28 de fevereiro de 2011

LIÇÕES BIBLICAS SEGUNDO TRIMESTRE DE 2011

LIÇÕES BIBLICAS segundo trimestre de 2011


MOVIMENTO PENTECOSTAL AS DOUTRINAS DA NOSSA FÉ


Comentarista = ELIENAI CABRAL


01 – QUEM É O ESPIRITO SANTO

02 – NOME, SIMBOLO, DO ESPIRITO SANTO

03 – O QUE É O BATISMO NO ESPIRITO SANTO

04 – ESPIRITO SANTO AGENTE CAPACITADOR DA OBRA DEUS

05 – A IMPIORTÂNCIA DOS DONS ESPIRITUAIS

06 – DONS ESPIRITUAIS QUE MANIFESTAM A

SABEDORIA DE DEUS

07 – OS DONS DE PODER

08 – O GENUINO CULTO PENTECOSTAL

09 – A PUREZA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL

10 – ASSEMBLÉIA DE DEUS, CEM ANOS DE PENTECOSTE

COMENTARISTA DESSA LIÇÃO:- PR. ANTONIO GILBERTO E PR. ISAEL DE ARAUJO

11 – UMA IGREJA AUTENTICAMENTE PENTECOSTAL

12 – CONSERVANDO A PUREZA DA DOUTRINA PENTECOSTAL

13 – AVIVA O SENHOR A TUA OBRA.


ESTAREMOS ESTUDANDO NESSE SEGUNDO TRIMESTRE DE 2011 COM UM ESTUDO MARAVILHOSO SOBRE O MOVIMENTO PENTECOSTAL

QUE POSSAMOS FAZER UM BOM APROVEITAMENTO DESSES ESTUDOS

A TODOS UMA BOA AULA.

QUE O ESPÍRITO SANTO VOS ABENÇOE

23 de fevereiro de 2011

A CONVERSÃO DE PAULO = SAULO UM VASO ESCOLHIDO

A CONVERSÃO DE PAULO = SAULO UM VASO ESCOLHIDO


TEXTO ÁUREO = “Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (At 9.15).


VERDADE PRÁTICA = A conversão de Saulo foi o maior acontecimento da história da Igreja, depois do Pentecoste.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - ATOS 9.1-6,10-18


INTRODUÇÃO


Cerca de um ano após a morte de Estêvão, acontece à conversão de Saulo de Tarso. Chama-nos a atenção o grande poder de Jesus e a sua imensa graça.

O nosso general precisava de um capitão em seu exército, e foi buscá-lo nas fileiras do Inimigo, transformando-o pelo poder sobrenatural do Espírito Santo, lapidando-o e preparando-o para ser o apóstolo dos gentios.


1 - QUEM ERA SAULO DE TARSO?


1. Antes de sua conversão. Tudo que sabemos dele encontramos em Atos, nas suas epístolas e em II Pedro 3.15. No entanto, possuímos mais dados sobre a vida de Paulo do que acerca de qualquer um dos outros apóstolos. Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Seu nome romano é Paulus, que significa “pequeno”. Nasceu em Tarso, grande centro cultural da Cilícia, mas foi criado em Jerusalém, aos pés de Gamaliel (At 22.3; 26.4) e herdou de seu pai a cidadania romana (At 16.37; 21.39; 22.25).


2. Sua aparência física. Muito se tem discutido sobre a sua aparência física, mas a Bíblia nada fala a respeito. O que se costuma dizer em nosso meio é proveniente da tradição que, seguindo a obra apócrifa Atos de Paulo, escrita na segunda metade do segundo século, diz: “E viu Paulo se aproximando, um homem pequeno de estatura, com cabelos ralos na cabeça, torto de pernas, o corpo em bom estado, com sobrancelhas ligadas, e nariz um tanto convexo, cheio de graça, pois algumas vezes ele se assemelha a um homem e algumas vezes têm o rosto de um anjo”.


3. O inimigo implacável do Cristianismo (v. 1). Como membro do Sinédrio, tinha direito a voto (At 26.10). Por isso, votou a favor da morte de Estêvão. Antes de sua conversão, são mencionadas três vezes (At 7.58; 8.1,3) como inimigo implacável da Igreja. A sua perseguição era tão feroz que procurava os discípulos até em suas casas, arrastando impiedosamente até as mulheres, encerrando-os no cárcere. Diz o versículo 1:

“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor”. Isso o revela como um animal devastador, feroz e indomável. Ele mesmo declarou: “encerrei muitos dos santos nas prisões, e quando os matavam, eu dava meu voto contra eles” (At 26.10).


A CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO


1. “Cartas para Damasco” (v.2). Roma havia concedido aos judeus o direito de extradição dos criminosos fugitivos de Jerusalém. Até onde podemos ver em Atos, ser cristão naqueles dias era não só um crime religioso, mas também civil, Saulo considerava os seguidores de Cristo subversivos. Por isso, conseguiu cartas dos “principais dos sacerdotes” (26.10) e do “sumo sacerdote” (22.5), as quais o investiram de autoridade para prender os discípulos do Senhor Jesus.


2. Na Estrada de Damasco (v.3). Damasco, a 240 km de Jerusalém, levava cerca de uma semana de viagem. Paulo ia com uma comitiva, na tentativa de esmagar o Cristianismo, que, até então, já havia ultrapassado os limites da Judéia, Samaria e Galiléia. Perto de Damasco, ele foi subitamente envolvido por uma luz que o derrubou por terra, e a voz de Jesus o chamou nominalmente.

Ele reconheceu, imediatamente, que se tratava de algo divino, pois disse:

“Quem és Senhor?” (v. 5).


3. Suposta contradição. A aparente discrepância entre Atos 9.7: “ouvindo a voz, mas não vendo ninguém” e Atos 22.9: “mas não ouviram a voz daquele que falava comigo” é meramente uma questão de tradução. O verbo grego usado para “ouvir”, empregado nestas duas passagens, é akouo e significa também “entender, prestar atenção”.

