18 de junho de 2015

A MORTE DE JESUS



A MORTE DE JESUS

Texto Áureo = “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.” (Lc 23.46)

Verdade Prática = Jesus não morreu como mártir ou herói, mas como o Salvador da humanidade.

LEITURA BIBLICA = Lucas 23.44-50

INTRODUCAO

A morte de Jesus não foi um mero incidente histórico, pois já havia sido predita no jardim do Éden (Gn 3.15). Portanto, não se tratava apenas da morte de um justo, mas de um sacrifício vivo e perfeito, como oblação pelos nossos pecados, recebido por Deus como propiciação pelas nossas ofensas (Rm 3.25).

A MORTE DE JESUS FOI PREDITA NO ANTIGO TESTAMENTO

1. A promessa do sacrifício de Jesus. A primeira referência ao anúncio da vinda do Messias já estava vinculada à sua morte: “esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Com o passar dos tempos, Deus escolheu o patriarca Abraão e prometeu-lhe suscitar, dentre os seus descendentes, o Redentor (Gn 12.1-7; Gl 3.16). Dentre os filhos de Jacó, Deus escolheu Judá para ser um dos progenitores legais do Messias (Gn 49.10).

2. “Segundo as Escrituras”. A morte física de Jesus aconteceu “segundo as Escrituras” (1Co 15.3). Ela já estava prevista no Antigo Testamento. Salmos 22 e Isaías 53 descrevem os pormenores dessa morte. Jesus afirmou que a Lei de Moisés e os Profetas se convergem nEle, sendo sua paixão e morte o cumprimento das Escrituras Sagradas (Lc 24.26, 27; 44-46). Os quatro Evangelhos apontam essa morte como cumprimento dos profetas (Mt 27.35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.24,36,37). O sacrifício de Jesus é a conclusão dos ensinamentos do Antigo Testamento.

A TRAIÇÃO DE JUDAS

Embora não possamos ter certeza absoluta do motivo pelo qual Judas traiu a Jesus, algumas coisas são certas. Primeiro, temos que reconhecer que, embora Judas tenha sido escolhido de forma consciente para ser um dos doze (João 6:64), as Escrituras apontam ao fato de que ele nunca realmente acreditou que Jesus era Deus, e ele provavelmente nunca tinha sido convencido de que Jesus era o Messias.

Ao contrário dos outros discípulos que chamaram Jesus de "Senhor" (que é de grande importância em várias formas), Judas nunca utilizou este título para Jesus e ao invés o chamou de "Rabi"; isso afirmava apenas que ele via Jesus como nada mais do que um professor. Enquanto outros discípulos várias vezes fizeram grandes profissões de fé e de lealdade (João 6:68, 11:16).

Judas não só nunca fez isso, mas permaneceu bastante silencioso em todas as narrativas bíblicas. Esta falta de fé em Jesus é o alicerce para todas as outras considerações abaixo. O mesmo vale para nós. Se não reconhecermos Jesus como Deus encarnado e, portanto, a uma única pessoa que pode oferecer salvação eterna e perdão pelos nossos pecados, então seremos sujeitos a vários outros problemas que resultam de uma visão errada da Deus.

Em segundo lugar, Judas não só faltou fé em Cristo, mas ele teve pouco ou nenhum relacionamento pessoal com Jesus. Quando os evangelhos sinóticos dão uma lista dos doze, eles são sempre mencionados na mesma ordem com pequenas variações (Mateus 10:2-4, Marcos 3:16-19, Lucas 6:14-16).

Acredita-se que essa ordem indica a proximidade da sua relação pessoal com Jesus. Apesar das variações, os irmãos Pedro e Tiago e João são sempre mencionados em primeiro lugar; isso é bastante coerente com o seu relacionamento com Jesus. Judas é sempre mencionado por último, o que pode indicar a falta de um relacionamento pessoal com Cristo. Além disso, ao avaliarmos os evangelhos, podemos ver que o único diálogo registrado entre os dois envolve Judas sendo censurado por Jesus por ter feito um comentário à Maria com objetivos gananciosos (João 12:1-8), a negação de Judas de sua traição (Mateus 26 : 25) e a traição em si (Lucas 22:48).

