28 de agosto de 2013

CONFRONTANDO OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO



CONFRONTANDO OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO – Ev. José Costa Junior

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

            O assunto desta lição diz respeito aos inimigos da cruz de Cristo e como confrontá-los. O exemplo pessoal do apóstolo tornou-se a base para uma exortação geral aos Filipenses. Todos os crentes, até mesmo os maduros, jamais devem estar satisfeitos com seu nível presente de experiência e maturidade cristã. Acima de tudo, jamais devem sentir que já alcançaram o estado de perfeição.

            Alguns crentes confundem-se com o fato de a Bíblia falar de dois níveis de maturidade. Existe a maturidade suprema, o estado celestial final quando todos os crentes receberão corpos novos criados ã imagem de Cristo. A isto Paulo se referiu em Filipenses 3:12, 21.

            Mas também há um nível de maturidade reconhecível que pode ser alcançado enquanto na terra, uma maturidade que reflete certas características e qualidades. Provavelmente o perfil mais completo que reflete esta maturidade encontra-se em 1 Timóteo 3 e Tito 1, Paulo aqui apresenta qualidades dos anciãos. Um exame minucioso destas qualidades no contexto, entretanto, revela que estas características devem ser alvos para todos os crentes.

            Paulo também, uma vez mais, preveniu os crentes contra falsos mestres e pessoas com mentalidades mundanas. Com lágrimas a correr-lhe pelas faces, ele chamou a estes mundanos de "inimigos da cruz de Cristo" (Fp 3:18). Este é um lindo quadro das atitudes e ações de Paulo, até mesmo para com os não crentes que minavam sua obra se opondo a ela. Sua linguagem era forte, mas seu coração estava despedaçado. Enquanto chorava, ele especificou que "o destino deles é a perdição".

            Três coisas, disse Paulo, caracterizam os estilos de vida destes inimigos. Primeiro, "o deus deles é o ventre — eram glutões e beberrões; segundo, "a glória deles está na sua infâmia" —glorificavam a imoralidade e o procedimento sensual; e, terceiro, "só se preocupam com as coisas terrenas" —possuíam uma filosofia materialista de vida.

Este, dá a entender Paulo, é o "padrão deste mundo". Os crentes maduros e que crescem não permitem que sua vida se conforme com este padrão; antes, são "transformados" e "renovados". Então, disse Paulo, vocês poderão experimentar "qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2).

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do sobre a presente lição. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.



EXORTAÇÃO À FIRMEZA EM CRISTO

Alguns crentes de Filipos devem ter estado bem certos de haverem atingido um nível supremo de maturidade. Pensavam já serem perfeitos. Indubitavelmente é por isso que Paulo contava sua própria experiência. Os Filipenses amavam e respeitavam este grande homem. Para um gigante espiritual como Paulo contar a estas pessoas as suas próprias fraquezas e seus alvos para o desenvolvimento espiritual, exerceria um impacto significativo sobre a perspectiva que elas tinham de seu próprio estado espiritual. Assim. Paulo exorta: "Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós" (3:17). Isto é, não pensem já estarem perfeitos. Esqueçam-se das coisas que para trás ficam e prossigam para o alvo para ganhar o prêmio—a suprema santificação.

Paulo prossegue exortando-os a imitar o exemplo de outros que seguiam este padrão de vida, assim como Timóteo e Epafrodito. Paulo já havia apresentado estes dois homens como exemplos admiráveis de maturidade cristã (2:19-30), mas ambos possuíam fraquezas humanas. Ambos possuíam problemas físicos e psicológicos que interferiam em sua eficiência—ainda que fossem líderes cristãos maduros.

No versículo 16 Paulo faz uma afirmação que parece, à primeira vista, um tanto obscura: “Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos." Talvez ele estivesse exortando os Filipenses a não se desviarem, a não irem ao extremo oposto e praticar a licença em vez do legalismo. Mas parece mais lógico, pelo contexto, concluirmos que Paulo se referia ao que freqüentemente acompanha o perfeccionismo legalista e a atitude de "mais santo do que os outros". Os que acreditam ter um pedaço da santidade de Deus, muitas vezes são mais causadores de divisão e altercadores.

Muitas vezes são inalcançáveis e em conseqüência disso, violam a própria verdade que propagam. Em contraste, Paulo disse em outra ocasião que os crentes maduros devem "repelir as questões insensatas". Eles sabem que este tipo de diálogo só engendra "contendas". Pelo contrário, disse Paulo, o crente maduro deve "ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade" (2 Timóteo 2:23-25).

OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO

            O legalismo não é o único inimigo da justificação pela fé pregada por Paulo, mas muitas falsos crentes tinham regeitado ou distorcido a doutrina de outra maneira, de forma que interpretavam a justificação pela fé como uma licença para pecar com impunidade. Isso é “ilegalidade” ou antinomianismo. Aqueles que promoviam essa heresia raciocinavam falsamente: “Se a justificação depende da graça de DEUS e não das minhas obras e se a graça de DEUS vai sempre exceder a minha perversidade, então isso significa que eu posso pecar tanto quanto quiser, e ainda serei salvo”.  Os sentimentos desses falsos crentes pareciam ser de uma espiritualidade tão alta que menosprezavam a carne como sendo mal, entretanto, tal espiritualidade era espúria. 

