2 de março de 2010

AVINDICAÇÃO DA AUTORIDADE DE PAULO

2 Coríntios 10.1—13.14

Em uma abrupta mudança de assunto, Paulo aborda o tema da legitimidade de seu apostolado. Ele procura responder aos ataques pessoais de falsos apóstolos e contra- atacar os efeitos maléficos da influência destes na igreja. Uma austera nota de alerta ressoa ao longo de toda a passagem. Enquanto prepara o caminho para a sua terceira visita aos coríntios, o caráter de um ministério verdadeiramente apostólico é exposto mais uma vez.

PAULO RESPONDE A SEUS OPONENTES, 10.1-18

Os homens que se opunham a Paulo eram judeus (11.22) que afirmavam ser apóstolos de Cristo (11.13). Eles foram à igreja em Corinto, trabalharam lá por um curto período, e a seguir se apoderaram do crédito por tudo que foi realizado (10.12-18). Eles eram homens arrogantes, tirânicos e prepotentes (10.12; 11.18, 20). O apóstolo enfrentou as acusações deles, fundamentalmente com sua afirmativa de que “não militamos segundo a carne” (3). Suas armas são espirituais (1-6), sua autoridade é consistente (7-11), e sua jactância é legítima (12 -18).

1. A Espiritualidade das Armas de Paulo (10.1-6)

O apóstolo implora aos coríntios, pedindo que não seja necessário que ele expresse sua autoridade com ousadia quando estiver com eles. Seus críticos o acusaram de que sua presença pessoal não correspondia à autoridade assumida nas suas cartas. Eles interpretaram erroneamente a relutância de Paulo em exercer sua autoridade apostóli ca porque não discerniam, adequadamente, a natureza da guerra apostólica. A expressão eu, Paulo (1), está em sintonia com o tom de autoridade (cf. GL 5.2). Ela está relacionada com a distinção que o apóstolo fez entre ele próprio e Timóteo (1.1).

Ele enfrenta, pessoalmente, o desafio à sua autoridade como apóstolo: “E exatamente a pes so cuja autoridade está em disputa que se adianta na defesa de sua autoridade”. Mas é uma autoridade exercida afetuosamente no espírito de Cristo, que comissionou Paulo para o seu serviço.

Mansidão (prautetos; cf. Is 42.2-3; Zc 9.9; Mt 5.5; 11.29; 2 1.5; 1 Co 4.21; Gl 6.1) é aquela disposição transmitida pela graça, pela qual aceitamos, sem resis tência as disciplinas de Deus (cf. Hb 12.10), assim como Jesus se submeteu às discipli na de seu ministério de Servo sofredor (cf. Hb 5.7-9; 1 Pe 2.21-23).

Benignidade (epieikeias; cf. At 24.4; Fp é aquela consideração originária de uma posição de digni dad e autoridade que pode deixar de lado a estrita interpretação da lei para atingir um bem maior (cf. 10.8; 2.6-7; Mt 18.23). A seriedade no exercício do seu ministério, por parte de Paulo, assim como a de seu Senhor, vem de sua compaixão por aqueles a quem ele serve (4.5).

Por trás do apelo do apóstolo está a acusação de que ele é humilde (modesto) “quan d presente” com os coríntios, mas ousado (tharro) em seu tratamento quando ausen te Seus inimigos, de forma usual, transformaram uma verdade (cf. 1 Co 2.1-5) em uma inverdade interpretando a benignidade de Paulo como fraqueza.

O apóstolo literalmente “roga” (2) aos coríntios para organizarem as coisas para

que ele não precise usar da ousadia (tharesai) quando chegar. Ele havia decidido “de safia de forma decisiva” (tolmesai) aqueles que o consideravam como se ele andasse segundo a carne (cf. 1.12; 5.12). E difícil saber se a palavra carne foi usada em um sentido mau e pecaminoso (Rm 8.4-8), ou meramente em um sentido humano (5.16).

Neste contexto, as duas interpretações não podem ser separadas de forma objetiva,

pois o termo se refere à suposta contradição de Paulo em seu comportamento, motivado por preocupações puramente pessoais. As suas atitudes são consideradas como se estivessem na dependência de habilidades humanas, de acordo com critérios do mundo exterior, por motivos de conveniência e interesse próprio. Conduzir o seu ministério assim seria pecado.

Em resposta às acusações, o apóstolo admite que está andando segundo a carne

(3); ou seja, sua vida no mundo está sujeita à fraqueza humana. Mas ele e seus

cooperadores não militam segundo a carne. Paulo não conduz seu ministério com

armas (4) semelhantes àquelas que são utilizadas pelo mundo: “inteligência ou

engenhosidade humana, habilidade organizacional, critica eloqüente ou confiança na sedução ou na força da personalidade”. Quando se confia nestas armas, elas se tornam carnais (corporais) ou pecaminosas no contexto do ministério. Elas não têm o poder “de destruir” (Bruce) as fortalezas do inimigo nos corações dos homens. O inimigo não pode ser derrotado em seu próprio nível de guerra. As armas de Paulo (hopla, cf. Rm 13.12, “as armas [hopla] da luz”) são poderosas em Deus; elas são “divinamente poderosas”.

Ele está armado com um tremendo “senso daquilo que o evangelho é — a imensidão da graça nele contida, o terror do julgamento; e foi isto que lhe deu o poder e o levantou acima das artimanhas, da sabedoria e da timidez da carne”.

Paulo procurou apenas afirmar a verdade abertamente (4.2). Ele vem com armas que são totalmente dependentes do poder do Espírito e não do poder humano (4.7; 1 Co 2.1-5). O apóstolo define as fortalezas ao afirmar que destrói os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus (5). As desafiantes paredes e muros do intelecto (cf. 1 Co 1.18-25; 8.1) e a vontade do homem serão despedaçadas pelo evangelho. A lealdade espiritual dos homens não pode ser conquistada através da carne ou por atalhos (cf. Mt 4.1-11). Mas por intermédio da guerra espiritual todo entendimento deve ser levado cativo.., à obediência a Cristo (cf. 1 Co 2.16). O poder de Deus é capaz de romper barreiras nas mentes e corações dos homens por meio de um ministério verdadeiramente evangélico. O aprisionamento torna-se, então, uma libertação radical em virtude do caráter do Rei (cf. 2.14).

A frase estando prontos para vingar (6) dá uma impressão errada ao leitor modemo. Ainda dentro da linguagem militar, Paulo afirma que, em consistência com a natureza da sua guerra, ele está “preparado para a corte marcial” (Moffatt) ou para “levar à justiça” toda desobediência que ainda existe na igreja de Corinto. Mas tal é a sua paciência e seu método de enfrentar as dificuldades, que ele só virá “para punir” (ARA) quando a obediência (2.9; 7.15) da maioria for cumprida. O apóstolo acreditava na atitude de dar à congregação tempo para resolver os seus próprios problemas, antes de exercer suas prerrogativas apostólicas de excomunhão na comunidade da igreja (cf. 13.2; Mt 16.19; 18.18; 1 Co 5.5).

Se foi movido a agir com autoridade destemida, ou a sofrer com a humilhação, Paulo não hesitou em fundamentar o seu ministério na força do evangelho. Esta atitude, sozinha, foi capaz de destruir as altas muralhas com que os homens se fortificam contra a obediência a Cristo.

Lutar a guerra cristã com armas espirituais era:

1) nunca confiar apenas nos métodos que o mundo usa para capturar as mentes dos homens, 3-5; e

2) sempre agir em submissão ao Espírito de Cristo na defesa da justiça, 1-2,6.

