7 de junho de 2024

Desenvolvendo uma Consciência de Santidade

 

Desenvolvendo uma Consciência de Santidade

TEXTO ÁUREO

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”  (Hb 12.14)

Entenda o Texto Áureo

Segui... santificação. Nessa epístola, isso é explicado como:

1) voltar-se para Deus com plena fé e consciência limpa (10.14,22), e

2) aceitar de maneira genuína Cristo como o Salvador e sacrifício pelo pecado, quo levou o pecador à comunhão com Deus. Os incrédulos não estarão motivados a aceitar Cristo se a vida dos cristãos não demonstrar as qualidades que Deus deseja, incluindo paz e santidade (cf. Jo 13.35; 1Tm 4.3; 1Pe 1.16).

VERDADE PRÁTICA

Na jornada para o Céu, devemos estar conscientes a respeito da necessidade de ter uma vida santa para nos encontrarmos com o Senhor

Entenda a Verdade Prática

A necessidade da santificação para o cristão se dá pelo fato da santidade de Deus, que chama seu povo à comunhão. “Sejam santos, porque eu, o SENHOR, o Deus de vocês, sou santo” (Lv 19.2), é o refrão que ecoa por toda Sagrada Escritura (Lv 11.44-45; 19.2; 20.7, 26; 1Pe 1.15-16).

Na vida cristã, a santificação pessoal não é algo opcional: é uma exigência divina.

Mais do que isso, é condição para desfrutar da vida com Deus (Hb 12.14 e 15).

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – 1 Pedro 1: 13-21

13. Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,

Cingindo o vosso entendimento. A prática antiga de prender a túnica que a pessoa estivesse usando quando precisava mover-se com rapidez; aqui, é aplicada no sentido metafórico ao processo mental do indivíduo.

O significado é juntar todos os pontos não resolvidos do pensamento de uma pessoa, rejeitando os obstáculos do mundo e concentrando-se na graça futura de Deus (cf. Ef 6.14; Cl 3.2).

Sede sóbrios. A sobriedade mental e espiritual inclui conceitos como estabilidade, domínio próprio, clareza e determinação moral. O cristão sóbrio é responsável de modo correto por suas prioridades e não se deixa embriagar pelas várias distrações do mundo, esperai. À luz de sua grande salvação, os cristãos, especialmente aqueles que passam por sofrimentos neste momento, devem viver sem reservas para o futuro, esperando a consumação de sua salvação na segunda vinda de Cristo (veja v. 7). Cf. Cl 3.2.

Graça que vos está sendo trazida. O ministério futuro de Cristo que consiste em glorificar os cristãos e dar-lhes a vida eterna em sua presença será o clímax da graça iniciada na salvação (cf. Ef 2.7).

14. Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;

Da sobriedade de espírito e perseverança da esperança, Pedro passa à obediência, à santidade e ao temor reverencial. Como. Marcando seu atual caráter real como “nascido de novo” (1Pedro 1:3,22).

Filhos obedientes. No original grego, “filhos da obediência”: filhos aos quais a obediência é sua natureza característica e dominante, como um filho é da mesma natureza que a mãe e o pai.

 

Contraste com Efésios 5:6, “os filhos da desobediência”. Compare 1Pedro 1:17, “obedecer ao Pai” de quem vocês são “filhos”.

Tendo a obediência da fé (compare 1Pedro 1:22) e assim da prática (compare 1Pedro 1:16,18). “A fé é a mais alta obediência, porque cumpre a mais alta ordem” (Lutero).

Conformeis. A forma exterior (grego, schema) é passageira, e meramente superficial. A “forma”, ou conformação no Novo Testamento, é algo mais profundo e mais perfeito e essencial.

Maus desejos do passado. Que eram característicos do seu estado de ignorância de Deus: verdade tanto para os judeus como para os gentios. A santificação é descrita pela primeira vez negativamente (1Pedro 1:14, não vos conformeis, etc .; o despojamento do velho homem, mesmo na forma exterior, bem como na conformação interior), então positivamente (1Pedro 1:15, vestindo o novo homem, compare Efésios 4:22,24).

Oséias maus desejos decorrem do pecado original (herdado dos nossos primeiros pais, que por vontade própria trouxeram o pecado ao mundo), da cobiça que, desde que o homem foi alienado de Deus, procura preencher com coisas terrenas o vazio do seu ser; as múltiplas formas que a mãe cobiça assume são chamadas nas suas múltiplas concupiscências.

