16 de dezembro de 2021

A Coragem do Apóstolo Paulo Diante da Morte

 

A Coragem do Apóstolo Paulo Diante da Morte

 

 

Texto Áureo:

 

E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal.

2 Coríntios 4.11

Apanhado em aflições e perseguições, Paulo se via continuamente exposto à morte. É o que lemos em Romanos 8:36: “ Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro”. Todavia, quando o apóstolo concorda em ser entregue “ à morte o dia todo”, ele passa a compartilhar, dessa maneira, o destino de Jesus (cf. Colossenses 1:24), e ao mesmo tempo descobre que a vida oriunda da ressurreição do Senhor manifesta-se em seu corpo (cf. 2 Coríntios 6:9). Assim é que aquele que proclama o Senhor crucificado e ressurreto descobre que o que é proclamado em sua mensagem também se toma exemplificado em sua vida. Por um lado, o pregador é diariamente submetido a forças que o arrastam para a morte, mas, por outro lado, ele é continuamente amparado, levado em triunfo, e torna-se mais do que vencedor, pela experiência da vida oriunda da ressurreição de Jesus que opera em seu corpo mortal (cf. Romanos 8:35-39; 2 Coríntios1:8-10; Filipenses 3:10; 4:12-13).

 

1- A Consciência de Paulo Quanto a Padecer por Jesus

 

 

1. A Insistência de Paulo em ir a Jerusalém.

 

 

10.             E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judéia um profeta, por nome Ágabo;(Como este nome não é comum, é perfeitamente possível que este fosse o mesmo Ágabo que anteriormente havia predito a fome sob o governo de Cláudio César, veja Atos 11.28).

11.             e, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo e, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão de quem é esta cinta e o entregarão nas mãos dos gentios.(Ágabo pronunciou a predição divinamente inspirada de que Paulo seria preso assim pelos judeus em Jerusalém, e entregue aos gentios (isto é, os governadores romanos). Deve-se observar que Agabo não disse a Paulo que não fosse a Jerusalém. Ele simplesmente o avisou daquilo que lhe aconteceria se fosse para lá).

12.             E, ouvindo nós isto, rogamos-lhe, tanto nós como os que eram daquele lugar, que não subisse a Jerusalém.(os irmãos insistiram que Paulo não fosse a Jerusalém. Não há dúvida a respeito do amor que estes crentes sentiam pelo grande apóstolo. É notório o amor que sentiam por Paulo, um dos líderes da “Igreja primitiva”, atualmente há muitos crentes que não sentem um genuíno amor por seus pastores, desejando que estes sejam transferidos para outro lugar ou destituídos da função de “lider”. Um cristão verdadeiro jamais age assim, mas ora constantemente por seus líderes e pelos familiares dos líderes).

13.             Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? (Archibald Alexander (pastor presbiteriano dos EUA) explica que; “Magoar (literalmente, “esmagar, estremecer”) meu coração, i.e., enfraquecer, até onde vocês podem, a minha coragem, e se esforçarem para sacudir a minha decisão, trabalhando com os meus próprios medos e a minha simpatia com o seu sofrimento”). Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.(O apóstolo declarou a sua disposição não somente para ser preso, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus. Paulo não se deixou guiar pelo bom desejo dos irmãos na fé, mas sim pelo Espírito Santo de Deus, isto é algo notável, muitas vezes os nossos irmãos e amigos, podem estar muito bem intencionados, mas nem sempre suas boas intenções estarão de acordo com a vontade de Deus).

14.             E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor! (Esta sempre deve ser a conclusão a que devem chegar os cristãos consagrados. Afinal, a discussão terminou, esta é a palavra final).

Atos 21.10-14

 

2.                De Mileto para Tiro.

3.                E, indo à vista de Chipre, deixando-a à esquerda, navegamos para a Síria e chegamos a Tiro; porque o navio havia de ser descarregado ali.

4.                E, achando discípulos, ficamos ali sete dias; e eles, pelo Espírito, diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém.(Alguns destes cristãos tinham o dom da profecia, e, pelo Espírito, advertiram Paulo contra a sua ida a Jerusalém. Sendo, porém, que Paulo se sentia sob constrangimento divino para ir para Jerusalém, esta advertência profética parece contraditória, haja visto que Paulo sentia-se impelido pelo Espírito Santo a ir a Jerusalém. A solução mais simples é que os cristãos em Tiro foram levados pelo Espírito a prever sofrimento para Paulo em Jerusalém e, portanto, por impulso próprio, insistiam para que ele não fosse).

5.                E, havendo passado ali aqueles dias, saímos e seguimos nosso caminho, acompanhando-nos todos, cada um com sua mulher e filhos até fora da cidade; e, postos de joelhos na praia, oramos.

6.                E, saudando-nos uns aos outros, subimos ao navio; e eles voltaram para casa. (Quando o navio estava pronto para partir, Paulo e os companheiros continuaram a viagem, mas não sem uma cena emocionante de despedida. A solenidade da cena indica que nunca mais esperavam ver a Paulo. A menção das mulheres e filhos, sem motivo especial, indica a veracidade histórica; em tão pouco tempo, Paulo e seus companheiros chegaram a ser altamente estimados pelas famílias que os hospedavam.

7.                E nós, concluída a navegação de Tiro, viemos a Ptolemaida; e, havendo saudado os irmãos, ficamos com eles um dia.

