O DESTINO FINAL DOS MORTOS
Texto
Áureo = “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de
todos os homens.” (1 Co 15.19)
Verdade
Prática = Os salvos, que morreram em Crista, aguardam a ressurreição no céu
e os ímpios a esperam no Hades, em sofrimento indizível.
LEITURA BÍBLICA = Lucas 16.19-26
INTRODUÇÃO
“Há de haver ressurreição dos
mortos, tanto dos justos como dos injustos”
Meditando
outro dia sobre o triste estado das igrejas em nosso tempo, fui conduzido a
observar em retrospectiva aos tempos apostólicos, e a considerar em quê difere
a pregação destes dias da pregação dos apóstolos. Notei a vasta diferença em
seu estilo em relação à oratória formal e determinada da época presente.
Observei que os apóstolos não tomavam um texto quando pregavam, nem se reduziam
a somente um tema, e muito menos a algum lugar de adoração, e também descobre
que paravam em qualquer lugar e declaravam desde a plenitude de seu coração o
que sabiam de Jesus Cristo.
Mas a
principal diferença que observei radicava nos temas de sua pregação. Me
surpreendi quando descobri que o elemento principal da pregação dos apóstolos
era a ressurreição dos mortos. Percebi que eu estava pregando sobre a doutrina
da graça de Deus, que havia sustentado a livre eleição, que estava conduzindo
ao povo de Deus da melhor maneira que podia às profundas coisas de Sua palavra;
mas me surpreendi ao descobrir que não estava copiando a maneira apostólica,
nem sequer a metade do que eu poderia ter feito.
Os apóstolos,
quando pregavam, sempre davam testemunho da ressurreição de Jesus, e a
consequente ressurreição dos mortos. Parece que o Alfa e o Ômega de seu
evangelho foi o testemunho de que Jesus Cristo morreu e ressuscitou outra vez
dos mortos de acordo as Escrituras. Quando escolheram a outro apóstolo no lugar
de Judas, que se converteu em um apóstata, disseram: ―Alguém seja feito testemunha conosco,
de sua ressurreição,‖ de tal forma que a essência do ofício de um apóstolo era ser uma
testemunha da ressurreição.
E cumpriram
muito bem o seu ofício. Quando Pedro se apresentou diante da multidão, declarou
que: ―Davi falou da ressurreição de Cristo‖. Quando Pedro e João
foram levados ante o concílio, a maior causa de sua prisão foi que os
governantes estavam ressentidos ―de que ensinassem ao povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição
dentre os mortos.
Quando foram
postos em liberdade depois de terem sido examinados, nos é dito que: ―Com grande poder os apóstolos davam testemunho
da ressurreição do Senhor Jesus, e abundante graça era sobre eles‖.
Foi isto que
motivou a curiosidade dos atenienses quando Paulo pregou no meio deles: ―Parece que és pregador de novos
deuses;porque lhes pregava o evangelho de Jesus e da ressurreição‖.
E isto
provocou as risadas dos areopagitas, pois quando falou da ressurreição dos
mortos, ―Uns zombavam, e
outros diziam: acerca disto te ouviremos ainda outra vez‖. Em verdade Paulo disse, quando compareceu ante o concílio dos
fariseus e dos saduceus: ―Acerca
da ressurreição dos mortos sou julgado hoje por vós‖. E é igualmente verdadeiro que constantemente asseverava: ―Se Cristo não ressuscitou, então nossa
pregação é vã, vã também é a vossa fé… ainda estais em vossos pecados‖.
A
ressurreição de Jesus e a ressurreição dos justos são doutrinas na qual nós
cremos, mas que raramente pregamos ou nos interessamos em ler. Ainda que eu
tenha procurado em várias livrarias um livro especialmente relacionado com o
tema da ressurreição, todavia não consegui comprar nenhum livro de nenhum tipo
relacionado com o tema; e quando procurei nas obras do doutor Jonh Owen, que
constituem uma mina inestimável do conhecimento divino, e que contêm muito do
que é valioso sobre quase qualquer tema, escassamente pude encontrar, inclusive
ali, mais que uma rápida menção da ressurreição. Foi classificada como uma
verdade bem conhecida, e portanto, nunca foi discutida.
Não surgiram
heresias relacionadas com ela; teria sido quase uma misericórdia se tivessem
surgido, pois sempre que uma verdade é disputada pelos hereges, os ortodoxos
lutam impetuosamente por ela, e o púlpito ressoa com ela cada dia.
Contudo,
estou persuadido de que há muito poder nesta doutrina; e se a prego esta manhã,
observarão que Deus reconhecerá a pregação apostólica, e haverá conversões.
Pretendo colocá-la à prova, agora, para ver se não há algo que não podemos
perceber no presente na ressurreição dos mortos, que seja capaz de mover os
corações dos homens e levá-los a sujeitarem-se ao Evangelho de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo.
Há pouquíssimos
cristãos que crêem na ressurreição dos mortos.
Poderiam
assombrar-se ao escutar isso, mas não me surpreenderia se descobrisse que você
mesmo abriga dúvidas com respeito a esse tema.
Pela
ressurreição dos mortos se quer expressar algo muito diferente da imortalidade
da alma que cada cristão crê, e nisso está no mesmo nível do pagão, que também
crê nela. A luz da natureza é suficiente para nos dizer que a alma é imortal,
assim que o infiel que duvida é um néscio pior que um pagão, pois este, antes
que a revelação fosse dada, o tinha descoberto: há débeis vislumbres nos homens
de razão que ensinam que a alma é uma coisa tão maravilhosa que há de perdurar
para sempre.
Mas a
ressurreição dos mortos é uma doutrina bastante diferente, que trata, não com a
alma, senão com o corpo. A doutrina consiste em que este corpo material no qual
existo agora há de viver com minha alma; que não somente é a ―faísca vital da
chama celestial‖, a que há de arder no céu, senão o próprio
incensário no qual o incenso de minha vida fumega, é santo para o Senhor e há
de ser preservado para sempre.
O espírito,
todo o mundo o confessa, é eterno; mas quantos há que negam que os corpos dos
homens se levantarão efetivamente de suas sepulturas no grande dia! Muitos de
vocês crêem que terão um corpo no céu, mas creem que será um fantasmagórico
corpo etéreo, no lugar de crer que será um corpo semelhante a este: carne e
sangue – ainda que não o mesmo tipo de carne, pois não toda carne é a mesma
carne – um corpo substancial, sólido, tal como o que temos aqui.
E há um
grupo, todavia menor, de pessoas entre vocês que creem que os ímpios terão
corpos no inferno; pois está ganhando terreno por toda a parte a convicção de
que não haverá tormentos reais para os condenados que afetem seus corpos, senão
que haverá de ser um fogo metafórico, um enxofre metafórico, cadeias
metafóricas e uma tortura metafórica.
Mas se fossem
cristãos como professam ser, creriam que cada homem mortal que haja existido,
não somente viverá pela imortalidade de sua alma, senão que seu corpo viverá
outra vez, que a própria carne na qual caminha agora na terra é tão eterna como
a alma, e existirá eternamente. Essa é a peculiar doutrina do cristianismo.
Os pagãos não
adivinharam nem imaginaram nunca tal coisa, e por isso, quando Paulo falou da
ressurreição dos mortos, ―uns
zombavam,‖ o que demonstra que entendiam que falava da ressurreição do
corpo, pois não teriam zombado se somente houvesse falado da imortalidade da
alma, pois isso já havia sido proclamado por Platão e Sócrates, e havia sido
recebido com reverência.
Agora estamos
a ponto de pregar que haverá uma ressurreição dos mortos, tanto dos justos como
dos injustos. Vamos considerar primeiro a ressurreição dos justos; e em segundo lugar, a ressurreição dos injustos.
I. HAVERÁ UMA RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS.
A primeira
prova que oferecerei disto, é que há sido a constante e invariável verdade dos
santos desde os primeiros períodos de tempo. Abraão cria na ressurreição dos
mortos, pois se diz na Epístola aos Hebreus, no capítulo 11, e no versículo 19,
que ―pensava que Deus é poderoso para
levantar, ainda dentre os mortos, de onde, em sentido figurado, também o
recobro.
Não guardo
nenhuma dúvida de que José cria na ressurreição, pois deu instruções
concernentes a seus ossos; e seguramente não haveria sido tão cuidadoso de seu
corpo, se não houvesse crido que haveria de ser ressuscitado dos mortos.
O patriarca
Jó era um firme crente na ressurreição, pois comentou no texto que é citado
repetidamente: ―Eu
sei que o meu Redentor vive, e ao fim se levantará sobre a terra; e depois de
consumida esta minha pele, ainda em minha carne verei a Deus‖. Davi cria na ressurreição mais além de qualquer sombra de
dúvida, pois cantou sobre Cristo: ―Porque não deixarás minha alma no Hades, nem permitirás que teu
Santo veja corrupção‖. Daniel creu nela, pois disse: ―Muitos dos que dormem no pó da terra
serão despertados, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e confusão
perpétua‖. As almas não dormem no pó, os corpos sim.
