2 de janeiro de 2014

O LIVRO DE ÊXODO E O CATIVEIRO DE ISRAEL NO EGITO



O LIVRO DE ÊXODO E O CATIVEIRO DE ISRAEL NO EGITO

                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Êxodo quer dizer “saída, caminho de saída, escape”.  Moisés foi testemunha ocular de quase tudo o que está registrado neste livro, exceção às primeiras informações, que recebeu da mesma forma que as registradas no Gênesis. Foi composto como sendo um diário, tendo sido registrado à medida em que os vários episódios se desenrolaram ao longo do tempo. É muito difícil decidir-se sobre um tema único que unifique todo o material variado deste livro. Segue-se disto que várias abordagens ao livro, seu conteúdo e estrutura são possíveis. Umas são mais geográficas, outras mais históricas e outras ainda, mais teológicas.

Uma primeira abordagem centra na parada no Sinai onde o povo redimido encontra-se com Deus e concorda em associar-se a uma aliança com Ele como centro teológico. A perseguição de Israel no Egito; o nascimento de Moisés, seu exílio e retorno ao Egito como líder de Israel; as pragas e a poderosa saída – o próprio êxodo – todos levam ao clímax do compromisso da aliança. Da mesma forma, tudo o que vem após – o estabelecimento de métodos de culto, sacerdócio e tabernáculo – fluem do concerto e permitem o mesmo ser posto em prática.

Uma segunda abordagem olha a presença de Deus com Israel e em meio a Israel como tema central. A presença salvadora de Deus com Israel resulta na sua libertação da escravatura egípcia. A presença continuada de Deus exige obediência ao compromisso da aliança e de culto.

Uma terceira abordagem focaliza o senhorio de Deus como tema teológico central. No Êxodo Deus é revelado como sendo Senhor da história (1.1-7.7), Senhor da natureza (7.8-18.27); Senhor do povo da aliança (19.1-24.14), e Senhor do culto (25.1-40.38).

Uma abordagem, das mais interessantes, que focaliza um tema teológico central, é a que divide o livro em duas partes, uma enfocando o nascimento físico (1.1-15.27) e outra o nascimento espiritual (16.1-40.38) da nação de Israel. Esta permite ver o paralelo com a grande verdade universal: o nascimento da raça humana fisicamente e o “novo” nascimento espiritual, o que também se aplica a cada ser humano individualmente.

Apesar de muitas vezes focalizar-se os 10 mandamentos como sendo o foco central do Êxodo, esta abordagem leva a grandes falhas de entendimento teológico da ação de Deus. Uma percepção teológica importante que se ganha no reconhecimento de que os caps. 20-23 são um concerto na sua natureza e não apenas uma lei, não dependendo de comparações com outras leis antigas da época. O livro do Êxodo não é um tratado legal abstrato e frio. É muito mais; é lei nascida de uma situação concreta do compromisso com a aliança de Jeová com a nação de Israel, que Ele mesmo libertou da escravatura egípcia.

Assim, este livro é a história de dois parceiros de um tratado – Deus e Israel. O Êxodo relata a narrativa de como Israel se tornou o povo de Deus e esclarece os termos do concerto pelos quais a nação deveria viver como povo de Deus. O Êxodo revela o caráter do Deus santo, fiel, poderoso e salvador que estabelece uma aliança com Israel. O caráter de Deus é demonstrado tanto pelo nome de Deus quanto pelos atos de Deus.

Deus se designa primeiramente como o “Eu sou”, que está presente para o Seu povo e atua em seu favor. Outro aspecto do nome de Deus é a designação de “Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”, que ilustra Deus como Aquele que é fiel às Suas promessas aos patriarcas.

Este livro também revela o caráter de Deus através de Seus atos, preservando a Israel da fome pelo envio de José ao Egito. Os faraós vinham e iam, mas Deus continuava o mesmo preservando o Seu povo através da opressão. Deus então resgata e salva, guia e provê, disciplina e perdoa. Uma grande revelação do caráter amoroso e imutável de Deus.

O êxodo também demonstra o caráter fraco do povo, ao tempo em que demonstra o plano de Deus olhando para o passado e apontando para um futuro de promessas cumpridas.

