24 de setembro de 2013

O SACRIFÍCIO QUE AGRADA A DEUS



O SACRIFÍCIO QUE AGRADA A DEUS

TEXRO ÁUREO = “Eu te oferecerei voluntariamente sacrifícios; louvarei o teu nome, á Senhor, porque é bom” (SI 54.6).

VERDADE PRATICA  = Ajudando os nossos irmãos, contribuímos para a obra de Deus, e, ao Senhor, oferecemos a mais pura ação de graças.

LEITURA BIBLICA = FILIPENSES 4; 14-23

INTRODUÇÃO

A porção didática da carta está completa. Agora, Paulo se dedica ao tópico final, qual seja, a expressão de gratidão pela oferta que a igreja em Filipos lhe enviou por Epafrodito. Algum tempo decorreu desde que Paulo recebeu a oferta e ele não o mencionou especificamente até este ponto da carta. Estes fatores levaram certos expositores a pensar que estes versículos fazem parte de uma correspondência anterior do apóstolo com os crentes filipenses. Mas tal conclusão não é necessária.

E bastante normal expressarmos gratidão ao fim de uma carta altamente pessoal que passa informalmente de um tópico a outro. Quanto à demora de Paulo agradecer a oferta, talvez esta seja a primeira oportunidade que ele teve de responder. Além disso, não sabemos a extensão do tempo decorrido desde a chegada de Epafrodito. Seja qual for nossa opção para considerarmos o cenário desta passagem, o significado não é dificil.

A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA NAS TRIBULAÇÕES DE PAULO

Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim (10). A imagem é a da planta que renasce na primavera (reviver, “florescer”, BJ). Embora estivessem no finalmente, uma vez mais os crentes filipenses demonstram seu amor por Paulo. O texto não dá pistas sobre a razão de eles não terem enviado a oferta mais cedo. Talvez não tivessem ninguém por quem enviá-la, ou encontravam-se em “profunda pobreza” (2 Co 8.1,2), estando financeiramente impossibilita- dos de fazê-lo. Seja qual for o motivo, Paulo, em contraste com o espírito aparente de alguns em Filipos, recusa-se a ficar ofendido facilmente, e releva o que alguém de espírito menor interpretaria como demora acintosa ou negligente. Pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade (10). O termo grego ephroneite (lembrado) significa estar “pensativo” no sentido de preocupar-se, estar ansioso por algo em particular (cf. BV; cf. tb. 1.7). Paulo usa o tempo imperfeito, o qual sugere sua boa vontade em acreditar que, desde o princípio, os crentes filipenses tiveram o desejo de supri-lhe as necessidades, mas foram impedidos.

Assegurando aos crentes filipenses que ele passa bem, embora, até recentemente, não pudessem ter parte nesse bem-estar, Paulo declara: Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho (11). No original grego, com o que tenho é “nas circunstâncias em que estou”, indicando sua atual situação prisional. O termo grego autarkes (contentar) tem o sentido de “renda suficiente para as necessidades”, “meios suficientes para a subsistência”. O apóstolo se ajusta (cf. BJ, NVI) a toda e qualquer situação, depois de ter aprendido que circunstâncias como estas não aumentam nem diminuem sua felicidade maior.

Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade (12). Em toda a maneira e em todas as coisas é, literalmente, é “em tudo e em todas as coisas” (cf. BAB, RÃ), ou seja, em cada lance da vida e no total da soma de tudo da vida, O termo grego tapeinousthai (abatido) era usado no grego clássico para referir-se ap rio 
que míngua (cf. BV; cf. tb. 2 Co 11.7).

Paulo sabe o que é ter grande quantidade, como o animal que tem forragem mais do que suficiente (Mt 5.6), ou passar fome — possível alusão ao seu trabalho com as mãos. O termo grego memuemai (estou instruído) vem da linguagem dos cultos pagãos que iniciavam os candidatos em seus mistérios. Paulo enfrentava todo tipo de experiência, quer agradável ou desagradável (2 Co 11.23ss.), e ele não valorizava uma experiência acima da outra.

Posso todas as coisas naquele que me fortalece (13) pode ser traduzido por “eu sou forte para todas as coisas no Cristo que me capacita”. Apalavra “Cristo” não ocorre em alguns manuscritos, mas está evidentemente inclusa (consta em ACF, BV, NTLH). O fato de Paulo mencionar “abundância” nos versículos 12 e 18 leva certos expositores a propor que ele havia herdado uma propriedade. Isso lhe daria recursos para financiar os altos custos de seu julgamento. Por isso, de acordo com a proposta, ele podia dizer: “Eu sou constante em todas as coisas”.4 Mas não há base para tal especulação.

O significado é mais profundo. Paulo pode todas as coisas para as quais foi chamado a desempenhar na linha do dever ou do sofrimento. O versículo deve ser interpretado como resumo de Gálatas 2.20 (cf. Jo 15.5; 1 Tm 1.12). A princípio, temos a impressão que Paulo usou a linguagem do estoicismo (11,12), que asseverava que o homem, por si só, pode vencer todas as pressões externas. Mas esta não é a posição cristã. A suficiência vem de Cristo, que continuamente infunde poder (dynamis). O apóstolo pode se grato por toda e qualquer circunstância, por- que as circunstâncias são oportunidades para a revelação do poder de Cristo.

Para que os filipenses não presumissem que a suficiência de Paulo em Cristo tornou supérflua a oferta enviada e recebida, o apóstolo lhes declara categoricamente sua apreciação genuína:
Todavia, fizestes bem em tomar parte na (“participar de”, CH, NVI) minha aflição (14). A participação dos crentes filipenses nas suas dificuldades é uma das muitas maneiras que Deus usava para torná-lo forte. Quando parti da Macedônia (15; At 17.14, provavelmente 12 anos antes), que estava no princípio do evangelho para os filipenses, nenhuma igreja comunicou (“participou”, BAB; cf. CH, NVI) comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente (15). Temos aqui linguagem comercial — créditos e débitos. De todas as igrejas que estavam aos cuidados de Paulo, só Filipos pensou em manter uma conta para ele. Eles lhe prestaram assistência material e ele devolvera os préstimos com dádivas espirituais (cf. 1 Co 9.11; Fm 19).