Lhes fará bem atentar a uma ou duas passagens para ver o quê estes santos
homens pensavam. Por exemplo, em Isaías, em 26:19, se lê: ―Teus mortos viverão; seus cadáveres
ressuscitarão. Despertai e cantai, os que habitais no pó! Porque seu orvalho é
como orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos‖. Não ofereceremos nenhuma explicação.
O texto é
positivo e seguro.Deixemos que fale outro profeta: Oséias, no capítulo 6 e
versículos 1 e2: ―Vinde
e tornemos a Jeová; porque ele arrebatou, e nos curará; fez a ferida, e no-la
atará. Nos dará vida depois de dois dias; no terceiro dia nos ressuscitará, e
viveremos diante dele‖. Ainda que isto não declare a ressurreição, a
usa como uma figura que não seria útil se não fosse considerada como uma
verdade estabelecida. Paulo também declara em Hebreus 11:35, que essa foi a fé
constante dos mártires, pois diz: ―Outros foram atormentados, não aceitando o resgate, a fim de obter
melhor
ressurreição‖.
Todos esses
homens e mulheres santos que, durante o tempo dos Macabeus1, se mantiveram
firmes por sua fé, e suportaram o fogo e a espada e inarráveis torturas, creram
na ressurreição, e essa ressurreição os estimulava para entregar seus corpos às
chamas, sem que lhes importasse nem sequer a morte, senão que criam que depois
alcançariam uma bendita ressurreição.
Mas nosso
Senhor trouxe a ressurreição à luz da maneira mais excelente, pois explicita e
frequentemente a declarou. ―Não vos
maravilheis disto”, disse, ―porque virá a hora quando todos os que
estão nos sepulcros ouvirão sua voz‖. ―Vem a hora quando chamará aos mortos a
juízo, e estarão diante de seu trono‖. Em verdade, em toda Sua
pregação houve um fluxo contínuo de uma crença firme, e de uma positiva
declaração pública da ressurreição dos mortos. Não os aborrecerei com passagens
dos escritos dos apóstolos: eles abundam no tema.
De fato, a
Santa Escritura está tão cheia desta doutrina que me surpreende, irmãos, que
nos tenhamos apartado tão rapidamente da firmeza de nossa fé, e que se chegasse
a crer em muitas igrejas que os corpos materiais dos santos não viverão outra
vez, e especialmente que os corpos dos ímpios não terão existência futura. Nós
sustentamos segundo nosso texto, que “Há de haver ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos”.
Uma segunda
prova, pensamos, a encontramos na transposição de Enoque e Elias ao céu. Lemos
de dois homens que foram ao céu em seus corpos. ―Caminhou, pois, Enoque com Deus, e
desapareceu, porque Deus o tomou para si‖ (Gênesis 5:24), e Elias
foi transportado ao céu em um carro de fogo (2 Reis 2:11). Nenhum destes dois
homens deixou suas cinzas no sepulcro: nenhum deixou seu corpo para que fosse
consumido pelos vermes, e ambos ascenderam ao alto em seus corpos mortais – sem
dúvida transformados e glorificados.
Agora, esses do
indivíduos foram a garantia de que todos iremos ressuscitar da mesma maneira.
Seria provável que dois espíritos resplandecentes estivessem no céu vestidos de
carne, enquanto o resto de nós estivéssemos desnudos? Seria algo razoável que
Enoque e Elias foram os únicos santos que tiveram seus corpos no céu, e que nós
estivéssemos aliunicamente em nossas almas, pobres almas! Desejando contar
outra vez com nossos corpos?
Não, nossa fé
nos diz que havendo estes dois homens ido ao céu com segurança, como o expressa
John Bunyan2, por
uma ponte que ninguém mais pisou, graças ao qual não se viram na necessidade de atravessar o rio,
nós seremos alçados das águas, e nossa carne não habitará para sempre na
corrupção.
Há uma
notável passagem em Judas, na qual se diz de que quando o arcanjo Miguel
contendia com o diabo pelo corpo de Moisés, não se atreveu a proferir ―juízo de
maldição‖ (Judas 9). Agora, isto se refere à grande doutrina de que os anjos vigiam os ossos dos santos.
Certamente
nos informa que o corpo de Moisés era vigiado por um grandioso arcanjo; o diabo
pensava perturbar esse corpo, mas Miguel contendia com ele por essa causa.
Agora,
haveria uma contenda acerca desse corpo se não fosse de nenhum valor?
Contenderia Miguel por aquilo que haveria de servir unicamente de alimento dos
vermes? Lutaria com o inimigo por aquele que haveria de ser espargido aos
quatro ventos do céu, para não ser reunido nunca em um esqueleto melhor e novo?
Não, seguramente que não.
Disto
aprendemos que um anjo vigia sobre cada tumba. Não é uma ficção quando
esculpimos sobre o mármore os querubins com suas asas. Há querubins com asas
estendidas sobre as lápides sepulcrais de todos os justos; e onde há ―os
rústicos antepassados da aldeia dormem‖, em algum canto
recoberto de urtigas, ali está um anjo noite e dia para vigiar cada osso e
proteger cada átomo, para que na ressurreição esses corpos, com mais glória do
que a que tiveram na terra, possam levantar-se para morar para sempre com o
Senhor. A custódia dos corpos dos santos, por parte dos anjos, demonstra que
ressuscitarão outra vez dos mortos.
Mas, ademais,
as ressurreições que já aconteceram nos dão esperança e confiança de que haverá
uma ressurreição de todos os santos. Não recordam que está escrito que quando
Jesus ressuscitou dos mortos, muitos dos santos que estavam em seus sepulcros
ressuscitaram, e vieram à cidade, e apareceram a muitos? Não ouviram que
Lázaro, ainda que esteve morto três dias, saiu do sepulcro à palavra de Jesus?
Não leram
nunca como a filha de Jairo despertou do sonho da morte quando Ele disse: ―Talita cum? Não O viram às portas de Naim, ordenando que
o filho da viúva se levante do caixão? Esqueceram-seque Dorcas, que fazia
vestidos para os pobres, se sentou e viu a Pedro depois de ter estado morta? E
não se lembram de Eutico que caiu do terceiro piso abaixo, e foi levantado
morto, mas, ante a oração de Paulo, foi ressuscitado de novo? Ou não voa sua
imaginação ao tempo quando o envelhecido Elias se deitou sobre o menino morto,
e a criança respirou, e espirrou sete vezes, e sua alma voltou a ele? Ou não
leram que quando enterraram a um homem, tão rapidamente como tocou os ossos do
profeta, reviveu, e se levantou sobre seus pés?
Estes são
presentes da ressurreição; uns quantos espécimes, umas quantas joias ocasionais
que são lançadas no mundo para nos dizer quão cheia de joias da ressurreição
está a mão de Deus. Ele nos tem dado provas de que é capaz de ressuscitar aos
mortos pela ressurreição de uns quantos que depois foram vistos na terra por testemunhas
infalíveis.
Mas agora
devemos deixar estas coisas e devemos referi-los ao Espírito Santo a modo de
confirmação da doutrina de que os corpos dos santos ressuscitarão de novo. O
capítulo no qual encontrarão uma grande prova está na Primeira Epístola aos
Coríntios, 6:13: ―Mas o
corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo.
O corpo,
então, é do Senhor. Cristo
morreu, não somente para salvar minha alma, senão para salvar meu corpo. Se
afirma que Ele ―veio buscar e salvar o que se havia perdido.
Quando Adão
pecou perdeu seu corpo, e perdeu também sua alma; era um homem perdido, perdido
por completo. E quando Cristo veio para salvar a Seu povo, veio para salvar
seus corpos e suas almas. ―Mas o
corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor”. Acaso é este corpo para o Senhor, e contudo,
será devorado pela morte? Acaso é este corpo para o Senhor, e os ventos
espalharão para bem longe suas partículas de onde nunca encontrarão a seus
congêneres? Não! O corpo é para o Senhor, e o Senhor o terá. ―E Deus, que levantou ao Senhor, também
a nós levantará com seu poder.
Agora vejam o
verso seguinte: ―Não
sabeis que vossos corpos são membros de Cristo‖? Não unicamente a alma é uma parte de Cristo,unida a Cristo,
senão o corpo também o é. Estas mãos, estes pés, estes olhos, são membros de
Cristo, se sou um filho de Deus. Sou um com Ele, não unicamente enquanto à
minha mente, senão um com Ele enquanto à este corpo físico. O próprio corpo é
tomado em união. A cadeia de ouro que ata a Cristo a Seu povo se estende ao
redor do corpo e da alma também.
