10 de junho de 2015

A ULTIMA CEIA



A ULTIMA CEIA

TEXTO AUREO = Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa pascoa, foi sacrificado por nos. ( 1 Cor 5.7 )

VERDADE PRATICA = A Pascoa comemorava a libertação do Egito. A Ceia do Senhor celebra a libertação do pecado.

LEITURA BIBLICA = Lucas 2.27-20

A Última Ceia (Lucas 22:1-38)

A narrativa da paixão de Cristo inicia-se em Lucas 22. Nos primeiros 38 versículos o leitor lê sobre a traição contra Jesus, a ceia da páscoa e as instruções finais a seus discípulos, antes de sua prisão. A maior parte do texto de Lucas é originária de Marcos 14:1-31, podendo ser dividida nas seguintes partes: (1) a conspiração dos líderes religiosos (vv. 1,2); (2) Judas trai a Jesus (vv. 3-6); (3) os preparativos para a páscoa (vv. 7-14); (4) a ceia do Senhor (vv. 15-23); (5) o ensino a respeito de grandeza no reino (vv. 24-30); (6) predição da negação de Pedro (vv. 3 1-34) e (7) palavras de Jesus sobre as duas espadas (vv. 35-38).

22:1,2 /Uma das razões por que os principais sacerdotes e os escribas queriam renovar seus esforços no sentido de eliminar a Jesus na época da páscoa (v. a nota abaixo) era que Jesus, à semelhança de muitos outros judeus, estaria presente em Jerusalém para a celebração dessa festa, o que proporcionaria às autoridades religiosas a melhor oportunidade para prendê-lo. Se demorassem em tomar providências, Jesus poderia sair de Jerusalém, escapando de suas mãos. Outra razão talvez se relacionasse à própria festividade.

Durante a páscoa os sentimentos políticos estavam exacerbados, pois os habitantes da cidade e os peregrinos refletiam sobre o ato salvífico de Deus que libertara seus ancestrais da escravidão do Egito. Tais reflexões com freqüência estimulavam esperanças messiânicas a respeito da libertação do jugo opressivo da Roma imperial. Como revelou a entrada triunfal (19:28-40), Jesus havia adquirido “status” messiânico (quer o povo o houvesse entendido, quer não), pelo menos na mente de uma parte do povo. Tal fato dificilmente passaria despercebido pelas autoridades religiosas, particularmente os saduceus, a classe sacerdotal aristocrática, que temia as conseqüências sociais e econômicas oriundas de uma insurreição.

No entanto, prender a Jesus abertamente poderia desencadear a tal insurreição que os saduceus tanto temiam. Portanto, era necessário que se encontrasse um meio de eliminar Jesus silenciosamente. Por isso é que a traição proposta e executada por Judas era tão importante para as autoridades.

22:3-6 /Lucas omite o relato de Marcos a respeito da unção de Jesus emBetânia (Marcos 14:3-9), talvez porque o evangelistajá havia falado de um incidente semelhante (v. Lucas 7:36-38), e revela forte tendência para evitar repetições. Lucas sai de imediato de sua informação sobre as autoridades religiosas que tentam eliminar a Jesus de modo secreto, e inicia o relato da traição perpetrada por Judas. Dos evangelistas sinóticos, só Lucas informa que Satanás entrou em Judas (cf. João 13:2,27).

Fitzmyer (p. 1374) mostra que o terceiro evangelista ficou “perplexo, não sabendo bem como explicar a sinistra traição de Jesus por um dos seus discípulos” e não consegue encontrar outra explicação senão essa, a da influência satânica. Pode ter sido assim, mas o fato de a mesma idéia aparecer também no quarto evangelho sugere que a idéia de Satanás entrar em Judas fazia parte da tradição da paixão de Cristo. Lucas achou que isso explicava melhor o comportamento de Judas, que, de outra forma, é inexplicável.

Judas foi oferecer às autoridades religiosas a oportunidade exata que estavam procurando. Visto ter sido ele um dos doze, sabia onde o grupo se reunia à noite, quando então todos estariam a sós. Consolidada a perversa transação, Judas começou a buscar oportunidade para lhes entregar Jesus, sem a multidão saber.

22:7-14 / Tendo como pano de fundo a sinistra conspiração entre Judas e as autoridades religiosas, Jesus e seus discípulos iniciam os preparativos para a ceia de páscoa. Lucas observa que Jesus enviou Pedro e João (Marcos 14:13 diz apenas “dois de seus discípulos”) a Jerusalém a fim de encontrar-se com um homem levando um cântaro de água (tarefa usualmente executada pelas mulheres), a quem entregariam o recado do Mestre. O dono da casa, dizo Senhor aos dois discípulos, vos mostrará um grande cenáculo mobiliado.É ali que os discípulos deverão fazeros preparativos. É provável que Lucas não tencione que seus leitores entendam serem essas coisas miraculosas, mas apenas que, em mais uma situação, Jesus está controlando tudo com firmeza. Jesus com muita deliberação executa os pormenores finais de seu ministério.

22:15-23/A solene declaração de Jesus no v. 15 revela quanto estivera aguardando aquela última ceia de páscoa. Ele a antevia com fervor, não porque estivesse aguardando a própria morte (v. o v. 42), mas porque poderá celebrar uma Nova Aliança em seu sangue. No v. 16 Jesus declara que não mais a comerá [a páscoa] de novo até que ela se cumpra no reino de Deus. O sentido exato dessa declaração é incerto, mas provavelmente faz paralelocom o voto de Jesus no v. 18. O Senhor não comerá da páscoa nem beberá do vinho até que venha o reino de Deus. (O cálice bebido no v. 20 não constitui violação desse voto, porque este entra em vigor só depois da ceia de páscoa.)

