26 de outubro de 2010

ORANDO COMO JESUS ENSINOU

ORANDO COMO JESUS ENSINOU


TEXTO ÁUREO = “E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus” (Lc 6. 12).


VERDADE PRÁTICA = Jesus, em sua missão terrena, precisou orar. Nós, os seus servos, só poderemos cumprir nossa missão, aqui, se valorizarmos o poderoso recurso da oração.


INTRODUÇÃO


Jesus experimentou todas as situações que um homem pode sofrer. Diante de sua sublime missão, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo- se semelhante aos homens” (Fp 2.7). Assim, Ele não somente pregava e ensinava, mas orava ao Pai, todos os dias, para assim vencer todas as coisas, dando-nos assim o exemplo para Nele vencermos todas as coisas. Nesta lição, aprenderemos alguns dos mais importantes ensinos de Jesus sobre a oração.


O EXEMPLO DE JESUS NA ORAÇÃO


1. Na escolha dos apóstolos. Jesus precisava escolher seus discípulos e não fez isso de improviso, nem segundo critérios puramente humanos. Antes de fazer a difícil escolha, Ele “subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus”.

Quando o dia ralou, Ele se levantou, “e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc 6. 12,13).

2. Antes de ir ao Calvário. Jesus orou a Deus, rogando por seus discípulos (Jo 17. 1,9,20). Mais tarde, às vésperas de encarar o Gólgota, Jesus foi ao monte das Oliveiras, como era seu costume (Lc 22.39) e, ali, no Getsêmani, orou intensamente, submetendo- se à vontade de Deus (Lc 22.42). Do início ao fim do seu ministério, Jesus nos deu o exemplo de oração. Se quisermos vencer na vida cristã, teremos que nos dedicar à oração.

3. Em momentos difíceis. Diante do sepulcro de Lázaro, morto há quatro dias, Jesus orou ao Pai, agradecendo-Lhe, por sempre o haver ouvido (Jo 11.41,42).


OS PRECIOSOS ENSINOS SOBRE A ORAÇÃO


1. Não ser como os hipócritas (v.5). Jesus exortou que os discípulos não fossem como os hipócritas, que se compraziam em “orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens”. Os judeus cumpriam três obrigações muito importantes: dar esmolas, orar e jejuar. Normalmente, oravam às nove horas da manhã, ao meio-dia e às três horas da tarde, à “hora nona” (At 3.1). Ao que tudo indica, alguns escolhiam os horários de maior movimento, nas esquinas e nas sinagogas, para chamarem a atenção a si. Na verdade, não buscavam comunhão com Deus, mas queriam aparecer. Não devemos ser como eles.

2. “Entra no teu aposento” (v.5). Jesus ensinou aos discípulos a fazerem diferente dos hipócritas. Ao orar, deveriam entrar no seu aposento, fechar a porta e orar ao Pai, “que vê o que está oculto”, para serem recompensados por Ele.

Extraordinária lição essa, que o Mestre da oração nos dá. Hoje, há muitos crentes que não sabem mais o que orar, estando a sós com Deus. Só oram na igreja, aproveitando curtos momentos de oração. Certamente, orar a Deus, em segredo, é muito valioso. Se não o fosse, Jesus não o teria ensinado.

3. “Não useis de vãs repetições” (v.7). Note-se o adjetivo “vãs”. Jesus advertiu que os discípulos não deveriam fazer como os gentios, os quais pensavam ser melhor atendidos por Deus se fizessem longas orações, repetindo certas palavras rotineiras. Aqui, não se deve entender que o crente não pode orar mais de uma vez por determinado problema. Neste caso, havendo necessidade, não se trata de vã repetição, mas de oração insistente, perseverante ensinada por Jesus (Lc 18.1-8; Mt 7.7).

4. “Vosso Pai sabe o que vos é necessário” (v.8). Deus sabe o que necessitamos, mesmo antes que Lho peçamos. É o que Davi entendeu, séculos antes, ao dizer: “Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces” (Sl 139.4). Parece uma contradição: Se Deus sabe tudo a nosso respeito, por que e para que orar? Acontece que, lá no Éden, o pecado cortou a ligação direta que o homem tinha com Deus. Desse modo, é necessário orar, para que tenhamos comunicação e comunhão com Deus, com a ajuda indispensável da intercessão de Jesus e do Espírito Santo (vide Rm 8.26,34).