Acaso não
disse o apóstolo: ―Os
dois serão uma só carne. Grande é este mistério; mas eu digo isto com respeito
de Cristo e da igreja? (Efésios
5:31,32). ―Os dois serão uma
só carne‖, e o povo de Cristo não somente é um com Ele
em espírito senão que são ―uma
só carne também‖. A carne do homem está unida com a carne do
Deus homem;e nossos corpos são membros de Jesus Cristo. Bem, enquanto viva a
cabeça, o corpo não pode morrer; e enquanto Jesus viva, os membros não podem
perecer.
Ademais, o
apóstolo disse, no versículo 19: ―Ou ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo, o qual está em vós, o qual possuís da parte de
Deus, e que não sois vossos? Porque foram comprados por preço‖.
Diz que este
corpo é o templo do Espírito Santo; e quando o Espírito Santo mora em um corpo,
não somente o santifica, senão que o torna eterno. O templo do Espírito Santo é
tão eterno como o Espírito Santo. Pode-se demolir outros templos e seus deuses
também, mas o Espírito Santo não pode morrer, nem ―pode perecer Seu templo‖. Acaso este corpo conteve uma vez ao Espírito Santo será pasto de
vermes sempre?
Não será
visto mais, senão que será como os ossos secos do vale? Não, os ossos secos
viverão, e o templo do Espírito Santo será edificado outra vez.
Ainda que as
pernas – os pilares – desse templo caiam, ainda que os olhos – suas janelas –
se escureçam, e aqueles que veem através deles não vejam mais, contudo, Deus
reconstruirá este tecido, iluminará outra vez os olhos, e restaurará seus
pilares e renovará sua beleza, sim, ―quando isto que é corruptível for revestido de incorrupção, e isto
que é mortal for revestido de imortalidade‖(1 Coríntios 15:53).
Mas o
argumento fundamental com o que concluímos nossa prova é que
Cristo
ressuscitou dos mortos, e, em
verdade, Seu povo também ressuscitará. O capítulo que lemos ao começo da
reunião é prova de uma demonstração de que se Cristo ressuscitou dos mortos,
todo Seu povo há de ressuscitar; que se não há ressurreição, então Cristo não
ressuscitou. Mas não considerarei esta prova por muito tempo, pois eu sei que
todos vocês sentem seu poder, e não há necessidade de que eu a exponha
claramente.
Como Cristo
ressuscitou, em realidade, dos mortos: carne e sangue, assim será para nós.
Cristo não era um espírito quando ressuscitou dos mortos; Seu corpo podia ser
tocado. Acaso Tomé não colocou sua mão em Seu flanco? E não lhe disse Cristo: ―Apalpai-me, e vede; porque um espírito
não tem carne e nem ossos, como veem que eu tenho‖. E se ressuscitaremos como ressuscitou Cristo – e isso não é o
que se nos ensina – então ressuscitaremos em nossos corpos, não como espíritos,
não como excelentes coisas etéreas, feitos de não sei o quê, de alguma
substância sumamente elástica e refinada, senão que “como o Senhor nosso salvador
ressuscitou, assim todos os seus seguidor eressuscitarão‖.
Ressuscitaremos
em nossa carne, ainda que ―não toda carne é a mesma carne‖, ressuscitaremos em nossos corpos, ainda que não todos os corpos
são os mesmos corpos; e ressuscitaremos em glória, ainda que não todas as
glórias são as mesmas glórias. ―Uma carne é a dos homens, outra carne é a das bestas‖, e há uma carne deste corpo, e outra carne do corpo celestial. Há
aqui um corpo para a alma, e outro corpo para o espírito do além; e contudo,
será o mesmo corpo que ressuscitará de novo do sepulcro: o mesmo, digo, em
identidade, ainda que não em glória ou em adaptação.
Chego agora a
alguns pensamentos práticos derivados desta doutrina, antes de passar a outras
considerações.
Irmãos meus, que pensamentos de consolo há nesta
doutrina, que afirma que os mortos ressuscitarão de novo. Alguns de nós estivemos parados junto à
sepultura esta semana; e um de nossos irmãos, que serviu amplamente a seu
Senhor em nosso meio, foi colocado no sepulcro. Ele foi um homem valente pela
verdade, incansável nos trabalhos,abnegado no dever, e sempre preparado a
seguir a seu Senhor – se tratado senhor Turner, da escola Lamb &Flag – e na
máxima medida de sua capacidade, foi serviçal para a igreja.
Agora, ali se
viram algumas lágrimas derramadas: sabem a quê se deviam? Não houve uma só lágrima
solitária que tenha sido derramada por sua alma.
Não tivemos que
recorrer à doutrina da imortalidade da alma para que nos desse consolo, pois a
conhecíamos bem, estávamos perfeitamente seguros deque havia ascendido ao céu.
O Serviço Funerário utilizado na Igreja da Inglaterra não nos oferece nenhum
consolo relativo à alma do crente que partiu, e isso é sábio de sua parte,
posto que está na bem aventurança,senão que nos alenta recordando-nos a
ressurreição prometida para o corpo; e quando falo em relação aos mortos, não é
para dar consolo enquanto à alma, senão enquanto ao corpo. E esta doutrina da
ressurreição tem consolo para os duvidosos em relação à mortalidade enterrada.
Vocês não
choram porque seu pai, irmão,esposa, esposo, tenha ascendido ao céu: seriam
cruéis se chorassem por isso. Nenhum de vocês chora porque sua amada mãe está
diante do trono, senão choram porque seu corpo está na sepultura, porque esses olhos
já não podem sorrir-lhes, porque essas mãos não podem acariciar lhes, porque
esses doces lábios não podem pronunciar melodiosas notas de afeto. Choram
porque o corpo está frio, e morto,semelhante ao barro. Vocês não choram pela
alma.
Mas eu tenho
um consolo para vocês. Esse mesmo corpo ressuscitará de novo; esse olho
cintilará com força de novo; essa mão será estendida com afeto mais uma vez.
Creiam-me, não estou dizendo-lhes nenhuma ficção. Essa mesma mão, essa mão
real, esses braços frios, semelhantes ao barro, que penduram pelo lado e se
caem ao ser levantados por vocês, sustentarão uma harpa um dia; e esses pobres
dedos, agora gelados e duros, serão agitados ao longo das cordas vivas das
harpas de ouro no céu. Sim, vocês verão esse corpo uma vez mais.
“Seus pecados inatos requerem
Que sua carne veja o pó,
Mas assim como o Senhor seu
Salvador ressuscitou,
Assim hão de fazê-lo Seus
seguidores”.
Isso não
secará suas lágrimas? ―Não
está morto, senão que dorme‖. Não está perdido, senão que é ―semente semeada para que amadureça
para a colheita”. Seu corpo
está descansando por pouco tempo, banhando-se em especiarias, para que seja
apto para os abraços de seu Senhor.
E aqui há
consolo para vocês também, para vocês, pobres sofredores, que sofrem em seus corpos. Alguns de vocês são quase mártires que experimentam
dores de um tipo ou de outro: dores lombares, gota, reumatismos, e todo tipo de
tristes situações das que a carne é herdeira.
Escassamente
transcorre um dia sem que sejam atormentados com um sofrimento de algum tipo ou
outro; e se não fossem o suficientemente néscios para estar auto receitando-se
sempre,poderiam ter a cada momento ao doutor de visita na sua casa.
Aqui há
consolo para vocês. Esse seu pobre corpo em ruínas viverá outra vez sem suas
dores, sem suas agonias; esse pobre andaime trêmulo receberá o reembolso de
tudo o que tem sofrido. Ah! Pobre escravo negro, cada cicatriz sobre suas
costas terá uma franja de honra no céu. Ah! Pobre mártir, a crepitação de teus
ossos no fogo lhe recompensará alguns sonetos na glória; todos os teus
sofrimentos serão bem pagos pela felicidade que experimentarás além. Não tema
sofrer no corpo, porque seu corpo participará um dia de seus deleites. Cada
nervo se estremecerá de gozo, cada músculo se moverá pela bem aventurança; seus
olhos brilharão com o fogo da eternidade; seu coração palpitará e pulsará com
bem-aventurança imortal; sua estrutura será o canal de beatitude; o corpo que
agora é com freqüência um copo de absinto, será um recipiente de mel, esse
corpo que é por vezes um favo do qual se destila fel, será um favo de
bem-aventurança para você. Recebam consolo, então, vocês que sofrem, que
definham desfalecidos no leito: não tenham medo, pois seus corpos viverão.
Mas quero
extrair do texto uma palavra de instrução em relação à doutrina do reconhecimento. Muitos se perguntam perplexos se
reconhecerão a seus amigos no céu. Bem, agora, se os corpos ressuscitarão dos
mortos, não vejo razão alguma para que não os reconheçamos. Creio que
conhecerei a alguns de meus irmãos, incluso por seus espíritos, pois conheço
muito bem seu caráter, tendo falado com eles das coisas de Jesus, e conhecendo
muito bem as partes mais proeminentes de seu caráter.
