26 de dezembro de 2012

MALAQUIAS – A SACRALIDADE DA FAMÍLIA


MALAQUIAS – A SACRALIDADE DA FAMÍLIA

                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

         Chegamos agora ao último profeta do Antigo Testamento. É interessante que nada se sabe acerca de Malaquias; sua origem, descendência, onde viveu, etc.. é tudo desconhecido. Profetizou entre 433 e 425 a.C., após o templo haver sido reconstruído. Os destinatários de sua mensagem também eram os que retornaram do cativeiro babilônico e os sacerdotes. Estimulados pela atividade profética de Ageu e Zacarias, os exilados que retornaram a Jerusalém e Judá sob a liderança do governador Zorobabel, haviam terminado a construção do templo em 516 a.C. Em 458 a.C. a comunidade havia sido fortalecida pela vinda de Esdras, o sacerdote, e vários milhares de outros judeus. O rei Artaxerxes da Pérsia, encorajou Esdras a desenvolver o culto no Templo (Ed 7:17) e de assegurar a obediência à lei mosaica (Ed 7:25-26).

         Treze anos mais tarde (em 445 a.c.) o mesmo rei persa permitiu ao seu copeiro Neemias retornar a Jerusalém e reconstruir os muros da cidade (Ne 6:15). Como novo governador, Neemias também foi ponta de lança nas reformas para ajudar os pobres (Ne 10:30-31) e para o povo trazer os dízimos e ofertas com fidelidade (Ne 10:37-39).

Em 433 a.C. Neemias retornou ao serviço do rei persa, e durante sua ausência os judeus caíram em pecado mais uma vez. Mais tarde, entretanto, Neemias voltou a Jerusalém para descobrir que os dízimos haviam sido ignorados, o sábado havia sido quebrado, o povo havia casado com estrangeiros, e os sacerdotes haviam se corrompido (Nem 13:7-31). Vários destes pecados são condenados por Malaquias, pois com o passar dos anos, os judeus foram ficando desiludidos. A prosperidade prometida não retornava. A vida era difícil. Estavam cercados por inimigos, como os samaritanos, os quais procuravam impedi-los em cada oportunidade. Sofriam por causa da seca e das más colheitas e da fome.

Começaram a duvidar do amor de Deus. Punham em dúvida a justiça de Seu governo moral. Diziam que o praticante do mal era bom aos olhos do Senhor. Argumentavam que não havia proveito na obediência aos Seus mandamentos e em andar penitentemente perante Ele, pois eram os ímpios, que dependiam de si mesmos, os que prosperavam. O profeta, então, começou a responder-lhes, mostrando-lhes que tal ceticismo se baseava na hipocrisia. Se lhes cabia a adversidade, esta havia caído sobre eles, não a despeito de sua piedade, mas antes, por causa de sua pecaminosidade.

Por exemplo, havia a adoração corrompida em seus deveres no templo. Mostravam-se maus líderes de um povo que trazia ofertas inaceitáveis, mesmo depois de haverem prometido melhores ofertas. Os próprios gentios ofereciam sacrifícios mais dignos. O povo também vivia transgredindo, pois os homens se divorciavam das mulheres com quem se tinham casado na juventude e contraíam casamento com mulheres estrangeiras. Prevaleciam pecados de todas as espécies: feitiçaria, adultério, desonestidade, opressão aos fracos e impiedade generalizada. Como poderiam esperar a prosperidade quando a nação estava apodrecida com tais práticas?


Malaquias, em verdadeira nota profética, condenou os pecados e convocou o povo para que se arrependesse. Caso purificassem sua adoração, obedecessem à lei e pagassem seus dízimos na íntegra, então o resultado seria as bênçãos de Deus. Ao fazer soar esse apelo, o profeta revelou que possuía uma alta concepção sobre Deus. Deus era o majestoso Senhor dos Exércitos; Seus decretos e juízos eram irresistíveis; Seu amor era santo e imutável. O profeta percebia a salvação final para seu povo, não no arrependimento deles, mas na ação do Senhor. Raiaria o grande dia do Senhor. Esse dia purificaria e vindicaria os piedosos e destruiria os ímpios. Esse dia seria preparado com a vinda do profeta Elias.

         O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre aspectos do livro de Malaquias. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I.              O LIVRO DE MALAQUIAS

O nome Malaquias significa “meu mensageiro”, tendo sido o profeta após os dias de Neemias, então já governador de Jerusalém, onde a condição dos judeus havia se tornado deplorável. Ele é “um lado da ponte” entre o Antigo e o Novo Testamento (3:1). Há 400 anos de silêncio entre a voz de Malaquias e a “voz do que clama no deserto” – que é João batista (João 1:23) – que é o “outro lado da ponte”. O tema central do livro de Malaquias é: “Deus ainda diz: prova-me agora”; tendo o versículo chave em 3:9 que diz:

Vós sois amaldiçoados com a maldição, porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda”.

O conceito chave para se entender a profecia é: “ainda é tempo para voltar, para arrepender-se, e provar Deus, pois Ele virá”.  Este conceito vem acompanhado da mensagem central em 3:1, que diz pela última vez: “Eis que ele vem!”

A estrutura do livro de Malaquias é bem simples, sendo apenas três divisões:

1.             amor de Deus afirmado – 1:1-5
2.             O amor de Deus escarnecido – 1:6 - 2:17 e 3:7-15;
3.             O amor de Deus demonstrado – 3:1-6; 3:16 a 4:6.

Tudo quanto sabemos sobre o profeta propriamente dito, temos de inferir de suas declarações. Ele era um profeta autêntico. Falava com plena autoridade. Podia realmente dizer: "Assim diz o Senhor dos Exércitos". Tinha um amor intenso por Israel e pelos serviços efetuados no templo e sua concepção sobre a tradição e os deveres dos sacerdotes era bem alta. Tem sido dito freqüentemente que enquanto outros profetas frisaram a moralidade e a religião no íntimo, Malaquias punha ênfase sobre a adoração e o ritual. Mas, apesar de que isso seja verdade quanto aos aspectos gerais, temos de notar que ele não se esquecia totalmente das obrigações morais de Israel (ver a formidável lista de Ml 3.5), e que, para ele, o ritual não era uma finalidade em si mesmo, mas apenas a expressão da fé do povo no Senhor.


