APROVADOS POR DEUS EM CRISTO JESUS
Texto
Áureo = “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Tm 2.15)
Verdade
Prática = O obreiro
aprovado por Deus tem as marcas do Senhor Jesus Cristo.
LEITURA BÍBLICA = 2 TIMÓTEO 2: 1-18
INTRODUÇÃO
Na sua primeira carta a Timóteo, Paulo
falou muito do trabalho que Timóteo teria que fazer entre os efésios (veja 1
Timóteo 1:3,18; 3:14-15; 4:6,11; 5:21; 6:11-16,20). Nesta segunda carta, porém,
ele focaliza mais no próprio Timóteo, exortando-o a não desfalecer no serviço
do Senhor para o qual ele foi chamado (veja 2 Timóteo 1:6,8; 2:1,8; 3:14;
4:1-2). Para animá-lo, o apóstolo lembra Timóteo das seguintes coisas:
A fé verdadeira (1:1-5). A fé do apóstolo Paulo se manifesta em duas maneiras. Primeiro,
ele está cumprindo seu apostolado "de conformidade com a promessa
da vida que está em Cristo Jesus" (1:1). Convencido das
promessas de Deus em Cristo, ele mesmo acreditou no evangelho e agora ensina
para convencer outros (veja Atos 26:13-20). Segundo, por causa da sua confiança
em Deus e seu amor para seu "amado filho" (1:2), Paulo ora
"noite e dia" a favor de Timóteo (1:3).
A fé de Timóteo também se manifesta
verdadeira. Mesmo tendo um pai incrédulo (veja Atos 16:1), Timóteo escolheu
servir a Deus, convencido pela instrução e exemplos da sua avó e sua mãe (1:5).
Sua fé era tal que os irmãos de Listra e Icônio a notaram e davam bom
testemunho dele (veja Atos 16:2). Até o próprio apóstolo Paulo disse: "estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria
pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento"
(1:4-5).
Se Paulo não desfaleceu, mas
continuava sua missão confiando em Deus mesmo dentro da prisão (veja 1:8,16),
Timóteo deveria continuar seu trabalho com esta mesma confiança no seu estado
livre.
"Dons" de Deus (1:6-14). Timóteo recebeu um dom espiritual pela imposição das mãos do
apóstolo Paulo (veja Atos 8:18), e precisa usá-lo sem medo e de acordo com o
poder, amor e moderação de Deus (1:6-7).
Além deste dom espiritual, Paulo
lembra Timóteo de um outro "dom" que recebeu o chamado na graça de
Deus para sofrer junto com Paulo no ensino das "sãs palavras" que
manifestam a todos a vida e imortalidade (1:8-14; veja Atos 5:40-42).
Sofrer por fazer o bem é um dom de
Deus que faz o servo fiel crescer (veja Hebreus 12:4-13; Tiago 1:2-4).
Exemplos dos outros (1:15-18). Mesmo quando muitos deixaram de atender a Paulo na prisão,
Onesíforo se esforçou sozinho, além do que se esperava (1:15-17). Servindo
Paulo, Onesíforo estava servindo Cristo (veja Mateus 25:37-40).
O exemplo de Onesíforo iria encorajar
Timóteo a ficar firme no seu serviço a Cristo, mesmo se estivesse sofrendo
sozinho, ciente de que o galardão virá da parte do Senhor "naquele Dia"
(1:18).
O Obreiro Aprovado de Deus = 2 Timóteo 2:1-26
Tendo encorajado Timóteo a continuar
no seu serviço de evangelista (veja 2 Timóteo 1:6-8,13-14), Paulo agora o
exorta a encarar os sofrimentos deste trabalho, desenvolvendo as seguintes
características do ministro fiel:
Mestre da palavra (2:1-2). Em sofrimento, o servo de Deus deve procurar força na graça de
Deus, e não em sua própria capacidade ou sabedoria (2:1; veja Hebreus 12:28;
Tito 2:11-14; 2 Coríntios 12:7-10). Assim fortificado, é necessário que o servo
ensine a palavra da graça de Cristo para outros (2:2; veja Atos 20:32). Nisto
notemos duas coisas importantíssimas:
·
É a vontade de Deus que a mesma
palavra se passe de uma geração para outra. Paulo disse, "o que da minha parte ouviste...isso mesmo
transmite a homens...para instruir a outros" (2:2). Deus
não quer que novas gerações ensinem coisas novas (veja Gálatas 1:8).
·
O que é preciso em quem vai ensinar a
palavra é fidelidade, e não eloqüência ou sabedoria própria (veja 1 Coríntios
4:1-2). Quem se fortifica na graça de Deus e não no orgulho de homens ensinará
apenas a palavra de Deus.
Soldado, atleta, lavrador (2:3-13). O
servo do Senhor precisa ser bem treinado e disciplinado para que possa alcançar
os alvos de Deus. Como soldado, terá que sacrificar certos confortos e seus
próprios desejos para conquistar o objetivo do seu capitão.
Como atleta, terá de seguir regras,
sacrificando a sua liberdade para receber o prêmio. Como lavrador, terá que
trabalhar duro com muita paciência, para depois receber o fruto (2:3-7).
Jesus e Paulo são exemplos perfeitos.
Eles sofreram em servir a Deus, confiantes que ele dê a cada um de acordo com
as suas obras (2:8-13; veja 2 Coríntios 5:9-10).
Obreiro diligente (2:14-19). Enquanto muitos no mundo religioso se enrolam com questões de
doutrinas de igrejas e teologia humana, o servo de Deus precisa se afadigar no
estudo da palavra da verdade (2:15). Quem busca contendas de doutrinas e segue
toda idéia nova gasta seu tempo e corrompe outros com sua falta de confiança na
simples palavra de Deus (2:14,16-19; veja Marcos 12:24,27; Efésios 4:11-14).
Vaso santificado e disciplinado
(2:20-26). O servo de Deus deve disciplinar a
sua própria vida, fugindo das coisas que não convêm, e seguindo as que o tornam
útil para serviço na casa de Deus (2:20-23). Com a sua própria vida em ordem, o
servo então deve exortar a outros, lhes ensinando a pura palavra de Deus com a
esperança de que sejam convencidos a se arrepender e parar de servir o diabo
(2:24-26).
Sobrevirão Tempos Difíceis = 2 Timóteo 3:1-17
Ao preparar os apóstolos para pregar o
evangelho, Jesus nunca deixou de avisá-los das dificuldades e perigos que
fariam parte deste trabalho (veja Mateus 10:16-23). Assim, Paulo também
advertiu a Timóteo, a fim de prepará-lo para lidar com os tempos difíceis que
certamente chegariam (3:1).
A fonte das dificuldades (3:2-9). O cristão é cidadão do céu (veja Filipenses 3:20) mas vive no
mundo, um território hostil governado pelo "deus deste século" (veja
João 17:14-18; 2 Coríntios 4:3-4). Timóteo teria que lidar com homens que
rejeitaram a verdade de Deus para seguirem os desejos deste mundo. Paulo faz
uma lista de seus atributos, destacando seu egoísmo e seu "amor" para
tudo aquilo que é contra a vontade de Deus (3:2-4).
Tais homens complicam a vida do servo
fiel, pois não somente fazem o errado como também encorajam outros a rejeitarem
a verdade. Até parecendo ser espirituais, eles levam sua falsidade às casas dos
mais fracos e daqueles que não conseguem distinguir a verdade da mentira
(3:5-7).
As maneiras e métodos destes homens
não são uma novidade: até mesmo Moisés foi desafiado por homens que agiram
assim (3:8-9; veja 2 Pedro 2:5-8; Judas 14-16).
Os piedosos serão perseguidos
(3:10-13). Em forte contraste com estes homens
infiéis, há o exemplo do apóstolo Paulo. Desde o momento em que Timóteo se
converteu, testemunhou a vida do apóstolo, vendo a maneira dele ensinar e viver
em verdadeira piedade. Timóteo viu a firmeza de Paulo mesmo no meio de muitas
tribulações. A vida de Paulo não era fácil, mas sua plena confiança no Senhor o
livrou do desespero (3:10-11; veja Atos 13:14-14:22).