O relato de Lucas é inusitado por causa da menção do cálice em primeiro lugar (v. 17), seguido da tradicional seqüência pão/cálice, dos vv. 19 e 20. Alguns manuscritos gregos omitem metade do v. 19 e todo o v. 20. Alguns comentaristas acreditam que essa forma mais curta é original, tendo os vv. 1 9h e 20 sido acrescentados a fim de restaurar a seqüência tradicional pão/cálice. Igualmente plausível, no entanto, é a teoria segundo a qual alguns escribas cristãos primitivos decidiram omitir os vv. 1 9h e 20, a fim de eliminar o segundo cálice (ou então a omissão não foi proposital).

Nada há de inusitado na menção de um segundo cálice, visto que numa refeição pascal havia quatro cálices para ser bebidos (v. m. Pesahi,n 10.1-7). O cálice mencionado no v. 17 pode ter sido o primeiro cálice, junto com o qual se bendizia o nome de Deus por sua dádiva do vinho; ou o segundo cálice, em que se levanta o significado da páscoa, o que suscita uma resposta do pai ou, no contexto do evangelho, de Jesus. O que Jesus declara nos vv. 1 7b e 18 pode muito bem ser um resumo de sua explicação do significado da páscoa no que ele próprio está envolvido. Em vez de olhar para trás, para o Êxodo, Jesus está olhando para a frente, para o reino de Deus.

Nos vv. 19 e 20 a “instituição” da ceia do Senhor é feita para todos os cristãos. pão é partido, e Jesus o descreve como o seu corpo, que por vós [os discípulos] é dado. Todos os cristãos devem participar desse ritual em memória de mim [Jesus], De modo semelhante, Jesus distribuiu um cálice (o terceiro cálice, o “Cálice da Bênção”), que o Senhor descreve como o cálice da Nova Aliança no meu sangue derramado por vós, isto é, pelos seus discípulos de todas as épocas (Marcos 14:24: “Isto é o meu sangue... que é derramado por muitos”). Jesus vai derramar seu sangue (talvez como alusão a Isaías 53:12) a fim de estabelecer nova aliança. 

Essa nova aliança sem dúvida deve ser entendida sob o aspecto da aliança mencionada em Jeremias 31:31, a “nova aliança” que está escrita não em tábuas de pedra, mas nos corações (cf. 2 Coríntios 3:3,6).

A ceia termina com a declaração de Jesus de que a mão do traidor está comigo [com Jesus] à mesa. As coisas deverão ser assim mesmo, porque o Filho do homem vai segundo o que está determinado. Jesus declara assim que seu destino é inevitável, e parte desse caminho inevitável é a traição. No entanto, essa traição será terrível para aquele por intermédio de quem [Jesus] é traído. Embora o destino de Jesus faça parte do plano de Deus, nãohá desculpa para o traidor. Os discípulos estão chocados e começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer isto. Tão grande deslealdade era incompreensível para eles.

22:24-30 / A conversa muda de repente para a questão de qual deles parecia ser o maior. Estando essa passagem onde está, constitui fato singular em Lucas. Marcos não nos fala de mais alguma conversa na mesa.

O texto de Lucas parece nova fusão de textos a respeito de uma discussão semelhante registrada em Marcos 10:42-45, trecho que Lucas omitiu (cf. Marcos 10:32-52 com Lucas 18:31-43; ninguém repara que Lucas omite Marcos 10:35-45). De vez em quando Lucas insere algumas minúcias, trechos desse texto omitido (v. Lucas 12:50) em novos contextos. Essa passagem poder ser novo exemplo disso. Alguém poderia questionar a lógica de colocar esse diálogo imediatamente depois da declaração de Jesus de que vai ser traído nos vv. 21 e 22. Fitzmyer (p. 1412) provavelmente tem razão ao propor que, se o pior discípulo é aquele que vai trair seu Senhor, quem dentre eles é o maior?

Essa passagem compreende na verdade duas partes: a discussão a respeito de quem é o maior (vv. 24-27) e o pronunciamento de Jesus de que seus discípulos um dia governarão a seu lado (vv. 28-30), sendo essa segunda parte uma unidade bem distinta (provavelmente saiu da fonte original de enunciados de Jesus; cf. Mateus 19:28). A maior parte das pessoas deseja exercer poder sobre outras pessoas; é isso que as pessoas julgam torná-las grandes. 

Entretanto, para os seguidores de Jesus não é esse o caminho.
O maior entre vós, isto é,o maior entre os discípulos de Jesus seja como o menor (ou “o mais insignificante”). O cristão quegoverna seja como quem serve. No v. 27 Jesus formula uma pergunta a respeito de convenções sociais; a resposta é óbvia:

Quem está à mesa sem dúvida é maior do que aquele que serve. Quem está sentado é o senhor, e quem está servindo ao senhor é o servo. Entretanto, entre os cristãos, seguidores de Jesus, não deve ser assim, pois o próprio Jesus deu o exemplo (v. João 13:4-17).

Jesus explica nos vv. 28-30 que virá uma época de vingança e de exaltação para seus servos fiéis. Visto que eles permaneceram fiéis durante todas as tentações de Jesus, podem ter certeza de que vão participar do governo do reino (eu o confio a vós; v. a nota abaixo). Essa declaração pode parecer estranha à luz da deserção dos discípulos no momento em que Jesus é preso. Entretanto, esse pormenor é omitido por Lucas. Embora Lucas mantenha a tradição da negação de Pedro (22:54-62), na predição dessafalha do apóstolo, que vem a seguir, Lucas registra também a profecia do arrependimento e da restauração deste apóstolo (v.32).