No regenerado, no que diz respeito ao novo homem, que constitui o seu eu mais verdadeiro, o ” pecado ” já não existe; mas na carne ou no velho homem ele existe.

Daí surge o conflito, mantido ininterruptamente através da vida, no qual prevalece o homem novo no essencial, e por fim completamente. Mas o homem natural só conhece o confronto de suas concupiscências entre si, ou com a lei, sem poder para vencê-las.

15. mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,

Tornai-vos santos também vós mesmos. A santidade, em essência, define a nova natureza e conduta do cristão em contraste com o seu estilo de vida anterior à salvação. A razão para praticarem um estilo santo de vida é que os cristãos estão associados com o Deus santo e devem tratar a ele e sua Palavra com respeito e reverência.

Portanto, nós o glorificamos da melhor maneira quando somos semelhantes a ele (veja vs. 16-17; Mt 5.48; Ef 5.1; cf. Lv 11.44-45; 18.30; 19.2; 20.7; 21.6-8).

16. porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.

A Escritura é a fonte de toda a autoridade em matéria de doutrina e prática.

Sede santos, porque eu sou. Já que eu sou a fonte da santidade, sendo santo na minha essência, sede zelosos de participar da santidade, para que sejais como Eu sou (Dídimo). A criatura é santa somente na medida em que é santificada por Deus. Deus, ao dar a ordem, está disposto a dar também o poder de obedecer, através do Espírito santificador (1Pedro 1:2).

17. E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação,

Se invocais como Pai. Esse é outro modo de dizer "se sois cristãos". O cristão que conhece a Deus e sabe que ele julga com justiça as obras de todos os seus filhos, respeitará a Deus e a avaliação que ele faz de sua vida, e desejará honrar o seu Pai celestial.

18. sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais,

Resgatados. Veja 1Tm 2.6. Ou seja, comprar uma pessoa mediante pagamento para livrá-la da escravidão; pôr em liberdade mediante o pagamento de um resgate. "Resgate" ou "redenção" era um termo técnico que se aplicava ao dinheiro pago para comprar a liberdade de um prisioneiro de guerra.

Aqui, é usado como referência ao preço pago para comprar a liberdade de alguém que é escravo do pecado e está sob a maldição da lei (ou seja, a morte eterna (Gl 3.13).

O preço pago a um Deus santo foi o sangue derramado de seu próprio Filho (cf. Ex 12.1-13; 15.13; Sl 78.35; At 20.28; Rm 3.24; Cl 4.4-5; Ef 1.7; Cl 1.14; Tt 2.14; Hb 9.11-17).

19. mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado,

Precioso. De valor inestimável. A no grego está assim: “Com sangue precioso, como de um cordeiro sem mácula (em si mesmo) e sem mancha (contraído pelo contato com outros), [mesmo o sangue] de Cristo”. Embora fosse homem, permaneceu puro em Si mesmo (sem falha), e incontaminado por qualquer marca externa de pecado (sem mancha), que o teria inadequado para ser nosso Redentor expiatório: assim o cordeiro pascal, e toda vítima sacrificial; da mesma forma, a Igreja, a Noiva, por sua união com Ele.

Assim como a redenção de Israel do Egito exigiu o sangue do cordeiro pascal, assim também a nossa redenção da maldição exigiu o sangue de Cristo; “predestinado”. (1Pedro 1:20) desde a eternidade, como o cordeiro pascal era tomado no décimo dia do mês.

20. O qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós;

Conhecido. Na eternidade passada, antes de Adão e Eva pecarem, Deus planejou a redenção dos pecadores por meio de Jesus Cristo (cf. At 2.23; 4.27-28; 2Tm 1.9).

Fim dos tempos. O "fim dos tempos" corresponde ao tempo do Messias, de sua primeira à sua segunda vinda (cf. At 2.17; ITm 4.1; l Jo 2.18).

21. e por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus.

Lhe deu glória. Deus, por meio da ascensão, devolveu a Cristo a glória que ele tinha com o Pai antes da criação do mundo (cf. Lc 24.51-53; Jo 17.4-5; At 1.9-11; Fp 2.9-11; Hh 1.1-3; 2.9).

INTRODUÇÃO

Na primeira carta de Pedro, o apóstolo oferece esperança aos Cristãos perseguidos e os orienta com instruções práticas sobre como viver uma vida consistente com o seguir Jesus.

