28 de setembro de 2010

O que é oração.

O que é oração.

Texto Básico = “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”. (Mt 6.6)


Introdução;


A oração deve fazer parte da vida espiritual de cada crente. Na Bíblia, a oração é uma adoração que inclui todas as atitudes do espírito humano em sua aproximação de Deus. Como uma ferramenta indispensável à manutenção da comunhão do adorador que busca o favor divino, a oração pode mover o coração de Deus ( Sl 72.12). Oração é o tema que estudaremos neste trimestre, e ela deve ocupar lugar imprescindível na vida daqueles que buscam uma vida repleta de bênçãos.


I - Definição


A oração é uma adoração, que requer do adorador uma condição espiritual da qual este indivíduo pode estar diretamente ligado com seu criador. O crente cristão desfruta de uma forma impar de adoração a qual perpassa toda a sabedoria científica, humana e terrena e se manifesta na interação entre Deus e o homem (Sl 34.6). A oração abre o canal de comunicação entre o Senhor e o ser adorador, por isso a necessidade da ousadia e confiança para entrar na sua presença (Hb 10.19,23).
O homem natural não consegue se identificar com a oração (Is 1.15), e por isso existe diferença entre os que estão na presença de Deus e os que estão no mundo. Existe também a necessidade de se acreditar em o nosso SENHOR Jesus Cristo (Hb 11.6), pois sem fé o homem não consegue encontrar lugar no coração Deus. Sem a verdadeira comunhão com o Pai, Ele não os ouvirá (Jr 11.11).


II - A oração e seus efeitos.

A oração é eficiente, e como uma ferramenta adornada consiste em aproximar o homem de Deus. Alguns dizem ser ela uma “chave” que abre portas, mas realmente a oração sempre se constituiu uma forma de mover o coração do nosso SENHOR (II Cr 7.14).

A Bíblia registra que quando o profeta Jeremias estava no pátio da guarda, a única coisa a ser feita pelo profeta era buscar a face do SENHOR (Jr 33.3). O profeta deveria ir para a oração, pois esta foi incumbência recebida; “clama a mim”. É o clamor feito por um coração quebrantado que move o coração de Deus (Sl 34.18). O profeta Jeremias experimentou da parte de nosso SENHOR muitas bênçãos e todas estas através da oração. Desde a sua chamada, ainda na sua juventude, o “pequeno” homem de Deus (Jr 1.6), teve a sua vida permeada de orações e de muitas lágrimas, ele descobriu que tudo está sempre diante do nosso Deus, e tudo se move pelo seu poder (Jr 33.2).


Para se encontrar a resposta em todas suas orações o mistério é ter paciência. No salmo de número quarenta, fala-nos de duas virtudes de um adorador, a paciência e o clamor; “Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor”. Para nada adiantaria orar e não ter paciência para esperar. A palavra de Deus nos ensina que em todos os momentos bíblicos e em todos os tempos, a falta de paciência, deixou muitos desprovidos das bênçãos de Deus. Se nestes dias você tem orado e não tem alcançados os seus objetivos, verifica se não é falta de paciência que esta ceifando todos os seus sonhos.
Daniel, profeta do Deus altíssimo, que mesmo habitando em uma terra tão longínqua da sua, não deixou que seu ministério sucumbisse sem a oração. Desde o início, as provações fizeram parte da vida deste santo homem de Deus (Dn 1). Mas, Daniel venceu todos os desafios confiando na maior ferramenta que o homem possui (Dn 6.10). O caminho da vitória esta diretamente ligada à oração.


III – A oração no Antigo Testamento

Segundo alguns estudiosos encontram-se mais de oitenta orações feitos pelos mais diversos homens de Deus no Antigo Testamento, e também é possível que em alguns salmos possam conter partes ou orações inteiras. No entanto, no período patriarcal, encontramos algumas expressões que indicam que orações foram dirigidas ao SENHOR entre elas; “invocou” “clamou”, elas podem determinar algumas orações; (Gn 4.26; 12.8; Ex 8.12; Nu 12.13).

Não obstante nos textos bíblicos, encontramos algumas orações citadas que poderiam estar ligadas também aos sacrifícios que ocorriam no Antigo Testamento (Gn 13.4; 26.25). A busca pela presença do SENHOR pode levar o adorador que procura o favor divino empenhar a sua palavra como fez Jacó que falará ao SENHOR; “E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; (Gn 28.20). Contudo não podemos definir um modelo continuo e regular para a oração no Antigo Testamento, pois Deus conhece todas as coisas ( Is 65.24).

O favor divino é uma benção alcançada através de um coração puro e espírito reto diante do SENHOR (Sl 51.10). E para que isso ocorra, a nossa oração deve estar diretamente dentro da vontade divina. Pois alguns tipos de orações podem se tornar algo que o SENHOR Jesus não recomenda (Mt 6.7,8).

Evidentemente que em todos os tempos bíblicos as repostas divinas sempre implicaram no requisito de que o homem possua uma vida de santidade e busca pela presença do SENHOR. Contudo, no tempo da graça, podemos experimentar ainda mais as ricas bênçãos espirituais. Pois além de termos o Santo Espírito em nossas vidas, temos junto ao Pai a pessoa maravilhosa de nosso SENHOR Jesus Cristo (Jo 14. 13,17).

IV - Como orar.

Ao ensinar os seus discípulos a buscar a face do SENHOR através da oração, encontramos nos textos em Mateus capítulo 6 e Lucas capítulo 11, quando é dirigida a conhecida oração do “Pai Nosso”. O próprio Cristo deu características de uma oração que agrada a Deus. Não se trata de uma regra que o homem deva estar preso a ela, mas a um modelo onde se encontra princípios espirituais para se dizer muito em poucas palavras, fugindo assim de um legalismo hipócrita condenado pelo SENHOR (Is 29.13).

Segundo Mateus Henry, encontramos pelo menos seis petições inseridas na pequena oração de Jesus Cristo. As primeiras três, se relacionam a Deus e a sua honra, enquanto que as outras as nossas preocupações temporais e espirituais. Buscar a honra de Deus é algo imprescindível ao ser humano, pois tudo provem dEle e é para Ele ( Rm 11.36). Jesus faz-nos lembrar, que a busca pelo favor divino esta intimamente ligada ao adorador que presta a reverência devida ao seu SENHOR. Como podemos perceber, ao exaltar a presença divina Jesus lembra-nos o primeiro mandamento; “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.”(Mc 12.30).
Ao invocar ao nome do SENHOR em sua oração o mestre traça um caminho seguro para que o crente possa caminhar, porque a honra e a glória pertencem ao Deus que estás nos céu (Mt 6.9).