Porque também, uma e outra vez (i.e., “duas vezes”, BV; cf. AEC, CH, NVI, RA), me mandastes o necessário a Tessalônica (16). Tessalônica era uma comunidade luxuosa que Paulo visitara depois de sair de Filipos, distante uns 160 quilômetros. Lá, Paulo tinha se sustentado (1 Ts 2.9; 2 Ts 3.7-9), ao passo que os próprios tessalonicenses pouco haviam contribuído. Foi nessa cidade que o apóstolo fora ajudado pelos filipenses vizinhos. Tais expressões de generosidade não podiam ser esquecidas em tão pouco tempo.

As ofertas, entretanto, são de importância meramente secundária. A tradução não que procure dádivas (ou “ofertas”, NVI; “donativos”, RÃ), mas procuro o fruto que aumente a vossa conta (17) é literal. O termo grego karpon (fruto) tem comumente o sentido de juros de um investimento. Sobre as ofertas que deram a Paulo (2 Co 12.14), Deus acrescentou os juros ao crédito. E deste modo que o apóstolo diz o que Jesus disse:

“Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35; cf. Lc 6.39). Aquele que dá sempre recebe mais do que aquele que recebe. Por terem sido generosos, os crentes filipenses acumularam para si tesouros no céu.

Referindo-se especificamente à oferta recente, Paulo diz: Mas bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que (talvez roupas ou outros artigos de primeira necessidade) da vossa parte me foi enviado (18). O verbo grego apecho (tenho) é expressão técnica usada na redação de um recibo (cf. Mt 6.2,5,16; Lc 6.24). O sentido é: “Vossa dívida comigo está mais do que paga, da qual vou dou recibo”. A consideração dos crentes filipenses dirigida a Paulo é reputada por ele como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus (18). Esta é alusão óbvia à fragrância agradável no Templo produzida pela queima de incenso a Deus (2 Co 2.15; Hb 13.16).

O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá (lit., “encherá completamente”) todas as vossas necessidades em glória, por (lit., “em”, AEC, BJ, CH, NVI, RÃ) Cristo Jesus (19). As ofertas dos filipenses são um empréstimo, que capitalizou juros compostos. Paulo não pode pagá-los, mas o Deus a quem ele serve e que recebe o sacrifício, lhes “proverá magnificamente” (BJ) as necessidades materiais e espirituais (2 Co 9.8), em seu favor. Deus fará isso segundo as suas riquezas (cf. Ef 3.16), ou seja, não só proveniente de suas riquezas, mas também na proporção digna de suas riquezas. Certos expositores ligam em glória com riquezas, ao passo que outros ligam com suprirá. Provavelmente a última opção é melhor, pois assim glória denota “o elemento e o instrumento da provisão”. O comentário de Maclaren é elucidativo: “Quando Paulo diz ‘riquezas [...] em glória’, ele as coloca muito acima de nosso alcance, mas quando ele acrescenta ‘em Cristo Jesus’, ele as traz para baixo, colocando-as entre nós”.

Contemplando os recursos ilimitados de Deus, Paulo irrompe em louvor arrebatador: Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém! (20). Para todo o sempre talvez seja mais bem traduzido por “pelas incontáveis eras da eternidade”. Paulo já não se refere a “meu Deus”, como no ocorre no versículo 19, mas a nosso Deus e Pai, indicando o vínculo comum entre ele e os crentes filipenses.

REMIBNISCÊNCIA: O ATO DE DAR E RECEBER

Nesses versículos, encontramos o reconhecimento agradecido do apóstolo. Ele reconhece a bondade dos filipenses por lhe enviarem um presente para sustentá-lo, agora que era prisioneiro em Roma. E aqui:

Ele aproveita a oportunidade para reconhecer a bondade anterior deles e para mencioná-los (vv. 15,16). Paulo tinha um coração agradecido; porque, embora o que os seus amigos fizeram por ele não fosse nada em comparação com o que ele merecia deles e as obrigações que ele tinha colocado sobre eles, no entanto, ele fala da bondade deles como se tivesse sido uma amostra de caridade generosa, quando, na verdade, não passava de uma obrigação justa.

Se cada um deles tivesse contribuído com a metade dos seus bens, não teriam dado demais a ele, uma vez que deviam suas próprias almas a ele; e, mesmo assim, quando enviam um pequeno presente, ele o aceita cordialmente, e o menciona com gratidão, inclusive nessa epístola que seria deixada como registro e lida nas igrejas ao longo dos séculos. Assim, em qualquer lugar onde essa epístola fosse lida, aquilo que eles fizeram a Paulo deveria ser relatado em memória deles. Certamente, nunca um presente foi tão bem retribuído. Ele relembra aos filipenses que “. .. no princípio do evangelho.., nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber senão vós somente” (v. 15). Eles não somente o mantiveram confortável enquanto esteve com eles, mas quando partiu da Macedônia enviaram amostras da sua bondade para ele; e isso ocorreu quando nenhuma outra igreja o fazia. Ninguém, além deles, enviou alguma coisa material ao apóstolo, como consideração ou recompensa do que tinham ceifado das suas coisas espirituais. Quando se trata de obras de caridade, estamos prontos a perguntar o que outras pessoas fizeram.

Mas a igreja dos filipenses nunca levou isso em conta. O que contribuiu muito mais para a honra deles foi o fato de eles serem a única igreja justa e generosa para com ele. Também em Tessalônica (depois de ter partido da Macedônia), “. . uma e outra vez, me mandastes o necessário...” (v. 16).

Observe: 1. Eles enviaram apenas o suficiente para suprir a sua necessidade, ou seja, somente as coisas que precisava; talvez fosse de acordo com a capacidade deles, e ele não desejava coisas supérfluas nem regalias. 2. Como é precioso observar as pessoas a quem Deus deu dons da sua graça em abundância devolverem em abundância ao seu povo e ministros, de acordo com a capacidade e necessidade deles: uma e outra vez, me mandastes. Muitas pessoas se desculpam dizendo que já contribuíram uma vez; por que deveriam contribuir novamente? Mas os filipenses enviaram uma e outra vez; eles o aliviaram e o reanimaram nas suas necessidades com freqüência. Ele faz menção dessa bondade anterior deles, não somente por causa da sua gratidão, mas para o encorajamento deles.