2. A Consistência da Autoridade de Paulo (10.7-11)

O apóstolo insiste em que, uma vez que os cormntios se apercebam da qualidade

espiritual de sua autoridade, descobrirão que ele é, em pessoa, o que parece ser em suas cartas. Como um apóstolo de Cristo, não há inconsistência entre a sua palavra escrita e a falada, independentemente de como os homens erroneamente o julguem por seus critérios mundanos. Em resposta às suas acusações, ele dá uma resposta e uma advertência.

A pergunta: Olhais para as coisas segundo a aparência? (7) pode ser

corretamente traduzida como uma afirmativa simples: “Olhais as coisas segundo a aparência” (TB), ou até como um imperativo: “Observai o que está evidente” (ARA). Embora qualquer uma das três possa estar correta, a última parece satisfazer melhor ao fluxo de pensamento do apóstolo. Tendo mostrado aos seus leitores a natureza de sua guerra, o apóstolo agora os exorta a “olhar para o que é óbvio” a respeito de seu ministério entre eles (cf.12.6).

Antes de tudo, se alguém confia de si mesmo que é de Cristo (cf. Mc 9.41; Rm

8.9; 1 Co 1.12; 3.23; 15.23; Gl 3.29) que pense outra vez isto consigo: assim como

ele é de Cristo, assim também é Paulo. Talvez aqueles do partido “de Cristo” (1 Co 1.12), ou mais provavelmente alguns influenciados de forma indevida pelos oponentes de Paulo, tornaram-se convencidos de uma espiritualidade superior que, pelos seus critérios, desacreditaria até mesmo o apóstolo. Mas o simples fato diante de seus rostos (prosopon) era que Paulo tinha tanto direito de reivindicar pertencer a Cristo quanto eles. Se a convicção pessoal era válida para eles, também era válida para o apóstolo. E não foi o ministério dele que os levou ao evangelho?

A legitimidade do relacionamento deles com Cristo, em certo sentido, realmente validava o dele. Bengel fala, aqui, da “condescendência de Paulo, na medida em que ele meramente exige um lugar igual ao daqueles a quem ele havia gerado através do evangelho; pois ele próprio tinha que ter anteriormente pertencido a Cristo, ou sido um cristão por meio do qual outro havia se convertido a Cristo”. De primordial importância para Paulo, nesta questão da legitimidade de seu apostolado, é a integridade de seu relacionamento com Cristo.

Os fatos do seu ministério entre eles, escreve o apóstolo, falam por si mesmos. Mesmo que ele, de fato, se glorie “um pouco demais” (RSV), de seu poder ou “autoridade (versão ARA), ele não se envergonhará (8). Ele não ficará envergonhado “como se tivesse dito algo além daquilo que pudesse ser confirmado”. A origem e a prática de seu poder, ou autoridade, dão suporte à sua jactância.

Sua autoridade foi dada pelo Senhor (5.18-21),” para edificação e não para... destruição. O resultado final de seu ministério foi edificação (12.19; 1 Co 8.1; 14.26) e não destruição. Aqui está a prova do que é certo diante dos olhos dos coríntios. Paulo, de acordo com o versículo 5, tenta somente destruir “a prepotência dos homens, cada barreira de orgulho que se levanta contra o verdadeiro conhecimento de Deus, ou, em suas próprias palavras, os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus” (cf. Jr 1.10; 24.6).

Seus oponentes, em contraste, destroem a comunhão de amor que é a Igreja (12.20), o corpo de Cristo. No termo gloriar (cf. 11.16; 12.6) encontramos uma das palavras-chave dos capítulos 10—13. Mas o apóstolo está um pouco desconfortável com o fato de que a situação o levou a gloriar-se um pouco a mais do que ele normalmente considera apropriado. Mesmo assim, a qualidade do seu serviço o protegerá, não deixando que ele passe vergonha.

Muito embora o apóstolo tenha que discutir sua autoridade, ele não deseja intimidálos através de suas cartas (9). Isto reflete a acusação (cf. 10-11) de discrepância entre o tom de suas cartas e a sua conduta entre eles. Paulo escreve novamente com um toque de ironia. Intimidar (ekphobein, assustá-los além da compreensão) é uma expressão forte. De acordo com a observação de Hughes: “A imagem de Paulo... fazendo o papel de um déspota distante intimidando-os com sua correspondência, deve ter parecido aos coríntios algo totalmente ridículo”.

O apóstolo agora menciona a crítica que circulava contra ele em Corinto: As suas cartas são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra, desprezível (10). Como descreve Bruce: “Ele não tentaria assustar um ganso se estivesse em sua frente... mas quando está longe, finge ser ousado e destemido e escreve cartas fortes; se ele estivesse certo de sua autoridade, mostraria um pouco do rigor de suas cartas ao lidar conosco face a face”. A despeito do que esta crítica tenha significado, ela foi um testemunho da eficácia das cartas de Paulo endereçadas aos coríntios (cf. 2 Pe 3.16). Elas eram poderosas graves e fortes. Mas a acusação era de uma inconsistência indesculpável.

Em contraste com suas cartas, sua “presença pessoal é inexpressiva” (NASB) uma referência não à sua aparência física, mas “à mansidão e benignidade de Cristo” (1) pelas quais Paulo sempre procurou se conduzir. Assim, seus corações terrenos não tinham como compreender. Eles, também, consideravam sua palavra, desprezível. Seu resultado não alcançava os padrões da retórica grega — ele não era um orador polido (11.6) e sua mensagem (logos) estava bem abaixo da dignidade deles. O fato de Paulo ter ido a Corinto não “com sublimidade de palavras ou de sabedoria”, mas apenas para anunciar “a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.1-2), não os havia impressionado: “A palavra [logos] da cruz é loucura para os que perecem” (1 Co 1.18).

A resposta de Paulo a seus críticos é direta. Pense (considere) o tal isto (11). Bruce interpreta estas palavras: “Quando venho a vós, venho tão resoluto nas ações, como o sou nas cartas que escrevo quando estou longe de vós”. A paciência e a mansidão de Paulo não o impedirão de agir de forma ousada e decisiva, caso seja necessário, quando ele os visitar novamente (cf. 1; 13.2,10).

A consistência de Paulo, que deveria ser óbvia para todos eles, pode ser vista:

1) em seu compromisso com Cristo, 7;

2) em sua delegação recebida de Cristo para edificar e não para destruir, 8; e

3) em sua conduta entre os coríntios, 9-11.

3. A Legitimidade da Jactância de Paulo (10.12-18)

Como os oponentes haviam indicado que eram amplamente superiores a Paulo, o apóstolo, por amor à igreja, sentiu-se forçado a recorrer à dúbia defesa da jactância (8). Mas agora, ao fazer isso, a jactância dos falsos apóstolos vai de encontro a seu golpe polido. Ao mesmo tempo, os limites da jactância do próprio apóstolo são cuidadosamente fixados.

Com um pouco de ironia, Paulo admite a acusação de que é um covarde — pelo menos em um assunto. Ele não tem a coragem de se classificar com aqueles que se louvam a si mesmos (12) “alguns que escrevem suas próprias cartas de recomendação” (cf. 3.1; 5.12). Paulo não pode competir com o tipo de ousadia que apóia a sua autoridade na auto-aprovação. Tais pessoas estão totalmente abaixo do nível dele.

A intenção de Paulo é mostrar que a autojactância deles é, na verdade, uma reprovação, pois recusaram qualquer padrão de comparação que fosse digno. Eles se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos. Seus próprios padrões aplicados dentro de seu círculo sectário, como o único critério de medição, indicam claramente que eles “não têm entendimento” (ASV). Eles são charlatões que ignoram a verdadeira característica de um servo de Cristo e daquilo que significa ser designado por Ele. Assim, Hughes conclui: “A mesma acusação de auto-elogio que... eles haviam maliciosamente arremetido contra Paulo (cf. 3.1; 5.12), retrocede com força contra as cabeças desses usurpadores”.

