A promessa do Espírito
TEXTO ÁUREO
“E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20.22).
Entenda o Texto Áureo
Soprou sobre eles. Era costume os profetas usarem algum ato significativo para representar a natureza de sua mensagem. A palavra traduzida como “espírito” nas Escrituras significa vento, ar, respiração, assim como Espírito. Assim, a ação do Espírito Santo é comparada ao vento (Jo 3:8; Atos 2:2).
VERDADE PRÁTICA
A promessa do Pai não se restringe a um grupo particular ou a um período específico, mas inclui todos aqueles que se arrependem e creem no Evangelho.
Entenda a Verdade Prática
A promessa é para você. Sim, você mesmo. Não importa quem você é, de onde veio, ou o que fez. A promessa do Pai não é exclusiva. Não está limitada a um povo, a uma época ou a uma elite espiritual.
Ela é viva. Presente. Real. Deus não reservou Sua promessa apenas para os santos do passado.
Ele a estendeu a todo aquele que se arrepende e crê no Evangelho “A promessa é para vocês, para seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar” (Atos 2:39).
LEITURA BÍBLICA = João 14.16-18,26; 16.7,8,13; 20.21,22.
João 14:16-18,26
16. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,
Ele vos dará outro Consolador. Consolador é uma palavra usada somente por João em seu Evangelho com referência ao Espírito Santo; em sua Primeira Epístola (1João 2:1), com referência ao próprio Cristo.
Em seu sentido próprio é “advogado”, “auxiliar”, “ajudador”. Neste sentido trata-se claramente de Cristo (1João 2:1) e, nesse sentido, compreende todo o consolo, bem como a ajuda da obra do Espírito. O Espírito está aqui prometido como Aquele que suprirá o próprio lugar de Cristo na Sua ausência. para que fique sempre convosco. Nunca vá embora, como Jesus faria no corpo.
17. o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.
A quem o mundo não pode receber (Veja 1Coríntios 2:14). porque habita convosco, e estará em vós. Embora a plenitude de ambos fosse ainda futura, nosso Senhor, usando tanto o presente como o futuro, parece claramente dizer que eles já tinham a semente dessa grande bênção.
18. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
Não vos deixarei órfãos. Em estado de luto e desolação. eu virei a vós. Isto é, pelo Espírito, porque foi a Sua presença que fez com que a partida pessoal de Cristo não fosse um sofrimento a eles.
26. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.
Esse vos ensinará tudo, e tudo quanto tenho dito vós, ele vos fará lembrar (ver em Jo 14:15,17). Como o Filho veio em nome do Pai, assim o Pai enviará o Espírito em meu nome, diz Jesus, isto é, com poder e autoridade divina para reproduzir em suas almas o que Cristo lhes ensinou, “trazendo à consciência viva o que eram sementes adormecidas em suas mentes” (Olshausen). Sobre isto repousa a credibilidade e a suprema autoridade divina da história do Evangelho. O todo do que aqui está dito do Espírito é decisivo de Sua personalidade divina.
João 16: 7,8,13
7. Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
Contudo… Mas, embora vocês estejam em silêncio, incapazes de enxergar além da separação imediata, eu, por minha parte, continuo cumprindo até o fim meu ministério de amor—eu digo a verdade: é melhor para vocês que eu vá embora. Os discípulos estavam enganados pelas aparências superficiais.
Para corrigir esse erro, Cristo lhes revela a verdade, mostrando a realidade oculta aos seus olhos ofuscados pela tristeza. É melhor para vocês – Compare com João 11:50, 18:14.
De perspectivas opostas (“é melhor para nós”, João 11:50; mas aqui “é melhor para vocês”), o julgamento divino e humano coincidem. Compare com João 7:39, nota. O pronome “eu” na primeira frase (“que eu vá”) é enfatizado. Isso chama a atenção para a pessoa do Senhor como eles a conheciam, preparando-os para a ideia de “outro Advogado” (João 14:16).
Pois se eu não for – Aqui, a ênfase muda para a necessidade da partida de Jesus. Para deixar essa ideia ainda mais clara, Ele primeiro fala de sua partida como uma separação (ἐὰν μὴ ἀπέλθω), depois como uma jornada que tem um propósito (ἐὰν πορευθῶ).
Em João 16:10, a ideia é a de um afastamento (ὑπάγω). Compare com João 7:33, nota. O Consolador (Advogado) não virá… mas eu o enviarei – A ausência do pronome antes do verbo (πέμψω, enviarei; compare com ἐγὼ πέμψω, João 15:26, eu o enviarei) destaca o envio do Espírito como um fato. Compare com Lucas 24:49 e Atos 1:4.
A partida de Cristo era uma condição necessária para a vinda do Espírito. Sua presença limitada em um corpo físico precisava ser retirada para que Sua presença universal fosse reconhecida. Compare com João 7:39.
Além disso, a presença de Cristo junto ao Pai, a plenitude de Sua união com Deus como Deus e Homem, era um pré-requisito para o envio do Espírito.
