5 de julho de 2017

O Único Deus Verdadeiro e a Criação


O Único Deus Verdadeiro e a Criação

 

Texto Áureo = "E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor." (Mc 12.29)

 

Verdade Prática = Cremos em um só Deus, o Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – DEUTENÔMIO 6: GENESIS 1

 

HINOS SUGERIDOS: 99, 216, 526 DA HARPA CRISTÃ

 

INTRODUÇÃO

 

A DOUTRINA BÍBLICA DE DEUS COMO CRIADOR

 

A Escritura afirma existir só o Deus verdadeiro em oposição a todos os deuses criados pela superstição dos homens. O assunto é bastante longo, se quisermos tratá-lo com mais diligência. Eu me darei por satisfeito, no entanto, apresentando-o como um resumo que ajude as mentes piedosas a saberem que é que devem investigar a respeito de Deus, nas Escrituras —, dirigindo-se ao exato objetivo de sua indagação. Não faço referência ao pacto especial por meio do qual Deus distinguiu a raça de Abraão de outras gentes (Gn 17.4).

 

Ora, quando por graciosa adoção recebeu como filhos àqueles que eram seus inimigos, mostrou-se, então, seu Redentor. Nós, no entanto, até aqui nos movemos neste conhecimento que se limita à criação do mundo e nem chega a Cristo, o Mediador. Ainda que mais adiante seja necessário citar algumas passagens do Novo Testamento, visto que dele também se pode provar não só o poder de Deus, como Criador, mas também sua providência na preservação da natureza primária —, quero, contudo, que os leitores, devidamente avisados, não vão além dos limites estabelecidos, quanto ao que me proponho agora a fazer. Em suma, que seja suficiente agora aprender como Deus, o Criador do céu e da terra, governa o mundo que Ele criou. Na verdade, nas Escrituras, celebra-se repetidamente não só a bondade paternal de Deus, mas também a sua vontade inclinada à beneficência, oferecendo-se também, nas Escrituras, exemplos da severidade de Deus, exemplos que mostram ser Ele vingador dos feitos iníquos, especialmente onde sua tolerância nenhum proveito traz aos obstinados.

 

A BÍBLIA E A CRIAÇÃO ATESTAM, IGUALMENTE, OS ATRIBUTOS DIVINOS

 

Os Profetas, aliás, caracterizam a Deus com esses mesmos epítetos (= nomes), quando querem realçar plenamente o seu santo nome. Para que não sejamos obrigados a fazer uma lista de muitas referências, contentemo-nos, por agora, com o Salmo 145, no qual se enumera, de modo preciso, a sumula de todas as virtudes de Deus e nada parece ficar omitido. No entanto, nada se diz nesse Salmo que não se possa contemplar nas criaturas. Portanto, guiados pela experiência, como nossa mestra, sentimos que Deus é exatamente como a Palavra diz que Ele é.

 

No profeta Jeremias onde Deus diz de que modo quer ser conhecido por nós, o Senhor faz uma descrição não tão completa como a do Salmo 145, descrição que, no entanto, acaba sendo praticamente a mesma: “Quem se gloria”, diz que o Senhor, glorie-se nisto: Em me conhecer e saber que eu sou o Senhor, e faço misericórdia, juízo, e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor (Jr 9.24).

 

Certamente, nos é necessário conhecer estas três coisas: A Misericórdia, na qual repousa a salvação de todos nós; o Juízo que, todos os dias, se exerce contra os malfeitores, reservando-se-lhes, ainda mais severamente, a eterna ruína; a Justiça pela qual Deus preserva os fiéis e os assiste benignamente. Conhecendo estas três coisas, a profecia nos assegura que temos matéria suficiente para nos gloriarmos em Deus. Contudo, nem deste modo pode-se deixar de considerar em Deus a verdade, o poder, a santidade e a bondade, pois de que modo se poderia evidenciar o conhecimento que se requer da justiça, da misericórdia e do juízo de Deus, a não ser que esse conhecimento estivesse calcado na sua verdade inflexível? E como poderíamos crer que Deus governa a terra em juízo e justiça, se não reconhecêssemos que Ele tem poder? E de onde tiraria Ele a misericórdia, senão da bondade? Se, finalmente, todos os caminhos de Deus são misericórdia, juízo e justiça, eminente também, nesses caminhos, é a santidade.

 

Portanto, o conhecimento que as Escrituras nos apresentam a respeito de Deus, não tem outro objetivo senão aquele que brilha gravado nas criaturas ou, seja, é o conhecimento que, em primeiro lugar, nos convida ao temor de Deus; em seguida nos convida a confiar nEle para, na verdade, aprendermos a cultuá-lo não só com perfeita inocência de vida, mas também com não fingida obediência e, desse modo, aprendamos a depender totalmente de sua bondade.

 

DIANTE DA NOÇÃO QUE TEMOS DO DEUS ÚNICO, OS IDÓLATRAS NÃO TÊM DESCULPAS.

 

Mas, em decorrência do fato de todos serem arrastados ou impelidos, pela vaidade, a falsas invenções, e assim terem embotado os seus sentimentos, tudo quanto pensaram do Deus único — em bases naturais — nada lhes valeu, senão que se tornassem indesculpáveis. Até mesmo os mais sábios de todos eles põem à mostra a divagação errante da própria mente, quando anseiam pela assistência de um Deus — qualquer que seja ele —, por isso, em suas preces invocam a divindades incertas. Acrescente-se a isso que, pelo fato de imaginarem que a natureza de Deus é múltipla — ainda que o seu sentimento, em relação à divindade, fosse menos absurdo do que o sentir do vulgacho em relação aJúpíter, Mercúrio, Vênus, Minerva e outros deuses —mesmo os mais sábios não escaparam das enganosas sutilezas de Satanás.

E como já dissemos em outro lugar (nesta obra), todos e quaisquer artifícios que os filósofos imaginaram com argúcia, não diminuem o seu crime de apostasia, mas tornam evidente que a verdade de Deus foi corrompida por todos eles.

Por essa razão, o profeta Habacuque, onde condena a todos os ídolos, ordena que se busque a Deus no seu templo (2.20), para que os fiéis não admitissem outro Deus, a não ser aquele que se revelou por sua Palavra. É abominação atribuir forma visível a Deus. Os que se apartam do Deus verdadeiro, criam ídolos para si.

 

REPRESENTAR A DEUS POR MEIO DE IMAGENS É CORROMPER A SUA GLÓRIA

 

Como as criaturas levam em conta o limitado, tacanho e medíocre conhecimento humano, costumam elas expressar-se de modo acessível à mente popular, quando seu objetivo é distinguir o Deus verdadeiro dos deuses falsos. Elas contrastam o Deus verdadeiro com os ídolos e, ao fazerem isso, as Escrituras não estão aprovando o que de mais sutil e elegante os filósofos ensinaram, mas estão, antes, desnudando a loucura do mundo — mais do que isso, a sua completa loucura —, quando, ao buscar a Deus, cada um, a todo tempo, se apega às suas próprias especulações.

 

Por essa razão, a definição que, por toda parte, se mostra a respeito da unicidade de Deus, reduz a nada tudo quanto os homens inventaram para si no que diz respeito à Divindade, pois somente o próprio Deus é testemunha idônea de Si Mesmo.

Por isso, pelo fato de este embrutecimento degradante ter-se apossado do mundo inteiro, de maneira que os homens procurassem representar a Deus de forma visível — forjando deuses de madeira, de pedra, de ouro, de prata ou de outro material qualquer inanimado ou corruptível — temos de nos apegar ao seguinte princípio: Todas as vezes que se atribui a Deus qualquer forma de representação, a Sua glória é corrompida de ímpio engano.

