9 de abril de 2012

ÉFESO A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO

ÉFESO A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO

TEXTO ÁUREO = Permanecei no meu amor = ( Jo 15: 9 )

VERDADE PRÁTICA = A perda do primeiro amor é um prejuízo enorme porque põe em perigo ate nossa felicidade eterna.

LEITURA BIBLICA = Apocalipse 2: 1 – 7

INTRODUÇÃO

O Evangelho chegou a Éfeso no ano 52, quando Paulo, ao fim de sua segunda viagem missionária, passou por aquela cidade e pregou na sinagoga (At 18.19,20). Áquila e Priscila, o haviam acompanhado e ficaram ali, trabalhando em sua profissão e evangelizando. Quando o apóstolo iniciou sua terceira viagem, voltou a Éfeso e achou ali 12 crentes, os quais batizou. Na ocasião todos foram também batizados com o Espírito Santo (At 19.1-6). Com isto Deus estava abrindo a porta para um enorme despertamento espiritual, proporcionando um grandioso crescimento da igreja naquela cidade (At 19.11). Paulo permaneceu ali por dois anos, continuando depois a sua viagem. Em seu regresso a Jerusalém, passou por Mileto, cidade portuária, distante 66km de Efeso, onde teve um emocionante encontro com os anciãos da igreja (At 20.17-38).

Passados 39 anos, veio a carta de Jesus àquela igreja. O assunto principal de que se ocupou a referida carta, “o primeiro amor”, é de tal importância, que justifica dedicarmos a lição de hoje a este tema.
Havia em Éfeso uma grande biblioteca e um teatro com lugares para 25 mil pessoas assentadas. A cidade possuía o principal porto da Ásia, colocando-se, assim, na rota comercial do Império. Foi construído naquela cidade um templo para a realização de cultos ao imperador romano. Hoje, existem apenas ruínas daquele grande centro urbano, entre as quais se destaca a fachada da antiga biblioteca.

PERMANÊNCIA INTERROMPIDA

A permanência de Paulo em Éfeso foi interrompida por uma grande perseguição. Através de suas pregações, muitos se converteram a Cristo. Com isso, o comércio das imagens da deusa Diana estava se enfraquecendo. Tomados de ira, os fabricantes de ídolos provocaram grande tumulto, tentando fazer com que Paulo fosse publicamente condenado por pregar uma doutrina que estaria "prejudicando" a cidade (At.19.21-40; I Cor.15.32). Afinal, o turismo e o comércio estavam estabelecidos sobre a idolatria. Diante de disso, Paulo se retira. Depois de algum tempo, mandou chamar os líderes da igreja de Éfeso para se encontrarem com ele em outra cidade, Mileto. Ali, Paulo se despede deles, dizendo que não mais o veriam (At.20.16-38).

Timóteo, Apolo, Áquila e Priscila trabalharam na igreja de Éfeso (At.18.18,19,24; I Tm.1.3; II Tm.4.19). De acordo com a tradição, o apóstolo João também exerceu ministério naquela cidade e ali morreu. A bíblia não confirma isso. O que temos de concreto é que João escreveu uma carta à igreja de Éfeso assim como fez a outras seis igrejas da Ásia (Apc.2.1).

MOTIVO DO ENVIO DA CARTA

As igrejas cristãs estavam se estabelecendo em diversas cidades do Império Romano, começando dos principais centros, onde Paulo procurava concentrar suas atividades evangelísticas. Nesses mesmos centros, encontravam-se colônias judaicas, já que, por motivos diversos, milhares de judeus estavam espalhados por vários lugares. Eles se estabeleciam com mais freqüência nas principais cidades, como seria natural, uma vez que nesses locais se concentravam as atividades comerciais, culturais e religiosas, sendo os melhores campos para o trabalho e o enriquecimento.

Desse modo, em todos os lugares Paulo encontrava uma sinagoga e ali pregava para os judeus. Assim, apesar dos protestos e perseguições, alguns se convertiam. Logo estava estabelecida a igreja e sua formação incluía gentios e judeus. Percebe-se então uma dicotomia imediata na comunidade. Além disso, como era natural, a igreja era formada por homens e mulheres, servos e senhores, escravos e livres, ricos e pobres. Bem sabemos que esse cenário não era uma particularidade de Éfeso, mas característica comum a diversas igrejas. Essa diversidade de componentes da igreja, faz com que ela seja um organismo bastante eclético. 