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre o livro do Êxodo. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I.         O LIVRO DE ÊXODO

"Segundo Livro de Moisés chamado Êxodo" é o título que introduz este livro aos leitores de nossa versão. Aceitamos esse título como uma descrição exata. Aqui desejamos mencionar apenas que a tradição da autoria mosaica do livro de Êxodo já era bem estabelecida no terceiro século A.C., conforme evidenciado pela referência ao fato no livro de Eclesiástico (45.5). Que a lei foi escrita por Moisés, é fato ensinado por Jesus Cristo (Mc 1.44; Jo 7.19-22), e por Seus discípulos (Jo 1.45; At 26.23). A afirmação que certas porções do livro foram escritas por Moisés aparece no próprio livro (Êx 17.14; Êx 24.4)

Dentro do livro nada entra em conflito com essa reivindicação da autoria mosaica. A freqüente menção do nome de Moisés, na terceira pessoa do singular, tem seus paralelos nos livros de Isaías e Jeremias, enquanto que o registro de sua chamada, em Êx 3, traz as mesmas marcas de autenticidade como os relatos daqueles dois autores. 

O livro de Êxodo é o livro da redenção. O nome grego "Êxodo" (lit. "saída") descreve aqui como Deus tirou os filhos de Israel da escravidão no Egito; mas por redenção compreendemos que o Redentor não apenas livra Seu povo da escravidão, mas também coloca esse povo em relação especial Consigo mesmo, fazendo dele Sua própria possessão adquirida, sua "propriedade peculiar" (Êx 19.5).

O início do livro descreve, portanto, a grande libertação do povo de Deus, Israel, o que culmina com a Páscoa e prefigura a redenção ainda maior operada no Calvário. Desse ponto o livro passa para o concerto estabelecido no monte Sinai, no qual Deus declarou que Israel era Seu povo, dando-lhes os dez mandamentos, enquanto que por sua vez eles aceitaram Jeová como seu Deus, comprometendo-se a obedecê-lo. Esse concerto foi o fundamento de sua existência nacional, do qual a nova aliança (ICo 11.25; Hb 8.6-13) forma o antítipo, com a chamada da Igreja. Finalmente, a história do estabelecimento do tabernáculo e de sua adoração provê a base sobre a qual a vida do povo redimido, em sua relação para com Deus, precisava ser mantida. Na nova aliança a base da comunhão com Deus é Cristo. O tabernáculo e sua adoração, portanto, provêm muitos tipos e prefigura Cristo (ver, por exemplo, Hb 8.5; Hb 9.1-11; Hb 10.1).


As referências no Novo Testamento justificam plenamente nossa posição que vê Cristo como o "cumprimento" deste livro. Nos milagres registrados vemos "sinais" da operação divina (conf. Jo 2.11), no concerto do Sinai vemos um precursor da nova aliança, e na adoração do tabernáculo vemos uma "sombra dos bens vindouros" (Hb 10.1). 

A segunda palavra em nosso texto, "pois" (em heb. aparecendo em primeiro lugar como conjunção copulativa "e") marca o livro de Êxodo como uma seqüência ao livro de Gênesis. O primeiro livro é composto de narrativas patriarcais, que parecem autobiografias; aqui, no segundo livro, temos a manifestação do poder de Deus no livramento de Seu povo e temos seu nascimento como nação. A adoração no tabernáculo é então elaborada no livro de Levítico. O livro de Números vê o povo como nômades no deserto e registra a adição de certas leis. O livro de Deuteronômio encontra-os olhando para a terra prometida, do outro lado do Jordão, recebendo de Moisés suas exortações finais e sua constituição nacional. Dessa maneira vemos que o livro de Êxodo é uma parte integral do plano do Pentateuco.

II.                O NASCIMENTO DE MOISÉS

"E foi-se um varão da casa de Levi e casou com uma filha de Levi. E a mulher concebeu, e teve um filho, e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses. Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos e a betumou com betume e pez; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à borda do rio. E a irmã do menino postou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer" (versículos l a 4).