4. Experiência com o Cristo vivo. Esta mudança súbita de Saulo de Tarso tem deixado os judeus estarrecidos, até a atualidade. Muitos ficam sem entender como um homem, o qual agia ferozmente contra os cristãos, de repente passa a ser um deles, defendendo e anunciando com fervor o Cristianismo. Isso é a graça de Deus. Jesus disse: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).


O APOSTOLADO DE PAULO


1. A visão de Ananias (vv. 10, 11). Vencido e alvejado pela graça de Deus, Saulo foi conduzido cego para Damasco, para a rua chamada Direita, que existe ainda hoje nesta cidade. Deus, em sua infinita sabedoria, não permitiu que a prova dessa conversão ficasse limitada apenas aos companheiros de Paulo.

Por isso, revelou esse acontecimento a Ananias.


2. Temor de Ananias (13,14). Era uma reação perfeitamente normal a qualquer ser humano. Tendo conhecimento da devastação que Saulo fizera em Jerusalém, após o martírio de Estêvão, e sabedor que ele estava investido da autoridade concedida pelo Sinédrio, para açoitar e aprisionar os discípulos, era mesmo para ficar temeroso. Ananias, porém, ainda não sabia que a graça de Deus havia alvejado o indomável perseguidor, e o tal seria um vaso escolhido para os propósitos divinos.


3. Requisito para o apostolado (v. 15). A luz de Atos 1.2 1,22 era necessária que Paulo tivesse uma chamada específica para o apostolado, a fim de que pudesse ser testemunha da ressurreição de Cristo. Essa exigência foi satisfeita na conversão de Saulo de Tarso, em sua experiência com o nosso Redentor.

Quatro vezes Paulo declara ter visto a Jesus. Isso torna legítimo o seu apostolado (I Co 9. 1; 15.8; II Co 4. 6; Gl 1. 15,16).


4. Questões da crítica textual (vv. 5 e 6). O texto: “duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça?”não aparece nas versões Atualizadas e Revisadas de Almeida, na Brasileira e na Nova Versão Internacional, por não se encontrar nos manuscritos gregos.


Está na versão Corrigida, via Vulgata Latina. Erasmo de Roterdã usou, quando preparava a primeira edição de seu Novo Testamento (em grego), lançado em 1516, pois substituiu o grego pelo latim em certas passagens (ele não dispunha de todo o texto grego). Esse texto de Erasmo serviu de base para a versão espanhola de Reina, a inglesa do rei Tiago, e a portuguesa de João Ferreira de Almeida.


A parte do versículo 6 aparece em Atos 22.10. Isso em nada desabona a inspiração e autenticidade da Bíblia. Os próprios críticos reconhecem essa autoridade. São variações oriundas de falhas de copistas durante catorze séculos copiando manualmente essas passagens. São coisas que não comprometem a mensagem do Evangelho, como diz a Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia: “O conseguiu modificar a mensagem, nem mesmo nas minúcias”.


O QUE PAULO REPRESENTA PARA O CRISTIANISMO?


1. O apostolado entre os gentios. A visão de Paulo, no ministério entre os gentios, compartilhada com Barnabé, o tornava “progressista” para a sua época, no mundo judaico, e da mesma forma, as suas doutrinas para os padrões sociais do mundo greco-romano. Ele se tornara o principal representante da nova religião revelada. O seu conceito da divindade contrariava frontalmente as religiões politeístas de seus dias. A nova compreensão sobre o Messias mudou radicalmente sua vida e contrariava não o Antigo Testamento, mas o que o Judaísmo pensava a respeito do Libertador. Paulo considerava os judeus e gentios na mesma situação. Em Romanos, capítulo primeiro, ele descreve a depravação dos gentios.

No segundo, a incredulidade e desobediência dos judeus. No terceiro, põe os dois povos no mesmo bojo: “Todos pecaram” (Rm 3.23). Diante disso, levou avante a ordem de Jesus: “Por que hei de enviar-te aos gentios de longe” (At 22.2 1).


2. As missões. Com resultado das quatro viagens missionárias de Paulo, surgiram as igrejas da Ásia e Europa. A Ele deve-se a expansão do Cristianismo. Suas estratégias missionárias são ainda hoje o modelo para nós. Nenhum homem fez pelo Evangelho o que ele realizou, exceto o próprio Salvador Jesus Cristo.


3. As epístolas. É o maior tesouro que Paulo deixou para a Igreja. São frutos de suas experiências e trabalhos, na direção do Espírito Santo. Seus escritos ocupam um terço do Novo Testamento. Sem as suas cartas, o Cristianismo poderia ser uma mera seita do Judaísmo.


2 - A Conversão de Saulo = Atos 9.1-31

As experiências de Saulo e do estadista etíope se contrastam. Ambos fizeram uma viagem. Um era gentio, outro judeu. O gentio vinha de Jerusalém, onde foi buscar bênçãos espirituais. Saulo ia de Jerusalém a Damasco em viagem de perseguição aos crentes. O primeiro caso é exemplo do texto: “Buscai, e achareis”. O outro, do texto: “Fui achado daqueles que me não buscavam”. O Senhor foi gracioso a ambos os viajantes. Um recebeu a bênção que procurava; o outro, a que não buscava. Ambos foram abençoados e continuaram a viver para Deus.


A Campanha Anticristã de Saulo (At 9.1,2)


A igreja judaica havia sido estabelecida. O Evangelho já tinha alcançado Samaria. Logo Pedro abriria a porta da Igreja aos gentios. Alguém tinha, então, de levar o Evangelho “até aos confins da terra”. Eis o homem certo: Saulo de Tarso. Não acompanhou Cristo na terra. Contudo, não era inferior aos primeiros discípulos quanto ao zelo, conhecimento, poder e trabalho. A vida e ministério de Paulo mostram que o Senhor escolheu o tipo de homem que a situação exigia. Segundo a orientação de Deus, ele faria a religião de Jesus ser uma religião para todos os homens.