Essa variedade se tornava, muitas vezes, causa de divisão, partidarismo, dentro das igrejas. Por isso, Paulo escreve aos efésios, tendo como principal tema a unidade da igreja. Seu foco está principalmente sobre a questão entre judeus e gentios. Por um lado, os judeus se consideravam como a "nata" religiosa do mundo. Então, os gentios eram vistos por eles como uma segunda categoria, até mesmo dentro da igreja. Os gentios, por sua vez, poderiam se sentir inferiorizados. Contudo, nas cidades fora da Palestina, os gentios eram os "donos da casa". Então, os judeus poderiam ser vistos como estrangeiros arrogantes que se achavam superiores aos próprios cidadãos do lugar.

Tudo isso nos mostra que era fácil que a igreja se dividisse internamente entre o grupo dos judeus e o grupo dos gentios. Então, Paulo insiste na doutrina da unidade da igreja. Afinal, Cristo chamou pessoas tão diferentes e as uniu em um corpo para que aprendessem o amor que supera todas as desigualdades e até mesmo ajuda a minimizá-las ou eliminá-las quando possível.

UNIDADE DA IGREJA

Paulo menciona a localização de gentios e judeus dentro do plano de salvação e da igreja. Seu objetivo é demonstrar que no corpo de Cristo, esse tipo de diferença é irrelevante. Ele tenta fazer com que seus leitores vejam que, no passado, todos eles eram pecadores (Ef.2.1-3) e que agora todos são salvos. Estes são os adjetivos que importam. Não interessa saber quem é judeu e quem é gentio. Essas verificações só serviam para dividir a igreja. Paulo diz que agora, após a conversão, ninguém era mais estrangeiro, como se tivesse um tratamento diferente dentro da igreja. 

Somos todos concidadãos (Ef.2.19). Dizer isso para gentios e judeus era mostrar que não mais importava o lugar onde nasceram nem a sua origem genealógica. Agora, somos cidadãos na mesma cidade, a Nova Jerusalém. Afinal, nascemos de novo. Agora somos parte da mesma família.

0 AMOR É A ESSÊNCIA DA VIDA CRISTÃ

1. O amor e a vida do crente. O amor é essencial à vida do crente. A vida espiritual se manifesta quando “Cristo vive em mim” (Gl 2.20; Cl 1.27; 3.4; 1 Jo 5.11,12). Sendo Jesus a caridade (1 J0 4.8,16), quando Ele vive no crente, este passa a viver em amor.

2. O amor une a Igreja a Cristo. O amor é essencial à comunhão da Igreja com Jesus. Através do amor a Igreja está vinculada a Jesus como uma noiva ao seu noivo. Pela salvação nasceu em nós “o primeiro amor” (Ap 2.4; 1 Jo 4.19). Então o crente se compromete a amar a Jesus e ser-lhe fiel (2 Co 11.2,3) até o fim (Ap 2.10), quando, pela morte ou pelo arrebatamento, passar a estar sempre com o Senhor (Fp 1.23; 1
Ts 4.17).

3. O amor e a vida de fé. O amor é essencial à demonstração duma vida de fé. A verdadeira vida de fé opera e se manifesta através da caridade (Gl 5.6). Portanto, o crente em cuja vida o primeiro amor já se esgotou, tem tudo para ser uma pessoa vazia e estéril em si mesma.

O AMOR - UM SEGREDO DA VIDA CRISTÃ

O amor é um segredo no funcionamento da vida cristã. O verdadeiro amor se expressa, não através de “palavras nem de línguas, mas por obras e em verdade” (1 Jo 3.18). São estas obras que resplandecem, como luz, diante dos homens (Mt 5.16).

1. O amor e a comunhão com Deus. O amor é o segredo da nossa comunhão com Deus. Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro (1 Jo 4.11,19). Este amor nos alegra (1 Pe 1.8) e impulsiona a estarmos a sós com o Senhor em oração (Cl 1.4)
e a obedecermos à Sua Palavra (Jo 14.15,21,23).

2. O amor como vinculo de união. O amor é o vínculo que une os crentes. No amor de Cristo somos feitos UM (Cl 3.16; At 4.32; Jo 17.21). O amor é a evidência de que o crente está na luz (1 J0 2.20) e de que é nascido de novo (1 Jo 5.1).