 

Na Lei, depois de atribuir a Si Mesmo a glória da Divindade, quando quer ensinar que tipo de adoração aprova ou rejeita, Deus acrescenta imediatamente: “Não farás para ti imagens esculpidas, nem semelhança qualquer” (Ex 20.4), palavras com as quais nos proíbe o desenfreamento de tentar representá-lo por meio de qualquer figura visível. E mostra, de maneira breve, todas as formas pelas quais, desde há muito tempo, a superstição dos homens começou a transformar a sua verdade em mentira.

 

Ora, sabemos que os persas adoravam o Sol e, também, sabemos que outros povos estultos inventaram para si outros tantos deuses quantas são as estrelas que viam nos céus. Para os egípcios não houve nenhum animal que não representasse uma divindade. Já os gregos — devemos reconhecer —, parece, foram mais sábios do que os demais povos, pois adoravam a Deus sob forma humana.

 

 

Deus, porém, não compara essas imagens entre si, como se uma fosse mais apropriada do que outras; ao contrário, repudia a todas as efígies esculpidas, sem exceção, incluindo pinturas e outras representações por meio das quais os supersticiosos imaginaram que Ele devia estar perto. 

 

REPRESENTAR A DEUS POR MEIO DE IMAGENS É CONTRARIAR O SEU SER

 

Das razões que Deus acrescenta às proibições é fácil concluir o seguinte: Primeiro, em Moisés (Dt 4.15): ‘lembra-te do que o Senhor te falou no vale do Horebe: Ouviste uma voz, não viste corpo; guarda-te, portanto, a ti mesmo, para que não aconteça que, porventura, enganado, faças para ti qualquer representação’ etc. Aí vemos corno Deus opõe sua voz abertamente a todas as representações, a fim de sabermos que os que buscam representá-lo deforma visível, se afastam dEle.

 

Entre os Profetas, será suficiente citar só Isaías, que é o mais enfático ao demonstrar isto, pois ele ensina que a majestade de Deus é manchada de vil e absurda invenção, quando o incorpóreo é feito semelhante à matéria corpórea, quando o invisível é representado de forma visível ou quando o espírito é feito semelhante à coisa inanimada ou, ainda, quando o imenso é reduzido a um pedaço de madeira, de pedra ou de ouro (Is 40.18; 41.7,29; 45.9 e 46.5).

 

Paulo também raciocina de modo idêntico: “Visto que somos geração de Deus, não devemos pensar que o Divino é semelhante ao ouro, e à prata trabalhada pela arte ou invenção do homem” (At 17.29). Disto fica claro que qualquer estátua que se erige ou imagem que se pinta, para representar a Deus, simplesmente o ofende como também afronta à sua majestade.

 

E não devemos admirar-nos do fato de o Espírito Santo, do céu, proclamar estes oráculos, pois Ele compele até mesmo os cegos e idólatras da terra a fazerem essa confissão. A queixa de Sêneca, que se lê em Agostinho, é muita conhecida. Diz ele: “Dedicam os deuses sagrados, imortais e invioláveis em matéria mui vil e desprezível, revestindo-os com a aparência de homem e de feras; algumas até os representam como hermafroditas (= sexos misturados) e corpos diversos, e os chamam de divindades, são figuras que, se recebessem vida, seriam tidas por monstros, quando as víssemos!”

 

Disto se evidencia novamente, mui às claras, que se apóiam em inútil sofisma os que defendem as imagens, dizendo que elas foram proibidas aos judeus, porque eles eram inclinados à superstição. Como se pertencesse a um só povo aquilo que Deus, na verdade, revela de sua eterna essência e da contínua ordem da natureza! E Paulo, quando impugnou o erro em representar a Deus, por meio de imagem, não estava falando aos judeus, mas aos atenienses.

 

AS MANIFESTAÇÕES E SINAIS QUE MOSTRAM A PRESENÇA DE DEUS, NÃO SERVEM DE BASE PARA AS IMAGENS.

 

O fato de, vez por outra, Deus ter mostrado a presença de sua majestade divina por meio de sinais definidos, nos Leva à conclusão de que se poderia dizer que Ele foi visto face a face. Porém, todos os sinais com que Deus se manifestou aos homens, ajustavam-se mui adequadamente ao seu método de ensinar, ao mesmo tempo em que serviam de advertência aos homens, para dizer-lhes, explicitamente, que a sua essência é incompreensível:

 

Ora, a nuvem, a fumaça e a chama — se bem que fossem símbolos da glória celeste (Dt 4.11) —, como um freio interposto, impediam que as mentes de todos tentassem penetrar mais fundo (no conhecimento de Deus). Por isso, nem mesmo a Moisés — a quem Deus, contudo, se manifestou mais intimamente do que aos outros —, conseguiu, com suas súplicas, contemplar a face de Deus, mas recebeu, como resposta, que o homem não é apto para receber o impacto de tão grande esplendor (Ex 33.20).

 

O Espírito Santo apareceu em forma de pomba (Mt 3.16; Mc 1.10 e Lc 3.22), mas, pelo fato de ter-se desvanecido rapidamente, quem não percebe que, pelo símbolo de apenas um momento, os fiéis foram advertidos de que se deve crer no Espírito como um ser invisível, de modo que, contentes com o seu poder e graça, não evocassem para si nenhuma representação externa?

 

O ter Deus aparecido, de quando em quando, em forma de homem foi, na verdade, antecipação da futura manifestação em Cristo. Por isso, foi proibido aos judeus, de forma absoluta, abusarem deste pretexto, fazendo para si representação da Divindade sob figura humana.

 

O próprio propiciatório, onde, sob a Lei, Deus manifestou a presença do seu poder, foi de tal modo construído, que indicava ser a seguinte a mais excelente visão da Divindade: Ela ocorre quando as mentes são alcançadas acima de si mesmas, em admiração, uma vez que os Querubins, de asas estendidas, ocultavam a Deus, o véu o cobria e o próprio lugar, tão escondido, de si mesmo o ocultava (Ex25.17,18,21).

 

Portanto, salta aos olhos que os que tentam defender uma imagem de Deus ou de santos, citando o exemplo desses Querubins, estão enlouquecidos. Suplico, pois: Quê significavam essas “imagenzinhas” senão que não existem formas apropriadas pelas quais se possam representar os mistérios de Deus? Elas foram feitas para, velando com as asas o propiciatório, impedir não só que os olhos humanos vissem a Deus, mas também com quaisquer de todos os outros sentidos e, dessa forma, pusessem um paradeiro à temeridade dos homens.

 

 

Além disso, os Profetas, quando falam dos Serafins que lhes apareceram em visão, mostram-nos com a face velada e, com isso, dão-nos a entender que o fulgor da glória divina é tão grande, que os próprios anjos são impedidos de ser vistos em direta contemplação, e as chispas de glória que refulgem neles são subtraídas aos nossos olhos.

 

Todos os que julgam com acerto, reconhecem, contudo, que os Querubins — de que estamos agora tratando —, pertencem à antiga tutela da Lei. Portanto, é absurdo citá-los como exemplo que sirva à nossa época, uma vez que já passou a fase infantil à qual esses rudimentos haviam sido destinados (G1 4.3).

 

Certamente, é vergonhoso ter de reconhecer que os escritores profanos são intérpretes mais capazes da Lei que os papistas. Juvenal, por exemplo, zombando, censura os judeus que adoravam as puras nuvens e o nume do céu. Certamente, Juvenal fala de modo pervertido e ímpio. No entanto, quando nega existir qualquer efígie divina, fala de modo mais verdadeiro que os papistas, que dizem haver, entre os judeus, alguma representação visível de Deus.