Uma vez comprados pelo preciso sangue de Jesus, estamos sob novo senhorio, e Sua marca distintiva é a santidade, logo, a vida dos cristãos deve demonstrar as qualidades que Deus deseja, incluindo paz e santidade. A santidade é um atributo de Deus que podemos refletir. A Bíblia apresenta a santidade como tendo sido dada a nós e requerida de nós.

Hebreus 10.10 nos assegura: “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”. O sacrifício de Cristo nos concede santidade posicional diante de Deus. No entanto, a Bíblia descreve não apenas santidade posicional, mas também santidade prática. Segundo João Wesley, “a conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão”. O compromisso com a santidade é uma característica de todo verdadeiro cristão.

I. A PERSPECTIVA BÍBLICA DA SANTIFICAÇÃO

1. Santificação no Antigo Testamento.  No Antigo Testamento, se fala de santidade primariamente com relação a Deus. “O SENHOR nosso Deus é santo(Sl 99.9). Santidade é a própria natureza de Deus – o próprio fundamento de Seu ser. Três vezes santo, intensamente santo é o Senhor (Is 6.3).

Deus é santidade. Santidade é a coroa permanente de Deus. Ela é o “brilho de todas as Suas perfeições”, como os Puritanos costumavam dizer. Santidade é o pano de fundo para tudo mais que a Bíblia declara sobre Deus. O conceito de santidade divina do Antigo Testamento apresenta três verdades cardinais sobre Deus:

Primeiro, denota a separação ou a diferença de Deus de toda a Sua criação. A palavra hebraica mais comum para santo é qadosh, a qual tem como seu significado mais fundamental o ser separado ou apartado. Deus está acima e além de toda a Sua criação. Nada é como Ele.

“A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis?”                         (Is 40.18).

“O SENHOR é Deus; nenhum outro há senão Ele” (Dt 4.35,39; 1Rs 8.60;                        Is 45.5,6,14,18,21,22; 46.9; Jl 2.27).

Em segundo lugar, denota a total “separação” de Deus de tudo que é impuro ou mal. Deus é a perfeição moral. Sua santidade é total retidão e pureza (Is 5.16).

Seus olhos são muito puros para contemplar o mal (Hc 1.13).

Em terceiro lugar, por causa de Deus ser separado por natureza de todo pecado, Ele é inacessível para os pecadores, aparte de um sacrifício santo                     (Lv 17.11; Hb 9.22).

Somente com um sacrifício sangrento e vivificar o Deus santo pode habitar justamente entre os pecadores (porque o salário do pecado é a morte, Rm 6.23) – e isto por causa de Cristo, o Sacrifício que haveria de vir.

Em e através da vinda do Messias, o único e perfeito Deus de Israel pode viver entre o Seu povo escolhido: “Eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti” (Os 11.9).

Esta aparente contradição – o Santo em vosso meio – é explicável somente através de Jesus Cristo, o sacrifício apontado por Deus, porque o Santo vê somente um Cristo perfeito quando Ele olha para o Seu povo. Deste triplo conceito de Deus como o Santo, se deduz naturalmente que tudo associado com Deus (isto é, fenômeno divino) deve ser também santo.

Por conseguinte, o descanso instituído é “um repouso santo” (Êx 16.23);

Sua morada é o “santo céu” (Sl 20.6);

Ele se senta num “santo trono” (Sl 47.8);

,Sião é Seu “santo monte” (Sl 2.6);

Seu próprio Nome é santo (Êx 20.7).

Assim, também, Sua igreja é chamada a ser uma “santa assembleia” (Êx 12.16)

E Seu povo do pacto um “povo santo”: “Porque povo santo és ao SENHOR teu Deus; o SENHOR teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra” (Dt 7.6).

Israel, o povo do pacto de Deus, é chamado à santidade por meio de uma santa separação do pecado (Dt 7.6),

Através de uma santa consagração a Deus (Lv 11.44),

De uma santa adoração a Deus (cf. a maior parte de Levítico), e de uma santidade ou limpeza interior (Lv 16.30; Sl 24.3-4).

2. No Novo Testamento.  O Novo Testamento ressalta todo o ensino do Antigo Testamento sobre a santidade. Ele desenvolve uma maior ênfase, contudo, sobre os temas da santa Trindade e dos santos consagrados.