Paulo sabia que as aparências deste
mundo freqüentemente enganam, pois o servo fiel sofrerá perseguição enquanto os
ímpios parecem "prosperar" (3:12-13; veja Salmos 73; 94). Porém, a
confiança do servo fiel deveria ser no Senhor e não nas aparências deste mundo.
Firmeza pela palavra (3:14-17). Mais importante ainda do que o bom exemplo de Paulo, Timóteo teve
à sua disposição a coisa mais útil na luta contra a corrupção dos homens. Mesmo
antes de conhecer o apóstolo, Timóteo havia aprendido a confiar nas "sagradas
letras" de Deus (3:14-15).
A palavra inspirada do Senhor foi
feita justamente para preparar os seus servos. Instruindo e corrigindo, ela dá
ao homem tudo que ele precisa para fazer "toda boa obra" de Deus
(3:16-17). O servo fiel, inteirado e confiante na palavra do Senhor, terá toda
a preparação necessária para lidar com qualquer dificuldade deste mundo. Tempos
difíceis certamente sobrevirão. É preciso hoje homens como Paulo e Timóteo, que
confiam plenamente na palavra, e que têm a coragem de ensiná-la em verdade,
temendo mais a Deus do que aos homens (veja Mateus 10:28).
Prega a Palavra = 2 Timóteo 4:1-22
Cumpre o ministério (4:1-8). Nestas cartas para Timóteo, Paulo tem enfatizado a importância da
pregação da sã doutrina (veja 1 Timóteo 1:3-7, 18-20; 4:1-3; 6:3-5; 2 Timóteo
1:13; 3:1-9). Este serviço é para Deus e não para homens, pois Deus é quem
julgará a todos (4:1). Portanto, observemos algumas considerações importantes
do trabalho de evangelista:
·
"Prega a palavra" (4:2): deve-se pregar a palavra de Deus, e não as idéias dos
homens. Somente a palavra de Deus é suficiente para corrigir, repreender, e
exortar pessoas para salvação (veja 2 Timóteo 3:16-17).
·
"Quer seja oportuno, quer
não" (4:2): por causa da certeza do julgamento de
Deus, ser pregador do evangelho da salvação é um trabalho de urgência (veja
Atos 17:30-31). Portanto, o evangelista deve pregar a palavra em todo lugar e
sob todas as condições.
·
"Pois...não suportarão a sã
doutrina" (4:3-5): é necessário sempre pregar a
verdade do evangelho justamente porque muitos não a pregam. Alguns procuram
atualizar o evangelho para que este seja mais agradável aos ouvintes. A Bíblia,
porém, ensina que a palavra de Cristo julgará a todos no último dia (veja João
12:48), e que qualquer mudança trará somente a condenação (2 João 8-11).
A vida de Paulo é um exemplo notável
deste trabalho. Encarando a certeza de sua morte (4:6), ele reflete com
confiança sobre seu serviço ao Senhor. Combateu o bom combate, completou a
carreira e guardou a fé, exatamente como ensinou Timóteo a fazer (4:7; veja 1
Timóteo 1:18; 2 Timóteo 2:3-7; 1:13-14).
Todos aqueles que amam a vinda de
Cristo estarão se preparando e preparando outros, com a pregação do evangelho
puro, para que possam receber o galardão de Deus (4:8).
Considerações finais (4:9-22). Paulo mostra seu desejo de ver Timóteo e diz que todos, exceto
Lucas, foram embora (4:9-11, 21). Alguns foram pregar em outros lugares
(4:10-12).
Outros abandonaram Paulo na sua hora
de aflição (4:10,16). Antes, Paulo chamou Demas de "cooperador"
(Filemom 24), mas agora, vê que os interesses dele são do "presente
século" e não das coisas do Senhor ( 2Timóteo 2:4). Alexandre resistiu
fortemente à palavra que Paulo pregava (4:14-15). Mesmo assim, Paulo não
desfaleceu, porque o Senhor permaneceu fiel (4:17-18). Se o nosso foco for o
Senhor e a sua palavra, o trabalho do evangelho sempre continuará.
A carta termina com a tradicional
troca de saudações entre irmãos fiéis (4:19-21), e com os desejos de Paulo pela
graça e a presença do Senhor para com Timóteo (4:22). O amor do Senhor e dos
servos fiéis deve motivar o evangelista a pregar para que outros possam se
converter a Deus.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
APROVADOS POR DEUS EM CRISTO JESUS
Texto
Áureo = “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Tm 2.15)
Verdade
Prática = O obreiro
aprovado por Deus tem as marcas do Senhor Jesus Cristo.
LEITURA BÍBLICA = 2 TIMÓTEO 2: 1-18
INTRODUÇÃO
SEJA
INFLEXÍVEL NO ZELO PELA VERDADE, 2.1,2
No capítulo
1, Paulo mencionou o fracasso de alguns homens na devoção ao evangelho e,
colocando em contraste, falou da lealdade infalível de Onesíforo. Tendo formado
este contexto, ele direciona sua exortação a Timóteo: Ti, pois, meu filho,
fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus (1). O tom do tratamento inicial
do capítulo é enfático, mal aparecendo na tradução. Kelly oferece esta opção
tradutória: “Cabe a ti, então, meu filho, ser forte”. Paulo lembrou Timóteo da
ordenação, dos votos assumidos e do exemplo de maior dedicação que o próprio
apóstolo está lhe mostrando. Agora chegou a vez de o jovem mostrar o valor que
nele há e, por seu turno, dar exemplo semelhante de consagração abnegada à
tarefa cristã, O dia do apóstolo está quase no fim; mas a presente época
pertence a Timóteo, e a mensagem cristã está, para o bem ou para o mal, em suas
mãos. Não em si mesmo, porém, nem na própria força ele conseguirá desempenhar a
tarefa. Só pela graça de Deus ele será leal à sua missão.
Além disso,
Paulo está olhando muito à frente do período em que Timóteo for o guardião da
mensagem de. salvação. O jovem também tem de cuidar da integridade futura deste
grandioso depósito da verdade: E o que de mim, entre muitas testemunhas,
ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os
outros (2). Em sentido literal, Timóteo recebeu a mensagem do apóstolo. Fora
ele que declarara a verdade relativa a Jesus para a família de Timóteo,
resultando em três gerações de seguidores de Cristo. Mas Timóteo também
testemunhara a pregação missionária de Paulo em numerosas situações —
experiência que muito deve ter aumentado seu conhecimento do evangelho.
Além disso,
o apóstolo, auxiliado por outros pastores da igreja, ordenara Timóteo para a
obra do ministério. Não há que duvidar que nesta ocasião fora colocada uma
missão séria no coração do jovem. Nada disso fora feito às escondidas, mas
entre muitas testemunhas.
Há
suficiente razão para concluirmos que o apóstolo tinha todas estas informações
em mente quando falou do que de mim.., ouvis- te. E agora Paulo o admoesta a
transmitir o que recebeu a homens fiéis, os quais, por sua vez, os transmitirão
a outros com toda a pureza e poder originais.
E verdade
séria e tremenda que a mensagem salvadora que trouxe tais riquezas espirituais
à nossa vida tenha vindo de inumeráveis gerações de crentes que nos prece-
deram. E nossa responsabilidade garantir sua autenticidade, mantê-la intacta e
passá-la adiante aos que vierem depois de nós, sem lhe diminuir a riqueza,
pureza e poder.
Nem é
preciso dizer que este ideal não foi atingido em todas as ocasiões. O resultado
é que a mensagem cristã às vezes fica diluída ou é poluída, requerendo que em
toda geração haja a restauração da glória e poder primitivo do evangelho. Este
poder surpreendente de auto-renovação na mensagem cristã é uma das maravilhas e
glórias do evangelho.
SEJA BOM
SOLDADO DE JESUS CRIST0, 2.3,4
De que forma
o líder cristão pode se condicionar para esta tarefa? A resposta de
Paulo está
nestes versículos. Sofre, pois, comigo (“suporte comigo”, NVI), as aflições,
como bom soldado de Jesus Cristo (3). Aqui e nos versículos seguintes, o
apóstolo se serve de três analogias: o soldado, o atleta e o agricultor. A
analogia militar é a favorita de Paulo, não porque ele fosse de mente militar,
mas porque no império romano era comum as pessoas verem soldados, e, mais
ainda, porque a vida de soldado era uma analogia esplêndida para a vida cristã.