Ele enviou o Espírito em virtude de Sua ascensão como homem glorificado. Por fim, tanto o envio quanto a recepção do Espírito exigiam uma expiação completa entre Deus e a humanidade (Hebreus 9:26 em diante) e a glorificação da humanidade perfeita em Cristo.
8. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo.
8 em diante. A promessa do Paráclito é seguida por uma descrição de Sua vitória. A sinagoga se tornou o mundo, e o mundo encontra seu conquistador. “E quando ele vier…” – E ele (ἐκεῖνος), quando vier… Toda a obra do Espírito na história da Igreja é resumida em três áreas.
As categorias de pecado, justiça e juízo abrangem tudo o que é essencial para determinar a condição espiritual do ser humano, e a obra do Paráclito se relaciona a esses aspectos.
Sua função é convencer (ἐλέγχειν, Vulg. arguere) o mundo—isto é, a humanidade separada de Deus, mas ainda com esperança—sobre (περί, “a respeito de”) o pecado, a justiça e o juízo. A ideia de “convicção” é complexa.
Ela envolve conceitos como exame autoritativo, prova incontestável, julgamento decisivo e poder punitivo. Seja qual for o resultado final, quem “convence” outra pessoa coloca a verdade do caso de forma clara diante dela, de modo que deve ser vista e reconhecida como verdade.
Aquele que rejeita a conclusão dessa exposição o faz conscientemente e por sua própria conta e risco. A verdade, quando reconhecida como tal, traz condenação para aqueles que se recusam a aceitá-la. Os diferentes aspectos dessa “convicção” são evidenciados no uso da palavra no Novo Testamento.
Primeiro, há a análise completa da verdadeira natureza dos fatos (João 3:20; Efésios 5:13); depois, a aplicação da verdade descoberta à pessoa envolvida (Tiago 2:9; Judas 15, (22); 1 Coríntios 14:24; 2 Timóteo 4:2; compare com Mateus 18:15; João 8:9).
Isso pode ocorrer por meio de disciplina (1 Timóteo 5:20; Tito 1:9, 2:15; compare com Efésios 5:11) ou com o propósito específico de restaurar quem está em erro (Apocalipse 3:19; Hebreus 12:5; Tito 1:13).
O efeito da convicção do mundo pelo Espírito permanece indefinido no que diz respeito ao próprio mundo; mas, para os apóstolos, a intercessão do Advogado foi uma defesa soberana de sua causa. No grande julgamento, eles foram demonstrados como aqueles que estavam com a verdade, independentemente de seu testemunho ser aceito ou rejeitado. A história registrada no livro de Atos ilustra essa ação decisiva e dupla do testemunho divino (2 Coríntios 2:16); pois a apresentação da verdade com poder sempre traz vida ou morte, podendo resultar em qualquer um dos dois.
Nesse sentido, a experiência dos apóstolos no Dia de Pentecostes (Atos 2:13, 2:41) tem sido a experiência da Igreja em todas as épocas. A repreensão divina não é apenas uma sentença final de condenação, mas também um chamado ao arrependimento, que pode ou não ser ouvido.
O próprio Evangelho de João, como já foi bem observado (Köstlin, Lehrbegriff, 205), é um testemunho da convicção do mundo pelo Espírito em relação ao pecado (João 3:19–21; 5:28–29, 38–47; 8:21 e seguintes, 34–47; 9:41; 14:27; 15:18–24); à justiça (João 5:30; 7:18, 24; 8:28, 46, 50, 54; 12:32; 14:31; 18:37); e ao juízo (João 12:31; 14:30; 17:15).
Pecado … justiça … juízo – Os três conceitos de pecado, justiça e juízo são apresentados primeiro de maneira abstrata e geral. Eles são elementos fundamentais na determinação da condição espiritual do homem, resumindo seu passado, presente e futuro.
Depois que a mente compreende essas divisões essenciais da análise espiritual, o fato central de cada um é declarado, a partir do qual ocorre o processo de exame, revelação e condenação.
Em cada caso, o mundo corria o risco de um erro fatal, e esse erro é exposto à luz do critério decisivo ao qual é submetido. Os três temas são apresentados em uma ordem natural e significativa.
Primeiro, a posição do homem é estabelecida: ele é mostrado como caído. Em seguida, a posição das duas forças espirituais que disputam domínio sobre ele é revelada: Cristo ascendeu ao trono da glória, e o príncipe deste mundo foi julgado. Esses temas também podem ser vistos de outra forma.
Quando a convicção do pecado se completa, restam ao homem duas alternativas: de um lado, há uma justiça que pode ser recebida de fora; do outro, um juízo a ser enfrentado. Assim, pode-se dizer que na ideia de pecado, o homem é o centro, pois ele é pecador; na ideia de justiça, Cristo é o centro, pois Ele é o único justo; e na ideia de juízo, o diabo é o centro, pois já foi julgado.