Em terceiro lugar, Judas foi consumido por ganância, a ponto de trair a confiança não só de Jesus, mas também dos outros discípulos, como vemos em João 12:5-6. Judas talvez teve o desejo de seguir a Jesus simplesmente porque ele viu que pessoas importantes também estavam seguindo a Jesus; outra vez ele tenha acreditado que poderia tirar proveito das coletas para o grupo. O fato de Judas ter sido o encarregado da bolsa de dinheiro aparenta indicar o seu interesse e experiência com dinheiro (João 13:29).

Além disso, Judas, como a maioria das pessoas naquela época, acreditava que o Messias iria acabar com a ocupação romana e assumir uma posição de poder para reinar sobre a nação de Israel. Talvez Judas seguiu a Jesus com a intenção de tirar vantagem da sua associação com ele como o novo poder político. Não há qualquer dúvida de que ele esperava fazer parte da elite dominante quando isso viesse a se realizar. 

Ao chegar o momento da traição de Judas, Jesus já tinha deixado claro que ele planejava morrer e não iniciar uma rebelião contra Roma. Por isso Judas pôde ter assumido, tal como fizeram os fariseus, que uma vez que ele não iria acabar com a ocupação romana, ele provavelmente não era o Messias que estavam esperando.

Há alguns versículos do Velho Testamento que apontam para a traição, alguns mais especificamente do que outros, veja dois a seguir:

“Até o meu próprio amigo íntimo em quem eu tanto confiava, e que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar”(Salmo 41:9, veja sua realização em Mateus 26:14, 48-49). Também: “E eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário, trinta moedas de prata. Ora o Senhor disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor” (Zacarias 11:12-13, veja a realização dessa profecia em Mateus 27:3-5). Essas profecias do Velho Testamento indicam que Deus já sabia da traição de Judas e que Ele já tinha planejado soberanamente a forma pela qual Jesus iria morrer.

Mas se Deus já sabia da traição de Judas, então teve Judas uma escolha, e ele é quem vai ser responsabilizado por sua parte na traição? É muito difícil para muitos conciliarem o conceito de "livre arbítrio" (como a maioria das pessoas compreendem isso) com a presciência de Deus de eventos futuros; em grande parte isso é devido à nossa experiência limitada de passar pelo tempo de uma forma linear.

Se vemos Deus como fora do tempo, pois Ele criou tudo antes que o "tempo" começou, então podemos compreender que Deus pode ver cada momento como o presente. Vivemos em um tempo linear como se o tempo fosse uma linha reta e passamos gradualmente de um ponto a outro, lembrando o passado, mas não cientes do futuro que se aproxima. No entanto, Deus, sendo eterno e o Criador da noção de tempo, não seria "pontual", ou seja, sobre a linha do tempo, mas sim fora dela. Então, poderíamos enxergar o tempo (em relação a Deus), como um círculo, onde Deus habita no centro e, portanto, igualmente perto de todos os pontos e não se limitando a poder estar em apenas um ponto no tempo.

Dessa forma, Judas teve a capacidade completa de fazer sua escolha – pelo menos até o ponto onde “entrou nele Satanás” (João 13:27) – e a presciência de Deus (João 13:10,18,21) de nenhuma forma substitui a habilidade de Judas de fazer sua escolha.

Ao contrário, Deus já enxergava o que Judas iria eventualmente escolher como parte do presente, e Jesus deixou bem claro que Judas seria responsável por suas escolha se teria que prestar contas por elas: “E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me” (Marcos 14:18).

Note que Jesus chama a participação de Judas de traição. Quanto a sua prestação de contas por sua traição, Jesus disse: “Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido” (Marcos 14:21). Satanás também teve sua parte no processo, como vemos em João 13:26-27 e ele também terá que prestar contas por suas obras. Deus, em Sua sabedoria, é sempre capaz de transformar até mesmo a rebelião de Satanás para o benefício da humanidade. Satanás ajudou enviar Jesus à cruz, e sobre a cruz o pecado e a morte foram derrotados, tornando a oferta de salvação de Deus livremente disponível para todos os que aceitam Jesus Cristo como seu salvador pessoal para o perdão dos seus pecados.

