4 de junho de 2021

O MINISTÉRIO DE MESTRE

 

O MINISTÉRIO DE MESTRE

E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.

Mateus 4.23

Neste versículo, fica claro que “Pregar” e “Ensinar” são duas coisas diferentes. Enquanto que Pregar”, é

basicamente anunciar, ou proclamar, “Ensinar” é explicar com e em detalhes o Evangelho do reino.

Nos tempos em que JESUS iniciou seu ministério os judeus viviam de baixo de forte “opressão religiosa”, pois os fariseus e as autoridades religiosas da época ensinavam um conjunto de regras baseadas em “puro legalismo religioso”* (além de outros problemas da época), por isso Mateus nos diz que JESUS não apenas “Pregava”, mas também Ensinava”. Pois o “Ensino” nos faz identificar se a “Pregação” está ou não de acordo com a Palavra de DEUS.

Se observarmos bem, veremos que grande parte das “Pregações” de hoje em dia não estão de acordo com as Sagradas Escrituras, pois há muitas Pregações, mas, pouco Ensino verdadeiramente pautado nas Sagradas Escrituras.

JESUS não se preocupava apenas em “Pregar”, mas também em Ensinar”.

 

*Legalismo Religioso: basicamente é impor regras, fardos aos homens que a Palavra de DEUS não impôs.

 

Hernandes Dias Lopes observa que;

O Legalismo religioso é um “caldo mortífero” que tem oprimido muitas pessoas na sua vida espiritual, pois há muitas “Igrejas” que impõem “fardos e mais fardos” pesadíssimos sobre as pessoas, tradições humanas com doutrinas e crenças criadas e forjadas pelo próprio ser humano, que não emanam da Palavra de DEUS. O Legalismo produz um cristianismo de aparência apenas exterior, mas não produz verdadeira santidade, não produz comunhão com DEUS, nós precisamos fugir do Legalismo pois ele produz morte e não vida, escravidão e não liberdade”.

Por isso é de extrema importância não apenas “Pregar”, mas também Ensinar”.

 

2. O Mestre Divino.

 

1.   E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus (além de ser um dos principais dos judeus, segundo Frederick Fyvie Bruce, Nicodemos era membro do sinédrio, (confira João 3.1 e 7.47-52), o alto tribunal dos judeus).

2.   Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele (Nicodemos pode ter tido uma compreensão deficiente sobre quem era JESUS, mas pelo menos não estava cegado por preconceitos, como aqueles líderes religiosos cuja reação as palavras e obras de JESUS foi atribui-las a atividade demoníaca (veja João 8.48,52, Marcos 3.22ss.).

João 3.1,2

Nicodemos percebeu que JESUS não era um mestre como ele (João 3.10), e também não era como os demais mestres em Israel, Nicodemos percebeu que JESUS não era um mestre simplesmente da religiosidade, mas de DEUS (João 3.2).

Observemos as palavras de JESUS a Nicodemos;

Jesus respondeu e disse-lhe: Tu és mestre de Israel e não sabes isso?

João 3.10

Estas palavras de JESUS a Nicodemos nos mostram que é perfeitamente possível um homem ocupar um “alto cargo eclesiástico”, uma “alta posição religiosa” e ainda assim ser um ignorante no que diz respeito as “coisas de DEUS”.

Nicodemos teve a humildade para perceber e aceitar que JESUS era (e é) o Mestre Divino.

3.      O Mestre da humildade.

4.   levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se.

5.   Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.

6.   Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?

João 13.4-6

Você já se perguntou alguma vez, porque JESUS lavou os pés dos discípulos? É possível que você se surpreenda.

Com esse gesto, JESUS nos ensina que privilégios não implicam orgulho, mas humildade. JESUS sabia quem era. Sabia de onde tinha vindo e para onde estava indo. Sabia sua origem e seu destino. Sabia que era o Rei dos reis, o Filho do DEUS altíssimo. Sabia que o Pai tudo confiara a suas mãos e que era o soberano do universo. Contudo, sua majestade não o levou à auto exaltação, mas à humilhação mais profunda. O que ele sabia determinou o que ele fez.

Sua humildade não procedeu da sua pobreza, mas da sua riqueza. Sendo rico, fez-se pobre. Sendo rei, fez-se servo. Sendo

DEUS, fez-se homem. Sendo soberano do universo, cingiu-se com uma toalha e lavou os pés dos discípulos.