 

Que os judeus, com entusiástica prontidão se tenham atirado repetidas vezes — a buscar ídolos para si, com a mesma força de abundante manancial de águas borbulhantes —, aprendemos do fato de ser grande a propensão da nossa mente para com a idolatria. Por isso, atirando contra os judeus a pecha de erro que é comum a todos os homens, não durmamos o sono mortal, iludido pelas vãs seduções do pecado.

 

A BÍBLIA CONDENA IMAGENS E REPRESENTAÇÕES DE DEUS

 

Ao mesmo fim se destina a seguinte afirmação: “Os ídolos dos povos são prata e ouro, são obras das mãos dos homens” (Sl. 115.4; 135.15), pois o profeta conclui que não são deuses não só por causa da sua materialidade — cuja imagem é de ouro e prata —, mas deixa claro ainda que é inútil produto dia imaginação tudo quanto concebemos a respeito de Deus, pelo nosso próprio sentir. Refere-se ao ouro e à prata, antes que ao barro ou à pedra, para que nem o esplendor, nem o valor nos levem a reverenciar os ídolos. Finalmente, conclui, dizendo que nada existe que tenha menos aparência de verdade do que serem os deuses feitos de qualquer espécie de matéria morta!

Ao mesmo tempo, o Profeta insiste neste ponto: Que os mortais são levados por grande e louca temeridade quando, de maneira precária, conseguindo alento fugaz de instante a instante, têm a ousadia de conferir aos ídolos a dignidade de Deus. O homem se vê obrigado a confessar que é uma criatura efêmera e, não obstante, quer que seja tido por Deus um metal que ele mesmo transformou em deidade! Pois, como nasceram os ídolos senão da desvairada imaginação dos homens?

 

Justíssima é a zombaria de Horácio, poeta profano, que disse:‘Eu era outrora um tronco de figueira, um inútil pedaço de lenho. Quando um artesão, incerto se deveria fazer um banco, preferiu fazer de mim um deus.

Deste modo, um homenzinho terreno, cuja vida se extingue quase a cada instante — graças à sua arte — transfere o nome e a dignidade de Deus a um tronco sem vida!

Porém, uma vez que esse epicureu brincalhão, a fazer gracejo, não deu importância a religião alguma, deixando de lado as suas brincadeiras e as de outros, mais do que isso, transpasse-nos a censura do Profeta (Is. 44.15-17), quando afirma que são excessivamente insensatos os que, de um mesmo tronco de árvore, se aquecem, acendem o forno para assar pão, assam ou cozinham a carne, e do resto fazem um deus, diante do qual se prostram suplicantes a orar. Do mesmo modo, em outro lugar (Is. 40.21), não só os acusa como réus perante a Lei, mas também os censura pelo fato de não terem aprendido, dos fundamentos da terra, que, na verdade, nada é mais absurdo do que desejar reduzir Deus — que é imensurável —, à medida de cinco pés! Esta monstruosidade, que provoca repugnância à ordem da natureza, revela¬se como natural nos costumes do homem.

 

Devemos ter em mente que, com freqüência, as superstições são referidas como obras das mãos dos homens, e carecem de autoridade divina (Is 2.8; 31.7; 37.19; Os 14.3; Mq 5.13), para que se estabeleça o seguinte: Que todas as formas de culto que os homens inventam por si mesmos, são abomináveis (diante de Deus).

 

No Salmo 115, o Profeta dá ênfase à loucura que significa o fato de homens — a tal ponto - dotados de inteligência — saberem que todas as coisas são movidas só pelo poder de Deus e, no entanto, implorarem auxílio de coisas inanimadas e destituídas de sensibilidade. Mas, pelo fato de a corrupção da natureza conduzir a demência tão grosseira, tanto os povos todos quanto cada indivíduo, em particular, o Espírito Santo, finalmente, fulmina com a seguinte maldição: “Tornem-se semelhantes aos ídolos àqueles que os fazem e todos os que neles põem a sua confiança” (Sl. 115.8).

 

Notemos também que são proibidas não só gravuras, mas também imagens esculpidas e, com isso, refuta-se a improcedente exceção dos gregos, pois pensam que se saem muito bem se não fazem imagem de escultura, que representem a Deus, ao mesmo tempo em que se divertem fazendo gravuras desenfreadamente mais do que qualquer outra gente. Pois o Senhor proíbe não apenas que se faça imagem dEle em forma de estátua, mas também que qualquer representação dEle seja modelada por qualquer tipo de artista, visto que, desse modo, Ele é representado de maneira inteiramente falsa e com grave ofensa à sua majestade.

 

AS IMAGENS DO ROMANISMO SÃO INACEITÁVEIS

 

Por essa razão, se os papistas tiverem um pouco de pudor, não digam mais, de agora em diante, que as imagens são os Livros dos analfabetos, porque esta afirmação está escancaradamente refutada por numerosos testemunhos da Escritura. Na verdade, mesmo que eu lhes concedesse isto, nem ainda assim, certamente, tirariam muito proveito em defender seus ídolos, pois é notória a espécie de monstruosidade que eles obrigam o povo a aceitar em Lugar de Deus!

De fato, que são as pinturas ou estátuas que dedicam aos santos, senão corruptíveis exemplares de luxuriai e obscenidade, a ponto de merecer castigo alguém que quisesse imita-los? De fato, os lupanares mostram as meretrizes vestidas com mais decoro e pudor, do que os templos mostram aquelas santas que querem sejam aceitas por virgens! As vestes que inventam para os mártires, em nada são mais decentes. Portanto, vistam seus ídolos pelo menos de modesta decência para, com um pouco mais de decoro, poderem sofismar dizendo que as imagens são “livros” de alguma santidade!

Porém, diremos também que esta não é a maneira de ensinar o povo fiel nos lugares sagrados, povo que Deus quer que seja instruído com outro tipo de doutrina. Deus ordenou que aí, nos templos, se proponha uma doutrina comum a todos, na proclamação de sua Palavra e nos sagrados mistérios, Os que são levados pelos olhos à contemplação de ídolos, em derredor — revelam que seu espírito está voltado bem pouco diligentemente para esta doutrina!

 

A quem, no entanto, os papistas chamam de ignorantes e cuja obtusidade não lhes permite ser ensinados sendo só pelas imagens? Na verdade, chamam de ignorantes àqueles a quem o Senhor reconhece como seus discípulos, aos quais considera dignos da revelação de sua celeste sabedoria e que deseja sejam instruídos nos mistérios salvíficos do seu Reino. Certamente, admito que, na atual situação, não poucos são os que não podem dispensar as imagens como “livros”. Contudo, pergunto: De onde vem tal obtusidade senão do fato de serem eles roubados desta doutrina que, sozinha, é apta para instruí-los? E não foi por outra razão que os que presidiam às igrejas deixaram com os ídolos a função de ensinar, senão pelo fato de os próprios ídolos serem mudos! Paulo afirma que, mediante a pregação do Evangelho, Cristo é apresentado ao vivo e, de certo modo, é crucificado aos nossos olhos (Gl. 3.1).

 

Qual seria o objetivo de, nos templos, erguerem-se, por toda parte, tantas cruzes de madeira, de pedra, de prata e de ouro, se fosse ensinado honesta e fielmente que Cristo morreu na cruz para tomar sobre si a nossa maldição (Gl.3.13), sacrificando o próprio corpo para expiar nossos pecados (Hb 10.10) e lavá-los com o seu sangue (Ap 1.5), enfim, para reconciliar-nos com Deus, o Pai? (Rm 5.10). Só desse fato poderiam aprender mais do que mil cruzes de madeira ou de pedras (poderiam ensinar), visto que os avarentos, talvez, fixam os olhos e a mente nas cruzes de ouro ou de prata, mais do que em quaisquer palavras de Deus!