A ORAÇÃO-MODELO


Na chamada Oração do Pai nosso, que Jesus ensinou, encontramos sete petições, sendo três, relativas a Deus, e quatro, relativas às necessidades humanas.

1. Primeira petição. “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (v.9). A base da oração é a idéia de que Deus é Pai de todos os que Nele crêem. A súplica começa no plural, afastando a presunção de um Deus personalizado.

Embora seja Deus onipresente, o fiel deve voltar seu olhar para cima, aos céus, vendo-o em posição elevada (II Cr 20. 6; Sl. 34.3; 115.3).

A primeira petição parece uma redundância: Sendo Deus santo, para que pedir que seu nome seja santificado? Jesus nos mostra que o nome de Deus deve ser honrado, venerado e santificado por nós, seja no falar, e no agir em seu nome.

2. Segunda petição. “Venha o teu reino” (v.10a). Aqui, há um sentido atual, que diz respeito à implantação do Reino de Deus no presente, com a presença de Cristo, o Emanuel; e também há o sentido escatológico, pelo qual desejamos a vinda de Cristo em glória para estabelecer o Reino eterno de Deus, no Milênio (Ap 20.11; 21.1; 22.20; II Pe 3.10-12). Na prática, o crente deve aceitar o domínio de Deus sobre todas as áreas de sua vida, tendo Deus, não só como Salvador, mas como seu Senhor.

3. Terceira petição. “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (v.10b). Temos aqui a oração típica de quem é servo, que não tem vontade própria, e submete-se incondicionalmente a seu Senhor. Querermos a vontade de Deus no céu, não nos implica em nada. A vontade Dele na terra, no entanto, nos compromete. Se não tivermos cuidado, ao expressar essa petição, poderemos incorrer no perigo da dubiedade do coração.

Ou seja: a boca diz uma coisa e o coração não concorda com ela, quando, na prática, queremos fazer valer a nossa vontade e não a de Deus.

4. Quarta petição. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11). Segundo os estudiosos da Bíblia, a expressão “de cada dia” não se encontra em outra parte do Novo Testamento. Ela indica que devemos depender quotidianamente de Deus, para a satisfação de nossas necessidades físicas. Aqui, literalmente, o pão é um tipo de tudo que necessitamos tais como alimento, roupa, calçado, saúde e bem-estar. Note-se que Jesus não nos ensinou a pedir a provisão de Deus para um mês ou um ano.

5. Quinta petição. “Perdoa-nos as nossas dívidas...” (v.12). A nossa sorte é que Deus se compraz em perdoar. Com Ele está o perdão (Sl. 130. 4; Dn 9.9) pois é perdoador (Ne 9.17; Sl 99.8). Jesus nos deu o exemplo (Lc 23.34). Devemos lembrar, porém, que essa quinta petição talvez seja a mais comprometedora para quem a profere. É que, além de pedirmos perdão, o condicionamos à maneira pela qual perdoamos aos nossos devedores. Assim, se alguém não perdoa de coração, pede a Deus que lhe faça o mesmo. Por isso, é preciso ter cuidado ao orar o Pai Nosso.

6. Sexta petição. “E não nos induzas à tentação” (v.13a). Esta tradução tem causado polêmica. Haveria possibilidade de Deus induzir à tentação? De modo algum, pois diz a Bíblia: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13). Parece-nos mais adequada a tradução que diz: “Não nos deixes cair em tentação...” É como pedir a Deus que não permita vir circunstâncias sobre o crente que este não possa resistir. (Ler I Co 10.13.)

7. Sétima petição. “Mas livra-nos do mal” (v.13b). É uma extensão da anterior. Mas entendemos que alguém pode ser livre do mal, sem que este seja somente uma tentação. Esta última petição é seguida de um louvor a Deus (doxologia): “porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre.


