26 de outubro de 2010

ORANDO COMO JESUS ENSINOU

ORANDO COMO JESUS ENSINOU


TEXTO ÁUREO = “E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus” (Lc 6. 12).


VERDADE PRÁTICA = Jesus, em sua missão terrena, precisou orar. Nós, os seus servos, só poderemos cumprir nossa missão, aqui, se valorizarmos o poderoso recurso da oração.


INTRODUÇÃO


Jesus experimentou todas as situações que um homem pode sofrer. Diante de sua sublime missão, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo- se semelhante aos homens” (Fp 2.7). Assim, Ele não somente pregava e ensinava, mas orava ao Pai, todos os dias, para assim vencer todas as coisas, dando-nos assim o exemplo para Nele vencermos todas as coisas. Nesta lição, aprenderemos alguns dos mais importantes ensinos de Jesus sobre a oração.


O EXEMPLO DE JESUS NA ORAÇÃO


1. Na escolha dos apóstolos. Jesus precisava escolher seus discípulos e não fez isso de improviso, nem segundo critérios puramente humanos. Antes de fazer a difícil escolha, Ele “subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus”.

Quando o dia ralou, Ele se levantou, “e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc 6. 12,13).

2. Antes de ir ao Calvário. Jesus orou a Deus, rogando por seus discípulos (Jo 17. 1,9,20). Mais tarde, às vésperas de encarar o Gólgota, Jesus foi ao monte das Oliveiras, como era seu costume (Lc 22.39) e, ali, no Getsêmani, orou intensamente, submetendo- se à vontade de Deus (Lc 22.42). Do início ao fim do seu ministério, Jesus nos deu o exemplo de oração. Se quisermos vencer na vida cristã, teremos que nos dedicar à oração.

3. Em momentos difíceis. Diante do sepulcro de Lázaro, morto há quatro dias, Jesus orou ao Pai, agradecendo-Lhe, por sempre o haver ouvido (Jo 11.41,42).


OS PRECIOSOS ENSINOS SOBRE A ORAÇÃO


1. Não ser como os hipócritas (v.5). Jesus exortou que os discípulos não fossem como os hipócritas, que se compraziam em “orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens”. Os judeus cumpriam três obrigações muito importantes: dar esmolas, orar e jejuar. Normalmente, oravam às nove horas da manhã, ao meio-dia e às três horas da tarde, à “hora nona” (At 3.1). Ao que tudo indica, alguns escolhiam os horários de maior movimento, nas esquinas e nas sinagogas, para chamarem a atenção a si. Na verdade, não buscavam comunhão com Deus, mas queriam aparecer. Não devemos ser como eles.

2. “Entra no teu aposento” (v.5). Jesus ensinou aos discípulos a fazerem diferente dos hipócritas. Ao orar, deveriam entrar no seu aposento, fechar a porta e orar ao Pai, “que vê o que está oculto”, para serem recompensados por Ele.

Extraordinária lição essa, que o Mestre da oração nos dá. Hoje, há muitos crentes que não sabem mais o que orar, estando a sós com Deus. Só oram na igreja, aproveitando curtos momentos de oração. Certamente, orar a Deus, em segredo, é muito valioso. Se não o fosse, Jesus não o teria ensinado.

3. “Não useis de vãs repetições” (v.7). Note-se o adjetivo “vãs”. Jesus advertiu que os discípulos não deveriam fazer como os gentios, os quais pensavam ser melhor atendidos por Deus se fizessem longas orações, repetindo certas palavras rotineiras. Aqui, não se deve entender que o crente não pode orar mais de uma vez por determinado problema. Neste caso, havendo necessidade, não se trata de vã repetição, mas de oração insistente, perseverante ensinada por Jesus (Lc 18.1-8; Mt 7.7).

4. “Vosso Pai sabe o que vos é necessário” (v.8). Deus sabe o que necessitamos, mesmo antes que Lho peçamos. É o que Davi entendeu, séculos antes, ao dizer: “Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces” (Sl 139.4). Parece uma contradição: Se Deus sabe tudo a nosso respeito, por que e para que orar? Acontece que, lá no Éden, o pecado cortou a ligação direta que o homem tinha com Deus. Desse modo, é necessário orar, para que tenhamos comunicação e comunhão com Deus, com a ajuda indispensável da intercessão de Jesus e do Espírito Santo (vide Rm 8.26,34).


A ORAÇÃO-MODELO


Na chamada Oração do Pai nosso, que Jesus ensinou, encontramos sete petições, sendo três, relativas a Deus, e quatro, relativas às necessidades humanas.

1. Primeira petição. “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (v.9). A base da oração é a idéia de que Deus é Pai de todos os que Nele crêem. A súplica começa no plural, afastando a presunção de um Deus personalizado.

Embora seja Deus onipresente, o fiel deve voltar seu olhar para cima, aos céus, vendo-o em posição elevada (II Cr 20. 6; Sl. 34.3; 115.3).

A primeira petição parece uma redundância: Sendo Deus santo, para que pedir que seu nome seja santificado? Jesus nos mostra que o nome de Deus deve ser honrado, venerado e santificado por nós, seja no falar, e no agir em seu nome.

2. Segunda petição. “Venha o teu reino” (v.10a). Aqui, há um sentido atual, que diz respeito à implantação do Reino de Deus no presente, com a presença de Cristo, o Emanuel; e também há o sentido escatológico, pelo qual desejamos a vinda de Cristo em glória para estabelecer o Reino eterno de Deus, no Milênio (Ap 20.11; 21.1; 22.20; II Pe 3.10-12). Na prática, o crente deve aceitar o domínio de Deus sobre todas as áreas de sua vida, tendo Deus, não só como Salvador, mas como seu Senhor.

3. Terceira petição. “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (v.10b). Temos aqui a oração típica de quem é servo, que não tem vontade própria, e submete-se incondicionalmente a seu Senhor. Querermos a vontade de Deus no céu, não nos implica em nada. A vontade Dele na terra, no entanto, nos compromete. Se não tivermos cuidado, ao expressar essa petição, poderemos incorrer no perigo da dubiedade do coração.

Ou seja: a boca diz uma coisa e o coração não concorda com ela, quando, na prática, queremos fazer valer a nossa vontade e não a de Deus.

4. Quarta petição. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11). Segundo os estudiosos da Bíblia, a expressão “de cada dia” não se encontra em outra parte do Novo Testamento. Ela indica que devemos depender quotidianamente de Deus, para a satisfação de nossas necessidades físicas. Aqui, literalmente, o pão é um tipo de tudo que necessitamos tais como alimento, roupa, calçado, saúde e bem-estar. Note-se que Jesus não nos ensinou a pedir a provisão de Deus para um mês ou um ano.

5. Quinta petição. “Perdoa-nos as nossas dívidas...” (v.12). A nossa sorte é que Deus se compraz em perdoar. Com Ele está o perdão (Sl. 130. 4; Dn 9.9) pois é perdoador (Ne 9.17; Sl 99.8). Jesus nos deu o exemplo (Lc 23.34). Devemos lembrar, porém, que essa quinta petição talvez seja a mais comprometedora para quem a profere. É que, além de pedirmos perdão, o condicionamos à maneira pela qual perdoamos aos nossos devedores. Assim, se alguém não perdoa de coração, pede a Deus que lhe faça o mesmo. Por isso, é preciso ter cuidado ao orar o Pai Nosso.

6. Sexta petição. “E não nos induzas à tentação” (v.13a). Esta tradução tem causado polêmica. Haveria possibilidade de Deus induzir à tentação? De modo algum, pois diz a Bíblia: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13). Parece-nos mais adequada a tradução que diz: “Não nos deixes cair em tentação...” É como pedir a Deus que não permita vir circunstâncias sobre o crente que este não possa resistir. (Ler I Co 10.13.)

7. Sétima petição. “Mas livra-nos do mal” (v.13b). É uma extensão da anterior. Mas entendemos que alguém pode ser livre do mal, sem que este seja somente uma tentação. Esta última petição é seguida de um louvor a Deus (doxologia): “porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre.


A Oração na Vida e no Ministério de Jesus


Ao estudarmos sobre a prática da oração na vida e no ministério de Jesus, devemos primeiramente atentar para sua natureza única. O Senhor Jesus Cristo é tanto divino quanto humano. Ele é tanto o Filho de Deus quando o Filho do Homem, o que, de imediato, suscita quatro perguntas:

1. A quem o Senhor Jesus dirigia suas orações?

2. Já que Jesus é Deus, estaria Deus orando a Deus?

3. Sendo Deus, estaria Jesus orando a si mesmo?

4. Se Jesus é Deus, por que precisou orar?


A quem o Senhor Jesus dirigia suas orações?


O registro é claríssimo. Por dezoito vezes os Evangelhos nos dão conta de que Jesus dirigiu suas orações ao Pai celestial. Em cinco delas, Ele incluiu um termo ou expressão descritiva a respeito desse Pai. É sempre a Ele que Jesus ora. Não há o menor indício de qualquer outro ser a quem suas orações fossem dirigidas:

“Ó Pai, senhor do céu e da terra” (Mt 11.25; Lc 10.21); “Meu Pai” (Mt 26.39,42); “Aba, Pai” (Mc 14.36); “Pai santo” ( Jo 17.11); “Pai justo” ( Jo 17.25) e “Pai” (Mt 11.26; Lc 10.21; 11.2; 22.42; 23.34,46; Jo 12.27,28; 17.1,5,21,24).