1. Um líder religioso. Saulo, provavelmente com 30 anos, era membro do Sinédrio, o concílio religioso judeu. O mesmo que condenou Jesus à morte. Isto é dado a entender pela posição que ocupava entre os judeus daquela época (Gl 1.14), e também pelo papel que desempenhou no processo de Estevão (At 7.58), inclusive seu voto lançado (At 22.20).


2. Um defensor zeloso. Com energia característica, Saulo se dedicava à desarraigar o Cristianismo. Para ele, um movimento perigosíssimo. Provavelmente imaginasse ser “do diabo”.

Dizer que Jesus, crucificado após a condenação do Sinédrio como blasfemador, era o Messias e Filho de Deus seria o cúmulo da blasfêmia. E, quando Estevão falou na anulação da Antiga Aliança e na destruição do Templo, Saulo concluiu que tais ensinos ameaçavam a verdadeira religião. Como se os crentes fossem subversivos e anarquistas! Resolveu, então, salvar o judaísmo mediante a destruição do Cristianismo. Após o apedrejamento de Estevão, começou sua tarefa em Jerusalém (At 8.1-3). Viu o movimento se espalhar para outras cidades. Então, pediu autorização a fim de prender os crentes em Damasco e levá-los para serem processados em Jerusalém.


3. Um cruel perseguidor. Saulo era normalmente bondoso e gentil. Quando, porém, entrou nele o espírito da perseguição, ficou enfurecido contra a Igreja. Como um animal selvagem, prendia homens e mulheres, lançando-os em cárceres, condenando-os a serem açoitados e até mortos. Até procurava forçá-los a blasfemar contra o nome de Cristo (At 22.4; 26.10,11; 1 Co 15.9; Fp 3.6). Qual a explicação para tanta crueldade por parte de um homem devoto e piedoso? Primeiro, agiu “ignorantemente, na incredulidade” (1 Tm 1.13; cf. Lc 23.34). Em segundo lugar, seu zelo era mal orientado. Pensava que, com isso, tributava culto a Deus (Jo 16.2,3). O zelo religioso desprovido do amor de Deus sempre tem sido uma desgraça neste mundo (ver 1 Co 13).


4. A Igreja ameaçada. Cristo prometeu que nunca abandonaria a Igreja (Mt 28.20). Assegurava seus seguidores de que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt 16.18). Parecia, no entanto, que Saulo não sendo afastado do caminho, o Cristianismo seria exterminado. Tenham bom ânimo, discípulos de Cristo: Alguém está se preparando para levar Saulo cativo terminando assim sua carreira de perseguições.


A Luz Celestial (At 9.3)


1. Iniciada a viagem. Levando na bagagem cartas oficiais do Sinédrio, e acompanhado por um grupo de policiais do templo, Saulo iniciou sua viagem. Ia a Damasco para uma campanha anticristã por toda a cidade. Confiava que seria bem recebido pelas autoridades. Afinal, o governador da cidade era amigo do sumo sacerdote (2 Co 11.32). O grupo provavelmente viajava em cavalos e mulas. Levariam cerca de uma semana percorrendo em torno de 240 quilômetros de distância. Saulo tinha bastante tempo para refletir durante a viagem.


2. A viagem interrompida. Por volta do meio-dia (At 22.6), Saulo e o grupo chegavam perto de Damasco. O fato de viajarem na parte mais quente do dia, quando normalmente todos descansavam, demonstra sua impaciência e pressa. Desejava começar a obra de perseguir os cristãos. Será que dúvidas profundas, fruto da meditação, o incomodavam tanto que buscava abafá-las iniciando logo sua obra? Ao aproximar-se de Damasco, “subitamente”, brilhou uma luz do céu ao seu redor.

Brilhava mais do que o próprio sol escaldante da Síria em pleno meio-dia (At 26.13).


A Voz Celestial (At 9.4,5)


1. “Saulo, Saulo, por que me persegues?” O que estas palavras significavam para Saulo? Recebia uma mensagem pessoal do Céu. No Antigo, como no Novo Testamento, quando Deus chamava alguém pelo nome, era sinal de que tinha um cuidado especial por aquela pessoa.

E que a chamava para um serviço especial (ver Gn 22.1; 46.2; Ex 3.4; 1 Sm 3.4; Lc 19.5; At 10.3). Sabia que eram pronunciadas por um ser celestial. Portanto, estava sendo acusado de lutar contra Deus (At 5.39 - Saulo não havia seguido o conselho de Gamaliel, seu professor). As palavras continham um desafio à sua retidão de conduta e crença. “Por quê?” Como Saulo, zeloso pela Lei e por Deus, iluminado pelas palavras de Moisés e dos profetas, chegou ao ponto de lutar contra Deus, pensando que servia a Ele.


2. “Quem és, Senhor?” Saulo tinha consciência de que algum ser celestial lhe aparecera. Ele bem conhecia narrativas de acontecimentos semelhantes no Antigo Testamento (Is 6.1-3; Ez 1.27,28; Dn 10.5-8). Não sabia, no entanto, a identidade do visitante. Era um dos anjos, o Anjo do Senhor ou o Senhor Deus em pessoa? Esta era a razão da sua pergunta.


3. “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. Que susto enorme para Saulo! O ser celestial era o próprio Jesus, considerado por ele um impostor crucificado. Estevão tinha razão! O crucificado era verdadeiramente o Messias, glorificado e profetizado (At 7.55,56 e Dn 7.13,14). Notemos que Cristo se revelou com o nome humano, tão odiado por Saulo. Não disse: “Sou o Filho de Deus”, nem:

“Sou o Messias”. O próprio Jesus de Nazaré foi glorificado (Jo 1.45,46,49,51).


A Advertência Celestial (At 9.5)


“Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” (At 26.14).