Jesus continua a ensinar os seus, sobre a dependência divina quando diz; “o pão nosso de cada dia nos dá hoje”; (Mt 6.11) Ele faz uma referência à generosidade da vida. Ao analisar a vontade de Deus sobre o homem, e este na condição de servo, tudo fica mais fácil no momento em que o homem se coloca na dispensação da graça divina, assim se revela o poder facilitador de nosso SENHOR (Mt 6.33). Dependamos continuamente do poder de nosso SENHOR para que o mundo possa ver em nós a luz da salvação (Mt 5.14). O SENHOR pode sempre responder as nossas orações quando existe plena confiança no seu poder (Mt 21.22).

A oração do Pai Nosso por mais simples que possa parecer, revela algumas das maiores verdades que o crente pode aprender. No momento que adoramos a Deus reconhecemos o seu poder, recebendo dEle a dádiva da vida, Jesus cita ainda a comunhão do homem para com o homem. Para que o homem possa alcançar o favor divino e a plenitude do seu poder, Jesus mostra que, para isso o pecado deve ser banido. Pois um coração cheio de rancor, magoa ou qualquer outro embaraço pode atrapalhar as respostas divinas. Ao passo que se dependermos exclusivamente da presença em nossas vidas divina Jesus diz; “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;” (Mt 6.12), o caminho para vitória está neste pequeno detalhe da oração. A maior virtude do homem é reconhecer o senhorio de Deus, e também reconhecer que é fraco e dependente dEle. Em outro texto lemos; “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão”. (Mt 5.25).
Portanto a oração do Pai Nosso, mostra-nos a riqueza das palavras proferidas por Cristo Jesus. Com esta pequena oração podemos ter uma idéia do que é necessário para prover o favor divino.

O apóstolo João vai ainda mais profundo em relação à comunhão do crente com o seu próximo, em sua primeira epístola escreveu; “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão”. (I Jo 4.20,21). O SENHOR Jesus nos poupa de uma oração que certamente será fracassada, pois ao fato de orarmos buscando religiosamente a sua face, poderá ser que a oração não alcance o fim desejável. Desta forma a comunhão com o próximo ajuda a ter comunhão com o Pai.
Portanto, a oração deve ser permeada de entendimento e um coração quebrantado. Desta forma, sem os requisitos sugeridos nas escrituras sagradas podemos levar uma vida infrutífera e sem respostas do nosso SENHOR.


V - Conclusão

A oração é sem dúvidas a maior ferramenta que o crente possui para uma vida na presença de Deus. A história nos mostra que os homens e mulheres de oração, sempre dedicaram boa parte de suas vidas sobre os joelhos, buscando da parte de Deus o alento espiritual. Que Deus nestes últimos dias da igreja, possa levantar em nosso meio homens e mulheres dispostos a se gastar neste ministério abençoado.
Elaboração:- Preb. Juarez Alves Pereira
Assembléia de Deus Ministério do Belém
Parque Nova Dourados
Dourados MS.

21 de setembro de 2010

MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA A PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA

MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA A PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA

TEXTO ÁUREO = “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9).

VERDADE PRATICA = Na adoração, a igreja dirige-se a Deus: no discipulado, dirige-se aos convertidos; na proclamação profética-se ao mundo

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Atos 3.18-26

INTRODUÇÃO

A MISSÃO DA IGREJA NO MUNDO = João 20.21

“Missão” vem de uma palavra latina que significa “enviar”. Jesus ordenou aos seus primeiros discípulos, como representantes daqueles que os seguiriam — “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” Jo 20.21; cf. 17.18). Essa missão é ainda válida: a Igreja universal, incluindo cada igreja local e cada cristão, é enviada ao mundo para cumprir uma tarefa especifica.

A tarefa dada à Igreja tem duas partes.

Primeiro e fundamentalmente, é obra de testemunho perante todo o mundo, fazendo discípulos e plantando igrejas (Mt 24.14; 28.1 9-20; Mc 13.10; Lc 24,47-48). A Igreja proclama Jesus Cristo por toda parte, como Deus encarnado, Senhor e Salvador, e anuncia o convite de Deus aos pecadores para que entrem na vida, voltando-se para Custo por meio do arrependimento e da fé (Mt 22.110; At 17,30). O ministério de Paulo como plantador de igrejas e evangelista por todo o mundo, tanto quanto possível, é um modelo para se levar adiante essa tarefa primária ( Rm 1.14; 15.17-29; I Co 9.19-23; CL 1.28-29).

Em segundo lugar, todos os cristãos são chamados para realizar obras de misericórdia e compaixão. Confiando no mandamento de Deus para amar ao próximo, os cristãos devem responder com generosidade e compaixão a todas as formas de necessidades humanas (Mt 25.34-40; LC 10.25-37; Rm 12.20-21). Jesus curou doentes, alimentou famintos e ensinou a ignorantes ( Mt 15.32; 20.34; Mc 1.41; 10.1), e os que são novas criaturas em Cristo devem pôr em prática a mesma compaixão. Ao agirem assim, darão credibilidade ao evangelho que pregam a respeito de um Salvador cujo amor transforma pecadores naqueles que amam a Deus e ao próximo (Mt 5.16; Cf. 1 Pe 2.1 1-12).

Embora Jesus tenha previsto a missão aos gentios (Mt 24.14; Jo 10.16; 12.32), seu um ministério terreno foi dirigido às “ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15.24). Paulo, o apóstolo aos gentios, sempre ia primeiro aos judeus, quando pregava (At 13.42-48; 14.1; 17.1-4,10; 16.4-7,19). Porque o direito dos judeus em ouvir primeiro o evangelho era determinação divina (At 3.26; 13.46; Rm 1.16), é importante para os cristãos continuarem testemunhando aos judeus. Como Paulo disse, foi de Israel, segundo a carne, que Cristo veio para ser o Salvador do mundo (Rm 9.5).

1. A PROCLAMAÇÃO PROFÉTICA DA IGREJA PRIMITIVA

A Leitura Bíblica em Classe nos mostra que a pregação do Reino de Deus tinha um sentido profético e missionário na vida da igreja primitiva. Um dos termos originais usado no Novo Testamento para descrever a proclamação da igreja é kerygma, traduzido por “pregação” (Rm 16.25; 1 Co 1.21; 2 Tm 4.1 7; Tt 1 .3), e “proclamação” (Lc 4.18; 1 Ts 2.9—ARA).

