29 de janeiro de 2019

Um Inimigo que Precisa Ser Resistido


Um Inimigo que Precisa Ser Resistido

TEXTO ÁUREO

 “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tg 4.7)

VERDADE PRÁTICA

O Senhor Jesus provou na tentação do deserto que o Diabo não é invencível. 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Tiago 4.1-10

INTRODUÇÃO

A mensagem de Deus entregue aos santos irmãos do primeiro século por intermédio de Tiago, o irmão do Senhor. Assim pode ser resumida a Epístola universal de Tiago: uma carta de conselhos práticos para uma vida bem-sucedida e de acordo com a Palavra de Deus. A espiritualidade superficial, a ausência de integridade, santificação, a carência de perseverança e a insuficiência da compaixão para com o próximo são características que permeiam o caminho de muitos crentes dos dias modernos. O estudo dessa epístola é relevante para os nossos dias, pois contempla a oportunidade de aperfeiçoarmos o nosso relacionamento com Deus e com o próximo, levando-nos a compreender que a fé sem as t obras é morta (Tg 2.17).

I - AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)

1. Autoria. Em lugar, é preciso destacar o fato de que há, em o Novo Testamento, a menção de quatro pessoas com o nome de Tiago: Tiago, pai de Judas, não o Iscariotes, (Lc 6.16); Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João (Mt 4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35; Lc 5.10; 6.14; At. 1.13; 12.2); Tiago, filho de Alfeu, um dos doze discípulos (Mt 10.3; Mc 3.18; 15.40; Lc 6.15; At 1.13) e, finalmente, Tiago, o autor da epístola, que era filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor (Mt 1.18,20). Após firmar os passos na fé e testemunhar a ressurreição do Filho de Deus, o irmão do Senhor liderou a Igreja em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais tarde, foi considerado apóstolo (Cl 1.19). Pela riqueza doutrinária da carta, o £ autor não poderia ser outro Tiago, senão, o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém.

2. Local e data. Embora a maioria dos biblistas veja a Palestina, e mais especificamente Jerusalém, como locai mais indicado de produção da epístola,  tal informação é desconhecida. Sobre a data, tratando-se do período antigo da era cristã, sempre será aproximada. Por essa razão, a Bíblia de Estudo Pentecostal data a produção da carta de Tiago entre os anos 45 a 49 d.C., aproximadamente.
3. Destinatário. “Às doze tribos que andam dispersas” (Tg 1.1). Há muito a estrutura política de Israel perdera a configuração de divisão em tribos. Assim, em o Novo Testamento, a expressão “doze tribos” é um recurso linguístico que faz alusão, de forma figurativa, à nação inteira de Israel (Mt 19.28; At 26.7; Ap 21.12). 

Todavia, ao usar a fórmula “doze tribos”, na verdade, Tiago refere-se aos cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado pelo mundo.

II - O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO

1. Orientar. Em um tempo marcado pela falsa espiritualidade e egoísmo, as orientações de Tiago são relevantes e pertinentes. Isso porque a Escritura nos revela o serviço a Deus como a prática concreta de atitudes e comunhão: guardar-se do sistema mundano (engano, falsidade, egoísmo, etc.) e amar o próximo. Assim, através de orientações práticas, Tiago almeja fortalecer e consolar os cristãos, exortando-os acerca da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião para com Deus a qual é: a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; b) não fazer acepção de pessoas e c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1.27).

2. Consolar. Numa cultura onde não se dobrar a César, honrando-o como divindade, significava rebelião à autoridade maior, os crentes antigos foram impiedosamente perseguidos, humilhando-se mortos. Entretanto, a despeito de perder emprego, pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se mantiveram fiéis ao Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo para as igrejas e crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7-11).

3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e defraudados e afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar de a Palavra de Deus condenar com veemência essa prática mundana, infelizmente, ela ainda é muito atual (Ml 3.5; Mc 10.19; 1 Ts 4.6). 