1. A ilustração. Nos dias de Paulo, empregavam-se bois para arar. Os bois, no começo, ficavam parados, dando coice para trás. Por meio de pontas metálicas agudas no madeiramento do arado e de um aguilhão na mão do arador, infligia se cruel sofrimento ao boi rebelde. Até que aprendesse a obedecer ao invés de dar coices.


2. A aplicação. Deus queria Saulo num serviço nobre, mas este resistia. Provocava sofrimentos a si próprio. Longe de obedecer ao Altíssimo, era rebelde. Contra que aguilhões Saulo dava pontapés? A resposta,tem conexão com o martírio de Estevão. Estevão foi acusado de blasfemar contra a Lei. Mostrava, porém, a mesma glória do rosto de Moisés ao descer do Sinai com a Lei (At 6.11,15; Ex 34.29). Saulo pensava que Estevão fosse um apóstata condenado ao inferno. No entanto, enquanto era apedrejado, teve a visão celestial do trono de Deus (At 7.55,56). Saulo considerava Estevão um inimigo dos líderes judeus. Estevão, ao invés de amaldiçoá-los, orou invocando perdão para eles (At 7.60).


A vida santa dos crentes perseguidos não deixou de causar impressão na consciência de Paulo. Estevão, acusado de quebrar a Lei, morreu com a paz de espírito dos fiéis à vontade de Deus (At 7.59). Apesar da retidão segundo a Lei exterior e sua paixão pela ortodoxia religiosa, Saulo, por certo, não possuía a satisfação espiritual vista no rosto do mártir.

As palavras do Senhor dão a entender que o Espírito já falava à consciência de Saulo antes de ter este recebido a visão celestial. A voz da consciência por certo estava dizendo: “Paulo, não acha que se enganou? Estevão não tem cara de blasfemador. Os crentes aos quais você persegue têm vidas puras. Será que eles não têm razão ao afirmar que Jesus é o Messias?” No início, Saulo deve ter rejeitado tais sugestões. Deviam ser do próprio Satanás, procurando desviá-lo de cumprir seu dever. As dúvidas, no entanto, continuavam dando origem a uma cruel luta interior. Pela misericórdia de Jesus elas chegaram ao fim no momento da visão. Saulo realmente sofria na sua luta contra os aguilhões da consciência.


As Instruções Celestiais (At 9.6-8)


1. Uma comissão pedida. “Senhor, que queres que faça?” (At 22.10). As palavras indicavam uma entrega incondicional ao Cristo glorificado que lhe apareceu. Tinha sido dominado pela “iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2 Co 4.6; Ap 1.16,17; cf. Lc 22.61,62). As palavras revelam, outrossim, o caráter enérgico de Paulo. Sempre pronto para o serviço. A entrega a Cristo que fez naquele instante caracterizou toda a sua carreira missionária.


2. Uma comissão concedida. “Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”. Saulo, cego dos olhos físicos, foi levado pela mão até Damasco. Pretendia entrar na cidade como representante do Sinédrio e ser recebido com distinção e honra. No entanto, sua entrada foi bem diferente: ferido, abatido, trêmulo e já não ardia em fúria contra os crentes. Pelo contrário, estava disposto a aprender humildemente com o mais simples cristão.


3. Uma comissão mudada. “E Saulo levantou-se da terra...” Caíra por terra como judeu orgulhoso e cruel. Levantou-se como crente humilhado e quebrantado. Num só momento, Cristo o transformara de feroz fariseu em verdadeiro discípulo. Daquele momento em diante, Saulo era uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17). Morrera Saulo, o fariseu; ressuscitara Saulo, o crente. A antiga comissão fora repudiada (At 9.1,2) pois Saulo tinha recebido uma nova (At 26.16-18).


A Bênção Celestial (At 9.9-19)


1. Uma alma ferida. A luz celestial temporariamente cegou a Saulo (At 22.11). Foi providencial, dando a Saulo tempo para meditar sobre sua nova experiência. Durante três dias, sem comida nem água, dedicou-se à oração.

O aparecimento de Cristo mudou tudo para Saulo. Precisava de tempo e silêncio para se ajustar à mudança. Seus olhos foram vendados a fim de que os olhos espirituais se acostumassem à luz recebida.


2. Um mensageiro fiel. Após conversar com Saulo, o Senhor apareceu a um discípulo chamado Ananias. Por seu intermédio, completaria a obra de instruir a Saulo, obra que Deus começou pessoalmente. Mesmo havendo a possibilidade de instruí-lo, Cristo lança mão de instrumentos humanos para tal serviço (At 10.3-6). Ananias recebeu a ordem de ir a certo endereço procurar Saulo e ministrar a ele. O discípulo ficou assustado ao receber tal ordem (vv. 13,14). Geralmente existe conexão entre as visões e o estado das pessoas que as recebem. Por isso, é provável que Ananias, tendo ouvido da comissão de Saulo, orasse pela proteção da igreja em Damasco. Por certo, não imaginava que sua oração fosse respondida exatamente daquele modo!


3. A bem-vinda libertação. Obedientemente, Ananias foi andando para a casa onde Saulo estava hospedado - andou realmente pela fé! A singela fé e obediência de Ananias é demonstrada no seu modo de se dirigir ao antigo perseguidor: “Irmão Saulo...” Com a imposição das mãos de Ananias, Saulo foi curado da cegueira. Depois foi batizado na água, e começou a cooperar na igreja.


Ensinamentos Práticos


1. A comunhão dos seus sofrimentos. “Por que me persegues?” Esta pergunta é como espada de dois gumes. Repreende os perseguidores e consola o povo de Deus. Expressa a contínua presença do Senhor com seus servos. E a identificação com os seus sofrimentos. Quando qualquer parte do nosso corpo é ferida, sentimos dores. Assim também o Cristo glorificado fica sendo, mais uma vez, o varão de dores quando qualquer membro de seu corpo sofre. No dia do Juízo, os perseguidores não arrependidos ouvirão: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.