Segundo sua filosofia, não haveria necessidade de se obedecer à lei naquilo que diz respeito à carne, porque o espírito é tudo. Na verdade, ao espírito competia dominar seu contaminado sócio, o corpo. Tal atitude, no entanto, para com esse, ora descamba para o ascetismo, ora resvala para o libertinismo. Lá em Filipos, evidentemente, a inclinação foi para a última alternativa, ou seja, grosseira sensualidade. Tais idéias usadas como um caminho de vida são absolutamente alheias à verdade cristã. Paulo exorta os filipenses a seguirem seu exemplo (17) e a evitarem o dos antinomistas, em seu meio, porque os tais fazem deuses de seus apetites (19). O evangelho de Jesus Cristo, pregado pelo apóstolo aos filipenses, põe ênfase no que é espiritual e não no que é carnal, sobre as coisas celestiais e não sobre as terrenas.

            Na carta aos Romanos, Paulo antecipa esse abuso e responde: “Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma! (Rm 6:1,2). Mas porque não? Ele explica: “Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?”(v.2). Então isso é o que faz o antinomianismo incoscistente com a justificação pela fé – algo acontece conosco em nossa conversão que torna impossível para nós continuarmo em uma vida de pecado. As Escrituras dizem que fomos “regenerados” (Tt 3:5), e que fomos “nascidos de novo” (Jo 3:3). João escreve: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado (habitualmente); porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.”(I Jo 3:9).

            Paulo diz que o cristão deve morrer “para o pecado”, e que “o pecado não os dominará” (Rm 6:14). Ele explica que visto que a graça nos libertou de sermos escravos do pecado, devemos parar de obedecer a ele. Mas a graça não nos deixa ser os nossos próprios senhores, porque ela nos fez “escravos da justiça” (Rm 6:18). Portando, ele diz:”pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação” (Rm 6:19). Ao invés de levar ao antinomianismo, a justificação pela fé leva a um estilo de vida correto e torna impossível o antinomianismo.

            Quando DEUS salva uma pessoa, ELE a regenera pela mudança de sua disposição, de amor à maldade para amor à retidão, de amor ao egoísmo para amor por Cristo e de desafio contra DEUS para obediência à DEUS. DEUS concede a essa pessoa fé no evangelho de Cristo e sobre essa base DEUS a justifica em Cristo. Nossa regeneração e justificação não somente muda nosssa posição diante de DEUS, mas nos muda até o mais profundo nível do nosso consciente, produzindo uma mente e um estilo de vida piedoso. Não há modo de chegar ao céu como a nossa casa, senão por meio de Cristo, nosso Caminho. Os crentes verdadeiros, ao buscarem esta seguridade e ao glorificá-lo, procurarão mais de perto tentar parecer-se com Ele em seus padecimentos e morte, morrendo para o pecado e crucificando na carne suas paixões e concupiscências.

O FUTURO GLORIOSO DOS QUE AMAM A CRUZ DE CRISTO

"Não", disse Paulo, "não podemos jamais ser perfeitos enquanto vivermos nesta terra.
Mas podemos nos tomar mais e mais como Cristo se tivermos seu estilo de vida como nosso alvo, lutando por este ideal, segundo bons exemplos em vez de maus, e sempre mantendo uma atitude de aprendizado."

Mas a história não acaba aí. Algum dia todos os crentes estarão com Cristo e terão corpos "como o seu corpo glorioso". Esta foi a palavra final de Paulo aos Filipenses acerca de perfeição e santificação.

Paulo lembra aos Filipenses, uma vez mais, que sua cidadania realmente encontrava-se no céunão em Filipos como membros de uma colônia romana (1:27). O seu salvador não era o imperador romano, que, desde a época de Júlio César, era proclamado por alguns seguidores como "o salvador da humanidade"; pelo contrário, o Senhor Jesus Cristo era o seu Salvador. E verdade.

Cristo já os havia salvo de seus pecados; mas algum dia ele viria para tirá-los totalmente do mundo. O mesmo poder que capacitava a Cristo a "levar tudo sob seu controle" os transformaria em sua imagem. Este, disse Paulo, será nosso prêmio final e de maior valor ao término da corrida. Neste sentido, não haverá perdedores.

CONCLUSÃO

Os inimigos da cruz de Cristo não se importam de nada, senão de seus apetites sensuais. O pecado é a vergonha do pecador, especialmente quando se gloria nisso. O caminho dos que se ocupam das coisas terrenas pode parecer agradável, porém a morte e o inferno estão no final. Se escolhermos o caminho deles, partilharemos seu final.

A vida do cristão está no céu, onde está sua Cabeça e seu lar, e aonde espera chegar daqui a pouco; coloca seus afetos nas coisas de cima e onde estiver seu coração, lá estará seu tesouro.

Há glória reservada para os corpos dos santos, glória que se fará presente na ressurreição. Então o corpo será feito glorioso; não só ressuscitado para a vida, senão ressuscitado com maior vantagem. Note-se o poder pelo qual será efetuada esta mudança. Estejamos sempre preparados para a vinda de nosso Juiz; esperando ter nossos corpos vis mudados por seu poder todo-poderoso, e recorrendo diariamente a Ele para que faça uma nova criação de nossas almas para a piedade; para que nos livre de nossos inimigos e que utilize nossos corpos e nossas almas como instrumentos de justiça a seu serviço.

            Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS. 


Ev. José Costa Junior




  





21 de agosto de 2013

A SUPREMA ASPIRAÇÃO DO CRENTE



A SUPREMA ASPIRAÇÃO DO CRENTE

TEXTO ÁUREO = “Prossigo para o alvo, pelo premio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” Fp 3: 14

VERDADE PRATAICA = A maior aspiração do crente deve ser a conquista do prêmio da soberania vocação em Cristo Jesus.

LEITURA BIBLICA = FILIPENSES 3: 12-17

INTRODUÇÃO

Ele os adverte contra os enganadores judaizantes (vv. 1-3) e apresenta seu próprio exemplo. E aqui ele enumera os privilégios do seu estado judaico que ele rejeitara (vv. 4-8), descreve a questão da sua própria escolha (vv. 9-16) e conclui com uma exortação para que os filipenses se guardem dos homens maus e sigam seu exemplo (vv. 17-21).

A Descrição dos Verdadeiros Cristãos = vv. 1-3

Parece que a igreja dos filipenses, embora fosse uma igreja fiel e próspera, era perturbada pelos mestres judaizantes, que se empenhavam em guardar a lei de Moisés e misturar o cumprimento dela com a doutrina de Cristo e suas instituições. Ele inicia o capítulo com advertências contra esses sedutores.

Ele os exorta a “... que vos regozijeis no Senhor” (v. 1), a descansarem satisfeitos no interesse que tinham nele e no beneficio que esperavam dele. E do caráter e da motivação de cristãos sinceros regozijarem-se em Cristo Jesus. Quanto mais aproveitarmos o conforto da nossa religião tanto mais vamos nos agarrar a ela; quanto mais nos regozijarmos em Cristo tanto mais dispostos estaremos a realizar e sofrer por Ele e tanto menos perigo correremos em ser afastados dele. “A alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10).

Ele os exorta a tomarem cuidado com os falsos mestres: “Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós”; isto é, as mesmas coisas que eu já vos preguei; como se tivesse dito: “O que foi apresentado aos ouvidos de vocês será apresentado aos seus olhos: o que falei formalmente será agora escrito, para mostrar que continuo com o mesmo parecer”.
Não me aborreço. Observe: 1. Os ministros não devem se aborrecer se precisarem escrever ou falar coisas que acreditam ser seguras e edificantes para o povo. 2. E bom ouvirmos as mesmas verdades com freqüência, para avivar a memória e fortalecer a impressão das coisas importantes. E uma curiosidade atrevida ou maliciosa sempre desejar ouvir algo novo. O apóstolo apresenta uma exortação necessária aqui: “Guardai-vos dos cães” (v. 2).

O profeta chama os falsos profetas de cães mudos (Is 56.10), aos quais o apóstolo parece se referir aqui. Cães, por causa da sua maldade contra os confessores fiéis do evangelho de Cristo, latindo e mordendo esses cristãos. Eles exultavam as boas obras em vez da fé em Cristo; mas Paulo os chama de maus obreiros: eles se orgulhavam do fato de serem da circuncisão, dilacerando a igreja de Cristo; ou, então, contendiam por um rito cancelado, um mero cortar insignificante da carne.

Ele descreve os cristãos verdadeiros, que são, na verdade, da circuncisão, a circuncisão espiritual, o povo exclusivo de Deus, que está em aliança com Ele, semelhantemente aos israelitas do Antigo Testamento:
“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”. Encontramos três aspectos aqui: 1. Eles adoravam no espírito, em oposição às ordenanças carnais do Antigo Testamento, que consistiam em “...manjares, e bebidas, e várias abluções” (Hb 9.10). 

O cristianismo nos livra dessas coisas e nos ensina a sermos íntimos com Deus em todos os deveres da adoração religiosa. Devemos “. adorar a Deus em espírito” (Jo 4.24). A obra cristã não tem propósito algum se o coração não estiver envolvido nela. “Tudo quanto fizermos, devemos fazê-lo de todo o coração, como ao Senhor” (veja Cl 3.23); e devemos adorar a Deus na força e graça do Espírito divino, que é tão característico do estado do evangelho; este é o ministério do Espírito (2 Co 3.8). 2. Eles se gloriam em Jesus Cristo e não nos privilégios característicos do judaísmo, nem naquilo que os satisfaz na igreja cristã — meros prazeres e desempenhos exteriores.

Eles se gloriam no seu relacionamento com Cristo e no seu interesse nele. Deus fez com que os israelitas fossem obrigados a se alegrarem diante dele nos átrios da sua casa; mas agora que a essência veio, as sombras foram dissipadas e devemos gloriar-nos somente em Cristo Jesus. 3. Eles não confiam na carne, nas ordenanças carnais e desempenhos exteriores. Devemos deixar de confiar em nós mesmos, para podermos confiar apenas em Jesus Cristo, o eterno fundamento. Nossa confiança, bem como nossa alegria, é apropriada para Ele.

