Um
Inimigo que Precisa Ser Resistido
TEXTO
ÁUREO
“Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo,
e ele fugirá de vós." (Tg 4.7)
VERDADE
PRÁTICA
O Senhor Jesus provou na tentação do deserto que o
Diabo não é invencível.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE = Tiago 4.1-10
INTRODUÇÃO
A mensagem de Deus entregue aos
santos irmãos do primeiro século por intermédio de Tiago, o irmão do Senhor.
Assim pode ser resumida a Epístola universal de Tiago: uma carta de conselhos
práticos para uma vida bem-sucedida e de acordo com a Palavra de Deus. A
espiritualidade superficial, a ausência de integridade, santificação, a
carência de perseverança e a insuficiência da compaixão para com o próximo são
características que permeiam o caminho de muitos crentes dos dias modernos. O
estudo dessa epístola é relevante para os nossos dias, pois contempla a
oportunidade de aperfeiçoarmos o nosso relacionamento com Deus e com o próximo,
levando-nos a compreender que a fé sem as t obras é morta (Tg 2.17).
I -
AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)
1. Autoria. Em
lugar, é preciso destacar o fato de que há, em o Novo Testamento, a menção de
quatro pessoas com o nome de Tiago: Tiago, pai de Judas, não o Iscariotes, (Lc
6.16); Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João (Mt 4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35;
Lc 5.10; 6.14; At. 1.13; 12.2); Tiago, filho de Alfeu, um dos doze discípulos
(Mt 10.3; Mc 3.18; 15.40; Lc 6.15; At 1.13) e, finalmente, Tiago, o autor da
epístola, que era filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor (Mt
1.18,20). Após firmar os passos na fé e testemunhar a ressurreição do Filho de
Deus, o irmão do Senhor liderou a Igreja em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais
tarde, foi considerado apóstolo (Cl 1.19). Pela riqueza doutrinária da carta, o
£ autor não poderia ser outro Tiago, senão, o irmão do Senhor e líder da Igreja
em Jerusalém.
2. Local e data. Embora a
maioria dos biblistas veja a Palestina, e mais especificamente Jerusalém, como
locai mais indicado de produção da epístola, tal informação é
desconhecida. Sobre a data, tratando-se do período antigo da era cristã, sempre
será aproximada. Por essa razão, a Bíblia de Estudo Pentecostal data a produção
da carta de Tiago entre os anos 45 a 49 d.C., aproximadamente.
3. Destinatário. “Às doze
tribos que andam dispersas” (Tg 1.1). Há muito a estrutura política de Israel
perdera a configuração de divisão em tribos. Assim, em o Novo Testamento, a
expressão “doze tribos” é um recurso linguístico que faz alusão, de forma
figurativa, à nação inteira de Israel (Mt 19.28; At 26.7; Ap 21.12).
Todavia, ao usar a fórmula “doze
tribos”, na verdade, Tiago refere-se aos cristãos dispersos na Palestina e
variadas igrejas estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de Deus
espalhado pelo mundo.
II - O
PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO
1. Orientar. Em um
tempo marcado pela falsa espiritualidade e egoísmo, as orientações de Tiago são
relevantes e pertinentes. Isso porque a Escritura nos revela o serviço a Deus
como a prática concreta de atitudes e comunhão: guardar-se do sistema mundano
(engano, falsidade, egoísmo, etc.) e amar o próximo. Assim, através de
orientações práticas, Tiago almeja fortalecer e consolar os cristãos,
exortando-os acerca da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião
para com Deus a qual é: a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; b)
não fazer acepção de pessoas e c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1.27).
2. Consolar. Numa
cultura onde não se dobrar a César, honrando-o como divindade, significava
rebelião à autoridade maior, os crentes antigos foram impiedosamente
perseguidos, humilhando-se mortos. Entretanto, a despeito de perder emprego,
pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se mantiveram fiéis ao
Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo para as igrejas e
crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7-11).
3. Fortalecer. Além das
perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e defraudados e
afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar de a Palavra de Deus condenar com
veemência essa prática mundana, infelizmente, ela ainda é muito atual (Ml 3.5;
Mc 10.19; 1 Ts 4.6).
A Epístola de Tiago não foge à
tradição profética de condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo divino
contra os exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não desanimarem
na fé, pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente
cobrará muito caro por isso. A queda de quem explora o trabalhador não tardará
(Tg 5.1-3)
III.