1. Demonstrada na revelação do mistério da vontade de Deus. As Sagradas Escrituras descrevem a proclamação das boas- novas e o seu conteúdo doutrinário como a revelação do “mistério que desde os tempos eternos esteve oculto em Deus” (Rm 16.25; 1 Co 2.7; Ef 1.9; 3.3,4,9; 5.32; 6.1 9).

Esse mistério não é descrito apenas como uma mensagem (Rm 1 6.2 5; Ef3.3; 6.19), mas como o Verbo encarnado (Cl 1 .26-28; 2.2,3; 4.3). Este revelou a Deus ( Jo 1.18; 8.16; 10.30), a vontade divina (Mt 7.21; jo 4.34) e a Palavra de Deus ( Jo 14; 24 = 17:6 = 14: 17)

a) O mistério revelado à Igreja. Segundo o Novo Testamento, o mistério foi revelado à Igreja para a glória dos santos (1 Co 2.7; CT 1 .26,27); como está escrito: “descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito” (Ef 1 .9). O mistério revelado da salvação em Cristo deve ser anunciado a todos os homens (Ef 3.9; 6.1 9; CI 4.3; 2.2).

b) O mistério desvendado em Cristo. Deus havia planejado a Igreja antes da fundação do mundo e a sua concretização haveria de acontecer na história da humanidade. Todo o plano de restauração e salvação que estava oculto cumpriu-se em Jesus Cristo (Ef 1 .9,10; Cl 1.27; 2.2) “na plenitude dos tempos” (Cl 4.4; Ef 1.10), quando Deus enviou seu Filho para salvar o homem (Lc 1 9.1 0), e despojar a Satanás e seus anjos, triunfando sobre eles (Cl 2.15; 1 Jo 3.5,8).

Este é o “mistério da piedade” que inclui os fatos da encarnação, morte, ressurreição e triunfo glorioso de Jesus Cristo (1 Tm 3.16).

2. Revelada na missão de anunciar o reino de Deus. Os Evangelhos são enfáticos quanto à mensagem de Cristo e dos seus discípulos no sentido de proclamar o Reino de Deus a todas as gentes (Mt 3.1,2; Mcl .14,15; Lc 18.16,17). A centralidade da mensagem está no Reino de Deus o foco principal da proclamação da Igreja em seus primórdios (At 1.3; 8.12; 14.22; 19.8; 20.25;

28.23,3 1). Quando se diz “é chegado o Reino (Mt 4.17), o sentido é profético, referindo-se tanto à presença do Reino no presente quanto no futuro. A atual manifestação do Reino de Deus implica salvação do poder do pecado, mas quanto ao futuro, a libertação da presença do pecado (1 Co 1 5.20-25,42-57).

II. DIMENSÕES DA MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA

1. A Grande Comissão (Mt 28.18-20). A missão profética da Igreja está implícita na Grande Comissão que lhe foi outorgada por Cristo. Vários textos dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos falam da abrangência ilimitada da missão profética da Igreja (Mt 28.1 8-20; Mc 16.1 5-20; Lc 24.46,47; At 1 .8).

Essa missão profética de pregar o evangelho tem seu alicerce na autoridade de Jesus. E função da Igreja proclamar a todos que se arrependam, para que sejam perdoados os seus pecados (Mc 1 .14), e possam ingressar no Reino de Deus.

2. O novo pacto de Deus (Ex 19.1,2; Ef 3.2-5). Da semente de Abraão, Deus suscitou Israel e fez um pacto com esse povo para ser o seu representante na Terra. Israel recebeu de Deus uma missão profética, mas falhou. Então, o Todo-Poderoso elegeu um novo povo constituído de judeus e gentios, estabelecendo através de seu Filho Jesus um novo pacto. Deste modo, as promessas de Deus a Abraão cumprem- se na Igreja (Ef 3.10,11; Hb 8.6).

III. A MENSAGEM PROFÉTICA DA IGREJA (AT 3.18-26)

1. Arrependimento (At 2.38; 3.19; 17.30). O arrependimento requer uma mudança completa na vida de rebelião e pecado do homem contra Deus, para uma nova vida de fé e obediencia ao Senhor Jesus ordenou que em seu nome se pregasse o arrependimento a todas as nações ‘ (Lc 24.47). A mensagem de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.1 7) e dos apóstolos (At 2.38) uma veemente chamada ao arrependimento: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1 .1 5). Uma igreja morna perde sua função profética e não prega o arrependimento dos pecados. Todavia, a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.1 5). não se associa ao mundo inconverso e perdido; ao contrário, conclama a todos que se arrependam e se convertam, para que sejam perdoados de seus pecados (At 3.19).

2. A segunda vinda de Cristo (vv.20,21; 1 Ts4.13-18). A pregação do evangelho pelos apóstolos anunciava o retorno triunfante de Cristo à Terra, como cumprimento da palavra profética anunciada pelos santos profetas do Antigo Testamento. A missão profética da Igreja, portanto, inclui a proclamação do retorno triunfante de Cristo como juiz dos vivos e dos mortos (At 1 0.42; 1 7.31), não apenas dos cristãos, mas também dos pecadores.

IV. A IGREJA E SUAS PRIORIDADESLEITURA = JOÃO 4.21-24

Neste primeiro trimestre do ano, estudaremos uma série de lições voltadas para o novo convertido, visando equipar a Igreja para que torne mais frutífero o seu trabalho na área da integração e do discipulado. Faz parte da estratégia da Comissão da Década da Colheita estudar, agora, o tema, já que nesta época cada igreja local formula seus planos de ação para o ano, e os crentes individualmente renovam os votos de dedicação ao Senhor. Neste primeiro domingo, para situar o assunto, vamos estudar sobre quais são as prioridades absolutas da Igreja.

V. A IGREJA FOI ESTABELECIDA PARA ADORAR A DEUS

1. A visão bíblica da adoração. Segundo definição da Bíblia de Estudo Pentecostal, “a adoração se constitui de ações e atitudes que reverenciam e honram a dignidade do grande Deus do céu e da terra. Ela exige uma entrega de fé ao Todo- poderoso e um reconhecimento de que ele é Deus e Senhor”. Essa entrega, no Antigo Testamento, era representada através dos sacrifícios instituídos no Pentateuco, pelos quais o ofertante reconhecia os pecados e se submetia plena e voluntariamente à soberania divina. Mesmo antes das normas dadas por Deus através de Moisés, regularizando o culto divino do povo de Israel, os patriarcas tinham como prática a oferta de holocaustos como testemunho de sua adoração. Ver Gn 12.7,8; 13.4,18; 26.25; 33.20.