Além disso, as palavras pecado, justiça e juízo ganham um significado ainda mais profundo quando consideradas no contexto em que foram ditas. O mundo, por meio de seus representantes, havia acusado Cristo de ser “um pecador” (João 9:24).
Seus líderes confiavam que eram justos (Lucas 18:9) e estavam prestes a condenar o “Príncipe da Vida” (Atos 3:15) como um criminoso (João 18:30).
Nesse momento, o erro triplo (Atos 3:17), que o Espírito viria revelar e corrigir, havia finalmente produzido seu fruto fatal. do… do… do… – O Espírito convencerá o mundo “sobre o pecado, sobre a justiça e sobre o juízo” (περί). Ele não apenas demonstrará que o mundo é pecador, que lhe falta justiça e que está sob juízo, mas mostrará de forma incontestável que o mundo não compreende corretamente o que pecado, justiça e juízo realmente são, e, por isso, precisa de uma transformação completa (μετάνοια).
13. Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
Porém quando vier aquele Espírito de verdade (assim chamado pois) ele vos guiará em toda verdade – A referência não é a “verdade em geral”, mas a “todo aquele círculo de verdade cujo peso é Cristo e Sua obra redentora”. Porque de si mesmo não falará – O significado não é: ‘Ele não falará sobre Si mesmo’, mas ‘Ele não falará de Si mesmo’, no sentido acrescentado na próxima sentença. mas falará tudo o que ouvir (ou receber para comunicar); e ele vos anunciará as coisas que virão – “as coisas vindouras”, referindo-se especialmente às revelações que, nas Epístolas parcialmente, mas mais plenamente no Apocalipse, abrem uma vista para o Futuro do Reino de Deus, cujo horizonte são as colinas eternas
João 20:21-22
21. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
Como o Pai me enviou, assim eu vos envio. Como fui enviado para proclamar a verdade do Altíssimo, e para converter pecadores a Deus, eu envio vocês para o mesmo propósito, revestidos com a mesma autoridade e influenciados pelo mesmo Espírito.
22. E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
Soprou sobre eles. Era costume os profetas usarem algum ato significativo para representar a natureza de sua mensagem. A palavra traduzida como “espírito” nas Escrituras significa vento, ar, respiração, assim como Espírito. Assim, a ação do Espírito Santo é comparada ao vento (Jo 3:8; Atos 2:2).
INTRODUÇÃO
Prepare-se para mergulhar em uma das verdades mais profundas e transformadoras da fé cristã.
Nesta lição, vamos explorar dois momentos cruciais que revelam o coração do plano divino para nos alcançar e nos capacitar. Primeiro, contemplaremos as palavras poderosas de Jesus, quando Ele promete aos seus discípulos o dom precioso do Espírito Santo — o mesmo Espírito que age no íntimo do pecador, despertando-o para a realidade do pecado, revelando a justiça de Deus e anunciando o juízo que virá. É aqui que começa a jornada da verdadeira conversão.
Mas não paramos aí. Vamos além, conectando essa promessa regeneradora registrada por João com a manifestação gloriosa do Espírito em Atos dos Apóstolos. Ali, vemos não apenas um Espírito que transforma o coração, mas que também capacita, envia e reveste com poder aqueles que foram chamados para testemunhar.
Este é mais do que um estudo teológico. É um convite à experiência. Ao entender essa dupla dimensão — o Espírito que regenera e o Espírito que capacita — você será levado a uma nova compreensão do propósito de Deus para sua vida. Vamos juntos nessa jornada?
I. A PROMESSA DO PAI
1. Jesus enviará o Consolador. Você não está só. Há uma Presença viva, poderosa e transformadora prometida por Cristo para habitar em você. No Evangelho de João, Jesus nos entrega uma das promessas mais reconfortantes e revolucionárias já feitas: “E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre” (João 14:16, NVI). Esse Conselheiro é o Espírito Santo — a própria presença de Deus enviada para viver em nós, guiar-nos e renovar tudo o que fomos. Jesus acrescenta: “Vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês” (João 14:17, NVI). Aqui, não estamos falando de uma força impessoal, mas da Terceira Pessoa da Trindade — santa, pessoal, ativa — que entra na vida do crente para operar transformação genuína. E Ele não vem de forma passiva.
Em João 16:8, lemos: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (NVI). Essa não é apenas uma ação externa — é o toque profundo do Espírito no coração humano, quebrando resistências, iluminando o entendimento e conduzindo o pecador ao arrependimento e à fé viva. Jonathan Edwards afirmou: "A regeneração é obra exclusiva do Espírito de Deus no coração humano, e sem ela, ninguém pode ver o reino dos céus."
Já Martyn Lloyd-Jones declarou: "A maior necessidade do mundo é que os homens e mulheres sejam regenerados pelo Espírito Santo. Sem isso, todo esforço humano é vão." Essas vozes ecoam o que Jesus já nos revelou: o Espírito não apenas consola, mas convence, transforma e conduz ao novo nascimento. Agora, a pergunta inevitável: Você já experimentou essa atuação sobrenatural do Espírito Santo em sua vida? Não é suficiente apenas conhecer doutrinas ou frequentar cultos. Jesus nos convida a uma comunhão real com o Espírito que transforma corações, renova mentes e sela com poder os que pertencem a Deus.