A Epístola de Tiago não foge à tradição profética de condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo divino contra os exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não desanimarem na fé, pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente cobrará muito caro por isso. A queda de quem explora o trabalhador não tardará (Tg 5.1-3)

III. OS PROPÓSITOS DA EPÍSTOLA DE TIAGO

1. Encorajar os crentes em suas provações. Os primeiros cristãos experimentaram provações e tentações as mais diversas. O Diabo os fustigava com as ameaças do Império Romano; o judaísmo os acusava de traidores e blasfemos. Tiago escreveu-lhes, exortando-os a terem “grande gozo” nas tentações, sabendo que “a prova” da fé haveria de produzir paciência (Tg 1.1,2). Esse ensino está de acordo com o que Paulo exorta em Rm 5.3-5.

2. Corrigir doutrinas erradas quanto à salvação. Havia, entre os destinatários da epístola, dificuldades em entender a justificação, como aspecto fundamental da salvação. Uns criam que a justificação era somente pela fé, independente das obras, interpretando os ensinos paulinos (ver Gl 6.16); outros, no entanto, talvez supervalorizavam o sentido das obras. Tiago escreveu- lhes, colocando “os pontos nos is”.

3. Mostrar o resultado prático da fé. Tiago mostra que a fé precisa ser vivida, demonstrada, através das obras que dela resultam, de maneira que os crentes são exortados “a demonstrarem uma fé ativa, e não uma profissão de fé vazia” (2.14 16).

IV. OS DELEITES DA VIDA

A palavra grega erithéia fala de rivalidade, ambição egoísta, discórdias, espírito partidário que se fundamenta no egoísmo. A rivalidade ou peleja como obra da carne sempre busca fazer oposição à obra de Cristo, visando à contenda: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).

Precisamos entender que há uma distinção entre erithós no grego koinê para o grego clássico. No grego clássico essa palavra era entendida como alguém que era contratado para um serviço sem expressar qualquer sentido negativo. Ela expressava também o sentido de se conseguir votos para um determinado cargo por meio de pessoas contratadas.

No entanto, cada vez mais essa palavra foi sendo espalmada do seu real sentido, passando realmente a ser negativa. Alguns começaram a dizer que erithós estaria firmada em uma atividade puramente egoísta, em que os partidários buscavam chegar ao poder apenas para realizar seus desejos egoístas, sem qualquer preocupação com o povo ou com uma política verdadeira que os beneficiasse.

Note que num primeiro momento essa palavra era entendida como uma pessoa que era contratada para prestar um serviço e dele tirar seu sustento, mas agora ela é entendida não apenas como uma busca por um dinheiro, mas sim por uma posição marcada pela ambição, com o objetivo de apenas alcançar seus interesses próprios.

Existem muitos que estão fazendo pelejas nas igrejas, alguns buscando cargos, posições, mas será se realmente é pelo bem da obra de Deus, ou seria para fins pessoais? Paulo falou daqueles que pregavam o Evangelho, mas não com sinceridade, pois queriam tão somente desacreditar o seu apostolado.

Os que são dominados pela erithéia sempre estão se opondo às verdades divinas, querendo causar transtorno em tudo, pois seu desejo por alguma coisa não vem dominado por bons planos, nem está alicerçado no bem comum de todos. Antes, seu objetivo é conquistar o melhor para si, tudo de modo egoísta, ao contrário do servo de Deus, cujo anelo é fazer tudo para glória de Deus (Rm 2.8-10).
Nas palavras de Paulo, ele usa erithéia sempre de modo negativo, expressando o sentimento daqueles que realmente estão dominados pelo pecado, o que faz com que a inveja, ira, intrigas, apareçam no meio do povo de Deus (2 Co 12.20).

Se vivermos nos domínios do Espírito Santo, jamais iremos produzir as obras da carne, e evitaremos o desejo egoístico de querer fazer alguma coisa na obra de Deus apenas para ganharmos posição, sermos aplaudidos, nem faremos concorrência com nós mesmos.

Hoje vemos pregadores que fazem questão de desfazer dos outros, não é por zelo, nem por amor à Palavra, nem para edificação de vidas, mas seu intento é ser reconhecido como um grande especialista em matéria de pregação, teologia. Nesse ponto, é bom seguir a recomendação de Paulo: “Nada façais por contendas...” (Fp 2.3).