Ainda assim, o fato triste é que há sempre aqueles que se afeiçoam ao arrogante, ao intolerante e ao dogmático. O apóstolo não vai se gloriar fora de medida (13), i.e., não se gabará de “coisas que ninguém pode medir” (ta ametera). Esses enganadores se dizem “100% adequados, de modo que quando medem a si mesmos, sempre conseguem a pontuação máxima, 100%, impedindo qualquer medição realmente válida. O critério de Paulo, entretanto, é válido (kanonos). E a reta medida (cf. Rm 12.3) que Deus lhe deu. A expressão acima refere- se à “esfera de ação ou influência”. O apóstolo a utiliza em relação aos coríntios: para chegarmos até vós. Como um atleta corredor nos jogos Ístmicos, Paulo se mantém dentro da faixa que lhe é designada, em vivo contraste com seus oponentes, a quem Deus “não havia designado nenhuma faixa, nem mesmo alguma que levasse a Corinto”.

A regra ou os limites não são geográficos, como se esses intrometidos de fato possuíssem um território alocado para um genuíno ministério apostólico. Esta regra talvez seja a tarefa específica e a graça particular presenteadas a Paulo (Rm 15.15-16; GI 2.9), que haviam sido demonstradas e confirmadas pelos frutos gerados pelos seus trabalhos missionários (cf. 1 Co 15. 10). Ele foi comissionado para ser um apóstolo aos gentios (At 9.15; Rm 1.5; Gl 2.9), e não para edificar sobre um fundamento colocado por outros homens (Rm 15.20). Dentro desses limites, ele havia trabalhado como um missionário pioneiro junto aos gentios, até mesmo em Corinto.

Assim, em sua jactância, Paulo diz: Porque não nos estendemos além do que convém, como se não houvéssemos de chegar até vós, pois já chegamos também até vós no evangelho de Cristo (14). A expressão já chegamos (14, ephthasamen) mantém aqui o seu significado completo de “chegar primeiro”, que é bem confirmado no período do NT. Em vez de estar se gloriando de forma exagerada, Paulo pode estar querendo dizer que ele não está indo além daquilo para que foi comissionado (NEB). O fato de ele ter sido o primeiro a chegar a Corinto com o evangelho de Cristo (1 Co 3.6) torna isso evidente.

Ele tinha colocado o alicerce (1 Co 3.10) e se tornado o pai dos coríntios no evangelho (1 Co 4.15). Assim, com aguda ironia, Paulo mostrou que seus oponentes são, de fato, desqualificados como seus competidores. Eles nada mais eram do que proselitistas que, como todos de sua classe, se ocupam com a invasão do trabalho de outros, em vez de abrirem um novo território no qual poderiam disseminar os seus erros.

Portanto, Paulo não se gloriará fora de medida nos trabalhos alheios (15; cf. Rm 15.20). Isto é uma referência àqueles “que lançaram sua mão no mérito da colheita de outro homem e tiveram, ao mesmo tempo, a audácia de ofender aqueles que lhes prepararam o lugar à custa de suor e trabalho árduo” O fato de a missão de Paulo ter prosperado em Corinto era a prova de que ele havia atuado nos limites de sua regra (reta medida, esfera; cf. 13), em seu ministério no meio deles. O apóstolo tem a esperança de que, apesar da atenção dada aos impostores, a fé da igreja aumentará até o ponto em que ele possa confiar seguramente em sua estabilidade.

Então, ele e seus cooperadores serão abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a sua regra.

Paulo não está buscando louvor, mas por meio do encorajamento deles à total obediência ao evangelho, ele espera ter seu ministério pioneiro expandido.

O ministério do grande apóstolo é limitado pela fé de seus convertidos. Eles têm o poder de liberá-lo para que tenha uma maior utilidade, ou manter seu ministério estacionado por causa da tola imaturidade deles no evangelho.

A expressão abundantemente engrandecidos, do versículo 15, significa anunciar o evangelho (16) “nos lugares que estão além”. Paulo quer evangelizar os campos que estão além de Corinto. Como Paulo indica posteriormente, ele queria visitar Roma de passagem, quando estivesse a caminho de uma missão na Espanha (At 19.21; Rm 15.22-24). Dessa forma, não haveria razão para ele se gloriar no que estava já preparado em campo de outrem. As palavras são, mais uma vez, como ferroadas de escárnio. “A esfera de trabalho já realizado por um outro homem” era a única coisa que esses prosélitos arrogantes podiam exibir. Com certeza, o que eles eram de fato estava claro para os coríntios (cf. 7a). “Devemos notar”, escreve Allo, “que Paulo não expressa reprovação contra a comunidade; ao contrário, ele conta com eles para a ilimitada expansão de seu apostolado”. Sua polêmica nestes capítulos é, primariamente, contra os usurpadores.

O apóstolo foi levado ao assunto da jactância contra seu desejo pessoal e procura, agora, manter a ênfase no seu devido lugar: Aquele, porém, que se gloria (lit. vangloria), glorie-se (vanglorie-se) no Senhor (17). Paulo deve ter mantido Jeremias 9.23-24 num lugar central do seu ministério, pois ele havia usado a mesma citação anteriormente em 1 Coríntios 1.31. Mesmo agora, quando, em certo sentido, o apóstolo tem que se gloriar, ele quer deixar claro que é estritamente no Senhor (cf. 12.2). Ele nunca ficou com o crédito pelos sucessos de seus trabalhos, mas manteve as palavras do profeta entre ele e os aplausos dos homens:

Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas. Mas o que se gloriar glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor (Jr 9.23-24)

O princípio básico do ministério do apóstolo consistia em que não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva (18; cf. 5.9; 1 Co 4.15). Strachan sugere que “é como se ele dissesse: Afinal de contas, a autoridade apostólica não está realmente segura em minhas mãos. A aprovação de Deus é a única marca de legitimidado.

Paulo se gloria, não por ser um apóstolo, mas por Deus ter feito dele um apóstolo. O servo de Cristo só pode se gloriar do que Cristo fez, do que Ele está fazendo e do que Ele prometeu fazer. O grande desejo de Paulo era ter sempre a aprovação de Deus. Os padrões que um homem aplica a si mesmo podem ser falhos ou até desonestos, mas Deus pode enxergar perfeitamente através de cada um de nós.

Nestes versículos é apresentado um tríplice critério que desacredita a jactância dos oponentes de Paulo, e define os limites para que alguém se glorie legitimamente como um servo de Cristo:

1) um padrão exterior ao próprio padrão de referência que está mais próximo de si mesmo, 12;

2) a natureza da comissão recebida pessoalmente de Cristo, 13- 16; e

3) a aprovação do próprio Senhor, 17-18.

A resposta de Paulo a seus opositores, em 10.1-18, define o processo de vitória em um ministério desempenhado para Cristo. Redpath comenta sobre estes versículos: “Resista, contra-ataque, lide com a situação no mesmo nível em que o mundo lida com ela, e você estará derrotado”. Um ministério diante dos homens, quer desempenhado por leigos ou clérigos, deveria dar continuidade espiritual ao do apóstolo, como um imitador de Cristo (1 Co 11.1).