2. O Consolador. Ele não apenas está ao seu lado — Ele foi enviado para estar em você. Quando Jesus anunciou a promessa do Espírito Santo, Ele usou palavras que carregam um peso eterno. Em João 14:16, lemos: "E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre" (NVI). A palavra grega usada por Jesus para "Conselheiro" é paráklētos (παράκλητος). Trata-se de um termo rico e profundo, cuja tradução vai muito além de “consolador”. De acordo com o léxico grego do Novo Testamento, paráklētos refere-se àquele que é chamado para estar ao lado — um ajudador, defensor, conselheiro e intercessor. É como um advogado amoroso que se levanta em sua defesa, ou um amigo fiel que permanece firme ao seu lado nas horas mais difíceis.
Já o termo "outro", em grego, é állos (ἄλλος), que significa "outro da mesma espécie". Jesus não está dizendo que enviaria um substituto inferior. Pelo contrário: Ele promete enviar alguém igual a Ele, da mesma natureza divina — o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define “consolador” como aquele que conforta, alivia a dor, dá suporte emocional e espiritual. Isso nos ajuda a entender por que Jesus escolheu essa palavra para descrever o Espírito. Ele não seria apenas um enviado. Ele seria presença constante, poder consolador e direção segura para a jornada.
O teólogo R.C. Sproul afirma: “O Espírito Santo não é uma influência impessoal, mas uma Pessoa que conhece, ama, guia e santifica. Sua missão é aplicar tudo o que Cristo conquistou por nós.” Martyn Lloyd-Jones, ao falar sobre essa promessa, disse: “A maior tragédia da igreja moderna é ter tentado viver sem o poder do Espírito Santo.” Ao dizer “ele estará com vocês para sempre”, Jesus estava garantindo que, mesmo em sua ausência física, a presença divina permaneceria permanente, pessoal e poderosa. Não se trata apenas de teologia. Trata-se de vida. Você tem vivido como alguém que carrega dentro de si a presença do Paráklētos? Talvez hoje seja o momento de parar e refletir: tenho caminhado sozinho, tentando resolver tudo pelas minhas forças? Ou tenho vivido na consciência viva de que o Espírito de Deus habita em mim, fala comigo, me guia, me consola e intercede por mim diante do Pai? Essa promessa não é simbólica. É real. O Espírito Santo quer conduzir você ao arrependimento, à santidade, à verdade e à intimidade com o Pai e o Filho.
3. “Não vos deixarei órfãos”. Você nunca foi deixado para trás. Nem está sozinho. Em um dos momentos mais íntimos e comoventes do ministério de Jesus, Ele olha para os seus discípulos e faz uma promessa que ecoa até hoje para todo aquele que crê: “Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês” (João 14:18, NVI).
A palavra grega aqui usada para "órfãos" é ὀρφανός (orphanos), termo que, no contexto do grego koiné, significa sem pai, sem amparo, desprotegido, deixado à própria sorte. No mundo antigo, ser órfão não era apenas perder os pais — era perder a identidade, o sustento e a esperança. Era cair em abandono. Jesus sabia exatamente como seus discípulos se sentiriam após sua morte. Perdidos. Confusos. Feridos. Foi por isso que, com ternura, Ele os preparou com palavras carregadas de afeição e promessa. No capítulo anterior, Ele já havia se dirigido a eles com uma expressão profundamente familiar: “Meus filhinhos, ainda estarei com vocês por pouco tempo” (João 13:33, NVI).
Aqui, Jesus usa o termo grego τεκνία (teknía) — uma forma diminutiva e carinhosa de “filhos” — revelando não apenas autoridade espiritual, mas também profunda afeição paternal. Na perspectiva da língua portuguesa, o Dicionário Aurélio define “órfão” como: “aquele que perdeu o pai ou a mãe, especialmente durante a infância; desamparado, sem proteção.” Jesus promete exatamente o oposto. Ele afirma que mesmo em sua ausência física, eles (e nós) jamais estariam desamparados. O Espírito Santo viria para continuar Sua presença de maneira íntima e constante. O teólogo e pastor Charles Haddon Spurgeon escreveu: “Cristo não apenas prometeu retornar; Ele o fez enviando o Espírito Santo, de forma que nunca mais estaríamos sozinhos.” (Spurgeon, Sermão nº 1081, Metropolitan Tabernacle Pulpit, 1873.)
D. A. Carson comenta: “Jesus não apenas fala de consolo sentimental, mas de uma realidade espiritual: a presença contínua d’Ele através do Espírito. A promessa é de comunhão duradoura, mesmo após sua partida visível.” (The Gospel According to John, D. A. Carson, Eerdmans, 1991.)