JULGAMENTO E CONDENAÇÃO DE JESUS

Houve seis partes dos julgamentos de Jesus: três estágios em um tribunal religioso e três estágios perante um tribunal romano. Jesus foi julgado diante de Anás, o antigo sumo sacerdote; Caifás, o atual sumo sacerdote, e o Sinédrio. Nestes julgamentos "eclesiásticos", Ele foi acusado de blasfêmia por ter alegado ser o Filho de Deus, o Messias.

Os julgamentos diante das autoridades judaicas, ou seja, os julgamentos religiosos, mostraram em que grau os líderes judeus o odiavam porque descuidadamente desconsideraram muitas de suas próprias leis.

De acordo com a própria lei judaica, houve várias ilegalidades envolvidas nestes julgamentos:

(1) Nenhum julgamento era para ser realizado durante o tempo de festa, e Jesus foi julgado durante a Páscoa.

(2) Cada membro do tribunal era para votar individualmente para condenar ou absolver, mas Jesus foi condenado por aclamação.

(3) Se a pena de morte fosse dada, era necessário que pelo menos uma noite se passasse antes da sentença ser executada, porém, apenas algumas horas se passaram antes de Jesus ser crucificado.
(4) Os judeus não tinham autoridade para executar ninguém, mas mesmo assim projetaram a execução de Jesus.
(5) Nenhum julgamento era para ser realizado à noite, mas este julgamento foi realizado antes do amanhecer.

(6) O acusado era para receber conselho ou representação, mas Jesus não teve nada.

(7) Não deviam ter feito perguntas auto-incriminatórias a Jesus, mas Ele foi perguntado se era o Cristo.

Os julgamentos perante as autoridades romanas começaram com Pilatos (João 18:23) depois de Jesus ser espancado. As acusações apresentadas contra Ele eram muito diferentes das acusações nos julgamentos religiosos. Ele foi acusado de incitar as pessoas à revolta, proibindo o povo a pagar os seus impostos, e afirmando ser rei. Pilatos não encontrou nenhuma razão para matar Jesus, por isso o enviou a Herodes (Lucas 23:7).

Herodes permitiu a ridicularização de Jesus, mas, querendo evitar a responsabilidade política, enviou-o de volta a Pilatos (Lucas 23:11-12). Este foi o último julgamento, enquanto Pilatos tentava apaziguar a animosidade dos judeus ao ter Jesus flagelado. O flagelo romano é uma terrível surra, possivelmente de 39 chicotadas.

Em um esforço final para liberar Jesus, Pilatos ofereceu que o prisioneiro Barrabás fosse crucificado e Jesus liberado, mas sem sucesso. As multidões pediram que Barrabás fosse solto e Jesus fosse crucificado. Pilatos atendeu ao seu pedido e entregou Jesus à vontade do povo (Lucas 23:25). Os julgamentos de Jesus representam o escárnio supremo da justiça. Jesus, o homem mais inocente na história do mundo, foi considerado culpado de crimes e condenado à morte por crucificação.

O DIA DA CRUCIFICAÇÃO

1. O dia se tornou em trevas (v.44). Até a natureza foi afetada com a morte do Filho de Deus. O Sol negou a sua luz em pleno dia. Houve trevas em toda a Terra desde o meio-dia até às três horas da tarde. Isso aconteceu em todo o planeta e não foi um eclipse solar; tratava-se de uma escuridão sobrenatural.

2. O véu rasgado (v.45). Quando Jesus morreu, o véu do templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo. O “véu do templo” era a cortina que separava o lugar Santo do lugar Santíssimo, onde somente o sumo sacerdote entrava uma vez por ano, no dia da expiação (Êx 26.33; 30.10; Lv 16.15).

O véu rasgado revela que a morte de Jesus abriu a todos os seres humanos o caminho para Deus (Hb 6.19,20; 10.19,20). O significado espiritual desse acontecimento se afirma claramente em Hebreus 9.1-14; 10.19-22.