Atendendo à petição dos discípulos, que queriam saber como orar, Jesus os instruiu a começar do seguinte modo: “Pai nosso” (Mt 6.9). Quando disse “Meu Pai”, Jesus não estava falando consigo mesmo nem se dirigindo a outra entidade se não aquEle a quem seus lábios evocara. Numa única ocasião, Jesus não se refere ao Pai em sua oração: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Entretanto, essa foi a maneira que Ele achou de fazer suas as palavras do Salmo 22, adequadas à expressão de seus sentimentos sobre a cruz (Sl 22.1,7,8,14-17).


Já que Jesus é Deus, estaria Deus orando a Deus?


A resposta a esta segunda pergunta não é tão simples corno a anterior, pois entra no terreno de uma teologia bastante profunda. O fato de que Jesus é Deus está fortemente estabelecido nas Escrituras (Mt 1.23; Jo 20.28; Hb 1.8). Quando se revestiu da natureza humana, Ele deixou de lado a sua glória, mas não a sua deidade (Fp 2.5-7). Em sua identificação conosco, quando se fez homem, Ele continuou a ser plenamente Deus tanto quanto era plenamente homem. Ele não se opôs a aceitar os limites próprios de um corpo físico. Conseqüentemente, Ele usou a voz para se comunicar com o Pai. Ninguém pode negar que há uma evidente comunhão dentro da Deidade (Gn 1.26). A natureza dessa comunhão por certo está acima da compreensão humana, mas sua essência pode ser percebida, pelo menos em parte, nas orações registradas de Jesus ao Pai.


Sendo Deus, estaria Jesus orando a si mesmo?


Embora às vezes o ser humano fale consigo mesmo, corno no Salino 42.11, ninguém duvida que orar a si mesmo é um absurdo. Como Filho de Deus, Jesus é verdadeiramente Deus, mas também é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Não, Jesus não estava orando a si mesmo, pois cada Pessoa divina é distinta. Por conseguinte, Deus Filho estava orando a Deus Pai.


Se Jesus é Deus, por que precisou orar?


Embora seja Deus, enquanto esteve aqui na Terra Jesus não era somente Deus — era o Deus-Homem. Na posição de Deus, Ele não precisava orar (exceto para manter aquela comunhão e companheirismo próprios da Deidade, como já mencionamos). Mas, na qualidade de homem, estando revestido de um corpo humano, sendo descendente legítimo de Abraão (Fp 2.7; Mt 1.1), a oração era tão essencial a Ele como o fora a Abraão e seus descendentes.

Cerca de quinze séculos antes do início do ministério de Jesus na Terra, Moisés anunciou: “O senhor, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis” (Dt 18.15). Os pontos de semelhança entre Jesus e Moisés são numerosos e notáveis. Por exemplo, na infância, ambos foram miraculosamente poupados da ira de um monarca que estava no poder; ambos tornaram-se salvadores de seu povo; e ambos foram descritos como humildes (Nm 12.3; Mt 11.29).

Embora não possamos destacar aqui todos os pontos de similaridade entre os dois, queremos observar a óbvia semelhança na vida de oração que ambos cultivavam. Conforme foi dito no capítulo 2, a vida inteira de Moisés foi governada pela oração e nela baseada. Assim também Jesus. A oração destacou-se em cada aspecto e fase de sua vida e ministério. A Bíblia cita numerosos exemplos de oração durante o curto período de três anos e meio do ministério de Jesus. Há evidências de que a oração era a própria respiração da vida de Jesus, tal como acontecia com Moisés. Jesus vivia uma vida disciplinada. Os Evangelhos registram determinados hábitos que Ele fazia questão de cultivar. Um deles era freqüentar regularmente a sinagoga aos sábados, o que, naturalmente, incluía um período de oração (Mt 21.13; Lc 4.16). Não é errado pensar que Jesus tenha ido diariamente à sinagoga ou ao Templo dependendo do lugar onde Ele estivesse para dedicar-se à oração.

Além disso, dando apoio à idéia da constância de Jesus na oração, temos sua declaração direta, feita aos discípulos, de que os crentes têm “o dever de orar sempre e nunca desfalecer” (Lc 18.1). Outrossim, já bem no início de seu ministério, a Bíblia mostra a dedicação e a importância, de Jesus oração. “E, levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Outras referências indicam que essa era uma disciplina contínua (Mt 14.23; Mc 6.46; Lc 5.16; 9.18,28). Além disso, em situações de extrema significância, a oração desempenhava um papel particularmente importante em seu ministério.


Oração por ocasião do Batismo


Apesar de não existir registro bíblico de que Jesus tenha orado antes de ser batizado no rio Jordão, podemos ter certeza de que Ele orava regularmente Não obstante, nada mais apropriado que a primeira referência a uma oração de jesus tenha ocorrido justamente no seu batismo, quando o Espírito Santo desceu sobre Ele. Embora todo filho de Deus deva saber como se dirigir ao Pai, a oração do crente cheio do Espírito deveria ser algo muito especial. O fato de Jesus ter orado quando foi batizado, também indica que o batismo nas águas deveria ser muito mais o que uma formalidade ou um simples ritual. Antes deveria ser uma ocasião de elevada e santa comunhão com o Pai, como aconteceu com Jesus. As palavras que Jesus USOU não foram registradas, mas não foi do nada que os céus se abriram enquanto Ele orava, havendo uma notável manifestação das outras Pessoas da Trindade: o Pai e o Espírito Santo. (Lc 3.21,22).


Oração no Deserto


Depois de ter sido especialmente revestido do Espírito Santo, Jesus foi impulsionado por esse mesmo Espírito ao deserto (Mc 1.12), onde também foi tentado. Não temos nenhum registro bíblico de ele haver orado nessa ocasião, mas tudo nos leva a crer que Ele permaneceu muito tempo em oração. As Escrituras registram que, depois dessa experiência no deserto, “pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia” (Lc 4.14). Somente a oração provê o poder e a virtude necessários para vencermos as tentações e exercermos vitoriosamente o ministério.


Oração antes de Escolher os Apóstolos


Antes de escolher seus apóstolos, Jesus orou. A importância dessa ocasião é ressaltada pelo fato de Jesus ter passado a noite inteira em oração. Ele estava prestes a escolher 12 homens que teriam uma participação decisiva na história da humanidade. E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os Seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos (Lc 6.12,13).

Esses homens seriam as pedras angulares no edifício de Deus (Ef 2.20). Seus nomes seriam inscritos nos alicerces da cidade celestial (Ap 21.14). Sobre seus ombros descansaria a responsabilidade da formação e do futuro da Igreja. Tomariam parte não apenas no ministério terreno de Jesus, sendo ensinados pessoalmente por Ele, mas também seriam testemunhas oculares de sua morte, sepultamento e ressurreição. Além disso, quase todos seriam chamados para entregar suas vidas por aquilo que testemunharam. As escolhas feitas por Jesus teriam conseqüências eternas. Por tudo isso, tinham de ser feitas segundo o conselho dos Céus, e não de acordo com o conselho da terrena, o qual freqüentemente está baseado em exterioridades e aparências.


Oração pelas Criancinhas


Os discípulos imaginavam saber como Jesus deveria passar o seu tempo e a quem Ele deveria ministrar. Segundo o raciocínio deles, as crianças deveriam constar como o último item na agenda de prioridades do Mestre. Sendo assim, repreenderam as crianças e aqueles que as traziam, porque, na opinião deles, estavam atravancando o caminho. Com que terríveis cicatrizes emocionais aquelas crianças poderiam ter ficado, se Jesus não interviesse em favor delas! Ele as tratou com um carinho tão especial que, enquanto vivessem, lembrar-se iam dEle para sempre. (Mt 19.13-1 5, ARA).

Encontramos aqui não somente uma cena capaz de nos aquecer o coração Jesus orando por criancinhas que lhe tinham sido trazidas mas também um belo precedente para todos os pais. Na qualidade de embaixadores do próprio Jesus, os pais e todos quantos trabalham com crianças devem amá-las e abençoá-las, visto que Deus as cerca de cuidados especiais (Mt 18.5,6; Mc 9.42).


Oração no Monte da Transfiguração


A oração feita por Jesus, no episódio de sua transfiguração, reveste-se de particular interesse. Por essa época, a cruz já lançava longas sombras sobre o campo de sua missão aqui na Terra. Sua popularidade com a multidão estava acabando e Ele já havia predito seu terrível fim (Lc 9.22). Reflexos de uma experiência tenebrosa estavam começando a adensar-se em torno dEle.Talvez a sua subida ao monte da transfiguração, com os três discípulos de seu círculo mais íntimo, não tenha siclo diferente da subida de Abraão ao monte Moriá, quando foi dirigido por Deus a oferecer o seu único e amado filho. Certamente havia urna atmosfera diferente e pesarosa, talvez com pouca conversação. Faltava aquela empolgação própria de se ministrar às multidões. Contudo, estavam às vésperas de experimentar a mais notável e incomum sessão de oração a que jamais estiveram presentes. Nunca houve e jamais haverá semelhante reunião de oração nesta Terra. Como em várias outras ocasiões singulares na vida de Jesus, nenhum registro escrito revela o conteúdo dessa sua oração.