Infelizmente,
nós também estamos familiarizados com as exigências impostas no soldado. Servir
nesta atividade rigorosa requer um extensivo condicionamento físico. Todos que
passam pelo campo de treinamento de recrutas sabem como é dificil fortalecer o
corpo ao ponto em que a força seja igual às exigências requeridas. Mas é
necessário algo comparável a isso para o cristão, sobretudo para o ministro.
Sofre.., as aflições, diz Paulo. Aceite as dificuldades, privações e perigos
com um espírito submisso como parte da tarefa de soldado no exército de Cristo.
O apóstolo
amplia esta analogia no versículo 4: Ninguém que milita se embaraça com negócio
desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
Seria
difícil achar analogia mais adequada que esta para a consagração exigida do
cristão. Quando o indivíduo se tornar soldado, ele é separado da sociedade, com
a qual esteve familiarizado por toda a vida, e apresentado a uma comunidade
nova e altamente especializada.
Ele é
despido de roupas próprias e vestido com um equipamento fornecido pelo governo.
Suas idas e vindas são feitas unicamente sob ordens ou com permissão expressa.
Dorme onde lhe dizem para dormir e come o que lhe for dado. Na verdade, sua
vida está à disposição do governo; caso surja ocasião, ele pode ser considerado
sacrificável por motivos estratégicos.
Essa é a
consagração de alguém alistado para a guerra; em cada detalhe, temos um
paralelo total à vida do crente inteiramente entregue a Cristo. O soldado não
pode dar baixa a qualquer momento, por mais desejável que seja. Ele não é de si
mesmo, mas pertence a outrem.
RECOMPENSAS
GERADAS PELA FIDELIDADE, 2.5-7
No versículo
5, Paulo passa para a analogia do atleta: E, se alguém também milita, não é
coroado se não militar legitimamente. Esta declaração revela vividamente outro
dos interesses de Paulo: a bravura física. O apóstolo tinha em mente os Jogos
Olímpicos da Grécia antiga. Isto era algo obsessivo no mundo antigo, onde cada
cidade tinha um estádio e as competições atléticas eram a ordem do dia. Esta
tradução do versículo torna o significado mais claro: “Semelhantemente, nenhum
atleta é coroado como vencedor, se não competir de acordo com as regras” (NVI;
cf. AEC, BAB, BJ, BV, CH, NTLH, RA).
Isto
significa as regras estipuladas para determinado jogo ou competição atlética.
Mas é provável que haja um significado mais amplo. Como destaca Scott: “E a
preparação para a competição que está em discussão e não a competição em si. O
atleta não tem chance de vitória a menos que obedeça a certas condições
prévias; ele tem de passar pelo treinamento necessário e limitar-se a
determinada dieta. Como o soldado, ele precisa deixar tudo com o único objetivo
de ganhar a disputa”.
A terceira
das analogias de Paulo é o agricultor: O lavrador que trabalha deve ser o
primeiro a gozar dos frutos (6). Para fazer a colheita, o agricultor tem de se
consumir no trabalho, preparando a terra, semeando a semente, vigiando contra
secas e pragas, até finalmente gozar dos frutos do seu trabalho. Com essas
analogias, Paulo quer dizer uma coisa só. Pois, quer seja a expectativa do
soldado em obter a vitória final, a visão do atleta em receber a coroa ou a esperança
do agricultor em fazer a colheita, “cada um se submete à disciplina e labuta
por causa da glória que haverá”.
O apóstolo
deseja que Timóteo entenda em que ele está insistindo: Considera o que digo,
porque o Senhor te dará entendimento em tudo (7). Por advertência, aviso,
exortação e, agora, por analogia, Paulo detalhou o tipo de dedicação que ele
espera do seu jovem assistente. “Reflete no que eu digo”, diz o apóstolo, “e
confia em Deus que te dará sabedoria e orientação” (cf. BAB, BV, CH, NTLH, NVJ,
RÃ).
PELA MORTE
PARA A VIDA, 2.8-13
1. O Exemplo de Nosso Senhor (2.8-10). No empenho
do apóstolo em encorajar e inspirar Timóteo a se dar sem reservas à tarefa de
liderança cristã, Paulo culmina seu apelo destacando o Senhor Jesus: Lembra-te
de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos,
segundo o meu evangelho (8). O Mestre santo é o exemplo supremo de devoção, ao
qual Timóteo é exortado a imitar.
A
descendência de Davi é expressão que mostra a verdadeira identidade de Cristo
Jesus com nossa raça humana. A tônica aqui está no “homem Cristo Jesus”. Mas
junto com o reconhecimento da humanidade de nosso Senhor está o fato glorioso
da sua ressurreição. Como ressalta Barclay: “O tempo do verbo grego que Paulo
usa não implica num ato definido no tempo, mas num estado contínuo que dura
para sempre. Paulo não está dizendo a Timóteo apenas: ‘Lembra-te da
ressurreição de Jesus em si’; mas: ‘Lembra-te de Jesus para sempre ressuscitado
e para sempre presente; lembra-te do teu Senhor ressurreto e sempre presente“.
Estas
palavras do apóstolo relembram a passagem de Romanos 1.3,4: “Acerca de seu
Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de
Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos
— Jesus Cristo, nosso Senhor”. C. H. Dodd acredita que nesta passagem em
Romanos “Paulo está citando quase que exatamente uma confissão comum de fé”.
Aqui em 2
Timóteo, o versículo que estamos analisando também poderia ser um trecho de um
credo antigo e bem conhecido. A frase — segundo o meu evangelho — dá o
autêntico tom paulino à oração gramatical.
Fora a
lealdade inabalável do apóstolo a este evangelho que o levara à sua atual
situação
difícil: Pelo que sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a
palavra de Deus não está presa (9). A palavra grega traduzida por malfeitor
quer dizer, literalmente, “criminoso comum” (cf. BV, NTLH). E a palavra usada
em Lucas
23.32,33,39
para descrever os malfeitores que foram crucificados juntos com Jesus.
A tradução
de Phillips deixa o texto claro: “Por pregar isso, tenho de suportar a condição
de algemado nesta prisão, como se fosse alguma espécie de criminoso” (CII). Mas
embora o apóstolo estivesse preso, a palavra de Deus não está. Paulo descobrira
esta verdade gloriosa no seu primeiro aprisionamento, quando relata que “as
coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho” (Fp
1.12). Não há dúvida de que o seu segundo encarceramento fora mais severo que o
primeiro, contudo o evangelho ainda estava livre. Como diz Moffatt: “Não há
prisão para a palavra de Deus”.
O apóstolo
alcançou o ponto em que ele está disposto a suportar tudo sem se queixar de
qualquer sofrimento que lhe ocorra pela causa de Cristo: Portanto, tudo sofro
por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em
Cristo Jesus com glória eterna (10). E o “amor ao povo escolhido de Deus”
(NTLH) que capacita Paulo a continuar com coragem e firmeza. Os versículos 11 e
12 deixam claro que os escolhidos podem manter sua posição diante de Deus
somente nas condições estipuladas. No primeiro aprisionamento, escrevendo aos
crentes filipenses, Paulo disse: “Já aprendi a contentar-me como que tenho” (Fp
4.11).
Agora ele
está em posição de pôr em prova mais severa sua submissão total à vontade de
Deus. No sofrimento triunfante dos seguidores de Cristo, ele vê também certa
extensão do sofrimento redentor de nosso Senhor. O seu exemplo de devoção
máxima pode contribuir para a salvação dos outros.
2. Cristo é Completamente Confiável (2.11-13). Palavra fiel
é esta (11). Estes dizeres ocorrem repetidamente nas Epístolas Pastorais (cf. 1
Tm 1.15; 3.1; 4.9; Tt 3.8). Em geral, essa expressão introduz o fragmento de um
credo, ou o trecho de uma oração litúrgica, ou o pedacinho de um hino. Os
versículos 11b a 13 foram tirados de um hino que, sem dúvida, era bem conhecido
por Timóteo e a igreja efésia. Se morrermos com ele, também com ele viveremos.
