27 de janeiro de 2015

Não Tomarás o Nome do Senhor em Vão



"Não Tomarás o Nome do Senhor em Vão"

TEXTO ÁUREO = "Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o SENHOR." 
(Lv 19.12)

VERDADE PRÁTICA = O terceiro mandamento proíbe o juramento indiscriminado e leviano, pois o voto é um tipo de compromisso que deve ser reservado para uma solenidade excepcional e incomum.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Êxodo 20.7; Mateus 5.33-37; 23.16-19

INTRODUÇÃO

3. O terceiro mandamento. “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão” (Êx 20.7). O nome de Deus representa Ele mesmo; sua divina natureza; seu infinito poder e seu santo caráter. Este mandamento, portanto, diz respeito à santidade do Senhor. Tomar o nome do Todo-Poderoso em vão é mencioná-lo de modo banal, profano, secular e irreverente.

Tomar o nome do SENHOR, teu Deus, em vão é “recorrer ao irrealismo, ou seja servir-se do nome de Deus para apelar ao que não é expressão do caráter divino”. Tal uso profano do nome de Deus ocorre no perjúrio, na prática da magia e na invocação dos mortos. A proibição é contra o falso juramento e também inclui juramentos levianos e a blasfêmia tão comum em nossos dias. “Este mandamento não obsta o uso do nome de Deus em juramentos verdadeiros e solenes.” Deus odeia a desonestidade, e é pecado sério alguém usar o nome divino para encobrir um coração mau, ou para se fazer melhor do que se é.

A pessoa que procura disfarçar uma vida pecaminosa, ao mesmo tempo em que professa o nome de Cristo, quebra este terceiro mandamento. Tais indivíduos são culpados diante de Deus e só recebem misericórdia depois de se arrependerem. Os justos veneram o nome de Deus por ser santo e sagrado. (Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190). Alan Cole afirma que “No judaísmo mais recente, esta proibição envolvia qualquer uso impensado e irreverente do nome YHWH. Este só era pronunciado uma vez por ano, pelo sumo-sacerdote, ao abençoar o povo no grande Dia da Expiação (Lv 23:27). Em sua forma original, o mandamento parece ter-se referido a jurar falsamente pelo nome de YHWH (Lv 19:12). Este parece ser o verdadeiro sentido do texto hebraico.

A lei permitia abençoar e amaldiçoar em nome de YHWH (Dt 11:26): isso equivalia virtualmente a proclamar Sua vontade e Seu propósito para com várias classes de indivíduos. Jurar pelo Seu nome era, então, permitido, embora fosse proibido por Cristo, séculos mais tarde (Mt 5.34). Na verdade, jurar pelo Seu nome (e não pelo de qualquer outro deus) era um sinal de que tal pessoa era um adorador de YHWH (Jr 4.2), e por isso era algo digno de louvor. 

Uma razão mais profunda para tal proibição pode ser vista no fato de que Deus era a única realidade viva para a mentalidade israelita. É por isso que Seu nome era sempre envolvido nos votos e juramentos, normalmente na fórmula “tão certo como vive o Senhor” (2 Sm 2:27). Usar tal frase e depois deixar de cumprir o voto era questionar a realidade da própria existência de Deus. Pois YHWH não terá por inocente. A explicação, embora correta, provavelmente não fazia parte do abrupto mandamento apodítico original” (R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 150).].

Todos nos naturalmente temos uma abertura no rosto, a qual chamamos de boca. E obviamente em cada boca à um pequeno órgão chamado língua. A língua, apesar de relativamente pequena quando comparado com o restante do corpo, é uma força muito poderosa e influente no corpo todo. A Bíblia nos diz que: "...A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de iniquidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo inferno. Pois toda espécie tanto de feras, como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se doma, e tem sido domada pelo gênero humano, mas a língua, nenhum homem a pode domar. É um mal irrefreável; está cheia de peçonha mortal..." (Tiago 3:6-8). Paulo nos aconselha que, como cristãos, devemos usar nossa língua para atividades nobres, diz ele: "...Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem..." (Efésios 4:29). Ele também nos diz em Colossenses 3:08 "...Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca...". Neste 3º Mandamento, não estamos falando apenas de uma boca suja, que vomita palavrões ou palavras torpe. Este Mandamento trata de algo muito mais grave, trata-se da utilização indevida ou o uso profano do Santo Nome de Deus em vão. O nome de Deus é para ser usada em conexão com o seu louvor ou sua proclamação. Infelizmente, para muitos parece, que o nome de Deus é como mais uma palavra corriqueira que pode ser usada de qualquer forma.