OS PROPÓSITOS DA EPÍSTOLA DE TIAGO
1.
Encorajar os crentes em suas provações. Os primeiros cristãos
experimentaram provações e tentações as mais diversas. O Diabo os fustigava com
as ameaças do Império Romano; o judaísmo os acusava de traidores e blasfemos.
Tiago escreveu-lhes, exortando-os a terem “grande gozo” nas tentações, sabendo
que “a prova” da fé haveria de produzir paciência (Tg 1.1,2). Esse ensino está
de acordo com o que Paulo exorta em Rm 5.3-5.
2.
Corrigir doutrinas erradas quanto à salvação. Havia, entre
os destinatários da epístola, dificuldades em entender a justificação, como
aspecto fundamental da salvação. Uns criam que a justificação era somente pela
fé, independente das obras, interpretando os ensinos paulinos (ver Gl 6.16);
outros, no entanto, talvez supervalorizavam o sentido das obras. Tiago
escreveu- lhes, colocando “os pontos nos is”.
3.
Mostrar o resultado prático da fé. Tiago mostra que a fé
precisa ser vivida, demonstrada, através das obras que dela resultam, de
maneira que os crentes são exortados “a demonstrarem uma fé ativa, e não uma
profissão de fé vazia” (2.14 16).
IV.
OS DELEITES DA VIDA
A palavra grega erithéia fala de rivalidade, ambição
egoísta, discórdias, espírito partidário que se fundamenta no egoísmo. A
rivalidade ou peleja como obra da carne sempre busca fazer oposição à obra de
Cristo, visando à contenda: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por
humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).
Precisamos entender que
há uma distinção entre erithós no
grego koinê para o grego clássico. No
grego clássico essa palavra era entendida como alguém que era contratado para
um serviço sem expressar qualquer sentido negativo. Ela expressava também o
sentido de se conseguir votos para um determinado cargo por meio de pessoas
contratadas.
No entanto, cada vez
mais essa palavra foi sendo espalmada do seu real sentido, passando realmente a
ser negativa. Alguns começaram a dizer que erithós
estaria firmada em uma atividade puramente egoísta, em que os partidários
buscavam chegar ao poder apenas para realizar seus desejos egoístas, sem
qualquer preocupação com o povo ou com uma política verdadeira que os
beneficiasse.
Note que num primeiro
momento essa palavra era entendida como uma pessoa que era contratada para
prestar um serviço e dele tirar seu sustento, mas agora ela é entendida não
apenas como uma busca por um dinheiro, mas sim por uma posição marcada pela
ambição, com o objetivo de apenas alcançar seus interesses próprios.
Existem muitos que
estão fazendo pelejas nas igrejas, alguns buscando cargos, posições, mas será
se realmente é pelo bem da obra de Deus, ou seria para fins pessoais? Paulo
falou daqueles que pregavam o Evangelho, mas não com sinceridade, pois queriam
tão somente desacreditar o seu apostolado.
Os que são dominados
pela erithéia sempre estão se opondo
às verdades divinas, querendo causar transtorno em tudo, pois seu desejo por
alguma coisa não vem dominado por bons planos, nem está alicerçado no bem comum
de todos. Antes, seu objetivo é conquistar o melhor para si, tudo de modo
egoísta, ao contrário do servo de Deus, cujo anelo é fazer tudo para glória de
Deus (Rm 2.8-10).
Nas palavras de Paulo,
ele usa erithéia sempre de modo
negativo, expressando o sentimento daqueles que realmente estão dominados pelo
pecado, o que faz com que a inveja, ira, intrigas, apareçam no meio do povo de
Deus (2 Co 12.20).
Se vivermos nos
domínios do Espírito Santo, jamais iremos produzir as obras da carne, e
evitaremos o desejo egoístico de querer fazer alguma coisa na obra de Deus
apenas para ganharmos posição, sermos aplaudidos, nem faremos concorrência com
nós mesmos.
Hoje vemos pregadores
que fazem questão de desfazer dos outros, não é por zelo, nem por amor à
Palavra, nem para edificação de vidas, mas seu intento é ser reconhecido como
um grande especialista em matéria de pregação, teologia. Nesse ponto, é bom
seguir a recomendação de Paulo: “Nada façais por contendas...” (Fp 2.3).