22:31-34 / Os vv. 31 e 32 são singulares em Lucas; os vv. 33 e 34 parecem ser modificações de Marcos 14:29-31. Embora o que ele tenha de dizer se aplique a todos os discípulos, Jesus fala a Simão (Pedro), que é o porta-voz deles. Na parte que é singular a Lucas (vv. 31,32) Pedro é advertido de que Satanás vos pediu para vos peneirar como trigo. Em outras palavras, Satanás deseja testar severamente os discípulos com o propósito de destruir- lhes a fé. Esse perigo não pode ser encarado levianamente. É tão grave, que Jesus assegura a Pedro ter orado por ele (eu roguei por ti) para que a fé não desfaleça.

À luz da negação de Pedro, que logo acontecerá, esse desfalecimento da fé diz respeito a algo muito mais grave do que esse lapso temporário. É provável que a idéia prevalecente seja que depois da negação Pedro fosse tentado a abandonar de vez sua fé em Jesus. Entretanto, isso não acontecerá por causa da oração intercessória de Jesus. Pedro sofrerá uma queda momentânea, mas se recuperará e voltará a Jesus, e a seguir estará apto a fortalecer seus irmãos (como se vê dramaticamente em Atos l—5, em que Pedro se transforma no ousado porta-voz e líder da igreja nascente).

No entanto, Pedro deseja afirmar sua lealdade ao Mestre (v. 33). Ele está pronto, declara Pedro, a ir contigo {com Jesus] para a prisão e para a morte. Há ironia nessa declaração bem-intencionada, porque na verdade Pedro vai sofrer encarceramento (Atos 5:1 8; 12:3) e martírio (de acordo com uma antiga tradição da igreja); no entanto, naquela hora escura sua fé estremecerá. É quando Jesus profetiza que não cantará hoje o galo antes que três vezes negues que me conheces.

22:35-38 / Esses versículos não encontram paralelismos fora de Lucas, pelo que em geral se julga terem derivado de uma fonte especial do evangelista. Os vv. 35 e 36a pressupõem o envio dos doze em 9:1-6 e dos setenta (e dois?) em 10:1-12. Os apóstolos nessas ocasiões viajaram sem bagagem (sem bolsas, objetos e sandálias); dessa vez vão precisar de provisões, visto que o ministério que os aguarda será longo e difícil. Na verdade, será tão difícil que era preciso que se armassem de uma espada. A espada é símbolo da violência e oposição que os discípulos de Cristo haveriam de enfrentar. É símbolo especialmente apropriado para Jesus, de acordo com o v. 37, pois o Senhor vai partilhar o destino de criminosos (alusão a Isaias 53:12).

Isso se comprova mais vividamente na crucificaçãodo Senhor entre dois criminosos, em 23:33 e talvez no emprego inoportuno e infeliz que Pedro faz da espada, literalmente, em 22:49,50. Pode estar aí também a idéia de que Jesus e seus discípulos teriam sido classificados pelos seus adversários como bandidos “fora da lei” (como se vê em Atos). Para Tannehill (p. 267), Jesus sabe que seus discípulos temporariamente se apartarão do caminho do verdadeiro discipulado e agirão como criminosos:

“A ordem de Jesus não faz que algo aconteça, mas revela o que os discípulos já haviam feito, de medo”. Provavelmente o autor está certo.

O âmago das observações dc Jesus é completamente mal-entendido por seus discípulos, que exibem duas espadas. Com o espírito do entusiasmo popular messiânico, seus discípulos estão dispostos a pegar cm armas. Como dissera Pedro momentos antes, estão todos dispostos a ir para a prisão, até a morrer.

Entretanto, Jesus está desapontado (a menos que tenha entendido os comentários de seus discípulos em sentido figurado) por causa da falta de percepção, e encerra a discussão com estapalavra: Basta. (A NVI traz “É o suficiente”. “Chega disso” seria mais claro; v. Fitzmyer, p. 1434; cf. 22:51; ou “essas bastam” para o cumprimento de Isaias 53:12). Esse diálogo confirma que os discípulos dificilmente estariam preparados para o que vai acontecer logo mais. A incapacidade deles de enfrentar corretamente as provações vindouras é dramatizada no próximo episódio.

Notas Adicionais

22:1 / A festa dos pães asmos, chamada páscoa na verdade eram duas festas. A páscoa era celebrada no dia 14 de Nisã (aproximadamente em primeiro de abril), e a festa dos pães asmos na semana seguinte, 15-21 de Nisã. Originariamente a festa dos pães asmos celebrava o início da colheita, mas depois passou a ser celebrada junto com a páscoa. Nessa festa só se podia comer pão sem fermento. Em hebraico a páscoa é chamada de Pesah, e no grego Pascha. Visto que em grego o verbo “sofrer” é paschein, a igreja primitiva ehtendia haver uma conexão entre a páscoa e o sofrimento de Jesus (v. 1 Coríntios 5:7). Quanto a páscoa, v. HBD, p. 753-5.

22:2/ Quanto a principais sacerdotes v. a nota sobre 19:47 acima; quanto a escribas v. a nota sobre 5:21 acima.

22:3 /Lembremo-nos da retirada do diabo “até momento oportuno” (4:13). Incapaz de interromper Jesus no início de seu ministério, Satanás espera agora poder arruinar o fim de seu ministério trazendo subversão a seus seguidores. “Satanás” é palavra hebraica equivalente de “adversário”; v. a nota sobre 10:15 e HBD, p. 908-9. A respeito de Judas... Iscariotes, v. a nota sobre 6:16 acima.

22:4 / guarda do templo: Segundo Fitzmyer (p. 1375), essas pessoas talvezgerissem o dinheiro do templo, e por isso teriam combinado com Judas não só quando e onde poderiam prender Jesus, mas também quanto deveriam pagar ao traidor.