Jesus subiu ao monte não para comungar com Moisés e Elias, embora tivesse falado com eles acerca de sua partida (literalmente, o seu “êxodo”, ou seja, sua morte, ressurreição e ascensão). O seu verdadeiro propósito era falar com o Pai celeste, para que desse modo Jesus fosse divinamente fortalecido em seu espírito. A oração de Jesus no monte da transfiguração teve um impacto duradouro na vida daqueles três discípulos. Nunca mais seriam as mesmas pessoas! Quando João, o apóstolo do amor, declarou: “E vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai” Jo 1.14, estava, pelo menos em parte, referindo-se àqueles inesquecíveis momentos passados no monte da transfiguração. Pedro também manifestou o profundo efeito que essa experiência causou em sua vida, quando escreveu: “Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido.


Oração em Favor de Pedro


A oração de Jesus em favor de Pedro (Lc 22.32) deveria servir de encorajamento a todos os crentes, não importando o quão fraco ou débil estejamos nos sentindo. Quando lutamos contra o maligno e as forças espirituais da maldade, é freqüente sentirmos em nosso próprio ânimo e desejos pessoais que a possibilidade de vitória parece remota e improvável. Mas Jesus conhece a força da tentação e não permitirá que ela nos avassale (1 Co 10.13). Ele disse a Pedro o quão fielmente o ajudou (chamando-o de Simão, e não de Pedro, pois ele dificilmente seria uma rocha quando, com suas próprias forças, tentasse resistir a Satanás): “Disse também o senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.31,32).


Oração diante do Túmulo de Lázaro


Na ressurreição de Lázaro, um dos maiores milagres de Jesus, observamos que Ele usou um tipo de oração diferente das que geralmente acompanhavam seus milagres. Os judeus não conseguiram negar a realidade de seus milagres, pelo que os atribuíram ao poder do Diabo. Mas, ao orar ao Deus do céu, dirigindo-se a Ele como Pai, Jesus ousadamente proclamou que seus milagres eram realizados pelo poder do alto: “E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste” (Jo 11.41,42). A oração pública não precisa ser profunda e demorada, uma vez que a oração privada tenha sido feita com antecedência. Jesus já sabia, possivelmente há quatro dias (Jo 11.39), que Lázaro morrera. Por certo, grande parte desse tempo foi ocupado com oração, especialmente durante a noite. O uso que Jesus fez do verbo no tempo passado (“graças te dou, por me haveres ouvido”) indica que, antes da oração pública ter sido proferida a oração particular já havia sido feita — e respondida. Não havia qualquer sombra de dúvida na mente de Jesus.


Oração no Jardim do Getsêmani


Antes de seu aprisionamento, Jesus foi com seus discípulos ao jardim do Getsêmani. Nessa ocasião de intensa agonia para o senhor, os discípulos de seu círculo mais íntimo Pedro, Tiago e João falharam miseravelmente em apoiá-lo. Não somente haviam sido incapazes de assimilar o significado da hora e da grande prova que Jesus estava enfrentando, como também deixaram de se preparar para a provação que em breve os confrontaria. (Mt 26.39-44).

Nunca houve um período de oração que se igualasse a esse. Embora seus mais dedicados discípulos estivessem próximos, Jesus teve de levar sozinho sua carga ao Pai. Era noite. A própria atmosfera dominante estava carregada de presságios. Marcos registrou que Jesus disse; “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mc 14.34). “Profundamente triste”, “perturbada”, “dominada pela tristeza” — que terríveis momentos para Jesus foram aqueles! Qual teria siclo o motivo para fazer com que Jesus estivesse sentindo tão profunda tristeza? Ele que havia declarado ter o poder de entregar a sua vida e o poder de tornar a tomá-la ?! (Jo 10.18) O que o teria levado a orar da maneira como o fez naquela noite tenebrosa? De acordo com as próprias palavras de Jesus, foi “este cálice” (Mt 26.39,42; Mc 14.36; Lc 22.20,42). Podemos apenas tecer conjecturas sobre o que tornara aquele cálice tão assustador. Certamente não era simplesmente a possibilidade dEle ter de enfrentar a morte física, pois se fosse isso, muitos de seus seguidores a teriam enfrentado com a maior coragem. Além disso, Ele viera ao mundo justamente para dar a vida.


Note a similaridade entre Mateus, Marcos e Lucas;


Primeira oração: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39). “E disse; Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14.36). “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42).

Segunda oração; “Pai Meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade” (Mt 26.42). “E foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras” (Mc 14.39).

Terceira Oração: “E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras” (Mt 26.44). É interessante notar que foi somente nesta conjuntura que Jesus se dirigiu a Deus nestes termos; “Meu Pai” (em Mateus) ou “Aba, Pai” (em Marcos). Observe o apelo angustiado da alma de Jesus à única Fonte de ajuda de que dispunha. Mas Jesus restringiu seu pedido com a condicional: “Se é possível (Mt 26.39)


Oração na Cruz


Somente duas breves orações saíram dos lábios de Jesus durante o opróbrio da cruz. Na primeira, vemos sua aflição a respeito daquilo que, para o homem Jesus, parecia ter sido o total abandono da parte de Deus; na segunda, deparamos com sua declaração de entrega absoluta nas mãos de Deus.

A primeira oração na cruz deu-se quase no fim da crucificação: “Eloi, Eloi, lama sabactáni? isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34; veja também Mt 27.46).

A segunda oração feita na cruz também foi muito curta: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Depois de dizer tais palavras, Jesus expirou.


CONCLUSÃO


Orar é tarefa sublime. À oração opõe-se até o Inferno. No dizer de certo pregador, “o Diabo ri de nossa sabedoria, zomba de nossas pregações, mas treme diante de nossas orações”.

Faz sentido. Quando o crente ora, descortina-se diante de si, um panorama espiritual, que lhe propicia o contato com os céus. Ele chega ao próprio trono de Deus, através de Jesus Cristo. Por isso, o Senhor nos ensinou preciosas lições acerca do valor da oração.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


Bibliografia

Teologia Bíblica da Oração – Robert L. Brand e Zenas J. Bicket

Bíblia de Estudo Pentecostal

Lições bíblicas CPAD 2000

18 de outubro de 2010

A ORAÇÃO EM O NOVO TESTAMENTO

A ORAÇÃO EM O NOVO TESTAMENTO


Texto Áureo:- “Regozijai-vos sempre, Orai sem cessar” I Ts 5: 16-17


Verdade Pratica:- A Oração em o Novo Testamento tem como padrão a fé, a intensidade e a perseverança


A Oração na Igreja de Jerusalém


O livro de Atos dos Apóstolos é mais que o registro inspirado das ações de um grupo especial de crentes. Nele estão incluídos os atos da Igreja levantada no Pentecostes, os atos do Espírito Santo nessa Igreja e por meio dela e os atos das forças contrárias, tanto humanas quanto demoníacas, que buscavam impedir e destruir a Igreja desde o seu nascimento. As orações da Igreja Primitiva foram cruciais para os eventos sobrenaturais que marcaram os primeiros dias desse novo movimento cio Espírito. Se há alguma lição nessa história cheia de fascínio e deslumbre, é que a oração tem sido o fator que faz a diferença. Sem ela, não haveria o registro de atos que nos causam tamanha admiração. A Igreja Primitiva foi estabelecida numa reunião de oração, que durou de sete a dez dias (At 1.13,14); ela continuou em oração (At 2.42); e a oração sempre foi o seu sustentáculo. O livro de Atos não estabelece qualquer doutrina ou teologia sobre a oração. No entanto, mediante um fluxo incessante de exemplos, ensina sobre o assunto. Gerações de crentes têm recebido inspiração e encorajamento através do exemplo daqueles apóstolos dedicados à oração, que plantaram a semente e a regaram com lágrimas. Nós, igualmente, podemos ter um aumento em nosso labor pelo Reino, à medida que juntamos aos nossos esforços a oração de intercessão. As lições práticas dessas orações e seus resultados são vários.


A Primeira Reunião de Oração da Igreja Primitiva


A ocasião da primeira reunião de oração dos discípulos, após a ascensão de Jesus, é inequivocamente clara (At 1.13,14). A motivação para essa primeira reunião veio diretamente de Jesus, o Cabeça da Igreja. Embora Ele não lhes ordenasse especificamente que orassem, os discípulos sabiam muito bem que o tempo de ficar em Jerusalém (Lc 24.49) e esperar (At 1.4) deveria ser preenchido com oração. “Ficar” é tradução do verbo grego katbizo, que significa “sentar-se”, “estabelecer-se”, “permanecer”. E entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos (At 1.13,14).


O dom prometido (Lc 24.49; At 1.5) era algo pelo qual valia a pena esperar. A intensidade com que desejavam o poder do Espírito Santo está claramente demonstrada pelo modo como se dedicaram à oração: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas” (At 1.14).


Aquilo sobre o que oravam não ficou registrado no livro de Atos, exceto o pedido posterior por orientação na escolha do sucessor de Judas Iscariotes. Mas suas orações, enquanto esperavam, deviam estar relacionadas ao propósito da espera — a vinda do Espírito Santo, como prometera o Senhor.


O resultado daquela primeira reunião de oração da Igreja Primitiva haveria de afetar o mundo para sempre. O Espírito Santo estava agora disponível para a Igreja como nunca antes. Que Ele estava presente no mundo antes daquele dia, é um fato que não pode ser negado. Mas que Ele viesse de uma só Vez sobre tantos crentes, revestindo-os de poder para serem suas testemunhas, até então era algo desconhecido. Os acontecimentos do dia de pentecostes, preparados pelas orações que os precederam, revestiram-se de tremendas conseqüências: “E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados” (At 2.2). O vento, símbolo do Espírito Santo para qualquer judeu conhecedor dos fatos, despertou grande alvoroço entre aqueles que estavam se dedicando à oração.