Aqui temos uma cena de tocante interesse, qualquer que seja o ponto de vista por que a encaramos. Na realidade, era simplesmente o triunfo da fé sobre as influências da natureza e da morte, deixando lugar para que o Deus da ressurreição agisse na Sua esfera e no caráter que Lhe é próprio. É certo que o poder do inimigo está patente, visto a criança ter de ser colocada em tal posição — em princípio, uma posição de morte. E, além disso, era como se uma espada atravessasse o coração da mãe ao ver o seu filho precioso exposto à morte. Satanás podia agir e a natureza podia chorar; contudo, o Vivificador dos mortos estava detrás daquela nuvem sombria e a fé via-O ali iluminando o cume dessa nuvem com os Seus raios brilhantes e vivificadores. "Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei" (Hb 11:23).

Assim, esta digna filha de Levi ensina-nos uma santa lição. A sua arca de juncos betumada com betume epez proclama a confiança que ela tinha na verdade que havia qualquer coisa que, como no caso de Noé, "pregoeiro da justiça", podia defender aquele "menino formo­so" das águas da morte. Devemos nós supor que esta "arca" fosse apenas uma invenção humanai Foi inventada por previsão e habi­lidade do homem'?- Foi a criança colocada na arca por inspiração do coração da mãe, que alimentava a doce mas ilusória esperança de salvar, por esse meio, o seu ente querido da morte1? Se a nossa resposta a estas interrogações fosse afirmativa perderíamos, quanto a mim, o ensino precioso de todo o assunto. Como admitir a suposição que a "arca" fosse inventada por quem não via outro destino para o seu filho senão afogando-o? Não há outra maneira de encarar essa significante estrutura senão como um saque da fé apresentado na tesouraria do Deus da ressurreição. Aquela arca foi inventada pela fé, como vaso de misericórdia, para conduzir o "menino formoso" através das águas da morte ao lugar que lhe era designado pelos propósitos imutáveis do Deus vivo. Quando con­templamos esta filha de Levi curvada sobre aquela "arca" de juncos, que a sua fé havia construído, despedindo-se do seu filho, conclu­ímos que ela segue as mesmas pisadas que seu pai Abraão deu quando se levantou de diante do seu morto para comprar a cova de Macpela aos filhos de Hete (Gênesis, capítulo 23). 

Não vemos nela apenas a energia da natureza que se debruça sobre o objeto das suas afeições prestes a cair nas garras do rei dos terrores. Não, mas reconhecemos nela a energia da fé que a habilitou a postar-se, como vencedora, junto da margem do caudal frio da morte, observando o vaso escolhido de Jeová até que passe em segurança para a outra margem.

Sim, prezado leitor, a fé pode voar ousadamente a essas regiões que estão muito afastadas deste mundo de morte e vasta desolação; e com o seu olhar de águia atravessar essas nuvens que se acumulam sobre a sepultura e ver como o Deus da ressurreição cumpre os Seus desígnios eternos numa esfera onde os dardos da morte não podem jamais chegar. Ela pode postar-se sobre a Rocha dos Séculos e esperar em atitude de triunfo enquanto as vagas da morte bramam e se desfazem a seus pés.

Deixai-me perguntar: que valor tinha o mandamento do rei para alguém que possuía este princípio celestiais

Que importância tinha esse mandamento para uma mulher que podia permanecer calmamente ao lado da sua "arca de juncos" e encarar impavidamente a morte O Espírito Santo responde: "não temeram o mandamento do rei" (Hb 11:26). O espírito que sabe um pouco o que é ter comunhão com Aquele que ressuscita os mortos nada receia e pode fazer coro triunfante com I Coríntios 15: "Onde está, ó morte, o teu aguilhãoS Onde está, ó inferno, a tua vitoriai Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo". Pode pronunciar estas palavras de triunfo sobre Abel martirizado, sobre José no fundo da cova, sobre Moisés na arca de j uncos, sobre "a semente real" exterminada por mão de Atália e sobre os inocentes de Belém, assassinados por ordem do cruel Herodes; e, acima de tudo, no túmulo do Capitão da nossa salvação.