3. O brado de Jesus (v.46). Lucas foi o único escritor que registrou as últimas palavras de Jesus citadas antes de entregar o espírito ao Pai. O relato de Lucas mostra de maneira inconfundível que Jesus entregou-se por nós. Ele deu sua vida pelos pecadores, como havia prometido. A minha vida, disse, “ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou” (Jo 10.18). Jesus entregou o espírito com “grande brado” (Mc 15.37) ou com “grande voz” (Lc 23.46; Mt 27.50). O termo “está consumado” (Jo 19.30), tanto em grego como em aramaico, é uma só palavra. O brado de Jesus na cruz, declarando haver concluído a obra da redenção e entregando ao Pai o espírito, indica triunfo. Ele foi crucificado, mas vitorioso, cumpriu a sua missão gloriosamente.

4. A reação do centurião e da multidão (vv.47,48). A morte de Jesus foi um acontecimento ímpar. O centurião reconheceu haver crucificado um homem justo, e a multidão “voltava batendo nos peitos” (v.48) como gesto de aturdimento. Estavam ali participando de um espetáculo de zombaria, mas de repente, as palavras de Jesus e os miraculosos sinais da natureza, que acompanharam a morte de nosso Senhor na cruz, despertaram as consciências daquelas pessoas, levando-as a uma profunda lamentação por aquele crime sem precedentes na História. Era uma manifestação coletiva de culpa e vergonha; a reação foi um preparativo para o povo receber a mensagem de Pedro no dia de Pentecostes (At 2.23).

5. Evidências externas. Historiadores judeus e romanos atestaram o sacrifício de Jesus. O fato foi registrado por Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século da Era Cristã. A literatura judaica antiga também menciona a morte de Jesus.

O SACRIFÍCIO VICÁRIO

1. A morte vicária. O termo “vicário” significa “o que faz as vezes de outro; substituto”. A morte vicária significa morte substitutiva, pois Jesus morreu, derramando o seu sangue, em nosso lugar. Os apóstolos entenderam o significado teológico da morte de Jesus. O apóstolo Paulo ensinava que Cristo morreu em nosso lugar (1Co 15.3; Cl 2.20), e, que Deus propôs o sangue de seu Filho como propiciação pelos nossos pecados (Rm 3.25). Esse era também o ensino dos demais apóstolos (1Pe 3.18; 1 Jo 2.1,2).

2. A reconciliação pelo sangue. O Antigo Testamento anunciava a vinda de Jesus, sua paixão e morte, apresentando também a importância do sangue, no sacrifício do Calvário: “... é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17.11). Isso é confirmado no Novo Testamento: “... sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22). Expiação significa “remir a culpa”, e, por extensão, “reconciliação”. É a restauração de uma relação quebrada. Na cruz fomos reconciliados com Deus (2Co 5.19; Ef 2.11-19).

3. A provisão de Deus para a salvação. A Bíblia ensina que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23) e que o homem é incapaz de salvar-se (Is 64.6; Ef 2.8,9) e de ir para o céu pela sua própria força, justiça e bondade. Deus proveu a salvação de maneira que a paz e a justiça se encontrassem (Sl 85.10). O sacrifício de Jesus satisfez toda a justiça da Lei e dos profetas.

4. Os opositores da cruz de Cristo. Os muçulmanos negam terminantemente a morte de Jesus. O Corão ensina que Jesus não morreu. Essa é a mais grotesca negação do cristianismo. Rechaçar a História, afirmando que Jesus não morreu, é um disparate. A confirmação bíblica e histórica da morte de Jesus é fato incontestável. A verdade é que a cruz de Cristo sempre foi escândalo para os que perecem (1Co 1.23).

CONCLUSÃO

Jesus morreu por toda a humanidade, a fim de expiar, diante de Deus, todos os nossos pecados. O nascimento, a morte e a ressurreição de Jesus foram os acontecimentos mais importantes da história da humanidade. Então, curvemo-nos diante da cruz para recebermos o perdão de Cristo e adoremos aquEle que morreu e ressuscitou para dar-nos a vida eterna.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

www.gotquestions.org

Lições bíblicas CPAD 2008

Comentário Bíblico Contemporâneo Edição Contemporânea de Almeida

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

LUCADO, M. Graça para o momento. RJ: CPAD, 2004.