Seu estilo é simples, direto e caracterizado pela freqüente ocorrência das palavras "mas vós dizeis". Talvez isso signifique mais que um método retórico do escritor; pode ter tido sua origem nos clamores de protesto e dúvida dos perguntadores, quando ele pregou sua primeira mensagem nas ruas.
Com o livro de Malaquias foi arriada a cortina sobre a cena profética, até a vinda do Batista. As palavras vívidas e poderosas dos profetas não mais foram ouvidas. Os escribas e os sacerdotes se tornaram os principais personagens religiosos. A era criativa havia cedido lugar à era do aprendizado. Os judeus contavam, agora, com grande tesouro literário e seus exegetas, aqueles que expunham essa literatura, tornaram-se o novo canal para a voz de Deus.

II.           O JUGO DESIGUAL

“Eu te amei, diz o Senhor”, entretanto a cada momento os israelitas perguntavam questões paradoxais a Jeová. Estas questões vinham de um povo irritado que dizia que Deus havia falhado em provar o Seu amor. Observemos as sete questões listadas por Malaquias:

·               Em que nos tens amado? – 1:2
·               Em que nós temos desprezado o teu nome? – 1:6
·               Em que te havemos profanado? – 1:7
·               Em que o havemos enfadado? – 2:17
·               Em que havemos de retornar? – 3:7
·               Em que te roubamos? – 3:8
·               Que temos falado contra ti? – 3:13.

O que impressiona nessa parte é que Deus argumenta das tantas e inúmeras vezes em que fielmente tem demonstrado o seu amor e Sua fidelidade, e ainda assim o povo contra-argumenta. Parecem cegos aos fatos mais evidentes. Quantas vezes nós também, de tão absorvidos conosco mesmos não vemos as coisas mais evidentes que Deus faz para nós e ao nosso redor por nós. É a teimosia pecaminosa da velha natureza egocêntrica em ação.

O amor de Deus havia sido escarnecido pelos sacerdotes (1:6 – 2:9). Eles haviam enganado ao Senhor através de ofertas defeituosas e doentes. Eles davam menos do que o melhor – observemos as afirmações em 1:12-13, em especial. O amor de Deus havia sido também escarnecido pelo povo. Primeiro ao enganarem seus irmãos (2:10); depois pelo casamento misto (2:11); ainda pela imoralidade (2:14); continuando pela insinceridade (2:17); seguindo pelo roubar a Deus (3:8-10); e finalmente por falarem contra Deus (3:13-15). O povo havia se voltado para os prazeres e emoções imediatas sem perceber que estava realmente escarnecendo de Deus. Estavam sem consciência, pois esta havia se corrompida, havia sido cauterizada.

A importância do significado teológico e ético da mensagem de Malaquias é de que Deus havia revelado seu amor pelo seu povo através de toda a sua história. Este amor revelado fez com que o povo de Deus se tornasse responsável. Eles deveriam obedecer aos ensinamentos da lei moral de Deus (a Tora) e as pregações dos profetas de Deus. Mas assim não fizeram, e não o fizeram repetidas e insistentes vezes.



         Não temos nós todos um mesmo Pai?(2:10) O fato que Israel tinha em Deus um Pai e Criador comum, deveria fazê-los unir-se juntamente e desprezar qualquer traição que tendesse a interromper essa unidade. Porém, Judá mostra-se desleal (11) e tinha profanado o santuário do Senhor com seus casamentos com estrangeiras.
         Isto levanta algumas questões para nossa ponderação:

Como a situação dos exilados que retornaram a Jerusalém era semelhante a dos cristãos crentes nos dias de hoje?
O que é que Malaquias ensina acerca do compromisso de Deus para com seu povo?

O que Malaquias nos ensina acerca das responsabilidades do povo de Deus?
As respostas a estas questões são muito óbvias e demonstradas na história do povo judeu, e assim também na vida da igreja de Cristo e em nossa vida como membros do corpo vivo de Cristo. É necessário, no entanto, refletirmos cuidadosamente, e com honestidade total, sobre estas questões e respostas quando se trata de cada um de nós. A realidade é a mesma, infelizmente. É por isto que tanta coisa que deveria estar acontecendo não acontece.

Seria um bom alvitre, aproveitarmos a próxima oportunidade da Ceia do Senhor, para examinarmo-nos a nós mesmos, como Paulo instrui os Coríntios na sua primeira carta capítulo onze, e ver se não estamos em falta de sintonia com Deus, pecando contra o corpo de Cristo.

III.   DEUS ODEIA O DIVÓRCIO

Uma aliança é um pacto ou acordo entre duas pessoas e faz com que estas fiquem amarradas em um relacionamento profundo e duradouro. Realmente significa que não são mais duas vidas separadas, mas agora compartilham uma vida juntos. Na Bíblia vemos que DEUS fez aliança com várias pessoas, sendo uma das mais notáveis foi a que realizou com Abraão, estabelecendo a nação judaica (Gn 12:1-3). Depois da morte e ressurreição do SENHOR JESUS, aqueles que recebem JESUS como SENHOR e SALVADOR, são parceiros na Nova Aliança com DEUS (Hb 8; 6-13).

O amor de aliança é forte. DEUS diz: “Dou a minha vida por você” (I Co 13:1-8). Através das Escrituras vemos que DEUS permaneceu fiel às SUAS promessas de aliança, mesmo quando o homem, SEU parceiro na aliança, falhou em guardar o seu lado do trato. O amor da aliança é fiel a despeito do que o outro parceiro esteja fazendo. A razão para isso é que cada aliança contem dentro de si promessas e termos ou condições. Quando as pessoas entram em aliança, elas prometem certas coisas umas as outras e declaram as condições sob as quais manterão as suas promessas. Se um parceiro da aliança é infiel a sua promessa, isso não força o outro a sê-lo também. Através de todo o Velho Testamento vemos DEUS, fiel parceiro da aliança, chamando Israel, o parceiro infiel da aliança. A infidelidade de Israel não mudou o coração de DEUS em relação a ela. ELE continua sustentando-a, amando-a e chamando-a de volta para ELE até este dia.

A Bíblia trata o casamento como um relacionamento de aliança: “...sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança” (Ml 2:14). O pensamento correto sobre a natureza do casamento dá o alicerce para sabermos o que Deus pensa do divórcio.

Se o nosso Deus é um Deus de aliança, e Ele não quebra nem permite quebra de aliança, também não permite que o casamento seja quebrado. Como Deus não se divorcia do seu povo, assim ele não permite que marido e mulher se divorciem. Divorciar-se é quebrar o matrimônio da Aliança - Lemos em Ml 2:16 "Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o divórcio ..."