A Oração na Vida e no Ministério de Jesus


Ao estudarmos sobre a prática da oração na vida e no ministério de Jesus, devemos primeiramente atentar para sua natureza única. O Senhor Jesus Cristo é tanto divino quanto humano. Ele é tanto o Filho de Deus quando o Filho do Homem, o que, de imediato, suscita quatro perguntas:

1. A quem o Senhor Jesus dirigia suas orações?

2. Já que Jesus é Deus, estaria Deus orando a Deus?

3. Sendo Deus, estaria Jesus orando a si mesmo?

4. Se Jesus é Deus, por que precisou orar?


A quem o Senhor Jesus dirigia suas orações?


O registro é claríssimo. Por dezoito vezes os Evangelhos nos dão conta de que Jesus dirigiu suas orações ao Pai celestial. Em cinco delas, Ele incluiu um termo ou expressão descritiva a respeito desse Pai. É sempre a Ele que Jesus ora. Não há o menor indício de qualquer outro ser a quem suas orações fossem dirigidas:

“Ó Pai, senhor do céu e da terra” (Mt 11.25; Lc 10.21); “Meu Pai” (Mt 26.39,42); “Aba, Pai” (Mc 14.36); “Pai santo” ( Jo 17.11); “Pai justo” ( Jo 17.25) e “Pai” (Mt 11.26; Lc 10.21; 11.2; 22.42; 23.34,46; Jo 12.27,28; 17.1,5,21,24).

Atendendo à petição dos discípulos, que queriam saber como orar, Jesus os instruiu a começar do seguinte modo: “Pai nosso” (Mt 6.9). Quando disse “Meu Pai”, Jesus não estava falando consigo mesmo nem se dirigindo a outra entidade se não aquEle a quem seus lábios evocara. Numa única ocasião, Jesus não se refere ao Pai em sua oração: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Entretanto, essa foi a maneira que Ele achou de fazer suas as palavras do Salmo 22, adequadas à expressão de seus sentimentos sobre a cruz (Sl 22.1,7,8,14-17).


Já que Jesus é Deus, estaria Deus orando a Deus?


A resposta a esta segunda pergunta não é tão simples corno a anterior, pois entra no terreno de uma teologia bastante profunda. O fato de que Jesus é Deus está fortemente estabelecido nas Escrituras (Mt 1.23; Jo 20.28; Hb 1.8). Quando se revestiu da natureza humana, Ele deixou de lado a sua glória, mas não a sua deidade (Fp 2.5-7). Em sua identificação conosco, quando se fez homem, Ele continuou a ser plenamente Deus tanto quanto era plenamente homem. Ele não se opôs a aceitar os limites próprios de um corpo físico. Conseqüentemente, Ele usou a voz para se comunicar com o Pai. Ninguém pode negar que há uma evidente comunhão dentro da Deidade (Gn 1.26). A natureza dessa comunhão por certo está acima da compreensão humana, mas sua essência pode ser percebida, pelo menos em parte, nas orações registradas de Jesus ao Pai.


Sendo Deus, estaria Jesus orando a si mesmo?


Embora às vezes o ser humano fale consigo mesmo, corno no Salino 42.11, ninguém duvida que orar a si mesmo é um absurdo. Como Filho de Deus, Jesus é verdadeiramente Deus, mas também é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Não, Jesus não estava orando a si mesmo, pois cada Pessoa divina é distinta. Por conseguinte, Deus Filho estava orando a Deus Pai.


Se Jesus é Deus, por que precisou orar?


Embora seja Deus, enquanto esteve aqui na Terra Jesus não era somente Deus — era o Deus-Homem. Na posição de Deus, Ele não precisava orar (exceto para manter aquela comunhão e companheirismo próprios da Deidade, como já mencionamos). Mas, na qualidade de homem, estando revestido de um corpo humano, sendo descendente legítimo de Abraão (Fp 2.7; Mt 1.1), a oração era tão essencial a Ele como o fora a Abraão e seus descendentes.

Cerca de quinze séculos antes do início do ministério de Jesus na Terra, Moisés anunciou: “O senhor, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis” (Dt 18.15). Os pontos de semelhança entre Jesus e Moisés são numerosos e notáveis. Por exemplo, na infância, ambos foram miraculosamente poupados da ira de um monarca que estava no poder; ambos tornaram-se salvadores de seu povo; e ambos foram descritos como humildes (Nm 12.3; Mt 11.29).