"O Serviço Cristão Correto” é

1) Consistente com o princípio da Cruz, em sua metodologia e técnicas, 1-6;

2) Consistente com a integridade e qualidade do chamado de cada um em Cristo, 7-11; e

3) Consistente com uma atitude de humildade que só trabalha em obediência, e dá todo crédito do sucesso ao Senhor, 12-18.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Comentário Bíblico Beacon

A Autoridade Espiritual

2 CORÍNTIOS 10—13

A exortação incomparável de Paulo à caridade cristã (capítulos 8—9) termina com uma nota de louvor. Então, quase repentinamente, o tom de sua carta muda. Embora ainda peça, em lugar de ordenar, seu tom agora é severo. Ele coloca ao seu redor o manto da autoridade, e confronta aqueles em Corinto que, reivindicando autoridade maior, desafiam a dele.

Estes capítulos não são tanto uma defesa da posição de Paulo; são, porém forte julgamento dos coríntios. A evidência que Paulo apresenta sempre estava disponível a eles; mas, ainda assim, muitos decidiram ouvir a “excelentes apóstolos” (11.5; 12.11) que se promoviam, em lugar de promover a Cristo.

Paulo inicia sua defesa com um pedido e uma advertência (10.1-6). O Senhor deu-lhe a autoridade que ele tem, e as criticas de que sua presença corporal e fraca não muda o fato de que as reivindicações de seus críticos estão enraizadas somente no louvor próprio (10.7-12).

Deus deu Corinto a Paulo como parte de seu kanon, aquele território pelo qual ele é responsável e, portanto, ele está intensamente preocupado com o bem-estar deles (10.13—11.3). Não é de admirar que o apóstolo se preocupe, quando alguém vem a Corinto e prega um evangelho diferente, e o ataca com pretextos insignificantes (11.4-12). Tais homens são “falsos apóstolos”, que servem a Satanás e não à justiça (11.13-15).

Contra sua vontade, e levado a gloriar-se ,apresentando aqui a evidencia de seu apostolado (11.16-21). Surpreendentemente, a “jactância de Paulo é diametralmente oposta à dos falsos “excelentes apóstolos”. Eles apontam para seus pontos fortes; ele para seus sofrimentos (11.22-29) e fraqueza (11.30—12.10). Ele aprendeu que a fraqueza humana é o segredo da força espiritual, pois é o homem fraco que confia no Senhor, e é por meio de nossa fraqueza que sua força é exibida de forma mais vivida. Tudo isto, acompanhado por um poder de realizar milagres, é evidência de seu apostolado (12.11-13). A dificuldade dos coríntios em atender é de grande preocupação, pois Paulo teme que, ao visitá-los, encontre a comunidade desfigurada pela falta de espiritualidade e pelo pecado (12. 14-21).

Paulo conclui com uma advertência. Se os problemas que identificou não forem corrigidos, digo aos que antes pecaram, e aos demais que, se outra vez for, não lhes perdoarei.

Se os coríntios não “se examinarem”, Paulo poderá ter que usar o “rigor” (13.1-10). Ele, então, conclui o livro com um pedido aos membros da igreja — “Escutem bem o que eu digo” (versão NTLH) e uma bênção (13.11-14).

A longa defesa que faz de sua autoridade é importante para nós hoje. Não porque a igreja moderna hesite entre suas palavras e aquelas de seus oponentes do século 1. A história estabeleceu seus textos como Escrituras, e os “excelentes apóstolos” que se opunham a ele já foram esquecidos há tempos. Mas, estes capítulos fornecem conhecimentos vitais sobre a natureza da autoridade espiritual, e sobre o delicado equilíbrio que os líderes cristãos de hoje devem manter entre a proteção da liberdade dos crentes de responderem ao Senhor, e sua própria responsabilidade de guiar e proteger o corpo de Cristo.

ESTUDO DA PALAVRA

Rogo-vos, pela mansidão e benignidade de Cristo (10.1). A palavra parakalo nos lembra que, mesmo que esteja perto de confirmar sua autoridade apostólica, Paulo não manda, mas, com muito tato, lembra as igrejas de sua responsabilidade pessoal de exercer o julgamento moral.

A liderança cristã está mais preocupada em obter comprometimento do que conformidade. Paulo não quer obrigar a igreja a fazer o que ele diz. Em lugar disso, procura influenciá-la a reconhecer seus ensinos como sendo vontade de Deus, e que sintam o desejo de responder a eles positivamente.

As armas da nossa milícia não são carnais (10.4). O vocábulo é sirrateias, palavra militar explicada neste versículo e no próximo. Os argumentos dos oponentes de Paulo são como um muro de palavras, erigido não contra Paulo, mas “contra o conhecimento de Deus”.

O que são as armas carnais (sarkinos), ou deste mundo, que Paulo evita? Provavelmente as mesmas coisas que seus oponenres enfatizam: olhares impressionantes, habilidade na oratória, coisas que parecem muito atraentes, mas somente “segundo a aparência” (10.7). Veremos mais claramente a natureza das “armas” de Paulo à medida que ele prossegue em sua defesa. Mas elas podem ser resumidas como fraqueza que permite que Cristo fale mais claramente por meio do apóstolo.

Quanto menos dependermos de nossa força no ministério, mais dependeremos de Cristo. E, quanto mais dependermos do Senhor, mais Ele poderá operar por nosso intermédio. Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida a vossa obediência (10.6). “Vingar” aqui é ekdikesai, um termo legal que mescla as idéias de vingar e fazer justiça.

A palavra “vossa”, na frase “quando for cumprida a vossa obediência”, indica que Paulo está referindo-se à igreja como um todo. Assim, Paulo tem dois grupos em mente, os intrusos que se recomendam como “excelentes apóstolos” (11.5) e levam a comunidade cristã a desviar-se do caminho correto, e a comunidade que eles influenciaram. Paulo tratará dos falsos apóstolos. Porém, antes, deseja que a comunidade rejeite o falso evangelho e volte a unir-se em seu comprometimento com o evangelho do qual Paulo é apóstolo.

Uma vez mais, vemos a consciência de Paulo de que os cristãos são responsáveis e devem agir com responsabilidade. Ele escreve, em lugar de visitar, para dar aos coríntios oportunidade de se purificarem.

Ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, o qual o Senhor nos deu para edificação e não para vossa destruição... (10.8). O tema da vanglória, apresentado aqui, é expandido em 10.15-18 e também nos capítulos 11-12. O verbo kauchaomai significa “vangloriar-se, gloriar-se, orgulhar-se de”. Aqui, a palavra é usada com alguma ironia: os críticos de Paulo vangloriam-se, comparando suas forças com a

posta fraqueza de Paulo e, desta forma, recomendam- se como superiores. Paulo, por outro lado, gloria-se em um aspecto: foi Deus quem lhe deu autoridade na igreja. E esta autoridade é exercida não para destruir a igreja, mas para edificá-la.

A mesma coisa deveria ser verdadeira para os líderes cristãos de hoje. Eles servem porque foram chamados por Deus para um ministério de serviço aos outros. E se concentram não em suas próprias posições, mas na tarefa de edificar o corpo de Cristo.

Se esta for nossa atitude, o falso orgulho e a arrogância refletidos na vanglória dos oponentes de Paulo serão substituídos pela alegria daqueles que humildemente se gloriam no Senhor Jesus Cristo.

Ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, o qual o Senhor nos deu para edificação e não para vossa destruição (10.8). A palavra exousia significa “liberdade de ação” e, portanto, poder ou autoridade. Como apóstolo de Deus, Paulo recebeu autoridade, ou liberdade de ação, em relação à igreja em Corinto. Mas está bastante consciente de que sua liberdade de ação é limitada pelo objetivo de sua comissão: ele deve construir, em lugar e destruir.

Esta consciência sem dúvida é a razão principal pela qual ele pede em lugar de ordenar, e espera que a igreja responda antes de ir até eles. Freqüentemente, ao forçar a obediência, os pais e os líderes da igreja enfraquecem em lugar de fortalecer os jovens.