Era costume que, antes de se assentarem à mesa, as pessoas lavassem os pés. Os discípulos tinham vindo de Betânia. Seus pés estavam cobertos de poeira. Eles não podiam assentar-se à mesa antes de lavar os pés. Esse era o serviço dos escravos, principalmente do escravo mais humilde de uma casa.

Ali não havia servos. JESUS esperou que eles tomassem a iniciativa de lavar os pés uns dos outros. Mas eles eram orgulhosos demais para fazer um serviço de escravo. Ninguém tomou a iniciativa. Aliás, os discípulos abrigavam no coração a dúvida de quem era o mais importante entre eles (Lucas 22.24- 27). O vaso de água, a bacia, a toalha-avental, dispostos ali à vista de todos, os acusavam. Esses utensílios constituíam uma acusação silenciosa contra aqueles homens! Mesmo assim, ninguém se mexia.

Eles pensavam que privilégios implicava grandeza, reconhecimento, aplausos e regalias. JESUS, porém, reprova a atitude deles, mostrando-lhes que, entre os que o seguem, mede-se a grandeza de qualquer um pelo serviço prestado. Donald Arthur Carson (teólogo e professor do Novo Testamento) diz corretamente que os discípulos ficariam felizes em lavar os pés de JESUS; eles não podiam conceber, entretanto, a ideia de lavar os pés uns dos outros, visto que essa era uma tarefa normalmente reservada aos servos inferiores.

Como anda o nosso “grau de humildade” perante a “Igreja” de Cristo???

 

2- O Ensino das Escrituras na Igreja do Primeiro Século

 

1. Uma ordem de Jesus.

19.   Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

 

 

20.   ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!

Mateus 28.19,20

Podemos estar certos de que, esta ordem de JESUS é dada a todos os seus discípulos verdadeiros ao redor do planeta, e, de maneira específica, á Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres, que são pessoas dotadas por JESUS com “Dons Ministeriais” , querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, (Efésios 4.11,12). Na área do ensino, o “Dom Ministerial” mais destacado e exigido é o de Mestre, Doutor (veremos mais detalhes sobre isto no tópico 3).

 

2. A doutrina dos apóstolos.

42.   E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na

comunhão, e no partir do pão, e nas orações.

 

43.   Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.

Atos 2.42,43

Ian Howard Marshall (notável estudioso do Novo Testamento) observa que os

cristãos da “Igreja” primitiva participavam de 4 atividades fundamentais.

1- havia a “Doutrina dada pelos Apóstolos”. 2- Havia “Comunhão”.

3-    Havia o “Partir do Pão” (termo que Lucas emprega para o que Paulo chama de “Ceia do SENHOR”, embora alguns eruditos acreditem que este “partir do pão” se tratava apenas de uma refeição comum entre os “irmãos” sem ligação com a “ceia do SENHOR”).

4-    Havia perseverança nas orações.

 

 

Onde há “Doutrina Bíblica”, “Comunhão”, “Partir do Pão” e “Orações”, certamente há “Temor” e consequentemente, “muitas Maravilhas da parte de DEUS.

 

3. Ensinamento persistente.

Quando JESUS disse; “ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mateus 28.19,20). Ele nunca disse que seria fácil, nunca foi fácil para homens e mulheres de DEUS viver de maneira santa em um mundo cada vez mais corrompido pelo pecado. Mas, é preciso perseverar para fazer aquilo que JESUS requer de nós, sem desanimar, pois Ele disse;

“Eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!”

(Mateus 28.20)

3- A Importância do Dom Ministerial de Mestre

 

1.     Uma necessidade urgente da “Igreja”.

2.     A Responsabilidade de um discipulado contínuo.

Para um ministério de ensino eficaz na “Igreja” local é preciso haver pessoas preparadas para ensinar, o dever do Mestre ou Doutor da Palavra é ensinar e preparar outras pessoas para que estejam capacitadas para ensinar. Não é obrigatório ter o Dom Ministerial de Mestre para ensinar, mas aqueles que tem o Dom Ministerial de Mestre tem uma capacidade a mais (sobrenatural, extra) para ensinar a “Igreja”.