E lógico que o apóstolo não está pensando na morte pelo martírio. Em outras
passagens, particularmente em Romanos 6.1-11, Paulo desenvolve a doutrina
mística de morrer com Cristo na morte ao ego e pecado, que leva à nova vida em
Cristo.
O texto:
“Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos” (Rm 6.8),
está refletido quase exatamente em 2 Timóteo 2.11. Essa morte é simbolizada no
rito do batismo cristão (Rm 6.3); mas leva a tal identificação mística e
espiritual com nosso Senhor que, de certo modo, tomamos parte nos seus
sofrimentos. Esta conseqüência Paulo reverbera no versículo 12: Se sofrermos,
também com ele reinaremos. Por sofrimento, Paulo queria dizer suportar os
sofrimentos por causa de Crista, como era o que lhe acontecia.
Mas o
prospecto de reinar com Cristo mais que compensa a dor que se tenha de
suportar. Certos intérpretes vêem o prospecto de reinar com Cristo como
reflexão da “esperança cristã primitiva de que, quando Cristo voltar em glória
para reinar (1 Co 15.24,25), os santos que tiverem sofrido com paciência se
assentarão em tronos ao lado dele (Ap 5.10)”.’ Mas também significa quase tão
apropriadamente que teremos a alegria rara de tomar parte no Reino de Cristo.
Há neste
hino uma nota trágica que não devemos negligenciar: Se o negarmos, também Ele
nos negará; se formos infleis, Ele permanece fiel; não pode negar- se a si
mesmo (12,13). Se sob a pressão das adversidades a pessoa renegar Cristo, sua
falta de fidelidade só pode resultar em ser ela mesma renegada.
Nosso Senhor
disse outro tanto em Mateus 10.33: “Qualquer que me negar diante dos homens, eu
o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus”. Mas uma nota de
esperança é injetada nesta passagem que lida com avisos e julgamentos. Se
formos infiéis (13); mesmo para tal indivíduo ainda resta esperança, pois Cristo
permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo (13). Não há limite à compaixão
divina e não há pecado terrível demais que o sangue não purifique. Tal é a
magnitude da misericórdia de Deus.
COMO LIDAR
COM OS FALSOS MESTRES, 2.14-19
1. O que Promover (2.14,15). Traze estas coisas à memória
(14). As pessoas precisam ser lembradas constantemente das coisas que já sabem,
mas correm o risco de esquecer ou negligenciar. E óbvio que Paulo está pensando
na verdade que foi sua missão de vida proclamar; a responsabilidade que agora
está em grande parte nas mãos de Timóteo. O pastor fiel terá de ser, por
necessidade, um tanto quanto repetitivo nos destaques do seu ministério.
Há muitas
verdades importantes que só podem ser ensinadas pelo método “mandamento sobre
mandamento, mandamento e mais mandamento, regra sobre regra, regra e mais
regra”. Paulo já havia exortado o jovem nesse sentido, e o que ele está dizendo
agora é: “Continue a lembrar essas coisas a todos” (NVI; cf. BV, Cm; mantenha o
bom trabalho.
Paulo fica
mais explícito, revertendo a um tema que já tratara em 1 Timóteo 1:
Ordenando-lhes
diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam
e são para perversão dos ouvintes (14). O apóstolo está expressando novamente
sua preocupação sobre a conduta dos autodenominados mestres na igreja efésia,
cujas táticas promoviam controvérsia, amargura e divisão. Tal conduta teria o
efeito de semear discórdia entre irmãos (cf. Pv 6.19). Isto “somente
desmoraliza os ouvintes”, como traduz Kelly as palavras: são para perversão dos
ouvintes.
Paulo então
trata Timóteo diretamente acerca do ministério deste: Procura apresentar-te a
Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade (15). Sobre a frase procura apresentar-te a Deus aprovado,
esta tradução mostra o verdadeiro significado: “Esforça-te arduamente em te
mostrar digno da aprovação de Deus” (NEB). Isto tem a ver com as horas gastas
no tipo de trabalho intelectual que é indispensável ao verdadeiro sucesso
ministerial; mas também diz respeito à postura de ardor incansável que deve
caracterizar a atitude do ministro para com sua missão.
Scott vê nas
palavras a Deus aprovado referência velada ao julgamento final, quando Timóteo
enfim terá de prestar contas. A palavra grega traduzida por obreiro quer dizer,
basicamente, trabalhador agrícola; por isso, as palavras que maneja bem são
traduzidas pela expressão “que ara um sulco reto” (NEB). Mas seja qual for a
imagem exata que a passagem queira mostrar, está claro que o apóstolo se
preocupa que a Palavra de Deus seja submetida a exegese sadia e seu significado
correto seja apropriadamente averiguado. Nada é mais essencial que isto para o
manejo reverente da verdade bíblica.
2.0 que Evitar (2.16-18). Mas evita os falatórios (“as conversas
vazias”, BAB) profanos (“mundanos”, NASB), porque produzirão maior impiedade
(16). Esta é linguagem idêntica a 1 Timóteo 6.20 (ver comentários ali). Paulo
está denunciando novamente os falsos mestres que vinham promovendo dissensão na
igreja de Efeso. Eles estavam fazendo a obra de Satanás, e a familiaridade
fingida que mostravam ter com a verdade oculta tinha o efeito de profaná-la. O
curso de ação de Timóteo deveria ser evitar tais ensinos. Nenhum acordo pode
ser feito com o erro.
Esses
falatórios “levam cada vez para mais longe do viver cristão” (OH), quer dizer,
promovem a
vida ímpia. O versículo 17 enfatiza a virulência de tais ensinos: E a palavra
desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto. A palavra
seria o “ensino” (NVI) desses falsos líderes. O termo gangrena também é
traduzido por “câncer” (AEC, NVT, RÃ); ao passo que Phiflips emprega a frase:
“Pois os ensinos deles são tão perigosos quanto a gangrena para o corpo e
espalham-se como pus de uma ferida” (OH). Eis um perigo mortal cuja ameaça não
deve ser mal avaliada. Paulo nomeia dois indivíduos em particular que se
ocupavam em propagar esta infecção moral e espiritual: Himeneu, com quem já nos
encontramos em 1 Timóteo 1.20 (além destas duas referências nada mais sabemos
sobre ele); e Fileto, que encontramos aqui pela primeira e única vez.
O versículo
18 nos mostra a única indicação sobre a natureza do erro pertinente a essas
pessoas: Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já
feita, e perverteram a fé de alguns. Scott sugere dois possíveis significados
para esta referência. “A idéia”, diz ele, “pode ter sido que esta mesma vida,
na qual a alma renascia de alguma vida e morte anteriores, era a verdadeira
ressurreição.
Ou, mais
provavelmente, eles interpretavam a doutrina cristã num sentido puramente
espiritual; considerando que pela fé em Cristo os homens entram na vida
imortal, a ressurreição não virá depois da morte, mas já aconteceu.”6 A
doutrina da ressurreição era o ponto mais sensível no ensino cristão. Denotava
o triunfo de Cristo sobre a morte e, por analogia, representava a nova vida em
Cristo que os crentes batizados desfrutam.
Era também
símbolo da esperança que o cristão tinha da vida eterna. Não deve haver
adulteração com verdade tão vital como esta; daí a denúncia extrema à qual o
apóstolo submete o ensino errôneo.
3. A Fundação Segura da Verdade (2.19). O apóstolo
não se prende a melindres quando se trata da estabilidade e segurança da igreja
de Cristo, como demonstra nitidamente o versículo 19: Todavia, o fundamento de
Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer
que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade.
A analogia
de um edifício ou templo fora, por muito tempo, a favorita de Paulo para
apresentar a doutrina da igreja. O fundamento pode ser interpretado de maneiras
diversas: refere-se à igreja como um todo ou aos membros experimentados e
verdadeiros da congregação efésia. Em comparação com este fundamento robusto e
resistente, os falsos mestres eram uma minoria instável.
