AS CAUSAS DA DESUNIÃO DEVEM SER ELIMINADAS
Texto Áureo
Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!
Salmo 133.1
Dentro do contexto bíblico este salmo é uma expressão da santa alegria ocasionada pela reunião de Israel como uma só família nas grandes festas anuais.
Esta harmonia fraternal pode ser realizada na família, na nação, na “igreja”, e no mundo caso as condições essenciais para isso sejam observadas para isso.
Para os irmãos poderem habitar juntos harmoniosamente é preciso haver:
Altruísmo – que é basicamente o contrário de egoísmo, é o amor desinteressado ao próximo, é querer e trabalhar para que o próximo esteja bem, no melhor sentido da palavra. Também podemos definir altruísmo como; colocar Deus em primeiro lugar, o próximo em segundo e eu em terceiro.
1 – A União Caracterizava os Judeus Libertos do Cativeiro
1. Qual era a base desta união?
A base desta união era (e sempre foi) o próprio Deus, pois Deus formou a nação de Israel através de um único homem, Abraão (Gênesis 12.1-3). Sem Deus, não existiria Israel, mesmo nos piores dias de Israel, Deus amorosamente cuidou para que a nação não fosse totalmente dizimada e riscada da história, por assim dizer.
Se Deus não fosse a base da união entre os israelitas não haveria razão para voltar do cativeiro (que era terrível) para uma terra quase que totalmente destruída (que não era muito diferente do cativeiro babilônico, por isso a maioria dos israelitas preferiu ficar na Babilônia rejeitando assim seu Deus e sua nação, foram apenas uma minoria, cerca de 50 mil judeus, que quiseram voltar para sua terra natal) e a terra santa estava tomada por povos mistos e sem temor a Deus.
Se Deus não fosse a base da união entre os israelitas também não haveria motivos para reconstruir o templo, reiniciar os cultos ao Senhor e se esforçar para viver como Deus queria. Por isso é certo que, Deus era a base da união entre os israelitas, sempre foi, caso contrário, Israel teria sumido do mapa da história muito antes de se tornar uma grande nação.
2. Esta união entre os judeus simboliza a união que deve haver na igreja de Deus (Gálatas 6.16)
E, a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus.
Gálatas 6.16
Donald Carrel Stamps, (editor geral da Bíblia de Estudo Pentecostal) ensina que o “Israel de Deus” aqui refere-se a todo o povo de Deus debaixo do novo concerto, isto é, todos os salvos, tanto judeus como gentios (não judeus). Todos que, “pela cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” estão crucificados para o mundo (Gálatas 6.14), e se tornam “nova criatura” (Gálatas 6.15), constituem-se no verdadeiro “Israel de Deus” (Romanos 2.28,29; 9.7,8; Efésios 2.14-22; Filipenses 3.3; 1 Pedro 2.9).
Geziel Gomes vai na mesma linha de pensamento de Donald Carrel Stamps e observa que há 9 títulos e nomes da “igreja”:
Sacerdócio real (Êxodo 20.5,6; 1 Pedro 2.5,9; Apocalipse 1.6).
Virgem pura (Mateus 25.1-10; 2 Coríntios 11.2,3).
Nação santa (João 17.19; 1 Coríntios 3.17; 2 Timóteo 1.9; 1 Pedro 2.9).
Igreja dos santos (1 Coríntios 14.33). Filhos de Abraão (Gálatas 3.7).
Descendência de Abraão (Gálatas 3.29). Herdeiros da promessa (Gálatas 3.29).
Israel de Deus (Gálatas 6.16). A circuncisão (Filipenses 3.3).
Já Jeremy Royal Howard (Editor geral da Bíblia de Estudo Holman) e John MacArthur acreditam que o “Israel de Deus” aqui refere-se aqueles que são judeus tanto biologicamente quanto espiritualmente em Cristo Jesus, ou seja, acreditam que Paulo referia-se aqui aos judeus convertidos ao cristianismo.
Eu (professor José Junior) particularmente creio que Donald Stamps e Geziel Gomes foram mais assertivos em suas interpretações (sobre este versículo) porque a carta de Paulo foi escrita por causa de dificuldades que haviam surgido nas igrejas da Galácia por causa de um grupo de pessoas que insistiam que os gentios deviam ser circuncidados.