A promessa de Cristo aos discípulos é a mesma para nós hoje. Não fomos deixados órfãos. A presença do Espírito Santo é o sinal do cuidado contínuo do Pai. Mesmo quando tudo parece escuro, mesmo quando sentimos que as forças nos faltam, o Espírito nos consola, nos lembra das palavras de Cristo e nos fortalece no caminho.
Agora, a pergunta que nos confronta é simples, mas profunda: Você tem vivido como alguém amparado por Deus ou como um órfão espiritual? Hoje, Jesus o convida a descansar nessa verdade: Você é filho. Você é amado. Você não está só. Clame por esse Consolador. Receba a certeza de que a presença de Deus é real, acessível e eterna. Abra-se à promessa. Caminhe na certeza de que há um Pai que nunca abandona.
II. O ESPÍRITO HABITA OS DISCÍPULOS
1. João 20.22. Ele não apenas apareceu. Ele soprou vida eterna sobre os que estavam com medo. João 20:22 nos apresenta uma cena tão íntima quanto poderosa — e muitas vezes ignorada por sua profundidade. Após sua ressurreição, Jesus entra onde os discípulos estavam trancados por medo e os encontra em seu estado mais frágil. Então, faz algo extraordinário: “E, com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo’” (João 20:22, NVI).
Mas para entender o impacto dessa ação, precisamos voltar alguns versículos.
Em João 20:19-23, vemos o Cristo ressuscitado e glorificado aparecendo aos seus discípulos pela primeira vez após vencer a morte.
Um encontro carregado de temor, surpresa, lágrimas — e promessas eternas. A palavra usada para “soprou” no original grego é ἐνεφύσησεν (enephýsen) — um verbo raro no Novo Testamento, encontrado apenas aqui.
Curiosamente, é a mesma expressão usada na Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento) em Gênesis 2:7, quando Deus sopra o fôlego da vida em Adão.
Ou seja, Jesus está, simbolicamente e espiritualmente, iniciando uma nova criação — não apenas com um corpo glorificado, mas com discípulos regenerados pelo Espírito. O teólogo F. F. Bruce comenta: “Esse sopro de Jesus é uma antecipação do Pentecostes. Aqui, Ele comunica vida espiritual; em Atos 2, Ele comunica poder para a missão.”
A partir dessa ação, a promessa feita em João 14:17 começa a se cumprir de forma pessoal e real: “Vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês.” O Dicionário Michaelis define “habitar” como: “Morar com estabilidade; estar presente de modo contínuo.” Portanto, quando Jesus sopra e diz “Recebam o Espírito Santo”, Ele está selando a presença do Deus vivo no interior de seus seguidores. Não é mais uma visita divina.
É o início de uma habitação permanente. John Owen, puritano e um dos maiores teólogos sobre o Espírito Santo, escreveu: “A habitação do Espírito é o privilégio mais elevado e o penhor mais seguro de nossa adoção como filhos de Deus.”
Esse ato não é apenas histórico. É pessoal. Jesus não apenas venceu a morte. Ele entrou no seu mundo fechado, nas suas portas trancadas, nos seus medos mais profundos — e soprou vida. Jesus não quer apenas ser lembrado. Ele quer habitar em você. Soprar sobre sua alma cansada. Encher seus pulmões espirituais com vida nova. Hoje é o dia de abrir o coração e receber mais do que consolo — receber o próprio Consolador.
2. O sentido de “assoprou sobre eles”. Quando Jesus soprou, Ele não apenas deu um sinal — Ele deu vida.
No Evangelho de João, capítulo 20, versículo 22, encontramos um gesto de Jesus que carrega um significado profundamente espiritual e, ao mesmo tempo, teologicamente discutido: “E, com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo’” (João 20:22, NVI).
Este versículo tem provocado reflexões intensas ao longo dos séculos.
Afinal, o que significa esse sopro? Teria sido uma antecipação do Pentecostes? Um símbolo? Uma transmissão real do Espírito?
A resposta nos leva a uma profundidade surpreendente.
A palavra grega utilizada aqui é ἐνεφύσησεν (enephýsen) — traduzida como “soprou”. Esta mesma palavra aparece na Septuaginta, a antiga tradução grega do Antigo Testamento, em momentos decisivos da história da revelação.
Em Gênesis 2:7, lemos: “Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (NVI).
Neste contexto, Deus não apenas forma, Ele transmite vida. Ao usar o mesmo verbo, João quer que entendamos: Jesus está recriando. Está soprando uma nova vida espiritual, regenerando seus discípulos com o Espírito Santo.
Também encontramos esse verbo em Ezequiel 37:9, quando o profeta vê o vale de ossos secos: “Venha dos quatro ventos, ó fôlego, e sopre dentro desses mortos, para que vivam” (NVI).
A Bíblia de Estudo Pentecostal observa que João 20:22 deve ser interpretado à luz dessas passagens. O ato de Jesus não foi apenas simbólico — foi regenerador.
O Espírito Santo foi soprado sobre os discípulos não como poder missionário (isso viria no Pentecostes), mas como vida espiritual nova, regeneração interna.