Embora não possamos destacar aqui todos os pontos de similaridade entre os dois, queremos observar a óbvia semelhança na vida de oração que ambos cultivavam. Conforme foi dito no capítulo 2, a vida inteira de Moisés foi governada pela oração e nela baseada. Assim também Jesus. A oração destacou-se em cada aspecto e fase de sua vida e ministério. A Bíblia cita numerosos exemplos de oração durante o curto período de três anos e meio do ministério de Jesus. Há evidências de que a oração era a própria respiração da vida de Jesus, tal como acontecia com Moisés. Jesus vivia uma vida disciplinada. Os Evangelhos registram determinados hábitos que Ele fazia questão de cultivar. Um deles era freqüentar regularmente a sinagoga aos sábados, o que, naturalmente, incluía um período de oração (Mt 21.13; Lc 4.16). Não é errado pensar que Jesus tenha ido diariamente à sinagoga ou ao Templo dependendo do lugar onde Ele estivesse para dedicar-se à oração.

Além disso, dando apoio à idéia da constância de Jesus na oração, temos sua declaração direta, feita aos discípulos, de que os crentes têm “o dever de orar sempre e nunca desfalecer” (Lc 18.1). Outrossim, já bem no início de seu ministério, a Bíblia mostra a dedicação e a importância, de Jesus oração. “E, levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Outras referências indicam que essa era uma disciplina contínua (Mt 14.23; Mc 6.46; Lc 5.16; 9.18,28). Além disso, em situações de extrema significância, a oração desempenhava um papel particularmente importante em seu ministério.


Oração por ocasião do Batismo


Apesar de não existir registro bíblico de que Jesus tenha orado antes de ser batizado no rio Jordão, podemos ter certeza de que Ele orava regularmente Não obstante, nada mais apropriado que a primeira referência a uma oração de jesus tenha ocorrido justamente no seu batismo, quando o Espírito Santo desceu sobre Ele. Embora todo filho de Deus deva saber como se dirigir ao Pai, a oração do crente cheio do Espírito deveria ser algo muito especial. O fato de Jesus ter orado quando foi batizado, também indica que o batismo nas águas deveria ser muito mais o que uma formalidade ou um simples ritual. Antes deveria ser uma ocasião de elevada e santa comunhão com o Pai, como aconteceu com Jesus. As palavras que Jesus USOU não foram registradas, mas não foi do nada que os céus se abriram enquanto Ele orava, havendo uma notável manifestação das outras Pessoas da Trindade: o Pai e o Espírito Santo. (Lc 3.21,22).


Oração no Deserto


Depois de ter sido especialmente revestido do Espírito Santo, Jesus foi impulsionado por esse mesmo Espírito ao deserto (Mc 1.12), onde também foi tentado. Não temos nenhum registro bíblico de ele haver orado nessa ocasião, mas tudo nos leva a crer que Ele permaneceu muito tempo em oração. As Escrituras registram que, depois dessa experiência no deserto, “pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia” (Lc 4.14). Somente a oração provê o poder e a virtude necessários para vencermos as tentações e exercermos vitoriosamente o ministério.


Oração antes de Escolher os Apóstolos


Antes de escolher seus apóstolos, Jesus orou. A importância dessa ocasião é ressaltada pelo fato de Jesus ter passado a noite inteira em oração. Ele estava prestes a escolher 12 homens que teriam uma participação decisiva na história da humanidade. E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os Seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos (Lc 6.12,13).

Esses homens seriam as pedras angulares no edifício de Deus (Ef 2.20). Seus nomes seriam inscritos nos alicerces da cidade celestial (Ap 21.14). Sobre seus ombros descansaria a responsabilidade da formação e do futuro da Igreja. Tomariam parte não apenas no ministério terreno de Jesus, sendo ensinados pessoalmente por Ele, mas também seriam testemunhas oculares de sua morte, sepultamento e ressurreição. Além disso, quase todos seriam chamados para entregar suas vidas por aquilo que testemunharam. As escolhas feitas por Jesus teriam conseqüências eternas. Por tudo isso, tinham de ser feitas segundo o conselho dos Céus, e não de acordo com o conselho da terrena, o qual freqüentemente está baseado em exterioridades e aparências.