Quando agimos dominados pelo espírito combativo da peleja, os males que surgirão dentro da igreja serão os piores, especialmente o partidarismo. No momento em que essa obra carnal dominou o coração de muitos crentes em Corinto, eles passaram a olhar para Paulo e outros apóstolos com desprezo, já priorizando outros: “Quero dizer, com isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apoio, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (1 Co 1.12).

Meus irmãos, jamais devemos pelejar por qualquer coisa ou cargo na igreja ou em comissões, acreditando que por estar ali é que seremos vistos, reconhecidos, nem querer servir ao corpo de Cristo para sermos reconhecidos pelos homens. Se estivermos com esse sentimento, precisamos urgentemente nos esvaziarmos dele, pois corremos o risco de pagarmos o mesmo preço que Ananias e Safira pagaram (At 5.1-16).

As pelejas na igreja produzem intrigas, brigas, politicagem, e alguns crentes começam a fazer parte de um determinado grupinho não por querer bem à obra, mas porque deseja também uma posição na igreja.

Uma prova bem clara dessa verdade é que em muitas reuniões que se prolongam na igreja e em outros ambientes, quando se sabe que é para tratar de um assunto polêmico, ou para resolver o caso de um obreiro que está com problema, a maioria se mostra interessado, mas quando é para falar de oração, evangelismo, missão, muitos saem do recinto.

Para debelarmos de vez com o espírito de pelejas no meio da igreja, o caminho certo é vivermos debaixo do poder do Espírito Santo, sempre tendo Cristo como centro de tudo, pois assim nossos sentimentos e desejos serão sinceros e aprovados por Deus.

Assim é que resistimos a Satanás. Não nos entregamos aos nossos desejos, assim ele, derrotado, foge de nós.

1. Não basta afastar o diabo de tua vida. É preciso se aproximar de Deus: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros”. O garoto magrinho se sente seguro quando está ao lado do amigo fortão. Assim também será conosco quando estivermos na presença de Deus. Íntimos dEle e ao Seu lado, nos sentiremos seguros contra o inimigo e mais motivados a não nos deixarmos dominar pela cobiça dos desejos carnais.

2. Deus não habita em casa suja. Então devemos: “Purificar as mãos, pecadores e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração”. Os desejos insistirão em continuar lá. Teremos então, que fazer uma faxina em nossas mãos e coração. Devemos tirar de nosso coração qualquer resquício do desejo das coisas do mundo e no lugar dele colocar o prazer de obedecer a Deus.

3. O tratamento da cobiça exige mais: “Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza”. Será necessário um tratamento de choque. Você precisa lutar contra os teus instintos naturais. Terá de passar a ver a ti mesmo como teu pior inimigo. E aí, deve recusar o prazer do pecado. Deve sentir nojo por ter desejado algo que Deus abomina.

O V.4 deixa uma verdade muito clara: Quando um cristão ou mesmo uma igreja começa a esfriar, a perder sua fé, começa ao mesmo tempo enamorar-se das cousas do mundo. Muitas vezes, o início de uma vida cristã é marcado por demonstrações de amor tão forte do novo convertido para com Deus, que Ele é capaz de desfazer-se de qualquer compromisso com o mundo. Mas nem sempre isso continua assim. Bem-Aventurado o que permanece nesse caminho. 

Em Apocalipse 2:4-5, Jesus adverte a igreja de Éfeso a voltar ao seu primeiro amor (cf. Efésios 1:15). Jesus insistiu sobre o aspecto da fidelidade para com Deus, quando usou a figura do servo que serve a dois senhores (Mateus 6:24). 

Em João 15:19 notamos que os filhos de Deus e o mundo se incompatibilizam. É importante aplicar esta ideia para a igreja de hoje. Nunca, mais do que nos nossos dias, certas pessoas que se chamam cristãs foram mais influenciadas pelas cousas do mundo, sejam teólogos, pregadores, professores, sejam os outros membros das igrejas em geral. Devemos estar vigilantes, para não permitir que o Liberalismo Religioso e a Nova Moralidade penetrem em nossas igrejas.