2. O dever da cuidadosa reflexão. “Por que me persegues?” Cristo apela à razão do homem. “Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor...” Deus quer levar todos a meditarem profundamente sobre a sua vida e o seu relacionamento com ele.

Oxalá as pessoas meditassem mais! Males são praticados por falta de reflexão. Por falta de se entender as conseqüências ou as verdadeiras razões do que se faz. A maioria das pessoas são impulsionadas por paixões cegas. Enquanto isso, seu juízo fica adormecido. “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1.3).


3. As conseqüências de se resistir a Deus. “Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões”. Já explicamos a figura. Vamos considerar as palavras como parábola do relacionamento entre o homem e seu Criador.


3.1. O boi. Por que o homem é comparado a ele? É um animal valioso e depende do dono para suprir suas necessidades. Do boi se exige, com toda a razão, o serviço, que pode ser muito frutífero.


3.2. O aguilhão. O instrumento, por doloroso que seja, é necessário por causa da natureza obstinada do boi. Quais OS aguilhões que Deus emprega para amansar a natureza rebelde do homem? Bons conselhos de amigos; sermões bem aplicáveis; aflições; a operação do Espírito Santo sobre a consciência.


3.3. Os coices. O boi estultamente dá coices quando Sente O aguilhão, que assim dói muito mais. Da mesma forma, há pessoas que zombam dos bons conselhos, rejeitam exortações, ficam zangadas quando o sermão ataca seus erros e, embora não possam empregar violência contra o povo de Deus, o perseguem com calúnias, zombarias e críticas. Mesmo assim, é duro recalcitrar contra os aguilhões. “O caminho dos transgressores é áspero”. Lutamos contra o nosso próprio bem, quando lutamos contra Deus.


4. A variedade nas conversões. A conversão de Saulo foi súbita, violenta e espetacular. Muitas conversões são assim. Como o carcereiro de Filipos, precisam de um terremoto para despertá-los a fim de reconhecerem seu pecado e a necessidade de salvação. Outras, como Lídia (At 16.14), abrem seu coração com mais naturalidade às suaves influências do Espírito Santo. O que Saulo fez de bom para merecer a salvação? Nada. Pelo contrário, estava empenhado em perseguir a Igreja. Da profundidade da sua experiência podia dizer: “Pela graça sois salvos”. A conversão de Lídia, por outro lado, resultou da sua piedosa busca por Deus nas reuniões de oração.


A lição a ser meditada é que Deus trata com os indivíduos de diferentes modos. Alguém disse com acerto: “O Espírito Santo não tem hábitos”. Ele é livre e soberano em todas as suas operações. Afinal, a questão não é como alguém foi convertido, e sim, se realmente recebeu a Cristo. Depois, sua vida revelará a Cristo: “Por seus frutos os conhecereis”.


5. O mistério da regeneração. “E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém” (At 9.7). “Os que estavam comigo, viram a luz, sem contudo perceber o sentido de quem falava comigo” (At 22.9). Os homens que acompanhavam Saulo ouviram um som. Mas não entenderam o que era falado. O verbo grego “ouvir” tem o sentido de “entender” também. A tradução depende da regência. Por isso a dúvida que surge em traduções que colocam “ouvir” em ambas as passagens.


Como os acompanhantes de Paulo, hoje, os não-convertidos nada compreendem sobre a vida espiritual: “Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).

Muitas pessoas são espiritualmente cegas. A questão é: Desejam ver realmente ou preferem continuar cegas? A fé é o remédio, porque, em assuntos espirituais, só vemos depois de crermos.


6. Perguntas da alma despertada. O despertamento espiritual de Saulo foi evidenciado nas suas duas perguntas: “Quem és, Senhor?” e “Senhor, que queres que faça?” Estas perguntas servem como teste do nosso crescimento na graça. Temos desejo de saber mais e mais acerca de Cristo? Nossa atitude é de obediência, buscando conhecer a sua vontade para nós?


7. Da morte para a vida. “E esteve três dias sem ver...” (v. 9). Jonas passou três dias no grande peixe. Depois surgiu para um ministério renovado. Cristo ficou três dias sob a terra e, então, ressuscitou para uma nova vida. Da mesma forma, os três dias que Saulo passou na escuridão simbolizam a morte de sua antiga vida e a ressurreição para a nova. Os prazeres anteriores já não existem. Suas atividades passadas terminaram. Seus velhos amigos se foram. No silêncio e na escuridão, a nova vida tomava vulto. Nova luz se acendia em sua alma. A salvação raiava em seu íntimo, e suas forças se reorganizavam para o cumprimento de novo ministério. Os novos amigos já chegavam à porta. Os dias de inatividade forçada podem servir para renovação espiritual.


8. Nada é difícil demais para o Senhor. Leia os vv. 10-14, observando como Ananias parece estar explicando suas dificuldades ao Senhor. Como se Deus não conhecesse muito bem a Saulo. Ananias, como muitos de nós, achava difícil considerar um problema muito grande solucionado e e agir com plena fé de que Deus já removera os obstáculos. Saulo parecia tão fora do alcance da graça divina! Os melhores servos de Deus, geralmente, eram pessoas que pareciam fora do alcance da religião. Se tivéssemos os olhos de Cristo! Nunca consideraríamos ninguém pecaminoso ou endurecido demais para a graça salvadora, revelada em Jesus Cristo.


9. Escolhido para o serviço. “Este é para mim um vaso escolhido...” O mundo é o campo em que Deus opera. E está cheio dos seus instrumentos. Cada ser humano pode ser transformado em instrumento de Deus. O Senhor vê tudo e sabe onde achar vasos para seu serviço. Dois fatos ocorrem nas conversões: o homem recebe um poderoso Salvador e Deus um servo dedicado. Podemos testificar que achamos um grande Salvador? E o Senhor? Pode testificar que, em nós, achou um servo fiel?