De acordo
com a analogia de um edifício e sua fundação e base devidamente chumbados, o
apóstolo vê que o fundamento de Deus tem dois selos. Um selo, inspirado em
Números 16.5, diz: O Senhor conhece os que são seus. Diante da rebelião de
Corá, Moisés proclamou com estas palavras que Deus conhece e identifica os que
são seus e, desse modo, defendeu a liderança de Moisés. Talvez Paulo tivesse em
mente que Deus semelhantemente defenderia a liderança do apóstolo nesta
situação em Efeso.
O segundo
selo qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade—não é
citação exata de passagem do Antigo Testamento. É, porém, tão semelhante a
Números 16.26, que temos justificativa em pensar que Paulo tinha em mente esta
situação antiga quando tratou do problema efésio. Rolston resumiu muito bem a
significação dos selos quando escreveu: “A primeira marca do obreiro aprovado é
a pureza doutrinária, o manejo reto da palavra da verdade; a segunda marca é a
pureza de vida”. Estes dois testes de autenticidade nunca devem ser separados.
ENSINE A
VERDADE EM AMOR E PACIÊNCIA, 2.20-26
1. Vasos para Honra (2.20,21). O apóstolo ainda está pensando na
situação confusa que prevalece em Éfeso. Havia o núcleo sólido e excelente de pessoas dedicadas, cuja devoção é
pincelada em cores mais vívidas pela deserção dos poucos dissidentes: Ora, numa
grande casa não somente há vasos (“utensílios”, BAB, RA) de ouro e de prata,
mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra (20).
Esta analogia não é de um edifício, mas de uma casa aparelhada com vasos
honrosos e desonrosos, ou “caros” e “baratos” (BV).
A analogia é
longe de ser perfeita, pois numa grande casa há lugar para utensílios baratos e
caros; mas na igreja, conforme Paulo via a questão, não havia lugar para esses
faladores de conversas vazias e mundanas (16). Não obstante, a intenção do
apóstolo é clara, e o versículo 21 a toma inconfundível: De sorte que, se
alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo
para uso do Senhor e preparado para toda boa obra.
Existe um
elemento de incerteza em torno do significado das palavras destas coisas. Pelo
visto, essas coisas são os utensílios baratos e desonrosos que há nas grandes
casas, embora Paulo, indubitavelmente, ainda tenha em mente os falsos mestres,
a quem Timóteo é avisado a evitar.
Ser
purificado dessas coisas é ser vaso para honra, santificado e idôneo para uso
do Senhor e preparado para toda boa obra (21). Temos aqui uma série de frases
com uma história nobre e lugar seguro na tesouraria devocional da igreja. Ser
santificado é ser dedicado para uso santo e limpo de contaminação. Ser idôneo
para uso do Senhor é frase que enfatiza o privilégio extraordinário de os fiéis
de Deus serem usados em tarefas santas.
À primeira
vista, preparado para toda boa obra é expressão quase extravagante. O apóstolo,
falando sob inspiração do Espírito, nos coloca nas alturas para termos uma
visão panorâmica da possibilidade gloriosa, a fim de que, pelo milagre da
graça, os filhos de Deus estejam preparados para toda tarefa que ele os
designar. O prospecto anunciado é quase de tirar o fôlego de tão maravilhoso!
2. A Conduta de um Mestre (2.22-26). O versículo
22 menciona de novo que Timóteo ainda é jovem, com as tremendas potencialidades
da mocidade, mas também com os perigos da mocidade a enfrentar, contra os quais
ele deve ser fortalecido: Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a
justiça, a fé, a caridade (“o amor”, ACF, AEC, BAB, NVI, RÃ) e a paz com os
que, com um coração puro, invocam o Senhor (22).
A primeira
frase do versículo oferece estas opções tradutórias: “Vire as costas para os
desejos turbulentos da mocidade” (CH); “desvia-te dos impulsos inconstantes da
juventude” (NEB); “foge das paixões juvenis” (Barclay; cf. ACF, BAB, BJ, NTLH,
RÃ). Timóteo, ao que parece, estava chegando aos 40 anos de idade, não tendo
necessidade de tal advertência. Contudo, Satanás não faz acepção de pessoas,
não mais que Deus.
Por ocuparem
posição de destaque na igreja, os líderes de Deus tornam-se alvos de Satanás;
pôr conseguinte, precisam redobrar a vigilância contra os ardis satânicos. O
apóstolo sabia que a melhor defesa contra os ataques demoníacos é estar
devidamente preparado para o melhor de Deus.
Segue a
justiça, a fé, a caridade e a paz (22), ou, como traduz Moffatt, “almeja a
integridade, a fidelidade, o amor e a paz”. E nesta busca zelosa e cristã temos
de nos considerar um com os filhos fiéis de Deus, seja onde for que eles
estejam — um com os que, com um coração puro, invocam o Senhor (22).
Nestes
versículos (22-26), Paulo retoma às suas advertências construtivas acerca da
conduta pessoal de Timóteo. No versículo 23, ele enfatiza o tato e comedimento
que devem caracterizar a liderança do jovem: E rejeita as questões loucas e sem
instrução, sabendo que produzem contendas. Ao mesmo tempo em que se recusa a
fazer um acordo com o erro, ele tem de evitar um grau de rigor injustificado ao
denunciar o erro. Na liderança cristã, não devemos permitir que o zelo pela
verdade nos iluda e acabemos nos tomando propensos a discussões.
Não há
substituto de um espírito de bondade e amor para lidar com os que se nos opõem.
Esta observação está bastante clara no versículo 24: E ao servo do Senhor não
convém contender (ou “brigar”, BJ, NVI; cf. CH, NTLH), mas, sim, ser manso (ou
“brando”, AEC, RÃ; “amável”, BAB, NVI) para com todos, apto para ensinar,
sofredor (ou “paciente”, AEC, BAB, NTLH, NVI, RÃ).
Que
agrupamento fascinante de virtudes cristãs! E a lista prossegue no versículo
25: Instruindo com mansidão os que resistem. O verdadeiro propósito da ação
disciplinar não é apenas defender a verdade, mas recuperar para a comunhão de
Cristo as pessoas que se desviaram por causa dos falsos ensinos: A ver se,
porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade e tornarem
a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja vontade estão presos
(25,26).
O infortúnio
que sobrevém a esses falsos mestres não é somente ignorância e uma determinação
voluntariosa em propagar a falsidade; pois é igualmente verdade que eles foram
enganados e são enganados por Satanás. Foram vítimas dos laços do diabo e são
seus cativos. Deus deseja ardentemente recuperá-los e salvá-los; ele aspira
conceder-lhes o arrependimento para conhecerem a verdade. O ministro de Jesus
tem de manter aberta a porta do arrependimento e esperança a fim de que essas
pessoas voltem para a casa do Pai.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRFIA
Comentário
Bíblico Volume 09 - Beacon As Epistolas
Pastorais
APROVADOS POR DEUS EM CRISTO JESUS
Texto
Áureo = “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade.” (2Tm 2.15)
Verdade
Prática = O obreiro
aprovado por Deus tem as marcas do Senhor Jesus Cristo.
LEITURA BICAL = 2 TIMÓTEO 2: 1-18
INTRODUÇÃO
Dificilmente
poderemos encontrar um discipulado tão abrangente e eficaz quanto o que Paulo
conseguiu desenvolver na vida de Timóteo. Hoje, em grande parte das igrejas, já
se dá mais valor ao discipulado. Sem dúvida, somente através de uma integração
de um novo convertido no seio da igreja local, visando à consolidação de sua fé
cristã, é que se pode dizer que a missão evangelizadora está sendo
bem-sucedida. Os resultados de um discipulado eficaz só podem ser observados na
vida dos que permanecem firmes, servindo ao Senhor com alegria e segurança
espiritual. Evangelizar é a missão da Igreja, Discipular é tarefa do maior
significado na igreja local.
Jesus não
mandou apenas evangelizar, ou proclamar as Boas-Novas de Salvação. Mas ordenou:
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos
séculos. Amém!” (Mt 28.19,20 — grifo nosso). O verbo ensinar, nesse texto, tem
o sentido de “fazer discípulos de todas as nações”, ou de todas as etnias,
especialmente, ou entre os gentios. O ensino doutrinário cristão inclui o rito
do batismo em águas, que é a confirmação exterior da conversão de uma pessoa.