O Dicionário Houaiss define “sopro” como: “Emissão de ar produzida pelos pulmões; fôlego; também pode significar a origem ou princípio de algo.” Jesus, portanto, está realizando uma nova gênese. Está dando origem ao homem novo, restaurado, espiritual.
O teólogo Craig Keener, renomado estudioso do Novo Testamento, afirma: “O sopro de Jesus nos discípulos é uma clara alusão ao sopro de vida em Gênesis. O evangelista está apresentando a nova criação que começa com a ressurreição e é aplicada através do Espírito.”
John Owen, teólogo puritano, complementa: “A regeneração é o ato soberano de Deus pelo qual o Espírito infunde nova vida na alma, capacitando-a a crer.”
A verdade é esta: antes que os discípulos fossem enviados ao mundo em poder (Atos 2), eles precisaram ser vivificados por dentro. Antes da missão, vem a regeneração.
3. Um episódio anterior ao Pentecostes. O Sopro que Transforma Antes do Fogo que Capacita. Em João 20:22, lemos um momento extraordinário e, para muitos, enigmático: “E, com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo.’” (João 20:22, NVI).
Este episódio ocorre antes do Pentecostes, e isso é crucial. Aqui, Jesus ressuscitado entra onde os discípulos estavam trancados, assustados, e realiza um gesto que ecoa os primórdios da criação.
O verbo grego usado para “soprou” é ἐνεφύσησεν (enephýsen) — o mesmo utilizado na Septuaginta em Gênesis 2:7, onde Deus sopra o fôlego da vida em Adão. Esse paralelismo é intencional: o Cristo ressurreto está dando início a uma nova criação. Não apenas consola seus seguidores; Ele os vivifica.
Eles não são mais os mesmos — são agora novos homens, regenerados pelo Espírito. O comando seguinte de Jesus — “Recebam o Espírito Santo” — não é mera promessa para o futuro. É um ato presente, transformador, regenerador. “João está descrevendo o início da nova vida espiritual dos discípulos. Eles se tornam, a partir dali, vasos vivos da habitação do Espírito.” Essa experiência marcante antecede Pentecostes (Atos 2) e possui um propósito distinto.
Em João 20:22, Jesus está comunicando vida espiritual.
Em Atos 1:8, Ele promete poder espiritual: “Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas...” A distinção entre regeneração (João 20:22) e capacitação para o ministério (Atos 1:8) é confirmada por textos como: Romanos 8:9–14 — “...se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo...
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” Gálatas 5:16–25 — “Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne... Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.” O Dicionário Michaelis define "habitar" como: "Estar de maneira constante ou permanente num lugar; residir." A partir de João 20:22, os discípulos não estavam apenas tocados por uma promessa, mas possuídos por uma presença. O Espírito Santo não apenas veio sobre eles — Ele passou a habitar neles. O puritano John Owen escreve: “A habitação do Espírito é a evidência segura da adoção, da regeneração e do viver cristão genuíno.”
Por isso, quando o Pentecostes acontece, não é repetição — é expansão. Em Atos 2, o Espírito Santo enche os discípulos para a missão. Em João 20, Ele os vivifica para a vida.
III. A PROMESSA DO PAI NO DIA DE PENTECOSTES
1. “De repente”. Entre a gloriosa manhã da Ressurreição e o poderoso mover do Pentecostes, existe um tempo sagrado — um intervalo divinamente planejado, carregado de promessas, sinais e preparação espiritual. No Evangelho segundo João, capítulo 20, Jesus ressuscitado aparece aos seus discípulos.
A cena não é apenas um reencontro — é o início de um novo tempo: o Cristo glorificado se manifesta não mais como o Servo Sofredor, mas como o Vencedor da morte. Esse momento acontece entre a Páscoa e o Pentecostes, exatamente como o plano de Deus havia revelado nas festas judaicas. Na Páscoa, celebrava-se a libertação, marcada pelo sangue do cordeiro. João Batista declarou: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29, NVI).
Jesus foi esse Cordeiro. Seu sacrifício consumado na cruz tornou a Páscoa plena. Mas Deus ainda tinha mais a fazer. Pentecostes: da promessa ao poder Cinquenta dias após a Páscoa, celebrava-se a Festa das Semanas, também chamada de Pentecostes, ou Shavuot, conforme Levítico 23:15–21.
Era a Festa da Colheita, o momento em que os primeiros frutos da terra eram entregues a Deus. E foi nesse mesmo dia, no momento exato em que Jerusalém estava cheia de peregrinos, que Deus escolheu derramar os frutos do novo tempo: o Espírito Santo. “De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte... e todos ficaram cheios do Espírito Santo” (Atos 2:2,4, NVI).
O termo grego traduzido como “de repente” é ἄφνω (aphnō), que transmite a ideia de algo inesperado, súbito, surpreendente. Não foi programado pelo homem — foi soberanamente planejado por Deus. João 20: A preparação interior para o derramamento exterior Mas antes do vento, antes das línguas de fogo, antes do falar em outras línguas... houve algo mais íntimo e invisível.