Ele perdoa a negligência recente deles. Parece que por um determinado período eles não buscaram informações sobre dele, nem enviaram alguma dádiva; mas,finalmente, reviveram a sua lembrança dele novamente (v. 10), como uma árvore na primavera, que parecia totalmente morta durante todo o inverno. De acordo com o exemplo do seu grande Mestre, em vez de reprová-los por causa da sua negligência, ele encontra uma justificação: “. . pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade”. De que forma não podiam ter tido oportunidade, se já tinham decidido a esse respeito? Eles poderiam ter enviado um mensageiro de propósito. Mas o apóstolo está disposto a presumir, a favor deles, que o teriam feito se uma oportunidade tivesse sido oferecida. Esse comportamento é contrário ao comportamento de muitos em relação aos seus amigos, por cujas negligências, aquelas que realmente são desculpáveis, se ressentem tremendamente, quando Paulo estava disposto a perdoar aquilo que seria razão suficiente para que ficasse ressentido.

Ele elogia a generosidade presente deles: “Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição” (v. 14). E uma boa obra socorrer e ajudar um verdadeiro ministro em dificuldades. Veja aqui qual é a natureza da verdadeira compaixão cristã: não somente estar interessado nos nossos amigos em suas dificuldades, mas fazer o que for possível para ajudá-los. Eles tomaram parte da sua aflição, ao socorrê-lo no meio dela. Tiago questiona a validade da fé se não vier acompanhada de obras. São aqueles que dizem: “Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo que proveito virá daí?” (cap. 2.16). Ele se regozijou grandemente nisso (v. 10), porque era uma evidência do carinho deles por ele e do sucesso do seu ministério entre eles.

Quando o fruto da caridade deles se tornou abundante para o apóstolo, parece que o fruto do seu ministério se tornou abundante no meio deles.

Ele cuida para que não seja mal-interpretado o fato de ele ressaltar tanto aquilo que foi enviado a ele. Isso não foi decorrência de descontentamento e desconfiança (v. 11) ou da cobiça e amor pelo mundo (v. 12). 1. Não foi decorrência de descontentamento ou desconfiança da Providência: “Não digo isto como por necessidade” (v. 11); não em relação a qualquer necessidade que sentisse, nem de alguma necessidade de que tivesse medo. Ele estava contente com o pouco que tinha e isso o satisfazia; ele dependia da providência e Deus para prover por ele dia após dia, e isso o satisfazia. “...porque já aprendi a contentar-me com o que tenho”.

Temos aqui um relato do aprendizado de Paulo, não daquilo que recebeu aos pés de Gamaliel, mas daquilo que recebeu aos pés de Cristo. Ele aprendeu a estar contente. Essa lição ele tinha tanta necessidade de aprender quanto a maioria das pessoas, levando em conta as privações e sofrimentos pelas quais foi exercitado. Ele esteve freqüentemente em cadeias, em prisões e necessidades; mas em todas essas situações ele aprendeu a estar contente, isto é, no seu interior ele aceitava essa condição e procurava tirar o máximo de proveito dela. “Sei estar abatido e sei também ter abundância” (v. 12).

Esse é um ato especial da graça: ajustar-nos de acordo com cada condição de vida e ter uma disposição mental e espiritual constante em todas as variedades do nosso estado. (1) Para ajustar-nos a urna condição angustiante — aceitar ser humilhado, estar com fome, sofrer necessidade, e não ser dominado pelas tentações que vêm com ela, perdendo nosso conforto em Deus ou desconfiando da sua providência, ou encontrando um caminho próprio para suprir as necessidades. (2) Para uma condição próspera — saber ter em abundância, saber ser cheio sem ser orgulhoso, seguro ou luxurioso. E essa é uma lição tão difícil quanto a outra; porque as tentações em relação à abundância e prosperidade não são menores do que as que temos em relação à aflição e à necessidade. Mas de que maneira devemos aprender essa lição? “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (v. 13). Temos a necessidade de obter forças de Cristo, para sermos capacitados a realizar não somente as obrigações puramente cristãs, mas mesmo aquelas que são frutos da virtude moral. Precisamos da força dele para nos ensinar a como ficar contente em cada condição. Parecia que o apóstolo tinha se vangloriado quanto à sua própria força:

“Sei estar abatido” (v. 12); mas aqui ele transfere todo o louvor a Cristo. “O que posso dizer acerca de saber estar abatido e saber ter em abundância? Somente em Cristo, que me fortalece, posso fazê-lo, não na minha própria força”. Assim, requer-se de nós que sejamos “...fortalecidos no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10), e “.. fortalecidos na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2.1).

Somos “...corroborrados com poder pelo seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16). A palavra no original é um particípio presente, en to endynamounti me Christo, e denota um ato presente e contínuo; como se ele tivesse dito: “Por meio de Cristo, que está me fortalecendo e continua me fortalecendo; é por meio da sua força constante e renovada que sou capacitado a agir em cada situação; dependo completamente dele para todo o meu poder espiritual”. 2. Não provinha de cobiça ou de uma atração pela riqueza mundana: “Não que procure dádivas (v. 17); ou seja, recebo a bondade de vocês, não porque acrescenta algo ao meu gozo, mas porque acrescenta na conta de vocês”.

Ele não desejava essa dádiva tanto para o seu próprio bem, mas para o bem deles: “...procuro o fruto que aumente a vossa conta, isto é, que vós sejais capacitados a fazer um uso tão bom das vossas posses terrenas para que deis um relato delas com alegria. Não falo isso com o intento de tirar mais de vós, mas para animar-vos a um exercício de beneficência tal que redundará em uma recompensa gloriosa no futuro”. Ele diz então: “... bastante tenho recebido e tenho abundância (v. 18). O que uma pessoa pode desejar mais se tem o suficiente?