E logo, nos calcanhares do vento, veio o fogo: “E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (At 2.3). Outro símbolo prontamente reconhecido da presença divina na comunidade judaica (Êx 3.1-6; 1 Rs 18.38,39), o fogo deve tê-los feito lembrar as palavras de João Batista: “Esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3.16). Mas João, ao que tudo indica, usou a palavra “fogo” no sentido de julgamento, ao passo que as “línguas repartidas, como que de fogo” aqui relatadas parecem ser um símbolo da aceitação divina (consulte a discussão de Stanley M. Horton, em O que a Bíblia Diz Sobre o Espírito Santo, Rio de Janeiro: CPAD, 1993).


Todas essas notáveis manifestações devem ter tocado fundo no coração dos 120, que tinham acabado de receber o Espírito Santo, pois “todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Tudo isso relacionava-se à promessa de Deus, em função da qual se realizara aquela longa reunião de oração, cujos efeitos se manifestaram no dia de Pentecostes.


As lições que aqui aprendemos são importantes:


(1) a oração é a principal chave para o derramamento do Espírito Santo;

(2) orações longas podem ser necessárias para produzir união entre os membros do corpo de Cristo; e

(3) a oração sempre será o prelúdio de poderosas manifestações do poder de Deus.

Foi durante a primeira longa reunião de oração da Igreja que houve a substituição de Judas, tarefa que representou uma grave questão de liderança (At 1.15-26). Parece que os apóstolos estavam seguindo o desejo do próprio Senhor Jesus, quando concluíram que seu número deveria ser 12.

Judas Iscariotes, um dos que faziam parte do grupo original, havia posto um fim à própria vida e ao seu apostolado, suicidando-se. Portanto, tinha de ser substituído. Dois homens, dentre os muitos presentes, foram inicialmente escolhidos, O motivo dessa escolha é algo sobre o qual não somos informados.


Oração ante a Perseguição


Pedro e João foram instrumentos usados por Deus para levar a cura, de forma extraordinária, a um homem que desde o nascimento era aleijado e incapaz de andar (At 3). Indignados diante do que os dois ensinavam e faziam, os sacerdotes e o capitão da guarda do Templo, juntamente com os saduceus, ordenaram que eles fossem lançados na prisão (At 4.1-3). Mas, no dia seguinte, Pedro, renovado pelo Espírito Santo (At 4.8), pregou destemidamente a todos os seus opositores. Finalmente, após serem ameaçados pelas autoridades, Pedro e João tiveram permissão para ir embora. Retornando à companhia dos irmãos, deram-lhes notícias da proibição feita pelos principais sacerdotes e anciãos, isto é, de que não deveriam mais nem falar e nem ensinar no nome de Jesus. Esse edito pôs a Igreja Primitiva de joelhos, em oração. (At 4.24-31).


Sua oração iniciou-se com o devido reconhecimento do Deus ao qual se dirigiam: “Senhor, tu és o que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e tudo o que neles há” (At 4.24). A palavra aqui traduzida por “Senhor” é diferente das outras palavras dirigidas a Deus. Essa palavra tem um sentido óbvio: “mestre”, “soberano” ou “autoridade suprema”. Esse tipo de reconhecimento não apenas honra a Deus como o Criador do Universo, como também gera fé nos corações daqueles que oram a um Deus tão grande.


Na oração da Igreja perseguida, os crentes também reconheceram a onisciência de Deus e a sua predeterminação em tudo quanto acontecera ao Senhor Jesus (At 4.25-28). Os sofrimentos e a morte de Jesus continuavam bem vivos na mente deles. O conhecimento da onisciência de Deus e seu completo controle sobre tudo que acontece é igualmente vital para os crentes hoje em dia. Isso nos assegura que Deus está consciente de todas as vicissitudes da vida e jamais é pego de surpresa. Ele continua sendo a Majestade suprema o Soberano que prevê e predetermina tudo quanto sucede no universo. É Ele quem nos dá o livre-arbítrio e nos permite saber que podemos confiar tudo inteiramente aos seus cuidados.


“Concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; enquanto estendes a mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus” (At 4.29,30). Tinham absoluta certeza de que as manifestações miraculosas seriam um amém divino aos seus esforços concentrados, testificando que Deus, de fato, estava trabalhando com eles e através deles. Ainda hoje a resposta a um testemunho insípido, de pouco poder e muitas palavras, continua sendo o poder de Deus, manifesto em ações poderosas do Espírito Santo e por meio de curas, sinais e maravilhas concedidos por Deus. Devemos nos encher de coragem e implorar a Deus por um testemunho eficaz, nunca permitindo que as evidências pentecostais sejam relegadas ao passado.


Nem precisamos indagar se a oração daquele grupo primitivo de cristãos foi ouvida. A resposta foi dinâmica:

(1) o lugar onde estavam reunidos foi sacudido;

(2) todos foram cheios do Espírito Santo; e

(3) anunciaram a Palavra de Deus com ousadia (At 4.31).


A resposta de Deus foi dada por meio do Espírito Santo, tal como Jesus antes indicara: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós” (At 1.8). Aqueles discípulos haviam recebido o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Não obstante, aquela outorga especial de poder não excluía a necessidade de “novos enchimentos, de novas unções, de novos movimentos do Espírito, de novas manifestações do poder e dos dons do Espírito e de uma perpétua dependência da ajuda do Espírito” (Horton, O que a Bíblia Diz Sobre o Espírito Santo).


As lições que devemos aprender dessa excepcional passagem sobre a oração e suas conseqüências são diversas:

(1) ao surgirem perseguições e ameaças, devemos nos reunir com o povo de Deus e orar;

(2) quando estivermos orando, fortaleçamos nossa fé, confessando a grandeza do Deus a quem oramos;

(3) oremos com base na Palavra de Deus, naquilo em que ela se aplica à nossa situação;

(4) não oremos meramente por nossa autopreservação e escape, quando surgirem perseguições e formos ameaçados, mas oremos para que tenhamos um ministério eficaz, a despeito dessas mesmas perseguições e ameaças; e

(5) oremos para que Deus aumente a nossa capacidade de sermos cheios do Espírito Santo e que Ele confirme a sua Palavra com sinais miraculosos.


A Oração na Igreja em Expansão


A severa perseguição que se seguiu ao martírio de Estevão espalhou os crentes em todas as direções. Lucas nos dá exemplos do que deve ter acontecido em muitos lugares, quando descreve o ministério de Filipe, em Samaria, e o de Pedro, na Judéia. Visto que os crentes enfrentavam a perseguição com incessantes orações (por exemplo, At 12.5), podemos estar seguros de que, mediante a oração e orientação do Espírito, a Grande Comissão foi coroada de êxito em lugares acerca dos quais Lucas nada menciona. Atos, entretanto, deixa transparecer alguns indícios (At 9.31; 12.24; 15.3; 21.4; 28.14), incidindo a última parte do livro sobre a missão efetuada pelo apóstolo Paulo entre os povos gentílicos.


A oração de Estêvão exprime duas preocupações:


(1) o destino de seu espírito; e

(2) o bem-estar de seus inimigos.

Dificilmente, ele poderia ter seguido mais de perto o exemplo deixado por seu Senhor. Poucos meses antes, quando Jesus morria às mãos de homens malignos, estas palavras haviam sido ouvidas na cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Agora era a vez de Estêvão clamar: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (At 7.59). Ele já havia recebido um vislumbre do outro mundo (veja o contexto, em At 7.55-59), cuja glória pareceu aliviar as dores do momento. Também tinha consciência de que deixar o corpo é “habitar com o Senhor” (2 Co 5.8).


Havendo cuidado de seu próprio espírito, Estêvão dirigiu seus sinceros pensamentos àqueles violentos compatriotas, que estavam pecando. Ajoelhou-se, sem dúvida com o rosto voltado na direção do céu, dando a entender com isso não só a sua grande humildade, como também a sua maneira de se aproximar em oração ao Deus do céu. A oração de Estêvão “Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7.60) é um eco da oração feita pelo Senhor quando crucificado: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34) - (Mt 5.44,45).


Qual foi o resultado dessa oração incomum e dessa maneira exemplar de morrer? Naquela multidão sedenta de sangue, havia pelo menos um homem inclinado de corpo e alma não só a destruir o destemido Estêvão, mas também a Igreja inteira. Era o rude Saulo de Tarso (At 7.58). Se Estêvão não tivesse orado daquela maneira, talvez a Igreja de Jesus Cristo não contasse com Paulo, o apóstolo dos gentios, entre seus heróis. Estêvão, pois, foi o “grão de trigo” que, caindo no solo e morrendo, pôde produzir “muito fruto” ( Jo 12.24). A semente do martírio realmente produziu muito fruto: primeiramente Paulo, como parece dar a entender a menção repetida do seu nome em Atos 7.58 a 8.1, e depois a vasta multidão, tanto de judeus como de gentios, que vieram a Cristo pelo ministério do próprio Paulo.


Uma Notável Resposta à Oração


As pessoas são recompensadas, quando obedecem à luz que têm e oram anelantemente a Deus. Cornélio, centurião romano, era uma pessoa desse tipo. Provavelmente, ele era o que os judeus da época considerariam como um “simpático incircunciso” forasteiro, ou quase um prosélito. Os rabinos do período medieval às vezes chamavam esses estrangeiros devotos de “prosélitos de portão”, pois postavam-se no portão do Judaísmo, mas não entravam definitivamente para se tornar prosélitos ou convertidos plenos.