Por isso, Jesus exortou a que seus discípulos ensinassem as nações a guardar
todas as coisas que ele havia mandado.
Com essa
visão abrangente acerca do discipulado eficaz, Paulo teve esmero no cuidado com
a vida espiritual e moral de Timóteo, Ele não se contentava em ver Timóteo
apenas como um mensageiro, entregador de suas cartas nas igrejas por ele
fundadas. Porém, almejava, e conseguiu, ver no jovem obreiro, um verdadeiro
evangelista, um ministro do evangelho (cf. 2 Tm 4.5).
No trecho da
carta, estudado neste capítulo, vemos que ele faz ligação com a seção anterior,
estudada no capítulo antecedente, quando o apóstolo declara sua firmeza, na fé
em Cristo, dizendo: “Eu sei em quem tenho crido” (2Tm 1.12), e exorta seu
discípulo a seguir o seu
exemplo como obreiro e servo de Deus.
Nesta parte
da carta, Paulo, o tutor espiritual de Timóteo, faz uma das mais belas
exortações acerca do ministério, dizendo: “Procura apresentar-te a Deus
aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade” (2Tm 2.15). Paulo enviara Timóteo a uma igreja que
enfrentava problemas os mais diversos, de ordem espiritual, ética e moral. Ali,
em Éfeso, havia falsos mestres e falsos ensinos, que tinham o objetivo de
desvirtuar a vida cristã.
Os gnósticos
eram divididos em dois grupos basicamente. Uns ensinavam que seria necessário o
homem afastar-se das aglomerações humanas, para evitar a contaminação do pecado,
e que a carne, ou o corpo, não presta para nada. Só o espírito tinha valor.
Eram os ascetas. Com essa visão, surgiram os monges, e os seus monastérios.
Outros eram
licenciosos e defendiam a ideia de que, se a carne não presta, deve ser
destruída pela prática de atos imorais, de prostituição, de homossexualidade,
bebedeiras, e de todo o tipo de depravação, abominável aos olhos de Deus. De
uma forma ou de outra, os falsos mestres destilavam esses ensinos heréticos,
que contaminaram muitos crentes. Por isso, Paulo enfatizava o cuidado que
Timóteo deveria ter para ser um obreiro digno, íntegro, aprovado por Deus,
diante da igreja e dos não cristãos.
No final da
seção anterior, Paulo escreveu: “Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos,
para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória
eterna. Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele
viveremos; se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele
nos negará; se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si
mesmo” (2.10-13).
Para ser
aprovado por Deus, o obreiro precisa suportar os sofrimentos, as oposições, os
desafios e, acima de tudo, as tentações. Somente com um caráter cristão,
íntegro e forjado no relacionamento pessoal com Cristo, é que um ministro do
evangelho, em qualquer de suas funções, pode vencer os embates contra a carne,
o mundo e o Diabo, que tudo faz para desestabilizar os servos de Deus,
especialmente os que detêm posições de liderança nas igrejas locais. Mas Paulo
tinha a convicção de que é possivel vencer todos os adversários e todas as
coisas que se opõem à vida cristã. Ele afirmou de modo categórico e firme: “Mas
em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou”
(Rm 8.37).
I- A URGÊNCIA
DE SE ACHAR APROVADO POR DEUS
No trecho da
carta que antecede a esta seção, Paulo já havia exortado Timóteo quanto à
salvação (2Tm 2.20), quanto à necessidade da perseverança nos caminhos do
Senhor, bem como com relação à apostasia de muitos que, atraídos pelos falsos
ensinos, afastaram-se da verdade do evangelho de Cristo (2 Tm 2.11-13). Por
isso, ele diz a Timóteo para trazer “estas coisas à memória” e para não se
envolverem em “contendas de palavras, que nada aproveitam e são para perversão
dos ouvintes” (2Tm 2.14). Sem dúvida alguma, em Efeso, os falsos mestres
apreciavam provocar discussões entre os crentes, visando suscitar dúvidas
quanto à sã doutrina.
1. Contendas que Pervertem
É uma das
características marcantes dos hereges ou dos apóstatas julgarem-se “donos da
verdade”, de terem descoberto “a última revelação” de Deus, segundo suas
pesquisas e ensinos deturpados. Normalmente, esses “mestres” são presunçosos,
arrogantes e até agressivos. Valem-se da lógica humana, da retórica e das argumentações
aparentemente fundadas na Bíblia para impressionar os crentes incautos, que,
via de regra, não gostam de estudar a Palavra de Deus. Muitos sequer lêem a
Bíblia, e, quando muito, o fazem no momento do culto, em que o dirigente
convida para a “leitura oficial”. Depois, fecham o livro sagrado, e só o abrem
na próxima semana, no próximo culto.
São diversos
os tipos de “contendas de palavras”, que eventualmente surgem no meio cristão
ou entre evangélicos e pessoas de outras denominações ou igrejas. Os salvos em
Cristo não devem estar em busca de discussões com pessoas de outras igrejas.
Mas, às vezes, oportunidades surgem inesperadamente, e muitos não sabem o que
dizer ante argumentações que questionam a fé, em especial, a fé pentecostal.
Já vi de
perto, e até participei, de discussão entre irmãos presbiterianos ou batistas
acerca da doutrina da salvação. Os pentecostais, em geral, entendem que a
expiação feita por Cristo na cruz do Calvário foi para todas as pessoas que o
aceitam como Salvador. Os irmãos batistas e presbiterianos, em geral, entendem
que somente “os eleitos” ou os “predestinados” têm esse direito. Os
pentecostais usam versículos bíblicos para fundamentar sua posição.
Os irmãos
“calvinistas” também usam a Bíblia para embasarem seus argumentos. Enquanto a
discussão é respeitosa, num exercício de afirmação da fé, ou de busca da
verdade, é salutar, Mas há ocasiões, em que o confronto torna-se “contendas de
palavras, que nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes”. Entendemos
que, na eternidade, encontraremos tanto “arminianos” quanto “calvinistas” que
forem fiéis a Cristo, lá, no céu.
Os falsos
mestres são mais numerosos hoje do que nunca. E os servos de Deus precisam
estar bem preparados para saber argumentar em defesa de sua fé, firmada na sã
doutrina.
Quando
surgirem tais “contendas de palavras”, que pervertem, e não levam a lugar
nenhum, a melhor coisa é seguir o conselho de Paulo a Tito: “Mas não entres em
questões loucas, genealogias e contendas e nos debates acerca da lei; porque
são coisas inúteis e vãs. Ao homem herege, depois de urna e outra admoestação,
evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo
condenado” (Tt 3,9-11).
2. O Obreiro Aprovado
“Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). São várias as características
marcantes de um “obreiro aprovado” por Deus. No texto, Paulo apresenta duas
qualificações que são fundamentais e indispensáveis para essa aprovação.
1) “Que não tem de que se envergonhar”
Era um
conselho pessoal a Timóteo, e não propriamente à igreja em que ele se
encontrava. Era uma exortação à integridade espiritual e moral, diante de Deus,
da igreja local e diante dos homens. Referia-se ao testemunho que um obreiro
cristão deve demonstrar, Jesus disse que o cristão é “sal da terra” e “luz do
mundo” (Mt 5.13). Ou seja, o crente em Jesus, e especialmente o obreiro, o
líder, na obra do Senhor, deve ser referência para o mundo! Em outra carta,
Paulo diz que o bispo deve ser “irrepreensível” (1Tm 3.2), de conduta ilibada,
que não apresente exemplo negativo de atitude ou ação que desabone sua conduta.
O obreiro fiel, além de não se envergonhar do evangelho de Cristo (Rm 1.16),
“não tem de que se envergonhar” em sua conduta, em seu procedimento pessoal;
não tem o que esconder ou ocultar por ser desonroso em sua vida.
2) “Maneja bem a palavra da verdade”
O verbo
manejar tem o sentido de trabalho prático, de manejo, de operacionalidade.