Quando agimos dominados
pelo espírito combativo da peleja, os males que surgirão dentro da igreja serão
os piores, especialmente o partidarismo. No momento em que essa obra carnal
dominou o coração de muitos crentes em Corinto, eles passaram a olhar para
Paulo e outros apóstolos com desprezo, já priorizando outros: “Quero dizer, com
isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apoio, e eu, de Cefas,
e eu, de Cristo” (1 Co 1.12).
Meus irmãos, jamais
devemos pelejar por qualquer coisa ou cargo na igreja ou em comissões,
acreditando que por estar ali é que seremos vistos, reconhecidos, nem querer
servir ao corpo de Cristo para sermos reconhecidos pelos homens. Se estivermos
com esse sentimento, precisamos urgentemente nos esvaziarmos dele, pois
corremos o risco de pagarmos o mesmo preço que Ananias e Safira pagaram (At
5.1-16).
As pelejas na igreja
produzem intrigas, brigas, politicagem, e alguns crentes começam a fazer parte
de um determinado grupinho não por querer bem à obra, mas porque deseja também
uma posição na igreja.
Uma prova bem clara
dessa verdade é que em muitas reuniões que se prolongam na igreja e em outros
ambientes, quando se sabe que é para tratar de um assunto polêmico, ou para
resolver o caso de um obreiro que está com problema, a maioria se mostra
interessado, mas quando é para falar de oração, evangelismo, missão, muitos
saem do recinto.
Para debelarmos de vez
com o espírito de pelejas no meio da igreja, o caminho certo é vivermos debaixo
do poder do Espírito Santo, sempre tendo Cristo como centro de tudo, pois assim
nossos sentimentos e desejos serão sinceros e aprovados por Deus.
Assim é que resistimos
a Satanás. Não nos entregamos aos nossos desejos, assim ele, derrotado, foge de
nós.
1.
Não basta afastar o diabo de tua vida. É preciso se
aproximar de Deus: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros”. O garoto
magrinho se sente seguro quando está ao lado do amigo fortão. Assim também será
conosco quando estivermos na presença de Deus. Íntimos dEle e ao Seu lado, nos
sentiremos seguros contra o inimigo e mais motivados a não nos deixarmos
dominar pela cobiça dos desejos carnais.
2.
Deus não habita em casa suja. Então devemos:
“Purificar as mãos, pecadores e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração”.
Os desejos insistirão em continuar lá. Teremos então, que fazer uma faxina em
nossas mãos e coração. Devemos tirar de nosso coração qualquer resquício do
desejo das coisas do mundo e no lugar dele colocar o prazer de obedecer a Deus.
3.
O tratamento da cobiça exige mais: “Afligi-vos, lamentai
e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza”.
Será necessário um tratamento de choque. Você precisa lutar contra os teus
instintos naturais. Terá de passar a ver a ti mesmo como teu pior inimigo. E
aí, deve recusar o prazer do pecado. Deve sentir nojo por ter desejado algo que
Deus abomina.
O
V.4 deixa uma verdade muito clara: Quando um cristão ou
mesmo uma igreja começa a esfriar, a perder sua fé, começa ao mesmo tempo
enamorar-se das cousas do mundo. Muitas vezes, o início de uma vida cristã é
marcado por demonstrações de amor tão forte do novo convertido para com Deus,
que Ele é capaz de desfazer-se de qualquer compromisso com o mundo. Mas nem
sempre isso continua assim. Bem-Aventurado o que permanece nesse caminho.
Em Apocalipse 2:4-5,
Jesus adverte a igreja de Éfeso a voltar ao seu primeiro amor (cf. Efésios
1:15). Jesus insistiu sobre o aspecto da fidelidade para com Deus, quando usou
a figura do servo que serve a dois senhores (Mateus 6:24).
Em João 15:19 notamos
que os filhos de Deus e o mundo se incompatibilizam. É importante aplicar esta
ideia para a igreja de hoje. Nunca, mais do que nos nossos dias, certas pessoas
que se chamam cristãs foram mais influenciadas pelas cousas do mundo, sejam
teólogos, pregadores, professores, sejam os outros membros das igrejas em
geral. Devemos estar vigilantes, para não permitir que o Liberalismo Religioso
e a Nova Moralidade penetrem em nossas igrejas.
IV.
RESISTINDO O INIMIGO
Segue-se então uma série de ordens práticas que têm
uma aplicação especial àqueles que estão procurando o caminho de Deus mais
perfeitamente [...] As mãos limpas simbolizam nossas atividades; o coração puro
representa o refúgio da nossa personalidade.
a.