Não desejo uma dádiva por causa da dádiva, porque bastante tenho recebido e tenho abundância. Eles lhe enviaram uma pequena lembrança, e ele não desejava mais do que isto; ele não era solicito por coisas supérfluas ou por um suprimento futuro: “... cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado”. Observe: Uma boa pessoa logo terá o suficiente deste mundo; não somente devi- ver nele, mas de receber dele. Quanto mais uma pessoa mundana cobiçosa tem mais ela quer; mas um cristão verdadeiro, embora tenha pouco, tem o suficiente.

O apóstolo assegura que Deus aceitou a bondade feita a ele e que a recompensará. 1. Ele a aceitou como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus”. Não um sacrifício de expiação, porque ninguém faz expiação pelo pecado, senão Cristo; mas um sacrifício de reconhecimento e aprazível a Deus. Esse sacrifício foi mais agradável a Deus por ser o fruto da graça deles do que o foi a Paulo por ser o suprimento das suas necessidades. “... com tais sacrifícios, Deus se agrada” (Hb 13.16). 2. Ele a recompensará: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (v. 19). Ele saca um título do tesouro do céu e deixa que Deus retribua a bondade que tinham mostrado a ele. “Ele o fará, não somente como seu Deus, mas como meu Deus, que toma aquilo que foi feito a mim como se fosse feito a Ele mesmo. Vocês supriram minhas necessidades, de acordo com sua pobreza; e Ele suprirá a de vocês, de acordo com riquezas dele”. Mas esse ato ocorre por meio de Cristo Jesus; por meio dele temos a graça de fazer aquilo que é bom, e por meio dele devemos esperar a recompensa disso. Não como dívida, mas como graça; porque quanto mais fazemos para Deus mais estamos em dívida com Ele, porque tanto mais recebemos dele.

A OBLAÇÃO DE AMOR E SAUDAÇÕES FINAIS

1. Com louvores a Deus: “Oro, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amem!” (v. 20). Observe: (1) Deus deve ser considerado por nós como nosso Pai: Ora, a nosso Deus e Pai. E uma grande condescendência e favor de Deus reconhecer a relação de Pai com pecadores e permitir que digamos a Ele: Nosso Pai; e esse é um título comum na dispensação do evangelho. Também é um grande privilégio e encorajamento tê-lo como nosso Pai, como alguém que está tão intimamente relacionado conosco e que tem um amor tão grande por nós. Deveríamos nos apoiar em Deus, diante das nossas fraquezas e medos, não como um tirano ou inimigo, mas como Pai, que está inclinado a compadecer-se de nós e nos ajudar. (2) Devemos dar glória a Deus como Pai, a glória da sua própria excelência e de toda a sua misericórdia para conosco. Devemos reconhecer com gratidão que tudo que recebemos vem dele e dar todo louvor a Ele. E nosso louvor deve ser constante e perpétuo; deve ser glória para todo o sempre.

2. Com saudações aos seus amigos em Fiipos: “Saudai a todos os santos em Cri sto Jesus (v. 21); transmiti meu amor sincero a todos os cristãos nessa região”. Ele manda lembranças não somente aos bispos e diáconos, e à igreja em geral, mas a cada santo em particular. Paulo tinha um carinho especial por todos os cristãos sinceros.

3. Ele envia saudações das pessoas que estavam em Roma: “Os irmãos que estão comigo vos saúdam; os ministros, e todos os santos daqui, enviam suas lembranças calorosas a vós. Principalmente os que são ela casa de César; os convertidos cristãos que pertencem à corte de César”. Observe: (1) Havia santos na casa de César Embora Paulo estivesse preso em Roma por ordem do imperador, pelo fato de pregar o evangelho, havia alguns cristãos na própria família dele. O evangelho no início alcançou alguns ricos e famosos. Talvez o apóstolo tenha recebido alguns favores por meio dos seus amigos na corte. (2) Principalmente os etc. Considere isso: Eles, sendo educados na corte, eram mais corteses do que os outros. Veja que adorno à religião é a civilidade santificada.

4. A bênção apostólica, como de costume: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém! Que o favor e a boa vontade de Cristo sejam vossa porção e felicidade”.

A OBLAÇÃO DE AMOR E SAUDAÇÕES FINAIS  - 01

A BÊNÇÃO DA GRAÇA, 4.21-23 = Existem intérpretes que conjeturam que, em vez de serem ditados a um escriba, estes versículos conclusivos foram escritos pelo apóstolo de próprio punho. Em uma carta pessoal como esta, esperaríamos encontrar vários nomes nas saudações finais. Mas, como fez em outras cartas, nesta Paulo não menciona nenhum nome (cf. Romanos, Colossenses, 2 Timóteo).

Levando em conta os partidos em evolução em Filipos, é possível que ele os omita a fim de evitar dar destaque a alguns e não a todos. Saudai a todos os santos (“crentes”) em Cristo Jesus (21). Certos expositores ligam gramaticamente saudai com em Cristo Jesus, como ocorre em outras epístolas, por exemplo: “Eu [...] vos saúdo no Senhor” (Rm 16.22; cf. 1 Co 16.19). Mas tendo em vista 1.1, é melhor entendermos o versículo como está traduzido.

Os irmãos que estão comigo vos saúdam (21) é frase traduzida literalmente. Não são somente os associados de Paulo (inclusive Timóteo e outros) que enviam saudações, mas todos os santos (22), significando obviamente, os cristãos da própria igreja romana, principalmente os que são da casa de César (22). Sabemos que a casa de César era um termo geral para designar os indivíduos empregados em vários tipos de serviço público. Eles residiam por toda a parte do império, e muitos eram escravos. A referência pode ser aos soldados que guardavam Paulo, alguns dos quais, talvez, ele ganhara para Cristo. E concebível que alguns deles fossem naturais de Filipos, e tivessem interesse em sua cidade natal. Isto explicaria o uso de principalmente.