No Novo Testamento, a adoração é oferecida mediante o eterno e perfeito sacrifício de Jesus Cristo, que substituiu para sempre o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento e outorgou ao homem o direito de chegar, com ousadia e liberdade, à presença de Deus. Confira Hb 10.19-23. Segundo Romanos 12.1, adoração é a entrega pessoal e incondicional de todo o ser “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Isto implica em que cada ato praticado, mesmo os considerados mais simples, sob a nova aliança, deve trazer em si o propósito de reconhecer e honrar a Deus como o Senhor soberano sobre todas as coisas.

No encontro entre Jesus e a mulher samaritana (Jo 4.20-24), ele definiu a adoração como algo que deve ser feito em “espírito e em verdade”.

“Em espírito”, porque não depende mais de elementos litúrgicos externos que visibilizem o propósito do ofertante. É algo do coração, para ser recebido por Deus, e não visto pelos homens. Não é, portanto, a aparência que determina o valor da adoração. É o conteúdo. “Em verdade”, porque deve ser fruto da sinceridade do pecador que, contrito, reconhece a sua total dependência de Deus, mediante a obra vicária de Cristo na cruz.

Leia Lucas 18.9-14 e descubra, ali, o contraste entre a hipocrisia do fariseu, com a exterioridade de sua adoração, e a sinceridade do publicano, que, humilhado, mas sem qualquer formalismo exterior, dependia unicamente da misericórdia de Deus. Quem foi abençoado?

2. O povo de Israel chamado à adoração. O pacto de Deus com Israel tinha como selo a adoração ao seu nome. A chamada de Deus a Moisés, do meio da sarça, no Monte Sinai, deixa implícita esta verdade.

Em Êxodo 3.12 o Senhor estabelece como sinal do cumprimento de sua promessa de libertação o fato que os israelitas o serviriam no mesmo lugar onde havia chamado Moisés. Servir, aqui, é plena adoração.

Em Êxodo 3.18, ao orientá-lo sobre como dirigir-se a Faraó, ordena que diga: “Deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor, nosso Deus”. Sacrificar, aqui, é também plena adoração. Posteriormente, quando Moisés e Arão se apresentam ao monarca, afirmam: “Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto”. Celebrar uma festa, aqui, é mais uma vez plena adoração. A instituição da primeira páscoa, como símbolo da saída do Egito, teve também o mesmo propósito. Ver Ex 12.14,25.

Um estudo pormenorizado das leis estabelecidas para governar o povo de Israel revelará que o fim último das determinações ali explícitas era o reconhecimento da grandeza, sabedoria e soberania de Deus no governo do mundo. No entanto, só a construção do tabernáculo, e mais tarde do templo, propiciou a formalização da prática regular das festas e rituais previstos para a adoração pública. Ver Lv. 1-7; 23.4-43.

3. A Igreja chamada à adoração. Com a rejeição de Israel ao plano divino, a Igreja deu continuidade ao propósito de Deus. Portanto, uma de suas finalidades é a adoração ao Senhor. Todos os seus atos, diretos ou indiretos, visam reconhecer o governo de Deus sobre ela, através de Jesus Cristo, buscando, em primeiro lugar, a perseverança na comunhão íntima e pessoal com o Altíssimo.

Ver 1 Pe 2.5. Compare, ainda, com Efésios 2.21,22 e veja que a Igreja é “a morada de Deus no Espírito”, o que implica em estar plena de sua presença em glória, majestade e poder, manifestando perfeita sintonia entre o Pai e seus adoradores. Confira Jo 4.23.

VI. A IGREJA FOI ESTABELECIDA PARA A COMUNHÃO FRATERNAL

1. O significado da comunhão. A Igreja foi, também, estabelecida para o exercício da comunhão fraternal entre os crentes. Comunhão é uma palavra grega (koinonia) que tem a ver com o relacionamento espiritual, pessoal e social entre os que compõem a comunidade eclesiástica.

Compare 2 Co 13.13; Fp 2.1,2. E muito mais do que simplesmente cumprimentar o irmão e desejar-lhe felicidades. E um intenso compartilhamento de tudo quanto se relaciona à vida cristã. E palmilhar, lado alado, a carreira para a qual os crentes foram chamados. E, no dizer de Paulo, alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram. Ver Rm 12.15. E, sob outro prisma, levar as cargas uns dos outros. Confira GI 6.2.

A igreja primitiva levou a comunhão tão a sério que todos tinham tudo em comum, de modo que não havia nela nenhum necessitado, At 4.32-34. Este é o verdadeiro sentido da comunhão bíblica, que expressa não só mutualidade de sentimentos, mas também compartilha uns com os outros nas suas necessidades. Ver Rm 12.13.

2. A busca da comunhão. Buscar a comunhão com os demais crentes é uma condição básica para o êxito espiritual de cada crente. O salmo 133 expressa essa necessidade e os resultados daí recorrentes: unção, bênção e vida para sempre. A mesma ênfase aparece na oração sacerdotal (Jo 17.20-23).

3. O exercício da comunhão. A comunhão pode ser exercitada no amor ao irmão mais fraco, que depende de ajuda para manter-se de pé (Rm 14.1,13), no companheirismo que honra o próximo ao invés de si mesmo (Rm 12.10), na solidariedade que assiste o irmão necessitado (GI 6.10), na prática da justiça que não toma para si o que é de outrem (Tg 5.4), no uso da misericórdia que aplaca o juízo (Tg 2.13), no cuidado para com os que sofrem (Rm 12.15), na ausência de inveja quanto aos companheiros que galgam patamares mais altos na jornada (Tg 3.14- 16) e na semeadura da paz que elimina os facciosismos e promove a unidade entre todos.

VII. A IGREJA FOI ESTABELECIDA PARA A EVANGELIZAÇAO

1. O lugar da evangelização. É comum colocar-se a evangelização como a prioridade número um da Igreja. Em certo sentido, não deixa de estar correto, pois em relação ao mundo esta é a sua principal tarefa. No entanto, neste comentário ela não foi colocada em terceiro lugar por acaso. Há uma razão. É que a evangelização só terá êxito, se os crentes estiverem bem ajustados quanto aos pontos anteriores. Em João 17.23 esta seqüência aparece de maneira clara: “Eu neles, e tu em mim” (comunhão com Deus); “Para que eles sejam perfeitos em unidade” (comunhão uns com os outros), e “para que o mundo conheça que tu me enviaste” (evangelização de resultados).