Cornélio era homem que tinha “bom testemunho de toda a nação dos judeus” (At 10.22), apesar de ser gentio.


Também é evidente que já ouvira falar de Jesus e de sua morte, ressurreição e ascensão, bem como do batismo no Espírito Santo (At 10.36-38). Isso, por certo, inspirou-o em sua determinação de buscar a Deus. Os judeus pensavam que os gentios dificilmente teriam o mesmo acesso que eles a Deus. Mas com Deus não há favoritismos (At 10.34), como Pedro em breve descobriria. (At 10:1-6).


As credenciais desse gentio eram impressionantes

(1) era um homem devoto piedoso e temente a Deus;

(2) não somente tinha fé no verdadeiro Deus, mas também queria agradá-lo e receber a salvação;

(3) zelava por sua casa e compartilhava o que sabia de Deus com seus familiares; (4) era generoso com os pobres; e

(5) orava regularmente a Deus.


Não possuímos qualquer indicação, no texto sagrado, do que Cornélio dizia em suas orações. Mas podemos deduzir seu conteúdo pelos resultados. As palavras do anjo que o visitou podem nos fornecer um indício: “Manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro” (At 10.5). Não é difícil supor que Cornélio tenha orado, de todo o coração, para que alguém viesse ajudá-lo quanto ao que deveria fazer. É possível ainda, pelo fato de todos os crentes batizados no Espírito Santo serem judeus que Cornélio tenha realmente orado a fim de se tornar um prosélito pleno do Judaísmo (ou seja, converter-se ao Judaísmo esperançoso de receber a salvação e o prometido dom do Espírito Santo.


Cornélio, pois, recebeu sua resposta de uma maneira extraordinária, envolvendo tanto um anjo (At 10.3) quanto um homem, Pedro (At 10.5,6). O ministério dos anjos, trazendo respostas às nossas orações, será considerado no capítulo 14, mas fica registrado aqui que Deus usa quaisquer meios necessários para dar uma resposta adequada a quem se mostra sinceramente interessado. Não há como medir o quanto as coisas estão na dependência de nossas orações. Mas se Cornélio não tivesse orado, a porta do evangelho para os gentios teria permanecido fechada por mais algum tempo, embora não de forma permanente, pois Deus prometera abençoar todos os povos da Terra (Gn 12.3; 18.18; 22.18; 26.4; 28.14; Gl 3.8).


Livramento por meio da Oração Conjunta


O progresso da Igreja depende, em grande escala, de sua liderança, mais ou menos como uma conquista militar depende dos oficiais do exército. Satanás não se esquece nem por um momento dessa realidade, pelo que procura atingir pontos estratégicos onde possa causar estragos mais profundos. Da mesma forma que Deus prefere agir através de pessoas na realização de seus propósitos, assim também Satanás emprega emissários humanos para alcançar seus objetivos.


Herodes Agripa 1 foi cúmplice de Satanás na detenção e aprisionamento de Pedro. Herodes supôs que Tiago e Pedro eram as duas colunas sobre as quais repousava a Igreja Primitiva. Pensou que, se eles fossem eliminados, a estrutura inteira da Igreja entraria em colapso. Por isso, deteve e executou Tiago. Como isso agradou os judeus, mandou prender também Pedro, colocando-o sob forte segurança, com guardas à porta. “Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus” (At 12.5).


Essa oração também foi específica. Orar de modo específico, dentro da vontade de Deus, resulta em respostas específicas. Isso aprimora nossas petições, eliminando aqueles pedidos genéricos acerca dos quais nunca sabemos se recebemos uma resposta ou não, A oração específica prova a fé do suplicante, levando-o a descobrir a vontade de Deus antes de pedir alguma coisa, ou, no mínimo, faz com que ele se disponha a aceitar a vontade de Deus, quando há alguma dúvida de qual seja ela. (At 12.15).


Recebendo Orientação para Enviar Obreiros


Desde o início da Igreja, as missões têm sido sua maior prioridade. É por elas que pulsa o próprio coração de Deus ( Jo 3.16; Lc 19.10). Quanto mais a Igreja se aproxima do coração de Deus, mais profundamente calam as missões dentro de si mesma: “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13.2,3). O verbo aqui traduzido por “servindo” vem do grego leitourgeo, de onde deriva a palavra “liturgia”. Seu uso, no capítulo 13 de Atos, parece sugerir uma mistura de louvor e oração. Adicione-se a isso o jejum e você terá uma intensa e unida devoção ao Senhor. Nesse tipo de ambiente, a visão se expande e as pessoas encontram orientação divina para suas vidas.


Não somos informados da maneira exata como o Espírito Santo falou ao grupo que se reunira para orar. Mas o simples fato de alguém obter a orientação necessária tem mais significado que os meios utilizados para a sua obtenção. Temos a incrível tendência de dar excessivo valor aos meios pelos quais obtemos a orientação divina, mais que à própria orientação em si, sendo que este é o fator mais importante. Isso não significa que devemos ser displicentes acerca dos meios pelos quais Deus nos revela sua vontade, pois mais tarde isso facilmente poderia nos impedir de reconhecer e receber a orientação divina. Só depois que o jovem Samuel foi instruído sobre como atender à orientação divina, é que ele foi capaz de reconhecer e recebê-la (1 Sm 3.1-14).


A passagem de Atos 13.2 diz apenas: “Disse o Espírito Santo”. Há várias possibilidades quanto ao modo como essa palavra foi transmitida:

(1) por meio de uma forte impressão no coração de um ou mais líderes (At 8.29; 9.15,16);

(2) através de uma visão (At 9.10; 10.3,10-16; 16.9); ou

(3) mediante o dom da profecia (At 15.13,28,32; 21.11).


Quanto à terceira possibilidade, deve-se ser extremamente cauteloso, pois a evidência do uso desse meio na Bíblia é, num certo sentido, um tanto restrita, O britânico Donald Gee, erudito da Bíblia, altamente respeitado no mundo inteiro, escreve: “Pode-se afirmar que não há uma única instância no Novo Testamento em que o dom da profecia tenha sido deliberadamente utilizado para dar orientações” (Donald Gee, Concerning Spiritual Gifis, Springfield, Missourj:

Gospel Publishing House, 1949, p. 44).


Enfrentando os Poderes de Satanás


Não é o momento certo para começarmos a levar a sério a oração na hora em que as forças satânicas estão nos confrontando diretamente. Devemos nos preparar com antecedência, pois, apesar das confrontações visíveis serem ocasionais, a batalha ruge constantemente. Cada vez que um crente se predispõe a orar, deve fazê-lo ciente de que está tomando parte num grande conflito espiritual:


“Porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12). Paulo era uma pessoa dedicada à oração, que participava com outros crentes de reuniões de oração. Foi somente por haver-se preparado que ele pôde ser usado por Deus para fazer frente aos poderes satânicos em Filipos. (At 16.13,16-18).


Os versos 13 e 16 do capítulo 16 de Atos são os dois únicos do Novo Testamento em que o termo grego proseuche (“oração”) significa “um lugar de oração”. Filipos não tinha sinagoga, porque o número de judeus adultos do sexo masculino era muito pequeno — menos que dez (Horton, Tbe Book ofActs, p. 193). Havia apenas um “lugar de oração”, perto do rio Gangites. Assim, Paulo e seu grupo se encaminharam para o local onde as pessoas buscavam a Deus com regularidade. E o mesmo deveríamos fazer hoje em dia. Devemos manter um lugar de oração, não importando se na casa de Deus ou num quarto de nossa casa, onde possamos orar. A oração e a adoração não somente obtêm a atenção do Céu, mas, de alguma maneira inexplicável, também atraem e despertam a dimensão dos espíritos imundos. A presença de Jesus com freqüência provocava os espíritos malignos (Mt 8.28-32; Mc 1.23,24; 3.11; Lc 4.41). Portanto, não deve ser visto com estranheza que, ao fazermos orações fervorosas, as forças das trevas se reúnam para nos fazer oposição (veja o apêndice 2, “Batalha Espiritual na Oração”). É nessa, mais que em qualquer outra ocasião, que as trevas são confrontadas, desmascaradas e derrotadas (Ef 6.12-18).


Finalmente Paulo, equipado e armado pelo Espírito Santo, além de fortalecido com poder da oração, ordenou que o demônio saísse da jovem, o que atraiu a ira dos proprietários da escrava, inclusive contra Silas, companheiro dele nas missões.


Satanás não é menos real hoje do que naquele tempo — como não demoram a descobrir aqueles que se ocupam em orar intensamente. Contudo, a pessoa que ora nada tem a temer: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (2 Co 10.4).


Recebendo uma Revelação


Sempre é apropriado orar em todas as circunstâncias da vida, mas a oração nunca é mais urgente que em momentos de crise. Velejando para Roma como prisioneiro, sob a custódia do centurião Júlio, Paulo estava em perigo de vida, juntamente com a tripulação, os passageiros e os demais prisioneiros (At 27.1-20). Esta foi sua quarta experiência de naufrágio (além daquelas narradas em 2 Co 11.25).