A bênção final sugere que Paulo tencionava que a carta fosse lida à congregação reunida. Ele pronuncia uma bênção de despedida: A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém! (23). Em vez depanton (todos) alguns manuscritos têm pneumatos (singular), “com o vosso espírito” (AEC; cf. BV, CH, NVI, RA), talvez um pedido final, mas sutil, em prol da unidade. A epístola fechou o círculo. Começou com “graça” (1.2) e agora termina com graça. Somente esta graça pode criar a comunhão que é compartilhada tão ternamente por Paulo e os seus amados filipenses.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


Comentário Bíblico Beacon

Comentário Bíblico Mathew Henry  - Novo Testamento Edição Completa

20 de setembro de 2013

A RECIPROCIDADE DO AMOR CRISTÃO



A RECIPROCIDADE DO AMOR CRISTÃO

TEXTO ÁUREO = Posso todas as coisas naquele que me fortalece”(Fp 4.13).

VERDADE PRÁTICA = A igreja de Cristo deve zelar pelo 1 bem-estar dos que a servem, a fim de que não haja necessitados entre os filhos de Deus:

LEITURA BIBLICA = FILIPENSES 4: 10-13

INTRODUÇÃO

O amor não é somente superior aos dons, mas é o elemento legitimador de seu uso na edificação da igreja. Ele leva ao equilíbrio; é o grande princípio de toda ação; ele supera tudo. O amor pode ser definido como “a mais profunda expressão pessoal possível”. Nas palavras do Divino Mestre, é uma atitude que envolve o coração, a mente e a vontade (Mt 22.35-37). O amor não é um mero sentimento; é o poder de Deus que atua na personalidade inteira do homem.
AS OFERTAS DOS FILIPENSES COM PROVIDENCIA DIVINA
 
A vida contente (4:10-13). Ao receber ajuda dos filipenses, Paulo se regozija grandemente "no Senhor" (4:10). Mesmo assim, ele explica que seu contentamento vem, não das coisas que ele tem nesta vida, mas em sua relação com o Senhor. O contentamento, nesta vida, é uma atitude aprendida (4:11). Em todas as coisas que Paulo sofreu por amor do evangelho (veja 1:17; 3:4-11; 2 Coríntios 11:23-30), ele aprendeu a manter sua atenção em Cristo (veja também 2 Coríntios 12:7-10). Se aprendemos a ter Cristo como o foco de nossa vida, a nossa circunstância material perderá sua importância (4:12-13).

Ainda que Paulo não precisasse do donativo deles para ficar contente, assim mesmo ele se regozijou em recebê-lo porque eles participaram da aflição dele (4:14). Eles tinham ajudado a Paulo desde o início, quando ele saiu de Filipos para ensinar em Tessalônica (4:15-16; veja Atos 16:11-17:4 e 2 Coríntios 8:1-5). 

Agora que tinham oportunidade de ajudá-lo novamente, isso significaria "fruto" para crédito deles (4:17). Eles colheriam ricas recompensas do Pai (4:19). A dádiva deles era um sacrifício pessoal, "como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus" (4:18). Não é o objeto do sacrifício que dá a suave fragrância a Deus, mas o coração daquele que faz o sacrifício. Os corações dos filipenses eram suaves para Deus, em seu abundante amor para com Paulo.
 
Essa generosidade é o modelo para os cristãos de hoje. Eles não deram esperando receber bênçãos em retribuição. Não deram porque era algo que "a igreja" exigia.

Eles deram com ânimo e de coração, sabendo que sua dádiva estava indo para a divulgação do evangelho e que "Deus ama a quem dá com alegria" (2 Coríntios 9:7).

Existe uma lei universal não muito conhecida. A lei da reciprocidade divina. Você dá; Deus dá de volta. Quando você planta uma semente, a terra dá a colheita. Trata-se de um relacionamento recíproco. A terra só pode lhe dar quando você da a ela. Você coloca dinheiro no banco, e o banco devolve os juros. Isso é reciprocidade. No texto mencionado acima, o próprio Jesus, estava ensinando esta lei aos seus ouvintes.

Quando se trata das coisas de Deus, muitas pessoas querem receber algo sem dar a Ele nada em troca. Elas sabem que não é assim no sistema mundial. Entretanto, elas sempre esperam que Deus lhe envie algo, mas não procuram investir em seu reino.

Se você não está investindo seu tempo, talento, compromisso, seu dinheiro, por que quer alguma coisa? Como você pode querer algo sem ter semeado alguma semente? Como você pode esperar que Deus honre seu desejo, quando você não honrou o seu mandamento de dar?

A prosperidade começa com investimento.                                                                                          O Apóstolo em sua carta enviada aos coríntios afirmou da seguinte forma: “E isto afirmo: aquele que semeia pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.”. (2 Co 9.6-7)

Ele não disse que aquele que não semeia vai colher, mas afirmou com propriedade que aquele que semeia, colhe. Se semear muito, colhe muito; porém, semeando pouco, irá colher pouco. Logo, aquele que não semear, não irá colher.

“Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? 

E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho” (1Co 9. 13-14)

Os que servem ao evangelho têm o direito de receber o seu sustento pelo trabalho que fazem. Um direito bíblico. De onde vem esse sustento? Do próprio evangelho.

Mas como alguém poderá viver do evangelho? Como é isso? Entendo que o pastor que se dedica ao evangelho pastoreando a igreja, deve ter as suas necessidades satisfeitas por ela, ou seja, a igreja deve providenciar o seu sustento. A igreja deve cuidar dele, inclusive financeiramente. Dessa forma ele ficará tranquilo para desempenhar seu ministério. Se sentirá assistido.

É evidente que existem igrejas muito pequenas que não têm condições de sustentar integralmente o seu pastor. Nesse caso, a igreja e o pastor devem achar uma melhor solução para o caso.

A Bíblia ainda nos diz algo interessante: “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino.” (1Tm 5. 17). Paulo ensina a dar “dobrados honorários” aos pastores (presbíteros), ou seja, honra através da remuneração, como fica claro no próximo versículo: “Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário.” (1Tm 5. 18)

Paulo mostra a importância de a igreja honrar o servo que a serve, com um salário digno. O pastor, que é um trabalhador que trabalha em prol do reino de Deus, é digno de seu salário!