22:5 / dinheiro: De acordo com Mateus 26:15, Judas recebeu trinta moedas de prata, que posteriormente ele lançou no interior do templo (Mateus 27:5). Comparem-se os relatos da morte de Judas (Mateus 27:3-10; Atos 1:18,19).

22:7-13 / Os evangelhos concordam em que a “Ceia do Senhor” é urna ceia da páscoa; no evangelho de João a “Ultima Ceia” acontece “antes da festa da páscoa” (13:1,2). Certamente João quer dizer que a ceia ocorreu no dia anterior à páscoa, visto que, no dia seguinte, quando Jesus está de pé diante de Pilatos, as autoridades religiosas se recusam a entrar na casa de Pilatos, porque se entrassem se tornariam imundas e desqualificadas para comer a páscoa (João 18:2,3,12,13,28).

As tentativas de explicar a discrepância em termos de dois calendários diferentes (os quais colocavam a páscoa em dias diferentes) criam mais dificuldades em vez de resolver as existentes. Não se sabe como os relatos sinóticos podem ser harmonizados com o relato de João, se é que são harmonizáveis (v. o comentário completo e excelente de Fitzmyer, p. 1378-83).

22: 14-38 / Lucas mesclou seus textos oriundos de alguma tradição de tal maneira que produziu um sermão de despedida. V. William 5. Kurz (“Luke 22:14-38 andGreco-Romanand Biblical Farewell Addresses” [Lucas 22:14-38 e Alguns Discursos Greco-Romanos e Bíblicos de Despedida], JBL 104 [1985], p. 251-68), que compara Lucas 22:14-38 a discursos de despedida greco- romanos (e.g., Platão, Fedo; Diógenes Laércio, Epicuro 10:16-18) e bíblicos (e.g., 1 Reis 2:1-10; 1 Macabeus 2:49-70). Kurz afirma, corretamente (p. 253, n. 7) que Lucas está familiarizado com os exemplos bíblicos.

22:19 / Isto é o meu corpo: E perfeitamente claro que Jesus está falando de modo figurado. O pão simboliza seu corpo, assim como Jesus se refere simbolicamente a si mesmo corno “a porta”, “o pastor” ou “a videira” (v. João10:7,11; 15:1).

22:20 / Nova Aliança no meu sangue: V. também Exodo 24:8; Levítico 17:11; Fitzmycr, p. 1402.

22:22 / É óbvio que Jesus é o Filho do homem, segundo esse versículo (v. também o v. 48). V. a nota sobre 5:24, acima.

Ai daquele por intermédio de quem é traído: Lucas omitiu o doloroso enunciado de Marcos: “Melhor lhe fora não haver nascido” (14:21b).

22:25 / benfeitores: Esse título era concedido a vários deuses e governadores nos tempos antigos. Lucas deseja retratar Jesus corno o verdadeiro Benfeitor da humanidade, alguém que serve e não é servido.

22:28,29 /Comparem-se Romanos 8:17; 2 Timóteo 2:11-13.

22:30 / Mateus 19:28 declara que os apóstolos se sentarão em “doze tronos”. Só Lucas diz tronos porque ao colocar esse enunciado imediatamente depois da referência à traição de Judas, já não existem doze apóstolos genuínos (embora Judas viesse a ser substituído mais tarde; Atos 1:12-26).

Jesus vai sentar-se notrono de seu pai Davi (lembremo-nos de 1:32), seus apóstolos servirão como regentes auxiliares para julgar as doze tribos de Israel. Fitzmyer (p. 1419) afirma que Salmos 122:4,5 pode estar na mente de Lucas Gundry (p. 393) afirma que esse enunciado pode ter sido inspirado em parte em Daniel 7. Marshall (p. 818) menciona ambos.

Visto que essas duas passagens do Antigo Testamento aparecem juntas na exegese judaica e no contexto das discussões a respeito dos “grandes de Israel” e dos tronos que receberão (v. a MidrashTanhuma B, Qedoshi,n 1.1), parece que essas na verdade são passagens por trás de Lucas 22:30 e seu contexto. V. também Apocalipse 21:12,14.

Concordo com Tiede (p.386) em que a ênfase sobre os doze em Lucas 22:28-30 “é sinal inequívoco de que Deus ainda não acabou a obra em Israel”. V. mais comentários sobre isso em David L. Tiede, “GlorytoThy People Israel’: Luke-ActsandtheJews” [Glória a Teu Povo Israel: Lucas-Atos e os Judeus], Mineápolis: Augsburg, 1988, p. 21- 34. Lucas 22:28-30 não se cumpre nas coisas que acontecem no livro de Atos. A promessa é escatológica. Tannehill (p. 270) concorda e, de modo correto, prossegue dizendo que “a menção das doze tribos também sugere que Israel será resturado completamente”.

22:32 / Mas eu roguei por ti: Em Romanos 8:34 Paulo declara que Jesus intercede por seus discípulos (cf. 8:26,27, em que essa idéia está relacionada em parte com a oração).

22:36 / espada: Compare as metáforas mais elaboradas em torno de armamento militar como armas espirituais em Efésios 6:11-17.

22:38/A tradução da NVI, “Eo suficiente”, pode desorientar o leitor, porque transmite a idéia deque para Jesus asduas espadasque lhe foram exibidas pelos discípulos eram exemplos do que ele vinha falando. Se Jesus realmente houvesse defendido a idéia de um combate a espada, dificilmente duas espadas teriam sido “suficientes” (embora uma espada bastasse em 22:49,50!). Além do mais, se a observação de Jesus fosse de aprovação, poderíamos então esperar que ele usasse o plural: “elas são suficientes” ou “elas bastam”. Ao contrário, a resposta de Jesus deve ser entendida como interjeição de frustração, com a qual ele corta a conversa. Pode ser que Jesus tenha acrescentado uma pitada de sarcasmo em sua palavra final.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus                                                                      

Igreja  Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA                      

Comentário Bíblico Contemporâneo Edição Contemporânea de Almeida


A ULTIMA CEIA



A ULTIMA CEIA

TEXTO AUREO = Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nos. ( 1 Cor 5.7 )

VERDADE PRATICA = A Pascoa comemorava a libertação do Egito. A Ceia do Senhor celebra a libertação do pecado.