Precisamos compreender o texto de Mt. 19:1-7 em que Jesus diz que o divórcio é proibido, mas que foi permitido por causa da dureza do coração. Deus nunca intencionou o divórcio, pois este contraria a essência do casamento como uma aliança que nunca deverá ser quebrada, anulada. Você então pergunta: Por que foi dada a permissão para o divórcio conforme Mt. 19:7? Não foi dada uma permissão. No verso seis JESUS termina sua explicação sobre o que lhe foi perguntado “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19:3) de forma bem categórica: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” Mt 19:6. Quando lhe é questionado sobre a Lei mosaica (Antiga Aliança) Jesus responde em 19:9 - "Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério ...". Note bem que sua explicação é referente à Lei mosaica e diante do que lhe foi perguntado. Nós vivemos sob Nova Aliança, conforme Paulo exorta em sua carta aos Coríntios: “Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (1 Co 7:10-11).

Malaquias lembra-nos aqui que a vontade de Deus, a respeito do casamento, sempre foi a mesma.  Enquanto alguns podem procurar justaficativas baseadas nos abusos que eram tolerados durante a era patriarcal, ou sob a lei de Moisés, Jesus nos diz que a vontade básica de Deus sempre foi a mesma:  "Não tendes lido que o Criador, desde o princípio os fez homem e mulher, e que disse:  Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? . . .  Portanto  o que Deus ajuntou, não o separe o homem" (Mateus 19:4-6).

 As Escrituras dizem que DEUS projetou e criou o casamento para ser algo bom. Ele é um presente lindo e inestimável. DEUS usa o casamento para nos ajudar a acabar com a solidão, multiplicar nossa eficiência, construir famílias, criar filhos, curtir a vida e nos abençoar com o relacionamento íntimo. Além disso, o casamento também nos mostra a necessidade de crescer e de lidar com nossas próprias dificuldades e com o egocentrismo, através da ajuda de um companheiro para toda a vida. Se somos "ensináveis", iremos aprender a fazer aquilo que é mais importante no casamento - amar. Esta poderosa união lhe mostra o caminho para amar incondicionalmente outra pessoa imperfeita. Isto é maravilhoso. É difícil. É uma mudança de vida. Gálatas 5:22 descreve a obra do Espírito de Deus na vida do crente.

Na medida em que ele se submete ao Espírito Santo, começa a desenvolver, de maneira crescente, amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, fé e domínio próprio. Jesus salienta o princípio universal de que a pessoa ceifa o que semeia; por conseguinte, o amor (ou qualquer outro atributo) que é dado será constan­temente devolvido ao doador. Segue-se, então, que aquele que dá e recebe atributos espirituais terá, sem dúvida, um casamento agradável e satisfatório.



Eu particularmente não acredito que existam casamentos perfeitos, mas, sim, casamentos saudáveis. E para conseguirmos isto, não é fácil. E, nessa busca, o casamento enfrenta, a todo o momento, situações desafiadoras que precisam ser superadas para que ele alcance santificação e vitórias. A verdade é que em direção ao alvo (CRISTO), permeamos um percurso cheio de obstáculo. Mas, com o empenho pessoal, e na força que Deus supre, “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”. Rm. 8:37.

CONCLUSÃO
Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.



                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR


19 de dezembro de 2012

ZACARIAS O REINADO MESSIÂNICO


ZACARIAS O REINADO MESSIÂNICO

TEXTO ÁUREO = “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; sendo rei, reinará, e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (ir 23.5).

VERDADE PRÁTICA = Jesus é tanto o Salvador do mundo, como rei do Universo.

LEITURA BIBLICA = Zacarias 1: 1; 8:1-3,20-23

INTRODUÇÃO

Entre os Profetas Menores, Oséias é o livro de mais difícil aceitação quanto à razão, enquanto que Zacarias é o de mais difícil interpretação. Ambos têm 14 capítulos. Em Zacarias, o último capítulo é mais longo, tomando-se assim o maior em tamanho dentre os 12 Profetas Menores Com suas visões, símbolos e parábolas, enquadra-se na mesma categoria de Daniel, Ezequiel e Apocalipse Ao pesquisar suas páginas, encontramos fatos, verdades e mensagens destacadas concernentes a Israel, tanto para aqueles dias, como para o futuro. Daniel escreveu sobre o futuro dos impérios gentílicos e Zacarias profetizou sobre o futuro próximo e distante dos judeus.

Quanto à sua relação com outros profetas, Zacarias e Isaías foram os grandes mensageiros messiânicos (o Messias é um tema importante do seu livro, não somente no que tange o seu primeiro advento, como também, no segundo). Como Ageu, Zacarias profetizou acerca do templo de Jerusalém e salientou o Dia do SENHOR.

Zacarias é um dos livros de maior ênfase messiânica e dos mais apocalípticos e escatológicos de todos os escritos do Ai Procure então aproveitar o máximo deste tratado profético, misterioso e sobretudo, ungido pelo Santo Espírito; útil, portanto, ao extremo para a edificação de nossa vida cristã.

O LIVRO DE ZACARIAS

Autor - Zacarias

Zacarias, cujo nome significa “O Senhor se Lembra”, foi um dos profetas pós – exílicos, um contemporâneo de Ageu. Com Ageu, ele foi chamado para despertar os judeus que retornaram, para completar a tarefa de reconstruir o templo (ver Ed 6.14). Como filho de Baraquias, filhos de Ido, ele era de umas das famílias sacerdotais da tribo de Levi. Ele é um dos mais messiânicos de todos os profetas do AT, dado referências distintas e comprovadas sobre a vinda do Messias.

Data

O ministério de Zacarias começou em 520 aC, dois meses após Ageu haver completado sua profecia.
A visão dos primeiros capítulos foi dada, aparentemente, enquanto o profeta ainda era um jovem (2.4). Os caps 7-8 ocorrem dois anos mais tarde, em 518 aC. A referência à Grécia em 9.13 pode indicar que os caps. 9-14 foram escritos depois de 480, quando a Grécia substituiu a Pérsia como o grande poder mundial. As profecias que abrangem o Livro de Zacarias foram reduzidas à escrita entre 520 e 475 aC.


Contexto Histórico

Os exilados que retornaram à sua terra natal em 536 aC sob o decreto de Ciro, estavam entre os mais pobres dos judeus cativos. Cerca de cinqüenta mil pessoas retornaram para Jerusalém sob a liderança de Zorobabel e Josué. Rapidamente, reconstruíram o altar e iniciaram a construção do templo. Logo, todavia, a apatia se estabeleceu, à medida que eles foram cercados com a oposição dos vizinhos samaritanos, que, finalmente foram capazes de conseguir uma ordem do governo da Pérsia para interromper a construção. Durante cerca de doze anos a construção foi obstruída pelo desânimo e pela preocupação com outras atividades. Zacarias e Ageu persuadiram o povo a voltar ao Senhor e aos seus propósitos para restaurar o templo. Zacarias encorajou o povo de Deus indicando-lhe um dia, quando o Messias reinaria de um templo restaurado, numa cidade restaurada.

