Quero que pense nessa quantia não
apenas como dinheiro, mas gostaria também que se lembrasse de que é parte de
minha vida, dedicada ao seu bem-estar e à sua felicidade. Estão empregadas
naquele dinheiro muitas das minhas melhores horas, horas de todos os dias,
durante muitos anos. Está empregado também, nessa quantia, o meu cérebro, isto
é, as melhores idéias que tive durante a minha vida de comerciante. Minha força
física, minha energia e meu amor estão todos armazenados nesse dinheiro, que
passa agora para o seu poder. Espero também que se lembre de que, ao usar o
dinheiro que lhe estou legando, estará de fato usando a vida de seu pai.
Peço-lhe, portanto, que não o desperdice, mas que o use como usaria meu tempo,
meu esforço e meu amor. Alegro-me em lhe entregar, agora que não mais estou ao
seu lado, parte da minha vida, para resguardá-la da necessidade e falar-lhe do
meu amor."
As vezes se interpreta
equivocadamente as palavras de Jesus no sermão do monte: "Não acumuleis para vós outros
tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões
escavam e roubam; mas ajuntai
para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões
não escavam nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu
coração (Mt 6:19-21). Aqui, o ponto para onde Jesus dirige nossa atenção é
a durabilidade comparativa dos dois tesouros. Deveria ser fácil decidir qual
dos dois ajuntar, ele dá a entender, porque tesouros sobre a terra são
corruptíveis e, portanto, inseguros, enquanto que tesouros no céu são
incorruptíveis e, conseqüentemente, seguros. Afinal, se nosso objetivo é
ajuntar tesouros, presumivelmente nós nos concentraremos na espécie que vai
durar mais e que pode ser armazenada sem depreciação ou deterioração.
E
importante enfrentar franca e honestamente a questão: o que Jesus estava
proibindo, quando nos disse para não ajuntarmos tesouros para nós mesmos na
terra? Talvez seja melhor começarmos com uma lista do que ele não estava (e não
está) proibindo.
Primeiro, não há maldição alguma
quanto às propriedades em si; as Escrituras não proíbem, em parte alguma, as
propriedades particulares. Segundo, "economizar para dias piores" não
foi proibido aos cristãos, nem fazer um seguro de vida, que é apenas uma
espécie de economia compulsória auto-imposta. Pelo contrário, as Escrituras
louvam a formiga (estudado na lição passada) que armazena no verão o alimento
de que vai precisar no inverno, e declara que o crente que não faz provisão
para a sua família é pior do que um incrédulo. Terceiro, não devemos desprezar
mas, antes, desfrutar as boas coisas que o nosso Criador nos concedeu
abundantemente. Portanto, nem as propriedades, nem a provisão para o futuro,
nem o desfrutar dos dons de um Criador bondoso estão incluídos na proibição dos
tesouros acumulados na terra.
O que está, então? O que Jesus
proíbe a seus discípulos é a acumulação egoísta de bens ("Não acumuleis
para vós outros tesouros sobre a terra"); uma vida extravagante e luxuosa,
a dureza de coração que não deixa perceber as necessidades colossais das pessoas
menos privilegiadas neste mundo; a fantasia tola de que a vida de uma pessoa
consiste na abundância de suas propriedades; e o materialismo que acorrenta
nossos corações à terra. O Sermão do Monte repetidas vezes refere-se ao
"coração" e, aqui, Jesus declara que o nosso coração sempre segue o
nosso tesouro, quer para baixo para a terra, quer parao alto para o céu.
Resumindo, "acumular tesouros sobre a terra" não significa ser
previdente (fazer ajuizadas provisões para o futuro), mas ganancioso (como o
sovina que acumula e os materialistas que sempre querem mais). Esta é a
armadilha contra a qual Jesus nos adverte aqui. "Sempre que o Evangelho é
ensinado", escreveu Lutero, "e as pessoas procuram viver de acordo
com ele, surgem duas terríveis pragas: os falsos pregadores, que corrompem o
ensino, e, então, a Sra. Ganância, que impede um viver justo."
O objetivo
deste estudo é trazer algumas informações e textos, colhidos dentro da
literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão a respeito de como lidar de forma correta com o
dinheiro dentro do contexto da “sabedoria de DEUS para uma vida vitoriosa”. Não
há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer
ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.