LEITURA BIBLICA = Lucas 2.27-20

I N T R O D U Ç Ã O

A Festa da Páscoa, a primeira das grandes Festas judaicas mencionadas na Bíblia, é observada e comemorada pelos judeus mais do que qualquer outra Festa do calendário judaico. Não é difícil de explicar por que os judeus se sentem atraídos pela Páscoa, pois as raízes da Festa, na história judaica, são profundas. A Páscoa celebra a saída dos filhos de Israel da servidão egípcia. A Páscoa, no hebraico Pesah, junto com a Festa das Semanas Chag há-Shavuót e a Festa dos Tabernáculos ou Cabanas Chag há-Sucót, é uma das três Grandes Festas ordenadas na Bíblia (Deut 16.1-17).

Originalmente, a Páscoa era dividida em duas Festas. Uma era a Festa Agrícola chamada «Festa do Pão Sem Fermento» hebChag há-Matsót; a outra era uma Festa pastoral chamada «Festa do Cordeiro Pascal» hebChag há-Pesah. Ambos os feriados se desenvolviam independentemente na época da primavera, durante o mês de Nisã (março/abril).

A Festa do Cordeiro Pascal é a Festa mais antiga das duas. Nos tempos em que a maioria dos judeus ainda era formada de pastores nômades no deserto, as famílias judaicas comemoravam a chegada da primavera oferecendo o sacrifício de um animal. Neste ponto da Bíblia Moisés pede a Faraó que deixe os filhos de Israel irem até o deserto para celebrarem uma Festa a Yahweh (Êx 5.1). Este episódio aconteceu o efetivo Êxodo dos judeus do Egito.
A Festa do Pão Asmo era uma Festa Agrícola primaveril separada na qual os camponeses judeus de Israel celebravam começo da colheita de grãos. Antes de cortar os grãos, eles separavam toda a massa azedada (a massa fermentada era usada, em vez de levedura, para levedar o pão).   Com o tempo, estas duas Festas da primavera ficaram associadas com o outro evento ocorrido na primavera: «O Êxodo do Egito». A Bíblia apresenta estas celebrações de primavera da seguinte forma:

1) A Festa do Cordeiro Pascal, tornou-se identificada com os acontecimentos do Egito, quando Jeová «passou por cima» das casas dos Filhos de Israel, poupando-os da décima praga, «a morte do primogênito de cada família egípcia» (Ex 12.25-27).

2) A Festa do Pão Asmo (sem fermento), conhecida antes da experiência judaica no Egito, foi ligada à repentina saída dos Filhos de Israel do Egito, quando «levou o povo a sua massa antes que estivesse levedada » (Êx 12.34; 23.15).

Estas duas Festas que eram celebradas antes do Êxodo, portanto, adquiriram na saída dos 
Filhos de Israel do Egito, uma significação religiosa totalmente nova; exprimem a salvação trazida ao povo de Israel por Yahweh Deus, como explica a instrução que acompanha a Festa (Êx 12.25-27; 13.8).

CONTEXTO HISTORICO SOBRE A PASCOA JUDAICA

Aproximadamente 430 anos se passaram desde que Yahweh falara a Abraão (Gên 15.13-16; Êx 12.40, 41), dizendo que sua descendência seria peregrina, sob a servidão e aflição. As Suas promessas, contudo, não falham, pois Ele vela pela Sua Palavra para cumpri-la (Jer 1.12). A peregrinação no Egito começou com a descida de Jacó e seus filhos. Um dos filhos de Jacó, José, tornou-se governador do Egito, e, durante o seu governo os hebreus não sofreram nenhum tipo de agravo ou sofrimento. Mas, «depois do falecimento de José e de seus irmãos e de toda aquela geração; levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José» (Êx 1.6-8). A partir de então os egípcios começaram a afligir os israelitas, e a tratá-los com dureza (Êx 1.11-14).

Quando os sofrimentos dos filhos de Israel estavam sendo insuportáveis, então clamaram ao Seu Deus, e os seus clamores subiram aos céus por causa de sua servidão (Êx 2.23). Yahweh interveio em favor de Seu povo, chamando Moisés, que após 40 anos de preparo no deserto apascentando ovelhas, foi enviado diante de Faraó para que começasse a libertação do Seu povo do Egito (Êx 3-4). Em obediência ao chamado de Yahweh, Moisés compareceu perante Faraó e lhe transmitiu a ordem divina: «Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto» (Êx 5.1). Para conscientizar Faraó da seriedade dessa mensagem da parte de Yahweh, Moisés, mediante o poder de Yahweh, invocou pragas como julgamento contra o Egito.

No decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo ir, mas a seguir, voltava atrás, uma vez a praga suspendida. Soou a hora da décima e derradeira praga, aquela que não deixava aos egípcios nenhuma alternativa senão a de lançar os israelitas. Yahweh disse a Moisés: À meia-noite eu sairei pelo meio do Egito; e todo o primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta com ele sobre o seu trono, até ao primogênito da serva que está detrás da mó, e todo primogênito dos animais.
E haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve semelhante e nunca haverá (Êx 11.4-6).