Mas também
verei seus corpos. Sempre considerarei como um golpe contundente, a resposta à
pergunta da Sr. Ryland do velho John Ryland. ―Pensas que me conhecerás no céu”? “Vamos‖ – lhe respondeu – ―te conheço aqui; e crês que serei mais insensato no céu do que sou
na terra?” A pergunta
está fora de toda disputa. Viveremos no céu com corpos, e isso decide o
assunto. Iremos nos reconhecer uns aos outros no céu; podem tomar isso como um
fato real, e não como uma simples fantasia.
Mas agora
teremos uma palavra de advertência, e então haverei concluído com esta parte do
meu tema. Se seus corpos habitarão no céu, lhes suplico que cuidem deles. Não
me refiro a que tenham cuidado com o que comem e bebem, e com o que se
vestirão, senão que refiro a que tenham cuidado de que seus corpos não sejam contaminados pelo pecado. Se essa garganta cantará para sempre os
cânticos de glória, não permitam que palavras de impudência a sujem.
Se esses
olhos verão ao Rei em Sua formosura, então essa será sua oração: ―Aparta meus olhos, que não vejam a
vaidade‖. Se essas mãos sustentarão uma rama de palma,
oh, então nunca receberão o suborno, nunca buscarão o mal. Se esses pés
caminharão pelas ruas de ouro, então não deverão ser ligeiros para a maldade.
Se essa
língua falará para sempre de tudo o que Ele disse e fez, então não expressará
coisas superficiais e frívolas. E se esse coração palpitará para sempre com bem-aventurança,
lhes suplico que não o entreguem a estranhos; tampouco lhe permitam
extraviar-se para o mal. Se este corpo viverá para sempre, que cuidado temos
que lhe dar, pois nossos corpos são templos do Espírito Santo, e são membros do
Senhor Jesus.
Agora, crerão
nesta doutrina ou não? Se não creem, estão excomungados da fé. Essa é a fé do
Evangelho; e se não creem nela, todavia não receberam o Evangelho. ―Se Cristo não ressuscitou, vossa fé é
vã; ainda estais em vossos pecados‖. Os mortos em Cristo vão ressuscitar, e ressuscitarão primeiro.
II. Mas agora chegamos à RESSURREIÇÃO DOS ÍMPIOS.
Ressuscitarão
os ímpios também? Aqui temos um ponto de controvérsia. Agora terei que dizer
coisas duras: poderia detê-los um pouco, mas lhe peço que me escutem com
atenção. Sim, os
ímpios ressuscitarão.
A primeira
prova nos é proporcionada na segunda Epístola aos Coríntios, 5:10: ―É necessário que todos nós
compareçamos ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba seguindo o que
tenha feito enquanto estava no corpo, seja bom ou seja mal‖. Agora, posto que todos temos que comparecer, os ímpios comparecerão,
e receberão segundo o que tenham feito no corpo. Como o corpo peca, é natural
que o corpo seja castigado. Seria injusto castigar a alma e não o corpo, pois o
corpo esteve tão envolvido com o pecado como esteve a alma em todo momento.
Mas em
qualquer lugar que vou agora ouço que se afirma: ―Os ministros em tempos antigos eram
propensos a dizer que havia fogo no inferno para nossos corpos, mas não é
assim; é um fogo metafórico, um fogo imaginário”. Ah! Não é assim. Receberão as coisas feitas
em seu corpo.
Ainda que
suas almas tenham de ser castigadas, seus corpos também serão castigados. Vocês
que são sensuais e diabólicos, não se preocupam de que suas almas sejam
castigadas, porque nunca pensam acerca de suas almas, mas se eu lhes falo de um
castigo para o corpo, pensarão muito mais nele. Cristo disse que a alma será
castigada, mas descreveu com maior frequência ao corpo em aflição para
impressionar aos Seus ouvintes, pois sabia que eram sensuais e diabólicos, e
que nada que não afetasse o corpo os tocaria no mínimo detalhe.
“É necessário
que todos nós compareçamos ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba
segundo o que tenha feito enquanto estava no corpo,seja bom ou seja mal”.
Mas este não
é o único texto que demonstra a doutrina, e lhes darei um que é melhor: Mateus
5:29: ―Se teu olho
direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; pois te é melhor que
se perca um dos teus membros, e não que todo o teu corpo seja lançado ao
inferno. Não diz: ―que toda a tua
alma, senão ―todo o teu corpo. Amigo, isto não diz que sua alma estará no
inferno – isso é afirmado muitas vezes – senão que declara afirmativamente que seu corpo estará. Esse mesmo corpo que agora está parado
no corredor, ou sentado no banco, se chegar a morrer sem
Cristo, arderá
para sempre nas chamas do inferno. Não é uma fantasia do homem, senão uma
verdade que sua carne material e seu sangue, e esses próprios ossos sofrerão: “todo o teu corpo seja lançado no
inferno”.
Mas se uma
prova não te satisfaz, escute outra extraída do mesmo Evangelho, capítulo
10:28: ―Não temais aos
que matam o corpo, mas a alma não podem matar; temei antes ao que pode destruir
a alma e o corpo no inferno”. O inferno será um lugar para corpos assim como para almas. Tal
como observei, sempre que Cristo fala do inferno e do estado perdido dos
ímpios, fala em todo momento de seus corpos; escassamente o encontram dizendo
algo acerca de suas almas. Ele disse: ―Onde o verme deles não morre‖, que é uma figura de um
sofrimento físico: o verme que tortura para sempre o íntimo do coração, como um
câncer dentro da própria alma.
Ele fala do ―fogo que não pode ser apagado. Agora, não comecem a dizer-me que se trata
de um fogo metafórico: a quem lhe importa isso?
Se um homem
me ameaçasse em dar-me um golpe metafórico na cabeça, pouco me preocuparia a
respeito; seria bem-vindo para que me desse os golpes que quisesse. E que dizem
os ímpios? ―A nós não nos importam os fogos metafóricos. Mas, amigo, são reais, sim, tão reais como você mesmo. Há um fogo
real no inferno, tão certo como agora tens um corpo real, há um fogo exatamente
igual em tudo ao que temos na terra, exceto nisso: que não se consumirá, ainda
que lhe torturará.
Você já viu
ao amianto quando está vermelho vivo dentro do fogo, mas quando o tiras, não se
consumiu. De igual maneira seu corpo será preparado por Deus de tal maneira que
arderá para sempre sem ser consumido; estará metido, não como você considera,
em um fogo metafórico, senão em uma chama real. Tinha em mente nosso Salvador
uma ficção quando disse que lançaria corpo e alma no inferno? Para que haveria
um abismo se não houvesse corpos? Por quê o fogo, por quê as cadeias, se os
corpos não fossem estar ali? Pode tocar o fogo à alma? Pode o abismo encerrar
aos espíritos?
Podem as
cadeias atar às almas? Não, o abismo, o fogo e as cadeias são para os corpos, e
os corpos estarão ali. Você dormirá no pó por pouco tempo.
Quando morra,
sua alma será atormentada sozinha, isso será um inferno para ela, mas no dia do
juízo seu corpo se unirá à sua alma, e então terá infernos gêmeos, corpo e alma
estarão juntas, ambos repletos de dor, tua alma suando gostas de sangue pelos
poros mais íntimos e teu corpo coberto de agonia da cabeça aos pés,
consciência, juízo, memória, todos sendo torturados, ainda mais: sua cabeça
sendo atormentada por dores dilacerantes, seus olhos saltando de suas órbitas
com sangue e dor, seus ouvidos sendo atormentados com:
“Melancólicos gemidos e lamentos
profundos.
E alaridos de torturados
espíritos”.
Seu coração
palpitará precipitadamente pela febre; seu pulso se agitará em agonia à uma
enorme velocidade, seus membros crepitarão no fogo como o dos mártires, mas não
arderão; você mesmo, colocado em um recipiente de azeite fervente, estará
dolorido, mas permanecerás sendo indestrutível, todas as suas veias se
converterão em uma senda que será recorrida pelos pés ardentes da dor, cada
nervo será uma corda sobre a qual o diabo tocará para sempre sua diabólica
melodia do ―Lamento
Inarrável do Inferno, tua alma
doerá eternamente e para sempre, e seu corpo palpitará ao uníssono com sua
alma.
Ficções,
senhor! De novo o digo: não são
ficções, e vive Deus que se trata de uma verdade sólida e severa. Se Deus é
veraz, e esta Bíblia é verdadeira, o que tenho dito é a verdade, e descobrirão
algum dia que assim é.