 

O USO DE IMAGENS CONDUZ À IDOLATRIA

 

Uma vez feitas as imagens que representam Deus, segue-se de pronto a sua adoração, porque nelas os homens pensam contemplar a Deus e nelas também o adoram. Como resultado disto, fixando nelas tanto os olhos quanto o espírito, os homens começaram a embrutecer-se cada vez mais, deslumbrando-se com elas e nutrindo por elas admiração, como se nelas houvesse qualquer coisa de divindade!Por isso, quando os homens, na forma de imagens, fazem uma representação tanto de Deus quanto da criatura e prostra-se diante dela para venerá-la, é porque já foi fascinado por certa superstição.

Foi por esta razão que o Senhor proibiu não somente levantar-se estátuas modeladas para representá-lo, mas proibiu consagrarem-se gravuras de qualquer espécie, para serem usadas como objetos de adoração ou culto. Pela mesma razão, também, no preceito da Lei, junta-se outra parte a respeito da adoração dessas representações, pois tão logo foi inventada essa forma visível de Deus, o passo seguinte foi o de atribuir-lhe poder. Os seres humanos são néscios a tal ponto, que identificam Deus com tudo o que o representa e, por isso, não pode acontecer outra coisa senão adorarem a essa representação de Deus! E supérfluo discutir se simplesmente se adora o ídolo ou se se adora a Deus no ídolo, pois, seja qual for o pretexto, quando se proporcionam honras divinas a um ídolo, é sempre idolatria. E pelo fato de Deus não querer ser cultuado de maneira supersticiosa, recusa-se a Ele aquilo que se oferece aos ídolos.

 

Atentem para isto os que andam em busca de míseros pretextos para defender essa idolatria abominável, na qual a religião, por muitos séculos, tem estado afundada e subvertida. Embora digam que as imagens não são consideradas como seres divinos, Os próprios judeus não eram tão absurdamente obtusos, que não se lembrassem de que era Deus aquele por cuja mão tinham sido tirados do Egito (Lv 26,13), e isso antes de fazerem o bezerro de ouro (Ex 32.4). Ao contrário, afoitamente o povo concordou em proclamar, com Abraão, que aqueles que eram os deuses por meio dos quais tinham sido libertados da terra do Egito (Ex 32.4,8), querendo dizer, com não duvidoso sentido, que o Deus libertador lhes fosse conservado, contanto que pudessem contemplá-lo andando na frente, em forma de bezerro!

 

E não devemos crer que eram tão boçais, que não entendessem que Deus não era outra coisa senão lenhos e pedras, pois embora mudassem as imagens à vontade, tinham em mente sempre os mesmos deuses, e muitas eram as imagens de um único Deus. Porém, eles não imaginavam existirem para si tantos deuses quantas eram a multidão dessas imagens. Além disso, dia após dia, consagravam novas imagens e, contudo, nem pensavam estar assim constituindo novos deuses.

 

Leiam-se as justificações que Agostinho refere, justificações que os idólatras do seu tempo usavam como pretexto. As pessoas comuns, quando eram acusadas de praticar a idolatria, respondiam que não adoravam as imagens, mas ao contrário, adoravam a divindade que, invisível, habitava nelas. Aqueles que, segundo o próprio Agostinho, praticavam uma religião mais refinada, diziam que não adoravam nem a imagem, nem a divindade que ela representava, porém, na representação material viam um sinal da divindade que deviam cultuar.

 

Que diremos? Todos os idólatras, tanto entre os judeus como entre os gentios foram motivados a praticar a idolatria da forma já referida ou, seja, não estando contentes com uma compreensão espiritual de Deus, julgavam que, por meio das imagens, adquiririam compreensão mais segura e mais íntima da divindade. Uma vez que se agradaram desta grosseira representação que imitava a Deus, não houve mais fim (desta loucura) até que, finalmente — iludidos sucessivamente por novas invenções fantasiosas —, começaram a pensar que Deus mostra o seu poder nas imagens. Mais do que isso, não somente os judeus foram convencidos de que, sob essas imagens, adoravam ao Deus eterno, o único e verdadeiro Senhor do céu e da terra, mas também os gentios que, do mesmo modo, adoravam aos seus deuses, ainda que fossem deuses falsos que, no entanto, imaginavam habitarem no céu.

 

COMO COMEÇOU O USO DE IMAGENS NA HISTÓRIA DA IGREJA CATÓLICA

 

Porém, pondo de lado esta distinção também, vejamos de passagem se é conveniente ter, nos templos cristãos, quaisquer imagens, quer sejam as imagens que expressam histórias ou fatos passados, quer sejam as imagens que representam corpos humanos.

Lembremo-nos, primeiramente — se a autoridade da Igreja Primitiva tem alguma importância para nós —, que, por um período de quase quinhentos anos, durante os quais mais florescia a religião e a doutrina pura era mais viçosa, os templos cristãos eram geralmente vazios de imagens. Quando a pureza do ministério não se tinha ainda degenerado, as imagens foram introduzidas, em primeiro lugar, como ornamentos dos santuários. Não discutirei qual foi à razão que tiveram os primeiros autores desta prática. Se, porém, compararmos era com era, veremos que eles haviam perdido muito da integridade daqueles que (no passado) se recusaram a usar imagens.

 

Quê? Devemos pensar que os santos pais (mais antigos) haviam deixado a Igreja ficar, por tanto tempo, vazia desta prática, que eles julgavam útil e salutar? Na verdade, porém, esses pais (mais antigos) repudiavam essa prática mais por decisão e reflexão, que por ignorância ou negligência porque viam que, nessa prática, não havia nada, nem um mínimo de utilidade, porém, representava muito perigo. Agostinho também atesta isso com palavras claras, quando diz: “Quando, nestes pedestais se colocam, essas imagens em exaltada elevação, para que, por causa da própria semelhança que elas têm com membros e sentidos animados — se bem que lhes falte sensibilidade e alento —, chamem a atenção dos que oram e dos que oferecem sacrifícios, elas afetam as mentes fracas, de modo que pareçam ter vida e respirar”. Em outro lugar acrescenta: “Pois essa representação de membros faz o seguinte e até obriga: A mente que vive em um corpo, julgue ser animado um corpo que vê muito semelhante ao seu”. E mais adiante: “As imagens valem mais para desviar a alma infeliz, que para assisti-la, visto que possuem boca, olhos, ouvidos, pés, mas não falam, não vêem, não ouvem e não andam”.

 

Esta parece ser a razão pela qual João quis que nos guardássemos não somente do culto aos ídolos, mas, também dos próprios ídolos (1Jo 5.21). Em vista da horrível insânia que até agora tem dominado o mundo — extinguindo quase toda a piedade —, temos experimentado, mais desmedidamente, que, tão logo as imagens são colocadas nos templos, levanta-se o pendão da idolatria, porque não se pode moderar a loucura dos homens que, prontamente, os leva à prática de cultos supersticiosos.

 

Ora, mesmo que o perigo não fosse tão iminente, entretanto, começo a refletir sobre o uso a que os templos foram destinados e, de uma ou outra forma, me parece indigno de sua santidade os templos acolherem outras imagens, ao invés de acolher aquelas vivas e representativas, que o Senhor consagrou em sua Palavra. Refiro-me ao Batismo e à Santa Ceia, juntos com outras cerimônias nas quais o importante não é serem vistas com os olhos, mas que nos afetem mais vividamente, de modo que não exijam outras imagens forjadas pelo engenho dos homens. O incomparável bem das imagens consiste no fato de se dermos crédito aos papistas, eles não terem compensação nenhuma que possa ressarci-los da perda!