Mas, infelizmente muitas “Igrejas” não oram pedindo a DEUS que envie mais Mestres da Palavra, nem se quer se lembram que existe o Dom Ministerial de Mestre da Palavra, muitas “Igrejas” não valorizam o Dom Ministerial de Mestre, pelo fato de o Mestre da Palavra ser estritamente Bíblico e não aceitar “inovações” no Evangelho. É necessário um discipulado contínuo na/e da “Igreja”, e para isso a Presença dos Mestres da palavra e indispensável.

Apóstolos e Evangelistas têm a tarefa específica de plantar a “Igreja” em cada lugar, Profetas a de trazer uma palavra específica de DEUS para uma dada situação, Os Pastores e Mestres são dotados para assumirem a responsabilidade pela edificação da “Igreja” dia a dia.

 

A “Igreja” onde mestres e teólogos estão calados não terá firmeza na verdade. Tal “Igreja” aceitará inovações doutrinárias sem objeção e nela, as práticas religiosas e ideias humanas serão de fato o guia no que tange à doutrina, padrões e práticas dessa “Igreja”, quando deveria ser a Verdade Bíblica”.

 

3.     Requisitos Necessários ao Mestre.

Vejamos algumas características de quem tem o Dom Ministerial de Mestre (ou Doutor)

 

-   Precisa validar a verdade por si mesmo. Isso está no centro de quem ele é. Ama o conhecimento.

-   Não recebe coisas novas imediatamente. Olha as coisas de diferentes ângulos.

 

-   Quer detalhes em primeira mão. Valoriza a precisão no compartilhamento de detalhes. Às vezes exagera nos detalhes.

-   Processa e toma decisões lentamente. Pode retardar as pessoas impulsivas que tiram conclusões precipitadas.

-   É uma pessoa muito segura emocionalmente.

-   Tem um profundo compromisso com a família e tradição.

-   É visto como uma pessoa que inspira segurança porque é paciente com aqueles que estão em pecado. Ele está disposto expor toda a situação e permitir que a outra pessoa escolha fazer o que é certo e se reconciliar.

-   Resiste ao uso de histórias e ilustrações pessoais ao falar ou pregar. Prefere lidar com a doutrina pura de maneira teológica. Ama grego e hebraico.

-   Tende a não querer iniciar um processo até que ele possa ver o final do processo.

-   Tende a ser o último a falar em um grupo. Ele vai ouvir e observar, vendo as coisas de todos os ângulos, então resumir tudo.

-   Não rejeita novas ideias imediatamente. Não avança tão rapidamente quanto os visionários acham que deveria.

-   Procura mais validação. Procura mais credenciais para atestar sua competência.

-   Não está disposto a impor responsabilidades aos outros. Acha difícil obrigar alguém a fazer o que é certo. Sua tendência natural é explicar,

raciocinar e expor a verdade, esperando que a outra pessoa capte a verdade e aja voluntariamente.

-   Não é facilmente desviado da verdade. Pode manter os Dons mais impulsivos sob controle. Serve como âncora.

-   Quer verificar a verdade com sua sabedoria natural. Pode vir a lutar com o orgulho intelectual.

-   O Mestre ou Doutor precisa ter o cuidado de não se considerar superior ao Pastor ou dirigente de uma congregação, pelo fato de ter mais conhecimento que muitos Pastores e a grande maioria dos obreiros.

Humildade, modéstia, sabedoria e equilíbrio são qualidades indispensáveis aos que são dotados por DEUS de mais capacidade para se dedicarem ao ensino.

Mais cuidado ainda, deve ter o Mestre, pois dele será requerido mais, como diz Tiago:

Meus irmãos, muitos de vós não sejam Mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.

Tiago 3.1

 

Conclusão:

O Dom de Mestre, assim como os demais Dons são fundamentais para a edificação da “Igreja”. É preciso que a liderança da “Igreja” local saiba identificar quais os Dons presentes na “Igreja” local e que a liderança ensine o que é e como cada Dom funciona. Para isso é indispensável a presença dos Mestres da Palavra. Oremos para que DEUS levante mais cristãos com este maravilhoso Dom.

 

Fontes:

 

Bíblia de Estudo Pentecostal,

Enciclopédia Bíblica Russel Norman Champlin,

Bíblia de Estudo Explicada,

Comentários Expositivos Hagnos,

Revista Cristão Alerta 2º Trimestre de 2021,

Série Cultura Bíblica Ian Howard Marshall, Série Cultura Bíblica F.F. Bruce,

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal,

Comentário Bíblico Broadman,

Apontamentos teológicos professor José Junior.