O CUIDADO COM AS FIANÇAS, EMPRÉSTIMOS E LUCRO FÁCIL
Nos dias antigos, a lei comercial de Israel era direta. O
empréstimo era necessário somente em emergências particulares e, assim sendo,
receber juros de um compatriota israelita era estritamente proibido (exemplo,
Lv 25.36), e se uma peça de vestuário fosse recebida como fiança por um
empréstimo, aquela deveria ser devolvida ao cair da noite para que servisse de
cobertor (Ex 22.25-27). A ação descrita no livro “O Mercador de Veneza” de
William Shakespeare (1564-1616), gira em torno, naturalmente, desse ou de um
outro costume semelhante. Talvez um profundo exame lance mais luz sobre o que
em realidade é envolvido aqui. De qualquer modo, em nosso livro a fiança é
uniformemente condenada. Davison provavelmente tenha apontado para a raiz da
objeção quando disse: "O uso do dinheiro é um índice do caráter... O jovem
que participa de movimentos monetários como aqueles que são condenados no livro
de provérbios, em primeiro lugar é moralmente fraco, e em segundo lugar é
praticamente desonesto, e em terceiro lugar, provavelmente provocará muito
sofrimento àqueles que mereciam melhor tratamento de suas mãos" (The
Wisdom Literature of the Old Testament,
págs. 193 e segs.).
É digno de
atenção que o livro de Provérbios se preocupa especialmente com transações de
fiança que envolvam estrangeiros (comerciantes estrangeiros?); ver, por
exemplo, Pv 6.1; Pv 11.15; Pv 20.16; Pv 27.13.
“Se deste a tua mão ao estranho” se refere ao ato de ratificação
a uma transação. O fiador, à semelhança do ímpio do vers. 22, cai na armadilha
de sua própria insensatez. Nos versículos que se seguem ele é exortado a fazer
todos os esforços para livrar-se, importunando, se necessário for, aquele
perante quem ele se obrigara a livrá-lo da dívida.
Um israelita não podia cobrar juros de um seu
compatriota (Êx 22.25; Lv 25.36,37; Dt 23.19,20). Muitos deles praticaram a
agiotagem, a despeito disso ser-lhes vedado pela lei mosaica, onde é condenada
como desonesta e imoral (Pv 28.28; Ez 18.13; 22.12). Todavia, juros podiam ser
legitimamente cobrados de estrangeiros que pedissem empréstimos (Dt 23.20). Sabemos que, nos dias do Novo Testamento, os
juros cobrados sobre os empréstimos eram a regra econômica da época (Mt 25.27;
Lc19.23; Josefo, Guerras 2.17). Supõe-se que, na sociedade hebreia, a lei
contra a cobrança de juros de algum irmão (compatriota israelita) prevalecia de
modo geral, embora com abusos ocasionais. Jesus não condenou a prática de
cobrar juros; mas não demonstrou apreciação pela prática da usura (Mt 6.19-21).
Há um Senhor mais alto a quem devemos servir (Mt 6.24). Mateus 5.25-26
mostra-nos que Jesus preferia atitudes amigáveis e hospitaleiras como fatores
para ajudar na solução de problemas surgidos entre credores e devedores, em
lugar de coerção legal. No entanto, todos os cristãos devem pagar impostos nos
países onde vivem. Essa é uma dívida legal e apropriada, conforme Romanos 13.6
em diante.
A usura está intimamente ligada à
cobrança excessiva de juros e, por isso, constitui crime no Direito Penal
brasileiro; aquele que pratica a usura é popularmente conhecido como agiota.
Tal expressão se refere não somente ao particular, mas também às pessoas
jurídicas que especulam indevidamente e ultrapassam o máximo da taxa de juros
prevista legalmente, praticando crime contra o sistema financeiro nacional (Lei
nº 7.492/86).
Um artigo na revista “Ultimato” na
web (http://www.ultimato.com.br/conteudo/corrupcao-aspectos-sociais-biblicos-e-teologicos)
nos diz: A corrupção aflige a terra desde a Queda. Não é surpresa, portanto,
que muitos a vejam como algo normal, inevitável; um mal necessário na condução
dos negócios e a forma como o rico e o poderoso levam sempre vantagem sobre o
pobre e o fraco. Porém as Escrituras deixam claro que a corrupção é uma
injustiça e, mais do que isso, elas requerem um posicionamento contra a
corrupção.
.
O relato de corrupção, propina ou suborno mais conhecido da história está na Bíblia. Foram as 30 moedas de prata dadas pelos sacerdotes judeus a Judas Iscariotes para que ele os levassem até o Jardim do Getsemani, onde Jesus e os discípulos passavam a noite. Lá Judas mostrou a eles através do beijo da traição quem era Jesus. Judas era ganancioso e o dinheiro significava para ele, muito mais do que lealdade ou amor. Ele foi motivado por ganância e ganho pessoal. Quando ele se deu conta do mal feito e das consequências da sua traição, jogou as moedas no pátio do templo e cometeu suicídio (Mt 26 e 27; Mc 14; Lc 22).