Atos 21.3-7

 

3. Passando por Cesareia.

8.                 No dia seguinte, partindo dali Paulo e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.( Hernandes Dias Lopes (pastor, teólogo e escritor presbiteriano) diz que; “Filipe se estabelecera na cidade de Cesaréia havia cerca de vinte anos (Atos 8.40). Desde então, sua família crescera (Atos 21.9).A magnífica cidade de Cesareia fora construída por Herodes, o Grande, para servir como porto para Jerusalém. Paulo se hospedou na casa de Filipe, que fugira de Jerusalém por causa da perseguição, quando Estêvão, seu companheiro, foi morto com a participação de Paulo. No passado Filipe teve de fugir do perseguidor Saulo.

Agora os dois estão juntos como irmãos, o perseguidor como hóspede na casa do perseguido. O agir de Deus é maravilhoso e surprendente”).

9.                 Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam.(Aparentemente as filhas de Filipe não profetizaram acerca daquilo que aconteceria a Paulo. Mas certamente suas profecias eram verdadeiras e para a edificação dos ouvintes). Atos 21.8,9

 

2 A Coragem Para Enfrentar as Ameaças de Morte

 

1. A coragem do apóstolo pela voz do Espírito.

Para uma melhor compreensão deste tópico veja o subtópico 1 do tópico 1.

13.             Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.

14.             E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor!

Atos 21.13,14

Paulo sabia que seria preso em Jerusalém, embora seus amigos tivessem lhe pedido que não partisse de cesaréia, o apóstolo sabia que deveria partir pois esta era a vontade de Deus. Ninguém aprecia a dor, mas um discípulo fiel quer, acima de tudo, agradar a Deus. Nossa vontade de agradar a Deus deve superar nosso desejo de evitar o sofrimento e a dor.

 

2. A chegada em Jerusalém.

15.             Depois daqueles dias, havendo feito os nossos preparativos, subimos a Jerusalém. (Certamente não foi fácil para Paulo ir a Jerusalém, pois ele sabia sobre todo o sofrimento que o esperava. Muitas vezes não é fácil fazer a vontade de Deus, mas, precisamos ter em mente que, na Eternidade, ninguém jamais se arrependerá de ter feito a vontade de Deus).

16.             E foram também conosco alguns discípulos de Cesaréia, levando consigo um certo Mnasom, natural de Chipre, discípulo antigo (isto é, um dos primeiros judeus de origem grega convertido ao cristianismo), com quem havíamos de hospedar-nos.

17.             E, logo que chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de muito boa vontade.

Atos 21.15-17

 

Observando bem o Livro de Atos, podemos perceber que Lucas (escritor de Atos) dedica espaço considerável ao registro da última visita de Paulo a Jerusalém, não porque a visita fosse importante em si mesma, mas porque provou a final rejeição do Evangelho da parte da maioria do povo de Jerusalém.

 

3. Paulo se depara com seus oponentes judeus.

18.             No dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali.

19.             E, havendo-os saudado, contou-lhes minuciosamente o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios.(Paulo não está se vangloriando como fazem alguns pregadores do Evangelho, os anciãos precisavam receber infirmações atualizadas e minuciosas sobre o que o Senhor estava fazendo entre os gentios, isto é, os não judeus).

20.             E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zelosos da lei.(Estes cristãos que estavam tão comprometidos com sua “judaicidade” louvaram a Deus por aquilo que Paulo estava fazendo e o chamaram de “irmão”).

21.             E acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo o costume da lei.(Havia rumores de que o apóstolo Paulo foi pregar e ensinar contra Moisés e contra a lei. Isso poderia causar problemas em Jerusalém. Era necessário uma explicação detalhada sobre a mensagem pregada por Paulo. Explicação esta que aconteceria, mas mesmo assim, a maioria dos judeus rejeitaria a mensagem do apóstolo).

Atos 21.18-21

 

3- Acusações e a Prisão de Paulo no Templo

 

1.                As acusações mentirosas contra Paulo.

2.                A prisão do apóstolo e o enfrentamento contra seus algozes.

 

Paulo foi acusado injustamente (Atos 21.27-30), e quase foi morto por seus algozes (Atos 21.31).

O cristão deve ter em mente que, para pregar o Evangelho de forma clara, fiel, sem legalismos e sem achismos, será necessário passar por momentos muito difíceis. Momentos estes em que o cristão necessitará estar em estreita comunhão com Deus.

3.                Paulo dialoga com Lísias.

37.             E, quando iam introduzir Paulo na fortaleza, disse Paulo ao tribuno: É-me permitido dizer-te alguma coisa? E ele disse: Sabes o grego?

38.             Não és tu, porventura, aquele egípcio que antes destes dias fez uma sedição e levou ao deserto quatro mil salteadores?(confundiram Paulo com um fugitivo procurado pelo império romano, mas logo perceberam que estavam enganados)

39.             Mas Paulo lhe disse: Na verdade, eu sou um homem judeu, cidadão de Tarso, cidade não pouco célebre na Cilícia; rogo-te, porém, que me permitas falar ao povo.

40.             E, havendo-lho permitido, Paulo, pondo-se em pé nas escadas, fez sinal com a mão ao povo; e, feito grande silêncio, falou-lhes em língua hebraica, dizendo:

Atos 21.37-40

Conclusão

A atitude e disposição para sofrer pelo nome de Jesus tem sido abandonada nos tempos modernos. Hoje em dia, para muitos, ser cristão tornou-se um tipo de “status”, mas sem um real compromisso com Deus e sua Palavra.

 

 

Fontes

Comentário Bíblico Matthew Henry,

Comentário Expositivo Hagnos,

Bíblia do Expositor,

Bíblia de Estudo Explicada,

Atos,

introdução e comentário Ian Howard Marshall,

Bíblia de Estudo MacArthur,

Apontamentos teológicos professor José Junior.