Mas agora
devo ter um pequeno raciocínio com os ímpios sobre um ou dois pontos. Primeiro,
argumentarei com aqueles de vocês que estão muito orgulhosos de seus atrativos
corpos, e que se arrumam com excelentes ornamentos, e se tornam gloriosos em
suas roupas. Há alguns de vocês que não têm tempo para a oração, mas têm tempo
suficiente para escovar seus cabelos por toda uma eternidade; não têm tempo
para dobrar seus joelhos, mas têm tempo abundante para tratar de parecer
prontos e grandiosos. Ah, fina dama, tu que cuidas teu rosto muito bem
maquiado! Lembra-te que do que alguém disse na antiguidade quando alçou uma
caveira para contemplá-la:
“Digam a ela, que ainda que se
cubra
com uma polegada de pintura,
A esta pele há de chegar ao fim”.
E algo pior
que isso: esse belo rosto será marcado com as garras dos demônios, e esse
formoso corpo será unicamente o instrumento de tormento.
Ah! Veste-se
para o verme, altivo cavalheiro; seja para as rasteiras criaturas do sepulcro;
e ainda pior, venha ao inferno com seu cabelo empavonado: ―Um cavalheiro no
inferno‖, descende ao abismo com teus preciosos vestidos, senhor meu, vá
além, para encontrar-se não mais alto que os demais, exceto talvez por uma
tortura maior, e submergido mais profundamente nas chamas.
Ai, Já não
nos convém desperdiçar aqui tanto tempo nas coisas menores, quando há tanto por
fazer, e tão pouco tempo para fazê-lo, no que está relacionado à salvação das
almas dos homens. Oh Deus, nosso Deus, livra aos homens de celebrar e de dar prazer
aos seus corpos, quando somente estão engordando-os para o matadouro, e
alimentando-os para que sejam devorados nas chamas.
Ademais,
ouçam-me quando digo que estão gratificando às suas concupiscências: sabem que
esses corpos cujas lascívias gratificamos aqui, estarão no inferno, e que terão
as mesmas concupiscências no inferno que as que têm aqui? O libertino se
apressa em dar prazer a seu corpo no que deseja, poderá fazer isso no inferno?
Poderá encontrar um lugar ali no qual gratifique sua concupiscência e encontre
indulgência para seu sujo desejo? Aqui, o bêbado pode despejar em sua garganta
a taça intoxicante e mortal; mas, onde encontrará o licor para beber no
inferno, quando a embriaguez será tão ardente sobre ele como o é aqui?
Onde
encontrará sequer uma gota de água para refrescar a língua ardente? O homem que
ama aqui a glutonaria, será um glutão além, mas onde estará a comida que lhe
satisfaça, quando ainda que sustentasse seu dedo no alto veria que os pães se
distanciam, e não lhe será permitido que tome nenhum fruto? Oh, ter suas
paixões, e contudo, não poder satisfazê-las! Encerrar um bêbado um sua cela e
não dar-lhe nada de beber! Se lançaria contra a parede para conseguir o licor,
mas não há licor para ele.
O que farás
no inferno, oh bêbado, com essa sede na garganta, e não podendo tragar nada
senão chamas flamejantes que incrementam seu suplício?
E o que você
fará, oh pessoa dissoluta, quando todavia quiser estar seduzindo a outros, mas
não há nada com quem possa pecar? Falo claramente? Se os homens querem pecar,
encontrará homens que não se envergonhem para reprová-los. Ah, ter um corpo no
inferno, com todas as suas concupiscências, mas sem o poder de satisfazê-las!
Quão horrível será esse inferno!
Mas
escutem-me, todavia uma vez mais. Oh, pobre pecador, se visse que vais ao
esconderijo do inquisidor para ser atormentado, não te pediria que te
detivesses antes que atravessasses o umbral?
E agora lhe
estou falando de coisas que são reais. Se estivesse esta manhã sobre um
cenário, e estivesse atuando estas coisas como se fossem fantasias, lhes faria
chorar: faria chorar aos piedosos ao pensar quantos serão condenados, e faria
chorar aos ímpios ao pensarem que serão condenados. Mas quando falo de realidades,
não se comovem nem a metade do que o fariam as ficções, e estão assentados como
o estavam antes que a reunião começasse.
Mas ouçam-me,
enquanto afirmo de novo a verdade de Deis. Eu lhe digo pecador, que esses olhos
que agora veem à luxúria, verão às aflições que lhe humilharão e atormentarão.
Esses ouvidos que prestas agora para ouvir à canção da blasfêmia, ouvirão
gemidos, e lamentos, e sons horríveis, que somente os condenados conhecem.
Essa mesma
garganta pela qual agora derramas bebida, estará cheia de fogo. Esses seus
próprios lábios e braços serão torturados ao mesmo tempo. Vamos, se você tem
uma dor de cabeça, correria ao seu médico; mas o que farás quando sua cabeça,
coração, e suas mãos, e teus pés te doerem todos de uma só vez? Quando somente
tens uma dor em teus rins, buscas aos remédios que te curam, mas o que farás
quando a gota, o reumatismo, a vertigem e tudo o que é vil ataquem seu corpo de
uma só vez?
Como te
comportarás quando for aborrecido com todo tipo de enfermidade, lepra, paralisia,
obscuridade, podridão, quando seus ossos doerem, seu medula trema, cada membro
que tens esteja cheio de dor; teu corpo um templo dos demônios e um canal de
aflições? E prosseguirás às cegas? Como vai o boi ao matadouro, e como coxeia a
ovelha à faca do carniceiro, o mesmo ocorre com muitos de vocês.
Senhores,
vocês estão vivendo sem Cristo, muitos de vocês, são justos com justiça própria
e ímpios. Alguns de vocês sai esta tarde para tomar sua porção de prazer do
dia; outro é um fornicador em segredo; outro pode enganar ao seu vizinho; outro
pode maldizer a Deus de vez em quando; outro bem a esta capela mas em segredo é
um bêbado; outro fala muito sobre a piedade, e Deus sabe que é um hipócrita
desventurado.
O que farás
naquele dia quando estiveres diante do teu Criador? É pouco que teu ministro
lhe censure agora; é pouco ser julgado pelo juízo do homem, o que farás quando
Deus trovejar, não sua acusação, senão a sua condenação: ―Apartai-vos de mim, malditos, ao fogo
eterno preparado para o diabo e seus anjos‖?
Ah! Vocês que
são sensuais, eu sabia que não jamais lhes comoveria enquanto falasse acerca de
tormentos para suas almas. Lhes como voa agora? Ah, não! Muitos de vós se irão
e irão rir, e me chamarão, como recordo que me chamaram uma vez antes, ―um
clérigo do fogo do inferno.
Bem, vão; mas
verão um dia ao pregador do fogo do inferno no céu, talvez, e vocês mesmos
serão lançados fora, e olhando para baixo com um olhar reprobatório, se puder,
lhes recordarei que ouviram a palavra, e não a escutaram.
Ah, homens, é
algo sem importância ouvi-la, será algo duro suportá-la!
Agora me
escutam insensíveis, será trabalho mais duro quando a morte se aferre a vocês e
estejam queimando no fogo. Agora desprezam a Cristo, não lhe desprezarão então.
Agora podem desperdiçar seus dias de Domingo; então, dariam mil mundos por um
Domingo se pudessem tê-lo no inferno. Agora podem zombar e escarnecer; então,
não haverá nem zombarias e nem escárnios; estarão gritando, e uivando, e
chorando e pedindo misericórdia; mas:
“Não se permitem atos de perdão
Na fria sepultura à qual nos
apressamos;
A escuridão, a morte e o grande
desespero,
Reinam no eterno silêncio ali”.
Oh, meus
queridos leitores! A ira vindoura! A ira vindoura! A ira vindoura! Quem de vós
habitará em meio ao fogo consumidor? Quem de vós habitará com as chamas
eternas? Podes fazê-lo, meu amigo? E você? Podes habitar com a chama eterna? ―Oh, não‖, respondes, ―o que
devo fazer para ser salvo?” Escute o que Cristo tem a dizer: ―Crê no Senhor Jesus Cristo, e
serás salvo; o que crê não será condenado‖. ―Vinde
logo, diz Jeová, e arrazoemos: ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; se forem vermelhos como o
carmesim, tornar-se-ão como a lã‖.
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O DESTINO FINAL DOS MORTOS
Texto
Áureo = “Se
esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os
homens.” (1 Co 15.19)
Verdade
Prática = Os salvos,
que morreram em Crista, aguardam a ressurreição no céu e os ímpios a esperam no
Hades, em sofrimento indizível.
LEITURA BÍBLICA = Lucas 16.19-26
INTRODUÇÃO
A) A IMPORTÂNCIA DA RESSURREIÇÃO
1) Os Coríntios como os demais gregos eram um povo de grande
capacidade intelectual e amantes de especulações filosóficas. O Apóstolo Paulo previu que, sob
a influência do espírito grego, o ensino da igreja de Corinto poderia fazer com
que o evangelho se dissipasse em lindo, porém impotente sistema de filosofia e
ética:
b) Tomando esse erro como ponto
de partida, Paulo expôs a doutrina verdadeira, entregando ao mundo o grande
capítulo da ressurreição(leiam em casa 1ª Coríntios 15).