Manejar bem quer dizer saber trabalhar um instrumento com eficiência,
capacidade e competência. No caso do manejo da Palavra de Deus, por parte do
obreiro, remete-nos àquele servo de Deus que sabe usar a palavra no momento
certo, e de forma certa. Ao falar para um doente, moribundo, o pregador, o
obreiro, o que visita, precisa ter cuidado. O doente espera urna palavra de
conforto, mesmo que esteja à beira da morte.
Se o
pregador vai falar para pessoas não evangélicas, precisa ter multo cuidado no
manejo da palavra. Evangelizar e lançar a rede para pescar “os peixes” do
inundo para Cristo.
Alguns
pregam muito, mas não sabem alcançar o coração dos ouvintes, na unção do
Espírito Santo e apenas emitem imprecações duras contra quem os ouve.
Além de
exortar Timóteo a ser um obreiro aprovado, Paulo recomendou que ele evitasse es
“falatórios profanos”, que produziriam “maior impiedade” (2 Tm 2.16). E cita os
nomes de dois falsos mestres, chamados “Himeneu e Fileto”, pois, segundo ele, a
palavra desses homens era tão má que haveria de roer “como gangrena” (2Tm
2.17,18).
A gangrena é
uma enfermidade que destrói a carne de uma parte do corpo físico. A heresia
destrói o “tecido” espiritual da igreja, causando uma espécie de “necrose”
espiritual. Além disso, esses falsos mestres, que já tinham sido cristãos, “se
desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a
fé de alguns” (2Tm 2.19). Essa dupla era terrível. E fizeram escola, pois, em
muitas igrejas, nos dias atuais, há muitos discípulos deles.
Há muita
gente se dizendo cristã, “discípulo”, “levita” e até pastores e pastoras,
totalmente desviados dos caminhos do Senhor, Vimos em uma rede social duas
“pastoras” lésbicas dizendo que a Bíblia que elas usam é a mesma usada pelos
heterossexuais.
Estão
pervertendo muitas pessoas, por usarem a Palavra de Deus para justificar o que
Deus abomina. São da mesma estirpe de Himeneu e Fileto. Mas Paulo diz a
Timóteo: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor
conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da
iniquidade” (2Tm 2.19). A condenação desse tipo de “crente” será maior ainda,
pois estão usando a Palavra de Deus para justificar seu estilo de vida
condenado pelo Senhor.
II- DOIS
TIPOS DE VASOS
O apóstolo
Paulo, homem de muita erudição, poliglota e profundo conhecedor da cultura de
sua pátria e de outros povos, conhecia bem os costumes de seu tempo. Ele fazia
uso abundante de metáforas, ou figuras de linguagem, para melhor expressar seu
pensamento fértil. Depois de exortar Timóteo a precaver-se ou afastar-se dos
falsos ensinadores, Paulo usa a figura dos utensílios que existem numa casa,
normalmente, em residência de pessoas ricas ou abastadas. E indica dois tipos
de “vasos”. “Ora, numa grande casa não semente há vasos de ouro e de prata, mas
também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra” (2Tm
2.20). “Grande casa” era o tipo de residência de homens ricos.
1. Vasos de Honra e Desonra.
Paulo se
referia ao uso de “vasos de ouro e de prata”, que eram usados pelos donos da
grande casa , em ocasiões especiais, quando havia convidados de honra, corno o
texto sugere, diferentes em sua natureza dos vasos “de pau e de barro”, que
tinham menos valor. Há intérpretes das Escrituras que diferem em suas
explicações sobre esses dois tipos de vaso, e sua aplicação à Igreja do Senhor
Jesus, mais particularmente, na igreja local. Quem seriam os vasos “para
honra”, ou vasos de honra? Pensamos que é razoável entender que, na “grande
casa”, figura da Casa do Senhor, há vasos de honra, que são os crentes fiéis,
santos, os quais são usados por Deus para honra e glória do seu nome.
Os vasos “de
pau e de barro” têm menos valor que os vasos de metais preciosos, acima
referidos. Tanto os vasos mais caros (de ouro e de prata) como os menos
valiosos, de pau e de barro, em principio, têm utilidade numa casa. Mas, ao que
tudo indica, Paulo queria advertir a Timóteo da existência dos falsos mestres,
comparados a “vasos para desonra”, e os verdadeiros mestres, que seriam vasos
“para honra”. Entendemos que a figura pode aplicar-se não só aos líderes, ou
mestres no ensino da Palavra. Ela pode ser aplicada aos membros do Corpo de
Cristo, ou à Igreja, em sua amplitude. Os crentes fiéis, comprometidos como
Senhor Jesus, sao vasos de honra , enquanto os vasos para desonra são o crentes
infiéis, que causam problemas e escândalos na Casa do Senhor.
Há
comentaristas que evitam a comparação dessa metáfora com a parábola do trigo e
do joio, na qual Jesus explica que o “trigo” são os crentes salvos,
verdadeiros, sinceros, os “filhos do reino”, que são colhidos para o celeiro de
Deus; e que o “joio” são os falsos crentes, os “filhos do maligno”, que têm
aparência de cristãos, mas são falsos, e serão lançados no fogo, no Juízo Final
ver Mt 13.24-30 e Mt 13.36- 43). Porém, a analogia é válida, a nosso ver, pois
demonstra a natureza dos que são fiéis e dos que são infiéis na casa de Deus.
2. Desejos Ilícitos da Mocidade
No texto, o
apóstolo insere uma advertência para a vida pessoal de Timóteo. Paulo sabia que
Timóteo poderia ser alvo dos ataques perniciosos na área das tentações carnais.
Ele não estava imune ao assédio do Maligno, por meio dos convites e insinuações
perigosas perpetradas pelos agentes do Diabo contra os jovens cristãos. Sendo
solteiro, Timóteo certamente era visado por mensageiros e mensageiras do Diabo
para a prática do sexo ilícito.
“Foge,
também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz
com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2Tm 2.22).
Gordon Fee
não entende dessa forma. Acha que “os desejos da mocidade”, dos quais Timóteo
deveria fugir, seriam as “paixões voluntariosas da mocidade, que às vezes ama
as novidades, as discussões insensatas e as ‘contendas de palavras’ que com
frequência levam a brigas”.’ No nosso entender, Paulo se refere aos “desejos”
ilícitos da mocidade, principalmente na área da sexualidade.
Essa solene
exortação de Paulo é de grande valor e oportunidade, nos dias presentes. A
juventude cristã está sendo prejudicada de forma muito acentuada no que
concerne à pureza de pensamentos e na área do sexo. A filosofia liberalista e o
relativismo têm causado grande estrago no meio dos jovens evangélicos. As redes
sociais, os sites de relacionamento e de entretenimento oferecem espaço livre
para a interação sexual virtual e pornográfica.
Muitos
jovens (e adultos) têm sido laçados pelas redes da fornicação, adultério e
prostituição virtual. Há uns quinze anos, pesquisas indicavam que 50% dos
jovens evangélicos praticavam o sexo antes dc) casamento, Hoje, as pesquisas
dão conta de que esse percentual tem aumentado significativamente. A organização
Christian Mingle, dos Estados Unidos, constatou que 63% dos solteiros praticam
sexo antes do casamento. No Brasil, há pesquisas não oficiais que indicam que
esse índice alcança 57% dos jovens evangélicos. Talvez seja muito mais.
Mesmo que
esses índices possam sofrer ajustes, indicam que grande parte da juventude
evangélica não valoriza a virgindade, como indicador de pureza moral. E isso é
preocupante, pois, ainda que não haja um versículo bíblico explicitamente
dizendo que não se deve fazer sexo antes do casamento, há inúmeras referências
bíblicas que indicam que o sexo antes do casamento é fornicação. Paulo mesmo
tem escritos nesse sentido. (Ler 1Tm 1.10; 1 Co 5.1; Ap 21.8).
O casamento
é uma aliança entre um homem e urna mulher que decidem unir-se pelos laços do
matrimônio. É instituição divina, criada por Deus, no princípio de todas as
coisas, ao criar o homem. Deus não uniu dois adolescentes, ou dois jovens, mas
um casal, com todas as potencialidades mentais e físicas para o relacionamento
conjugal, visando formar uma família e perpetuar a espécie humana.