E fica claro no contexto da carta a defesa veemente do evangelho de Cristo e não dos ritos mosaicos. Pelo contexto da carta e pelo fato de a maioria dos gálatas serem gentios é mais acertada a visão de Stamps e Gomes (sobre este versículo).
A união entre os judeus simboliza a união que deve haver na “igreja” de Cristo, pois assim como Deus era a base da união entre os judeus, para nós cristãos, Deus, por meio da obra redentora de Cristo também deve ser a base da união da igreja, caso contrário, isto é, sem a presença de Deus, não é possível haver união na “igreja” do Senhor.
3. Esta união é uma verdadeira força.
A união dos cristãos verdadeiros (obviamente) ocorre por causa da presença de Deus em suas vidas. Assim como Deus era a base da união entre os israelitas, não é diferente nos dias atuais, ou seja, Deus é a base da união entre os cristãos verdadeiros.
Analisemos as palavras de Jesus:
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.
João 17.22
O que Jesus estava dizendo é que, Deus e Jesus são um em união, propósito e glória. Assim também os cristãos devem ser um em união e propósito, buscando a glória de Deus. Jesus foi o servo perfeito, com uma comunhão estrita com o Senhor Deus, Jesus não trocou a sua comunhão com Deus por nada, assim nós cristãos não devemos trocar nossa comunhão com Deus por nada.
Jesus foi tentado em todas as áreas, mas jamais abriu mão de sua “união” com Deus, devemos seguir o exemplo de Cristo, devemos permitir que Deus seja a “base” entre nós e nossos irmãos, e só conseguiremos isto por meio de vida de oração e meditação diárias na palavra de Deus, como alguém disse certa vez:
“Se eu não orar e meditar na palavra de Deus hoje, o diabo vencerá amanhã”
Esta frase faz muito sentido, não é mesmo?
E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.
Eclesiastes 4.12
Analisamos este versículo, chegamos a conclusão de que, todos nós precisamos de amor, de ajuda e de apoio de amigos, dos familiares e dos irmãos na fé (Atos 2.42), mas, mesmo assim, tudo isto é insuficiente sem a comunhão diária com Deus Pai, com o Filho e com o Espírito Santo (1 Coríntios 1.9; 2 Coríntios 13.13; Filipenses 2.1; 1 João 1.3,6,7).
2 – A União Entre os Judeus Estava Ameaçada
1. Qual era a ameaça?
A união entre os judeus estava ameaçada por causa de uma grande
“injustiça social”. A vida dos que voltaram da Babilônia era muito difícil, vejamos o que o texto bíblico diz sobre esta grande injustiça social.
1. Foi, porém, grande o clamor do povo e de suas mulheres contra os judeus, seus irmãos.
Até aqui, Neemias enfrentara apenas hostilidade externa, mas agora se vê diante de uma oposição interna, deflagrada por uma crise social e econômica que abalou a cidade.
2. Porque havia quem dizia: Com nossos filhos e nossas filhas, nós somos muitos; pelo que tomemos trigo, para que comamos e vivamos.
Embora a construção dos muros tivesse resultado em desigualdade social, é mais provável que as raízes da crise já estivessem presentes antes do início da obra. O fardo imposto pelo trabalho apenas acentuou as divisões no interior da comunidade. A crise social assumiu diversas formas. Havia extrema escassez de comida, a ponto de algumas famílias grandes não terem com que se alimentar.
3. Também havia quem dizia: As nossas terras, as nossas vinhas e as nossas casas empenhamos, para tomarmos trigo nesta fome.
0 povo faminto se queixava de ser obrigado a penhorar suas propriedades (casas, campos e vinhas) com agiotas em troca de comida.
Em alguns países, o clima e responsável pela escassez, porém na maior parte do mundo é consequência das guerras e da agitação política, que interferem na produção de alimentos.
4. Também havia quem dizia: Tomamos dinheiro emprestado até para o tributo do rei, sobre as nossas terras e as nossas vinhas.
A voz dos famintos juntou-se a dos que precisavam fazer empréstimos para pagar os pesados impostos cobrados pelos persas, dinheiro que mantinha o aparato administrativo e militar do império.
5. Agora, pois, a nossa carne é como a carne de nossos irmãos, e nossos filhos, como seus filhos; e eis que sujeitamos nossos filhos e nossas filhas para serem servos, e até algumas de nossas filhas são tão sujeitas, que já não estão no poder de nossas mãos; e outros têm as nossas terras e as nossas vinhas.