WIERSBE, W. W. O que as palavras da cruz significam para nós. RJ: CPAD, 2001.

A MORTE DE JESUS



A MORTE DE JESUS

Texto Áureo = “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.” (Lc 23.46)

Verdade Prática = Jesus não morreu como mártir ou herói, mas como o Salvador da humanidade.

LEITURA BIBLICA = Lucas 23.44-50

Morte e Sepultamento (Lucas 23:44-56)

Essa seção pode ser dividida em duas partes: (1) a morte de Jesus (vv. 44- 49) e (2) o sepultamento de Jesus (vv. 50-56). Como na seção anterior (vv.26-43), o relato de Lucas basicamente segue Marcos (15:33-47), não, porém, sem várias omissões, adições e alterações.

23:44-49/Há quatro diferenças dignas de nota entre a narrativa de Lucas e a de Marcos: (1) Em Marcos 15:380 véu do templo se rasgadepois da morte de Jesus, mas em Lucas 23:45 ele se rasga antes de sua morte (v. a nota abaixo). (2) Lucas omite o clamor de Jesus, que se vê abandonado, conforme Marcos 15:34 (“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”); v. Salmos 22:1. (3) Lucas 23:46 faz alusão a Salmos 3 1:5, e Marcos, não. (4) Finalmente, a exclamação do soldado romano logo após a morte de Jesus é diferente. Em vez de reconhecer que Jesus é o “Filho de Deus” (v. Marcos 15:39) o soldado romano em Lucas declara: Na verdade este homem era justo [ou inocente] v. 47.

Ao morrer, a “subida” de Jesus a Jerusalém, que se iniciara em 9:51, move- se um pouco mais para cima. Tendo sido colocado nas mãos dos homens (v. 9:44), o Senhor agora coloca seu espírito nas mãos do Pai. Até mesmo nos últimos instantes de sua vida Jesus pôde citar Salmos 31:5, como demonstração de fé em seu Pai celestial (v. a nota abaixo). É provável que Lucas tenha omitido o clamor de abandono mencionado por Marcos por julgá-lo inadequado. Ele apresenta Jesus em pleno controle de seu destino, em controle tal que, mesmo estando suspenso da cruz, pode perdoar a um homem os seus pecados e oferecer-lhe a certeza de entrar no paraíso (v. os vv. 39-43, acima). Ao alterar a exclamação do soldado romano, Lucas pode mais uma vez declarar a inocência de Jesus, inocência reconhecida por um segundo romano (Pilatos fora o primeiro; v. os vv. 4,13-16,22).

O reconhecimento da inocência de Jesus por oficiais romanos, dessa forma, serve o propósito amplo de Lucas de mostrar Jesus e seus seguidores como cidadãos cumpridores da lei, que não podem ser culpados de traição, insurreição ou conduta perversa.
No v. 48, versículo que só se encontra em Lucas, o evangelista nos conta que todas as multidões reunidas para este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltaram batendo no peito. Atingia-se já o ponto de retorno.

Uma vez que a ação terrível havia sido cometida, os que a havia perpetrado passam a ter outro tipo de pensamentos. Isso deixa prever com clareza a tristeza e o arrependimento demonstrados pelo povo após o sermão de Pedro, no Pentecostes, em Atos 2:14-39 (esp. 0V. 37).

Os seguidores de Jesus (v. 49), em vez de fugir, como fizeram em Marcos 14:50, estavam de longe contemplando estas coisas. O evangelista mantém os discípulos por perto, como testemunhas, prontos para reassumir o ministério, tão logo as Boas Novas da páscoa fossem divulgadas.