Contudo, é possível que alguns não possam distinguir a obra da fé na arca de juncos. Alguns talvez não possam ultrapassar a compreensão da irmã de Moisés, a qual se "postou de longe, para saber o que lhe havia de acontecer". É que a "sua irmã" não estava à altura da mãe pelo que respeitava à fé. Sem dúvida, havia nela esse profundo interesse, essa verdadeira afeição, que vemos em "Maria Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro" (Mt 27:61). Porém, naquela que fez a arca de juncos havia alguma coisa muito superior ao interesse ou afeto. E certo que a mãe do menino não se postou de longe para ver o que havia de acontecer ao seu filho; e, por isso, à semelhança do que acontece frequente­mente, a dignidade da fé poderia parecer, no seu caso, indiferença. Porém, não era indiferença, mas, sim, verdadeiro engrandecimen­to da fé. Se o afeto natural não a obrigava a ficar junto daquele ambiente de morte era apenas porque o poder da fé lhe havia confiado uma obra mais nobre na presença do Deus da ressurrei­ção. A fé dela havia aberto lugar para Deus naquele ambiente, e Ele manifesta-Se logo duma maneira gloriosa.

"E a filha de Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam pela borda do rio; e ela viu a arca no meio dos juncos e enviou a sua criada, e a tomou. E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele e disse: Dos meninos dos hebreus é este" (versículo 5-6). Aqui, pois, começa a soar a resposta divina em doce murmúrio aos ouvidos da fé. Deus intervinha em tudo isto. O racionalismo, o cepticismo, a infideli­dade, e o ateísmo, podem rir-se desta ideia. E a fé também; mas são risos diferentes. Os primeiros riem com desprezo da ideia da inter­venção divina num banal passeio duma princesa real pela margem do rio. A segunda ri de cordial contentamento ao pensar que Deus está em tudo. E, de fato, se alguma vez Deus interveio em qualquer coisa foi neste passeio da filha do Faraó, embora ela o não soubesse.

Uma das mais ditosas ocupações da alma regenerada é seguir as pegadas divinas em circunstâncias e acontecimentos que a mente irrefletida atribui ao acaso ou à fatalidade. Por vezes a coisa mais banal pode ser um importantíssimo elo numa cadeia de aconteci­mentos de que Deus Se está servindo para levar avante os Seus grandiosos desígnios. Vejamos, por exemplo, Ester 6:1; que encon-tramos? Um monarca pagão que passa uma noite inquieta. Nada há de extraordinário nisso, podemos supor; e no entanto, esta circuns­tância constitui um elo numa grande cadeia de acontecimentos providenciais, ao fim da qual surge a maravilhosa libertação dos descendentes oprimidos de Israel.

Assim sucedeu com a filha do Faraó e o seu passeio pela margem do rio. Mas ela não pensava que estava ajudando os intentos do "Senhor Deus dos hebreus"! Mal ela sabia que o bebé que chorava na arca de juncos viria ainda a ser o instrumento do Senhor para abalar a terra do Egito até aos seus alicerces! E contudo era assim. O Senhor pode fazer com que a cólera do homem redunde em Seu louvor (SI 76:10) e restringir o restante dessa cólera. Como a verdade deste fato transparece claramente nas palavras que se seguem!

"Então, disse sua irmã à filha de Faraó: Irei eu a chamar uma ama das hebréias, que crie este menino para tií- E a filha de Faraó disse-lhe: Vai. E foi-se a moça e chamou a mãe do menino. Então, lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino e cria-mo; eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino e criou-o. E, sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adoptou; e chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado" versículos (7a 10).

A fé da mãe de Moisés encontra aqui a sua inteira recompensa; Satanás fica embaraçado e a sabedoria maravilhosa de Deus é revelada. Quem poderia supor que aquele que havia dito às parteiras das hebréias "se for filho, matai-o", acrescentando, "a todos os filhos que nascerem lançareis no rio", havia de ter na sua própria corte um desses próprios filhos? O diabo foi vencido com as suas próprias armas, porque Faraó, de quem queria servir-se para frustrar os propósitos de Deus, foi usado por Deus para alimentar e educar esse Moisés, que havia de ser o Seu instrumento para confundir o poder de Satanás. Providência notável! Maravilhosa sabedoria! Certa­mente, "até isto procede do Senhor" (Is 28:29). Possamos nós confiar n'Ele com mais simplicidade, e então a nossa carreira será mais brilhante e o nosso testemunho mais eficaz.

III.   O ZELO PRECIPITADO DE MOISÉS E SUA FUGA

Meditando sobre a história de Moisés é necessário considerar este grande servo de Deus debaixo do ponto de vista duplo do seu caráter pessoal e o seu caráter figurativo.