O relato de corrupção, propina ou suborno mais conhecido da história está na Bíblia. Foram as 30 moedas de prata dadas pelos sacerdotes judeus a Judas Iscariotes para que ele os levassem até o Jardim do Getsemani, onde Jesus e os discípulos passavam a noite. Lá Judas mostrou a eles através do beijo da traição quem era Jesus. Judas era ganancioso e o dinheiro significava para ele, muito mais do que lealdade ou amor. Ele foi motivado por ganância e ganho pessoal. Quando ele se deu conta do mal feito e das consequências da sua traição, jogou as moedas no pátio do templo e cometeu suicídio (Mt 26 e 27; Mc 14; Lc 22).
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Corrupção em forma de propina ou suborno é condenada ao longo de toda a Escritura Sagrada. Samuel foi o primeiro dos profetas do Antigo Testamento e um grande líder em Israel. Porém, mais tarde em sua vida, em sua casa, ele acusou os seus filhos de não andarem em seus caminhos. Foram avarentos, aceitaram subornos, torceram a lei (I Sm 8.3).
Corrupção em forma de propina ou suborno é condenada ao longo de toda a Escritura Sagrada. Samuel foi o primeiro dos profetas do Antigo Testamento e um grande líder em Israel. Porém, mais tarde em sua vida, em sua casa, ele acusou os seus filhos de não andarem em seus caminhos. Foram avarentos, aceitaram subornos, torceram a lei (I Sm 8.3).
A
distorção da justiça é uma das piores consequências do suborno porque permite
que o rico explore o pobre. Na despedida que Samuel fez junto ao seu povo na
coroação do rei Saul, ele perguntou: “…diga-me de quem recebi suborno e com ele
encobri meus olhos, e eu vo-lo restituirei?” (I Sm 12.3). Ele teve uma vida
exemplar e a multidão não hesitou em responder: “em nada nos defraudaste, nem
nos oprimiste, nem recebeste coisa alguma da mão de ninguém” (I Sm 12.4).
Davi, rei de Israel, fez uma pergunta retórica no Salmo 24: “Quem subirá ao monte do Senhor ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração. Que não entrega a sua alma à vaidade e nem jura enganosamente." No Salmo 26, porém, ele apresenta o homem que tem a mão direita cheia de subornos em contraste com o outro homem do Salmo 15.5 que “não empresta o seu dinheiro visando lucro e nem aceita suborno contra o inocente”.
O profeta Isaías elogia “…aquele cuja mão não aceita suborno.” (Is 33.15). E o profeta Amós denuncia “vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais” (Am 5.12).
Davi, rei de Israel, fez uma pergunta retórica no Salmo 24: “Quem subirá ao monte do Senhor ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração. Que não entrega a sua alma à vaidade e nem jura enganosamente." No Salmo 26, porém, ele apresenta o homem que tem a mão direita cheia de subornos em contraste com o outro homem do Salmo 15.5 que “não empresta o seu dinheiro visando lucro e nem aceita suborno contra o inocente”.
O profeta Isaías elogia “…aquele cuja mão não aceita suborno.” (Is 33.15). E o profeta Amós denuncia “vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais” (Am 5.12).
O USO
CORRETO DO DINHEIRO
Os recursos financeiros têm como
objetivo satisfazer nossas necessidades e proporcionar-nos alegria e prazer.
João Calvino afirmou que a enorme variedade de cereais, verduras, frutas e
demais ingredientes oferecidos para a nossa alimentação deixa claro que o
Criador tinha em mente, além da nossa nutrição, o nosso prazer e satisfação.
Isto se aplica também a todos os demais bens materiais.
Parte
dos nossos bens deve ser usada para ajudar o próximo. Quando entre ti houver algum pobre
de teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o Senhor teu Deus
te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás as tuas mãos a teu irmão
pobre; antes lhe abrirás de todo a tua mão e lhe emprestarás o que lhe falta,
quanto baste para a sua necessidade. Guarda-te, que não haja pensamento vil no
teu coração, nem digas: Está próximo o sétimo ano, o ano da remissão, de sorte
que os teus olhos sejam malignos para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada;
e ele clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado (Dt 15:7-9).