Conteúdo

O livro de Zacarias começa com a veemente palavra do Senhor para o povo se arrepender e se voltar novamente para seu Deus. O livro está repleto de referências de Zacarias à palavra do Senhor. O profeta não entrega sua própria mensagem, mas ele, fielmente, transmite a mensagem dada ele por Deus. O povo é chamado para se arrepender de sua apatia e completar a tarefa que não foi terminada.

Deus, então, assegura ao seu povo o seu amor e cuidado por eles, através de oito visões. A 
visão do homem e dos cavalos lembra ao povo o cuidado de Deus. A Visão dos quatros chifres e dos quatro ferreiros trazem à memória o julgamento de Deus. A Visão do homem com um cordel de medir, existe uma olhada apocalíptica na vele e pacífica cidade de Deus. A visão grandiosa do castiçal todo revestido de ouro entre os vasos de azeite assegura a Zorobabel que os propósitos de Deus serão cumpridos somente pelo seu Espírito. A visão do rolo voante emite o pronunciamento de Deus contra o furto e contra o juramento falso. A visão da mulher num efa significa a santidade de Deus e a remoção do pecado. A visão dos quatro carros retrata o soberano controle de Deus sobre a Terra.


As visões são seguidas por uma cena de coroação na qual Josué é coroado tanto como rei como sacerdote. Isso é poderosamente um simbolismo da vinda do Messias.
Nos caps 7-9, Deus usa a ocasião de uma questão sobre o jejum para reforçar sua ordem para justiça e juízo, para substituir as formalidades religiosas.
Os caps 9-14 Contêm muita escatologia. (Estudos das últimas coisas)


Seis aspectos básicos caracterizam o livro de Zacarias.

(1) É o mais messiânico dos livros do AT, em virtude de suas muitas referências ao Messias, que ocorrem em seus catorze capítulos. Somente Isaías, com seus sessenta e seis capítulos, contém mais profecias a respeito do Messias do que Zacarias.

(2) Entre os profetas menores, possui ele as profecias mais específicas e compreensíveis a respeito dos eventos que marcarão o final dos tempos.

(3) Representa a harmonização mais bem sucedida entre os ofícios sacerdotal e profético em toda a história de Israel.

(4) Mais do que qualquer outro livro do AT, suas visões e linguagem altamente simbólicas assemelham-se aos livros apocalípticos de Daniel e Apocalipse.

(5) Revela um exemplo notável de ironia divina ao prever a traição do Messias por trinta moedas de prata, tratando-as como “esse belo preço em que fui avaliado por eles” (11.13).

(6) A profecia de Zacarias a respeito do Messias no capítulo 14, como o grande Rei-guerreiro reinando sobre Jerusalém, é uma das que mais inspiram reverente temor em todo o AT.

O Livro de Zacarias ante o NT Há uma aplicação profunda de Zacarias no NT. A harmonização da vida pessoal de Zacarias, entre os aspectos sacerdotal e profético pode ter contribuído para o ensino do NT de que Cristo é tanto sacerdote quanto profeta. Além disso, Zacarias profetizou a respeito da morte expiatória de Cristo pelas mãos dos judeus, que, no fim dos tempos, leva-los-á a prantearem-no, arrependerem-se e serem salvos (12.10—13.9; Rm 11.25-27). Mas a contribuição mais importante de Zacarias diz respeito a suas numerosas profecias concernentes a Cristo.

A Unidade de Zacarias

A erudição bíblica conservadora levanta sérias objeções à teoria pós-alexandrina e pós-zacariana de Zacarias, e firma-se nos seguintes fundamentos:

1) O argumento mais forte aduzido a favor da teoria pós-alexandrina é a referência aos filhos da Grécia em 9.13. Na época, pensava-se que os gregos fossem uma ameaça contra Sião e os consideravam potência mundialmente dominante. No entanto, a profecia é de derrota, não de vitória, para os filhos da Grécia. Além disso, a passagem de 9. 12,13 não descreve uma batalha, mas profetiza um futuro confronto entre Sião e a Grécia, do qual os judeus sairiam triunfantes. Nos dias de Zacarias, as vitórias gregas sobre Xerxes em Salamina, Platéia e Micale (480-479 a.C.) seriam suficientes para colocá-las na atenção de seus contemporâneos.

A menos que rejeitemos a possibilidade da predição profética em base dogmática, não há motivo para Zacarias não poder ter escrito estas palavras na década de 470 a.C.

2) O argumento literário também foi abordado. Os críticos afirmam que o estilo de Zacarias II difere de Zacarias 1. A frase: “Assim diz o Senhor”, tão freqüente nos capítulos 1 a 8, ocorre apenas uma vez na segunda divisão. Por outro lado, a expressão “naquele dia” é usada 18 vezes em Zacarias II contra somente quatro ocorrências em Zacarias 1. Ademais, dizem que o estilo da última seção é mais poético. Contudo, os estudiosos conservadores mostram que há características de estilo até mais significativas que são comuns a ambas as seções. E de comum acordo que o estilo de um autor muda com o transcurso dos anos e ao tratar de uma situação histórica diferente. Nos dias em que o profeta convocava os compatriotas judeus a reconstruir o Templo, a frase profética: “Assim diz o Senhor” era necessária para reforçar a autoridade divina da convocação. Por outro lado, a expressão escatológica “naquele dia” é mais apropriada em profecias que olham o futuro mais distante de Israel, o tema de Zacarias II.
Os defensores da unidade da autoria de Zacarias ressaltam a persistência das seguintes características estilísticas:

a) A expressão: “Diz o Senhor”, ocorre 27 vezes em Zacarias 1 e sete vezes em Zacarias II.

b) A frase hebraica traduzida com o sentido de “os olhos do Senhor” ocorre duas vezes em Zacarias 1(4.10; 8.6) e uma vez em Zacarias 11(9.8; duas vezes se aceitarmos 12.4: “os meus olhos”).

c) O título divino: “O Senhor dos Exércitos”, é encontrado 46 vezes, ou seja, 38 na primeira divisão e oito na segunda.

d) O verbo hebraico traduzido por “habitar”, no sentido especial de “estar habitado”, “estar povoado”, “estar instalado”, acha-se duas vezes em cada divisão e muito raramente em qualquer outro lugar do Antigo Testamento.

e) Há um tipo peculiar de paralelismo hebraico dividido em cinco partes que ocorre escassamente fora de Zacarias, mas que aparece uma vez em Zacarias 1(6.13) e três em Zacarias 11(9.5,7; 12.4).