Pessoalmente, não gosto do termo salário para pastores, apesar de não achá-lo errado. Prefiro o termo “honorário”, pois deriva da palavra honra. Quando a igreja honra o seu pastor com um honorário financeiro que abençoa a sua vida e de sua família, e que satisfaz as suas necessidades, cumpre o dever bíblico de honrar os servos enviados por Deus.

Precisamos lembrar que o pastor é também um ser humano que tem necessidades, que tem contas a pagar, filhos a criar, sonhos a realizar, passeios a fazer… como qualquer um de nós! Muitas igrejas têm feito de seu pastor uma cana numa moenda. Têm passado o pastor pela moenda várias vezes até sair a última gota de caldo, ficando só o bagaço… depois disso o jogam fora! Deus não se agrada disso!


O CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO

Deus tinha resgatado milagrosamente os israelitas da escravidão. Ele tinha aberto o Mar Vermelho para que eles pudessem escapar da perseguição do exército egípcio. Ele os conduziu, alimentou-os, deu-lhes água, e prometeu conquistar para eles uma terra onde manava leite e mel. Para uma nação que poucos meses antes não tinha esperança de jamais escapar das garras dos senhores egípcios, isso era bom demais para parecer verdade. Incrivelmente, contudo, este povo constantemente resmungava e se queixava quando andavam através do deserto. Eles nunca estavam satisfeitos com o que o Senhor tinha providenciado. Eles até se queixavam de que o alimento que o Senhor provia era enjoativo e lhe faltava a deliciosa variedade que eles tinham lá no Egito. Em mais de uma ocasião os israelitas desejaram voltar à terra da escravidão. De fato, uma vez até falaram do Egito como sendo a terra onde manava leite e mel e sugeriram que Moisés os estava conduzindo na direção errada (Números 16:13)! A constante queixa dos israelitas parec absurda. Depois de tudo o que o Senhor tinha feito por eles, deviam estar transbordantes de gratidão.

E quanto a nós? Vivemos em algo mais substancial do que tendas e temos mais variedade em nossa dieta do que maná e codorna. O Senhor proveu um meio de sermos libertados de uma servidão muito mais devastadora do que a escravidão física do Egito. Todos nós devemos estar contentes. "Grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes" (1 Timóteo 6:6-8). "Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei" (Hebreus 13:5).


Contentamento com nossas bênçãos materiais

A Bíblia nos ordena que estejamos contentes com o que temos (Hebreus 13:5; Filipenses 4:11-12; Lucas 3:14). Uma falha em estar contentes leva a múltiplos problemas: queixa, aflição, inveja, ingratidão, cobiça, etc. Aqueles que não estão contentes compram coisas que não podem pagar e depois tentam conseguir uma maneira de pagar mais tarde (veja Provérbios 22:7). Os descontentes acham difícil o sacrifício pela causa de Cristo porque eles se vêem "injustamente" privados.

Pensamos que há um grande problema quanto a estar contente com nosso nível de prosperidade: "Não temos o suficiente... mas se conseguíssemos um pouco mais então ficaríamos contentes". Que mentira! Se não estou contente com o que tenho no momento, eu não ficaria contente (por mais do que um ou dois dias) com o dobro disso. O escritor de Eclesiastes foi claro: "Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade ... Todo trabalho do homem é para a sua boca; e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite" (Eclesiastes 5:10; 6:7). 


Contentamento material nada tem a ver com quanto temos; se tivesse, os israelitas teriam estado contentes e também nós. O contentamento depende de nossa atitude quanto ao que temos. Em vez de querer o que não temos e não podemos ter, precisamos aprender a querer o que temos.

Há boas razões para estarmos contentes com nossa prosperidade material. Œ É um modo de vida superior: "Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento" (Eclesiastes 4:6). Aqueles que estão sempre querendo mais tornam-se infelizes e, mesmo assim, raramente ganham o que estão buscando.  Temos o suficiente. Paulo disse que alimento e roupa eram tudo o que precisávamos (1 Timóteo 6:6-8).

É verdadeiramente notável quantas coisas algumas pessoas esperam da vida. Pensamos que merecemos todas as coisas que estamos buscando? Quando nos compararmos com alguém como Paulo, ou como os israelitas no deserto, devemos envergonhar-nos de nossa insatisfação e estar determinados a apreciar e ser gratos pelas coisas que o Senhor nos tem dado. Ž Uma falta de contentamento é uma manifestação de cobiça, que é uma forma de idolatria (Hebreus 13:5; Efésios 5:5). Não estamos contentes porque temos desejos insatisfeitos, e os temos porque somos gananciosos.  Quando Deus está conosco, nada mais é importante (Hebreus 13:5-6). 

Pensaríamos que é absurdo se um homem que acabasse de ganhar um milhão de reais se irritasse por ter sido enganado em uns poucos reais, ou se irritasse muito por causa de qualquer coisa. A grande bênção de receber tanto dinheiro deveria tender a fazer com que outras frustrações se reduzissem a nada. Ter Cristo é muito mais do que ter um milhão de reais. Devemos estar contentes com ele, contentes até mesmo só com ele.

Contentamento com limitações pessoais

Todos os homens têm certas limitações pessoais. Elas podem ser limitações de capacidade, de educação, de ambiente, etc. Precisamos não permitir que estas limitações nos causem descontentamento. Em 2 Coríntios 12, Paulo sentia um doloroso espinho em sua carne. A natureza exata do espinho de Paulo é desconhecida, e como resultado, ela serve de excelente modelo para qualquer situação penosa que enfrentemos. 

Paulo orou três vezes para que o Senhor tirasse o espinho, mas o Senhor respondeu: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Coríntios 12:9-10). Paulo reagiu adequadamente. 

Afinal, o Senhor em sua providência governa o universo. Se ele permite que alguma limitação pessoal nos aflija e lhe pedimos que a tire de nós e ele não tira, então precisamos nos lembrar de que o propósito de Deus é superior ao nosso.