Em João 20:22, Jesus soprou sobre os discípulos e disse: “Recebam o Espírito Santo.” Esse gesto ecoa Gênesis 2:7 — o sopro que gera vida.
Jesus estava ali iniciando a nova criação. Foi uma obra de regeneração, não de capacitação.
Como disse Craig Keener: “João 20 mostra a comunicação da vida espiritual. Atos 2 mostra o poder para o testemunho.”
A missão começa com o Espírito, mas o Espírito não é dado apenas para falar — Ele é dado para transformar.
Um processo com propósito: da cruz à colheita. Esse período entre a cruz e o Pentecostes foi uma espécie de gestação espiritual. Os discípulos foram regenerados (Jo 20), depois ensinados e preparados por 40 dias (At 1:3), e então, no Pentecostes, capacitados para ir ao mundo (At 1:8).
É como se Deus estivesse dizendo: “Antes de usar suas bocas, preciso transformar seus corações. Antes de enviá-los aos confins da terra, quero soprar vida dentro de vocês.” O Dicionário Houaiss define “colheita” como: “Ato de recolher aquilo que foi cultivado e amadurecido.” Assim, o Pentecostes é a colheita do que Cristo semeou com Sua morte e ressuscitou com poder.
2. “E todos foram cheios do Espírito Santo”. Cheios do Espírito: da Regeneração ao Poder para o Testemunho: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava.” (Atos 2:4, NVI).
Esse versículo não é apenas uma lembrança histórica; é um convite atual, urgente e necessário para todo aquele que crê. Em Atos 2, o Espírito Santo desceu como vento impetuoso e fogo sobre os discípulos.
Mas para entender o que realmente aconteceu ali, é essencial distinguirmos duas obras distintas do Espírito: a regeneração e o revestimento de poder.
1. A regeneração: o novo nascimento: - Antes de serem cheios de poder, os discípulos já haviam recebido o Espírito Santo de maneira pessoal e transformadora. Isso ocorreu quando Jesus soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo.” (João 20:22, NVI). Nesse ato, o termo grego usado para “assoprar” é ἐμφυσάω (emphusáō), o mesmo utilizado na Septuaginta em Gênesis 2:7, quando Deus soprou o fôlego da vida em Adão. Jesus estava inaugurando uma nova criação espiritual. Os discípulos, a partir daquele momento, tornaram-se nova criatura: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios 5:17, NVI).
O Espírito, nesse momento, habita no crente regenerado (João 14:17), convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8-10) e produz o novo nascimento, conforme ensinado por Jesus a Nicodemos (João 3:5-6).
2. A plenitude: o batismo no Espírito para testemunhar com poder. Entretanto, a jornada espiritual não para na regeneração. É necessário mais. É urgente mais. O próprio Jesus ordenou: “Fiquem na cidade até que sejam revestidos do poder do alto.” (Lucas 24:49, NVI).
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas...” (Atos 1:8, NVI).
Esse revestimento é aquilo que muitos teólogos pentecostais identificam como o batismo no Espírito Santo.
Em Atos 2:4, lemos que “todos foram cheios do Espírito Santo”, expressão que, segundo o léxico grego, usa o verbo πληρόω (plēróō) — “encher por completo, saturar”. Não se trata apenas de ter o Espírito habitando, mas ser dominado por Ele, capacitado, inflamado e impulsionado a testemunhar com ousadia.
O Dicionário Houaiss define "revestir" como: “Cobrir-se ou ser coberto com alguma coisa que muda o aspecto ou reforça a natureza.” Assim, ser revestido do Espírito é ser envolvido por uma unção que muda nossa postura e nos capacita a cumprir o chamado de Cristo com autoridade e coragem.
3. Uma distinção necessária, uma busca inadiável. John Stott, em "Batismo e Plenitude do Espírito Santo", explica: “Todo crente tem o Espírito, mas nem todo crente está cheio do Espírito. O batismo no Espírito é a promessa de capacitação, não apenas de regeneração.”
“O batismo com o Espírito é uma necessidade absoluta para o serviço cristão efetivo.”
A história de Atos 2 não é uma experiência isolada, mas uma realidade acessível. O mesmo Espírito que regenerou os discípulos soprou vida neles e, posteriormente, os encheu de poder. E o resultado? “Eles saíram e pregaram por toda parte...” (Marcos 16:20) “E três mil pessoas creram naquele dia...” (Atos 2:41).
3. “E começaram a falar em outras línguas”. Línguas que Glorificam: A Evidência Visível do Poder Invisível: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava.” (Atos 2:4, NVI).
O Batismo no Espírito Santo não foi uma experiência isolada no tempo, nem um fenômeno reservado aos apóstolos do primeiro século. Foi — e continua sendo — uma obra sobrenatural, regeneradora e capacitadora que marcou o nascimento da Igreja com poder, e marca, até hoje, todos aqueles que se entregam completamente ao domínio do Espírito de Deus.