Oração pelas Criancinhas


Os discípulos imaginavam saber como Jesus deveria passar o seu tempo e a quem Ele deveria ministrar. Segundo o raciocínio deles, as crianças deveriam constar como o último item na agenda de prioridades do Mestre. Sendo assim, repreenderam as crianças e aqueles que as traziam, porque, na opinião deles, estavam atravancando o caminho. Com que terríveis cicatrizes emocionais aquelas crianças poderiam ter ficado, se Jesus não interviesse em favor delas! Ele as tratou com um carinho tão especial que, enquanto vivessem, lembrar-se iam dEle para sempre. (Mt 19.13-1 5, ARA).

Encontramos aqui não somente uma cena capaz de nos aquecer o coração Jesus orando por criancinhas que lhe tinham sido trazidas mas também um belo precedente para todos os pais. Na qualidade de embaixadores do próprio Jesus, os pais e todos quantos trabalham com crianças devem amá-las e abençoá-las, visto que Deus as cerca de cuidados especiais (Mt 18.5,6; Mc 9.42).


Oração no Monte da Transfiguração


A oração feita por Jesus, no episódio de sua transfiguração, reveste-se de particular interesse. Por essa época, a cruz já lançava longas sombras sobre o campo de sua missão aqui na Terra. Sua popularidade com a multidão estava acabando e Ele já havia predito seu terrível fim (Lc 9.22). Reflexos de uma experiência tenebrosa estavam começando a adensar-se em torno dEle.Talvez a sua subida ao monte da transfiguração, com os três discípulos de seu círculo mais íntimo, não tenha siclo diferente da subida de Abraão ao monte Moriá, quando foi dirigido por Deus a oferecer o seu único e amado filho. Certamente havia urna atmosfera diferente e pesarosa, talvez com pouca conversação. Faltava aquela empolgação própria de se ministrar às multidões. Contudo, estavam às vésperas de experimentar a mais notável e incomum sessão de oração a que jamais estiveram presentes. Nunca houve e jamais haverá semelhante reunião de oração nesta Terra. Como em várias outras ocasiões singulares na vida de Jesus, nenhum registro escrito revela o conteúdo dessa sua oração.

Jesus subiu ao monte não para comungar com Moisés e Elias, embora tivesse falado com eles acerca de sua partida (literalmente, o seu “êxodo”, ou seja, sua morte, ressurreição e ascensão). O seu verdadeiro propósito era falar com o Pai celeste, para que desse modo Jesus fosse divinamente fortalecido em seu espírito. A oração de Jesus no monte da transfiguração teve um impacto duradouro na vida daqueles três discípulos. Nunca mais seriam as mesmas pessoas! Quando João, o apóstolo do amor, declarou: “E vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai” Jo 1.14, estava, pelo menos em parte, referindo-se àqueles inesquecíveis momentos passados no monte da transfiguração. Pedro também manifestou o profundo efeito que essa experiência causou em sua vida, quando escreveu: “Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido.


Oração em Favor de Pedro


A oração de Jesus em favor de Pedro (Lc 22.32) deveria servir de encorajamento a todos os crentes, não importando o quão fraco ou débil estejamos nos sentindo. Quando lutamos contra o maligno e as forças espirituais da maldade, é freqüente sentirmos em nosso próprio ânimo e desejos pessoais que a possibilidade de vitória parece remota e improvável. Mas Jesus conhece a força da tentação e não permitirá que ela nos avassale (1 Co 10.13). Ele disse a Pedro o quão fielmente o ajudou (chamando-o de Simão, e não de Pedro, pois ele dificilmente seria uma rocha quando, com suas próprias forças, tentasse resistir a Satanás): “Disse também o senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.31,32).