O descontentamento com limitações pessoais leva a muitos erros. O homem com um talento, em Mateus 25, usou sua incapacidade como desculpa para não servir em nada ao senhor. Muitos pensam que se não podem fazer alguma grande coisa para o Senhor, não podem fazer nada mesmo. Alguns permitem que deficiências pessoais os levem a justificar seus pecados. Eles se sentem como se suas circunstâncias limitadas façam deles exceções para os mandamentos do Senhor. Outros sentem-se tristes consigo mesmos e murmuram e se queixam. Algumas pessoas até se tornam invejosas de outras que não têm a limitação com a qual elas sofrem. Mas desde que o Senhor é responsável por governar o universo, eu deveria estar contente e regozijar-me em qualquer situação, sabendo que ele é mais sábio do que eu.


Contentamento em nossas circunstâncias

Deus permite que os cristãos passem por circunstâncias frustrantes. Quando Paulo escreveu Filipenses 4:11-12 ele estava na prisão, e tinha estado por muitos anos. Mas ouça o que ele disse: "Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez". 


A prisão deve ter sido terrivelmente frustrante para um homem que passou sua vida viajando para visitar os irmãos e para desbravar novos territórios para o evangelho. Não obstante, ele declarava que sua prisão tinha feito o evangelho progredir ainda mais (veja Filipenses 1:12-20 para pormenores). Onde estivermos, podemos servir o Senhor. Precisamos nunca usar nosso ambiente como desculpa para o pecado.

A mais baixa classe social do Império Romano era a dos escravos. É difícil para nós que conhecemos somente uma vida de liberdade imaginar como seria degradante existir como propriedade pessoal de alguém. Contudo, Paulo escreveu: "Foste chamado, sendo escravo? 


Não te preocupes com isso; mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade" (1 Coríntios 7:21). Não é que devemos evitar tirar vantagem de oportunidades para melhorar nossas circunstâncias, mas sim que, quando isto não pode ser feito, não devemos nos afligir por isso. Afinal, o Senhor precisa de bons escravos cristãos. Lembrar o domínio soberano do Senhor deve ajudar-nos a descansar nele e deixar de atormentar-nos pelas limitações causadas por nossas circunstâncias (veja Romanos 8:28).

Evitar o contentamento espiritual

Há uma área na qual o contentamento precisa ser evitado: é nas coisas espirituais. Quando a igreja de Laodicéia decidiu sentar-se e descansar porque pensava que tinha tudo (Apocalipse 3:14-22), isso era um engano terrível! O contentamento espiritual é um sintoma de orgulho (Lucas 18:11-13). O homem com a atitude adequada sempre se verá ainda longe da meta e estará constantemente redobrando seus esforços para crescer (Filipenses 3:12-14; 2 Pedro 3:18).

Estamos contentes? Os israelitas, no deserto, deviam ter apreciado tanto as bênçãos do Senhor que nenhuma queixa jamais passasse por seus lábios. Em vez disso, desejavam sempre mais e mais e logo ficaram chateados com o Senhor. Nós que vivemos melhor que numa tenda, comendo mais do que maná, e tendo água boa todos os dias, temos ainda menos razão para murmurar. Estamos contentes?

A PRINCIPAL FONTE  DO CONTENTAMENTO

A PROVIDÊNCIA DIVINA E O SOFRIMENTO HUMANO. A revelação bíblica demonstra que a providência de DEUS não é uma doutrina abstrata, mas que diz respeito à vida diária num mundo mau e decaído.

(1) Toda pessoa experimenta o sofrimento em certas ocasiões da vida e daí surge a inevitável pergunta “Por quê?” (cf. Jó 7.17-21; Sl 10.1; 22.1; 74.11,12; Jr 14.8,9,19). Essas experiências alvitram o problema do mal e do seu lugar nos assuntos de DEUS.

(2) DEUS permite que os seres humanos experimentem as conseqüências do pecado que penetrou no mundo através da queda de Adão e Eva. José, por exemplo, sofreu muito por causa da inveja e da crueldade dos seus irmãos. Foi vendido como escravo pelos seus irmãos e continuou como escravo de Potifar, no Egito (37; 39). Vivia no Egito uma vida temente a DEUS, quando foi injustamente acusado de imoralidade, lançado no cárcere (39) e mantido ali por mais de dois anos (40.1—41.14).

DEUS pode permitir o sofrimento em decorrência das más ações do próximo, embora Ele possa soberanamente controlar tais ações, de tal maneira que seja cumprida a sua vontade. Segundo o testemunho de José, DEUS estava agindo através dos delitos dos seus irmãos, para a preservação da vida (45.5; 50.20).

(3) Não somente sofremos as conseqüências dos pecados dos outros, como também sofremos as conseqüências dos nossos próprios atos pecaminosos. Por exemplo: o pecado da imoralidade e do adultério, freqüentemente resulta no fracasso do casamento e da família do culpado. O pecado da ira desenfreada contra outra pessoa pode levar à agressão física, com ferimentos graves ou até mesmo o homicídio de uma das partes envolvidas, ou de ambas. O pecado da cobiça pode levar ao furto ou desfalque e daí à prisão e cumprimento de pena.

(4) O sofrimento também ocorre no mundo porque Satanás, o deus deste mundo, tem permissão para executar a sua obra de cegar as mentes dos incrédulos e de controlar as suas vidas (2Co 4.4; Ef 2.1-3). O NT está repleto de exemplos de pessoas que passaram por sofrimento por causa dos demônios que as atormentavam com aflição mental (e.g., Mc 5.1-14) ou com enfermidades físicas (Mt 9.32,33; 12.22; Mc 9.14-22; Lc 13.11,16).

Dizer que DEUS permite o sofrimento não significa que DEUS origina o mal que ocorre neste mundo, nem que Ele pessoalmente determina todos os infortúnios da vida. DEUS nunca é o instigador do mal ou da impiedade (Tg 1.13). Todavia, Ele, às vezes, o permite, o dirige e impera soberanamente sobre o mal a fim de cumprir a sua vontade, levar a efeito seu propósito redentor e fazer com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que lhe são fiéis (ver Mt 2.13; Rm 8.28.