O terceiro Mandamento - Um nome Venerável

Venerável = Sagrado, Santo; que é digno de veneração, respeito e Reverencia; muito respeitável. Esta é a definição da palavra segundo os dicionários. Nos tempos Bíblicos, ao contrario de hoje os nomes tinham grande importância, os nomes na Bíblia geralmente revelavam algo sobre a pessoa, sua ascendência, sua origem, etc. E isto é especialmente verdadeiro e forte no que diz respeito aos nomes de Deus. Vejamos:

"YHWH / YAHWEH / JEOVÁ / SENHOR" (Deuteronômio 6:4, Daniel 9:14) - A rigor, este é o único nome próprio para Deus. Traduzido nas bíblias em português como "SENHOR" (com letras maiúsculas) para distingui-lo de Adonai, "Senhor". A revelação do nome é primeiramente dada a Moisés "Eu sou quem eu sou" (Êxodo 3:14). Este nome especifica um imediatismo, uma presença. Yahweh está presente, acessível, perto dos que o invocam por livramento (Salmo 107:13), perdão (Salmo 25:11) e orientação (Salmo 31:3). Ele descreve Deus como auto existente imutável e eterno. (Mal. 03:06, Tiago 1:17). Na Bíblia, o nome "SENHOR" muitas vezes está associado a outras palavras formando assim os nomes compostos de Deus que revelam mais sobre Sua natureza e Seus atributos. Alguns deles são:

JEOVÁ-JIRÉ:"O Senhor proverá" (Gênesis 22:14) - o nome utilizado por Abraão quando Deus proveu o carneiro para ser sacrificado no lugar de Isaque.

JEOVÁ-RAFA:"O Senhor que sara" (Êxodo 15:26) - "Eu sou o Senhor que te sara", tanto em corpo e alma. No corpo, através da preservação e da cura de doenças, e na alma, pelo perdão de iniquidades.

JEOVÁ-NISSI:"O Senhor é minha bandeira"(Êxodo 17:15), onde por bandeira entende-se um lugar de reunião antes de uma batalha. Esse nome comemora a vitória sobre os amalequitas no deserto em Êxodo 17.

JEOVÁ-MAKADESH:"O Senhor que santifica, torna santo" (Levítico 20:8, Ezequiel 37:28) - Deus deixa claro que apenas Ele, e não a lei, pode purificar o Seu povo e fazê-los santos.

JEOVÁ-SHALOM:"O Senhor nossa paz" (Juízes 6:24) - o nome dado por Gideão ao altar que ele construiu após o Anjo do Senhor ter-lhe assegurado de que não morreria como achava que morreria depois de vê-lO.

JEOVÁ-ELOIM:"Senhor Deus" (Gênesis 2:4, Salmo 59:5) - uma combinação do singular nome YHWH e o nome genérico "Senhor", significando que Ele é o Senhor dos senhores.

JEOVÁ-TSIDIKENU:"O Senhor nossa justiça" (Jeremias 33:16) - Tal como acontece com Jeová-Makadesh, só Deus proporciona a justiça para o homem, em última instância, na pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo, o qual tornou-se pecado por nós "para que nele fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21).

JEOVÁ-ROHI:"O Senhor nosso Pastor" (Salmo 23:1) - Depois de Davi ponderar sobre seu relacionamento como um pastor de ovelhas, ele percebeu que era exatamente a mesma relação de Deus com ele, e assim declara: "Yahweh-Rohi é o meu Pastor. Nada me faltará" (Salmo 23:1).