23:50-56 /Segue-se o relato de Lucas do sepultamento de Jesus, mas em forma abreviada. José... da cidade de Arimatéia, na Judéia, é descrito como homem bom e justo (a mesma palavra usada a respeito de Jesus no v. 47, acima). Esse homem, à semelhança do justo Simeão (2:25), esperava o reino de Deus. Ao descrevê-lo dessa maneira, o evangelista está querendo dizer que José teve simpatia pelo chamado anterior de João Batista para o arrependimento (3:3) e pela proclamação posterior de Jesus para o reino (4:43). Esse homem era membro do Sinédrio (v. 22:66, acima), o qual não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros.

Tendo obtido o consentimento de Pilatos para tirar o corpo de Jesus, deu-lhe uma sepultura adequada. Diferentemente da maioria dos crucificados, cujos cadáveres eram atirados numa cova comum, Jesus foi colocado num sepulcro cavado numa rocha, onde ninguém ainda havia sido sepultado. Embora houvesse sofrido morte ignominiosa, pelo menos seu sepultamento foi mais parecido com o devido a um rei. As leais mulheres da Galiléia, que no v. 49 haviam estado de longe contemplando estas coisas, isto é, a crucificação, observaram o local onde Jesus foi sepultado, para que ali pudessem voltar depois do sábado (dia em que tais trabalhos eram proibidos), para ungir o corpo de Jesus com especiarias e ungüentos.

Notas Adicionais

23:44/ À hora mais clara do dia, das 12 às 15 horas, houve trevas em toda a terra até à hora nona. É provável que essas trevas sejam uma ilustração impressionante da referência de Jesus à sua prisão como “vossa hora e o poder das trevas” (22:53).

Também pode ser um fato portentoso que serve de profecia dos estranhos fenômenos que hão de acompanhar o retorno de Jesus como “Filho do homem” (21:25).

Com respeito à escuridão no dia da crucificação de Jesus, Júlio Africano (m. após 240 d.C.) relata (segundo o fragmento 18 da obra em cinco volumes de Africano, Chronography [Cronografia], preservada na obra de Georgius Syncellus, Chronology [Cronologia]) que “essa escuridão Thallus [o cronista samaritano], no terceiro volume de sua History [História], a chama, para mim sem razão alguma, eclipse do sol”. V. A. Roberts e J. Donaldson, eds., The Ante-Nicene Fathers [Os Pais Antes da Era dos Nicenos], Grand Rapids:Eerdmans, 1951, vol. 6, p. 136.

23:45 / O véu do templo provavelmente se refere à cortina que separava o “Santo dos Santos” do resto do templo. Marshall (p. 875) acredita que o rasgar do véu é “uma advertência profética da iminente destruição do templo”. Entretanto, essa conclusão carrega maior peso de convicção no contexto de Marcos, em que se desenvolve um tema antitemplo. Para Tiede (p. 423), no entanto, o rasgar do véu pode ser entendido como sinal do desagrado de Deus. Fitzmyer (p. 1519) julga que o véu rasgado representa o reinado do mal durante o tempo da paixão de Cristo (Lucas 22:53).

Acho que existe um elemento de verdade em ambas as últimas perspectivas. Josefo Eslavo (Guerras 5.5.4 [5.207-2 14, LCL]) repete a tradição do véu rasgado: “[O véu do templo] como você deve saber, rasgou-se de repente do topo até o chão, quando eles entregaram para ser morto, mediante suborno, aquele que só fazia o bem, o homem — sim, aquele que por seus atos não era mero homem. E contam-se muitas outras coisas, como sinais, que aconteceram naquele tempo”. Nas “outras coisas, como sinais”, estaria incluída a escuridão e o terremoto (v. Mateus 27:5 1; Amós 8:9). Lachs (p. 434) observa que existem histórias rabínicas segundo as quais, em certas ocasiões, fatos estranhos aconteceram quando rabis notáveis morreram.

23:46 / espírito: “A soma total da pessoa viva” (Fitzmyer, p. 1519). O pronunciamento dc Jesus é extraído de Salmos 31, atribuído a Davi, que é uma oração de lamentação e de gratidão. O salmista esteve doente (vv. 9,10), foi vítima de mentiras e dc armadilhas (vv. 4,18,20), sofreu a zombaria de inimigos e o abandono de seus amigos (v. II) e procurou refúgio em Deus diante da morte (vv. 5,13). A adequação desse salmo para a paixão de Cristo é óbvia: Jesus, o filho de Davi (Davi 1:32; 18:38), foi caluniado, perseguido, preso em armadilha, escarnecido, traído e, agora, pendurado numa cruz, enfrenta a morte.