0 povo até suportava as indignidades, mas o pior era o
que estava acontecendo com os filhos deles, principalmente
com as mocas, a história deixa claro que a escravidão a que as filhas desses judeus tinham de se submeter incluía abusos sexuais, as moças eram molestadas em troca do abatimento ou perdão das dívidas de suas famílias, ao que parece, elas eram abusadas por não judeus e por judeus que tinham posses (Neemias 5.7-9).
6. Ouvindo eu, pois, o seu clamor e essas palavras, muito me enfadei.
A crise que parecia ser apenas social e econômica assumiu proporções alarmantes e agora ameaçava a sobrevivência do povo. Era preciso encontrar uma solução, com a máxima urgência!
Neemias até então se mostrara um homem calmo, respondendo sem se exaltar aos que se opunham a ele. No entanto, diante de tão grave crise, ele não pode mais se conter e ficou muito irado (Neemias 5:6).
Certas situações demandam uma resposta enérgica. Depois da ira, veio a solução. Ele propôs diversas medidas para amenizar o problema. Antes de tudo, identificou os responsáveis
pelos abusos: os nobres e magistrados (Neemias 5:7). Ele os acusou abertamente de cometer injustiça e violar a lei de Deus (Neemias 5:8-9). Foram comportamentos semelhantes aos deles que haviam levado Deus a punir a nação e manda-la para o exílio uma vez (Neemias 1:7-8).
Neemias então citou o próprio comportamento como modelo para seus compatriotas. Ele também emprestava dinheiro e trigo, mas servia de exemplo para outros ricos cidadãos porque não tinha interesse em cobrar nenhuma taxa (Neemias 5.10). Ele ordenou aos nobres e magistrados que devolvessem o que haviam tomado de seus cidadãos (Neemias 5.10,11). A proposta de Neemias foi aceita. Para garantir que a promessa fosse cumprida, Neemias os fez jurar diante dos sacerdotes (Neemias 5:12-13).
A crise relatada em Neemias nos faz lembrar de que não lutamos apenas contra inimigos externos. 0 inimigo pode surgir dentro de nossas fileiras. Mesmo quando tudo parece correr bem, precisamos ficar atentos!
Neemias 5.1-6
2. Como se explica esta grande injustiça?
Em primeiro lugar era uma expressão de falta de amor dos mais ricos para com os mais pobres. Os de melhor situação financeira se aproveitavam da situação de desespero dos mais pobres para lhes emprestar dinheiro com juro exagerado, pois sabiam que os mais pobres não conseguiriam pagar as dívidas, e então, se aproveitavam da situação para “tomar” as terras dos mais pobres e até mesmo tomavam seus filhos para serem escravos.
Este tipo de problema que existia entre o povo de Deus naquela época também existe no meio do povo de Deus na nossa época atual. Existem muito que levam o nome de cristãos, mas que usam sua melhor condição para “tirar vantagem daqueles que estão em condição mais delicada.
A Palavra de Deus nos faz sérias advertências sobre a forma como o cristão deve agir com relação ao seu próximo:
O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.
Romanos 13.10
...Amarás o teu próximo como a ti mesmo...
Marcos 12.31
3. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.
4. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
5. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
Filipenses 2.3-5
3 – Neemias Solucionou o Problema
1. Neemias convocou um grande ajuntamento.
E disse-lhes: Nós resgatamos os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às gentes, segundo nossas posses; e vós outra vez venderíeis vossos irmãos ou vender-se-iam a nós? Então, se calaram e não acharam que responder.
Neemias 5.8
Neemias chamou o povo e confrontou o problema, aqui aprendemos que, existem inúmeras formas de fugir do problema, mas, só existe uma forma de resolver o problema, confrontando o problema, pautado na Palavra de Deus e direcionado pelo Espírito Santo (Neemias 5.8,9).
Quando alguém está na direção de Deus, seus oponentes ficam sem ter o que responder (Neemias 5.8), os oponentes podem tentar, mas, alguém que está na direção de Deus é sempre maioria.
2. Neemias fez uma proposta conciliadora.
10. Também eu, meus irmãos e meus moços, a juro, lhes temos dado dinheiro e trigo. Deixemos este ganho.
11. Restituí-lhes hoje, vos peço, as suas terras, as suas vinhas, os seus olivais e as suas casas, como também o centésimo do dinheiro, do trigo, do mosto e do azeite, que vós exigis deles.