A Rejeição à Falsa Confiança = vv. 4-8

A apóstolo aqui se coloca como exemplo de alguém que confia apenas em Cristo, e não nos seus privilégios como israelita.

Ele mostra o quanto podia orgulhar-se pelo fato de ser judeu e fariseu. Que ninguém pense que o apóstolo estava desprezando essas coisas (como as pessoas normalmente fazem) pelo fato de não se gloriar nelas. Se tivesse se gloriado e confiado na carne, ele teria mais motivos para fazê-lo do que qualquer outra pessoa: “Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu” (v. 4). Ele tinha tantos motivos para jactar-se tanto quanto qualquer outro judeu.

Seus privilégios hereditários. Ele não era um prosélito, mas um israelita nato: “.. . da linhagem de Israel”. E ele era “...da tribo de Benjamim”, que cuidava do Templo.

Essa tribo ficou do lado da tribo de Judá quando todas as outras se revoltaram. Benjamim era o predileto do pai; era uma tribo favorita. “...hebreu de hebreus”, um israelita de ambos os lados, por pai e mãe, e de geração em geração; nenhum dos seus ancestrais tinha se casado com gentios. 2. Ele podia orgulhar-se da sua relação com a Lei e com o concerto, porque tinha sido “.. circuncidado ao oitavo dia”; ele tinha o sinal do concerto de Deus em sua carne e foi circuncidado no dia designado por Deus. 

No conhecimento era fariseu, criado aos pés de Gamaliel, um eminente doutor da lei: e foi um estudioso instruído em todo o conhecimento dos judeus, instruído conforme a verdade da lei dos pais (At 22.3). Ele era “...fariseu, filho de fariseu” (At 23.6), e conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu” (At26.5). 4. Ele teve uma conversão irrepreensível: “...segundo a justiça que há na lei, irrepreensível”: até onde a exposição da lei pelos fariseus ia, e de acordo com a mera letra da lei e observância exterior dela, ele podia desobrigar-se da violação dela e não podia ser acusado por nenhuma quebra da lei. 5. Ele tinha sido um homem ativo a favor da sua religião.

Como fez uma profissão de fé firme dela, sob o título e caráter de um fariseu, ele perseguiu aqueles que via como inimigos dela. “.. segundo o zelo, perseguidor da igreja”. 6. Ele mostrou ser sincero, embora tivesse um zelo sem conhecimento para dirigir e governar o exercício desse zelo: “...zeloso para com Deus, como todos vós hoje sois. Persegui este Caminho até morte” (At 22.3,4). Tudo isso seria suficiente para deixar um judeu orgulhoso confiante, e seria suficiente para fundamentar a sua justificação. Mas:

O apóstolo nos diz aqui como é pequena a importância dessas coisas, em comparação com o seu interesse em Cristo e com suas expectativas dele: “Mas o que para mim era ganhe reputei-o perda por Cristo” (v. 7); isto é, essas coisas que ele tinha considerado ganho enquanto era fariseu, reputou-as perda por Cristo. “Eu deveria considerar-me um perdedor se, para devotar-me a elas, tivesse perdido meu interesse em Jesus Cristo”. Ele as considerava perda; não somente insuficiente para enriquecê-lo, mas que certamente o empobreceriam e o destruiriam, se confiasse nelas, em oposição a Crista.

Observe: O apóstolo não persuadiu os filipenses a fazer qualquer coisa que ele não fizesse, a deixar de fazer qualquer coisa que ele também não deixasse, nem arriscar-se em alguma coisa em que ele próprio não tivesse arriscado sua alma imortal. “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (v. 8). 

Aqui o apóstolo se explica.

Ele nos conta o que ambicionava e procurava alcançar: era o conhecimento de Jesus Cristo, seu Senhor, uma familiaridade experimental e confiante com Cristo como Senhor; não meramente imaginário e especulativo, mas um conhecimento prático e eficaz dele. Assim o conhecimento é, às vezes, colocado no lugar da fé: “... com o seu conhecimento, ou o conhecimento dele, o meu servo, o justo, justificará a muitos” (Is 53.11).

E essa é a superioridade do conhecimento. Há uma superioridade abundante e transcendente da doutrina de Cristo, ou da religião cristã, acima de todo o conhecimento da natureza e progressos da sabedoria humana; porque é adequada ao caso dos pecadores caídos e os supre com tudo de que necessitam e tudo que podem desejar e esperar, com toda sabedoria salvadora e graça salvadora. 2.

Ele mostra de que forma tinha desistido dos seus privilégios como judeu e fariseu: E, na verdade; sua expressão surge com um triunfo e elevação santos: alla men cmn ge kai. Há cinco partículas no original: tenho também por perda todas as coisas. Ele tinha mencionado anteriormente as coisas, seus privilégios judeus: aqui ele fala de todas as coisas, todos os prazeres mundanos e meros privilégios exteriores, ou quaisquer coisas que pudessem estar competindo com Cristo pelo trono em seu coração, ou se candidatassem a receber mérito e recompensa. Ali ele tinha dito que reputava essas coisas como perda. Mas podemos perguntar:

“Ele continuava com a mesma inclinação e não se arrependeu por tê-las renunciado?” Não, agora ele fala no tempo presente: E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas. Mas pode ser dito: “E fácil dizer isso; mas o que ele faria se chegasse diante da provação?” Pois ele nos relata que tinha agido ele mesmo de acordo com essa estimativa do caso: “pelo qual sofri a perda de todas estas coisas”. Ele havia renunciado a todas as suas honras e vantagens, como judeu e fariseu, e se submetido a todas as desgraças e sofrimentos que faziam parte do seu ministério de pregação do evangelho. 