Paulo ensina, incentiva, pede, adverte e explica, procurando influenciar a congregação a se decidir livremente a fazer aquilo que for correto. Paulo sabe que tomar a decisão adequada fortalece o caráter, ao passo que, ser forçado a fazer o que for correto contra a vontade pode enfraquecer as pessoas.

Não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos (10.12). O problema com os oponentes de Paulo é que suas reivindicações estão baseadas em heantous sunistanonton, auto-recomendação. Sua abordagem é a de contraste entre suas supostas forças com a suposta fraqueza de Paulo. O apóstolo, com um pouco de sarcasmo, diz, na verdade, que não é capaz de lidar com as comparações. A medida que continua, veremos que ele não enfatiza seus pontos fortes, mas sim a mesma fraqueza que seus oponentes desprezam.

Antes disso, entretanto, conclui seu argumento com algo mais importante. Foi comissionado por Deus, e o Senhor deu-lhe autoridade dentro de um território pelo qual foi feito responsável.

Esta sempre foi a questão, e não, se nós temos mais sabedoria, melhores dons de oratória, mais conhecimento, ou mais talento que outros. A questão é que Deus nos chamou para ser líderes e nos deu um “território” pelo qual devemos ser responsáveis.

Nos gloriaremos... conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós (10.13). A palavra aqui é kanon, que em outros contextos significa “regra” ou “padrão”. Seu uso aqui é técnico, ilustrado em uma inscrição encontrada na Galácia em 1976, em decreto de 13 a 15 dc., que define os serviços que uma cidade deveria realizar. Esta inscrição diz, em parte, que...

Sextus Sotidius Strabo Libuscidianas, legado de [Tibério] César Augusto, agindo como pretor, declara.., que ninguém fará uso do transporte gratuito, mas, uma vez que o abuso de certas pessoas exige ação imediata, promulguei nas cidades e vilas individualmente um cânone do que julgo desejável que seja fornecido; ou, se negligenciado, obrigatório, não meramente pelos meus próprios poderes, mas pela divindade do excelente salvador Augusto, de quem aceitei isto mesmo em meu mandato.

Aqui, kanon é uma lista das coisas que os oficiais em viagem podiam requisitar, e, o que é importante para a passagem que estamos estudando, o território prescrito dentro do qual aqueles que estavam sujeitos ao decreto eram responsáveis por cumpri-lo.

A reivindicação de Paulo, portanto, é de que Deus lhe concedeu um kanon, um território prescrito, pelo qual ele é o responsável, e este inclui os coríntios.

O debate sobre forças e fraquezas é, portanto, completamente irrelevante, pois não importa o que seus oponentes possam dizer, a responsabilidade perante Deus sobre o que acontece em Corinto é dele. E ele recebeu autoridade comissionada.

Uma vez mais, este assunto da auto-recomendação baseada na comparação com os outros é completamente irrelevante para a liderança espiritual. A primeira e mais importante questão é: que kanon Deus atribuiu aos líderes, e quais são suas responsabilidades dentro dele.

Estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo (11.2). A função de Paulo não é a de um pai, como nos casamentos modernos, mas sim a de um “amigo do esposo” (philos tou numphiou, João 3.29). Edersheim, na obra Sketches oketches of Jewish Life, observa que na Judéia um “amigo” era designado à noiva e outro ao noivo. Estes agiam como intermediários e serviam como “avalistas da castidade da noiva”. Depois do casamento, o amigo do noivo continuava a servir o casal, procurando manter boas relações entre eles e também defendendo a reputação da noiva contra quaisquer críticas,

Usando esta imagem, Paulo deixa claro que embora Corinto seja seu kanon, designado por Deus, seu ministério é motivado por um intenso amor por este povo que é a noiva de Cristo, e por um ardoroso desejo de ver a igreja manter um relacionamento íntimo com seu Senhor.

Os líderes não devem somente ser fiéis à sua responsabilidade. Eles precisam amar.

Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus? (11.7). A palavra aqui, tapenion, significa “rebaixar-se”, mas sugere mais do que isso. Na cultura grega, palavras com esta raiz transmitem desprezo; uma pessoa que fosse tapemos era socialmente fraca, uma condição vista como vergonhosa no mundo helênico.

Mas, por que a disposição de Paulo de se manter poderia ser causa de críticas? Uma sugestão interessante é a de que seus críticos acusavam-no de que, ao trabalhar, demonstrava falta de fé. Afinal, quando Cristo enviou seus discípulos aos pares, disse-lhes que não levassem dinheiro, mas, que dependessem da generosidade daqueles que receberiam seu ministério! (Mt 10) Assim, aqueles “excelentes apóstolos” que apregoavam que sua oratória era superior (11.6) também se vangloriavam de que eles eram mais espirituais, porque recebiam dinheiro dos coríntios e deixavam que a igreja os mantivesse!

O argumento deve ter sido difícil de manter, em vista da explicação anterior de Paulo de que, embora ele tivesse o “direito” de receber ajuda financeira, ele abria mão desse direito (1 Co 9), sacrificando-o em favor de uma recompensa eterna. Os oponentes de Paulo distorceram seus motivos, para que eles, que eram “falsos apóstolos”, “obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” pudessem parecer servos de Deus, quando, na verdade, serviam aos objetivos de Satanás (2 Co 11.13,14).

Qualquer pessoa na liderança espiritual, com certeza, viverá o que Paulo enfrentou aqui críticas baseadas na distorção de seus motivos, e má interpretação de seus atos. E frustrante, mas é parte do preço de servir a Cristo.

No que qualquer tem ousadia (com insensatez falo), também eu tenho ousadia (11.21). Paulo foi forçado a uma disputa tola: a comparação de credenciais. Na verdade, suas credenciais são melhores. Ele também é judeu educado na Palestina (um “hebreu” [11.22]); trabalhou mais que seus oponentes (11.23a); sofreu mais (11.23b-27) e, preocupa-se mais (11.28,29).

Tendo dito isto, apresenta uma observação surpreendente que desenvolverá no capítulo 12. Ele é mais fraco que seus oponentes, e isto é, na verdade, um dos segredos de sua força. Ao desenvolver este tema, ele exibirá uma “loucura de Deus” que é “mais sábia do que os homens” (1 Co 1.25).

Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos.., foi arrebatado até ao terceiro céu (12.2). Esta passagem tem causado especulação incalculável. Por que Paulo, obviamente falando de si mesmo, usa a terceira pessoa? O que é este “terceiro céu?” O que ele quer dizer com “se no corpo, se fora do corpo”? (12.3) E o que, mais tarde, foi este “espinho na carne?” (12.7)

No que diz respeito ao uso da terceira pessoa, a melhor sugestão é a de que Paulo a adota para evitar qualquer insinuação de que ele recebe crédito pessoal pelas visões ou revelações que lhe são dadas (12.1).

A menção ao “terceiro céu”, normalmente, é compreendida como assumindo uma cosmologia que encara a atmosfera da terra como um primeiro céu; o campo dos corpos celestiais como um segundo; e o campo espiritual, habitado por Deus e seus anjos, como o terceiro. No entanto, textos da época intertestamentária também mencionam uma divisão dos céus em sete partes (2 Enoque 8—11 e Ascensão de Isaias), um quinto céu (3 Apocalipse de Barrabás 11.1); e, até mesmo sugerem uma divisão dos céus em dez partes (2 Enoque 20.3b). Uma vez que o Novo Testamento não se pronuncia sobre o assunto, parece inútil especular a respeito da cosmologia de Paulo. Mas a insinuação permanece.