10. Sofrimento e serviço. Jesus disse: “E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome”. A alegria do Senhor sempre está conosco. Mas, em um mundo imperfeito como é este, não podemos imaginar que passaremos a vida sem dificuldades. Quando sofremos por causa das nossas próprias falhas, isto não é surpreendente. As vezes, porém, ficamos perplexos quando fazemos o bem, e ainda passamos por momentos difíceis. Pedro disse: “Se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus” (1 Pe 2.20).


11. Caloroso aperto de mão no escuro. Quanto valeu a Saulo o toque amistoso da mão de Ananias? E sua voz bondosa? Foi motivo de alegria para o antigo perseguidor ser chamado “irmão”. Desta forma, Saulo soube que os cristãos já lhe tinham perdoado. É só dessa maneira que a obra cristã pode ir adiante. As pessoas necessitam mais de nossa simpatia do que das críticas. Precisam de um caloroso aperto de mão, não de olhar frio.


12. “Eis que ele está orando “. Ananias não tinha razão de temer um encontro com o terrível Saulo de Tarso. O Senhor já lhe explicara: “Pois eis que ele está orando”. A oração era uma evidência da conversão de Saulo. O caráter de Saulo foi marcado, durante todo o seu ministério, pela incessante oração em prol dos convertidos. A nossa conversão traz o selo da oração?


3 - A Conversão e a Chamada de Paulo (9:1-19a). A


Filipe desaparece abruptamente da história e, de modo igualmente abrupto, reaparece o jovem chamado Saulo, em feroz perseguição aos cristãos. No caminho de Damasco, viu uma luz ofuscante, e ouviu a voz de Jesus que o ordenou a cessar de perseguí-lo e a dispor-se a fazer coisa nova. Entrementes, um discípulo em Damasco estava sendo preparado para ir encontrar-se com ele e transmitir a ele a cura da sua cegueira e o batismo como cristão.

A Ananias foi revelado que Saulo seria uma testemunha de Jesus diante de gentios e judeus, e que sofreria por amor a Jesus.

A substância da história é narrada duas vezes mais, no discurso de Paulo98 diante da multidão em Jerusalém em 22:3-16, e no seu testemunho diante de Agripa e Festo em 26:4-l8. Estas duas narrativas são feitas na primeira pessoa, e mostram certa quantidade de variação, por aquilo que omitem e acrescentam em comparação com a presente versão da história.


Embora críticos do passado tenham debatido se Lucas tinha até três versões separadas da história, a tendência atual (associada com a suposição de que Lucas não dava transcrições literais dos vários discursos de Paulo) é alegar que Lucas possuía uma só versão da história, e que a apresentou de três modos diferentes. Se for correto este ponto de vista, seguir-se-á que não temos o problema de harmonizar duas ou mais versões da história, que talvez tenham diferenças significantes entre si; pelo contrário, as diferenças são meramente literárias — o próprio Lucas não via nelas problema algum.


O fato de Paulo ter sido convertido e ter recebido a chamada para ser um missionário está fora de dúvida. Ele mesmo se refere ao fato em 1 Coríntios 15:8-9; Gálatas 1:12-17; Fffipenses 3:3-7; e 1 Timóteo 1:12-16. Estas passagens descrevem como Paulo tinha sido um perseguidor da igreja que, tendo uma visto de Jesus, veio a ser chamado para o apostolado (cf. 1 Co 9:1) e convocado para pregar aos gentios. A partir de Gálatas 1:16-17, pode-se deduzir que, imediatamente depois da sua chamada, foi para Damasco e, depois de uma visita à Arábia, voltou para Damasco.


A narrativa em Atos dá mais detalhes deste evento, e deve ficar claro que as versões dele, dadas por Lucas e Paulo, estio de acordo essencial quanto aos aspectos básicos. Os problemas que surgem dizem respeito ao modo de a história ser contada em Atos. Qualquer narrativa daquilo que aconteceu deve ter vindo, em última análise, de Paulo e Ananias.

A história em Atos pode ser compreendida como narrativa baseada nas palavras de Paulo, embora ele mesmo no cite tantos detalhes nas suas Epístolas? Não vemos qualquer dificuldade real em responder afirmativamente a esta pergunta. A história, no entanto, mostra certo número de aspectos em comum com as lendas judaicas:


(1) de Heliodoro, cuja tentativa de furtar dinheiro da tesouraria do templo foi impedida pela visão de um cavaleiro celestial que o fez cair por terra (2 Macabeus cap. 3), bem como (2) da conversão de Asenate, a esposa egípcia de José (no romance José e Asenate). É provável que o máximo que se pode deduzir destas semelhanças é que o modo de a história ser contada tenha sido influenciado pelas formas das lendas judaicas, mas a historicidade básica da narrativa permanece inalterada. Deve-se observar, no entanto, que as diferenças entre as três narrativas em Atos, especialmente no modo em que Jesus dá a Paulo a comissão divina, na estrada no cap. 26, mas somente numa etapa posterior, por Ananias em Damasco, nos caps. 9 e 22, demonstram que, em cada ocasiao, Lucas no procura nos dar uma narrativa dos detalhes precisos daquilo que aconteceu mas, sim, a natureza e significância gerais do evento.


A história começa lembrando-nos a atividade perseguidora movida por Paulo que foi descrita em 8:3. A implicação é que não estava satisfeito com os resultados da campanha em Jerusalém, ainda estava ansioso por fazer mais. Andava dizendo o que faria aos cristãos se não cessassem as suas atividades: a saber, que os mandaria assassinar. É problemático se tinha a autoridade para executá-los legalmente (ver 22:4; 26:10), e talvez a referência diga respeito aquilo que gostaria de fazer aos cristos. Visto que muitos deles tinham fugido de Jerusalém, resolveu persegui-los e trazê-los de volta como prisioneiros para Jerusalém. Para tanto, procurou autoridade da parte do sumo sacerdote (seria Caifás, 18-37 d.C., neste caso) para ir às comunidades judaicas em Damasco.