A santidade é sempre atribuída a uma Pessoa da Deidade. O Deus de amor é o Pai Santo (Jo 17.11); Jesus Cristo é o Santo de Deus (Mc 1.24; Jo 6.69); e o Espírito de Deus é denominado Santo noventa e uma vezes!

Em termos de santos, o Novo Testamento destaca três temas.

Primeiro, ele acentua a dimensão ética da santidade. A ênfase recai sobre o interno em lugar da santidade ritual. Básico para isto é o testemunho do próprio Jesus, que como o Filho do homem viveu uma vida de completa santidade, porque Ele “não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano” (1Pe 2.22).

Ele é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores” (Hb 7.26).

Como resultado de Sua obra redentora, os crentes nEle são declarados justos e entram na santidade: “Na qual vontade temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez por todas” (Hb 10.10).

Em segundo lugar, o Novo Testamento enfatiza o caráter normativo da santidade entre os crentes. A santidade pertence a todos os verdadeiros seguidores de Cristo.

Um termo comum para todos os crentes é santo (hagioi), geralmente traduzido por “santo”. Santos, portanto, não se refere a pessoas preeminentes na santidade, mas ao crente típico que é santo em Cristo (1Co 1.30).

Santidade é uma realidade interna para todos os que estão unidos com Cristo. Embora um filho de Deus sinta frequentemente quão ímpio ele é em si mesmo e possa não ousar se chamar um “santo”, Deus vê todos os Seus eleitos como santos e santificados em e através da perfeita obediência, ativa e passiva, de Seu Filho amado.

Por amor de Cristo, seu estado é santo diante de Deus e sua condição é feita santa pelo Espírito que habita neles. Em terceiro lugar, o Novo Testamento contempla a santidade como transformadora de toda a pessoa:

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo” (1Ts 5.23).

Embora esta “santidade completa” esteja além do alcance do crente nesta vida, ela sempre continua sendo seu objetivo e oração. Ele se deleita em buscar a santidade e procura o “aperfeiçoamento da santidade no temor de Deus” (2Co 7.1).

3. A santidade exigida pela Palavra. A vida de santidade é um imperativo divino aos que foram regenerados em Cristo. É notável em 1 Pedro 1.15 e 16 a forma imperativa acerca da vida de santidade: “tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos…”.

Deus exige de seu povo vida de santidade! O conteúdo do versículo 16 é extraído de Levítico 11.44 e 45, quando Deus disse a Israel: Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo; e não vos contaminareis por nenhum enxame de criaturas que se arrastam sobre a terra.  Eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo.

Fica evidente que a santidade de vida é uma exigência divina. Convictos disso, devemos nos sentir motivados a obedecer a Deus e à Sua Palavra, buscando dia a dia a santidade pessoal.

 

Instruindo a igreja sobre isso, em I Tessalonicenses 4.1 a 3, Paulo escreve: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação”.

Na vida cristã, a santificação pessoal não é algo opcional: é uma exigência divina. Mais do que isso, é condição para desfrutar da vida com Deus

Segundo o ensino de Jesus, são “bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus(Mt 5.8).

II. A SANTIFICAÇÃO E SEUS ESTÁGIOS

1. A realidade da santificação. Chafer (2003), diz que a palavra “Santo, com suas várias formas” aparece aproximadamente 400 vezes no Antigo Testamento e 12 em relação aos crentes do Novo Testamento, ela refere-se “ao estado de ser separado, ou de ser colocado à parte, daquilo que não é santo. Relata ainda que, Cristo era ‘santo, inculpável, imaculado, separado dos pecadores’.

Assim Ele era santificado.” Já em relação a “O substantivo adjetivado ‘santo’, usado a respeito de Israel (...) e dos crentes (...), é aplicado somente a pessoas vivas e se relaciona somente à posição deles na avaliação de Deus. Ele nunca está associado com qualidade da vida diária deles. Eles são santos em razão de serem particularmente classificados e separados no plano e propósito de Deus. Por serem santificados assim, eles são santos.”

2. Três estágios da santificação. A santificação tem um começo definido na regeneração. A santificação tem um começo? Como podemos averiguar este início na vida de um cristão? Para respondermos a estas perguntas devemos entender que, como a santificação é um estágio da salvação, ela deve ter início em algum momento na vida de um homem regenerado.

Mas, quando isso realmente acontece? Grudem nos diz que ela acontece no momento da nossa regeneração, vejamos: Uma mudança moral definida ocorre em nossa vida no momento da regeneração, porque Paulo fala sobre “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5).