Moisés ensinou aos filhos de Israel
que tinham responsabilidade para com o irmão necessitado. Se a necessidade de
um irmão chamasse a atenção de alguém e este lhe fechasse o coração e se
recusasse a dar-lhe o de que necessitava, tal pessoa tinha um coração perverso-
Esse indivíduo estava cego, e sua visão distorcida pela ganância. Admitia a
necessidade, mas amava suas posses ao ponto de recusar contribuir para a
necessidade do irmão. Moisés disse que tal atitude era prova de coração mau. O
olho mau, da mesma maneira, revelava visão distorcida das coisas e refletia
perversão moral.
A mesma verdade é apresentada em
Provérbios 23:6-7: "Não comas o pão daquele que tem olhos malignos, nem
cobices os seus manjares gostosos. Porque, como imaginou na sua alma, assim é;
ele te dirá: Come e bebe: mas o seu coração não estará contigo" (Ed.
Rev. Cor.). Aqui Salomão falava do banquete de um homem rico. Se ele tiver
olhos malignos, ressentir-se-á do alimento que você come e o coração dele será
controlado pela amargura. Ele pode ter abundância, mas chora o que você come.
Por isso Salomão disse: "Não comas o pão daquele que tem olhos malignos."
O olho maligno falava de uma visão distorcida do valor das coisas.
A mesma verdade se encontra em
Provérbios 28:22: "Aquele que tem olhos invejosos corre atrás das
riquezas, mas não sabe que há de vir sobre ele a penúria." Repetimos:
o homem que se curva a qualquer esforço para acumular bens materiais tem olho
mau, visão distorcida do valor e permanência da riqueza. Ele acha que reterá a
riqueza para sempre e não percebe, como diz Paulo, que nada trouxe para este
mundo, nem poderá levar dele coisa alguma. Ele toma o que é passageiro e lhe
atribui valor eterno. Essa visão distorcida, disse Salomão, revela "olho
mau".
Desses textos do Antigo Testamento
vemos que embora as palavras do Senhor nos pareçam estranhas porque não usamos
as mesmas expressões idiomáticas, na mente dos seus ouvintes elas continham um
conceito bem firmado. Nosso Senhor disse: "São os olhos a lâmpada do teu
corpo." É o olho que traz luz de modo que o homem possa ver. É axiomático
que onde não há luz não se pode ver. Nosso Senhor ensinou a lição moral e ética
de que, se não houver luz vinda de Deus, não pode haver interpretação adequada
do que tem verdadeiro valor. Até que a luz de Deus brilhe sobre algo, não
conhecemos seu verdadeiro caráter.
Ora, visto que esses judeus tinham
uma opinião distorcida do valor dos bens materiais, nosso Senhor teve de dizer:
"Se, porém, os teus olhos forem maus [como são, se tiverem uma opinião
distorcida do valor dos bens materiais], todo o teu corpo estará em
trevas" (6:23). Aquilo que os judeus julgavam ser bênção de Deus, Jesus
disse que era prova de uma visão distorcida das trevas interiores.
Os rabinos haviam ensinado que o
meio de conservar a saúde da alma era dar generosamente. Ser avarento era
distorcer a visão. Se alguém era avarento, o olho da alma estaria cego.
Porém os fariseus ignoravam o ensinamento dos rabinos, e nosso Senhor disse que
eles estavam em cegueira ou em trevas.
Se a pessoa não tiver visão correta
das coisas materiais, terá visão distorcida da vida como um todo. Se ela tem
visão dupla concernente às coisas materiais, adotará um conjunto de alvos
inteiramente falsos para a vida. Mais cedo ou
mais tarde a pessoa se sujeitará às coisas materiais, e elas a
escravizarão. A ganância pelas coisas ou pelo dinheiro é um senhor muitíssimo
implacável. Os desejos dos entes queridos; as necessidades dos parentes e
amigos; as exigências do país, da honra, do conforto e até da própria saúde
podem ser menosprezadas; o homem abandona tudo quando a aquisição de dinheiro
se torna a obsessão da vida. A avareza é o senhor mais impiedoso do mundo.
Jesus encareceu este ponto ao dizer que ninguém pode ser fiel a dois senhores
ao mesmo tempo: "Ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se
devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às
riquezas" (v. 24).
"Riquezas" ou
"Mamom" é uma personalização do principal rival de Deus ― dinheiro ou
bens materiais. Nosso Senhor considerava a aquisição de riquezas como um alvo
que leva o homem à mais abjeta escravidão, que o impede de desincumbir-se de
sua responsabilidade de servo de Jesus Cristo. Pelo contrário, ele se escraviza
ao dinheiro e não pode servir a ninguém mais, muito menos a Deus. Quando o
homem é consumido pela paixão do acúmulo de bens materiais, não há lugar para
outro amor. O Senhor não condenou a posse de riquezas. Ele condenou ser
possuído por elas. Ele considerava o amor do dinheiro como brutal
idolatria.