IV. RESISTINDO O INIMIGO

Segue-se então uma série de ordens práticas que têm uma aplicação especial àqueles que estão procurando o caminho de Deus mais perfeitamente [...] As mãos limpas simbolizam nossas atividades; o coração puro representa o refúgio da nossa personalidade.

a. Submeta-se a Deus (4.7,8a). Deus está ávido em nos afastar do amor do mundo e atrair-nos para um amor profundo e duradouro por Ele. Mas, ávido como possa estar, Deus não pode criar em nós um espírito semelhante ao dEle até que aspiremos pelo seu Espírito. Nessa passagem, somos estimulados a esforçar-nos para alcançar essa vida mais profunda. Tiago usa o modo do imperativo em seus verbos: Sujeitai-vos [...] resisti ao diabo (v. 7) [...] Chegai-vos a Deus 1 Limpai as mãos [...] purificai o coração (v. 8); “Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai” (v. 9); “Humilhai-vos” (v. 10). Se queremos receber essa “maior graça”, devemos agir.

Sujeitai-vos, pois, a Deus (v. 7) significa buscar a sua vontade para a nossa vida de maneira plena e alegre. Mas se o fizermos, devemos resistir ao diabo. “O diabo sabe muito bem que sua maior esperança em afastar os cristãos de uma submissão sincera e voluntária a Deus consiste em apelar ao seu orgulho ferido [...] [Ele] está constantemente dizendo ao cristão: 

Por que permanecer tão próximo do caminho estreito e da vereda humilde? Por que não ser mais seguiu de si? Por que não expressar-se da maneira mais plena possível e encontrar poder e gozo na expressão da própria personalidade?”

Ross comenta o seguinte acerca de Chegai-vos a Deus (v. 8): “Chegai-vos a Deus, como aqueles que anelam ter uma relação mais íntima possível com Ele, em contraste com aqueles que são seus inimigos e que permanecem distantes dEle. Deus então se achegará a vocês, para visitá-los com a sua salvação (Sl 106.4)”.

b. Mãos limpas e coração puro (4.b). De que maneira devemos achegar-nos para alcançar essa preciosa salvação (cf, Hb 7.24,25) que Deus preparou para os seus filhos? Tiago responde: Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração (v. 8). “Esse termo-chave ‘pecadores’ [...] tem a função de trespassar a consciência do leitor, e essa também é a intenção do outro termo-chave que o equilibra: ‘vós de duplo ânimo’. Os de duplo ânimo, como em 1.8, são aqueles que estão divididos no seu amor entre Deus e o mundo”.  Mãos sujas por atos de pecado necessitam de limpeza; corações manchados de amor pelo mundo precisam ser purificados. Deus tem graça para os dois.

CONCLUSÃO

Fica bem claro que as guerras e pelejas entre os crentes, como manifestações das paixões humanas, têm sido utilizadas como instrumento de perturbação da obra do Senhor. O Adversário sabe que a igreja só marcha mais rápido, quando há união, amor, humildade, oração sincera e comunhão com Deus. Se ele conseguir prejudicar o clima espiritual, o caminho está aberto para o fracasso. Que Deus nos ajude a evitar esses males em nós mesmos e ao mesmo tempo combatê-los.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

Comentário Bíblico Beacon Tiago
LIÇÕES BIBLICAS CPAD 1º. TRIMESTRE  DE 1999
Livro As Obras da Carne e o Fruto do Espirito –1º. Edição CPAD Rio de Janeiro – Osiel Gomes
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004

O PERIGO DA BUSCA PELAS COISAS HUMANA

TEXTO ÁUREO

HUMILHAI-VOS PERANTE O Senhor, e ele vos exaltará. Tg 4:10

VERDADE PRATICA

A realização humana, a parte de Deus, é impossível de acontecer, pois a criatura não pode viver longe do Criador.
LEITURA BIBLICA = TIAGO 4: 1-10

INTRODUÇÃO

Com freqüência, em nosso zelo para com a Igreja hodierna, e no intuito de conduzi-la à perfeição, desafiamos os crentes a seguirem o exemplo dos primitivos cristãos. Às vezes damos a impressão de que os cristãos primitivos não enfrentavam as mesmas tentações que os cristãos de hoje enfrentam. Mas, não é isto o que a Epístola de Tiago nos revela. Tiago mostra que os primeiros cristãos, assim como nós, hoje, eram sujeitos às mesmas paixões.