Quando se envolveu completamente na religião cristã, arriscou tudo e sofreu a perda de todas as coisas pelos privilégios de ser um cristão. Não, ele não só as reputava perda, mas esterco, skybala — restos lançados aos cachorros; elas não são apenas menos valiosas do que Cristo, mas completamente desprezíveis, quando estão em concorrência com Ele. Observe: O Novo Testamento nunca fala da graça salvadora em termos de diminuição, mas, pelo contrário, a representa como o fruto do Espírito divino e a imagem de Deus na alma do ser humano; como uma natureza divina, e a semente de Deus. E a fé é chamada fé preciosa; e a mansidão é preciosa diante de Deus (1 Pe 3.4; 2 Pe 1.1ss.).

O Interesse, Esperança e Alvo do Apóstolo - vv. 9-14

Temos visto ao que o apóstolo renunciou; vamos ver agora ao que ele resolveu se apegar, a saber, a Cristo e ao céu. O seu coração estava amoldado a essas duas grandes verdades do cristianismo.

O apóstolo tinha o seu coração voltado para Crista e para sua justiça. Isso é ilustrado em diversos exemplos:  Ele desejou ganhar a Cristo; ele se consideraria um beneficiário indescritível se tivesse interesse apenas em Cristo e em sua justiça e se Cristo se tornasse seu Senhor e Salvador. “...para que possa ganhar a Cristo”; como o corredor ganha o prêmio ou o marinheiro alcança o porto desejado. A expressão sugere que precisamos esforçar-nos por Ele e buscá-lo, e tudo isso não é suficiente para ganhá-lo.  Para que “... seja achado nele” (v. 9), como o homicida involuntário era achado na cidade do seu refúgio, onde estava seguro do vingador do sangue (veja Nm 35.25). Ou esse texto pode estar aludindo a um comparecimento judicial; assim precisamos ser achados em paz pelo nosso Juiz (2 Pe 3.14). Estamos aniquilados sem a justiça pela qual aparecemos diante de Deus, porque somos culpados.

Há uma justiça preparada para nós em Jesus Crista, e essa é uma justiça completa e perfeita. Ninguém pode ser beneficiado por ela a não ser aqueles que se desvencilham da confiança própria e são levados sinceramente a crer nele. “Não tendo a minha justiça que vem da lei. Não devo pensar que minhas práticas exteriores e boas obras sejam capazes de expiar as minhas más obras, ou que ao colocar as boas obras ao lado das más posso vir a equilibrar as contas com Deus. Não, a justiça da qual dependo é essa que vem pela fé em Cristo, não uma justiça legal, mas uma justiça evangélica, a saber a justiça que vem de Deus, pela fé, determinada e conferida por Deus”. O Senhor Jesus Cristo é o Senhor da nossa justiça (Is 45.24; Jr 23.6).

Se Jesus não fosse Deus, não poderia ser a nossa justiça; a excelência transcendente da natureza divina colocou esse tipo de valor e virtude nos seus sofrimentos, para que se tornassem suficientes para pagar os pecados do mundo e para produzir uma justiça que seja eficaz para todos que crêem. Até é o meio estabelecido do interesse verdadeiro e do beneficio salvífico pela compra do seu sangue. E “...pela fé no seu sangue” (Rm 3.25). 3. Para que possa conhecer a Crista (v. 10): “...para conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições”. A fé é chamada de conhecimento (Is 53.11). Conhecê-lo aqui significa crer nele: esse é um conhecimento experimental da virtude da sua ressurreição e a comunicação de suas aflições, ou sentir a eficácia e virtude delas.

Observe: O apóstolo era tão desejoso de ser santificado quanto de ser justificado. Ele tinha tanto desejo de conhecer o poder da morte de Crista e da ressurreição destruindo o pecado nele, e elevando-o à novidade de vida, quanto tinha de receber o beneficio da morte e ressurreição de Crista em sua justificação. 4. Para que possa ser feito conforme Ele, e isso também se refere à sua santificação. Somos então feitos conforme a sua morte quando morremos para o pecado, como Cristo morreu pelo pecado, quando somos crucificados com Cristo, e a carne e suas tendências são mortificadas:

“...o mundo está crucificado para nós e nós, para o mundo, por meio da cruz de Cristo” (veja Rm 6.14). Essa é nossa conformidade com a sua morte.

O apóstolo tinha o seu coração voltado para o céu e a sua felicidade: “.. para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição dos mortos” (v. 11).

1. A felicidade do céu é aqui chamada de ressurreição dos mortos, porque, embora a alma do fiel, quando parte, esteja imediatamente com Cristo, no entanto, sua felicidade não será completa até a ressurreição geral dos mortos no último dia, quando a alma e o corpo serão glorificados juntos. Anastasis às vezes significa o estado futuro. O apóstolo tinha os seus olhos voltados para isso; esse era o seu objetivo.