Uma igreja que não adora a Deus e onde não se exercita a comunhão uns com os outros não terá o brilho da verdadeira luz que atrai os pecadores. Ver Mt 5.14-16. Antes de sair ao mundo para pregar, a Igreja precisa desenvolver seu relacionamento com Deus e a comunhão entre os membros que a compõem. Isto, por si só, bastará para que ela seja afogueada em seu desejo de ganhar as almas.

2. A ordenança da evangelização. A evangelização é uma ordenança bíblica dada por Jesus à sua Igreja. Ver Mc 16.15. Compare com Mateus 28.19 e At 1.8. Deixar de evangelizar é o mesmo que passar ao largo, enquanto pessoas estão morrendo, abandonadas sob os escombros de um incêndio. Imagine a cena e sinta o quão dura ela é. Esta é, todavia, a exata situação de muitas igrejas que estão encasteladas em sua opulência, enquanto à sua volta muitos resvalam para o abismo do fogo eterno.

Uma igreja assim não merece este título e precisa o quanto antes arrepender-se para não ser achada em falta e sofrer o juízo divino. Confira Ap 3.14-18.

3. O imperativo da evangelização. A evangelização é um imperativo porque este é o meio pelo qual os pecadores podem arrepender-se e chegar ao conhecimento da verdade. Ver Jo 6.39,40. Lembre-se que você foi alcançado por ela e, portanto, deve dar continuidade ao processo para que outros sejam também alvos da mesma bênção. Proclamar o nome de Jesus Cristo significa oferecer a única possibilidade de salvação para o perdido. Compare com At 4.12. Se ele não tiver acesso a este nome que salva, estará irremediavelmente condenado.

4. A evangelização e os seus desdobramentos. Finalmente, a evangelização não se esgota no ato de falar de Cristo a alguém. Ali apenas inicia-se o trabalho. A ordem do Mestre é clara: “Fazei discípulos”. E algo que começa com o anúncio das boas novas e continua até que Cristo seja formado em cada novo convertido. Tem os seguintes desdobramentos:

A. A integração. O ato de tomar o novo crente parte natural do Corpo de Cristo.

B. O discipulado. O processo de formação espiritual do novo crente através do ensino bíblico adequado para esta fase. A integração e o discipulado são, portanto, prioridades da Igreja em sua tarefa de trazer os pecadores a Cristo.

VIII. A IGREJA, O GRANDE MISTÉRIO REVELADO = EFÉSIOS 3.1-13

Nos dois primeiros capítulos de Efésios, a Bíblia revela a profundidade do pecado e a sua libertação mediante a obra expiatória de Cristo, destacando a sua obra maravilhosa da formação de um novo povo, derrubadas as diferenças entre judeus e gentios. A Igreja, formada dentre as nações, é o novo povo de Deus. No capítulo 3, o apóstolo se apresenta como despenseiro da graça de Deus na revelação do grande mistério que é a Igreja.

PAULO REVELA A SUA MISSÃO ESPECIAL

Em Efésios 2.22, o apóstolo declara dos crentes: “edificados para habitação de Deus”. Por esta razão, Paulo foi levado a fazer uma segunda oração em favor dos destinatários dessa epístola (3.14-21).

Antes, porém, ele se identificou de modo especial para que o crédito de sua mensagem não causasse dúvida entre os efésios. Paulo começa o capítulo dizendo “por esta causa” para referir-se a tudo quanto havia escrito anteriormente.

1. Paulo, o “prisioneiro de Cristo”(v.l). Na verdade, ao dizer- se prisioneiro, Paulo referia-se a dois lados dessa situação. Primeiro, estava, de fato, encarcerado numa prisão em Roma e, segundo, essa prisão literal lhe dava oportunidade de servir a Cristo como seu “prisioneiro especial”.

A expressão “prisioneiro de Cristo” tinha o sentido de não poder fazer outra coisa, senão, pregar a Cristo como Senhor e Salvador. Além disso, o fato de estar preso permitiu a Deus comunicar ao seu servo as poderosas verdades destinadas a ser a força e a inspiração de sua Igreja. Ele não lamenta a prisão, mas inverte a situação, e torna o seu cativeiro uma oportunidade para melhor servir ao Senhor.

2. Paulo, o mordomo da graça de Deus (vv.2,3). O apóstolo assume o seu papel mais importante na missão que recebeu de Cristo que é o de ser mordomo da graça de Deus. É a tradução do termo original oikonomia, que significa dispensação, administração dos bens de outrem, administração de uma casa, mordomia (no sentido bíblico). Paulo revela que seu ministério recebido da parte de Cristo era o de revelar, dispensar e mostrar o propósito da graça de Deus a todos os homens. Ele faz questão de afirmar que se tornou ministro do evangelho aos gentios, por isso era chamado “após- tola dos gentios” (2 Tm 1.11; 2 Co 10.1; Gl 5.2,3; Cl 1:23).

3. Paulo, o possuidor da revelação do mistério da graça de Deus (vv.3-5). Não era nenhuma presunção do apóstolo frisar que o evangelho aos gentios lhe havia sido revelado especialmente para que fossem partícipes dos privilégios do reino de Deus, tanto quanto os judeus. A designação do seu ministério aos gentios foi revelada por profecia a um discípulo chamado Ananias, quando o Senhor disse: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel” (At 9.15). No v.9, a palavra “demonstrar” e “mistério” estão intimamente ligadas. Paulo foi o revelador, sob a direção do Espírito Santo, do mistério de Cristo (1 Tm 3.16; 1 Co 12.27; Cl 1.27; Ef 5.32).

4. Paulo, o revelador das bênçãos universais de Deus (vv.5,6). A razão pela qual Paulo enfatizava o direito às bênçãos de Deus em Cristo é porque muitos judeus cristãos tentavam diminuir esses direitos dos gentios. Paulo não aceita as razões sem bases desses judeus e declara que todos, independente, de serem judeus ou gentios, têm os mesmos direitos e privilégios ante a graça de Deus, O apóstolo testifica de modo enfático, que os gentios são “co-herdeiros e co-participantes do mesmo corpo de Cristo”.

Ao ingressarem no reino de Deus, mediante a obra de Cristo no Calvário, os gentios participam igualmente de todas as bênçãos. Eles não são cidadãos de segunda categoria. Eles são participantes das promessas de Cristo e formam um só corpo espiritual com os judeus, resultando na Igreja (1 Co 12.13; Ef 2.13). Os gentios, em Cristo, foram feitos “povo de Deus”, “geração eleita”, “nação santa”, “povo adquirido” juntamente com os judeus.