JEOVÁ-SHAMMAH:"O Senhor está ali" (Ezequiel 48:35) - o nome atribuído a Jerusalém e ao templo lá, indicando que o outrora partida glória do Senhor (Ezequiel 8-11) havia retornado (Ezequiel 44:1-4).

JEOVÁ-SABAOTH:"O Senhor dos Exércitos" (Isaías 1:24, Salmos 46:7) - Exércitos significa "hordas", tanto dos anjos quanto dos homens. Ele é o Senhor dos exércitos dos céus e dos habitantes da terra, dos judeus e gentios, dos ricos e pobres, mestres e escravos. O nome expressa a majestade, poder e autoridade de Deus e mostra que Ele é capaz de realizar o que determina a fazer.

"ELOHIM": Deus "Criador, Poderoso e Forte" (Gênesis 17:7; Jeremias 31:33); esta é a forma plural de Eloah, a qual acomoda a doutrina da Trindade, refere-se ao Ser Supremo, fiel, Deus Uno e Trino. 

Na primeira frase da Bíblia, a natureza superlativa do poder de Deus é evidente quando Deus (Elohim) fala para que o mundo exista (Gênesis 1:1). Esta é a palavra comum para Deus na Bíblia. É usado mais de 2.000 vezes no Antigo Testamento. Na verdade, quando Deus saiu da eternidade para revelar-se ao homem, este é o nome que ele escolheu. Um nome representando a si mesmo como o forte e fiel.

EL, ELOAH: Deus "poderoso, forte, proeminente" (Gênesis 7:1, Isaías 9:6) - etimologicamente, El parece significar "poder", como em "Tenho o poder para prejudicá-los" (Gênesis 31:29). El é associado com outras qualidades, tais como integridade (Números 23:19), zelo (Deuteronômio 5:9) e compaixão (Neemias 9:31), mas a raiz original de ‘poder’ continua.

EL SHADDAI: "Deus Todo Poderoso", "O Poderoso de Jacó" (Gênesis 49:24; Salmo 132:2,5) - fala do poder supremo de Deus sobre todos.

ADONAI:"Senhor" (Gênesis 15:2; Juízes 6:15) - usado no lugar de YHWH, o qual os judeus achavam ser sagrado demais para ser pronunciado por homens pecadores. No Antigo Testamento, YHWH é mais utilizado em tratamentos de Deus com o Seu povo, enquanto que Adonai é mais utilizado quando Ele lida com os gentios.

EL ELIOM:"Altíssimo" (Deuteronômio 26:19) - derivado da raiz hebraica para "subir" ou "ascender", então a implicação refere-se a algo que é muito alto. El Elyon denota a exaltação e fala de um direito absoluto ao senhorio.

EL ROI:"Deus que vê" (Gênesis 16:13) - o nome atribuído a Deus por Agar, sozinha e desesperada no deserto depois de ter sido expulsa por Sara (Gênesis 16:1-14). Quando Agar encontrou o Anjo do Senhor, ela percebeu que tinha visto o próprio Deus numa teofania. Ela também percebeu que El Roi a viu em sua angústia e testemunhou ser um Deus que vive e vê tudo.

EL-OLAM:"Deus eterno" (Salmo 90:1-3) -A natureza de Deus não tem princípio, fim e nem quaisquer limitações de tempo. Deus contém dentro de Si mesmo a causa do próprio tempo. "De eternidade a eternidade, tu és Deus."

EL-GIBOR:"Deus Poderoso" (Isaías 9:6)- o nome que descreve o Messias, Jesus Cristo, nesta porção profética de Isaías. Como um guerreiro forte e poderoso, o Messias, o Deus Forte, vai realizar a destruição dos inimigos de Deus e governar com cetro de ferro (Apocalipse 19:15).

O nome de Deus deve ser usado com extrema reverência e adoração. Os escribas por exemplo; quando tinha que escrever o Nome de Deus em uma obra, eles paravam, lavavam-se, mudavam de veste e caneta, e somente assim escrevia. 

Logo em seguida, eles depositava a caneta usada em um lugar onde nunca mais poderia ser usado por ninguém para escrever outra palavra. Ainda hoje muitos judeus ortodoxos para não usar o nome de Deus em vão, nem sequer dizem o nome Jeová ou Javé. Ao invés disso, eles usam a palavra Deus, ou Adonai.