No que tange ao idioma, todos os estudiosos concordam que o hebraico em ambas as partes de Zacarias é puro e notavelmente livre de aramaísmo. Pusey observa: “Em ambas as divisões há certa completude de linguagem, produzida pela insistência no mesmo pensamento ou palavra: em ambas as seções, o todo e suas partes são, para dar ênfase, mencionados juntos. Em ambas as partes, como conseqüência desta completude, ocorrem a divisão do versículo em cinco porções, ao contrário da regra habitual do paralelismo hebraico”.

3) Por fim, temos de observar que aqueles que rejeitam a autoria de Zacarias dos capítulos 9 a 14 estão em discordância extrema e incorrigível entre si concernente a uma teoria alternativa. As referências nos capítulos 9 a 14 conduzem a diversas datações de suas diversas partes integrantes, variam desde aproximadamente 330 a 140 a.C., e dependem de quais correlações sejam feitas com episódios e personagens ligados com a história helenística.

As dessemelhanças aceitas entre Zacarias 1 e Zacarias II podem ser tratadas sem comprometer a convicção na unidade da autoria. Collins expressou bem a idéia:
[...] Nos capítulos 1 a 8, o profeta preocupa-se primariamente com os acontecimentos contemporâneos, particularmente com a reconstrução do Templo; ao passo que nos capítulos 9 a 14, lida com os acontecimentos futuros, como a vinda do Messias e a glória de seu reinado. Por conseguinte, é natural que a primeira divisão seja de estilo histórico, enquanto que a última, de estilo apocalíptico.

Outrossim, é provável que a primeira parte da profecia pertença à vida do jovem Zacarias, e a segunda à sua idade avançada. As evidências internas do livro são favoráveis, como mostra tão claramente W. H. Lowe, à origem pós-exílica de ambas as divisões e à unidade de autoria.

AS PRIMEIRAS QUATRO VISÕES = (Zc 1.1-3.10)

Este Texto e o próximo ressaltam a primeira divisão do Livro de Zacarias, que tem por conteúdo oito visões noturnas. As oito revelações constituem uma base ou introdução para o restante do livro e salienta a sobrevivência de Israel em meio à queda das nações vizinhas. As primeiras cinco visões têm uma mensagem conciliadora, enquanto que as últimas três, um aspecto condenador.

1º.-  visão: os cavalos entre as murteiras ( Zc 1:7-17)

Antes de cada comentário sobre as visões de Zacarias, você deve ler com muita atenção na Bíblia o relato do profeta sobre a respectiva visão.
A primeira visão ocorreu no décimo primeiro mês do ano 520. Nesta visão, Zacarias viu três grupos de personagens em cavalos vermelhos, baios e brancos a andar entre as murteiras, com um dos personagens montado, à frente dos demais, em um cavalo vermelho.
O homem do cavalo vermelho que pára entre as murteiras e o anjo do SENHOR (vv. 8,10,12) são a mesma pessoa — Cristo. As murteiras representam Israel, ou o povo de Deus. As murteiras são arbustos comuns em Israel, dos quais exalam um perfume agradável, têm flores brancas, frutos comestíveis e madeira amarelada e muito bonita.

Os cavalos representam guerra (vermelho), pragas (baios) e vitória e glória (brancos). Os cavaleiros (possivelmente anjos), após percorrerem a terra, anunciam que ela “... está, agora, repousada e tranquila.” (v. 11).
Isto indica que as nações estavam gozando tempos de prosperidade e de paz. Israel, porém, não estava. O anjo do SENHOR clama a Deus: “... até quando não terás compaixão de Jerusalém... contra as quais estás indignado faz já setenta anos?” (v. 12). Deus responde que está zelando por Jerusalém e que está irritado com os países que agravaram o mal contra ela (vv. 14,15). Brevemente, Ele tomará providências e Seu povo será restaurado, sua cidade principal, reedificada e habitada (vv. 16,17). Notem as palavras “será” e “ainda” nesses últimos versículos, indicando cumprimento futuro da profecia.

Em suma, a interpretação da visão é a de que Deus, por intermédio de Seu Filho, está prestes a intervir ao mundo, que se encontra acomodado e indiferente, para restabelecer e abençoar Sua cidade e Seu povo.

2º.-  visão: quatro chifres e quatro ferreiros ( Zc 1:18-21)

A segunda revelação simboliza a derrota dos inimigos de Israel. Os quatro chifres representam forças opressoras, possivelmente Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma (ou Assíria, Egito, Babilônia e Medo-Pérsia). Os quatro ferreiros são os agentes de Deus (anjos ou homens) que esmagarão os chifres, findando assim suas ameaças e tirania.

3º.-  Visão: Jerusalém medida ( Zc 2:1-13)

A explicação da terceira visão em que a cidade de Jerusalém é medida mostra que a cidade santa será grande e populosa. Fala da volta à Jerusalém dos judeus espalhados pelo mundo afora. A população será tão numerosa que se estenderá além das muralhas da cidade. Deus estará no meio deles, habitando (v. 11) e oferecendo Sua proteção (v. 5). Esse trabalho do SENHOR é tão vital que Ele requer silêncio de toda a terra para efetuá-lo (v. 13).
Notemos que, durante essa terceira revelação, um segundo intérprete angelical aparece para transmitir informações ao primeiro anjo que falava com Zacarias (v. 3). O primeiro mensageiro tinha explicado o significado das primeiras duas visões para o profeta (1.9,19,21).

4º.- visão:  Josué o sumo sacerdote ( Zc 3.1-10)

“Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do SENHOR, e Satanás estava à mão direita dele, para se lhe opor. Mas, o SENHOR disse a Satanás: o SENHOR te repreende, á Satanás; sim, o SENHOR, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo? Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do Anjo.” (Zc 3.1-3).

Na quarta visão, o sacerdote Josué simboliza todo o sacerdócio de Israel. Suas vestes sujas representam manchas do pecado. A remoção dessas vestes e os finos trajes que lhe foram dados significam perdão, bem como a sua restauração ao seu primeiro estado glorioso. O simbolismo abrange todos os judeus, um povo de vocação sacerdotal, representado por Josué. Vemos aí, a promessa da purificação da nação israelita.