Oração diante do Túmulo de Lázaro


Na ressurreição de Lázaro, um dos maiores milagres de Jesus, observamos que Ele usou um tipo de oração diferente das que geralmente acompanhavam seus milagres. Os judeus não conseguiram negar a realidade de seus milagres, pelo que os atribuíram ao poder do Diabo. Mas, ao orar ao Deus do céu, dirigindo-se a Ele como Pai, Jesus ousadamente proclamou que seus milagres eram realizados pelo poder do alto: “E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste” (Jo 11.41,42). A oração pública não precisa ser profunda e demorada, uma vez que a oração privada tenha sido feita com antecedência. Jesus já sabia, possivelmente há quatro dias (Jo 11.39), que Lázaro morrera. Por certo, grande parte desse tempo foi ocupado com oração, especialmente durante a noite. O uso que Jesus fez do verbo no tempo passado (“graças te dou, por me haveres ouvido”) indica que, antes da oração pública ter sido proferida a oração particular já havia sido feita — e respondida. Não havia qualquer sombra de dúvida na mente de Jesus.


Oração no Jardim do Getsêmani


Antes de seu aprisionamento, Jesus foi com seus discípulos ao jardim do Getsêmani. Nessa ocasião de intensa agonia para o senhor, os discípulos de seu círculo mais íntimo Pedro, Tiago e João falharam miseravelmente em apoiá-lo. Não somente haviam sido incapazes de assimilar o significado da hora e da grande prova que Jesus estava enfrentando, como também deixaram de se preparar para a provação que em breve os confrontaria. (Mt 26.39-44).

Nunca houve um período de oração que se igualasse a esse. Embora seus mais dedicados discípulos estivessem próximos, Jesus teve de levar sozinho sua carga ao Pai. Era noite. A própria atmosfera dominante estava carregada de presságios. Marcos registrou que Jesus disse; “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mc 14.34). “Profundamente triste”, “perturbada”, “dominada pela tristeza” — que terríveis momentos para Jesus foram aqueles! Qual teria siclo o motivo para fazer com que Jesus estivesse sentindo tão profunda tristeza? Ele que havia declarado ter o poder de entregar a sua vida e o poder de tornar a tomá-la ?! (Jo 10.18) O que o teria levado a orar da maneira como o fez naquela noite tenebrosa? De acordo com as próprias palavras de Jesus, foi “este cálice” (Mt 26.39,42; Mc 14.36; Lc 22.20,42). Podemos apenas tecer conjecturas sobre o que tornara aquele cálice tão assustador. Certamente não era simplesmente a possibilidade dEle ter de enfrentar a morte física, pois se fosse isso, muitos de seus seguidores a teriam enfrentado com a maior coragem. Além disso, Ele viera ao mundo justamente para dar a vida.


Note a similaridade entre Mateus, Marcos e Lucas;


Primeira oração: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39). “E disse; Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14.36). “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42).

Segunda oração; “Pai Meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade” (Mt 26.42). “E foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras” (Mc 14.39).

Terceira Oração: “E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras” (Mt 26.44). É interessante notar que foi somente nesta conjuntura que Jesus se dirigiu a Deus nestes termos; “Meu Pai” (em Mateus) ou “Aba, Pai” (em Marcos). Observe o apelo angustiado da alma de Jesus à única Fonte de ajuda de que dispunha. Mas Jesus restringiu seu pedido com a condicional: “Se é possível (Mt 26.39)


Oração na Cruz


Somente duas breves orações saíram dos lábios de Jesus durante o opróbrio da cruz. Na primeira, vemos sua aflição a respeito daquilo que, para o homem Jesus, parecia ter sido o total abandono da parte de Deus; na segunda, deparamos com sua declaração de entrega absoluta nas mãos de Deus.

A primeira oração na cruz deu-se quase no fim da crucificação: “Eloi, Eloi, lama sabactáni? isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34; veja também Mt 27.46).

A segunda oração feita na cruz também foi muito curta: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Depois de dizer tais palavras, Jesus expirou.


CONCLUSÃO


Orar é tarefa sublime. À oração opõe-se até o Inferno. No dizer de certo pregador, “o Diabo ri de nossa sabedoria, zomba de nossas pregações, mas treme diante de nossas orações”.

Faz sentido. Quando o crente ora, descortina-se diante de si, um panorama espiritual, que lhe propicia o contato com os céus. Ele chega ao próprio trono de Deus, através de Jesus Cristo. Por isso, o Senhor nos ensinou preciosas lições acerca do valor da oração.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


Bibliografia

Teologia Bíblica da Oração – Robert L. Brand e Zenas J. Bicket

Bíblia de Estudo Pentecostal

Lições bíblicas CPAD 2000