 

A VERDADERA RELIGIÃO PROCLAMA A EXISTÊNCIA DE UM Só E ÚNICO DEUS

 

No início (desta exposição) dissemos que o conhecimento de Deus não poste ser obtido da fria especulação (da mente), mas traz associado consigo o culto que lhe devemos. E referimos de passagem como se cultua a Deus de maneira apropriada. Todas as vezes que a escritura afirma haver um só único Deus, não está lutando em favor de um mero, em si, mas está dizendo para que não se transfira a outrem aquilo que só compete a sua divindade. Este fato torna patente em que a religião pura difere das supertição.

 

A palavra eusébeia, para os gregos, equivale à correta adoração, pois os próprios cegos, tateando nas trevas, sempre sentiram que se faz necessária uma norma precisa, para que Deus não seja cultuado de maneira errada. Ainda que Cícero, acertadamente e com erudição, faça o termo religião derivar-se de reler (= ler de novo), a razão que alega para isso — a de que os adoradores probos releriam mais vezes e ponderariam com mais diligência sobre o que seria verdade — é, no entanto, uma razão: forçada e deixa muito a desejar. Penso antes que esse vocábulo (religião) se opõe à licença, visto que a maior parte do mundo se agarra, de modo impensado, a qualquer coisa que se depara diante dele — mais ainda se agarra a qualquer coisa, indo de um lado para outro. Porém, para a piedade manter-se numa posição firme, é ela relegada aos seus estritos limites. Por isso, daí me parece igualmente enunciada a palavra superstição pela qual, não contentes com o modo e ordem presentes na Escritura, os homens acabam acumulando um amontoado de coisas vis.

 

Porém, deixando de lado a questão de termos, o consenso de todos os tempos tem sempre aceito a idéia de que a religião é pervertida e viciada por erros enganosos. Concluímos deste fato que o pretexto invocado pelos supersticiosos é frívolo, quando nos permitimos qualquer coisa em função de zelo precipitado. Contudo, ainda que todos o confessem, patenteia-se vil ignorância porque, segundo temos ensinado previamente, eles não só não se apegam ao Deus único e verdadeiro, mas,também, não aplicam discernimento no seu culto.

 

Deus, porém, para vindicar seus direitos, proclama-se severo e vingador, se for confundido com qualquer divindade falsa (Ex 20.5). Então, para manter o gênero humano obediente a Ele, define o culto legítimo. Deus enfeixa na Lei estes dois aspectos quando, em primeiro lugar, atribui os fiéis a si mesmo, a fim de ser o único legislador deles e, depois, prescreve a regra segundo a qual Ele deve ser devidamente cultuado, segundo sua vontade.

 

Agora, atenho-me apenas ao seguinte aspecto: O de que a Lei impõe um freio aos homens, para que eles não se apeguem a formas corruptas de adoração. Mas não se deve esquecer o que afirmei em seção anterior ou, seja, que Deus é despojado da sua dignidade, quando não reconhecemos que só a Ele pertence o que é próprio da divindade, e profanamos o seu culto.

 

Com mais diligente cuidado, entretanto, atentemos para as sutilezas com que a superstição se diverte. Às vezes, ela não descamba a servir divindades estranhas a ponto de abandonar ao Deus Supremo, ou a ponto de reduzi-lo à escala dos demais deuses; porém, ao mesmo tempo em que reconhece para Ele um lugar de preeminência, cerca-o de uma chusma de deuses menores, com os quais partilha as funções que são privativas do Deus único. Por isso, ainda que de forma disfarçada e habilidosamente, separa a glória da sua divindade, de maneira que a glória de Deus n~o permanece inteira só nEle.

 

Da mesma forma, no passado os antigos, tanto dentre os judeus quanto dentre os gentios, tornam submissa ao pai e árbitro dos deuses aquela turba que, conforme o grau hierárquico, exercia em comum, com o Deus Supremo, o governo do céu e da terra. Assim, todos os santos que partiram deste mundo, foram elevados a uma sociedade com Deus, e passaram a ser reverenciados, invocados e festejados no lugar de Deus. Na verdade, somos de parecer que a majestade divina não é apenas ofuscada, mas, de fato, é até suprimida e extinguida, visto que conservamos apenas uma fria noção de sua autoridade suprema. Ao mesmo tempo, enganados por essa aparência ilusória, somos levados a cultuar deuses de variada natureza.

 

DEUS, O CRIADOR

 

1. Identificando o Criador. Antes de falar dos atos criativos do Senhor, é preciso conhecê-lo do modo como a Bíblia o apresenta. Gênesis não começa com uma teoria, mas com o vocábulo Deus: “No princípio criou DEUS”(Gn 1.1). Através da história da humanidade, os homens têm inventado muitos deuses, e Satanás, arquiinimigo de Criador, deseja tornar-se o o governador ou “deus” do Universo, a qualquer custo.

 

2. O Criador e a criação. A declaração de que há um Criador, o qual deu vida a todos os seres vivos existentes na Terra, e também os elementos animados e inanimados, desfaz completamente as teorias anticriacionistas da evolução. No hebraico, o termo “BARAH” indica, de forma direta, que Deus é o Criador.

 

3. O Criador é o Senhor Onipotente. Entre os atributos de sua Onipotência, revela-se “o poder de criar”. A Abraão, o Senhor manifestou-se como “o Deus Todo- poderoso” (Gn 17.1). Vários textos na Bíblia declaram que “Deus fez a terra pelo seu próprio poder”( Is 40.21-28; 42.5; 45.12-18; Jr 10.12; 27.5;51.15).

 

TEORIAS DA ORIGEM DA CRIAÇÃO

 

1. A Teoria da Grande Explosão. A partir do estudo de Einstein, sobre a Teoria da Relatividade, outros cientistas acreditam que o Universo era uma bola imensa de hidrogênio que se expandiria indefinidamente e alcançaria distâncias quase infinitas. Eles imaginamque, em algum tempo indecifrável, houve uma grande explosão desta imensa bola de hidrogênio. Daí, surgiram os mundos, as galáxias. Na tentativa de definir as origens do Universo, procuram determinar a sua idade, sugerindo a cifra de 12 bilhões de anos. De fato, esta teoria acredita na eternidade da matéria, mas a Bíblia a refuta, quando declara que tudo em algum tempo começou a existir. “No principio, criou Deus os céus e aterra”(Gn 1.1).

 

2. A Teoria da Nebulosa Original. A idéia básica desta teoria é que a matéria foi criada por Deus e está espalhada pelo Universo, em vários sistemas planetários desconhecidos e, inclusive, o nosso, no qual se inclui a Terra. Os cientistas, seus defensores, ensinam que o nosso planeta teria surgido em estado gasoso de hidrogênio, e, como os gases ocupam muito mais espaço que os sólidos, esta matéria original tomaria todo o espaço conhecido e desconhecido.

 

3. A Teoria da Substância Original. Os adeptos desta teoria ensinam que havia, no princípio de tudo, uma substância original indefinida e desconhecida, e dela surgiram os quatro elementos básicos: a terra, o ar, o fogo e a água. Afirmam ainda que, de um destes componentes deve ter-se originado a vida, ou então, de todos eles.

 

4. A Teoria do Panteísmo. O Panteísmo declara que Deus e a Natureza são a mesma coisa e estão inseparavelmente ligados. A idéia básica desta teoria é que o Senhor não cria nada, mas tudo emana e faz parte dele. Entretanto, a revelação bíblica não aceita, de modo algum, este ensinamento, pois o Criador não é parte do Universo, e, sim, este foi criado por Ele (Sl8).