Haverá uma ressurreição dos injustos, que ressuscitarão para vergonha e desprezo eterno (veja Dn 12.2); devemos cuidar para escapar dela: mas a ressurreição alegre e gloriosa dos santos é chamada de a ressurreição, kat’ exochen — por eminência, porque isso ocorre por meio da ressurreição de Cristo, como sendo a cabeça e os primeiros frutos; ao passo que os ímpios ressuscitarão somente pelo poder de Cristo, como seu juiz. Para os santos será, de fato, uma ressurreição, um retorno para a felicidade, para a vida e para a glória; ao passo que a ressurreição dos ímpios é um levantar do túmulo, apenas um retorno para a segunda morte. Ela é chamada de ressurreição dos justos e de ressurreição da vida (Jo 5.29), e os verdadeiros cristãos são considerados “... dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos mortos” (Lc 20.35).

2. O apóstolo estimula aqui essa ressurreição alegre. Ele estava disposto a fazer qualquer coisa, ou sofrer qualquer coisa, para obter essa ressurreição. A esperança e perspectiva dela o enchiam de coragem e constância através de todas as dificuldades que enfrentava no seu trabalho. Ele fala como se eles estivessem correndo o risco de perder ou não alcançar essa ressurreição. Um medo santo de não alcançar a ressurreição é um excelente motivo para exercer a perseverança. Considere isso: Seu cuidado para ser encontrado em Cristo tinha como objetivo obter a ressurreição dos mortos. Paulo não esperava obtê-la por meio dos seus próprios méritos e justiça, mas por meio do mérito e da justiça de Jesus Cristo. “Permite-me ser achado em Cristo, para que eu possa obter a ressurreição dos mortos, ser achado um crente nele e interessado nele pela fé”. Observe:

(1) Ele reconhece seu estado de imperfeição e provação: “Não que já a tenha alcançado ou que seja perfeito” (v. 12). Observe: As melhores pessoas do mundo vão prontamente reconhecer sua imperfeição no estado presente. Ainda não alcançamos a perfeição; ainda não somos perfeitos; ainda há muita deficiência em todos os nossos deveres, graças e confortos. Se Paulo não tinha alcançado a perfeição (ele que tinha atingido um grau tão elevado de santidade), muito menos temos nós.

Novamente: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado” (v. 13), ou logizomai. “Faço esse julgamento do caso; raciocino dessa forma comigo mesmo”. Observe:
Aqueles que acham que têm graça suficiente provam que não têm graça suficiente, ou melhor, que não têm graça nenhuma; porque, onde há a verdadeira graça, aí há um desejo por mais graça e uma necessidade para alcançar a perfeição da graça.

(2) As ações do apóstolo diante dessa convicção. Considerando que ele ainda não tinha alcançado, ele continuava avançando: “Mas prossigo (v. 12), dioko — continuo com vigor, como alguém que deseja ganhar o prêmio. Esforço-me para alcançar mais graça e fazer mais bem e nunca pensar que já fiz o suficiente: para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus”. Observe: [1] De onde vem a nossa graça? De estarmos presos por Cristo Jesus.

A nossa felicidade e salvação não estão no fato de alcançarmos a Cristo primeiro, mas de Ele nos alcançar. “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (1 Jo 4.19). A nossa segurança não está no fato de conquistarmos a Cristo, mas de Ele nos conquistar. “. .. mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação” (1 Pe 1.5). Considere então: O que é a felicidade do céu? E alcançar aquilo para o que fomos também presos por Cristo. Quando Cristo nos alcançou, foi para nos levar ao céu; e alcançar aquilo para o que Ele nos alcançou é obter a perfeição da nossa felicidade. Ele acrescenta (v. 13). . uma coisa faço (esse era seu grande cuidado e preocupação), e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim”. Existe um esquecimento pecaminoso de pecados passados ou misericórdias passadas, que precisam ser lembrados para o exercício do arrependimento constante e da gratidão a Deus. Mas Paulo esqueceu as coisas que estavam para trás porque não estava contente com a medida atual da graça: ele queria mais e mais. 

Assim ele epekteinomenos — estendeu-se para a frente, dirigindo-se para o seu alvo. Este é um indicativo de uma preocupação intensa.

(3) O alvo do apóstolo: “prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (v. 14). Ele seguia firme em direção ao alvo. Assim como aquele que corre uma corrida e nunca desiste antes do final, mas continua seguindo em frente o mais rapidamente possível, assim aqueles que têm o céu em mente devem continuar seguindo em frente com desejos santos e esforços e preparativos constantes. Quanto mais preparados estivermos para o céu mais rapidamente deveremos seguir em frente. O céu é chamado aqui de alvo, porque é isso que cada cristão genuíno tem em vista, semelhante- mente ao arqueiro que mantém os seus olhos fixos no alvo que deseja acertar. Feio prêmio da soberana vocação. 

Observe: O chamado cristão é uma soberana vocação. Sua fonte é do céu e seu destino é o céu.