Damasco era uma cidade importante, cerca de 242 km de Jerusalém, com uma população judaica de consideráveis proporções. Estava dentro da jurisdição da província romana da Síria, e formava parte de Decápolis, uma liga de cidades auto-governadas. Em 2 Coríntios 11:32, Paulo fala de um etnarca de Aretas, rei dos árabes nabateus, que guardava a cidade para impedir que Paulo dela escapasse. No fica claro se este oficial era preposto do rei, residindo em Damasco para cuidar dos interesses dos árabes ali, ou se Damasco naqueles tempos estava sob o controle da Nabatéia.


De qualquer maneira, as comunidades judaicas devem ter tido certos direitos de manter a lei e a ordem entre si mesmas. O problema que surge é se o sumo sacerdote tinha autoridade para intervir nos assuntos delas. Haenchen (pág. 320 n. 2) argumenta com razão que estudiosos anteriores tinham tirado deduções indevidas de passagens tais como 1 Macabeus 15:15.21, que trata de uma situação diferente e muito anterior; quando, porém, argumenta que Lucas fazia parte do número daqueles que interpretavam erroneamente a 1 Macabeus, no precisamos concordar com ele.


Provavelmente Hanson, pág. 112, esteja mais perto da verdade quando sugere que Paulo tinha “autorizaço do Sinédrio para ferir e até mesmo seqüestrar os cristos de destaque, se conseguisse fazê-lo impunemente”. A descriçao dos cristãos como sendo “os que eram do Caminho” é uma peculiaridade de Atos. Pressupõe o emprego do termo “o Caminho” para significar, na realidade, o “Cristianismo” (19:9, 23; 22:4; 24:14, 22).


Por detrás deste termo, há, outrossim, a idéia do “caminho do Senhor/de Deus” (18:25.26), como o “caminho da sa1vaçâo” (16:17). Deus indicou o caminho ou modo de vida que os homens devem seguir se desejam ser salvos (cf. Mc 12:14); a dec1araço dos cristos de que o caminho deles era aquele indicado por Deus levou ao uso absoluto do termo, como aqui. É interessante que a palavra se empregava de modo muito semelhante na seita de Cunr (1QS 9:17-18; 10:21; 11:13), bem como por outros grupos religiosos.


Paulo estava bem adiantado no caminho para Damasco quando foi parado de repente. Cerca do meio-dia (22:6), sem qualquer aviso prévio, viu-se cercado por uma luz que brilhava intensamente, e ouviu uma voz que lhe falava. Estes são dois aspectos que se pode esperar numa revelação divina. A luz brilhante deve ser entendida como expressão da glória divina, e, visto que se sustenta geralmente que nenhum homem pode ver a Deus, não é surpreendente que o efeito da luz fosse a cegueira. De modo semelhante, quando Pedro estava na prisão, seu visitante angelical veio acompanhado por uma luz brilhante (12:7; cf. Mt 17.5).


A voz também é característica da revelação divina (e.g. Êx 3:1-6; Is 6:8; Lc 3:22; 9:35), mas aqui é especifica- mente a voz de Jesus. Pode-se dizer, portanto, que Paulo teve um encontro com o Jesus ressurreto, na qual ouviu Sua voz. Noutros trechos, Paulo diz que Deus lhe revelou Seu Filho (Gl 1:16), mas também vai além, e fala em ver a Jesus (1 Co 9:1; cf. 15:8). Tendo em vista 9:27; 22:14-15 e 26:16, não pode haver dúvida alguma de que a presente passagem deva ser interpretada deste modo. Lucas, no entanto, não nos informa em que forma Jesus foi visto por Paulo, e pode ser relevante o fato que Paulo precisou perguntar pela identidade de quem falava.


A narrativa diz respeito a uma revelação de Jesus vindo do céu, mais do que uma aparência de Jesus antes da Sua ascensão, e, portanto, não devemos imaginar que Jesus surgisse numa forma que (por exemplo) pudesse ser confundida com a de um viajante comum (Lc 24:15). Toda a ênfase na presente narrativa recai sobre aquilo que foi falado a Paulo.

“Porque me persegues?”é uma pergunta que diz respeito ao propósito imediato de Paulo e indica que, embora este pensasse que estava meramente atacando um grupo de homens por seu modo herético de adorar a Deus, estava na realidade atacando um grupo que tinha um porta-voz e representante celestial; atacar aos cristãos era atacar esta figura celestial.

A reação de Paulo foi de surpresa: “Quem és tu, Senhor?” não indica, necessariamente, o reconhecimento da identidade de quem fala; “Senhor” seria o trato de reverência que normalmente seria usado para responder a qualquer ser celeste (10:4). A resposta que Paulo recebeu mostrou que era Jesus quem falava, e a quem perseguia. Logo, o efeito da visão foi indicar a Saulo, que ao perseguir os cristãos, estava perseguindo a Jesus (Lc 10:16), mas, acima de tudo, ao perseguir a Jesus, estava perseguindo Aquele que tinha posição divina, vindicado e sustentado por Deus.


O zelo de Paulo em prol da causa de Deus tornou-se em ataque contra Deus, que ressuscitara Jesus dentre os mortos. Semelhante modo de vida não poderia continuar; devia levantar-se e ir à cidade, onde receberia novas instruções acerca da sua tarefa futura. Ë um mandamento soberano, e supõe-se que Paulo obedeceria se realmente se preocupasse em servir a Deus. A conversação é relatada em termos algo diferentes nas narrativas paralelas, mas não há discrepância básica no contexto geral daquilo que é dito em cada cena no seu todo; o que Ananias disse a Paulo, mais tarde, nesta narrativa, é o equivalente daquilo que lhe foi dito na estrada de Damasco em 26:16-27.