Mais da metade dos solteiros cristãos fazem sexo antes do
casamento. Disponível em http://noticias.golpelprime.com.br/pesquisas. Acesso
em 10 de fevereiro de 2015,
Mais grave
ainda é o envolvimento de jovens cristãos, rapazes e moças, com a
homossexualidade. Tem aumentado, e muito, o número de homossexuais nas igrejas
evangélicas. A falta de ensino sobre o assunto, com fundamento seguro na
doutrina bíblica; o relacionamento de jovens com homossexuais; o relativismo
social, que considera a prática homossexual algo normal e ate desejável , a
forma mais pura de amor”, no dizer de alguns ativistas; a influência perniciosa
das novelas, dos senados, dos filmes e de outros programas na televisão,
constituem poderoso estimulo satânico à prática homossexual.
Há igrejas
de homossexuais, em que “pastores” e “pastoras” usam a Bíblia para justificar o
que Deus abomina. E muitos jovens e adolescentes já caíram nas mãos do Diabo. E
por demais necessário o ensino fundamentado na Palavra de Deus sobre a
condenação explícita e cristalina contra o homossexualismo. No Antigo
Testamento, Deus o denominou “abominação ao Senhor” (Lv 18.22; 20.13); No Novo
Testamento, Paulo considera paixões infames , ato contrario a natureza ,
torpezas (ver Rm 1.24-27).
A união
conjugal é de tamanha significância que é comparada à União entre Cristo e a
Igreja. E deve ser resultado de um namoro e noivado segundo os padrões
espirituais e morais, emanados da Palavra de Deus. O marido deve amar sua
esposa, “como também Cristo amou a igreja e se entregou por ela” (Ef 5.25); a
esposa deve ser submissa ao esposo “assim como a igreja está sujeita a Cristo,
assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido” (Ef 5.24).
Desse modo,
não faz sentido um jovem unir-se a uma jovem sem se casarem, pois o namoro e o
noivado não se revestem da responsabilidade que um deve ter para com o outro. É
um relacionamento que pode ser temporário. Mas o casamento é uma relação séria
e com propósitos bem definidos pelo Criador. Assim, a inserção de Paulo desse
conselho a Timóteo tem ande valor para os dias atuais, contribuindo para a
conscientização de nossos jovens acerca do valor da pureza e da santidade no
namoro e no noivado, visando a um casamento aprovado por Deus.
3. Com quem o Jovem Deve Andar
Paulo
escreveu a Timóteo: “[...] e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os
que, com um coração puro, invocam o Senhor (2Tm 2.22). De um lado, o jovem
obreiro deveria fugir dos desejos ilícitos da mocidade, mas deveria, também,
saber com quem acompanhar-se para servir a Deus com pureza e santidade. Ele
deveria seguir a “justiça, a fé, a caridade e a paz, com os que, com um coração
puro, invocam ao Senhor”. Já na primeira carta, Paulo dera exortação idêntica a
Timóteo, acrescida de outros termos de grande valor:
“Mas tu, ó
homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a
caridade, a paciência, a mansidão” (1Tm 6.11), A repetição de tal recomendação
reflete o cuidado e a preocupação de Paulo com a integridade espiritual do
jovem obreiro.
O salmista
também tinha essa visão acerca de que companheiros um servo de Deus deve
buscar: “Companheiro sou de todos os que te temem e dos que guardam os teus
preceitos” (SI 119.63). Certamente, as amizades ruins, mesmo na igreja local,
têm sido motivo de desvio e morte espiritual para muitos crentes, em especial
jovens e adolescentes.
III -
PERSEVERANÇA NA PALAVRA E TRATO COM DISSENSÕES
1. Rejeitando “Questões Loucas”
Após ensinar
sobre o que Timóteo deveria cultivar e obedecer, e também rejeitar, Paulo
acrescenta que ele deve rejeitar questionamentos que não produzem nem agregam
valor espiritual, moral ou cultural, que valorize o conhecimento e a vida
cristã.
“E rejeita
as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas” (2Tm 2.23).
Eram as questões e proposições levantadas pelos falsos mestres ou hereges, que
assediavam OS irmãos na igreja de Efeso. Os hereges, julgando-se “doutores da
lei”, não entendiam o que diziam ou afirmavam. Mas produziam enormes contendas,
lançando uns contra outros, provocando desunião e intrigas entre os próprios
crentes.
2. O Servo do Senhor não Deve Contender
No contexto
das epístolas pastorais, via de regra, a expressão “servo do Senhor” é mais
aplicada aos ministros da Palavra, ou aos líderes das igrejas, principalmente
aos que se dedicam ao ensino. Não raro, nas igrejas, aparecem irmãos, que
possuem cursos de Teologia, ou de outras áreas acadêmicas, os quais levantam
argumentos pessoais contra doutrinas já consagradas ou estabelecidas ao longo
dos anos nas igrejas cristãs.
Nada temos
contra esses cursos, pois, pela graça de Deus, possuímos alguns deles, que
muito têm enriquecido nosso ministério de ensino. Mas referimo-nos a
ensinadores presunçosos que procuram angariar simpatia de grupos de crentes
para si, a fim de formarem urna facção dissidente no meio dos irmãos. Quanto
confrontados pela liderança local, tornam-se opositores velados ou declarados,
e, muitas vezes, conseguem fazer dissensões ou divisões.
Tais “doutores” andam
na contramão do Salmo 133, que diz que é “bom” e “suave”, “que os
irmãos vivam
em união”. Discordar de algo que merece reparos é natural, mas provocar
dissensão e contenda não é coerente com o amor cristão.
Diante dos
fatos que conhecia, Paulo exorta a Timóteo a evitar tais contendas e litígios,
envolvendo a doutrina, e as provocações dos contendores que surgem no meio da
igreja local: “E ao servo do Senhor não
convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar,
sofredor” (2 Tm 2.24). Conselho sábio, de um pastor experiente, culto e bem
firmado na sã doutrina cristã, a um jovem obreiro, que ainda teria muito o que
aprender, ao longo dos anos de seu ministério.
Paulo diz
que “não convém contender, mas, sim, ser manso pata com todos”. Há casos,
reconhecemos em que a liderança da igreja comporta-se à altura das situações de
litígio, usa de mansidão, de compreensão e bondade, mas os opositores querem
mesmo é fazer a divisão, abrir uma igreja, criar um ministério dissidente, e
tornarem-se “pastores-presidente”. Nesse caso, é melhor deixar com Deus, que a
tudo julga e a todos avalia com sua reta justiça. O líder cristão nunca deve
fazer “o jogo” dos dissidentes. Diz provérbios: “A resposta branda desvia o
furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15.1).
3. Instruindo com Mansidão
Completando
seu ensino quanto aos que se levantam contra a liderança da igreja, por
diversas razões, Paulo diz a Timóteo como deve o líder se comportar. Não
precisa contender, atendendo às provocações dos falsos mestres ou dos
dissidentes, os quais agem por ação maligna para causar descontentamento,
inquietação e desunião no meio dos irmãos: “instruindo com mansidão os que
resistem, a ver se, porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a
verdade e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja
vontade estão presos (2 Tm 2.25,26). O obreiro precisa saber administrar esse
tipo de conflitos com opositores.
CONCLUSÃO
A liderança
cristã é um desafio de grandes proporções, A igreja, mesmo no sentido local,
não é uma empresa, que se rege por leis e regras formais, embasadas nos
princípios jurídicos. A igreja local precisa de normas, no sentido da
administração eclesiástica, mas sua Lei Maior é a Palavra de Deus, a Bíblia
Sagrada. Na administração das igrejas, por vezes, surgem conflitos de ordem
espiritual, doutrinária ou humana. Daí por que há necessidade de preparo e
capacitação de líderes, que saibam não só ministrar o ensino, mas, com o uso
adequado dos princípios bíblicos, resolver questões diversas que podem
desestabilizar o ministério e a própria liderança. Mas Paulo, em suas cartas a
Timóteo, nos dá preciosos ensinamentos sobre como tratar OS conflitos nas
igrejas.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais – Elinaldo
Renovato de Lima
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