Paulo escreveu: "Fazei, pois,
morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo
maligno, e a avareza, que é idolatria" (Cl 3:5). Avareza é idolatria. Os
filhos de Israel, no Antigo Testamento, menosprezaram a Deus que tinha o
direito de governar sobre eles, por ter ele tirado o povo do Egito, e se
submeteram aos deuses das nações entre as quais habitavam. Paulo disse que
quando o homem ama ao dinheiro, igualmente rejeita o direito do Deus que o
redimiu de governar sobre ele, e se submete a outro deus. Assim como Israel
caiu em toda sorte de práticas abomináveis por seguir em pós de falsos deuses,
assim, disse Paulo, o homem que faz do amor ao dinheiro a finalidade de sua
vida encontrar-se-á cedendo a práticas abomináveis.
A riqueza é vista, na Bíblia, como
algo dado em confiança. Nunca é considerada como um fim, mas como um meio de
atingir um fim. É vista como uma bênção de Deus, que, como tal, traz consigo
responsabilidade. O que Deus confia ao homem não deve ser usado para desfrute
egoísta, mas para benefício e bênção de outros. O homem não pode ser justo e
avarento ao mesmo tempo, assim como não pode ser piedoso e ganancioso. O homem
não pode, concomitantemente, amar a Deus e às coisas materiais. Não pode, ao
mesmo tempo, ser servo fiel de Jesus Cristo e vender-se como escravo ao
dinheiro.
Nosso
Senhor lidava não apenas com ações mas também com atitudes básicas para com a
vida. Em realidade, ele formulava uma pergunta: "Para você, qual é o mais
alto bem na vida?" Em nossa época, multidões teriam de confessar que medem
a virtude pelas posses materiais acumuladas. Diz-se que o homem está realizado
quando se enquadra numa alta faixa de impostos. Essa é uma revelação da visão
distorcida que nosso Senhor disse mergulhar a alma toda em trevas morais. Essa
passagem convida-nos a examinar bem as coisas às quais damos valor, e
perguntar: "Se esses bens me fossem tomados repentinamente, qual seria
minha riqueza?" Ouça de novo a Palavra do Senhor: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque
ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará
ao outro." Não podemos servir a Deus e ao principal rival de Deus, as
coisas materiais. Que é, realmente, que importa na vida? O ouro ou a piedade?
Não
podemos esquecer, também, a nossa contribuição para a Igreja. Todas as instituições
necessitam de recursos financeiros para cumprir sua tarefa. E a Igreja não é
exceção. Ela necessita de dinheiro para construir e manter seus templos, para
pagar o salário de seus funcionários e para executar seus projetos. Esse
dinheiro não cai do céu. Ele vem da contribuição dos fiéis. Por isso, parte dos
nossos bens deve ser dedicada à obra de Deus.
Os bens materiais,
honestamente adquiridos, são bênçãos que Deus nos concede. Eles devem ser
usados para a nossa manutenção, conforto, alegria e prazer, bem como para
ajudar o próximo e sustentar a Igreja e suas instituições. Usá-los como forma
de auto-afirmação, de ostentação, ou como instrumento de dominação e opressão,
é deturpar os fins para os quais eles nos foram dados.
CONCLUSÃO
Uma música popular diz que "tem
que pagar para nascer, tem que pagar para viver, tem que pagar para
morrer". E é verdade. Tudo na vida tem um preço. Quando você recebe alguma
coisa sem pagar, é porque alguém está pagando por você. Por isso o dinheiro é
importante, mas não a coisa mais importante da vida.
O dinheiro é um meio para
chegar a um fim. Ele é um instrumento para adquirir coisas de que necessitamos.
O dinheiro honestamente adquirido é bênção de Deus. Mas quando invertemos a
ordem dos valores, quando abrimos mão de coisas mais importantes para nos
apossar do dinheiro, ele se transforma em maldição. E no lar, quando o casal
briga por causa de dinheiro - seja pelo excesso, seja pela escassez -, eles
estão trocando o amor, a harmonia e a paz por bens materiais, estão trocando o
essencial pelo secundário, o melhor pelo menos importante. Estão fazendo um
péssimo negócio.
Concluindo, espero em DEUS ter
contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão difícil tema e
ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes
assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.
Ev. José Costa Junior
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