A revelação foi dada somente a Paulo, e seus companheiros não participaram dela; mesmo assim, eram testemunhas de que acontecera algo de incomum (Conzelman, pág. 58). Pararam emudecidos, quando ouviram o som de uma voz, mas não viram a ninguém. Conforme 26:14, viram a luz e caíram por terra, e, segundo 22:9, viram a luz, mas não ouviram a voz. Bruce, (Livro, pág. 197) sugere que nesta passagem, a voz significa a voz de Paulo, e que seus companheiros ficaram surpresos ao ouvi-lo conversar com um interlocutor invisível; mas isto não parece muito provável pois o comentário segue imediatamente após a declaração de Jesus, e se assemelha, na linguagem, a 22:9. Ver mais sobre 22:9.


Para Paulo, fechar os olhos ao ser ferido pela luz brilhante, seria uma ação reflexa instintiva. Ao abri-los depois, ainda continuou sem ver; isto, por si só, não seria desnatural, mas o modo de a cura mais tarde ser dada sugere que era provavelmente sobrenatural. Na sua fraqueza, Paulo precisou ser guiado pelos seus companheiros, e assim chegou a Damasco.

Ali, jejuou durante três dias, sem dúvida ainda vencido pelo choque, e provavelmente como penitência à medida em que percebia ainda mais a enormidade das suas ações.

Entrementes, o Senhor estava fazendo os preparativos para a etapa seguinte na vocação de Paulo. Um cristão chamado Ananías (cf. 22:12 para seu bom caráter) teve um sonho no qual ouviu o Senhor que Se dirigia a ele; a cena relembra a de 1 Samuel cap. 3, onde Samuel ouviu ao Senhor que a ele chamava; no presente contexto, porém, o Senhor deve significar Jesus. Ananias devia ir para uma casa na “Rua Direita”, onde acharia um homem chamado Saulo, de Tarso. A visita seria esperada, pois o próprio Saulo estava orando, e também recebeu uma visão em sonho de um homem chamado Ananias que vinha para impor-lhe as mãos e curá-lo. O plano, portanto, foi confirmado por um sonho duplo (cf. a história de Cornélio e Pedro, 10:1-23).


O nome de Saulo, no entanto, não era desconhecido a Ananias, que protestou que tudo quanto sabia acerca deste homem era que se tratava de um inimigo da igreja. De muitas fontes chegaram notícias dos danos que já fizera em Jerusalém, e rapidamente tinha ficado conhecido por que viajara para Damasco.

O efeito do comentário é lançar em alto relevo a maravilha da conversão de Saulo, ressaltar a maravilha da sua conversão e indicar o contraste entre seu modo de vida anterior e a nova vocação na qual estava para entrar.

Podemos notar, incidentalmente duas novas descrições dos crentes aqui empregadas. Os santos (9:32, 41; 26:10; cf. 20:32; 26:18) é um termo comum nos escritos de Paulo e descreve os cristãos como pessoas que foram separadas para o serviço de Deus e que devem ter um caráter à altura. Os que invocam o teu nome ecoa 2:2 (Joel 2:32) e ocorre outra vez em 22:16, numa ordem dirigida ao próprio Paulo no sentido de ser ele mesmo batizado (ver mais 1 Co 1:2).


O comentário talvez fosse entendido como expresso de desobediência a Deus; Ananias devia ter reconhecido que o Senhor sabia mais do que ele! Mas suas palavras eram perfeitamente naturais, e, neste contexto, servem para introduzir uma declaração adicional pelo Senhor a respeito da sua escolha de Paulo para ser Seu servo.

Em 22:14-1 6, que é, em efeito, uma declaração paralela à presente declaração, aparece na forma de uma instrução divina que Ananias entregou a Paulo a respeito do seu papel futuro. O Senhor já resolvera chamar Paulo ao Seu serviço; escolheu-o como Seu i°2 para a tarefa de levar o Seu nome perante os gentios e reis, e perante o povo de Israel. O pensamento da escolha divina corresponde aqui àquele que se expressa em 22:14 e 26:16, bem como com a convicço do próprio Paulo em Gálatas 1:15. Levar o meu nome é uma expresso incomum que significa dar testemunho de Jesus (cf. 9:27).


Os gentios, os reis e o povo de Israel representam os três grupos principais diante dos quais Paulo, na realidade, dará testemunho mais tarde na história, e a ordem incomum das palavras visa ressaltar a vocação de Paulo para ir aos gentios. “Levar o nome” desta forma no será coisa fácil; acarretará o sofrer por causa de Cristo — contraste marcante com o causar sofrimento aos cristãos (9:13). O Livro de Atos no esconde o fato de que o fiel testemunho a Jesus é uma tarefa custosa em termos do sofrimento que pode acarretar para quem leva as boas novas.


Assim, Ananias foi obedecer à ordem recebida. Deixou de lado as suas dúvidas, calorosamente chamou Paulo de irmão; e impôs sobre ele as mãos. Este ato certamente deve ser entendido como símbolo da cura (Lc 4:40) ao transmitir a bênção divina. No fica claro se no presente contexto também é considerado como sendo a transmissão do Espírito Santo a Paulo e, realmente parece improvável, pois aqui precede o batismo, com o qual normalmente se associaria o recebimento do Espírito. Ao mesmo tempo, Manias indicou sua comissão da parte do mesmo Senhor que já aparecera a Paulo, para trazer-lhe a cura e o dom do Espírito. A volta da vista de Paulo foi indicada pela queda de um tipo de película dos seus olhos (assim como na história de Tobias — Tobias 3:17; 11:13). Foi batizado por Manias — não era necessário um apóstolo para. Cumprir a tarefa e terminou seu jejum.


CONCLUSÃO


O ministério de Paulo entre os gentios, suas viagens missionárias e as epístolas escritas, o tomam o maior herói do Cristianismo. Seus exemplos devem ser seguidos pelos obreiros (I Co 11.1) e seus ensinos obedecidos por todos os cristãos. Suas idéias continuam vivas e atuais, porque foram inspiradas pelo Espírito Santo para a Igreja em todas as épocas.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


BIBLIOGRAFIA


Comentário Bíblico Atos – I. Howard Marshall

Comentário Bíblico Atos – Myer Pearlman

Lições bíblicas CPAD 1996