O céu é o prêmio da soberana vocação; to brabeion — o prêmio pelo qual lutamos, e corremos, e combatemos, o que alvejamos em tudo que fazemos, e o que recompensará todos os nossos esforços. Manter os nossos olhos no céu é muito proveitoso na caminhada cristã. Isto serve de norte para tudo que fazemos e para nos vivificar em cada passo que damos; ele é de Deus, de quem devemos esperá-lo.  A vida eterna é o dom gratuito de Deus (Rm 6.23), por meio de Cristo Jesus; ela deve vir a nós por meio da sua mão. O único caminho para o céu é por intermédio de Cristo.

Advertências e Exortações = vv. 15,16

O apóstolo, tendo se colocado como exemplo, estimula os filipenses a segui-lo. Que tenhamos o mesmo sentimento do bendito Paulo. Vemos aqui qual era o seu sentimento; vamos ter a mesma opinião e firmar nosso coração em Cristo e no céu, como ele fez.

Ele mostra que essa era a coisa com a qual todos os cristãos genuínos estavam de acordo, ou seja, de fazer de Cristo tudo neles e firmar seu coração em outro mundo. Embora os cristãos genuínos possam divergir em seus sentimentos acerca de outras coisas, nisto eles concordam, ou seja, que Cristo é tudo nos cristãos, que ganhar a Crista e ser achado nele envolve nossa felicidade tanto aqui quanto na vida futura. E, portanto, vamos andar de acordo coma mesma regra e ter o mesmo sentimento. 

Tendo tornado Cristo tudo em nós, para nós o viver é Cri sto. Vamos concordar em avançar para o alvo e tornar o céu o nosso destino. 2. Essa é uma boa razão para que os cristãos que diferem em questões menores suportem uns aos outros, uma vez que estão de acordo quanto à questão principal: “... se sentis alguma coisa doutra maneira — se vós diferis uns dos outros e não tendes a mesma opinião em relação a comidas e dias, e outras questões da lei judaica —, no entanto não julgueis uns aos outros, enquanto todos se encontram em Cristo como seu ponto essencial, e esperam encontrar-se em breve no céu como seu lar. 

Quanto a outras questões de diferenças, não coloqueis grande ênfase nelas, pois também Deus vo-lo revelará. Independentemente das questões em que difirais, esperai até que Deus vos dê uma melhor compreensão, o que Ele fará no seu devido tempo. Entrementes, naquilo a que Chegastes, vós deveis estar em harmonia em relação aos caminhos de Deus, estar unidos em todas as grandes coisas nas quais estais de acordo, e esperar por mais luz nas coisas menores em que diferis”.

O Apóstolo Recomenda seu Próprio Exemplo - vv. 17-21

Ele termina o capítulo com advertências e exortações.
Ele os adverte para que não sigam os exemplos de mestres maus e enganadores (vv. 18,19): “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo”. Observe:

1. Há muitos que se dizem cristãos, mas que são inimigos da cruz de Cristo e do desígnio e dos propósitos dela. O caminho deles mostra claramente o que de fato são. “por seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20). O apóstolo adverte as pessoas contra esse tipo de pessoas: (1) Com muita freqüência: .. muitas vezes vos disse”. Nós damos tão pouca importância às advertências feitas a nós que temos necessidade de ouvi-las repetidas vezes. “.. escrever-vos as mesmas coisas” (v. 1). (2) De maneira comovida e afetuosa: “...agora também digo, chorando”.
Paulo, em ocasiões apropriadas era um pregador choroso, da mesma forma que Jeremias foi um profeta choroso. Observe: Um velho sermão pode ser pregado com uma paixão renovada; o que pregamos com freqüência pode-se pregar novamente, se o fizermos de maneira amorosa e estivermos debaixo do poder dessas palavras.

2. Ele nos apresenta o caráter daqueles que eram inimigos da cruz de Cristo. (1) Cujo deus é seu ventre. Eles só se importavam com os seus apetites sensuais. E um ídolo abominável e um escândalo para qualquer pessoa, especialmente para os cristãos, sacrificar o favor de Deus, a paz da nossa consciência e sua felicidade eterna. Glutões e beberrões fazem do ventre o seu deus e buscam de todas as formas agradar e cuidar dele. A mesma atenção que pessoas boas dão a Deus os sensualistas dão aos seus apetites.

A respeito deles, o apóstolo diz: Eles “não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre” (Rm 16.18). (2) Eles se gloriam em sua confusão. Eles não somente pecavam, mas se vangloriavam das coisas de que deveriam se envergonhar. O pecado é a vergonha do pecador, especialmente quando se gloria nele. “Eles estimam aquilo que é o defeito e a vergonha deles”. (3) Eles se ocupam com coisas terrenas. Cristo veio por meio da cruz para crucificar o mundo para nós e nós para o mundo; e aqueles que se ocupam com coisas terrenas agem diretamente contra a cruz de Cristo e o grande desígnio dela. Eles se agradam de coisas terrenas e não têm nenhum prazer nas coisas que são espirituais e celestiais. Eles colocam seu coração e paixão nas coisas terrenas; eles as amam, e chegam a idolatrá-las e têm confiança e satisfação nelas. Ele apresenta esse caráter para mostrar quão absurdo seria para os cristãos seguir o exemplo de tais pessoas ou ser conduzidos por elas; e, para nos dissuadir de fazê-lo, ele apresenta o destino delas. (4) Cujo fim é a perdição.