2) No princípio Deus criou tanto o Espírito como o corpo, e,
quando se uniram espírito e corpo como unidade vivente, o homem tornou-se alma vivente (Gênesis 2:7):
a) O homem foi criado imortal no
sentido de que ele não precisava morrer, mas mortal no sentido de que poderia
morrer se desobedecesse a Deus (Gênesis 2:16-17).
b) Se o homem tivesse permanecido
fiel, possivelmente teria sido trasladado, pois a trasladação parece ser o meio
perfeito que Deus usa para remover da terra os seres humanos (2 Reis 2:11).
c) O homem pecou, perdeu o
direito à árvore da vida, e em resultado disso começou a morrer, processo que
culminou na separação do espírito do corpo (Gênesis 3:22).
d) A morte física foi a expressão
externa da morte espiritual, a qual é a conseqüência do pecado.
e) Desde que o corpo é parte
integrante da personalidade do homem, suasalvação e sua imortalidade não se
completam enquanto não for ressuscitado e glorificado. Assim ensina o novo
testamento. (1º Coríntios 15:53-54; Filipenses 3:20-21).
f) O homem se compõe tanto de
alma como de corpo, sua redenção deve incluir a vivificação dos dois, da alma e
do corpo. Embora o homem se torne justo perante Deus e vivo espiritualmente (Efésios 2:1), seu corpo morrerá como
resultado da sua herança racial de Adão.
B) O FATO E NATUREZA DO ESTADO
INTERMEDIÁRIO:
1) O velho testamento ensina que há uma vida
depois da morte:
a) Mostra
que todos os homens vão ao SHEOL (O hades do novo testamento).
2) Também o
novo testamento mostra que tanto os maus como os justos desciam ao hades, antes
da ressurreição de Cristo:
a) Lemos que o rico desceu ao
hades e ele e Lázaro estavam tão próximos que dava para conversarem um com o
outro naquela região (Lucas 16:19-31).
3) Se,
então, as escrituras ensinavam que há uma existência depois da morte, esta
seria uma existência consciente?
a) É o que é sugerido no velho
testamento e ensinado claramente no novo testamento (Mateus22:31-32; Lucas 23:40-43).
b) O novo testamento indica que
haviam dois compartimentos no hades, um para os maus e outro para os bons. O
que era reservado para os bons chamava-se Paraíso.
c) Depois da ressurreição de
Jesus, parece ter havido uma mudança. Agora os crentes vão à presença de Cristo
quando morrem (2º Coríntios 5:6-9).
d) Paulo expressou o desejo de
''partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor'' (Filipenses
1:23).
e) ''As almas dos que tinham sido
mortos'' estavam debaixo do altar e conscientes (Apocalipse 6:9-11).
f) Quando Jesus ressuscitou, Ele
levou não apenas as primícias daqueles a quem ressuscitou corporalmente (Mateus
27:52-53), mas
também as almas de todos os justos que estavam no hades (Efésios 4:8; Salmos 68:18).
C) O ENSINAMENTO DO VELHO TESTAMENTO QUANTO
À RESSURREIÇÃO DO CORPO
1) Para começar, o velho testamento registra
a ressurreição do corpo de pelo menos três pessoas:
2) Abraão esperava que Deus
levantasse Isaque dos mortos no Monte Moriá (Gênesis 22:5; Hebreus 11:19).
D) O ENSINAMENTO DO NOVO
TESTAMENTO QUANTO À RESSURREIÇÃO DO CORPO
1) O novo
testamento registra a ressurreição de cinco pessoas:
4) Finalmente, a ressurreição de
Cristo é a garantia de nossa própria ressurreição (1º Coríntios 15:20-22; 2º Coríntios 4:14; Romanos 8:11):
a) Ele não só destruiu a morte
como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho (2º Timóteo
1:10).
b) Há, portanto, prova abundante
de que, tanto o velho como o novo testamento ensinam a ressurreição do corpo.
E) A NATUREZA DA RESSURREIÇÃO
2)
Observemos primeiro que as escrituras falam de três tipos de ressurreição:
a) uma
ressurreição judicial, na qual o crente foi ressuscitado com Cristo (Romanos
6:4-5; Efésios
2:5-6);
d) Estamos interessados agora na
ressurreição física.
3) As escrituras indicam que o
corpo será ressurreto de, pelo menos, quatro maneiras.
b) Quanto aos dois tipos de
corpos mencionados na última referência, STRONG diz: ''Esses adjetivos
''psíquico'' e ''espiritual'' não definem o material dos respectivos corpos,
mas sim aqueles corpos em suas relações e adaptações, em seus poderes e usos.
O corpo presente é adaptado e
planejado para o uso da alma; o corpo da ressurreição será adaptado e planejado
para o uso do espírito.''
c) Na declaração de que o corpo
está incluído em nossa redenção (Romanos 8:23-26; 1º Coríntios 6:13-15).
d) Quando Cristo morreu por nós,
morreu pelo homem todo. Os benefícios completos de sua expiação não são
cumpridos até que o corpo tenha sido tornado imortal por Deus, o que se dará na
ressurreição.
e) No tipo de corpo com que Jesus
ressuscitou, Ele ressurgiu em um corpo físico (Lucas 24:39; João 20:27).
f) Na literalidade da volta e
julgamentos do Senhor. O homem Cristo Jesus voltará para julgar, não espíritos
incorpóreos, mas sim homens corpóreos (1º Tessalonicenses 4:16-17; Apocalipse 20:11-13).
F) OS CORPOS DOS CRENTES
1) Diversas
passagens declaram ou dão a entender que o corpo ressurreto dos crentes será
semelhante ao corpo glorificado de Cristo (Filipenses 3:21; 1º João 3:2; 1º Coríntios 15:49).
2) Alguns
detalhes podem ser mencionados de 1º Coríntios 15:
b) Depois da
ressurreição, Jesus diz que seu corpo é composto de ''carne e ossos'' (Lucas
24:39).
c) Novamente
nossos corpos serão incorruptíveis, não estando, portanto, sujeitos à doença,
decomposição e morte (1º Coríntios 15:42, 53-54).
d) Será um
corpo glorioso, poderoso, espiritual e, finalmente, será um corpo celestial (1º Coríntios
15:43-44, 47, 49).
G) OS CORPOS DOS NÃO CRENTES
1) Jesus
declarou que está chegando a hora quando todos que estiverem na sepultura
sairão, alguns para a ressurreição da vida, e alguns para a ressurreição do
juízo (João
5:28-29).
2) Diante de Félix, Paulo declarou
que Israel tinha esperança em Deus ''de que haverá ressurreição, tanto de
justos como de injustos''(Atos 24:15).
3) No livro de Daniel, está
escrito que muitos dos que dormem no pó ressuscitarão ''para vergonha e horror
eterno'' (Daniel 12:2).
4) No Apocalipse é ensinado que
''os não salvos'' serão ressuscitados, julgados e lançados no lago de fogo (Apocalipse
20:12-13).
5) A curiosidade nos levaria a
uma investigação da natureza deste corpo ressurreto, mas o silêncio da
escritura quanto a esse ponto indica que devemos nos contentar com as coisas
que nos foram reveladas.
1) A
primeira ressurreição terá lugar quando Cristo vier nos ares (1º
Tessalonicenses 4:16; 1º Corintios
15:23).
2) Não há
dúvida de que todos os salvos dos tempos do velho testamento e do novo
testamento até aquele momento, serão então ressuscitados.
3) Os que
forem mortos durante a tribulação aparentemente serão ressuscitados no momento
da vinda de Cristo a terra. Assim, a primeira ressurreição estará completa (Apoc. 20:4-5).
1) Parece
que Deus é tão longânimo quanto possível com os que morreram sem ser salvos.
Estão em tormento no estado intermediário, mas ainda não estão no lugar do
castigo final. Assim, a bondade de Deus faz adiar o dia do acerto final de
contas para até depois do milênio. Mas, embora demore, certamente virá!
O DESTINO FINAL DOS MORTOS ( RESSURREIÇÃO )
Texto
Áureo = “Se
esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os
homens.” (1 Co 15.19)
Verdade
Prática = Os salvos,
que morreram em Crista, aguardam a ressurreição no céu e os ímpios a esperam no
Hades, em sofrimento indizível.
LEITURA BÍBLICA = Lucas 16.19-26
INTRODUÇÃO
A
doutrina da ressurreição se baseia essencialmente sobre o fato da ressurreição
de Cristo. O Mestre enfatizou e deu um sentido especial a essa doutrina (Jo
5.28,29), deixando claro que não haverá urna única, geral e simultânea
ressurreição para os mortos, e sim, que acontecerá em duas fases distintas: a ressurreição
dos justos e a dos ímpios.
I. O
QUE É RESSURREIÇÃO
1. Sentido original. Duas palavras gregas (anastasis e
egeiró) definem o termo ressurreição. Elas claramente indicam “tornar à vida”,
“levantar-se”, “erguer-se”, “despertar”, “acordar”.