Submeta-se a Deus (4.7,8a). Deus está ávido em nos afastar do
amor do mundo e atrair-nos para um amor profundo e duradouro por Ele. Mas,
ávido como possa estar, Deus não pode criar em nós um espírito semelhante ao
dEle até que aspiremos pelo seu Espírito. Nessa passagem, somos estimulados a
esforçar-nos para alcançar essa vida mais profunda. Tiago usa o modo do
imperativo em seus verbos: Sujeitai-vos [...] resisti ao diabo (v. 7) [...]
Chegai-vos a Deus 1 Limpai as mãos [...] purificai o coração (v. 8); “Senti as
vossas misérias, e lamentai e chorai” (v. 9); “Humilhai-vos” (v. 10). Se queremos
receber essa “maior graça”, devemos agir.
Sujeitai-vos,
pois, a Deus (v. 7) significa buscar a sua vontade para a
nossa vida de maneira plena e alegre. Mas se o fizermos, devemos resistir ao
diabo. “O diabo sabe muito bem que sua maior esperança em afastar os cristãos
de uma submissão sincera e voluntária a Deus consiste em apelar ao seu orgulho
ferido [...] [Ele] está constantemente dizendo ao cristão:
Por que permanecer tão próximo do caminho estreito e
da vereda humilde? Por que não ser mais seguiu de si? Por que não expressar-se
da maneira mais plena possível e encontrar poder e gozo na expressão da própria
personalidade?”
Ross comenta o seguinte acerca de Chegai-vos a Deus
(v. 8): “Chegai-vos a Deus, como aqueles que anelam ter uma relação mais íntima
possível com Ele, em contraste com aqueles que são seus inimigos e que
permanecem distantes dEle. Deus então se achegará a vocês, para visitá-los com
a sua salvação (Sl 106.4)”.
b.
Mãos limpas e coração puro (4.b). De que maneira devemos
achegar-nos para alcançar essa preciosa salvação (cf, Hb 7.24,25) que Deus
preparou para os seus filhos? Tiago responde: Limpai as mãos, pecadores; e, vós
de duplo ânimo, purificai o coração (v. 8). “Esse termo-chave ‘pecadores’ [...]
tem a função de trespassar a consciência do leitor, e essa também é a intenção
do outro termo-chave que o equilibra: ‘vós de duplo ânimo’. Os de duplo ânimo,
como em 1.8, são aqueles que estão divididos no seu amor entre Deus e o
mundo”. Mãos sujas por atos de pecado
necessitam de limpeza; corações manchados de amor pelo mundo precisam ser
purificados. Deus tem graça para os dois.
CONCLUSÃO
Fica bem claro que as guerras e pelejas entre os crentes,
como manifestações das paixões humanas, têm sido utilizadas como instrumento de
perturbação da obra do Senhor. O Adversário sabe que a igreja só marcha mais
rápido, quando há união, amor, humildade, oração sincera e comunhão com Deus.
Se ele conseguir prejudicar o clima espiritual, o caminho está aberto para o
fracasso. Que Deus nos ajude a evitar esses males em nós mesmos e ao mesmo
tempo combatê-los.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
Comentário Bíblico Beacon Tiago
LIÇÕES BIBLICAS CPAD 1º. TRIMESTRE DE 1999
Livro As Obras da Carne e o Fruto do Espirito –1º. Edição CPAD Rio de Janeiro – Osiel
Gomes
RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C (Ed.). Bíblia
de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON,
French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004
O PERIGO DA BUSCA PELAS COISAS
HUMANA
TEXTO ÁUREO
HUMILHAI-VOS PERANTE O
Senhor, e ele vos exaltará. Tg 4:10
VERDADE
PRATICA
A realização humana, a parte de Deus, é impossível
de acontecer, pois a criatura não pode viver longe do Criador.
LEITURA
BIBLICA = TIAGO 4: 1-10
INTRODUÇÃO
Com freqüência, em nosso zelo para com a Igreja hodierna,
e no intuito de conduzi-la à perfeição, desafiamos os crentes a seguirem o
exemplo dos primitivos cristãos. Às vezes damos a impressão de que os cristãos
primitivos não enfrentavam as mesmas tentações que os cristãos de hoje
enfrentam. Mas, não é isto o que a Epístola de Tiago nos revela. Tiago mostra
que os primeiros cristãos, assim como nós, hoje, eram sujeitos às mesmas
paixões.