3. O amor e o trabalho do Senhor. O amor impulsiona o crente para o trabalho (2 Co 5.14,15). Os crentes hebreus mostraram seu amor ao Senhor servindo aos santos (Hb 6.10).

4. O amor e a vinda de Jesus. O amor conserva o crente preparado para a vinda de Jesus. Somente os que amam a Sua vinda poderão receber a coroa da justiça (2 Tm 4.8). A Bíblia diz: “Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema” (1 Co 16.22).


VENCENDO PELO AMOR

A Bíblia afirma que nos últimos tempos “o amor de muitos esfriará” (Mt 24.12). Todos os crentes sofrem o ataque contra o primeiro amor, como ocorreu também com a igreja em Efeso (Ap 2.4). Muitas coisas procuram nos separar do amor de Deus (Rm 8.35,36,38,39), mas, por Jesus, podemos ser mais do que vencedores (Rm 8. 7).

1. Como permanecer no amor de Jesus. O crente que vive em comunhão com Jesus e o obedece, permanece no seu amor (Jo 15.10; 1 Jo 2.5). Um contato contínuo com Jesus, que nos ama (Jo 13.1) e se entregou por nós (Ef 5.2,25), mantém o nosso amor sempre renovado (1 Jo 4.19) e inapagável (Ct 8.6,7). Agora vivo na fé do Filho de Deus que se entregou por mim (Gl 2.20).

2. O amor do Espírito Santo. O Espírito Santo está conosco para nos ajudar (Rm 8.26). Ele nos ajuda, inclusive, a vencer os ataques contra o amor que por Ele mesmo é derramado em nossos corações (Rm 5.5). Quando o crente tem em si o poder de Deus (Ef 3.16,17), pode, então, compreender a largura, o comprimento, a altura, a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento (Ef 3.18,19).

O ABANDONO DO PRIMEIRO AMOR

O que leva o crente â trágica situação de abandonar a sua primeira caridade?
1. Descuido. Quando alguém, por descuido, perde a intimidade com Jesus, seu amor começa a esfriar. No momento em que Pedro começou a ficar “para trás” (Hb 4.1) e a seguir a Jesus de “longe” (Lc 22.54), já estava a um passo da queda. Devemos acompanhar a Jesus “de perto” (Si 63.8; Gn 32.26; 2 Cr31.21; Is 26.9), como Enoque (Gn 5.24) e Noé (Gn 6.9), que andaram com Deus (Am 3.3).

2. Amor dividido. Quando alguém divide o seu amor entre Jesus e outras coisas, indica que está abandonando a “sua primeira caridade”. A conseqüência do amor ao dinheiro, por exemplo, é o desvio da fé (1 Tm 6.10; Gl 5.6). Aquele que ama o mundo e tudo quanto no mundo há (1 Jo2.15) ou se mantém preso a um “jugo desigual” (2 Co 6.14), está trocando o seu primeiro amor por “inimizades contra Deus”, pois a Bíblia diz que “qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).

3. Indisposição de perdoar. Isto tem prejudicado a muitos crentes a ponto de fazê-los perder a primeira caridade. Em lugar de perdoar os ofensores, permitem que uma raiz de amargura tome conta de seu sentimento (Hb 12.15). Jesus nos perdoou uma dívida muito maior e, por isto, devemos também, perdoar os nossos devedores (Mt 6.12; 18.23- 35). Um coração fechado faz murchar a oração (Mc 11.24-26) e o amor então esfria.

A PERDA DO PRIMEIRO AMOR SIGNIFICA UMA QUEDA

Jesus disse: “Lembra-te, pois, de onde caíste” (Ap 2.5). Por que a perda do primeiro amor se constitui uma queda?

1. Comunhão só através do amor. A extinção do primeiro amor na vida do crente implica também na perda de comunhão com Jesus. Tudo na vida espiritual se baseia no amor (1 Co 16.14). Se o amor entre os cônjuges se acabar, que restará, então, do matrimônio? Semelhante- mente, se a noiva de Jesus perder seu amor para com o Noivo, não estará em perigo a sua felicidade eterna? Cada um deve examinar a si (1 Co 11.28).