5. A Teoria Evolucionista. Esta teoria ensina que a matéria é eterna, preexistente. A partir daí, mediante processos naturais e por transformação gradual, os serespassaram a existir. Entretanto, a Bíblia declara que Deus criou todas as coisas, isto é, tudo teve um começo. As provas diretas da criação, além da Ciência, estão expostas na Bíblia em Gênesis 1.1.

 

6. A Teoria da Criação, a partir do nada. Esta é ,talvez, a mais difundida, ensinada e pregada, no meio evangélico. Ela é conhecida pela expressão latina “nihílo”, pois declara que Deus criou tudo “do nada”, mediante o poder de sua palavra. Utiliza-se como base, para a afirmação desta idéia, o texto de Hebreus 11.3, o qual diz que “os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”.

Ora, entendemos que aquilo o qual não é aparente, não quer dizer “do nada”, mas pode referir-se a coisas imateriais. A expressão “No princípio”, de Gênesis 1.1, não se refere à “eternidade passada”, mas significa o ponto inicial do tempó como o conhecemos.

 

O MODO DIVINO DA CRIAÇÃO

 

1. A criação foi um ato livre da parte de Deus. Existe um falso ensino de que a criação do mundo foi por uma necessidade de Deus, uma autogênese divina, para fazer valer o seu Ser, como se Ele precisasse auto-afirmar-se. Uma vez que se admite ter sido a criação feita do nada, entende-se que nada preexiste à ação criadora do Senhor. A idéia de queo mundo aparece como algo necessário para Ele, acaba no panteísmo, o qual ensina que tudo é Deus e o mundo não pode conceber-se sem o Criador, nem Ele sem o Universo.

 

Mas Deus não criou o mundo por acaso, ou por necessidade. O Universo existe porque o Criador quer. Ele é para si mesmo sua própria riqueza e,portanto, a criação partiu dele como uma graça especial. O Senhor é imune de coação externa, pois não depende de nada, absolutamente, e, por isso, pode criar livremente o que deseja, quando e como quer. Os salmos 115.3 e 135.6 dizem respectivamente: “Mas o nosso Deus esta nos céus; fez tudo o que lhe agradou”; “Tudo o que o Senhor quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos”.

 

2. A criação foi um ato temporal de Deus. A expressão inicial de Gênesis 1.1: “No princípio”, indica, dentro da eternidade, a questão do “tempo”. O termo hebraico “bereshith” mostra, em seu sentido literal, que a palavra “princípio” refere- se ao início da criação. “O tempo é apenas uma das formas de toda a existência criada”, como afirmou certo teólogo.


A declaração de que a criação foi um ato temporal, nãosignifica restringir ou confinar Deus ao tempo, porque Ele está fora de qualquer confinamento, restrição física ou mesmo espiritual. Na verdade, a lição que aprendemos na Bíblia é que o mundo teve começo ( Mt 19.4,5; Mc l0.6;Jo l.l,2;Hb 1.10).

 

3. A criação foi um ato especial do Deus Triúno. A forma plural do nome “ELOE-IIM” revela- nos, não só a transcendência do Criador, no sentido de ir além, mas, acima de tudo, o sufixo “him” indica a pluralidade composta da divindade, ou seja, as três pessoas da Trindade. Uma vez revelado o trino Deus na declaração inicial de Gênesis, entende-se que Ele é o autor da criação (Gn 1.1; Es 40.12; 44.24; 45.12). Nenhuma das pessoas da Trindade age com poderes independentes, mas, sim, o Pai, o Filho e o Espírito são autores independentes.

 

0 REORDENAMENTO DA CRIAÇÃO = SALMO 148.1-14

 

No primeiro versículo deGênesis, temos declarado o ato do

Criador; no segundo, observamos oUniverso criado, antes de Deus dar-lhe forma e vida.

 

1. O estado original da Terra. O versículo 2 declara que “a terra era sem forma é vazia” No original hebraico, aparece como “tôhu”“wabôhu”, e dá a idéia de um lugar ermo. O autor descreve o nosso planeta em seu estado incompleto. Alguns teólogos entendem este texto como uma referência ao ato da recriação, mas sem base suficiente na Bíblia para garantir esta idéia.

 

Os que defendem esta teoria, ensinam que entre Gênesis 1.1 e 1.2, houve um cataclismo geológico, provocado pela queda de Satanás perante oCriador . Mas, parece-nos que a narrativa da criação nada tem a ver com isso, pois trata-se de um relato dos atos criativos de Deus, que eliminou o caos que envolvia a Terra, “sem forma e vazia”.

 

2. O Espírito Santo, a presença de equilíbrio no caos. Este processo de ordenamento do caos tem a presença do Espírito de Deus que pairava sobre a face das águas. Ele operava sobre a expansão dos mares como “ruach” (hebraico), que significa “vento, hálito”. Seu sopro produz energia e vida criadora (Jó 33.4; Sl 104.30).

 

O ato de “pairar” não significa que o Espírito seja alguma coisa inerte mas, sim, move- se, agita as águas. E algo vivo e energético, não evolutivo. O versículo 3, logo a seguir, indica o próximo ato criativo de Deus, quando diz:” Haja...”. Foi a Palavra do Criador que trouxe ordem ao caos inicial.

 

 

OS SEIS DIAS DA CRIAÇÃO

 

1. O primeiro dia: criação da LUZ (Gn 1.3-5). Deus fez aparecer a luz cósmica, pelo poder da sua Palavra, quando disse: “haja luz, e houve luz”. Ele trouxe à existência as coisas não vistas. O mundo estava debaixo da escuridão total, mas o Criador fez surgir a luz, mesmo antes de aparecer o Sol. O ato de ordenar que houvesse luz não significa que ela não existisse antes, mas que Deus fez surgir no primeiro dia. Noversículo 4, lemos: “fez Deus separação entre a luz e as trevas”. Havia, de fato, uma densa acumulação de neblina e vapor, os quais envolvia a Terra, e, por isso, existia uma total escuridão. Quando surgiu a luz, as trevas foram vencidas pelo poder da claridade que se espalhou sobre a expansão das águas. No versículo 5, a luz foi chamada “dia” e as trevas, “noite”.

 

2. O segundo dia: criação do FIRMAMENTO (Gn 1.6-8). Deus faz surgir o firmamento ou “expansão”, referindo-se à separação das águas atmosféricas das terrestres. Entende-se que uma vasta cortina líquida e nebulosa cobria a Terra e impedia que a luz solar a vencesse. Ela submetia o planeta a um juízo de trevas impenetráveis. Era uma massa de água atmosférica que se condensava com o vapor da terra. Mas Deus estabeleceu a separação das águas “debaixo da expansão” que se evaporaram, para formarem nuvens e se transformarem em águas potáveis.

 

3. O terceiro dia: a criação da terra, mar e plantas. (Gn 1.9-13). No terceiro dia da criação o Criador, depois da separação das águas, ordenou que “aparecesse a porção seca”, que é a parte sólida deste planeta, a Terra. Alguns geólogos acreditam que, originariamente, “a porção seca” (Gn 1.9) fosse um só continente. As especulações acerca deste assunto são muitas, mas nenhuma é sustentável. A grande verdade é quea parte seca, hoje, disposta no planeta em cinco continentes, existe, e foi capacitada para produzir toda a vegetação em forma de ervas variadas que dão sementes e árvores frutíferas. Estes elementos vitais da vegetação seriam os produtores de alimentos para a sobrevivência dos seres vivos.