O RELACIONAMENTO DO CRENTE COM A PROVIDÊNCIA DIVINA. O crente para usufruir os cuidados providenciais de DEUS em sua vida, tem responsabilidades a cumprir, conforme a Bíblia revela.

(1) Ele deve obedecer a DEUS e à sua vontade revelada. No caso de José, por exemplo, fica claro que por ele honrar a DEUS, mediante sua vida de obediência, DEUS o honrou ao estar com ele (39.2, 3, 21, 23). Semelhantemente, para o próprio JESUS desfrutar do cuidado divino protetor ante as intenções assassinas do rei Herodes, seus pais terrenos tiveram de obedecer a DEUS e fugir para o Egito (ver Mt 2.13). Aqueles que temem a DEUS e o reconhecem em todos os seus caminhos têm a promessa de que DEUS endireitará as suas veredas (Pv 3.5-7).

(2) Na sua providência, DEUS dirige os assuntos da igreja e de cada um de nós como seus servos. O crente deve estar em constante harmonia com a vontade de DEUS para a sua vida, servindo-o e ajudando outras pessoas em nome dEle (At 18.9,10; 23.11; 26.15-18; 27.22-24).

(3) Devemos amar a DEUS e submeter-nos a Ele pela fé em CRISTO, se quisermos que Ele opere para o nosso bem em todas as coisas (ver Rm 8.28).
Para termos sobre nós o cuidado de DEUS quando em aflição, devemos clamar a Ele em oração e fé perseverante. Pela oração e confiança em DEUS, experimentamos a sua paz (Fp 4.6,7), recebemos a sua força (Ef 3.16; Fp 4.13), a misericórdia, a graça e ajuda em tempos de necessidade (Hb 4.16; ver Fp 4.6). Tal oração de fé, pode ser em nosso próprio favor ou em favor do próximo (Rm 15.30-32; ver Cl 4.3).

Carta do apóstolo Paulo aos Filipenses (Pr.Odilon dos Santos Pereira  
http://www.bsnet.com.br/usr/odilonsp/Filipenses.html-)
 
A cidade de Filipos – Era uma cidade importante no Império Romano por causa de sua localização geográfica na região montanhosa entre a Ásia e Europa.
O apóstolo Paulo visita Filipos pela primeira vez, por ocasião de sua Segunda viagem missionária, como descrito em Atos 16. A visão que Paulo teve em Troas, era Deus convocando o apóstolo a passar ao continente europeu, dando-se ali, em Filipos, as primeiras conversões na Europa e, por isso, Filipos tem sido chamada o "berço do cristianismo europeu".
 
"De noite apareceu a Paulo esta visão: estava ali em pé um homem da Macedônia, que lhe rogava: Passa à Macedônia e ajuda-nos. E quando ele teve esta visão, procurávamos logo partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciarmos o evangelho. Navegando, pois, de Trôade, fomos em direitura a Samotrácia, e no dia seguinte a Neápolis; e dali para Filipos, que é a primeira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana; e estivemos alguns dias nessa cidade." (Atos 16:9-12)
 
A igreja em Filipos cresceu e se fortaleceu e trouxe muitas alegrias ao coração do apóstolo. Paulo escreve esta carta, muitos anos mais tarde quando, na prisão em Roma, em condições subumanas, mas que não puderam tirar o gozo do servo de Deus. A igreja de Filipos amava muito a seu pai na fé, e mostra-lhe muito afeto, enviando-lhe uma carta viva na pessoa de seu representante Epafrodito. Não esqueceu, também, de enviar-lhe algum dinheiro para alguma necessidade temporal.
 
"Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus." (4:18)
 
Características da carta – Notamos três características principais nesta carta. Primeiramente, é uma carta bem pessoal, indicando a profundidade da amizade e fraternidade entre o apóstolo e a igreja. Outra marca desta carta é a centralidade da pessoa de Jesus Cristo e o Seu senhorio. Nesta carta temos um dos mais belos hinos sobre a humilhação e exaltação de Cristo como Senhor absoluto.
 
"Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
 
Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filip. 2:5-11)
 
Mas, sem dúvida, uma outra grande característica de Filipenses é o destaque que o apóstolo dá ao gozo reinante no seu coração, apesar de estar ele em circunstâncias humanas tão tristes na prisão. Só Deus pode, pelo Seu Espírito, colocar "alegria" no coração de Seus servos em "qualquer tempo" e sob "quaisquer circunstâncias".
 
A nota dominante – Esta é a mais "alegre" carta do Novo Testamento. Do início ao final a alegria é a nota dominante.
Alegria (CHARA) aparece 5 vezes.
 
"Fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com ALEGRIA" (1:4)
 
"E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para vosso progresso e GOZO na fé" (1:25)
 
"Completai o meu GOZO, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa" (2:2)
 
"Recebei-o, pois, no Senhor com todo o GOZO, e tende em honra a homens tais como ele" (2:29)
 
"Portanto, meus amados e saudosos irmãos, minha ALEGRIA e coroa, permanecei assim firmes no Senhor, amados." (4:1)
 
O verbo regozijai-vos (CHAIREIN) onze vezes:
 
"Mas que importa? contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me REGOZIJO, sim, e me REGOZIJAREI" (1:18)
 
"Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, FOLGO e me REGOZIJO com todos vós" (2:17)
 
"E pela mesma razão FOLGAI vós também e REGOZIJAI-VOS comigo." (2:18)
 
"Por isso vo-lo envio com mais urgência, para que, vendo-o outra vez, vos REGOZIJEIS, e eu tenha menos tristeza." (2:28)
 
"Quanto ao mais, irmãos meus, REGOZIJAI-VOS no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança." (3:1)
 
"REGOZIJAI-VOS sempre no Senhor; outra vez digo, REGOZIJAI-VOS." (4:4)
 
"Ora, muito me REGOZIJO no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade." (4:10).

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


BIBLIOGRAFIA

BEP - CPAD