Neemias 5.10,11
Neemias inclui-se na proposta (vers.10), o verdadeiro líder sempre está disposto a fazer aquilo que ele mesmo está requerendo de seus liderados.
Há líderes no meio do povo de Deus que dão uma direção, mas eles mesmos não estão dispostos a seguir tal direção, Jesus repreendeu os escribas e fariseus por esta atitude (Mateus 23.1- 4), e, precisamos ter em mente que um líder aprovado por Deus jamais irá requerer algo que a Palavra de Deus condena. Por isso, é muito importante analisar sempre, se o líder que está acima de nós na obra de Deus está mesmo na direção de Deus ou não (1 Tessalonicenses 5.21).
3. A proposta de Neemias foi acatada.
Então, disseram: Restituir-lho-emos e nada procuraremos deles; faremos assim como dizes. Então, chamei os sacerdotes e os fiz jurar que fariam conforme esta palavra.
Neemias 5.12
A consciência dos culpados foi tocada pelas palavras de Neemias, tanto que o temor, vergonha e pesar os fez jurar que restituiriam tudo o que haviam tomado dos seus irmãos mais pobres, isto é claro, incluía a libertação das moças e dos jovens que estavam trabalhando para os mais ricos como escravos. Eis a importância de se ter alguém totalmente temente a Deus e na direção de Deus em um grupo, ambiente, família, empresa e etc.
Sabendo que é fácil dizer coisas e concordar na pressão do momento, Neemias fez os líderes culpados (ou nobres, magistrados) fazerem um juramento de confirmação.
4 – A Paz Voltou a Reinar Entre os Judeus
1. Surgindo um problema entre os irmãos, deve logo ser tratado com muita diligência.
Quando surge um problema entre irmãos o líder deve agir de maneira imparcial, com sabedoria de Deus, humildade e paciência, para que a paz de Deus impere em meio a toda e qualquer situação.
Devemos ter em mente que, “um chefe domina, mas um líder influencia”.
Como deve ser um líder cristão?
Um líder cristão deve ser acessível a todos, para um líder cristão não basta ter carisma, tem que ter caráter, um líder deve se comunicar bem, deve ser sempre pautado na Palavra de Deus, deve ter estreita comunhão com Deus, só assim ele poderá contar com a presença de Deus diante de qualquer situação, um líder deve ser pontual, estar apto a ensinar, deve ser um exemplo para seus liderados, um líder deve ser motivado, deve se conhecer e se deixar conhecer, um líder deve usar seu tempo da melhor maneira possível, pois o tempo perdido não volta, um líder deve ser flexível, otimista e saber ouvir, dentre outras coisas.
Estas são apenas algumas características que devem ser adotadas para ser um bom líder, e lembre-se, ninguém nasce líder. Há uma frase que diz:
“Todo grande líder foi um dia um grande aluno”.
Ou seja, para ser um bom líder é preciso se dedicar ao líder que Deus colocou sobre você. Pense nisso.
2. Problemas relacionais devem ser tratados carinhosamente.
bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Mateus 5.9
Esta é uma diferença básica entre um chefe e um líder. O chefe muitas vezes não sabe ouvir, apenas dá ordens, mas um líder precisa sempre saber ouvir, tendo em mente que todas as pessoas querem ser ouvidas, compreendidas e perdoadas.
Quando se tem consciência disso, é muito mais fácil pacificar o ambiente.
Tendo em mente também que, levantar o tom de voz em uma situação de “tensão” nunca é benéfico. Sempre transmite uma imagem negativa sobre a pessoa que está levantando o tom de voz.
Um líder deve sempre se lembrar das palavras de Jesus:
Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós..
Mateus 7.12
Conclusão: Toda e qualquer forma de “desunião” identificada no meio do povo de Deus deve ser eliminada, pois desde o princípio da humanidade a desunião é causa de tropeço para toda a raça humana, por isso vemos tanta desigualdade no mundo.
Fontes
Enciclopédia Bíblica R. N. Champlin,
Bíblia de Estudos MacArthur,
Bíblia de Estudo Holman,
Bíblia de Estudo Arqueológica,
Comentário Bíblico Africano,
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, 37 Qualidades de um líder que ninguém esquece – Josué Gonçalves, Bíblia do Expositor,
Bíblia de Estudo Explicada,
Bíblia para Pregadores e líderes Geziel Gomes,
Apontamentos teológicos professor José Junior.