 

4. 0 quarto dia: criação do Sol, Lua e estrelas (Gn 1.14-19). Não há contradição entre o relato do primeiro e o quarto dia, quando ambos os textos relativos falam do aparecimento da luz. A diferença é que, no primeiro dia (Gn 1.3-5), Deus ordena o surgimento da luz, e no quarto (Gn 1.14-19), o Senhor organiza o sistema solar. Neste dia, surgem o Sol e a Lua e, os astros celestes. Na linguagem hebraica, os nomes sol e lua são omitidos propositadamente por Moisés, que prefere denominá-los como dois luminares. E interessante que eles surgiram, para vencerem o caos terrestre e contribuírem para a produção e preservação da vida sobre a Terra. Tudo está pronto para a sobrevivência animal. Há água potável, comida e o ciclo das estações. No versículo 14, começa, de fato, a contagem do tempo, pois os luminares surgidos no firmamento celeste, Sol e Lua, fazem a diferença entre o dia e a noite.

5. 0 quinto dia: criação da vida marinha e das aves (Gn 1.20-23). As águas, separadas em doces e salgadas, têm vida. A ordem divina no versículo 20 é: “produzam as águasabundantemente répteis de alma vivente”. Esta primeira ordem inclui todos os animais aquáticos, marinhos, e todas as espécies de aves, O texto fala de “enxames de seres viventes” (v.20) nas águas e sobre a terra. Deus lançou a sua bênção sobre estes seres viventes e ordenou que fossem fecundos e se multiplicassem (v.22).

 

Está escrito, no versículo 23, que “houve tarde e manhã”. Esta escritura tem gerado polêmica aos estudiosos. Alguns intérpretes ensinam que a referência aqui é a um dia de Deus e não ao comum, limitado por minutos e horas. Entendem que o começo de cada ato da criação é chamado manhã, e a conclusão deste específico ato divino é chamado “tarde”.

 

6. O sexto dia: criação da vida animal e a humana (1.24-26). Percebe-se, neste dia, que Deus criou três tipos distintos de seres: “gado”, um tipo de animais mansos, os quais pastam e andam juntos; “répteis”, que rastejam, como as serpentes e outros invertebrados; “feras”: aparecem por último no versículo, e referem-se aos animais selváticos: leões, tigres e outros carnívoros.

 

No versículo 25, afirma-se que Deus criou estes animais, cada qual segundo a sua espécie. Ora, aprendemos nestes versículos que todos os seres vivos, tanto no mundo animal como vegetal, foram feitos de acordo com o seu gênero e espécie e com a capacidade de reproduzir-se por gerações sem fim. Deste modo, podemostestemunhar que as diferentes famílias de animais e plantas conservam- se, desde sua criação, até o dia de hoje.

 

Porém, o homem é a obra-prima do Criador. Ele é a coroa da criação, conforme está declarado no versículo 26. Quando Deus disse:

“Façamos o homem”, Ele desejava criar um ser distinto de todas as demais criaturas terrenas: alguém que tivesse personalidade, vontade, sentimento, e fosse capaz de representa-lo sobre a Terra. Por esta razão, Ele criou o homem “à sua imagem e semelhança”.



VERDADES FUNDAMENTAIS DA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO

 

A história da criação tem seu fundamento na revelação de Deus ao homem. Por causa do pecado, o ser humano se tomou vítima do engano e da mentira de Satanás. As teorias levantadas por mentes incrédulas e perniciosas procuram ofuscar o fato da criação. O relato bíblico não se baseia em teorias, mas em fatos revelados pelo próprio Deus. Por isso, algumas verdades fundamentais acerca da criação precisam ser ensinadas e não meramente informadas.

1. Houve um propósito divino na criação. As Escrituras revelam que a criação do mundo não foi obra do acaso. Deus o criou com os seguintes propósitos:

 

a) Para sua glória, conforme alguns textos bíblicos declaram: Salmo 19.1 ;Isaías 43.7; 60.21; 61.3; Lucas 2.14.

 

b) Para satisfação de sua vontade: Efésios 1.5,6,9; Apocalipse 4.11.

 

c) Para a honra pessoal de Jesus Cristo, seu Filho: Colossenses 1.16 e Hebreus 2.10.

 

2. Houve e há um fim na criação.O próprio Deus Criador. Qual a finalidade de Deus ter criado o mundo? A resposta está no fato de que a criatura não existe por si própria, a não ser pelo ato criador de Deus. Ele não depende da criatura, mas esta precisa dele. Portanto, seu destino submete-se ao que seu Criador dispuser. Então, interroga-se: Por que Deus criou todas as coisas? Por que existe o mundo? O homem? Estasperguntas têm uma única resposta:Deus criou tudo, porque é livre para criar, e seu propósito baseia-se no fato da eterna bondade que Ele manifesta para sua criação. Ao criar o mundo, não significa que Ele precisasse de alguma coisa para si, já que Ele possui tudo (Já 22.1-3). Ele criou todas as coisas, para a sua glória (SI 18.2-5; Is 6.3; 1Co 6.20).

 

A CRIAÇÃO DO HOMEM = GÊNESIS 1.26-28; 2.4-8

 

Têm surgido as mais variadas teorias acerca da origem do homem. De um modo geral, elas não conseguem anular a ligação do ser humano com a Terra. Entretanto, a única fonte realmente autorizada, acerca da origem da humanidade, é a Bíblia Sagrada. Os dois primeiros capítulos de Gênesis nos oferecem, de modo plausível e coerente, a verdadeira história das origens, inclusive a do homem.

 

OS DOIS RELATOS BÍBLICOS DA CRIAÇÃO DO HOMEM

 

1. O primeiro relato sobre a criação do homem. Encontra-se em Gênesis 1.26,27. Neste texto, está declarada a ordem criativa da Trindade, quando diz: “Façamos o homem”. A despeito da importância teológica que se dá ao “façamos”, para denotar a participação triúnica da Deidade, o fundamental, nesta passagem, é a palavra “BARAH” (hebraico), do versículo 27, que quer dizer: “criou”. Deus o fez do pó da terra, mas sua criação foi umato divino. Ele foi feito especial e diferente da vida vegetal, aquática e animal.

 

 

 

 

2. O segundo relato da criação do homem. Encontra-se em Gênesis 2.4-8. Neste relato histórico, temos, além da criação do homem, também a descrição da origem da mulher. Enquanto a primeira narração sempre ocupou mais em mostrar a ordem da criação e a decisão da Corte Divina, em criar o homem à sua imagem e semelhança, o segundo relato apresenta a sua efetivação. No texto de Gênesis 2.7, temos a seguinte declaração: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente”.

 

3. A criação da mulher. No segundo relato da criação, podemos destacar, no texto de Gênesis 2.18- 25, a formação da mulher. Depois de Deus ter criado Adão, Ele também fez Eva. Em Gênesis 1.27, está escrito: “macho e fêmea os criou”.

 

TEORIAS ANTIBÍBLICAS SOBRE A ORIGEM DO HOMEM

 

1. A teoria evolucionista. Esta teoria apresenta o homem como um ser que evoluiu de uma ordem inferior, no mundo animal. Ensina que esta evolução resultou de sucessivas alterações nas formas materiais, devido as forças latentes que existem na matéria. Mas a Bíblia refuta esta teoria, quando declara que: (1) a origem do homem resultou de um atocriativo de Deus; (2) o ser físico do homem também é resultado de um ato criativo de Deus, que utilizou a matéria já existente “afar” (hebraico), que significa “pó da terra”; (3) o homem, hoje, tem a mesma estrutura física e espiritual do dia em que foi criado; (4) o homem foi tirado da terra e está destinado a ela, depois da morte (Ec 3.20); (5) o homem não é evolução natural da terra, pois ele foi “plasmado”.