1. Uma experiência para regenerados, não para incrédulos. No Pentecostes, os discípulos já eram nascidos de novo.
Jesus havia soprado sobre eles dizendo: “Recebam o Espírito Santo” (João 20:22, NVI).
Ali, a regeneração se efetivou. Mas cinquenta dias depois, em Atos 2, algo maior os envolveu: foram cheios do Espírito e capacitados para a missão (Atos 1:8). O Batismo no Espírito Santo foi, portanto, uma segunda obra, distinta da salvação, destinada ao empoderamento do testemunho.
2. “Começaram a falar em outras línguas” – O sinal visível da promessa. A expressão usada por Lucas — “e começaram a falar em outras línguas” — emprega o verbo grego λαλέω (laléō), que significa “falar, proclamar, expressar-se”, e o termo γλώσσαις ἑτέραις (glóssais heterais), que literalmente significa “línguas diferentes ou outras línguas”. Esse fenômeno era visível, audível e inegavelmente sobrenatural.
O Dicionário Michaelis define “língua” como: “Sistema de sons articulados, com valor próprio, que serve de instrumento de comunicação entre os indivíduos.” Contudo, no contexto do Pentecostes, essas línguas não se originavam do conhecimento humano, mas da inspiração divina.
O próprio texto bíblico revela: “Tanto judeus como convertidos ao judaísmo; cretenses e árabes, nós os ouvimos declarar as maravilhas de Deus em nossa própria língua!” (Atos 2:11, NVI). Aqui está o ponto central: as línguas não eram compreendidas por quem falava, mas pelos ouvintes. O Espírito estava traduzindo louvor, glória e adoração ao Deus Altíssimo por meio da boca dos que se entregaram sem reservas.
3. Um sinal que atravessa gerações. Muitos hoje questionam se essa manifestação ainda está disponível. Mas o apóstolo Pedro, cheio do Espírito, declara: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.” (Atos 2:38-39, NVI).
A promessa do Espírito não tem prazo de validade. Ela atravessa séculos, culturas e fronteiras.
Como ensina o teólogo pentecostal Stanley Horton: “O falar em línguas, no Novo Testamento, nunca foi apresentado como simples êxtase emocional, mas como um dom concedido por Deus com propósito específico: glorificá-lo e equipar seu povo.”
4. Por que falar em línguas é importante hoje? Confirmação pessoal de que você foi revestido de poder (Atos 10:46).
Evidência visível para outros crentes de que o Espírito está agindo (Atos 19:6).
Instrumento de edificação espiritual, pois “quem fala em língua a si mesmo edifica” (1 Coríntios 14:4, NVI).
Expressão de oração e adoração profundas, além da limitação do vocabulário humano (Romanos 8:26).
5. Conclusão: Uma promessa viva que chama pelo seu nome.
Você foi salvo? Glória a Deus! Mas já foi cheio do Espírito, ao ponto de fluir como os rios de água viva que Jesus prometeu? “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.”
“Ele estava se referindo ao Espírito...” (João 7:38-39, NVI).
Se sim, então há mais. Se não, então o momento é agora. Busque. Clame. Renda-se. Abra sua boca — e deixe o Espírito falar por você!
CONCLUSÃO
Desde as páginas do Antigo Testamento até a consumação final em Cristo, há uma promessa que pulsa com poder e esperança: a Promessa do Pai. Não se trata apenas de um conceito teológico ou de uma doutrina distante. Trata-se de uma experiência real, viva, regeneradora e capacitadora, disponível para cada coração que se rende ao Senhor. Quando Jesus disse aos seus discípulos: "Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto" (Lucas 24:49, NVI), ele não falava de uma metáfora espiritual, mas de uma realidade gloriosa, previamente anunciada pelos profetas e agora acessível pela fé em Cristo.
A palavra grega usada por Lucas para "promessa" é ἐπαγγελία (epangelía), que significa “declaração solene de bênção garantida”. É algo que Deus jurou cumprir, e que se manifesta em dois grandes atos na vida humana: Para o pecador, como regeneração — obra do Espírito que convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8).
Para o salvo, como capacitação sobrenatural para testemunhar com ousadia (Atos 1:8). Essa promessa alcançou sua manifestação inicial no Pentecostes (Atos 2), quando os discípulos, já regenerados, foram cheios do Espírito Santo. E ela continua em vigor: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado... e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.” (Atos 2:38-39, NVI).
A palavra “todos” aqui não deixa espaço para dúvidas: você está incluído. Segundo Martyn Lloyd-Jones, renomado pregador reformado: "O batismo com o Espírito Santo é um clamor que todo crente deveria ter. É a diferença entre alguém que sabe o caminho e alguém que caminha nele com fogo" .
E o teólogo pentecostal Gordon D. Fee reforça: "O Espírito é o sinal distintivo da nova era. O crente vive no Espírito, anda no Espírito e ministra no Espírito — tudo nasce dessa promessa."
A promessa é sua. Receba em nome de Jesus essa promessa na sua vida agora.