A interpretação rabínica desse salmo, enfatizando temas messiânicos e escatológicos (MidrashPsalms 31.2-3, 5-8), esclarece melhor por que esse salmo deveria ser usado na tradição da paixão de Cristo.
O versículo específico que Jesus menciona (em Lucas) era empregado como oração proferida antes de a pessoa dormir (Números Rabbah 20.20; Salmos Midrash 25.2).

E uma oração para que Deus proteja o espírito da pessoa até que esta acorde. “Dormir” pode significar literalmente o sono fisiológico, ou figuradamente a morte (observemos Atos 7:59,60, em que Estêvão, prestes a morrer, ora: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” [aludindo a Lucas 23:46 e Salmos 3 1:5], e a seguir “adormeceu”). Entendido assim, Salmos 31:5 é particularmente adequado para o Senhor Jesus, que está morrendo. Fica implícito que Jesus, à semelhança de Davi, enfrentou oposição de seu próprio povo e, à semelhança de Davi, confiou seu espírito a Deus (v. Fitzmyer, p. 1519).

23:47 / deu glória a Deus: Lucas acrescenta essa idéia, que se harmoniza com seu interesse maior de retratar suas personagens no ato de louvar e glorificar aDeus(v.2:20;5:26; 13:13; 17:15,16; 18:43;Atos4:21; 11:l8;21:20).

Justo:Tiede (p. 425) afirma que a confissão do centurião de que Jesus era “justo” pode ter implicações cristológicas (v. Atos 3:14; 7:52; 22:14, em que Jesus é chamado “O Justo”).

23:48 / J. T. Sanders (p. 228-9) imagina e pergunta se as pessoas voltaram batendo no peito por estarem preocupadas com seu futuro. Essa hipótese não é plausível. Tiede (p. 425) observa que as pessoas “voltaram” — “arrependeram se” (hypostrephein) — a NVI traz “começou a afastar-se” — mais ou menos como Jesus predissera a respeito de Pedro, que “voltaria” — “se arrependeria” (epistrephein, “quando te converteres”), depois de haver negado a seu Senhor (v. Lucas 22:32). A descrição de Lucas antevê o remorso co arrependimento que serão expressos depois do sermão do Pentecostes (Atos 2:37,38). Leaney (p. 287) diz que nesse versículo Lucas pode terem mente Zacarias 12:10-14.

23:49 / Galiléia: V. a nota sobre 17:11, acima. Essas mulheres provavelmente eram aquelas mencionadas em 8:1-3.

23:51 / Arimatéia: Não é possível saber com certeza onde ficava essa cidade nos tempos de Jesus. Pode ter sido uma das duas cidades que ficavam a 8 e a 16 quilômetros, respectivamente, ao norte de Jerusalém. V. Fitzmyer, p. 1526; HBD, p. 63. Lachs (p. 436) julga que se trata de Haramatiam, a 16 quilômetros a leste de Lida e a 16 quilômetros a sudeste de Antípatre.

23:52 / Pilatos: V. a nota sobre 3:1, acima. Pilatos, naturalmente, era o governador romano que ordenou a execução de Jesus (v. 23:24).

23:53 / sepultura: “Sepulturas escavadas em rocha, conhecidas desde o primeiro século, encontram-se em abundância na área ao redor de Jerusalém” (Fitzmyer, p. 1529).

23:55 / As mulheres que tinham vindo com ele [Jesus] da Galiléia: V. a nota sobre 23:49, acima.

23:56/E no sábado repousaram: Conta-se o sábado a partir do pôr-do-sol (18 horas) de sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado. A ordem paraque se repouse (ou cesse o trabalho) encontra-se em Exodo20:10; Deuteronômio 5:12-15.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus                                                           Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAIA
Comentário Bíblico Contemporâneo Edição Contemporânea de Almeida