Ele foi arrebatado a um campo acessível somente por Deus.

A incerteza de Paulo, quanto ao fato de que esta visão possa ter sido recebida no corpo ou fora dele (12.3), foi citada por aqueles que argumentam a favor da “projeção astral”, fenômeno no qual se assume que a alma deixa o corpo vivo. Estes parênteses dificilmente apóiam esta teoria. Paulo simplesmente está dizendo que, embora a visão fosse real, não sabe se esteve ou não fisicamente presente naquele paraíso, onde vivenciou tais maravilhas, e ouviu coisas que até aquele momento era incapaz de revelar.

A esta altura, Paulo, rapidamente, apresenta seu “espinho na carne” (12.7). Deus permitiu que Satanás enviasse este “mensageiro”, que, no final, ao invés de conseguir prejudicar Paulo, acabou cumprindo os propósitos do Senhor. Depois de implorar a Deus três vezes para sua remoção, percebeu que o “espinho” era um presente, que pretendia fazê-lo fraco aos olhos humanos, para que o poder de Deus pudesse ser “aperfeiçoado” (12.9) em sua fraqueza.

Ninguém jamais saberá o que era aquele espinho, apesar de haver muita especulação. A palavra skolops significa “estaca” e também “espinho”, e sugere um grave tormento. Embora alguns sugiram que o “espinho” era os oponentes de Paulo, a maioria interpreta que era alguma doença crônica e debilitante. Em último caso, a palavra seria, certamente, munição para os inimigos de Paulo. Como poderia um verdadeiro apóstolo, com algum poder real, ser incapaz de curar a si mesmo?

Porque, quando estou fraco, então, sou forte (12.10). Fraqueza é astheno, palavra que indica mais que fragilidade; sugere deficiência incapacitadora. Em contraste, forte é dunatos, não saudável, mas poderoso. Paulo é forte em sua fraqueza, porque Deus opera na fragilidade humana, e por meio dela.

Este é um tema completamente estranho ao pensamento dos críticos de Paulo. Mas, afinal, as armas deles são do mundo, carnais (10.4). Em sua extensa defesa, Paulo ofereceu aos coríntios alternativa surpreendente. Eles podem avaliar a autoridade de uma pessoa pelos critérios que os críticos do apóstolo colocam em evidência ou podem reconhecer o critério que Paulo apresentou. O critério que exalta a Cristo, e não a algum ser humano, O critério que exibe a sabedoria de Deus, que fica em completo contraste com a sabedoria deste mundo (cf. 1 Co 1.18—2.16).

Cuidais que ainda nos desculpamos convosco? (12.19) A palavra dokeite aqui é mais bem interpretada como “supor” ou “imaginar”. Quando os coríntios e os cristãos modernos lêem estes capítulos, muitos “supõem” que o que Paulo está fazendo é defender-se, a si mesmo e à sua autoridade apostólica.

Na verdade, ele está fornecendo um padrão que capacitará os coríntios a se reavaliarem um padrão que, se falharem em reconhecer a validade, igualmente lhes fornecerá a base para seu julgamento!

É esta a terceira vez que vou ter convosco. Por boca de duas ou três testemunhas, será confirmada toda palavra (13.1). Aqui, Paulo cita Deuteronômio 19.15, mas, o fato de fazê-lo neste versículo desconcerta os comentaristas. A que “testemunhas” Paulo refere-se? Estará referindo-se às suas próprias visitas? Estará ameaçando fazer um julgamento quando vier, convocando testemunhas que possam desmascarar os pecadores? Quem sabe deveríamos entender as testemunhas como as palavras desta carta, palavras que expressam verdades espirituais “perante Deus” (12.19), e que seu Espírito autentica nos corações dos seus (1 Co 2.12).

Certamente esta compreensão está em harmonia com as palavras de Jesus aos líderes judeus que se opuseram a Ele. “Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai”, advertiu Ele. “Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais” (Jo 5.45). A mesma Palavra de Deus que liberta aqueles que a ela respondem positivamente, condena aqueles que não o fazem. Cada palavra que Paulo escreveu na defesa de seu apostolado tem o potencial de libertar seus leitores ou de servir como a base para seu julgamento, quando ele os visitar novamente.

Lembremo-nos desta natureza de duas faces das Escrituras. Ela convida e também adverte, liberta e também prende, defende e também julga. Sejamos cautelosos ao responder à Palavra de Deus, para que esta mesma Palavra não sirva como testemunha contra nós, quando estivermos diante de nosso Senhor em sua volta.

Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos (13.5). “Examinar” é peirazo, que normalmente quer dizer testar ou tentar, mas aqui é usado com o sentido neutro de “discernir”. Isto é seguido imediatamente por uma exortação: dokimazete “testem a si mesmos”. A palavra transmite a expectativa de aprovação: examinem- se e testem-se, e vocês descobrirão que verdadeiramente estão na fé.

Um auto-exame cuidadoso revelará o Cristo que está dentro dos coríntios, e eles reconhecerão sua voz falando por meio do apóstolo, pois o Senhor verdadeiramente deu a Paulo a autoridade para edificá-los (13.10).

Como é melhor olhar para dentro e ouvir a voz interior de Cristo, do que fixar nossa atenção na suposta fraqueza dos líderes que Deus colocou em nossas igrejas.

Também não devemos ser influenciados pelas reclamações dos críticos que censuram qualquer fraqueza real ou imaginária para destruir, em lugar de fortalecer o ministério da igreja local.

A Defesa que Paulo Faz de seu Ministério (capítulos 10—13).

Contexto. Os problemas que Paulo trata na primeira carta aos coríntios foram criados por membros da congregação local. Os problemas que ele trata na segunda carta foram criados por gente de fora, por intrusos da Palestina que pregavam um “evangelho diferente” (2 Co 11 .4) e que procuravam fortalecer seu controle sobre a jovem congregação com vigorosos ataques sobre a autoridade de Paulo. Murray J. Harris, em seu comentário sobre a segunda carta aos coríntios (Zondervan) nos dá um excelente resumo destas acusações:

Paulo, eles diziam, era um [apóstolo] inconstante, que agia caprichosamente (2 Co 1.17,18; 10.2- 4), e de maneira soberana sobre seus convertidos (1.24; 7.2), restringindo desta maneira seu desenvolvimento espiritual (6.12).

Ele não tinha cartas de recomendação (3.1; 10.13) porque ele se auto-recomendava (4.2, 5; 5.12; 6.4; 10.12, 18; 12.11;cf. 1 Co 9.1-3; 14.18; 15.10b), como faria um louco (5.13; 11.1,16-19; 12.6,11) ou um impostor (6.8). Da mesma maneira como seu evangelho era obscuro (4.3; 6.2,3), também as cartas que ele escrevia eram ininteligíveis ou tortuosas (1.13) e eram escritas com o perverso objetivo de condenar, destruir (7.2,3; 10.8; 13.10), e causar dor (2.2, 4,5; 7.8).

Ele causava impressão à distância, mas era fraco e corruptível, quando se permitia fazer uma aparição pessoal (10.1,2, 9-11; 11.6; 13.3,4,9). Sua recusa em aceitar remuneração dos coríntios provava que ele se preocupava pouco com eles e que ele estava ciente de ser um falso apóstolo, não o porta-voz De Cristo (11.5,7-1 1,13; 12.11-15; 13.3a, 6).

E ele explorou a disposição da igreja em ajudá-lo fazendo com que seus agentes organizassem uma coleta, supostamente para os santos de Jerusalém, mas, que, na realidade, era para ele mesmo (12.16-18). Estas eram algumas das acusações feitas pelos caluniadores de Paulo (p. 314).