2. Sem amor não há serviço para Deus. A perda do amor implica na perda do valor do nosso serviço para Deus. “Se falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” (1 Co 13.1-3), Nem trabalho, nem sacrifício, nem oferta, nem uso dos dons, nem outra coisa qualquer poderá jamais substituir o amor. Até a finalidade da Igreja de ser luz do mundo, estará em perigo se faltar o amor, como está escrito: “quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal” (Ap 2.5).

3. Não há paz sem o amor. A perda do primeiro amor abre a porta às vãs contendas (1 Tm 1.5,6). Dá lugar também à manifestação das obras da carne (Gl 5.19-21) dentre as quais se destacam o ódio, a ira e a inveja. Faltando o amor, corremos o risco de destruir alguém pelo qual Cristo morreu (Rm 14.15).

A perda do amor é uma queda porque a coroa da justiça será dada somente aos que amarem a vinda de Jesus (2 Tm 4.8). Perdendo a coroa, uma conseqüência da perda do amor, que daria o homem em resgate da sua alma?” (Mc 8.36,37). Que Deus nos guarde de perder o amor.

A CARIDADE PERDIDA PODE SER RECUPERADA

Jesus escreveu à igreja em Efeso, não semente sobre o que lhe faltava, mas também a respeito da receita para sua recuperação espiritual.

1. “Lembra-te, pois donde caíste” (Ap 2.5). A recordação do gozo e da felicidade proporcionados pela íntima comunhão com Jesus no passado, constitui um despertamento para a grande necessidade de deixar os atuais caminhos e voltar para Deus (Si 119.59; Lm 3.40; Lc 15.17- 20).

2. “Arrepende-te” (Ap 2.5). Esta receita é infalível. Arrependimento significa que o faltoso reconhece diante de Deus o seu erro e resolve deixá-lo, confiando no poder do sangue de Jesus para perdoá-lo (1 Jo 1.7; Tg 4.9; 2 Tm 2.26; Pv 28.13). Esta receita, porém, deve ser aplicada “durante o tempo que se chama hoje” (Hb 3.13). O Senhor espera! Arrepende-te, pois, confiando nos méritos de Jesus.

3. “Pratica as primeiras obras” (Ap 2.5). Depois de ter recebido perdão de tudo, o amor e a comunhão com Jesus voltam de novo a ter as mesmas expressões como “nos dias antigos” (Ml 3.4). Este sentimento se manifesta então, não só pela boca, mas em todas as suas evidências (Lm 5.21; Os 2.14,15; Jr 2.2,3). “As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).

A conclusão da carta, na qual temos:

1. Uma chamada de atenção: “Quem tem ouvi- dos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Observe: (1) O que está escrito nas Escrituras é falado pelo Espírito de Deus. (2) O que é dito a uma igreja diz respeito a todas em todos os lugares e épocas. (3) Nunca podemos empregar melhor a nossa habilidade de ouvir do que quando obedecemos à palavra de Deus; e merecemos perdê-la se não a empregarmos para esse propósito. Os que agora não ouvem o chamado de Deus no final das contas vão desejar nunca ter tido a capacidade de ouvir qualquer coisa.

2. Uma promessa de grande misericórdia para os que vencerem. A vida cristã é uma batalha contra o pecado, Satanás, o mundo e a carne. Não é suficiente que nos engajemos nessa batalha, mas precisamos continuar nela até o fim; não podemos nunca ceder aos inimigos espirituais, mas precisamos combater o bom combate, até alcançarmos a vitória, como devem fazer todos os cristãos perseverantes; e a batalha e a vitória terão um triunfo e uma recompensa gloriosos. O que é prometido aqui aos que vencerem é que comerão “... da árvore da vidas que está no meio do paraíso de Deus”. Eles terão aquela perfeição de santidade, e a confirmação nela que Adão teria tido se tivesse persistido no curso da sua provação: ele teria então comido da árvore da vida que está no meio do paraíso, e esse teria sido o sacramento da confirmação para ele no seu estado santo e bem-aventurado; assim, todos os que perseveram na sua aflição e batalha cristã obtêm de Cristo, como a árvore da vida, a perfeição e a confirmação na santidade e na felicidade do paraíso de Deus; não no paraíso terreno, mas no celestial (cap. 22.1,2).


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Lições bíblicas CPAD 1989

Comentário Bíblico Mathew Henry  - Novo Testamento Edição Completa

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