Duas coisas foram alcançadas mediante a oração de Paulo:

(1) revelação e

(2) preservação. Por meio de uma revelação especial de Deus feita através de um dos seus anjos, Paulo pôde ver o futuro além das circunstâncias adversas do momento. E tanto ele quanto seus companheiros de viagem foram preservados de uma terrível destruição, porque Deus interveio na situação.

A experiência de Paulo, a caminho de Roma, ensina-nos várias lições. Em meio às tempestades da vida, devemos manter a comunhão com Deus, rejeitando o desespero da incredulidade. Aquilo que Deus nos revela durante o dia não deve ser posto em dúvida ao anoitecer. Quando a mensagem que recebermos for verdadeiramente da parte de Deus, poderemos declarar com confiança o que Ele está prestes a fazer.


Paulo na Oração - Um Intercessor em Favor dos Crentes


Quase sem exceção, aqueles que oram adquirem uma incrível consciência de suas próprias fraquezas e imperfeições, especialmente os que buscam orar de acordo com a vontade de Deus. Somente aos tolos e presunçosos faltam essa consciência. No entanto, Paulo tem revigorantes palavras de encorajamento para todos nós: (Rm. 8.26,27).


Um filho de Deus jamais está sozinho quando ora. Há Alguém nomeado por Deus para ajudá-lo — o Espírito Santo. Nunca uma pessoa se mostra mais eficaz e segura do que quando ora conforme o Espírito ora através dela. Como é que o Espírito nos socorre quando oramos? A palavra “ajuda” é a tradução do verbo grego sunantilambano, que significa “tomar parte com”, “sair em socorro de”. O Espírito junta-se a nós em intercessão para moldar a oração que não pode ser compreendida pelo entendimento humano. As orações impulsionadas pelo Espírito são manifestações carismáticas, nas quais o Espírito Santo intercede com gemidos expressos pelo crente desde o mais profundo recesso do seu coração.


Da mesma maneira que Cristo intercede no Céu pelo filho de Deus (Rm. 8.34), assim também o Espírito Santo intercede dentro do crente aqui na Terra. Os fardos e anelos que não podem ser expressos por meio de palavras comuns têm sua fonte no próprio Espírito de Deus.


As orações do apóstolo Paulo nasciam de suas próprias experiências. Aquilo que ele havia aprendido tão bem em sua busca pessoal de Deus, tornara-se a paixão de suas orações pelas igrejas. “Aquele que realmente ora tem uma visão mais aguda, forma um julgamento mais sadio, elabora planos mais inteligentes, obtém um domínio maior das circunstâncias, mantém relações mais criativas com as pessoas, do que jamais poderia sem a oração” (Albert Edward Ayd, em R. L. Brandt, Praying with Pau4 Grand Rapids: Baker Book House, 1966, p. 7). Paulo era eficaz em seu testemunho e pregação, porque a sua vida de oração era eficaz.


Poderíamos indagar por que Paulo incluiu suas orações em suas cartas. Por certo não foi para impressionar seus leitores com sua devoção e espiritualidade pessoais, nem tampouco foi feito para meramente preencher espaço em epístolas literárias. Mas devido ao fato de Paulo estar escrevendo aos seus leitores e não se dirigindo a eles em pessoa, naturalmente seus hábitos regulares de oração deveriam acompanhar suas admoestações e encorajamentos.


Também devemos lembrar que Paulo escreveu suas epístolas sob a inspiração do Espírito Santo, O Espírito dirigiu-o a incluir essas orações como parte das instruções pelas quais Deus queria que todos os crentes tivessem. Através do exemplo de Paulo, podemos aprender como chegar à verdadeira presença de Deus, com ousadia. As orações de Paulo também nos ajudam a receber as revelações da vontade de Deus em favor do seu povo, apresentando um padrão de oração digno de ser seguido. Quando entramos no espírito das orações de Paulo, ao estudá-las, é possível orar de modo significativo, juntamente com Paulo.


Orando para Conhecer Melhor a Deus


A oração de Paulo pelos crentes efésios (Ef 1.15-21) expressa a mais sublime vontade de Deus para cada um de seus filhos. Tanto aqui como mais adiante na epístola, Paulo orou com grande unção, a fim de que os crentes efésios crescessem espiritualmente e se tornassem mais fortes, através da ajuda do Espírito Santo (Ef 3.16).


A frase “me ponho de joelhos” (Ef 3.14) pode ser entendida de duas maneiras diferentes:

(1) Paulo estava falando sobre a sua postura física enquanto orava; e

(2) ele estava descrevendo a atitude do seu coração na presença de Deus.

Em algumas culturas, as pessoas mostram respeito por aqueles que estão em posição de superioridade ficando de pé na presença deles, em vez de permanecerem sentadas. Em outras culturas, prostrar-se ou ajoelhar-se é a posição corporal apropriada na presença de pessoas de grau mais elevado.


Oração para qualquer Ocasião


A maioria dos crentes acha mais fácil orar quando está atravessando períodos de sofrimento e tribulação. Mas orar em momentos de crise, sem uma comunhão constante com Deus, é como agarrar-se a uma bóia salva-vidas cuja corda de ligação não foi devidamente cuidada. Paulo mostra o propósito divino para os nossos hábitos de oração, quando encoraja os crentes efésios a orar com regularidade, intensidade e perseverança. (Ef 6.18,19).


Deixando de lado a metáfora da armadura do soldado cristão (Ef 6.10-17), Paulo continua, nos versículos 18 e 19, com o tema da luta espiritual do crente, enfocando agora o elemento mais vital para o sucesso na batalha: a oração. Ainda que, sem dúvida, a oração esteja implícita nas instruções sobre a colocação da armadura espiritual, Paulo advoga especificamente uma grande variedade de abordagens à oração.


Visto que são maus os poderes deste mundo tenebroso e as forças espirituais do mal estejam sempre voltadas contra nós, é importante que oremos sempre. A expressão grega enpanti kairo significa “em todo o tempo”, “em toda a ocasião” Esta não é uma injunção casual. Mas é uma questão de tão vastas proporções e conseqüências que deve ser levada a sério com toda a firmeza. Acreditar que podemos contender com sucesso nessa guerra, contando apenas com o poder de nossos minúsculos intelectos ou com a força de nossa natureza adâmica, é descobrir, para prejuízo nosso, que não somos adversários à altura para aquele que “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8).


As palavras dia pases proseuches significam, literalmente, “através de toda a espécie de oração”. Efésios 6.18 começa com essa frase, sem qualquer separação da passagem anterior, que trata da armadura cristã. Na realidade, Paulo estava dizendo: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus [6.11]... estai pois firmes [contra Satanás] [6.141 e tomai.., a espada do Espírito [6.17] com toda a oração e súplica [6.18]”. É inútil ficar discutindo se, através da oração, nos revestimos de todas as peças da armadura ou apenas tomamos a espada do Espírito (a Palavra de Deus). A oração é o instrumento de guerra espiritual que torna eficaz a armadura defensiva e as armas ofensivas.


“Com toda a oração e súplica” inclui tanto a oração pública quanto a particular, tanto a informal quanto a formal, tanto a silenciosa quanto a em voz alta, tanto a de louvor quanto as petições, tanto a oração planejada quanto a espontânea e tanto a oração no Espírito quanto aquela feita com a mente.


Os Ensinamentos de Jesus sobre a Oração


Não há instruções sobre a oração mais significativas e esclarecedoras que as feitas por aquEle que orava com tanta eficácia e com uma certeza tal, que podia dizer: “Pai... eu bem sei que sempre me ouves” (Jo 11.41,42). Contudo, é muito mais importante aprender a orar do que aprender sobre esse assunto. Aprender sobre a oração só terá sentido se nos permitir orar melhor.


Em seus ensinamentos sobre o Céu, Jesus disse aos seus discípulos que eles sabiam como chegar aonde Ele estava indo. Tomé, entretanto, disse que não sabia para onde Jesus estava indo, quanto menos o caminho para chegar lá. Então Jesus lhe respondeu: “Eu sou o caminho... Ninguém vem ao Pai, senão por mim” ( Jo 14.6). Nos ensinos de Jesus, não há declaração mais direta sobre o acesso a Deus. Isso aplica-se não só à salvação, mas também à oração, visto que Jesus é o “novo e vivo caminho” por meio do qual entramos no Santo dos Santos (Hb 10.19,20). Essa verdade é absoluta. Ninguém pode aproximar-se de Deus através de outro nome ou por qualquer outro meio. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Tm 2.5). Os teólogos liberais (que não acreditam no sobrenatural) e os filósofos do nosso mundo gostariam de nos fazer crer que tal ponto de vista é por demais estreito e beato. Mas devemos curvar-nos diante do tribunal de apelação de última instância — a Bíblia.


Quando oramos no nome de Jesus, devemos fazer mais do que simplesmente acrescentar ao final da oração, de maneira formal e rotineira, a frase “em nome de Jesus”. Quando Jesus falou em pedirmos qualquer coisa em seu nome (Jo 14.13) queria dizer mais do que o mero uso de palavras. Visto que, na Bíblia, o nome representa o caráter e a natureza da pessoa, por isso mesmo quando oramos no nome de Jesus, devemos orar em consonância com a sua pessoa, natureza e vontade.Também devemos reconhecer quem Ele é, submeter-nos à sua autoridade e depositar nossa fé inteiramente nEle. Então, o nosso desejo será sempre trazer glória tanto a Jesus quanto ao Pai (At 3.16; 4.30; Rm 15.6).