PAULO, MINISTRO DA REVELAÇÃO DIVINA

No primeiro ponto desta lição estudamos que Paulo declarou a sua missão especial como agente da revelação do mistério da graça de Deus.

Agora, ele se identifica, não apenas como receptor dessa revelação, mas como ministro do evangelho.

1. Paulo, ministro da revelação divina (v.7). As palavras iniciais do v.7 são uma continuação da declaração que Paulo havia feito no v.6, ao afirmar que os gentios eram “co- herdeiros” e “co-participantes” das bênçãos do evangelho. Ele, então, diz “do qual fui feito ministro”. Desse modo, Paulo considerava seu ministério um grande privilégio, porque fora feito ministro, não por qualquer mérito ou dignidade, mas “segundo a operação do seu poder”. Paulo, desde o início do seu ministério sofreu da parte dos judeus e dos gentios, mas superou as dificuldades e manteve-se como aquele que recebeu de Deus a missão de ministrar a graça de Deus aos gentios e, também, aos judeus.

2. A revelação que Paulo menciona (v.8). Diante da magnitude das revelações recebidas de Deus, Paulo se diz “o menor de todos os santos”. A grandeza e alcance dos mistérios de Cristo eram maiores do que ele podia compreender. Quando fala de “riquezas incompreensíveis de Cristo”, ele sabia quão insondáveis eram essas riquezas espirituais. Era algo que superava qualquer conhecimento humano. Tudo que refere-se à gloria de Cristo, sua divindade, sua glória moral e sua glória meritória na cruz do Calvário tem um valor incalculável,”O privilégio de Paulo era pregar aos gentios a Cristo como Salvador, e declará-los incluídos como participantes das bênçãos de Cristo: At 9.15, 22.21; 26.17; Rm 11.13; Rm 15.16-21; Gi 2.7-9.” (Carta aos Efésios, CPAD)

3. A quem mais foi revelado o mistério? (vv.9-11). O mistério da salvação “estava oculto em Deus”. Em sua presciência, Ele estabeleceu o tempo da revelação do mistério da salvação através de Jesus Cristo. O v. 10 declara que “agora” a Igreja se constituiu na proclamadora da revelação, o que indica que ela sempre fez parte do plano divino. A Igreja não foi uma obra acidental de Deus; ela foi criada antes de todos os tempos e manifestada através de Jesus.

Outrossim, essa revelação não ficaria restrita aos homens, pois diz o v.10 que, também, os anjos (“principados e potestades”) teriam conhecimento dessa revelação através da Igreja. O v. 11 afirma que o mistério foi revelado “segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus”. Esse eterno propósito divino, antes de todos os tempos, já tinha Jesus Cristo como a razão de tudo. Tudo quanto foi criado por Deus teve a sua elaboração na eternidade.

4. Três palavras especiais: ou- sadia acesso e confiança (v.12). Essas três palavras tornam possível nossa comunhão mais profunda com Deus. Não há como entrarmos na presença de Deus senão com santa “ousadia”. O “acesso” diz respeito a nossa entrada na presença de Deus (Ef 2.18; Rm 5.2). E, apalavra “confiança” envolve a nossa fé em Deus.

CONCLUSÃO

Segundo o texto de 1 Pe 2.9,10, a igreja deve cumprir plenamente o seu tríplice ministério: real, sacerdotal e profético, para que a sua missão satisfaça o projeto de Deus na Terra.Valorizemos mais o privilégio de sermos a Igreja do Senhor. Desfrutemos das riquezas divinas ao nosso alcance. Mas, não somente isso. Proclamemos ao mundo a salvação que nos alcançou.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Bibliografia

Lições bíblicas CPAD 2007

Lições bíblicas CPAD 1999

Lições bíblicas CPAD 1996

Bíblia de Estudo Genebra

OBS:- se possível fazer uma revisão nas lições 3º. Trimestre 1990 e 4º. Trimestre 1998 e 1º. Trimestre 2007, será um bom completo para todos os professores.

8 de setembro de 2010

O DOM MINISTERIAL DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA

O DOM MINISTERIAL DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA

- Ev. José Costa Junior –

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O assunto desta lição diz respeito à profecia no contexto neotestamentário. A profecia e os profetas formam a maior linhagem de continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. A linguagem profética não terminou com Malaquias, digamos assim, mas antes, com João Batista. Esse é o ensino expresso de nosso SENHOR: “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João” (Mt 11:13). A costumeira divisão em dois ‘Testamentos’, obscurece, infelizmente, essa maravilhosa unidade do programa revelatório de DEUS, porém a linhagem tem continuação desde Moisés até João Batista. Vemos em João, como de fato em seu pai, Zacarias (Lc 1:67-79), a repetição do padrão da profecia do Antigo Testamento: a unidade da proclamação com a predição. Foi a predição da ira vindoura (Lc 3:7) e da graça por vir (Lc 3:16) que deu a João tão poderosa mensagem para sua geração.

A continuidade da profecia na história da igreja, por meio do dom sobrenatural do ESPÍRITO SANTO, recebeu contestações, durante séculos, de grupos cessacionistas que diziam que tais dons foram dados somente durante a era apostólica, como “sinais” para credenciar os apóstolos durante o estágio inicial da pregação do evangelho. Afirmavam que esse dom não é mais necessário hoje como sinais e cessaram no final da era apostólica, provavelmente no final do primeiro século d.C. ou começo do segundo.

A Assembléia de Deus, desde sua criação, vem levantando a bandeira do pentecostalismo; a atualidade dos dons espirituais. As experiências práticas no uso dos dons espirituais e a vitalidade do culto pentecostal, esvaziaram, pela constatação prática da atuação DIVINA nas vidas de seus membros, os argumentos cessacionistas. O cenário do final do século passado e início deste século mudou. As igrejas neopentecostais e suas práticas heterodoxas, o catolicismo carismático-mariólatra e as chamadas “novidades”(unções espirituais, sopros divinos etc...) trouxeram o pêndulo da doutrina dos dons espirituais de uma extremidade cessacionista a outra: dos exageros que tangenciam à heresias.

Novamente se faz necessário levantar a bandeira do pentecostalismo, agora trazendo aos crentes uma visão mais analítica e equilibrada dos dons do ESPÍRITO SANTO, em particular, o dom de profecia.

Acreditamos nas Escrituras Sagradas como fonte completa e suficiente das palavras de DEUS para o seu povo e único instrumento em autoridade na tarefa de dar direção acerca da SUA vontade. Não obstante a isso, o dom de profecia não é invalidado, mas sim, se mostra cooperativo com essas assertivas.