A ORIGEM DAS GUERRAS E DOS CONFLITOS
Consoante à pergunta: “Donde vêm às guerras entre vós?”, isto é, entre os crentes, dentro da igreja? Responde Tiago que elas vêm dos deleites, da cobiça e da falta de sabedoria na oração.

1. Deleites (v.1). Não é pecado o crente viver prazerosamente. Porém, através de Tiago, Deus condena o hedonismo, doutrina filosófica segundo a qual o prazer é a finalidade última, o bem supremo da vida. Neste caso, “deleite ‘ é uma forma de glorificação dos sentidos, é o culto de adoração ao “eu” próprio.

Segundo o lúcido ensino de Tiago, a força dos prazeres que operam na nossa vida é que tem produzido o clima conflitante que está a minar a força e a sugar a vitalidade espiritual de muitas igrejas. O espírito de contendas entre cristãos é o produto da carne vencida pelo intenso desejo de prazer. E o homem dominado pela carne que produz conflitos dentro da igreja.

2. Cobiça (v.2). Desejar o que há de melhor, bem como desejar progredir na vida não se constitui um mal em si mesmo. Mas “cobiça” conforme trata Tiago, não representa aspiração legítima. As conseqüências da cobiça (v.2) são: morte, inveja, conflitos, guerras. Que conste, nenhum crente em sã consciência admitiria que isto procedesse de Deus. As conseqüências da cobiça são sempre funestas. As Escrituras registram o seguinte exemplo: tomado pela cobiça, o rei Acabe consentiu em matar o piedoso Nabote, a fim de apossar-se da vinha que este não quis vender-lhe (I Rs 21).

3. Inveja (v.2). Invariavelmente o invejoso é a primeira, e, em algumas vezes, a única vítima da sua própria inveja. Em geral o invejoso critica e combate as pessoas com as quais gostaria de se parecer. A Igreja tem sofrido grandemente por causa da inveja e ciúme dos crentes carnais. Eles têm-se feito constantes causas de contendas para os cristãos sinceros e úteis à causa de Deus.

4. Falta de a sabedoria no pedir (v.3). O ensino de Jesus de que “todo o que pede recebe” (Mt 7.7,8), é corroborado por Tiago. Contudo, ele fala acerca daquelas pessoas que pedem, mas nada recebem. Por quê? Porque pedem mal. Isto é: pedem fora da vontade de Deus, para gastar nos seus próprios prazeres. Uma vida espiritualmente desajustada produz orações desorientadas, as quais não recebem a resposta de Deus. Ninguém, nem mesmo através da oração, pode fazer de Deus ministro de suas próprias concupiscências. “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, SEGUNDO A SUA VONTADE, ele nos ouve” (I Jo 5.14). 

5. O Diabo. Ele tentou Jesus (Lc 4.2; Mt 4.1) e continua tentando os servos de Deus, provocando guerras e pelejas entre os crentes que dão lugar à sua ação. Ele anda "em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1 Pe 5.8). Havendo guerras e pelejas, não há união e, sem esta, não há bênção. Devemos prevenir-nos contra as "astutas ciladas do diabo" (Ef 6.11).

6. A carne. Tiago, indagando de onde vêm as guerras e pelejas entre os crentes, responde que vêm dos deleites que guerreiam nos seus membros (v. 1). Paulo diz que os pecados "operavam em nossos membros" (Rm 7.5). Essas paixões ou deleites que operam nos nossos membros (a natureza carnal), tanto podem ser de origem sexual, como emocional e moral, as quais geram contendas. Alguém pode deleitar-se, em ver o mal ou a queda do outro. E prazer diabólico.

7. Desejo de poder. Esse desejo carnal de poder tem origem em Lúcifer, que, ao desejar tomar o lugar de Deus, imaginou-se grande (cf. Ez 28.2,17). Há muitos que, para "subir" nos cargos, procuram passar por cima dos outros, gerando guerras e pelejas desnecessárias. O melhor é humilhar-se sob a potente mão de Deus e ser exaltado por Ele a Seu tempo (Tg 4.10, 1 Pe 5.6).