Talvez, a compreensão mais significativa destes competidores do apóstolo esteja em 11.22: “São hebreus?” Todos concordam que esta expressão significa “judeus palestinos” para contrastar com “israelitas” ou os judeus de origem racial.

Estes indivíduos eram, ou afirmavam ser, cristãos, que reivindicavam uma autoridade especial, talvez, derivada

(1) de um conhecimento pessoal de Jesus durante sua vida, o que alguns julgam estar implicado em 5.16,

(2) dos doze apóstolos ou de Pedro, ou ainda

(3) da igreja de Jerusalém.

O que é interessante é que era habitual que o Sinédrio enviasse delegações às comunidades judaicas por todo o império, com cartas que comprovavam sua autoridade, para dar avisos oficiais sobre as datas das festas anuais e para servir como juízes para resolver problemas. Estes homens, verdadeiramente sábios, agiam com autoridade inquestionável, pois não somente era o Sinédrio a autoridade suprema de todos os judeus de todas as partes, mas também, acreditava-se que os rabinos palestinos possuíam santidade superior e maior autoridade.

Aparentemente, o que aconteceu é que os cristãos judeus da Palestina apareceram em Corinto, e reivindicaram o mesmo tipo de autoridade sobre aquela congregação que os rabinos judeus enviados pelo Sinédrio exerciam sobre os judeus da Diáspora! Quando muitos em Corinto resistiram, apelando à autoridade de Paulo, estes intrusos montaram um vigoroso ataque contra o apóstolo ausente, que teve sucesso em minar seriamente sua autoridade. Isto levou à escrita da segunda carta aos coríntios, na qual Paulo faz mais do que defender seu apostolado. Ele explica a natureza do ministério do novo concerto, e, nos capítulos que agora estão em análise, contrasta a abordagem à liderança espiritual representada por seus apóstolos “excelentes”, com sua própria abordagem

Interpretação. Os capítulos 10-13 apresentam a resposta específica de Paulo aos intrusos palestinos cujas reivindicações de autoridade confundiram os coríntios. Embora estes demandantes se autodenominassem “apóstolos”, é claro que eles usavam esta palavra como um equivalente funcional a “rabino” ou “sábio”, e que por trás de sua reivindicação está um conceito característico de liderança espiritual. A resposta de Paulo desenvolve três conceitos vitais. Conceitos que, certamente, aplicam-se à igreja moderna, porque são centrais para um entendimento de liderança espiritual; qualquer que seja o título que possamos dar aos nossos líderes.

Nós podemos examinar estes conceitos sob os seguintes títulos:

• As marcas de um apóstolo

• O ministério de um apóstolo

• A autoridade de um apóstolo

AS MARCAS DE UM APÓSTOLO

A reivindicação de autoridade espiritual dos intrusos sobre a igreja de Corinto era apoiada por diversas afirmações. Eles possuíam conhecimento, e eloqüência superiores (11.6). Eles afirmavam ter visões e revelações (12.1,7). Eles possuíam cartas de recomendação (3.1). Eles aceitavam dinheiro como pagamento por serviços espirituais (11.12). Além disso, eles eram da Palestina, o berço do cristianismo primitivo (5.16; 10.7).

Se tomarmos 2 Coríntios 12.12 como traduzido na versão NIV e RA, poderemos supor que as marcas de um apóstolo são a capacidade de realizar milagres. Aquele versículo diz: “as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos” (12.12, versão RA). Mas a tradução da NP’//RA não é a melhor, porque implica que os milagres são a marca essencial que autentica um apóstolo. Esta tradução é teologicamente improvável, pois Paulo acabou de fornecer extensa defesa na qual lista inúmeras outras coisas como evidências de seu apostolado.

A tradução é logicamente improvável, pois, se os milagres fossem “credenciais de apostolado”, seus oponentes teriam concluído o caso com sua capacidade de realizar milagres, e Paulo poderia ter se defendido simplesmente enumerando os milagres que ele tinha realizado quando estava em Corinto. A tradução é gramaticalmente improvável. A expressão “sinais, prodígios e poderes miraculosos” está no caso dativo, e não no nominativo, o que seria de se esperar se a tradução da NIV e da versão RA fossem as melhores.

Então, o que Paulo está dizendo? Simplesmente que “as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, juntamente com sinais, prodígios e poderes miraculosos”. O árduo trabalho de Paulo, seus sofrimentos, sua profunda preocupação com as igrejas, e o fato de que Deus trabalhou poderosamente por meio dele, apesar de sua evidente fraqueza são as evidências convincentes de que Paulo foi comissionado por Deus.

A mesma coisa ocorre hoje. A marca dos líderes em que podemos confiar e a quem podemos responder positivamente permanece sendo um comprometimento persistente para com o serviço, um serviço que também hoje é demonstrado através do trabalho árduo, do sofrimento, da profunda preocupação com o povo de Deus, e da evidência de que Deus está trabalhando, apesar da fraqueza humana que também está presente em cada um de nós.

O MINISTÉRIO DE UM APÓSTOLO

Duas vezes, neste capítulo, Paulo fala do “nosso poder, o qual o Senhor nos deu para edificação e não para vossa destruição” (10.8; 13.10). Paulo aqui faz mais do que afirmar que o Senhor (não a Palestina!) é a fonte de sua autoridade. Ele defende e também limita sua autoridade. Seu kanon, aquele campo do qual ele foi feito responsável, inclui Corinto (10.13). Ele é responsável por “edificá-los”, mas ele também está especificamente limitado, pois em seu ministério ele não deve fazer nada para a “destruição” deles.

A questão, portanto, é: Como Paulo, o apóstolo, ministra, para que ele possa edificar os coríntios e evitar destruir a igreja? Diversas características do ministério de Paulo são mostradas por toda a segunda carta aos coríntios. Nos capítulos 1-3, Paulo exemplificou a auto-revelação, e mostrou que Cristo é visto no processo de transformação que tem lugar nos crentes, não em alguma reivindicação de perfeição, sem pecado, que afirma seus próprios pontos fortes. Nos capítulos 4-7, Paulo mostrou que um ministério de reconciliação está baseado na convicção de que o amor de Cristo é força convincente dentro do coração do crente.

Como Paulo sabe que Deus certamente realizará nos crentes aquele propósito pelo qual Cristo morreu, o apóstolo confia na obra invisível do Espírito; ele tem e também expressa completa confiança, mesmo em santos imperfeitos. Nos capítulos 8-9, Paulo prosseguiu demonstrando sua confiança ao recusar-se a ordenar que os coríntios fossem caridosos, mas, em lugar disso, enfatizando sua responsabilidade pessoal em considerar cuidadosamente a caridade, embora deixando claro as várias razões pelas quais a caridade alegre e generosa é sábia, além de correta.

Este mesmo espírito permeia o capítulo atual. Paulo “roga” que os crentes respondam (10.1) e esta aparente autodefesa é, na realidade, uma revelação do ministério baseada na fraqueza, e não na força; no serviço, e não na superioridade. Com base nesta surpreendente explicação da natureza da liderança do novo concerto, Paulo convoca seus leitores a se “examinarem”, e expressa a confiança de que, quando eles o fizerem, serão aprovados no teste, ao reconhecerem que Cristo, verdadeiramente, estava falando por meio dele, não por meio dos falsos profetas da Palestina, que baseavam suas reivindicações em visão completamente diferente, tanto do ministério quanto da autoridade do líder.