2. Sentido doutrinário. Ressurreição é a outorga da
vida ao que havia se extinguido fisicamente. É o ato do levantamento daquilo
que havia estado no sepulcro. Várias vezes nos deparamos com a expressão
“ressurreição dos mortos” (1 Co 15.12, 13,21,42), que se refere a uma
ressurreição geral, de justos e ímpios. Porém, quando se refere aos justos, a
expressão no original é restritiva e se traduz por “ressurreição de entre os
mortos”. A expressão “de entre os mortos” quer dizer os mortos tirados do meio
de outros mortos.
II.
CARÁTER GERAL DA RESSURREIÇÃO
1. No Antigo Testamento. Vários personagens importantes
da história do Antigo Testamento demonstraram sua confiança e crença na
ressurreição. Abraão cria na ressurreição (Gn 22.5, Hb 11.17-19); (Jó
19.25-27); um dos filhos de Coré, cantor, salmodiava sobre a ressurreição (SI
49.15); o profeta Isaías cria e
profetizava sobre a ressurreição (Is 26.19); Daniel, profeta e estadista,
declarou sua crença na ressurreição (Dn 12.2,3); e Oséias, um profeta destacado
em Israel, fez o mesmo (Os 13.14).
2. No Novo Testamento. A doutrina da ressurreição foi
declarada e ensinada por Jesus em seu ministério terrestre (Jo 5.28,29;
6.39,40,44,54; Lc 14.13,14; 20. 35,36). Ensinada e reafirmada pelos apóstolos e
os pais da Igreja primitiva (At 4.2). Em Atenas, na Grécia, Paulo pregou a
Jesus Cristo e Sua ressurreição (At 17.18). Repetiu isso, também, para os
filipenses (Fp 3.11), aos coríntios (1 Co 15.20), aos tessalonicenses (1 Ts
4.14-16), perante o governador Felix (At 24.15). O apóstolo João, não só
relatou o ensino de Cristo sobre a ressurreição, mas ele mesmo ensinou sobre o
assunto (Ap 20.4-6).
3. Alguns exemplos bíblicos de ressurreições literais.
a) No Antigo Testamento. A história dramática da
ressurreição do filho da mulher sunamita através da oração do profeta Eliseu (2
Rs 4.32- 37). Há um caso posterior mais impressionante. O profeta Eliseu já
havia morrido e sido sepultado, e um grupo de moabitas, para fugir de uma
perseguição inimiga, lançou o seu morto na cova onde estava os restos mortais
de Eliseu. Ao tocar os ossos do profeta o morto reviveu e se levantou sobre
seus pés (2 Rs 13.20,21).
b) No Novo Testamento. Os exemplos são numerosos,
começando pelo ministério pessoal de Jesus Cristo: a filha de Jairo (Mt
9.24,25); o filho de uma viúva de Naim (Lc 7.13-15); seu amigo Lázaro, em
Betânia, irmão de Maria e Marta (lo 11.43,44). Ele mesmo venceu a morte depois
de três dias no sepulcro (Lc 24.6) e, para confirmar Sua vitória sobre a morte,
alguns corpos de santos mortos anteriormente, ressuscitaram e foram vistos em
Jerusalém (Mt 27.52,53). Mais tarde, entre os apóstolos, Pedro orou ao Senhor e
fez reviver a Dorcas (At 9.37,40,41).
III.
TIPOS DE RESSURREIÇÃO
1. Nacional. É, em linguagem metafórica, a
restauração e renovação do povo de Israel em termos políticos, materiais e
espirituais (Dt 4.23-30; 28.62-64; Lv 26.14-25; Ez 11.17; 36.24; 37.21; Jr
24.6; Ez 36.24,28). O cumprimento cabal da profecia relativa à ressurreição
nacional acontecerá na vinda pessoal do Messias, o Senhor Jesus Cristo (Zc
14.1-5).
2. Espiritual. Refere-se também metaforicamente a um
renascimento espiritual dos que, tendo estado mortos em delitos e peca- dos (Ef
2.1) foram vivificados espiritualmente (Rm 6.4). Há, no entanto, um sentido
literal dessa ressurreição, no que tange à ressurreição corporal. Porém, o
aspecto físico da ressurreição diz respeito aos corpos levantados das
sepulturas, os quais sofrerão uma metamorfose. Isto é: uma transformação do
físico para o espiritual (1 Co 15.52; 1 Ts 4.13-17).
3. Física. Precisamos distinguir esse tipo de
ressurreição sob dois ângulos: o temporal e o escatológico. No sentido
temporal, temos o exemplo de pessoas que morreram, foram sepultadas, e pelo
poder de Deus ressuscitaram; posteriormente, voltaram a morrer (2 Rs 4.32-37;
Mt 9.24, 25). No sentido escatológico, tanto os justos quanto os ímpios vão
ressuscitar fisicamente. Os justos, levantar-se-ão dos seus sepulcros na vinda
do Senhor (1 Co 15.44,52; Jo 5.29). Os ímpios se levantarão, não com os santos,
mas no fim de todas as coisas, no Juízo Final (Ap 20.11-15).
IV.
EXPLICANDO A RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS E A DOS ÍMPIOS
1. A primeira ressurreição.
a) O tempo. Divide-se em três fases distintas. A
primeira fase refere-se à ressurreição de Cristo e de muitos santos do Antigo
Testamento, identificados como as “primícias dos mortos” (1 Co 15.20; Mt 27.52,
53); Jesus e aqueles santos ressurretos são o primeiro molho de trigo colhido
(Lv 23. 10-12; 1 Co 15.23). Jesus foi o grão de trigo que caiu na terra,
morreu, e produziu muito fruto ( Jo 12.24).
Isto é:
aquele grupo de pessoas de Mt 27.52,53 foi a primícia, o primeiro molho. A
segunda fase refere-se à ressurreição dos mortos em Cristo na era
neotestamentária, a qual se efetuará no chamamento especial por ocasião da
volta do Senhor Jesus sobre as nuvens (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.14-17). A terceira
fase da primeira ressurreição refere-se àqueles mortos no período da Grande
Tribulação, os quais são chamados de “mártires da Grande Tribulação”. Refere-
se ao restolho da ceifa, isto é, as respigas da colheita (Ap 6.9-11; 7.9-17;
14.1- 5; 20.4,5).
b) A natureza dos corpos ressurretos. Não
importa como os corpos foram sepultados, se em covas na terra, ou no fundo dos
mares e rios, ou queimados. Na realidade, os mesmos corpos mortos serão
ressuscitados. No caso dos mortos em Cristo, seus corpos serão transformados (1
Co 15.35-38), iguais ao corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.21).
2. A segunda ressurreição.
a) O tempo. Já sabemos que Jesus distinguiu duas
ressurreições: a dos justos e a dos ímpios (Jo 5.28,29). Alguns intérpretes
entendem a ressurreição dos mortos como um só evento, num mesmo tempo. Declaram
que a única distinção é que “uns ressuscitam para a vida” e outros “para a
perdição”. Entretanto, essa teoria é largamente refutada. Na verdade, o tempo
da segunda ressurreição acontecerá no fim de todas as coisas, após o período do
Milênio na Terra, quando haverá o Juízo Final diante do Grande Trono Branco (Hb
4.13).
b) A natureza dos corpos ressuscitados dos ímpios.
Quanto à ressurreição o processo será o mesmo que o dos justos. Seus corpos
terão todas as partículas físicas reunidas e transformadas em corpos
espirituais, mas sem qualquer glória. À semelhança dos justos no Hades, as
almas e espíritos se unirão aos seus corpos sepultados para serem julgados por
suas obras (Ap 20.12; Dn 12.2). Nenhuma glória, nenhuma beleza, mas totalmente
inglório, para que sejam prestadas as contas perante o Supremo Juiz (Hb 4.13;
Rm 2.5,6; Hb 9.27).
c) O estado final dos ímpios. Na
verdade, os ímpios ressuscitarão para uma “segunda morte”, Ap 21.8. Essa
“segunda morte” não significa aniquilamento, mas banimento da presença de Deus
(2 Ts 1.9). Esse banimento implica que todos os ímpios serão lançados no Geena,
chamado “Lago de Fogo” (Mt 25. 41,46), que arde continuamente com fogo
inapagável — o tormento eterno (Ap 14.10,11).
CONCLUSÃO
A
esperança da Igreja está baseada na ressurreição de Cristo. Sua morte e
ressurreição são a garantia total de que Ele voltará. Sua vitória sobre a morte
foi com glória, triunfo e poder.
Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lições
bíblicas CPAD 1998
O ESTADO
INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS
TEXTO ÁUREO = “E no Hades, ergueu o olhos, estando em tormentos, e viu ao longe
Abraão e Lázaro, no seu seio” (Lc 16.23).