No caráter pessoal de Moisés há muito, muitíssimo, que apren­der. Deus teve não só de o elevar como de o treinar, dum e doutro modo, durante o longo espaço de oitenta anos: primeiro na casa da filha do Faraó e depois "atrás do deserto". À nossa fraca mentalidade oitenta anos parecem muito tempo para a preparação dum ministro de Deus. Mas os pensamentos de Deus não são os nossos pensamen­tos. O Senhor sabia que eram necessários esses dois períodos de quarenta anos para preparar o Seu vaso eleito. Quando Deus educa alguém, fá-lo duma maneira digna de Si e do Seu Santo serviço. O seu trabalho não o confia a noviços. O servo de Cristo tem muitas lições que aprender, deve passar por vários exercícios e padecer muitos conflitos em segredo antes de estar realmente apto a agirem público. A natureza humana não gosta deste método — prefere evidenciar-se em público a aprender em particular. Gosta mais de ser contemplada e admirada pelos homens do que de ser disciplina­da pela mão de Deus.
Porém isto não serve. Nós temos que seguir o caminho traçado pelo Senhor.

A natureza pode precipitar-se no campo das operações, mas Deus não a quer ali. É necessário que aquilo que é humano seja quebran­tado, consumido e posto de lado: o lugar que lhe compete é o da morte. Se a natureza teima em entrar em atividade, Deus, na Sua fidelidade infalível e na Sua perfeita sabedoria, ordena as coisas de tal maneira que o resultado dessa atividade se transforma em fracasso e confusão. Ele sabe o que há de fazer com a nossa natureza, onde deve ser colocada e como guardá-la. Oh! que todos possamos estarem mais íntima comunhão com Deus no que diz respeito aos Seus pensamentos quanto ao "eu" e tudo que com ele se relaciona. Assim cairemos menos em erro, a nossa vida será mais fiel e moralmente elevada, o nosso espírito estará tranquilo e o nosso serviço será, então, mais eficiente.

"E aconteceu naqueles dias que, sendo Moisés já grande, saiu a seus irmãos e atentou nas suas cargas; e viu que um varão egípcio feria a um varão hebreu, de seus irmãos. E olhou a uma e a outra banda, e, vendo que ninguém ali havia, feriu ao egípcio e escondeu-o na areia" versículos (11-12). Moisés mostra aqui zelo por seus irmãos "mas não com entendimento" (Rm 10:2). Ainda não che­gara o tempo determinado por Deus para julgar o Egito e libertar Israel, e o servo inteligente deve aguardar sempre o tempo de Deus. Moisés era "já grande" e "instruído em toda a ciência dos egípcios"; e, além disso, "cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar liberdade pela sua mão" (At 7:25). Tudo isto era verdade, todavia, ele correu, evidentemente, antes de tempo, e quando alguém procede assim o resultado é o fracasso.

E não só o fracasso como também manifesta incerteza, falta de serena devoção e santa independência no progresso de um trabalho começado antes do tempo determinado por Deus. Não há necessidade disto quando se age com e para Deus e na plena compreensão dos Seus pensamentos quanto aos pormenores da Sua obra. Se o tempo determinado por Deus tivesse realmente chegado, e se Moisés sentisse que havia sido incumbido de executar a sentença de Deus sobre o egípcio, se sentisse ainda a presença divina consigo, não teria olhado "a uma e outra banda."

A valente tentativa de Moisés para ajudar seu povo terminou em fracasso. Temendo a vingança de Faraó, ele fugiu para a terra de Midiã, onde viveu duran­te os próximos quarenta anos. Ali foi favoravelmente recebido no lar de Reuel, sacerdote em Midiã, que também atendia pelo nome de Jetro. No decurso do tempo Moisés se casou com a filha de Reuel, Zípora, tendo-se acomodado à vida de pastor no deserto de Midiã. Mediante a experiência obtida do pastoreio de rebanhos, na região que circunda o golfo de Acaba, sem dúvida alguma Moisés adquiriu completo conhecimento daquele território. Sem ter consciência de sua relevância, ele recebeu excelente preparação para conduzir Israel através desse deserto, muitos anos depois

CONCLUSÃO
Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da escola dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.


                                                       Ev. JOSÉ COSTA JUNIOR