O sumo sacerdote e os homens de presságio (ou “homens que são um sinal”, isto é, protótipos de eventos e coisas futuras) precederão a vinda do “Renovo”, o Messias. E uma segunda promessa registrada nessa visão que iria se cumprir em meio ao povo escolhido de Deus.

AS SEGUNDAS QUATRO VISÕES (Zc 4.1-6,15)

Entre a quarta e a quinta visão, o profeta entrou em um estado de profunda sonolência. Note no primeiro versículo do capítulo quatro que, antes que o anjo falasse Zacarias despertou. Ou o profeta estava exausto e adormeceu, ou, extasiado pelas maravilhas sobrenaturais das revelações, ficou atônito com isso. Seu ajudante celestial o acordou e perguntou: “... Que vês?,..” (4.2)

5º.- visão: o candelabro entre duas oliveiras ( Zc 4: 1-14)

O que o servo do SENHOR vislumbrava nesta quinta visão era um castiçal dourado, completo, com um vaso de azeite, sete lâmpadas e sete tubos que estava entre duas oliveiras.
A mensagem principal do trecho se encontra no versículo 6: “... Não por força nem por poder, mas, pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos.” O sucesso da obra divina depende da unção do Espírito Santo. Deus, por meio dos “... dois ungidos..” (v. 14) iria reconstruir o Seu templo em Jerusalém.

Os dois servos: Josué, o sumo sacerdote, e Zorobabel, o governador de Judá e responsável pela reedificação do templo (Ag 1.1; 2.23), são simbolizados pelas duas oliveiras. O óleo, obviamente, representa o Espírito Santo; o candelabro é o templo que, por sua vez, representa Israel. A montanha (v. 7) simboliza os obstáculos que serão derrubados e não impedirão o avanço do trabalho restaurador do SENHOR.

Os sete olhos de Deus (v. 10) significa a perfeição da Sua visão, que percorre toda a terra e olha com grande satisfação o empenho de Zorobabel, com o prumo na mão.
Deus mostra ao mensageiro que Seus desígnios se cumprem quando Seus servos são ungidos pelo Espírito Santo e cooperam com o Mestre Arquiteto, lançando mãos à obra. Sua energia vem do SENHOR, não de fontes humanas.

6º.- visão: o rolo voante  ( Zc 5.1-4)

As últimas visões de Zacarias falam de condenação e juízo. O rolo enorme que aparece na sexta visão representa a maldição ou o julgamento que recairá sobre os pecadores (v. 3). O rolo simboliza a lei do SENHOR que declara que aquele que a transgride será amaldiçoado. Por toda a terra os rebeldes serão procurados, alcançados e expulsos do reino do Messias. Suas casas e suas vidas serão consumidas (vv. 3,4).

7º.- visão: a mulher e o efa ( Zc 5:5-11)

Na sétima visão, o efa, uma cesta, significa o mercantilismo e também, como o versículo 6 indica, “... a iniquidade em roda a terra”. Somando os dois, o resultado são os negócios ímpios que os comerciantes praticam. A mulher é a “impiedade”.
A iniquidade é fruto de um coração ímpio. Na visão, o pecado (o efa e a mulher) é transportado à terra de Sinear pelas duas mulheres com asas. As mulheres voadoras que levam a “praga” são também impuras. Isto se nota no tipo de asas que tinham, as de cegonha, considerada uma ave imunda pelos judeus. Elas retornam à Babilônia (terra de Sinear), onde se originou a iniquidade e a impiedade. Nos dias de Zacarias, esse local era centro mundial de idolatria e perversidade. Contudo, observamos nessa visão a remoção do pecado do mundo, principalmente, a ganância e a ambição.

8º.- visão: os quatro carros ( Zc 6,l-8 )

Nesta oitava e última revelação o ponto comum entre esta revelação e a primeira é os cavalos. Agora, há também cavalos pretos que possivelmente, representam a morte. A ideia geral é a de que os carros puxados por esses cavalos, que são ventos (anjos) ou espíritos do céu (v. 5), percorrerão a terra, principalmente, o Norte, executando os propósitos judiciais do SENHOR.
O ciclo das revelações se completa aqui. Começou com o soberano Deus prestes a intervir no mundo e se encerra com Ele, enviando os Seus anjos para julgar as nações. Isto acontecerá no fim da Grande Tribulação, quando terá início a era messiânica.

A coroação de Josué (Zc 6.9-15)

A seqüência das visões de Zacarias é a coroação simbólica de Josué. Sua coroação representa a glorificação do Messias, o Renovo, como rei e sacerdote. O ouro e a prata trazidos de volta do cativeiro por alguns dos exilados seriam usados para fazer a coroa (uma só coroa com outras sobrepostas, daí a expressão “coroas”) a ser colocada “... como memorial no templo do SENHOR.” (v, 14). Não quer dizer que as coroas serão de Helém, Tobias, Jedaías, Hem, mas que o memorial será em honra a eles por terem trazido o material para a sua confecção.
No tempo certo, segundo o plano de Deus, Jesus realizará o que está escrito no Livro de Zacarias, que são atos típicos ou sombras da imagem real.

“Ele mesmo (o Messias) edificará o templo do SENHOR e será revestido de glória; assentar-se-á no seu trono, e dominará, e será -sacerdote no seu trono; e reinará perfeita união entre ambos os ofícios.” (Zc 6.13)

A PRIMEIRA MENSAGEM DO SENHOR (Zc 7 )

Quase dois anos se passaram (compare 1.1 e 7.1) até que a Palavra de Deus viesse novamente a Zacarias. Desta vez, o SENHOR não recorre a visões, mas a mensagens diretas. Os assuntos das duas mensagens específicas são: “A Repreensão a Israel por seus Falsos Motivos” e “A Promessa de sua Restauração”.

Uma pergunta ( Zc 7: 1-3 )

“... Continuaremos nós a chorar, com jejum, no quinto mês, como temos feito por tantos anos?” (v. 3).
A pergunta é feita por um grupo de judeus de Betel representado por Sarezer e Regén-Meleque (líderes da comunidade) aos sacerdotes e profetas em Jerusalém. No cativeiro, tinham jejuado. Agora, estavam indagando se ainda seria necessário tal prática, uma vez que já haviam regressado à sua terra natal.