VERDADE PRÁTICA = O Estado Intermediário representa um lugar
espiritual fixo onde as almas e os espíritos dos mortos aguardam a ressurreição
de seus corpos, para apresentarem-se, posteriormente, perante o Supremo Juiz.
LEITURA
BÍBLICA = LUCAS 16.19-31
INTRODUÇÃO
Como existe
uma diversidade de interpretações a respeito e, para evitar confusão de idéias
acerca do Estado Intermediário, devemos aclarar essa doutrina.
I. A VIDA DEPOIS DA MORTE
São vários
os argumentos que reforçam a doutrina bíblica sobre a vida além-túmulo.
1. Argumento histórico. Se a questão da vida além-morte estivesse
fundamentada apenas em teorias e conjecturas filosóficas, ela já teria
desaparecido. Mas as provas da crença na imortalidade estão impressas na
experiência da humanidade.
2. Argumento teleológico. Procura provar que a vida do ser humano tem
uma finalidade além da própria vida física. Há algo que vai além da matéria de
nossos corpos, é a parte espiritual. Quando Jesus Cristo aboliu a morte e
trouxe à luz a vida e a incorrupção, estava, de fato, desfazendo a morte
espiritual e concedendo vida eterna, a imortalidade (2 Tm 1.10). A vida humana
tem uma finalidade superior, uma razão de ser, um desígnio.
3. Argumento moral. Há um governador moral dentro de cada ser
humano chamado consciência que rege as suas ações. Sua existência dentro do
espírito humano, indica sua função interna, como um sensor moral, aliado à
soberania divina.
4. Argumento metafísico. Os elementos imateriais do ser humano,
denunciam o sentido metafísico que compõe a sua alma e espírito. Esses
elementos são indissolúveis; portanto, como evitar a realidade da vida
além-morte? É impossível!
A palavra
imortalidade no grego é athanasia e significa literalmente ausência de morte.
No sentido pleno, somente Deus possui vida total, imperecível e imortal (1 Tm
1.17). Ele é a Fonte de vida eterna e ninguém mais pode dá-la. No sentido
relativo, o crente possui imortalidade conquistada pelos méritos de Jesus no
Calvário (2 Tm 1.8-12).
II. O QUE
NÃO É ESTADO INTERMEDIÁRIO
1. Não é Purgatório. Heresia lançada pelos católicos romanos para
identificar o Sheol-Hades como lugar de prova, ou de segunda oportunidade, para
as almas daquelas pessoas que não conseguiram se purificar o suficiente para
galgarem o céu. Declara a doutrina romana que é uma forma desses mortos serem
provados e submetidos a um processo de purificação.
Entretanto,
essa doutrina não tem base na Bíblia e é feita sobre premissas falsas. Se o
Purgatório fosse uma realidade, então a obra de Cristo não teria sido completa.
Se alguém quer garantir sua salvação eterna, precisa garanti-la em vida física.
Depois da morte, só resta a ressurreição.
2. Não é o Limbus Patrum. O vocábulo limbus significa borda, orla. A
idéia é paralela ao Purgatório e foi criada pelos católicos romanos para
denotar um lugar na orla ou na borda do inferno, onde as almas dos antigos
santos ficavam até a ressurreição. Ensina ainda essa igreja que o limbuspatrum
(pais) era aquela orla do inferno onde Cristo desceu após sua morte na cruz,
para libertar os pais (santos do Antigo Testamento) do seu confinamento
temporário e levá-los em triunfo para o céu. Identificam “o seio de Abraão”
como sendo o limbus patrum (Lc 16.23). Mas, o limbus patrum não tem apoio
bíblico, e nem existe uma orla para os pais (santos antigos).
3. Não é o Limbus Infantus. A palavra infantus refere-se à crianças. Na
doutrina romana, havia no SheolHades um lugar especial de habitação das almas
de todas as crianças não batizadas. Segundo essa doutrina, nenhuma criança não
batizada pode entrar no céu. Por outro lado, é inaceitável a idéia do limbus
infantus como um lugar de prova, também, para crianças.
4. Não é um estado para reencarnações. Não é um
lugar de migrações e perambulações espaciais. Os espíritas gostam de usar o
texto de Lucas 16.22,23, para afirmarem que os mortos podem ajudar os vivos.
Mas Jesus, ao ensinar sobre o assunto, declarou que era impossível que Lázaro
ou algum outro que estivesse no Paraíso saísse daquele lugar para entregar
mensagem aos familiares do rico. Jesus disse que os vivos tinham “a Lei e os
Profetas”, isto é, eles tinham as Escrituras. Os mortos não podiam sair de seus
lugares para se comunicarem com os vivos.
Portanto, é
uma fraude afirmar essa possibilidade de comunicação com os mortos. Usam
equivocadamente João 3.3 para defenderem a idéia da reencarnação. Vários textos
bíblicos anulam essa falsa doutrina (Dt 18.9-14; Jó 7.9,10;Ec9.5,6; Lc 16.31).
III. O QUE É
ESTADO INTERMEDIÁRIO
1. É uma habitação espiritual fixa e temporal.
Biblicamente, o Estado Intermediário é um modo de existir entre a morte física
e a ressurreição final do corpo sepultado. No Antigo Testamento, esse lugar é
identificado como Sheol (no hebraico), e no Novo Testamento como Hades (no
grego). Os dois termos dizem respeito ao reino da morte (Si 18.5; 2 Sm 22.5,6).
E um lugar espiritual em que as almas e espíritos dos mortos habitam fixamente
até que seus corpos sejam ressuscitados, para a vida eterna ou para a perdição
eterna. E o estado das almas e espíritos, fora dos seus corpos, aguardando o
tempo em que terão de comparecer perante Deus.
2. E um lugar de consciência ativa e ação racional. Segundo
Jesus descreveu esse lugar, o rico e Lázaro participam de uma conversação no
Sheol-Hades, estando apenas em lados diferentes (Lc 16.19-31). O apóstolo Paulo
descreve-o, no que tange aos salvos, como um lugar de comunhão com o Senhor (2
Co 5.6- 9; Fp 1.23). A Bíblia denomina-o como um “lugar de consolação”, “seio
de Abraão” ou “Paraíso” (Lc 16.22,25; 2 Co 12.2-4).
Se fosse um
lugar neutro para as almas e espíritos dos mortos, não haveria razão para Jesus
identificá-lo com os nomes qüe deu. Da mesma forma, “o lugar de tormento” não
teria razão de ser, se não houvesse consciência naquele lugar.
Rejeita-se
segundo a Bíblia, a teoria de que o Sheol-Hades é um lugar de repouso
inconsciente. A Bíblia fala dos crentes falecidos como “os que dormem no
Senhor” (1 Co 15.6; 1 Ts 4.13), e isto
não refere-se a uma forma de dormir inconsciente, mas de repouso, de descanso.
As atividades existentes no Sheol-Hades não implicam que os mortos possam sair
daquele lugar, mas que estão retidos até a ressurreição de seus corpos para
apresentarem-se perante o Senhor(Lc 16.19- 31; 23.43; At 7.59).
IV. O
SHEOL-HADES, ANTES E DEPOIS DO CALVÁRIO
1. Antes do Calvário. O Sheol-Hades dividia-se em três partes
distintas. Para entender essa habitação provisória dos mortos, podemos
ilustrá-lo por um círculo dividido em três partes. A primeira parte é o lugar
dos justos, chamada “Paraíso”, “seio de Abraão”, “lugar de consolo”
(Lc16.22,25; 23.43). A segunda é a parte dos ímpios, denominada “lugar de
tormento” (Lc 16.23).
A terceira
fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como “lugar de
trevas”, “lugar de prisões eternas”, “abismo” (Lc 16.26; 2 Pe 2.4; Jd v.6).
Nessa terceira parte foi aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não sai
desse abismo, senão quando Deus permitir nos dias da Grande Tribulação (Ap
9.1-12). Não há qualquer possibilidade de contato com esses espíritos caídos;
habitantes do Poço do Abismo.
2. Depois do Calvário. Houve uma mudança dentro do mundo das almas
e espíritos dos mortos após o evento do Calvário. Quando Cristo enfrentou a
morte e a sepultura, e as venceu, efetuou uma mudança radical no Sheol-Hades
(Ef 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do “Paraíso” foi trasladada para o terceiro
céu, na presença de Deus (2 Co 12.2,4), separando-se completamente das “partes
inferiores” onde continuamos ímpios mortos. Somente, os justos gozam dessa
mudança em esperança pelo dia final quando esse estado temporário se acabará, e
viverão para sempre com o Senhor, num corpo espiritual ressurreto.
CONCLUSÃO
Essa
doutrina bíblica fortalece a nossa fé ao dar-nos segurança acerca dos mortos em
Cristo, e é a garantia de que a vida humana tem um propósito elevado, além de
renovar a nossa esperança de estar para sempre com o Senhor.
Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lições
bíblicas CPAD 1998
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