 

2. A teoria filosófico-materialista. Sigmund Freud, que lançou esta teoria, era ateu, filósofo e psicanalista. Ele enfatizou, em seus argumentos, a idéia de que o homem, em sua vida biológica e psicológica, tem como base e formação de sua personalidade e seus instintos naturais. Afirmou ele que coisas, como sexo, fome, sede, segurança e prazer, são pressões que determinam as ações e os padrões da personalidade do homem. No conceito de Freud, a natureza do homem não se relaciona com o sobrenatural, no caso, Deus. Para ele, a idéia de uma relação do Criador com o ser humano é imprópria e inexistente, pois o mesmo vê o homem como uma criatura egocêntrica, voltada apenas para as suas necessidades, sem qualquer comunhão com um ser supremo. Acreditava ele que, ao morrer o homem, nada mais resta.

 

3. A teoria do humanismo científico. As fontes de informações, para os adeptos desta teoria, sobre a natureza e origem do homem. Estão na Biologia, Psicologia e Medicina. Para esta escola de pensamento, o homem é um produto evolucionário da Natureza, sem a menor possibilidade de imortalidade.

 

 

O ENSINO DA BÍBLIA SOBRE A ORIGEM DO HOMEM

 

1. A biforme natureza do homem. O homem foi criado com uma biforme natureza: material e imaterial. A primeira foi formada do pó da terra (Gn 2.7) e a segunda, outorgada diretamente pelo Criador. O sopro divino nas narinas do homem concedeu-lhe a vida física e a espiritual. A vida imaterial do homem é representada pela alma e pelo espírito. Porém, esta dupla natureza do homem é representada por uma tricotomia, que se constitui,na parte material, pelo corpo; na imaterial, pela alma e pelo espírito (1Ts 5.23).

 

2. A tricotomia do homem (1Ts 5.23; Hb 4.12). O termo tricotomia significa “aquilo que é dividido em três”, ou “que se divide em três tornos”. Em relação ao homem, refere-se às três partes do seu ser: corpo, alma e espírito. Há divergência neste ponto daqueles que entendem o homem como apenas um ser dicótomo, ou seja, que se divide em duas partes: corpo, almaou espírito. Os defensores da dicotomia do homem unem alma e espírito como uma só. parte e, às vezes, como sefossem uma só coisa. Entretanto, parece-nos mais aceitável o ponto de vista da tricotomia. Este conceito crê que o homem é uma trindade composta e inseparável. Só a morte física é capaz de separar o corpo de sua parte imaterial.

 

a) O corpo. É a parte inferior do homem que se constitui de elementos químicos da terra, como oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro, iodo, ferro, cobre, zinco, e outros elementos em proporções menores. Porém, o corpo, com todos estes produtos, sem a bênção divina, é de ínfimo valor.

 

b) A alma. É preciso saber que o corpo sem a alma é inerte. Ela precisa dele para expressar sua vida funcional e racional. É identificada, no hebraico do Antigo Testamento, por “NEPHESH” e, no grego do Novo Testamento, por “PSIQUÊ”.

 

c) O espírito. No hebraico é “RUACH” e no grego é “PNEUMA”. O espírito do homem não é um simples sopro ou fôlego, mas também vida imortal(Ec 12.7; Dii 12.2; Lc 20.37; 1Co 15.53). Ele é o princípio ativo de nossa vida espiritual, religiosa e imortal. É o elemento de comunicação entre Deus e o homem. Certo autor cristão escreveu que “o corpo, a alma e o espírito constituem a base real dos três elementos do homem: consciência do mundo externo, consciência própria e consciência de Deus”.

 

 

 

 

 

 

AS FACULDADES DISTINTAS DO HOMEM

 

1. As faculdades do corpo. Sãocinco as faculdades principais, as quais se manifestam através do corpo: visão, audição, olfato, paladar e tato. Ainda que sejam distintas umas das outras, elas não atuam independentes do comando da alma. São denominadas de instintos naturais ou sentidos corporais, os quais recebem impressões do mundo exterior, transmitidas ao cérebro, através do sistema nervoso. E daí que partem as ordens para todas as partes do corpo. Os sentidos físicos obedecem às leis naturais que estão impressas no ser humano. São elas que regem as atividades do corpo.

 

2. As faculdades da alma. São três as faculdades ou qualidades da alma, pelas quais ela se manifesta:intelecto, sentimento e vontade.

 

O INTELECTO (Gn 1.28; 2.19,20) é a parte da alma que pensa, raciocina, decide, julga e conhece E ele quem recebe os conhecimentos. Três outras manifestações lhe são peculiares: a imaginação, memona e razão com a primeira o homem é capacitado a idealizar e projetar. É um processo do pensamento que habilita o ser humano a construir imagens, através do raciocínio.

 

A segunda é outro atributo do intelecto que capacita o homem a guardar em seu cérebro o fatos passados e presentes. Ela retém os conhecimentos adquiridos e os traz àlembrança. A terceira é um atributo do intelecto que leva o homem a pensar, julgar e compreender as relações entre as coisas, distinguir entre o verdadeiro e o falso, o bem e o mal.

 

O SENTIMENTO faz o homem um ser emotivo. Ele não é uma máquina insensível, pois pode sentir todas as grandes emoções, como alegria, gozo, paz, prazer, tristeza, descontentamento, pesar e dor.

 

A VONTADE se expressa como resultante das influências do intelecto e dos sentimentos. Ela não age sozinha. Não há vontade livre ou independente. Ela obedece às forças emotivas e intelectuais da alma.

 

3. As faculdades do espírito. Duas faculdades principais se destacam com abrangência sobre outras qualidades importantes, as quais são: Fé e Consciência. Elas identificam o ser religioso do homem. Podemos chamar de natureza espiritual, da qual o ser humano é dotado especialmente para uma perfeita comunhão com Deus. Os sentidos físicos e psicológicos tornam o homem um ser terreno e racional, mas os espirituais o tornam um ser especial.

 

 

A faculdade dafé é uma qualidade do espírito humano que expressaa religiosidadedohomemeotomacapaz de adorar, reverenciar, louvar e orar a Deus, o Criador. Não se trata de um tipo de fé,adquirida ou ensinada, mas é uma forma inata que nasce com qualquer ser humano. Ela nos estimula a buscar a Deus e comungar com Ele.

 

A faculdade da consciência é a lei moral e espiritual, no interior do homem, que aprova ou desaprova as suas ações. E a intuição que o espírito tem dos atos e estados do ser humano em sua vida cotidiana. A consciência não está sujeita à vontade, e nem aos sentimentos da alma.

 

CONCLUSÃO

 

Para compreendermos, não só a Teologia da Criação, mas também a sua história, conforme o relato de Gênesis. Precisamos compreender este assunto com convicção, para podermos refutar as teorias humanas que negam o relato bíblico.

Há uma curiosa expressão que, por vezes, é questionada pelos estudantes da Bíblia: “E houve tarde e manhã” (Gn1.5,8,13,19,23,31). Emtodos estes versículos, a encontramos no final de cada ato criativo. Ela faz parte de um relato de Moisés, o autor de Gênesis. Por isso, quando o escreveu, tinha sua mente voltada para a cultura oriental, especialmente a dos hebreus. Geralmente, o dia começava ao pôr-de-sol, à tardinha. Portanto, neste livro, a tarde sempre precedeu a manhã. De quantas horas foram estes dias da criação? De 12 ou 24? Alguns ensinadores forçam uma interpretação e os definem como de duração indefinida, ou, até mesmo, como eras geológicas. E difícil encontrar uma definição para este texto. Porém, não é fácil entender o método de Deus. Se um dia pode ser como mil anos e vice-versa (2Pe 3.8), por que discutir esta questão?

 

 

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

 

(Editora SOCEP)

 

Lição Bíblicas 4º.Trimestre 1995  - CPAD