A resposta  (Zc 7:4-7 )

A resposta provém da boca de Deus. O SENHOR revela a rebeldia de seus corações. Não responde diretamente a pergunta, mas chega ao âmago do assunto mostrando que eles realmente não querem mais jejuar. Em Babilônia, suas festas e orações não agradavam a Deus porque procediam hipocritamente dos seus lábios. Os seus jejuns não tinham valor e continuariam deste modo, caso não mudassem de atitude e permitissem que a misericórdia e a justiça reinassem em seu meio.

A causa do exílio ( Zc 7: 8-14)

Deus continua Sua mensagem e alerta a memória do profeta para aquilo que Ele havia mandado o Seu povo praticar: juízo, bondade e misericórdia (vv. 9,10). Mas ele não fez assim e a ira do Altíssimo recaiu sobre todos (v. 12). Escolheram a vereda da desobediência e o efeito foi um triste e penoso período de escravidão nas mãos de vizinhos opressores. Viraram as costas e taparam os ouvidos (v. 11); seus corações estavam duros como diamante (v. 12), isto é, nada poderia quebrar, cortar ou penetrar a sua resistência rebelde e obstinada. O SENHOR, ao bradar-lhes, encontrava somente portas fechadas, assim, teve que espalhá-los com um turbilhão (tempestade ou redemoinho de vento) e permitir a derrocada da sua terra (v. 14).

A SEGUNDA MENSAGEM DO SENHOR = (Zc 8)

“A Justiça de Deus” foi o tema do capítulo anterior de Zacarias. No presente capítulo se evidencia “A Misericórdia de Deus”.
Vemos freqüentemente no AT um Criador amoroso, abençoador, cuidando do Seu povo e este se afastando; Deus chamando-o de volta e a rebeldia se intensificando; o SENHOR castigando o e ele, arrependido, voltando ao Criador. Ele aceitando-os novamente, por Seu grande amor. Um dia, porém, a misericórdia de Deus findará e aqueles que ainda não O reconhecem como Messias experimentarão somente a Sua justiça.

“... voltarei....salvarei..,” (Zc 8.1-8 )

A promessa de Deus aos Seus filhos é que Ele voltará para Sião (Seu povo) e habitará no meio de Jerusalém. O retorno do SENHOR ao Seu povo marca o início da sua restauração. O povo se arrependerá, Deus o perdoará e permitirá que retorne à sua terra. A capital terá, então, o nome de cidade fiel; o monte do SENHOR dos Exércitos (sobre qual estava sendo edificado o templo) será chamado Monte Santo (v. 3).

“... sejam fortes...”(Zc 8.9-17)

Deus procura encorajar Seu povo, mencionando a atitude que prevalecia no início do trabalho de reconstruir o templo: ninguém recebia salário e havia inimigos em volta; mesmo assim dedicou-se à obra com vontade e ardor (v. 10). Zacarias fala que Deus irá abençoá-lo novamente. Não será envergonhado perante as outras nações, mas, será herdeiro das riquezas celestiais (vv. 12,13). Por isso, precisa ficar firme, levantar a cabeça, não temer e começar uma segunda vez esse seu trabalho digno e proveitoso. Ao lado da tarefa física, os filhos de Israel são advertidos a praticar a justiça, a viver retamente perante o SENHOR e seu próximo (vv. 16,17). Dessa maneira, garantirão o sucesso, o avivamento e as bênçãos contínuas dos céus.

“... amai, pois, a verdade e a paz” (Zc 8.18-23)

Os pensamentos do SENHOR através de Zacarias, nessa passagem, estão ligados aos dois últimos versículos precedentes (vv. 16,17). Deus volta ao assunto do jejum, desta vez afirmando que os filhos de Israel serão “... para a casa de Judá regozijo, alegria e festividades solenes...” (v. 19). A diferença entre o resultado dos jejuns judaicos agora e no passado (Cativeiro) provinha do tipo de atitude. Antes, só havia ritos e cerimônias; agora, porém, seriam festas e atos sagrados de honra e louvor genuíno ao SENHOR. Com corações justos, seus filhos poderiam observar suas festividades, sabendo que Deus se agradava deles.

Para continuar assim, no entanto, o Pai os instrui: “... amai, pois, a verdade e a paz.” (8.19). Não meramente gostar, mas, amar de corpo, alma e espírito. Alguém que se dedica a obedecer e a seguir o caminho da verdade e da paz é, sem dúvida, uma pessoa santa e exemplar diante do SENHOR e do mundo. Assim fazendo, pode confiar que a felicidade celestial será sua porção.

PROFECIAS SOBRE O MESSIAS = (Zc 9-11)

Zacarias, no começo do capítulo 9, transporta-se dos seus dias (520 a.C.) a épocas futuras, principalmente, para os dias de Cristo, quando Ele viver na terra. Falando desses eventos futuros, o profeta inicia suas mensagens sobre os dois adventos do Messias.
Primeiro, fala sobre a Primeira Vinda de Jesus e a rejeição (caps. 9-1 1), depois prega sobre a Sua Segunda Vinda e recepção por parte dos israelitas (caps. 12-14).

“Alegra-te... Sião. aí te vem o tei rei...”  ( Zc 9)

As várias cidades (Tiro, Sidom, Asquelom etc.) mencionadas na primeira divisão desse trecho (1-8) foram derrotadas ou conquistadas por Alexandre, o Grande, no ano 330 antes de Cristo. Sua invasão aniquilou e dominou estas cidades da Síria, Fenícia e Filístia. O que impressiona, porém, é que durante suas investidas, Alexandre deixou Jerusalém em paz. Conforme narram os historiadores, ele passou várias vezes perto da cidade, mas não a atacou. O SENHOR levou Seu arauto a declarar, “Acampar-me-ei ao redor da minha casa para defendê-la contra forças militantes, para que ninguém passe, nem volte...” (v. 8).

Serão fortalecidos no SENHOR  ( Zc l0 )

Zacarias continua suas declarações admoestando o povo a buscar a Deus (v. 1) e deixar de lado os ídolos e adivinhos que ainda estavam influenciando suas vidas. O profeta ressalta a ira divina contra os pastores rebeldes e bodes-guias.
Note que, no versículo dois, os judeus são comparados a ovelhas aflitas, porque não há pastor. Daí, entendemos que os pastores e bodes do versículo três não são autênticos, ou melhor, são falsos: são os líderes inimigos que dominavam os judeus. A salvação viria da tribo de Judá, a “... pedra angular... a estaca da tenda... o arco de guerra;...” (v. 4).