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do que o comentarista desta lição chama de apóstolos e profetas como dom ministerial e o dom de profecia. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I. O DOM MINISTERIAL DE APÓSTOLO E O COLÉGIO APOSTÓLICO

A palavra apóstolo (no grego - apostolos) pode ser usada em dois sentidos: solene (restrito), no sentido de ser portador de autoridade divina (“apóstolo de JESUS CRISTO”) e não-técnico (amplo) no sentido de “enviados”.

A palavra apóstolo, no sentido restrito, refere-se a um ofício específico, “apóstolos de JESUS CRISTO”. Esses apóstolos tinham autoridade única para fundar e liderar a igreja primitiva e podiam falar e escrever a Palavra de Deus. Muitas de suas palavras escritas tornaram-se as Escrituras do Novo Testamento.

Para se qualificar como apóstolo era preciso ter visto com os próprios olhos o CRISTO ressurreto e ter sido designado apóstolo pelo próprio CRISTO. Além do Colégio Apostólico (os onze e Matias) houve um número limitado de apóstolos. Barnabé (At 14:4,14) e Paulo (I Co 1:1), muito provavelmente Tiago irmão de JESUS (Gl 1:19), talvez Silas (I Ts 2:7), Andrônico e Júnias (Rm 16:7) mais alguns outros não nominados pelas Escrituras Sagradas. Parece que nenhum apóstolo foi designado depois de Paulo. Em I Co 15:5-11 Paulo fala: “[CRISTO] apareceu a Cefas, depois aos Doze. A seguir a mais de quinhentos irmãos de uma só vez... A seguir...a Tiago, depois a todos os apóstolos. Em último lugar também me apareceu a mim”. Estas passagens parecem demarcar um período de aparições da ressurreição que se inicia com Cefas e termina com Paulo.

Paulo não diz: “Depois, ELE apareceu a mim”, mas sim: “Em último lugar também me apareceu a mim”, o que sugere um caráter final das aparições. Paulo continua a dizer: “Pois eu sou o menor dos apóstolos....Mas o que sou [apóstolo], devo-o à graça de DEUS”. Ele se diz “o menor dos apóstolos”, pois é, na realidade, o “último” apóstolo a quem o SENHOR “apareceu”.

Parece que nenhum apóstolo foi designado depois de Paulo e, certamente, já que ninguém hoje pode preencher o requisito de ter visto o CRISTO ressurreto com os próprios olhos, não há apóstolo hoje, pelo menos em seu sentido restrito. Em lugar de apóstolos vivos, presentes na igreja para ensinar-lhe e governá-la, temos os escritos dos apóstolos nos livros do Novo Testamento, o qual desempenha para a igreja de hoje as funções de ensino absolutamente autorizado e de governo desempenhadas pelos próprios apóstolos na época do início da igreja.

Quando o termo apóstolo é usado no sentido mais amplo de alguém comissionado pelo SENHOR para abrir novos campos missionários, cujo ministério seja acompanhado por sinais e prodígios, esse não seria um uso inadequado da palavra, segundo alguns autores. Não obstante, deve ficar bem claro que os apóstolos são um dom de DEUS, comissionados por ELE. A igreja jamais teve autorização de criar apóstolos. Nenhuma sucessão apostólica foi sequer estabelecida. Diante disto, este comentarista acha que não parece apropriado e proveitoso usar a palavra apóstolo para referir-se a fundadores de igrejas e missionários. Há uma grande possibilidade de confundir quem lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade atribuída ao ofício ministerial de “apóstolo” comparado aos de evangelistas, pastores e doutores. É digno de nota que nenhum dos grandes nomes na história da igreja – Atanásio, Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley, Whitefield, Gunnar Vingren, Daniel Berg, Paulo Leivas Macalão e outros – assumiram o título de “apóstolo” ou permitiram que os chamassem apóstolos no sentido mais amplo da palavra.

II. “OUTROS PARA PROFETAS”

Lendo as Escrituras Sagradas, nos parece ter havido, na Igreja do Novo Testamento, um grupo especialmente também chamado pelo nome de “profetas”, separados para o ministério da profecia. São mencionados imediatamente depois dos apóstolos, nas listas de ministérios cristãos (I Co 12:28,28 – Ef 4:11); são associados com os mestres de Antioquia (At 13:1), os dois graus principais do ministério depois dos apóstolos. Conforme os encontramos, no livro de Atos e nas epístolas, suas funções consistiam do costumeiro duplo ministério profético de proclamação e predição.

Ágabo, um dos poucos profetas cujo nome nos é fornecido, se tornou notório devido a certa predição (At 11:26 – 21:10,11), fazendo uso desse dom para prestar orientação espiritual à Igreja. O livro inteiro do Apocalipse é o mais extraordinário exemplo, na Bíblia, de predição ligada à tarefa de pregação. Em sua capacidade como pregadores da Igreja, o trabalho dos profetas é descrito como exortação (At 15:32), edificação e consolação (I Co 14:3).

A reação do indivíduo que não é crente para com o ministério dos profetas (I Co 14:24,25) demonstra que eles eram pregadores da mensagem completa sobre o pecado e a salvação, sobre a ira e a graça de DEUS.

No contexto da reunião da Igreja (I Co 14:26 e segs.), o ministério do profeta é referido como ministério de revelação (v. 30). Este poderia tomar a forma de declaração espontânea e é associado com a atividade do ESPÍRITO DE DEUS (I Ts 5:19). Essa atividade profética não é a mesma que o falar em línguas (I Co 14:22-25,27-29), nem é a interpretação de línguas. Mas é antes alguma percepção da verdade de DEUS, inteligentemente transmitida a assembléia.

Dois testes eram aplicados a qualquer declaração profética: primeiro havia o teste da experiência de outros profetas presentes. Diz o apóstolo: “e os outros julguem” (v. 29), ou seja, deviam sujeitar a declaração que estava sendo feita a um exame, baseados no critério do conhecimento que tinham de DEUS e de SUA verdade. Em segundo lugar, havia o teste da totalidade do depósito apostólico. O teste do verdadeiro profeta, ou de qualquer indivíduo que apresenta reivindicação de espiritualidade, é expresso pelo apóstolo com as palavras: “reconheça ser mandamento do SENHOR o que vos escrevo”, pois, à parte disso, não haveria outra coisa senão mera ignorância (v. 37,38).