A ORIGEM DAS GUERRAS E DOS
CONFLITOS
Consoante à pergunta: “Donde vêm às guerras entre
vós?”, isto é, entre os crentes, dentro da igreja? Responde Tiago que elas vêm
dos deleites, da cobiça e da falta de sabedoria na oração.
1.
Deleites (v.1). Não é pecado o crente viver
prazerosamente. Porém, através de Tiago, Deus condena o hedonismo, doutrina
filosófica segundo a qual o prazer é a finalidade última, o bem supremo da
vida. Neste caso, “deleite ‘ é uma forma de glorificação dos sentidos, é o culto
de adoração ao “eu” próprio.
Segundo o lúcido ensino de Tiago, a força dos
prazeres que operam na nossa vida é que tem produzido o clima conflitante que
está a minar a força e a sugar a vitalidade espiritual de muitas igrejas. O
espírito de contendas entre cristãos é o produto da carne vencida pelo intenso
desejo de prazer. E o homem dominado pela carne que produz conflitos dentro da
igreja.
2.
Cobiça (v.2). Desejar o que há de melhor, bem como
desejar progredir na vida não se constitui um mal em si mesmo. Mas “cobiça”
conforme trata Tiago, não representa aspiração legítima. As conseqüências da
cobiça (v.2) são: morte, inveja, conflitos, guerras. Que conste, nenhum crente
em sã consciência admitiria que isto procedesse de Deus. As conseqüências da
cobiça são sempre funestas. As Escrituras registram o seguinte exemplo: tomado
pela cobiça, o rei Acabe consentiu em matar o piedoso Nabote, a fim de
apossar-se da vinha que este não quis vender-lhe (I Rs 21).
3.
Inveja (v.2). Invariavelmente o invejoso é a
primeira, e, em algumas vezes, a única vítima da sua própria inveja. Em geral o
invejoso critica e combate as pessoas com as quais gostaria de se parecer. A
Igreja tem sofrido grandemente por causa da inveja e ciúme dos crentes carnais.
Eles têm-se feito constantes causas de contendas para os cristãos sinceros e
úteis à causa de Deus.
4.
Falta de a sabedoria no pedir (v.3). O ensino de Jesus de
que “todo o que pede recebe” (Mt 7.7,8), é corroborado por Tiago. Contudo, ele
fala acerca daquelas pessoas que pedem, mas nada recebem. Por quê? Porque pedem
mal. Isto é: pedem fora da vontade de Deus, para gastar nos seus próprios
prazeres. Uma vida espiritualmente desajustada produz orações desorientadas, as
quais não recebem a resposta de Deus. Ninguém, nem mesmo através da oração,
pode fazer de Deus ministro de suas próprias concupiscências. “E esta é a
confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, SEGUNDO A SUA VONTADE,
ele nos ouve” (I Jo 5.14).
5.
O Diabo. Ele tentou Jesus (Lc 4.2; Mt 4.1) e continua
tentando os servos de Deus, provocando guerras e pelejas entre os crentes que
dão lugar à sua ação. Ele anda "em derredor, bramando como leão, buscando
a quem possa tragar" (1 Pe 5.8). Havendo guerras e pelejas, não há união
e, sem esta, não há bênção. Devemos prevenir-nos contra as "astutas
ciladas do diabo" (Ef 6.11).
6.
A carne. Tiago, indagando de onde vêm as guerras e pelejas
entre os crentes, responde que vêm dos deleites que guerreiam nos seus membros
(v. 1). Paulo diz que os pecados "operavam em nossos membros" (Rm
7.5). Essas paixões ou deleites que operam nos nossos membros (a natureza
carnal), tanto podem ser de origem sexual, como emocional e moral, as quais
geram contendas. Alguém pode deleitar-se, em ver o mal ou a queda do outro. E
prazer diabólico.
7.
Desejo de poder. Esse desejo carnal de poder tem origem
em Lúcifer, que, ao desejar tomar o lugar de Deus, imaginou-se grande (cf. Ez
28.2,17). Há muitos que, para "subir" nos cargos, procuram passar por
cima dos outros, gerando guerras e pelejas desnecessárias. O melhor é
humilhar-se sob a potente mão de Deus e ser exaltado por Ele a Seu tempo (Tg
4.10, 1 Pe 5.6).