Uma vez nascidos de novo não podemos continuar pecando como um hábito ou como um padrão de vida (1Jo 3.9), porque o poder da nova vida espiritual em nós impede-nos de render-nos a uma vida de pecados. Ele também diz que: “Essa mudança moral é o primeiro estágio na santificação” (Pg. 623), e que “Esse passo inicial da santificação envolve uma ruptura definitiva com o poder preponderante do pecado, bem como o amor ao pecado, para que o crente não mais seja regido nem dominado por ele e não mais ame o pecado” (Pg. 623).

A santificação aumenta por toda a vida. Como a santificação tem início na nossa regeneração e se desenrola por toda a vida cristã, ela aparece em níveis diferentes em cada cristão que buscam se aproximar mais de Deus, pois... Ainda que o Novo Testamento fale sobre um começo definido da santificação, também a vê como um processo que continua por toda nossa vida cristã.

Geralmente esse é o sentido principal com que o termo santificação é usado na teologia sistemática e nas conversas cristãs de hoje. Embora Paulo diga que seus leitores foram libertados do pecado (Rm 6.18)

E que estão “mortos para o pecado, mas vivos para Deus” (Rm 6.11), ele todavia reconhece que o pecado permanece na vida deles; por essa razão, aconselha-os a não deixá-lo reinar e a nem se renderem a ele (Rm 6.12-13).

Se assim nos comportarmos, seremos cada vez mais semelhantes ao nosso Senhor Jesus Cristo, por isso, devemos ser “transformados, de glória em glória, na sua própria imagem” (2 Cor 3.18).

A santificação se completará na morte (em nossa alma) e quando o Senhor retornar (em nosso corpo). Depois de convertidos, será que podemos pensar que somos santos em sua total plenitude? Grudem nos relata que não, porque para ele a nossa santificação não será completa em quanto estivermos neste corpo corruptível.

Ele diz: Por causa do pecado que ainda permanece em nosso coração, embora tendo-nos tornado cristãos (Rm 6.12-13; 1Jo 1.18), nossa santificação nunca se completará nesta vida. (...) Mas uma vez que morramos e estejamos com o Senhor, então nossa santificação se completa nesse sentido, porque nossa alma é libertada do pecado que habita em nós e é aperfeiçoada. (...) Entretanto, quando consideramos que a santificação envolve a pessoa toda, incluindo o nosso corpo (veja 2Co 7.1; 1Ts 5.23), então compreendemos que ela não se completará inteiramente antes que o Senhor retorne e ressuscitemos.

Nós esperamos a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo do céu, quando ele “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Fp 3.21). É “na vinda” (1Co 15. 23) que seremos vivificados com corpo da ressurreição e então iremos levar conosco plenamente “a imagem do celestial” (1Co 15.49) Para Strong (Pg. 1718), “A salvação é algo que pertence ao passado, ao presente, ao futuro”, pois para ele o “fato passado”, é a “justificação”; “o processo presente”, é a “santificação”; enquanto que a “consumação futura”, é a “redenção e glória”. Por tanto, ele diz que "Negativamente, a santificação consiste na remoção das consequências penais do pecado a partir da natureza moral; positivamente, na implantação e desenvolvimento de um novo princípio de vida”.

A santificação nunca se completará nesta vida. Devemos ter em mente que a santificação plena nunca se concretizara nesta vida e deve ficar claro para nós que a santificação é algo futuro relacionado com a volta de Cristo, pois, quando olhamos para o que Paulo diz aos Efésios: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (4:13),

Somos obrigados a crer que, só poderemos alcançar essa plenitude ou quando morrermos, ou quando Cristo voltar (Veja 1Co 15.53,54).

Porém, uma vez que tenhamos concluído que a santificação nunca será completada nesta vida, devemos exercitar nossa sabedoria e prudência pastorais no modo como usamos esta verdade. Baseando-se neste fato, alguns podem usá-lo para não se esforçar em busca da santidade nem para crescer na santificação – procedimento exatamente oposto a inúmeros mandamentos do Novo Testamento.