Os dois pastores (Zc 11)

Este capítulo é uma profecia sobre as terríveis invasões romanas que assolaram Israel, culminando com a destruição absoluta de Jerusalém e o templo em 70 d.C. (vv. 1-3). Um historiador comenta que, durante essa época (o tempo em que Tito sitiou Jerusalém e finalmente a destruiu), mais ou menos um milhão de pessoas morreu no holocausto.
O profeta usa de linguagem figurativa para expressar o choro intenso do povo: “Geme, á cipreste... gemei, á carvalhos de Basã.... Eis o uivo dos pastores, porque a sua glória é destruída! Eís o bramido dos filhos de leões, porque foi destruída a soberba do Jordão!” (vv. 2,3).

PROFECIAS SOBRE A SALVAÇÃO DE ISRAEL = ( Zc 12-14 )

O Livro de Zacarias termina salientando a Segunda Vinda de Cristo e a libertação do povo de Deus. O profeta comenta que desta vez “o SENHOR será Rei sobre toda a terra;..,” (14.9).
Israel será vingado, exercerá poderes estupendos que aniquilarão seus inimigos. Com prantos de arrependimento receberá o Supremo Pastor, a quem tinha crucificado na Sua Primeira Vinda. Ele, por sua vez, o restaurará e purificará, acolhendo-o a Si novamente. Será a época das vitórias finais de Deus sobre os homens maus e o estabelecimento da Sua supremacia sobre tudo e sobre todos; é, enfim, o início do Milênio e do aguardado estado de restauração e favor divino para os remidos do SENHOR.

Jerusalém, desagravada e arrependida (Zc 12)

O tema do livro alcança o seu auge neste trecho. O Dia do SENHOR, que se segue ao arrebatamento da Igreja, prevalecerá durante toda a Tribulação. Começará então a salvação de Israel. Os primeiros nove versículos do capítulo ressaltam a vingança do SENHOR contra os adversários de Suas ovelhas.

“... farei de Jerusalém um cálice de tontear para todos os povos em redor ... farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a erguerem se ferirão gravemente;...” (vv. 2,3).
“Naquele dia, porei os chefes de Judá como um braseiro ardente debaixo da lenha e como uma tocha entre a palha, eles devorarão, a direita e a esquerda, a todos os povos em redor, “ (v 6)

Será o dia quando as forças hostis serão subjugadas, esmiuçadas pelo SENHOR dos Exércitos, a grande batalha de Armagedom (v. 9). Jerusalém passará a ser habitada outra vez pelo seu próprio povo e no seu próprio lugar — lugar da presença gloriosa do Rei dos reis (v. 6).

Jerusalém, purificada e provada ( Zc 13)

O penúltimo capítulo de Zacarias, em sua maioria, comenta a purificação de Israel “Naquele dia,,..” (vv. 1,2,4), não somente no que tange o pecado em geral, mas, principalmente, à remoção dos falsos profetas (vv. 2,6).

A conclusão deste capítulo (vv. 7-9) converge para o Messias e o golpe máximo que O levou à crucificação e à morte (v. 7). O resultado da morte do Pastor é a dispersão das ovelhas, ou de Israel — basta olhar as páginas da História para verificar o cumprimento dessa profecia.
Notamos, contudo, que Zacarias prevê o primeiro advento de Jesus, quando Ele seria rejeitado. Já os versículos 8 e 9 apontam eventos em um futuro mais distante. Fala da eliminação de 2/3 das ovelhas, isto é, de judeus. A terceira parte restante será purificada e provada pelo fogo. Essa parte, o remanescente, será salvo e usufruirá das graças eternas de Deus.

Muitos pensam erroneamente que todos os israelitas serão salvos. A Bíblia diz em Romanos 11.26: “... todo o Israel será salvo... “, mas isso é uma figura de linguagem chamada “sinédoque”, em que se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte. Nem todo judeu entrará pelas portas celestiais, mas aquele que confessar Jesus como o Cristo fará parte do grupo que será bem vindo nos céus. O que for salvo é o remanescente que escapar, a terceira parte purificada. (Compare Romanos 11.26 com 9.27 e Isaías 10.22).

As palavras “em toda a terra”, de Zacarias 13.8, têm a mesma aplicação. Não é o mundo significando todas as nações, mas toda a terra de Israel, ou a parte pelo todo.
Enfim, a triste verdade é que, durante a Grande Tribulação, grande número de judeus perecerão. Sendo infiéis e sem aceitar o Messias como seu Salvador pessoal, expirarão debaixo de Sua ira vingadora. Aqueles que aceitarem o Messias como o SENHOR de suas vidas depois do processo purificador clamarão a Deus e Ele responderá, dizendo: “... é meu povo, e ela (Israel) dirá: O SENHOR é meu Deus.” (v. 9).

Jerusalém, libertada e glorificada (Zc 14)

O apogeu da purificação de Israel encontra-se registrado nesses versículos. A expressão “Dia do SENHOR” ou “Naquele dia...” acha-se nove vezes no capítulo. O profeta fala da chegada do Messias sobre a terra, especificamente sobre o Monte das Oliveiras (v. 4); da peleja contra os inimigos do Seu povo (vv. 2,3); das pragas que cairão sobre as nações e os animais (vv. 12,15); da santificação das panelas na Casa do SENHOR (vv. 20,21), que eram os utensílios de menos valor no trabalho sacerdotal, mas, agora, como todos os outros vasos de maior valor (como as bacias), serão igualmente consagradas ao SENHOR.

Zacarias não somente observa os aspectos do julgamento nesse terrível dia como salienta algumas das suas bênçãos, como:

1. as águas vivas que correrão de Jerusalém (v. 8);                                                                            2. a ausência de maldição e a segurança que haverá na cidade santa (v. 11);
3. as riquezas vindas de outras nações que serão ajuntadas na cidade santa (vv. 1,14);
4. não haverá mercador (cananeu, pessoa imunda) na Casa do SENHOR e Seu reino será caracterizado pela santidade (vv. 20,21).


CONCLUSÃO

A magnificência do novo centro governamental do SENHOR vê-se no versículo 10, onde Jerusalém “... será exaltada e habitada no seu lugar,... “. Tudo em volta será transformado em planície, a cidade santa será elevada e será um ponto central, acima de todo o Israel. Nisso, observamos a futura exaltação da cidade de Deus: Jerusalém liberta, glorificada, cheia de santos — a nova capital da teocracia eterna do Rei dos reis e grande SENHOR.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

BIBLIOGRAFIA

Comentário Bíblico Beacon
Bíblia Estudo Plenitude
EETAD – Os Profetas Menores =  Richard Leroy Hoover