A BUSCA EGOISTA

Tiago não usa a expressão “adúlteros e adúlteras” para acusar os cristãos, seus leitores, de impureza sexual. Não.  Ele se dirige àqueles cristãos que, devendo estar “casados”, “consorciados” com Deus, O têm traído, preferindo o concubinato com o mundo. Prosseguindo, Tiago pergunta aos seus leitores, se eles não sabem que:

1. A amizade do mundo é inimizade contra Deus (v.4). No seu livro Os Radicais, Alan Pailister, diz: “Amar o mundo é dar o nosso coração ao materialismo, à ambição ou ainda a coisas muito boas e válidas, mas que assume importância maior que o nosso Criador. O amor à pregação do evangelho pode ser no sentido negativo, amor ao mundo, se nos dedicarmos à pregação movidos pelo desejo de auto-glorificação.  

O nosso amor à casa de oração pode ser considerado amor ao mundo, se dermos maior importância à aparência do lugar onde oramos do que ao serviço, ao louvor e à adoração, em primeiro lugar, ao Senhor, que é a razão primordial para a existência de tal coisa”.

2. O Espírito que em nós habita tem ciúmes (v.5). Os estudiosos das Escrituras têm tido alguma dificuldade quanto a afirmar se é o Espírito Santo ou o espírito humano que de nós tem ciúmes. As melhores versões da Bíblia, porém, grafam este versículo como sendo o Espírito Santo que com ciúmes zela por nós. Na versão Matos Soares, lemos: “Porventura imaginais que a Escritura diz em vão: O Espírito que em vós habita ama-vos com ciúme?”

3. Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (v.6). E uma atitude de arrogância o crente admitir que possa amar o mundo, “dar cordas” aos seus deleites, à cobiça, à inveja, e também semear contenda entre irmãos, e por fim não vir a sofrer o juízo divino. Em contrapartida, referindo-se aos humildes: “assim diz o alto e o sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e abatido de espírito, para vivi- ficar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos ‘(Is 57.15).

A BUSCA DA AUTORREALIZAÇÃO

1. Sujeitando-se a Deus e resistindo ao Diabo (v.7). O apóstolo diz que devemos sujeitar-nos a Deus, resistindo ao Diabo, e este fugirá de nós. Sem a ação diabólica na igreja, não haverá lugar para guerras, pelejas e contendas.

2. Chegando-se a Deus (v.8). Estando perto de Deus, pela oração e comunhão, os crentes adquirem intimidade com o Senhor. Os sentimentos maus são afastados pela presença do Espírito de Deus.

3. Purificando o coração (v.8c). Davi disse que o jovem purifica o seu caminho e não peca, observando a Palavra de Deus e escondendo-a no coração (SI 119.9-11). Tiago exorta aos crentes pecadores a limparem seus corações e, aos de duplo ânimo, a purificar o coração. Isso afugenta as paixões humanas.

4. Sentindo as misérias (v.9). O apóstolo exorta a que os crentes carnais, cheios de inveja e cobiça, ao invés de pelejarem entre si, devem converter-se, sentindo suas misérias, através do lamento e do choro, tornando o riso da carne em pranto interior, e o gozo mundano em tristeza, atitudes essas que significam mudanças perante Deus.

5. Humilhando-se perante o Senhor (v.10). Já vimos que Deus dá graça aos humildes (v.6). Se os crentes se humilharem, Deus os exaltara. Se eles se exaltarem, serão humilhados. A humildade é a arma por excelência contra o orgulho, a inveja, a cobiça, as pelejas e guerras nas igrejas.

CONCLUSÃO

Mas para aqueles que se arredaram com o pecado, Tiago nos traz uma mensagem de esperança. É preciso sentir a miséria da condição de distanciamento de Deus, e lamentar o desejo de autorrealização fora dos padrões bíblicos. A conversão é uma possibilidade, que se concretiza na vida daqueles que abandonam o orgulho. O sucesso, como um fim em si mesmo, não tem respaldo escriturístico. A advertência de Jesus nesse sentido é enfática: “Ai de vós, que estais fartos, porque tereis fome, ai de vós, o que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis” (Lc. 6.25).

Por: Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA
Lições bíblicas CPAD 1989
Lições bíblicas CPAD 1999
Comentário Bíblico Beacon