A PASCOA INSTITUIDA NO EGITO

 A Páscoa foi instituída na noite em que ocorreu o Êxodo do Egito. A primeira Páscoa (isto é, com um novo significado) foi celebrada na Lua Cheia, no final do dia 14 do mês de Abibe; aproximadamente no ano de 1445 a.C. Dali em diante deveria ser celebrada anualmente (Êx 12.14, 17-24). A Páscoa instituída por Yahweh no Egito foi acompanhada por leis que regiam a sua observância.

Cada família devia escolher um cordeiro ou cabrito sem defeito, sem mácula, com a idade de «um ano». Tinha que ser o melhor cordeiro ou cabrito; o animal escolhido não podia ter defeitos. O fato de ter «um ano» de idade era requerido, tendo em vista a sua inocência, não podia ser um animal de qualquer idade (Êx 12.5). O cordeiro era levado para dentro de casa no dia 10 de Abibe, e mantido ali até o dia 14 do mesmo mês. Período, durante o qual era observado pela família que iria sacrificá-lo, caso não possuísse algum defeito o animal era então sacrificado (Êx 12.3, 6). Além de uma escolha cuidadosa do animalzinho no campo, o tal ainda era tomado da sua mãe e, levado pela família que iria sacrificá-lo, para confirmar a sua escolha; não podia haver erro ou engano na escolha. - O cordeiro (ou cabrito) após ser imolado o seu sangue (não podia ser desperdiçado, tinha grande valor e significado para os israelitas) era aspergido com um molho de hissopo nas ombreiras (partes verticais da porta) e na verga da porta (parte horizontal sobre as ombreiras) da casa em que comeriam o cordeiro (Êx 12.7, 22). Observa-se; que o sangue não poderia ser aplicado em mais nenhum outro lugar, nem na soleira da porta, onde poderia ser pisado.

O sangue nas ombreiras e na verga da porta era o sinal que identificava a casa dos hebreus dos egípcios. Pois, o Senhor Yahweh havia falado a Moisés, seu servo em Êxodo 12.12, 13; «E eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde os homens até os animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou Yahweh. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes: vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito». 

À morte dos primogênitos era um desafio consumado em juízo sobre os falsos deuses egípcios. Porque quase todos os deuses do Egito eram semelhantes a algum animal, com feições humanas. Logo, a morte do primogênito de cada tipo de animal mostraria a falibilidade e a impotência das divindades pagãs que haveriam de protegê-los.

                                 A PASCOA CELEBRADA NA TERRA PROMETIDA

Depois dos filhos de Israel terem se fixados na Terra Prometida, certas mudanças foram feitas e vários acréscimos vieram a existir na celebração da Páscoa. A Páscoa realizada no Egito foi uma Páscoa Histórica, e, está relacionada à décima praga e ao Êxodo de Israel do Egito (Êx 12).

Naquela ocasião, os israelitas foram instruídos a aplicar o sangue de um cordeiro, ou de um cabrito, às ombreiras e à verga de suas portas, como sinal que lhe asseguraria segurança se ficassem em casa (Êx 12.22,23).

Quando os israelitas se instalaram na Terra Prometida não foi mais preciso aspergir o sangue, como da primeira Páscoa. Pois, as futuras Festas da Páscoa a serem realizadas depois do Êxodo, foram sacrifícios comemorativos sendo que o sacrifício inicial no Egito, foi um sacrifício eficaz. - Os israelitas também deixaram de comer a Ceia Pascal em pé, ou preparados para uma longa jornada, não mais precisavam ter pressa, pois, já estavam na Terra que o Deus lhes prometera. Na Páscoa inicial (no Egito), não houve tempo de fazer a Festa dos Pães Asmos, somente foi comunicada ao povo para que fosse observada quando houvesse entrado em Canaã (Êx 12.14-20). Festa dos Pães Asmos e o Vinho usado na ceia pascal

O REGISTRO BIBLICO SOBRE AS CELEBRAÇÕES PASCAIS

A Bíblia nos fornece relatos diretos de Páscoas que foram celebradas durante a história de Israel.

No Antigo Testamento

1) Páscoa celebrada no Egito (Êxodo 12).

2) Celebrada no deserto do Sinai, segundo ano da saída dos filhos de Israel do Egito (Núm 9.1-14).

3) Celebrada quando chegaram à Terra Prometida, em Gilgal (Josué 5.10).

4) Celebrada no ano primeiro do reinado do rei Ezequias, de Judá (2 Crônicas 30).

5) Celebrada nos dias de Josias, rei de Judá (2 Crôn 35.1-19).

6) Celebrada depois do retorno do exílio babilônico (Esdras 6.19-22).

Além dessas celebrações citadas, faz-se menção das Páscoas realizadas nos dias do profeta Samuel e nos dias dos reis, veja em 2 Crônicas 35.18.

No Novo Testamento

1) A Páscoa celebrada no início do ministério público de Jesus Cristo (João 2.13-25).

2) Registrada em João 5.1, uma festa dos judeus, possivelmente a Páscoa.

3) Registrada em João 6.4, também possivelmente a Páscoa.

4) A Última Páscoa que Jesus participou com os apóstolos, na noite em que foi traído e preso (Mat 26.20,21; Marc 14.17,18; Luc 22.14,15,18).

Só se menciona uma celebração da Páscoa durante a peregrinação dos filhos de Israel no deserto, por 40 anos. Aquela que foi celebrada no deserto do Sinai, no segundo ano da partida dos filhos de Israel do Egito (Núm 9.1-14)

A guarda da Páscoa durante a peregrinação no deserto foi limitada por duas razões:

Primeiro: As instruções originais do Senhor Jeová, eram que a Páscoa tinha de ser observada quando chegassem à Terra da Promessa (Êx 12.25; 13.5).