Isso nos ensina que os profetas não eram fontes de novas verdades apresentadas a Igreja, mas meros expositores da verdade doutro modo revelada. Assim como o profeta do Antigo Testamento se mantinha em posição de subordinação para com Moisés, que provia a norma doutrinária do ensino correto, semelhantemente os profetas no Novo Testamento se mantinham em relação aos apóstolos, estando assim obrigados a submeterem tudo ao teste daquilo que os apóstolos haviam declarado como Palavra de DEUS.

O problema dos sucessores dos apóstolos do Novo Testamento é resolvido não por um incentivo a que os cristãos ouçam os profetas (ainda que houvesse profetas por ali), mas a que se voltem para as Escrituras. Paulo, ao final da vida, destaca o dever de manejar bem a palavra da verdade (II Tm 2:15) e o caráter inspirado das Escrituras “para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (II Tm 3:16). Judas insta seus leitores a batalhar “diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). Pedro, ao final da vida, incentiva seus leitores a atender as Escrituras, “como uma candeia que brilha em lugar tenebroso” (II Pe 1:19,20), e lhe relembra os ensinos do apóstolo Paulo em todas as suas epístolas (II Pe 3:16). Parece que eles não possuíam autoridade igual à dos apóstolos e os autores das Escrituras sabiam disso.

III. O DOM DE PROFECIA

Registram-se dois tipos de profetas no Novo Testamento: Os que ocupam o cargo de profeta (Ef 4:11) e os que possuem o dom da profecia. Os da primeira categoria estão entre os dons de ministério; os da segunda poderiam incluir qualquer crente cheio do Espírito. Nem todos poderiam ocupar o cargo de profeta (porque “estabeleceu DEUS na Igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas...”), mas segundo I Coríntios 14:31, “todos podereis profetizar, um após outro”. Assim sendo, o dom da profecia não torna a pessoa um “profeta” (dom ministerial).

Entre os dons citados por Paulo em I Coríntios, a profecia é o dom mais desejável (14:1,5,24,25,39). Sua importância é indicada pelo fato de que alguma forma da palavra é encontrada vinte vezes em I Co 12 e 14. O dom da profecia é definido como: ”Mas o que profetiza...fala aos homens edificando, exortando e consolando” (I Co 14:3). A Versão Ampliada interpreta o v.3: “O que profetiza...fala aos homens para edificar, para seu progresso espiritual construtivo, encorajamento e consolo”. A previsão de eventos futuros não está associada ao dom de profecia; esta era uma função do cargo profético. O dom opera para edificar (espiritualmente) o corpo da igreja local. Quando a Igreja enfrenta um problema de omissão de fatos ou a necessidade de sabedoria para um curso prático de ação, a palavra de conhecimento ou de sabedoria pode operar em conjunto com o dom de profecia. Em geral, na operação do dom de profecia, o Espírito unge o crente para falar ao corpo de CRISTO não palavras premeditadas, mas as supridas espontaneamente pelo ESPÍRITO: para animar e encorajar, instigar à obediência e serviços fiéis, e transmitir conforto e consolo.

Quanto à autoridade do dom de profecia, sabemos que não é igual a das Escrituras Sagradas e, por conseqüência, não pode ser considerada “palavras de DEUS”. Segundo Bruce Yocum, autor pentecostal, “a profecia pode ser impura – nossos pensamentos ou idéias podem misturar-se a mensagem que recebemos – quer recebamos diretamente as palavras, quer recebamos só uma noção de mensagem”. Devemos dizer que, na prática, muita confusão resulta no costume de prefaciar profecias com frases veterotestamentárias tipo “...assim diz o SENHOR”, “eis que vos falo”, “EU SOU o DEUS que falo contigo”, “MEU servo...”, frases jamais proferidas por nenhum profeta do Novo Testamento. Isto é desastroso porque dá a impressão de que as palavras que se seguem são as palavras do próprio DEUS, enquanto o Novo Testamento não justifica tal posição. DEUS traz a mente algo que deva ser relatado a igreja e o ESPÍRITO SANTO faz com que ecoe com o máximo de poder no coração dos que precisam ouvir, sem a necessidade de revestir tais palavras com a autoridade que elas não tem. Relatar com suas palavras algo que DEUS lhe trouxe de maneira espontânea à mente não equivale à Palavra de DEUS, em autoridade.

Paulo escrevendo aos tessalonicenses diz: “não desprezeis as profecias, mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom(I Ts 5:20,21); Ele dá a entender que as profecias contêm alguns elementos bons e outros nem tanto quando incentiva os tessalonicenses a reter “o que é bom”. Jamais se poderia dizer isso das palavras de um profeta do Antigo Testamento ou dos ensinos autorizados de um apóstolo do Novo Testamento. A profecia é um dom valioso e atual, assim como muitos outros dons, mas é nas Escrituras que DEUS e somente DEUS nos fala com SUAS palavras, ontem como hoje, por toda nossa vida.

A intenção deste autor, quando trata do dom de profecia, não é diminuir-lhe a importância dentro da igreja hoje, mas colocá-la de acordo com a Palavra de DEUS, dentro de uma visão pentecostal equilibrada. O dom de profecia é fato e contemporâneo, mas assim como na Igreja de Corinto, ainda hoje carece, em alguns lugares, de uma iluminação Bíblica para que possa realmente edificar, exortar e consolar. Donald Gee, em Spiritual Gift for the Work of Ministry Today : Gospel Publishing House, 1963, comenta: “-Muitos de nossos erros no que diz respeito aos dons espirituais surgem quando queremos que o extraordinário e excepcional torne-se freqüente e habitual. Que todos os que desenvolvem um anseio excessivo por ‘mensagens’ mediante dons sejam alertados pelo naufrágio de gerações passadas, bem como contemporâneas [...] As Escrituras são lâmpada para nossos pés e luz para nossos caminhos”.

CONCLUSÃO

Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.

Elaboração pelo:- Ev. José Costa Junior

REFERÊNCIAS BÍBLIOGRÁFICAS

DOUGLAS, J. D. (org.). O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo,SP: Vida Nova, 1995.

DUFFIELD, Guy P. e Nathaniel M. Van Cleeave. Fundamentos da Teologia Pentecostal Volume II - São Paulo, SP: Editora Publicadora Quadrangular, 1987

GRUDEM, Weine A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999

HAWTHORNE, Gerald F., Ralph P. Martin e Daniel G. Reid (org.). DICIONÁRIO DE PAULO E SUAS CARTAS. São Paulo: Vida Nova, 2008

HORTON, Stanley (org.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal – 1ª Ed. – Rio de Janeiro, RJ: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1996.