A AUTORIDADE DE UM APÓSTOLO

O problema com a interpretação sugerida aqui é que ela parece ser negada pelo fato de que Paulo adverte os coríntios muito severamente. Paulo afirma muito claramente: “Já anteriormente o disse, e pela segunda vez o digo, como quando estava presente; mas agora, estando ausente, o digo aos que antes pecaram e a todos os mais que, se outra vez for, não lhes perdoarei” (13.1,2). Um pouco adiante, ele diz: “escrevo essas coisas estando ausente, para que, estando presente, não use de rigor” (13.10).

Pela leitura destes versículos, parece que Paulo abandonou seu comprometimento anterior de modelar, ensinar e pedir, e voltou-se a ameaças de punição (cf. 10.6). Assim, parece que a autoridade espiritual inclui, verdadeiramente, o direito de exigir submissão, como também de existir como posição de influência sobre o povo de Deus.

Pelo menos, assim pareceria, se Paulo não tivesse acrescentado uma frase final ao seu aviso, e em seguida uma explicação. Paulo disse: “digo aos que antes pecaram e a todos os mais que, se outra vez for, não lhes perdoarei”, mas então acrescenta, “visto que buscais uma prova de Cristo que fala em mim”. A seguir, Paulo diz: “[Cristo] não é fraco para convosco; antes, é poderoso entre vós” (13.2,3).

O que Paulo fará para punir aqueles que se recusam a responder positivamente aos seus gentis ensinamentos? Nada! Ele não precisa fazer nada! O fato é que sendo apóstolo, indicado pelo Senhor, cujo kanon inclui Corinto, Cristo está falando por meio dele. Se os coríntios deixam de responder, não é Paulo que está sendo rejeitado, mas o Senhor! Desta forma, afirma Paulo, é Cristo quem lidará com os peca- dores; e Ele não é fraco para lidar convosco... Mas, é poderoso entre vós.

O verdadeiro líder espiritual não precisa de recursos coercivos. O verdadeiro líder espiritual, convocado por Deus, indicado para um ministério e responsável para cuidar e orientar um povo, é aquele por meio de quem Jesus está trabalhando. A pessoa que permanece sem responder positivamente, quando este líder compartilha a verdade de Deus, que são as Escrituras, deve prestar contas a Jesus e não ao líder.

E certamente o fará.

Aplicação. A liderança espiritual na igreja de Jesus Cristo é papel desafiador, não somente para o líder, mas também para roda a congregação. Freqüentemente nossa visão de liderança é terrena, e tem muito mais em comum com a abordagem dos críticos de Paulo do que com a abordagem que Paulo esquematiza nesta epístola.

Há outras passagens que também devemos explorar para desenvolver uma teologia de liderança apropriada, como por exemplo: As palavras de Jesus sobre o serviço, encontradas em Mateus 20. A instrução que Paulo dá a Timóteo e a Tito para a escolha de líderes, que de tantas formas é semelhante a Atos 6. As palavras do autor da carta aos hebreus sobre como devemos responder aos líderes que Deus nos dá. A visão sobre o papel dos indivíduos talentosos no corpo, encontrada em Efésios 4. A exortação em 1 Pedro 5 àqueles que cuidam do rebanho de Deus.

Mas, certamente, todo o livro da segunda carta aos coríntios é crítico para compreendermos não somente o papel do líder, mas também como o líder deve ministrar para despertar o melhor no povo de Deus, e como não deve ser o relacionamento de um líder, que está em contato com a natureza do ministério do novo concerto, com uma congregação que ele é convocado a edificar e não destruir.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento 3º. Edição

A AUTORIDADE DO APOSTOLADO DE PAULO

(2 Co 10)

Apesar do regozijo de Paulo com a atitude de muitos de Corinto, ainda havia alguns que duvidavam da sua autoridade apostólica. Paulo os chama de “falsos apóstolos” (11.13). Ele não usa de meio—termo, e assim os desmascara, revelando o que de fato são: falsos apóstolos, inimigos do Evangelho, mensageiros satânicos que destroem a obra de Deus. Destarte Paulo, nesta altura da carta, os encara de frente e responde às suas acusações. As acusações destes contra Paulo eram: Paulo só é humilde quando fala face a face, mas ousado quando está ausente; suas cartas são enérgicas, mas sua presença e sua pregação são fracas; emprega meios humanos para promover a sua causa; não tem recomendação de Jerusalém. Neste capítulo, Paulo responde estas suas acusações e defende, não apenas a si mesmo, mas também sua autoridade apostólica, juntamente com a mensagem do Evangelho que prega.

Seguindo o Exemplo de Cristo (vv.1,2)

Paulo foi acusado de ser manso e humilde somente quando na presença dos coríntios. Disseram seus oponentes tratar-se de medo e covardia. Pelo contrário, disse Paulo, estava simplesmente seguindo o exemplo de Cristo em tratá-los com a “mansidão e benignidade de Cristo”.

Empregando Armas Espirituais (vv.3-6)

O apóstolo, embora seja um homem comum, não emprega planos e métodos humanos para ganhar suas batalhas. As batalhas por ele travadas estão no plano espiritual. Por isso suas armas são eficazes, pois têm poder divino. São armas poderosas para destruir as fortalezas de Satanás; armas divinas que abatem argumentos, orgulho e auto-suficiência.

Paulo considera seu esforço na conquista de almas para Cristo, como um tipo de guerra espiritual contra Satanás, filosofias mundanas e falsos mestres. Vemos o aspecto tanto negativo quanto positivo nesta luta: a derrota de todos quantos se opõem a Deus, e a sujeição dos inimigos de Cristo.

Não Julgando Pelas Aparências (vv.7-10)

Diziam em Corinto que Paulo era fraco porque sua presença não impressionava e sua pregação era fraca. Por isso, Paulo não poderia ser um apóstolo verdadeiro.

Paulo lembra aos coríntios que devem olhar para além da aparência do homem exterior. Ele tem muita autoridade apostólica, mas, autoridade para ajudá-los e edificá-los. Quanto aos seus oponentes, Paulo os trataria de maneira diferente.

Deixando Que Deus Faça a Nossa Recomendação (vv.12.-18)

Os falsos mestres recomendavam-se a si mesmos. Paulo, porém, evitava fazer isto. Ele afirma que o Senhor mesmo o “recomendou” através da sua aceitação pela igreja de Corinto, fruto do seu ministério (vv.13,14). Ao contrário dos seus oponentes, Paulo se propõe a não semear em campo alheio, preferindo campos onde ninguém semeou antes. Assim agindo, Paulo mostra preferir o louvor do Senhor que o comissionou, não se preocupando com o que os homens pudessem pensar dele (vv.15,16).

Algumas Lições Importantes

1. A aparência física e sua influência. O valor e o caráter do homem não devem ser julgados por sua aparência. Só por ter boa aparência e magnetismo pessoal para atrair o povo, não quer dizer que tal pessoa seja um autêntico homem de Deus.

2. A obra duradoura no reino de Deus será feita através de armas espirituais. A sinceridade, a oração, o sacrifício, a Palavra de Deus, são os meios que Deus usa para promover a Sua obra.

3. Não se preocupe com a popularidade da parte dos homens. Um dia Deus julgará o trabalho fiel do crente e o exaltará. Viva para Ele e para Sua honra, procurando ser como Ele em todo o seu viver e em todo o seu ministério.

4. Devemos, na prática, ser a mesma pessoa que somos quando pregamos ou escrevemos. Senão, estamos desempenhando o papel de hipócritas.

5. Devemos ter cuidado ao julgar o trabalho iniciado por outro obreiro, e que nós passamos a dar continuidade. É tão difícil julgar corretamente! Onde estávamos quando foi começada a obra? Por que Deus não nos chamou, ou outras pessoas do nosso tipo para começar o trabalho?

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

EETAD - Epístolas Paulinas III - 1 e 2 Coríntios