Além disso, ao orarmos no nome de Jesus, reconhecemos que Ele é a nossa única esperança de acesso a Deus. Pessoas pecaminosas não podem ter acesso, por si mesmas, a um Deus santo. Se ousassem aproximar-se diretamente de Deus, seriam consumidas, “porque o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12.29). Por essa razão, as pessoas do Antigo Testamento nunca entravam no Santo dos Santos. Seu único acesso era pela intermediação do sumo sacerdote, cuja entrada era permitida uma única vez por ano e somente por meio de sangue (Hb 9.7,8).


Sob o Novo Pacto, Jesus é o eterno Sumo Sacerdote que nos confere constante e permanente acesso ao trono da graça, com base no oferecimento do seu próprio sangue (Hb 9.11,12). Só temos acesso a Deus por causa de Jesus.


Recebendo o que Pedimos


Jesus deu instruções específicas sobre como podemos receber aquilo que pedimos em oração: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” ( Jo 15.7). O que significa “estar” em Cristo? De que maneira as palavras de Jesus poderão estar em nós? Devemos responder essas perguntas se realmente quisermos ver o cumprimento das palavras de Jesus, quando prometeu nos dar aquilo que pedimos. Na passagem de João 15.1-11 encontra-se, talvez, a promessa mais abrangente para quem almeja alcançar respostas às suas orações: “Pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. Mas há condições. Há uma chave que deve ser usada para obtermos a certeza de que alcançaremos as petições que fazemos: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós”.


“Estar” é a palavra de maior efeito em João 15.7. Esse verbo deriva-se do grego meno e significa “permanecer” (num determinado lugar, estado ou relacionamento). O uso do verbo aqui fala do relacionamento que deve existir entre o crente e o próprio Jesus — uma união, unidade, koinonia (amizade, comunhão, sociedade) ou estar entrelaçados um no outro — numa comunhão ou sociedade mística, mas no entanto real e empírica. Isso é necessário para o crente poder experimentar essa condição ilimitada de pedir e receber.


Aumentando a Fé para Receber Respostas


Quando Jesus falava sobre a oração, fazia freqüentemente referência à fé. Portanto, a fé está no âmago de toda oração eficaz. É o pré-requisito para que a oração seja respondida, visto que a oração é a linguagem da fé. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). Nada é mais fútil que uma oração destituída de fé. Por outro lado, não há nada que um crente possa fazer que seja mais produtivo e cheio de significado que orar com fé. (Mc 11.22-24).


A fé é a força motriz que move a mão de Deus. Todavia, existe muita incompreensão acerca do modo como deve ser exercida a fé que remove montanhas. Alguns ensinam que a fé surge automaticamente quando alguém fala, isto é, quando confessa aquilo pelo que ora, crendo “que se fará aquilo que diz” (Mc 11.23). Muito mais está relacionada com a posse e o exercício da fé que com a mera vocalização. “Dizer” não significa necessariamente praticar a fé, em absoluto! Visto que a expressão da língua pode ser tão somente a manifestação do espírito do homem no modo de exprimir um desejo puramente humano, o “dizer” deve ser sempre um subproduto da oração. Declarar a bênção, ou a vitória, sem uma atitude reverente de oração é como tentar fazer um automóvel andar sem motor. Outrossim, a “declaração” deve ser compatível com a vontade revelada de Deus.


E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos (1 Jo 5.14,15).


O trecho de Marcos 11.22-24 contém três lições sobre a fé. A primeira está contida na exortação de Jesus: “Tende fé em Deus”. Esta sentença soa como se fosse uma ordem. Entretanto, “tende”, no grego, está no tempo presente e não no imperativo. Alguns manuscritos antigos dizem: “Se tiverdes fé em Deus”. Sem dúvida, os crentes quase sempre estão a lutar arduamente para cumprir essa condição. Eles testificam sobre a fé, anunciam sua fé, empregam uma variedade de fórmulas humanas para conseguirem ter fé, e, no entanto, o tempo todo se esquecem da simples fórmula bíblica para se obter fé: a própria Palavra de Deus. “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm 10.17). O maior estímulo à fé está no ouvirmos a Palavra de Deus, vivificada pelo Espírito Santo.


É deveras significativo que Jesus não tenha dito simplesmente: “Tende fé”. Não era sua intenção dizer: “Tende fé na fé”. Essa é uma atitude tola e perigosa. O que Ele disse, claramente, foi: “Tende fé em Deus”. A fé não pode permanecer sozinha. Ela precisa de alguma coisa sobre a qual possa ser edificada. De acordo com as instruções de Jesus, o poderoso Deus do universo deve ser o objetivo da nossa fé. E que maior objetivo além dEle a nossa fé poderia desejar? O Deus em quem a fé é depositada e sobre quem ela faz suas reivindicações é o Deus que, segundo Paulo, é capaz de “fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3.20). Sim, é o mesmo Deus cujo grande poder Ele “manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos, e pondo-o à sua direita nos céus” (Ef 1.20).


A segunda lição a ser aprendida de Marcos 11.22-24 é a explicação de Jesus sobre o admirável poder da fé em Deus e como ela opera. A fé (pistis, no grego) poderia ser traduzida por “fé-obediência”. Não existe fé em Deus sem uma confiança absoluta nEle e deliberada obediência à sua vontade. A fé não fingida, não diluída, não enfrenta obstáculo grande demais, visto que apresenta contra esse obstáculo o poder sem limites e sem igual do Deus para quem nada é impossível (Gn 18.11-14; Jr 32.17; Lc 1.37; 18.27).


Em Marcos 11.22-24, encontramos a terceira lição nas instruções de Jesus sobre os meios que nos permitem ter uma fé que remova montanhas. O versículo 24 começa com um significativo “por isso”, vinculando-o ao pensamento dos versículos anteriores e identificando a única maneira pela qual esse tipo de fé pode ser encontrada: “Tudo o que pedirdes, orando”. Noutras palavras, antes de falar às montanhas com autoridade divina, devemos falar com Deus. E antes de falarmos com Deus sobre os nossos desejos, devemos fazer com que esses desejos se harmonizem à vontade divina revelada nas Escrituras.


Uma vez alcançada a convicção de que o pedido está em conformidade à vontade divina, aqueles que pedem têm apenas de acreditar que receberão aquilo que o Senhor deseja. Então Jesus promete: “E tê-lo-eis”. A fé não precisa estar sujeita a restrições de tempo. Uma vez que a fé tenha surgido no coração, a demora da resposta concreta não deveria ser problema. A fé não dita os termos da resposta. Meramente assegura a resposta dentro do arcabouço da vontade e do propósito de Deus.


Seguindo a Oração Modelo


Jesus também abordou a questão do perdão mútuo em suas instruções aos discípulos, quando respondeu ao pedido que lhe fizeram: “Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos” (Lc 11.1). Muitos pedem a mesma coisa atualmente, esperando encontrar alguma fórmula com respostas rápidas e previsíveis às suas orações. Mas será que nossas petições estão sendo realmente sinceras, se não dedicamos tempo para descobrir o que a Palavra de Deus diz sobre a oração, nem nos dispomos a pôr em prática as instruções bíblicas?


Devemos dar atenção a cada detalhe da oração modelo, que Jesus prefaciou com estas palavras: “Portanto, vós orareis assim” (Mt 6.9). Embora seja sempre recomendável repetir a oração do Pai Nosso, é muito mais importante que, quando orarmos, nos deixemos guiar pelos princípios providos por nosso Senhor nessa e em outras orações. A palavra “assim” é tradução do vocábulo grego houtos, e deveria ser entendido como “desta maneira”. Jesus estava dizendo:

“Deixem-se guiar por estes princípios gerais quando forem orar”. (Mt 6.9-15).


O fato de nos dirigirmos a Deus como “Pai nosso” (Mt 6.9) deveria nos fazer lembrar da benevolência daquEle de quem nos aproximamos. Quanta bênção nos é conferida quando, ao orarmos, nossos corações se conscientizam de que é um amoroso Pai celeste que está dirigindo sua atenção para nós, tal como estamos dirigindo a nossa para Ele. Deus é o nosso Pai, “o Pai das misericórdias” (2 Co 1.3) e nós somos seus filhos. “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o senhor se compadece daqueles que o temem” (Sl 103.13). Identificar Deus como o nosso Pai que está “nos céus” (Mt 6.9), implica no reconhecimento de sua superioridade ao melhor dos pais terrenos. A oração, assim posta em prática, deve ser dirigida àquEle que está acima de todas as coisas, sendo Ele próprio superior a qualquer pessoa ou ser que se nomeie.


“Santificado seja o teu nome” (Mt 6.9) não é apenas uma declaração ou mero desejo expresso em oração. Antes, trata-se de um pedido genuíno, o primeiro de uma lista de petições: “Que o teu nome [ou a tua Pessoal seja mantido santo [ou com reverencial entre toda a humanidade”. Essa petição será finalmente respondida quando o próprio Deus santificar o seu nome sobre todos os habitantes da Terra, no seu Reino vindouro (Ez 36.22,23).


Hoje, a nossa parte consiste em equilibrar a familiaridade que temos com o compassivo Pai celeste, mostrando-lhe completa reverência e respeito. O termo grego correspondente, hagiazo, significa “tornar santo”, “tratar como santo”, “conservar em reverência”, “honrar altamente”.