O caminho parece agradável, mas morte e inferno estão no fim dele. “E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte” (Rm 6.21). E perigoso segui-los, embora estejam indo junto com a correnteza; porque, se escolhermos o caminho deles, temos motivos para temer o fim. Talvez ele esteja fazendo alusão à completa destruição da nação judaica.

Ele se apresenta a si mesmo e a seus irmãos como exemplos, em oposição a esses maus exemplos: “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós” (v. 17).

Observem e sigam o exemplo deles. Ele faz a descrição de si mesmo pela consideração que tem por Cristo e o céu: “Mas a nossa cidade está nos céus” (v. 20). Considere isso: Cristãos genuínos, mesmo enquanto estão aqui na terra, têm sua cidade, ou pátria, nos céus. Sua cidadania está ali, politeuma. Como se tivesse dito: Continuamos ligados àquele mundo e somos cidadãos da Nova Jerusalém.

Este mundo não é o nosso lar, mas aquele é. Lá estão os nossos maiores privilégios e interesses. E, uma vez que nossa cidadania está lá, nossa pátria está lá. Pelo fato de estarmos unidos àquele mundo, mantemos uma harmonia com ele. A vida de um cristão está no céu, onde está o seu Salvador, e onde ele espera estar em breve; ele pensa nas coisas que são de cima; e onde estiver o seu coração lá estará a sua cidade. O apóstolo tinha insistido em que seguissem a ele e aos outros ministros de Cristo: “Por quê”, eles podiam perguntar, “se vocês são um grupo de pessoas pobres, desprezadas e perseguidas, e não têm nenhuma aspiração no mundo; quem seguirá vocês?”“Não”, ele diz, “mas a nossa cidade está nos céus.

Temos uma relação próxima e uma grande ambição em relação ao outro mundo, e não somos tão insignificantes e desprezíveis como somos retratados. E bom ter comunhão com aqueles que têm comunhão com Cristo, e relação com aqueles cuja cidade está nos céus.

1. Porque esperamos o Salvador do céu (v. 20): donde também esperamos o Salvado o Senhor Jesus Cri sto. Ele não está aqui, mas ressuscitou, Ele entrou por trás do véu por nós; e esperamos sua segunda vinda desde então, para reunir todos os cidadãos dessa Nova Jerusalém com Ele.

2. Porque na segunda vinda de Cristo esperamos ser felizes e glorificados ali. Existe um bom motivo para termos nossa cidadania no céu, não somente porque Cristo está lá agora, mas porque esperamos estar lá em breve: que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso (v. 21). Existe uma glória reservada para o corpo dos santos, que será deles na ressurreição. O corpo agora, no melhor das hipóteses, é um corpo abatido, to soma tes tapeinoseos hemon — o corpo da nossa humilhação: esse corpo tem sua origem da terra, é sustentado fora da terra e está sujeito a muitas doenças e à morte no final. Além disso, ele com freqüência é motivo e instrumento de muito pecado, e é chamado de o “... corpo desta morte” (Rm 7.24). Ou pode-se entender a sua humilhação quando na sepultura. Na ressurreição, esse corpo será um corpo abatido, decomposto à podridão e ao pó; “... o pó volte à terras como o era” (Ec 12.7). Mas ele será transformado em um corpo glorioso; e não somente ressuscitado para a vida, mas ressuscitado para obter grandes vantagens. Observe:
(1) A prova dessa mudança, isto é, o corpo glorioso dessa mudança; quando Ele foi transfigurado no monte, “... o seu rosto resplandeceu como o so4 e as suas vestes se tornaram brancas como a luz” (Mt 17.2).

Ele foi para o céu cingido de um corpo, para tomar posse da herança em nossa natureza, e não ser somente o primogênito dentre os mortos, mas o primogênito dos filhos da ressurreição. Seremos “...conformes à imagem de seu Filho, afim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). (2) O poder que será usado para operar essa mudança: “... segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”. Existe uma eficácia do poder, uma “...sobreexcelente grandeza do seu poder”, e a “... operação da forçado seu poder” (Ef 1.19).

E uma questão de consolo saber que Ele pode sujeitar todas as coisas a si, e mais cedo ou mais tarde converter todas as coisas para o seu beneficio. E a ressurreição será efetuada com o seu poder. “... eu o ressuscitarei no último Dia” (Jo 6.44). Que isso confirme a nossa fé na ressurreição, pois não somente temos as Escrituras, que nos asseguram que isso ocorrerá, mas também conhecemos o poder de Deus, que pode efetuá-lo (Mt 22.29).

Como a ressurreição de Cristo foi um exemplo glorioso do poder divino, e, portanto, Ele foi declarado Filho de Deus em poder pela ressurreição dos mortos (Rm 1.4), assim será a nossa ressurreição: e sua ressurreição é uma evidência permanente, bem como um padrão, da nossa ressurreição. E então todos os inimigos do reino do Redentor serão completamente conquistados. Não somente aquele “...que tinha o império da morte”, isto é, o diabo (Hb 2.14), mas o “último inimigo será aniquilado”, isto é, a morte (1 Co 15.26), ela “...será tragada na vitória” (cap. 15.54).



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


BIBLIOGRAFIA


Comentário Bíblico Mathew Henry  - Novo Testamento Edição Completa