3. O alvo da santificação. Norman Geisler (2010), afirma que a santificação é o segundo estágio da ordem de salvação e é a libertação do poder do pecado, ou seja, é livrar-se do domínio influenciador causado pelo pecado na vida de todo e qualquer ser humano regenerado. Ele também nos apresenta três áreas de vitórias sobre o pecado que o homem pode alcançar:

(1) Vitória sobre o mundo (I Jo 5.4)

(2) Vitória sobre a carne (Rm 7. 24-25)

(3) Vitória sobre o diabo (Tg. 4-7)

Sendo que, estas vitórias não são plenas, pois, o pecado ainda habita em nós.

“’E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus (Fp 1.9-11)’.

‘Também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós (2Ts 1.11-12)’.

Deus torna o seu povo santo – ele os santifica – a fim de colocar sua própria glória em exibição. Ele age em nós para encher-nos “do fruto de justiça”. Por quê? “Para a glória e louvor de Deus.” Podemos ignorar facilmente que em Filipenses 1.9-11 Paulo está orando a Deus. Ou seja, está pedindo que Deus seja glorificado na justiça de seu povo. Este é o propósito e o fazer de Deus, não de Paulo.

De modo semelhante, em 2 Tessalonicenses 1.11-12 Paulo ora para que os crentes sejam capazes de realizar toda boa obra “a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós”. As boas obras são para a glória de Cristo.

E, por meio dele, para a glória de Deus. Isto é o que devemos esperar se Deus nos predestinou para sua glória, nos criou para sua glória e morreu para nos salvar para sua glória.

Passo a passo na história de redenção, Deus está operando todas as coisas a fim de comunicar sua glória para o desfrute de seu povo

III. O JULGAMENTO DO DEUS SANTO

1. O Deus Santo. Deus é o único santo em si mesmo, e, portanto, é nosso padrão mais elevado de santidade. Mas a santidade é um atributo comunicável de Deus com suas criaturas, embora jamais gozaremos de plena pureza aqui, enquanto ainda sofremos as tentações da carne e os resquícios do velho homem não totalmente aniquilado. A Bíblia diz que Deus é Santo – Deus é separado do pecado, ou seja, não é afetado pelas imperfeições do mundo. Ele não comete pecados ou erros, mas é eternamente limpo e sem erros. (Lv 19.2).

“Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo” (Ap 15.4). Somente Ele é independente, infinita e imutavelmente santo. Muitas vezes Ele é intitulado “O Santo” nas Escrituras. Ele é pureza absoluta, que nem mesmo a sombra do pecado mancha (1Jo 1.5; Hb 1.13).

A santidade é a excelência propriamente dita da natureza divina: Ele é “majestoso em santidade” (Ex 15.11; cf. 2Cr 20.21). “O poder é a mão ou o braço de Deus, a onisciência os Seus olhos, a misericórdia as Suas entranhas, a eternidade a Sua duração, mas a santidade é a Sua beleza”.

Na Bíblia Deus é com mais frequência intitulado Santo do que Onipotente, e é mais exposto por esta parte da Sua dignidade do que por qualquer outra. Como nenhuma outra, este atributo do Ser de Deus é celebrado diante do trono do céu, bradando os serafins: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos”                      (Is 6.3).

Deus mesmo coloca em distinção esta perfeição (Sl 89.35).

Deus jura por Sua santidade porque esta é uma expressão mais completa do Seu Ser que qualquer outra coisa. Assim, lemos sobre a formosura do Senhor, que é a beleza da santidade (Sl 27.4; 29.2. Cf. 30.4).

2. Santidade exigida a todos os crentes. Posto que Deus é santo, Ele odeia todo pecado. Ele ama tudo quanto está em conformidade com as Suas leis, e detesta tudo que lhes é contrário (Pv 3.32; 15.26).

Segue-se, pois, que Ele necessariamente tem que punir o pecado. Do mesmo modo como o pecado requer a punição por Deus, exige também o Seu ódio.

Deus perdoa muitas vezes o pecador; nunca, porém, deixa impune o pecado; e o pecador só é perdoado com base no fato de que Outro levou sobre Si o castigo que lhe era devido; sim, pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).

O conceito que muitos têm do caráter de Deus é inteiramente unilateral. Eles esperam de coração que a Sua misericórdia sobrepuje tudo mais. Eles pensam num "deus" segundo o padrão dos seus corações maus. A ideia que o homem faz de pecado limita-se praticamente ao que o mundo chama de “crime”. Tudo que fica aquém disso pode ser abrandado como “defeitos”, “enganos”, “fraquezas” etc. E mesmo quando se admite a existência do pecado, apresentam-se desculpas e atenuantes.