Segundo: Todos os nascidos no deserto não foram circuncidados, ao passo que todos os participantes varões, da Páscoa, tinham que estar circuncidados (Êx 12.45-49; Js 5.5).

A ÚLTIMA CEIA

1. A Ceia do Senhor é Instituída e a Traição é Predita (22.14-23)

E, chegada a hora, (14) refere-se à hora da Páscoa — a hora de comer o cordeiro pascal, que era ao anoitecer, ao pôr-do-sol. Ele pôs-se à mesa (literalmente, “reclinou-se”) e, com ele, os doze. Ele e os seus doze apóstolos se reclinaram juntos ao redor da mesa onde a refeição pascal estava servida.

E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça (15). Esta é uma forma hebraica que significa: “Eu desejei grandemente comer a Páscoa com vocês, etc”. Observe a tradução precisa de Lucas, do original aramaico ao grego, das exatas palavras de Jesus.

Este forte desejo brotava de duas fontes. Jesus sentia a ansiedade normal e humana por estes preciosos últimos momentos de comunhão com os companheiros a quem amava, antes que a morte o separasse deles. Ele também conhecia a importância espiritual que este anoitecer teria para a Igreja nos séculos futuros.

Porque... não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus (16). Esta previsão aponta para um duplo cumprimento. Primeiro, para a bênção espiritual que Crista e o seu povo desfrutarão juntos como resultado de sua morte próxima. Esta é a herança espiritual de cada verdadeiro seguidor de Jesus Cristo. O segundo e último cumprimento desta previsão é o que poderíamos chamar de “O Grande Banquete Messiânico”, por ocasião da segunda vinda do nosso Senhor. A ceia do Senhor tipifica tanto a festa espiritual quanto o banquete messiânico.

E, tomando o cálice (literalmente, “tendo recebido o cálice”) e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós (17). O Mestre oficia aqui a celebração da festa da Páscoa e não a santa ceia. Barnes está correto ao afirmar que este não era o cálice sacramental, mas um dos cálices compartilhados como parte da celebração da Páscoa.’ O cálice sacramental é aquele mencionado no versículo 20. Aqui, Jesus dá todo o conteúdo do cálice pascal a seus discípulos.

Porque... já não beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus (18). Esta linguagem é figurada. Jesus está, pela última vez, comendo a páscoa judaica. Antes de outra celebração como esta, ocorrerão a sua morte redentora, a sua ressurreição, e a descida do Espírito Santo no Pentecostes. A páscoa terá sido substituida pela Ceia do Senhor, e o Reino de Deus terá chegado em um sentido novo e glorioso.

Veja, também, os comentários sobre o versículo 16. Para uma discussão a respeito dos versículos 19 e 20, veja os comentários sobreMateus 26.26-29. Para uma discussão a respeito dos versículos 21-23, veja os comentários sobre Mateus 26.20-25.

2. Quem Será o Maior (22.24-30)

E houve também entre eles contenda sobre qual deles parecia ser o maior
(24). Isto era, evidentemente, um debate sobre qual dos discípulos teria a mais elevada posição no reino que eles esperavam que Jesus estabelecesse em um futuro não muito distante. Quase três anos junto de Jesus não haviam purificado os seus corações do egoísmo. 

Este ministério seria desempenhado pelo “santificador”, o Espírito Santo. Nem o espírito de Jesus nem as suas explicações sobre a natureza do Reino haviam sido totalmente compreendidos pelos discípulos. Nem suas profecias sobre a destruição de Jerusalém e os sofrimentos que seus seguidores seriam obrigados a suportar foram suficientes para mudar a noção que tinham sobre o Reino, ou diminuir o ardor que sentiam por posições de destaque.

Embora o relato desta contenda em particular sobre a grandeza relativa entre os apóstolos seja peculiar a Lucas, não há justificativa suficiente para supor, como faz Adam Clarke, que Lucas tenha inserido este relato em uma posição errada em seu Evangelho, Clarke concorda que esta não pode ter sido a disputa anteriormente registrada por Lucas (9.46), e assim conclui que Lucas deveria ter em mente o episódio relatado por Mateus (20.2Oss.) e Marcos (1O.35ss.).

Esta conjectura só seria razoável se o episódio estivesse em desarmonia com o contexto no qual Lucas o insere, ou com a atitude e o nível de compreensão dos apóstolos naquele tempo. Nenhuma dessas condições necessárias é verdadeira.

E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles (25). Nos remos dos gentios, a grandeza era sinônimo de autoridade. E os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Esses tiranos, como Ptolomeu Evérgeta, do Egito, escolhiam o título “Benfeitor”. Este também se aplicava a vários dos imperadores romanos. Em alguns casos, os monarcas de fato mereciam o título; porém, de forma geral, eles eram mais comumente uma maldição ou um flagelo.

Mas não sereis vós assim (26). No Reino de Cristo, a grandeza é mais do que um título e mais do que uma posição ou autoridade. Antes, o maior entre vós seja como o menor. Esperava-se que os mais jovens demonstrassem consideração por aqueles que fossem mais velhos. Esta mesma consideração ou humildade é demonstrada por aquele que é “grande” no reino de Deus. A humildade é uma das maiores qualidades da verdadeira grandeza. E quem governa, como quem serve. Servir deve ser uma marca de distinção: quanto maior o serviço prestado, maior o homem. Todos os cristãos devem ser servos — de Deus e dos seus semelhantes.

Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? (27). Nos dias de
Jesus, a resposta quase universal a esta pergunta teria sido que aquele que estivesse sentado à mesa seria o maior, O servo era um mero escravo. Assim, Jesus responde a sua própria pergunta em termos do conceito predominante de grandeza: Não é quem está à mesa? E quase como se Ele estivesse concordando com a noção popular, porém é contra este conhecimento hipotético que Ele diz: Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve. Jesus está dizendo que servir é um emblema da verdadeira grandeza. Ele também está dizendo que mesmo em um mundo onde a visão oposta é a que vigora, onde a autoridade e a posição são sinais de grandeza, e onde um servo vale quase nada, o cristão deve seguir o caminho do servir. A medida que cada cristão segue este caminho, enxerga as divinas pegadas que mostram que o Mestre passou por ali antes dele.

E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações (28).

Após a gentil repreensão, e após suas instruções corretivas a respeito da verdadeira grandeza, Jesus carinhosamente lembra aos discípulos que eles haviam sido leais a Ele em suas horas de provação. A medida que se tornaram capazes e entenderam, eles tomaram o caminho do servir, O Mestre sabia que o obstáculo restante, a carnalidade, seria removido no Pentecostes.

E eu vos destino o Reino, como meu Pai me destinou (29). Este versículo se refere ao reino espiritual presente, a Igreja, da qual os apóstolos, em breve, seriam os líderes. Apalavra traduzida como destino contém em si a idéia de aliança. Cristo faz um pacto com os seus apóstolos, assim como o Pai fez com Ele. Portanto, os discípulos terão lugares de destaque no Reino, mas com uma diferença que eles não haviam antecipado. Servir a Deus e à humanidade é uma tarefa acompanhada por privações, perseguições e pela morte como um martírio. Mas eles não seriam esquecidos pelo Mestre, a quem os seus serviços seriam prestados com alegria.

Para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel (30).

Isto se refere ao Reino celestial, que incluirá como cidadãos aqueles que foram fiéis às suas responsabilidades espirituais nesta vida. O Mestre usa duas figuras para ilustrar a honra e a recompensa de seus discípulos no Reino celestial.

A primeira figura é o banquete messiânico, uma metáfora favorita entre os judeus. Nesse banquete eles comerão, à mesa do Senhor, as boas coisas do paraíso. A segunda figura é a da realeza: eles se sentarão em tronos, julgando as doze tribos de Israel. Esta linguagem é figurada, mas parece sugerir que, assim como o seu Mestre, eles serão rejeitados pelos judeus e, por fim, se tornarão os maiores entre todos os israelitas.

3. A Negação de Pedro é Profetizada (22.31-34)

Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo (31). Isto é remanescente dos esforços de Satanás para pegar Jó através de seu processo de “cirandar/peneirar”. A seqüência, entretanto, mostra que ele teve mais sucesso com Pedro do que com Jó, embora este sucesso tenha sido apenas temporário. Talvez Satanás estivesse animado por seu sucesso em afastar Judas do Mestre.

Satanás deseja cirandar todos os filhos de Deus, e fará tudo o que puder par provar que eles não são dignos do Mestre. E necessário estar em constante oração para se livrar do “maligno”.

A figura de cirandar como trigo é uma metáfora que seria facilmente compreendida pelos ouvintes de Jesus. Cirandar ou peneirar tem por objetivo remover o joio ou os resíduos do trigo. Satanás peneira por meio da tentação que ele usa para poder nos separar do trigo do Senhor.

Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça (32). O Mestre roga dessa maneira por todos os seus discípulos. As orações são respondidas à medida que a nossa fé é fortalecida. Satanás não foi proibido de tentar Pedro, nem está impedido de nos tentar.

Nessas tentações, a decisão final pela vitória ou derrota deve ser tomada por aquele que é tentado. Mas Cristo não é um espectador neutro deste combate. Nós temos a sua intercessão e também a assistência celestial.

E tu, quando te converteres, confirmas teus irmãos. “Quando você estiver recuperado” ou “quando você voltar” do conflito com Satanás, então ajude a estabelecer os seus irmãos. Jesus sabia pelo que Pedro passaria em breve. Por mais humilhante que fosse o resultado, o Senhor também sabia que Pedro se tornaria mais sábio como resultado da experiência, e que seria capaz de ajudar a sua Igreja e impedir que seus servos caíssem como vítimas de uma tentação semelhante. Para uma discussão a respeito dos versículos 33 e 34, veja os comentários sobre Mateus 26.31-35.


OS ELEMENTOS DA SANTA CEIA

São elementos da Santa Ceia 0 pão e o vinho por representarem, respectivamente, o corpo e o sangue do Senhor Jesus.

O pão. Por ser este alimento o símbolo da vida, Jesus assim identificou-se aos seus discípulos:“Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede” (Jo 6.35).

Por conseguinte, quando o pão e partido, na celebração da Ceia, vem-nos a memória. O sacrifício vicário de Cristo, através do qual Ele entregou a sua vida em resgate da humanidade caída e escravizada pelo Diabo.

O vinho. Identificado na Bíblia como “fruto da vide” e “cálice do Senhor” (Mt 26.29; 1 Co 11.27), o vinho na Ceia lembra-nos o sangue de Cristo vertido na cruz para redimir a todos os filhos de Adão:“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vá maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com 0 precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (l Pe 1. 18,19). Portanto, O pão e O vinho são, biblicamente, o memorial do Calvário; representam o corpo e o sangue de Cristo, oferecidos por Ele como sacrifício expiatório para redimir-nos de nossos pecados. E a explicita profunda e confortadora simbologia das Sagradas Escrituras.

CONCLUSÃO:

1. A Santa Ceia não é mero símbolo: É o coração de nossa caminhada cristã.

2. A Santa Ceia é uma instituição de Cristo à Sua igreja: Desde o Calvário até as nuvens.

3. A Santa Ceia é um emblema profético: Volta de Jesus profetizada na cerimônia mais sagrada


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA


Lucas – Comentário Bíblico Beacon