A
BUSCA EGOISTA
Tiago não usa a expressão “adúlteros e adúlteras”
para acusar os cristãos, seus leitores, de impureza sexual. Não. Ele se dirige àqueles cristãos que, devendo
estar “casados”, “consorciados” com Deus, O têm traído, preferindo o
concubinato com o mundo. Prosseguindo, Tiago pergunta aos seus leitores, se
eles não sabem que:
1.
A amizade do mundo é inimizade contra Deus (v.4).
No seu livro Os Radicais, Alan Pailister, diz: “Amar o mundo é dar o nosso
coração ao materialismo, à ambição ou ainda a coisas muito boas e válidas, mas
que assume importância maior que o nosso Criador. O amor à pregação do
evangelho pode ser no sentido negativo, amor ao mundo, se nos dedicarmos à
pregação movidos pelo desejo de auto-glorificação.
O nosso amor à casa de oração pode ser considerado
amor ao mundo, se dermos maior importância à aparência do lugar onde oramos do
que ao serviço, ao louvor e à adoração, em primeiro lugar, ao Senhor, que é a
razão primordial para a existência de tal coisa”.
2.
O Espírito que em nós habita tem ciúmes (v.5).
Os estudiosos das Escrituras têm tido alguma dificuldade quanto a afirmar se é
o Espírito Santo ou o espírito humano que de nós tem ciúmes. As melhores
versões da Bíblia, porém, grafam este versículo como sendo o Espírito Santo que
com ciúmes zela por nós. Na versão Matos Soares, lemos: “Porventura imaginais
que a Escritura diz em vão: O Espírito que em vós habita ama-vos com ciúme?”
3.
Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (v.6).
E uma atitude de arrogância o crente admitir que possa amar o mundo, “dar
cordas” aos seus deleites, à cobiça, à inveja, e também semear contenda entre
irmãos, e por fim não vir a sofrer o juízo divino. Em contrapartida,
referindo-se aos humildes: “assim diz o alto e o sublime, que habita na
eternidade, e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o
contrito e abatido de espírito, para vivi- ficar o espírito dos abatidos, e
para vivificar o coração dos contritos ‘(Is 57.15).
A
BUSCA DA AUTORREALIZAÇÃO
1.
Sujeitando-se a Deus e resistindo ao Diabo (v.7).
O apóstolo diz que devemos sujeitar-nos a Deus, resistindo ao Diabo, e este
fugirá de nós. Sem a ação diabólica na igreja, não haverá lugar para guerras,
pelejas e contendas.
2.
Chegando-se a Deus (v.8). Estando perto de Deus, pela oração
e comunhão, os crentes adquirem intimidade com o Senhor. Os sentimentos maus
são afastados pela presença do Espírito de Deus.
3.
Purificando o coração (v.8c). Davi disse que o jovem
purifica o seu caminho e não peca, observando a Palavra de Deus e escondendo-a
no coração (SI 119.9-11). Tiago exorta aos crentes pecadores a limparem seus
corações e, aos de duplo ânimo, a purificar o coração. Isso afugenta as paixões
humanas.
4.
Sentindo as misérias (v.9). O apóstolo exorta a que os crentes
carnais, cheios de inveja e cobiça, ao invés de pelejarem entre si, devem
converter-se, sentindo suas misérias, através do lamento e do choro, tornando o
riso da carne em pranto interior, e o gozo mundano em tristeza, atitudes essas
que significam mudanças perante Deus.
5.
Humilhando-se perante o Senhor (v.10). Já vimos que Deus dá
graça aos humildes (v.6). Se os crentes se humilharem, Deus os exaltara. Se
eles se exaltarem, serão humilhados. A humildade é a arma por excelência contra
o orgulho, a inveja, a cobiça, as pelejas e guerras nas igrejas.
CONCLUSÃO
Mas para aqueles que se arredaram com o pecado,
Tiago nos traz uma mensagem de esperança. É preciso sentir a miséria da condição
de distanciamento de Deus, e lamentar o desejo de autorrealização fora dos
padrões bíblicos. A conversão é uma possibilidade, que se concretiza na vida
daqueles que abandonam o orgulho. O sucesso, como um fim em si mesmo, não tem
respaldo escriturístico. A advertência de Jesus nesse sentido é enfática: “Ai
de vós, que estais fartos, porque tereis fome, ai de vós, o que agora rides,
porque vos lamentareis e chorareis” (Lc. 6.25).
Por: Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério
Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Lições bíblicas CPAD 1989
Lições bíblicas CPAD 1999
Comentário Bíblico
Beacon