Também o “deus” que muitos cristãos professos “ama” é visto como alguém muito parecido com um ancião indulgente, que tolerantemente fecha os olhos para as “indiscrições” da mocidade.

Mas a Palavra diz: “aborreces a iodos os que praticam a maldade” (Sl 5.5),

E: “Deus é um juiz justo, um Deus que se ira todos os dias” (Sl 7.11).

Mas os homens se recusam a dar crédito a este Deus e rangem os dentes quando o Seu ódio ao pecado lhes é enfática e fielmente apresentado.

3. Santidade e justiça de Deus. Sendo que Deus é santo, a aceitação por Ele com base nas ações das criaturas é impossível. Uma criatura caída não pode produzir algo capaz de receber aprovação dAquele que é pureza infinita.

O melhor que o homem pecador pode produzir vem manchado. Deus Se negaria a Si próprio se tivesse por justo e santo aquilo que não o é em si mesmo. Mas, bendito seja o Seu Nome, pois, aquilo que a Sua santidade exigiu, a Sua graça supriu em Cristo Jesus, nosso Senhor! Todo pobre pecador que correu para Ele em busca de refúgio foi e permanece aceito "no Amado" (Ef 1.6).

Porque Deus é santo, devemos nos aproximar dEle com a máxima reverência     (Sl 89.7; 99.5). É preciso servi-lO com temor (Sl 2.11; Lv 10.3).

Porque Deus é santo, devemos querer amoldar-nos a Ele. Seu mandamento é “sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.16).

Não somos obrigados a ser onipotentes ou oniscientes como Deus é, mas temos que ser santos, e isto em toda a nossa maneira de viver (1Pe 1.15).

Então, como só Deus é a origem e a fonte da santidade, busquemos zelosamente dEIe a santidade; seja a nossa oração diária no sentido de que Ele nos “santifique inteiramente”; e todo nosso “espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).

A justiça de Deus pode ser dividida em categorias, das quais convém citar a justiça governamental, que O reconhece como o governante moral que, ao impor Sua Lei, promete galardão aos obedientes e punição aos desobedientes; a justiça remunerativa (um reflexo do amor divino) que recompensa os obedientes e a justiça retributiva, (uma expressão da ira divina contra o pecado) que pune os desobedientes.

“Justo é o Senhor em todos os Seus caminhos, benigno em todas as Suas obras.” (Sl 145.17).

Em termos gerais, é dar a cada um o que lhe é devido. É o reflexo da santidade legislativa de Deus. Na criação, Deus estabeleceu Leis para que tudo funcionasse em perfeição e harmonia. Uma vez que uma dessas Leis é transgredida, deve haver punição ao transgressor. A justiça também é um dos atributos comunicáveis de Deus, ou seja, é uma atitude que Deus espera que Seus filhos desenvolvam.

Jesus inclusive afirmou que são bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça (Mateus 5.6).

Isso é um desejo ardente de ver os padrões de Deus estabelecidos e obedecidos em todas as áreas da nossa vida e no mundo, ao mesmo tempo em que entendemos que a justiça vem de Cristo, que amamos e buscamos uma vida de santidade e justa diante de Deus, desejando construir um mundo justo para as pessoas ao nosso redor. É buscar vermos a vontade de Deus ser realizada, um desejo pelo próprio Deus — nossa fonte de justiça.

CONCLUSÃO

A santidade é um atributo divino. A santidade de Deus é enfaticamente afirmada no Antigo Testamento e reiterada no Novo Testamento. É como registrou, por exemplo, o profeta Isaías: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3).

O caráter santo de Deus se reflete em seus filhos. É evidente que a manifestação dos atributos morais de Deus em nós, como a santidade, por exemplo, não se dá na mesma proporção em que se manifestam em Deus. Isso, porque nós sofremos a interferência do pecado.

Contudo, pela graça de Deus e sob a assistência do Espírito Santo, somos habilitados a desenvolver a santidade pessoal.

A santificação é uma obra iniciada pelo Espírito Santo na vida do pecador, o que o leva à conversão; e essa obra não cessa, pois é o Espírito que nos assiste dia a dia, até chegarmos ao estágio final da glorificação 2Co 3.17,18.

Consideremos o chamado divino registrado em Levítico 20.7 e 8: “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus. Guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o Senhor, que vos santifico”.

Amem

Pb Francisco Barbosa