Infelizmente, o ato de santificar o nome de Deus tem recebido atenção que as outras petições contidas nessa oração. Muitas pessoas têm clamado ansiosamente: “Dá-me hoje o pão diário”; ou então: “Livra-me do mal”. Ora, agindo assim, o interesse de que o nome de Deus seja reverenciado e honrado fica em segundo plano, substituído pelas preocupações com o nosso próprio bem-estar.


Como poderíamos santificar o nome de Deus? Certamente o terceiro mandamento deve ser obedecido: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” (Êx 20.7). Mas também podemos santificá-lo através de nossa vida e conduta diárias. A obediência a Deus e um testemunho coerente dão honra ao nome dEle: “Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.14,15; veja também Hb 12.14).


Quando falamos em “Reino de Deus” estamos nos referindo ao governo direto do próprio Deus. Hoje, o Reino de Deus opera através da Igreja (isto é, dos crentes), em meio a um mundo em rebeldia contra Ele. Contudo, a Igreja não é o Reino de Deus no sentido concreto da palavra.


Portanto, todas as vezes que oramos: “Venha o teu reino” (Mt 6.10), estamos orando por aquela consumação final dos eventos temporais, quando, conforme se lê em Apocalipse 11.15, “os remos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”.


Clamar para que “seja feita a tua vontade” (Mt 6.10) requer completa submissão. Como já mencionamos, para que Jesus pudesse cumprir sua missão, Ele teve de submeter-se à vontade do Pai (Hb 5.7-9). A submissão é o elemento básico da oração, pois onde houver submissão sem reservas, não haverá impedimentos à resposta de Deus. Assim, torna-se imperativo que oremos: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Isso expressa também nossa confiança na fidelidade de Deus, bem como demonstra que sabemos que Ele está agindo em nosso favor e que cumprirá todas as suas promessas.


“O pão nosso de cada dia nos dá hoje” (Mt 6.11) significa “supre nossas necessidades diárias”. A petição, por si mesma, é um reconhecimento de nossa dependência de Deus. Mas orar dessa maneira não invalida ou suprime a necessidade do esforço humano (Gn 3.19; 1 Tm 5.8). Antes, reconhece que Deus é a fonte que nos supre das coisas materiais, não importando quão duramente tenhamos trabalhado para alcançá-las.


As realidades temporais pelas quais oramos não são finalidades em si mesmas. São apenas meios para chegarmos a cumprir o propósito para o qual Deus nos pôs na Terra, sem a nutrição para o corpo e as provisões básicas para a vida física, não poderíamos fazer a vontade de Deus na Terra. O suprimento das necessidades ordinárias da vida são apenas um meio de se trabalhar mais intensamente pelo cumprimento de todas as petições, inclusive as nitidamente espirituais, contida nessa oração modelo.


“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4). Viver somente em função do pão natural torna a vida um fardo e tira dela o sentido. Quando oramos pelo pão nosso de cada dia, também deveríamos entender que precisamos do pão da vida. Os israelitas comeram o maná no deserto e mesmo assim morreram. Deus, em sua misericórdia, prometeu nos dar o pão da vida, ainda que o nosso corpo físico morra. Nosso Criador nos constituiu com uma natureza tanto física quanto espiritual, provendo-nos de alimento não só físico como também espiritual. Cristo é o Pão que satisfaz e nos alimenta o espírito. Declarou Ele: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede” ( Jo 6.35). Que o senhor nos dê, a cada dia, o pão espiritual que nos é necessário.


“Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12). Lucas usa a palavra “pecados” (Lc 11.4) em lugar de “dívidas”. Nossos pecados são dívidas. Portanto, quando oramos, devemos sempre ter em mente que necessitamos da misericórdia e do perdão divinos, valendo-nos dos meios providos por Deus para esse fim: a confissão (1 Jo 1.9). A confissão penitente humilha os orgulhosos e os conduz ao arrependimento. Quando nos arrependemos e oramos pelo cancelamento de nossas dívidas, é como se estivéssemos preenchendo uma requisição para que elas sejam apagadas dos anais divinos.


À semelhança de Isaias, clamamos: “Ai de mim, que VOU perecendo! Porque eu SOU U homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.5). Pedimos O perdão de Deus, “assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12). A expressão “assim como” não indica grau, visto que jamais poderemos perdoar com perfeição — somente Deus pode perdoar o pecado — mas podemos e devemos perdoar erros reais e imaginários cometidos contra nós. Não obstante, há urna ornparaçã0 implícita nessa passagem. Quando estamos prontos a perdoar a despeito de nossa ondiçã0 de fraqueza e pecamino5ade Deus está pronto em sua santidade perfeita a nos perdoar igualmente Receber o perdão divino segue de mãos dadas com o ato de perdoar os outros. Só podemos receber o perdão, quando entendermos O principio que o rege, e isto implica em não levar a mal o desinteresse que os outros demonstram pelo nosso insignificante ego (Mt 18,21-35)


“perdoa-nos as nossas dívidas” refere-se aos pecados cometidos no passado; “Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6.13) aplica-se ao futuro imediato. Uma pessoa arrependida de fato preocupa-se não somente em ter um passado limpo, mas também em permanecer justa após o perdão e a purificação recebidos O crente precisa libertar-se da penalidade do pecado como também do poder do pecado.


A outra palavra chave nessa petição é “tentação” (gr. peiraSm0) Seu uso nas Escrituras pode significar “prova” (teste) ou “incitação para praticar o erro”. Se a frase seguinte (“mas livra-nos do mal”) for urna petição distinta, o significado pode ser qualquer um dos dois. Se, como é mais provável “não nos induzas à tentação” e “livra-nos do mal” formarem uma única petição, então o sentido de incitação é o mais cabível. Implícitos na palavra “tentação” estão não só os violentos assaltos satânicos, como também aquelas severas tribulações em meio às quais nos sentimos despreparados.


Nosso Senhor nos instruiu acerca de como a oração deve começar e também nos ensinou como ela deve terminar. A expressão de louvor a Deus é uma breve doxologia. Trata-se de uma homenagem e de um reconhecimento àquEle a quem as nossas orações são dirigidas. Nessa explosão de louvor, a alma obtém a certeza de que Deus atenderá às petições feitas. Nas orações coletivas, a doxologia é uma conclusão apropriada a ser expressa por toda a congregação. “Porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém” (Mt 6.13). Tudo pertence a Deus! Todas as nossas petições devem ser expressas nessa consciência, se é que pretendemos obter alguma resposta. Cada pedido deve ser feito na confiança de que a resposta, uma vez dispensada a nós, trará glória a Deus e somente a Deus.


Oração para a Propagação do Evangelho


O sucesso do evangelho depende das orações dos crentes além do que a maioria de nós percebe. É um mal de proporções gigantescas negligenciar a intercessão pela propagação rápida e eficaz do evangelho: “Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9.38).


No que se relacionam à oração, as instruções finais do apóstolo Paulo aos crentes tessalonicenses visavam esta finalidade: ‘No demais, irmãos, rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós; e para que sejamos livres de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos” (2 Ts 3.1,2).


“Tenha livre curso” é uma alusão às corridas que se realizam nos estádios. Paulo retrata a Palavra do Senhor como se ela estivesse numa corrida, e deseja que ela corra eficazmente até alcançar a coroa estabelecida ou “seja glorificada, como também o é entre vós [os crentes de Tessalônica]”.


Paulo percebeu que a oração é o propulsor capacitador, que impele a Palavra do Senhor na direção do seu alvo pretendido: a conversão dos não-regenerados. Sem a oração, a corrida está perdida. A segunda parte da petição relaciona-se com a primeira. Homens ímpios e maus obstruem, ou pelo menos busca obstruir, o avanço do evangelho. “Dissolutos” (tradução do grego atopos) significam, literalmente, “inconveniente”, “injurioso”, “moralmente nocivo”. Indivíduos assim sem fé e perniciosos estão sempre presentes para se opor à Palavra de Deus, seja mediante o ridículo ou através de qualquer outro meio que impeça a manifestação do mensageiro de Deus. Paulo percebeu, e nós somos sábios para crer, que a resposta para esse problema sempre será a mesma: liberdade através das orações do povo de Deus.


Você sempre pode oferecer uma semente de oração... uma semente de perdão... uma semente de amor e alegria. Tiago 5.15-16


Você costuma sentir que não tem nada a oferecer a Deus? Bem, você sempre pode plantar em outra pessoa uma semente de oração motivada pela caridade e feita com fá! O que esse tipo de oração faz? Ela salva os doentes. Agora, “salvar” e “curar” são virtualmente palavras intercambiáveis na língua grega; e “doença” pode referir-se amplamente a qualquer fraqueza ou incapacidade, moléstia ou pecado qualquer coisa que haja de “errado” na vida.


Em outras palavras, a oração de fé opera para fazer o bem em qualquer área que tenha havido algum problema. E quando as pessoas fazem esse tipo de oração, elas são curadas Jesus também disse que somos perdoados a medida que somos perdoados (ver Mt 6.14-15).


Experimentamos a caridade quando damos caridade. Somos abençoados a medida que abençoamos os outros. Deus dá para nós à medida que damos para os outros. Sempre podemos plantar uma oração feita com fé na vida de outra pessoa. Faça-o com amor.,, com alegria.., com espírito de perdão... e espere que Deus multiplique essa semente em sua própria vida! ( 2 Co 9.8-10//Jo 3.16 )


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


Bibliografia

Teologia Bíblica da Oração – Robert L. Brand e Zenas J. Bicket

Bíblia de Estudo Plenitude

Bíblia de Estudo Pentescostal