O terceiro Mandamento - Banalizando o nome de Deus

Este mandamento nos diz que é errado usar o nome de Deus em coisas vã. A palavra vão, significa algo vazio, oco, inútil, sem valor; ilusório, sem fundamento real, fútil, frívolo, falso, ignorante, ineficaz. Quando usamos o nome de Deus de forma vã, estamos cometendo uma blasfêmia! Infelizmente, em nossos dias ouvimos o Nome de Deus ser degradado com muito mais frequência do que ouvimos ser exaltado! É quase que normal ouvirmos palavras de maldição em conjunto com o nome de Deus, coisa do tipo pesar a mão, aperta, etc, mas se analisarmos os exemplos dos santos na Bíblia, não vemos nada disso; mas sim quando eles eram ofendidos perseguidos e ate mesmo apedrejados, clamavam a Deus para perdoar seus agressores, hoje muitos de nos por qualquer coisa já esta pedindo a Deus para pesar a mão, usando desta forma o nome de Deus para a maldição do próximo.

Quantas vezes ouvimos, a expressão: Oh Deus!, Oh meu Deus!, Jesus, Oh Jesus, Oh Cristo, Jesus Cristo!, Deus Todo Poderoso!, Oh, Senhor!, Meu Deus!, my god, ou qualquer um dos milhares de jargões que mesmo os cristãos muitas vezes usam de forma inapropriada. Na TV os artista brincam com o nome de Deus, e seus clichês são logo absorvidos pela plateia. Pessoa usam o nome de Deus em associação a seus clubes de futebol, etc. Ou mesmo quando pronunciamos o nome de Deus metodicamente, quero dizer, domingo após domingo, nas canções e nas orações e nos testemunhos, mas sem sinceridade e sem reverência genuína, estamos usando o nome de Deus em vão. Ou quando usamos como uma camuflagem em meio a hipocrisia, prometemos a Deus fazer uma coisa e fazemos outra, então somos culpados diante dEle. Se seu nome revela seu caráter, e nós estamos usando Seu Nome, então a nossa hipocrisia envia uma falsa imagem de Deus e, portanto, viola o Seu Nome. "A hipocrisia da igreja é muito pior do que a profanação da rua." - Greg Laurie). "...E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?.."(Lucas 6:46). Não seja culpado de se esconder atrás do nome de Deuscomo uma camuflagem para o mal!

O nome de Deus será vindicado

Haverá punição para o infrator, Deus vai lidar com aqueles que intencionalmente violou a santidade do Seu Nome. As pessoas que usam o nome de Deus em vão devem se arrepender. O plano de Deus para o Seu povo é que quando usamos o Seu nome, devemos fazer com reverência e respeito. Os cristãos não têm necessidade de jurar, ou anexar um juramento a seus discursos. "...Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna..."(Mateus 5:37), "...Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação..." (Tiago 5:12). Alguns pode estar se perguntando: O que dizer então? Quanto menos falar, melhor será quando estivermos diante do Senhor "...Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo..." (Mateus 12:36). Deus não quer que você corte a língua de sua boca, mas Ele quer que ela seja consagrada e dedicado totalmente a Sua adoração e Sua glorificação. Como você está usando sua língua? Lembre-se: Não use o nome de Deus em vão.

TOMAR O NOME DE DEUS EM VÃO

A importância do nome = Os nomes das pessoas e das coisas são muito importantes. Tanto é assim que o grande escritor William Shakespeare chegou a escrever em uma das suas peças: “se a rosa tivesse outro nome, não cheiraria tão doce”. 

Nomes são tão importantes que reagimos mal quando nosso nome é escrito ou  pronunciado errado. Nomes ou apelidos (uma outra forma de nome) ridículos causam complexos nas pessoas. Nos tempos bíblicos, os nomes talvez fossem ainda mais importantes, pois, na cultura daquela época, o nome caracterizava a personalidade da pessoa à qual se referia. Conhecer um nome significava ter um certo grau de intimidade com a pessoa que usava aquele nome. Alguns exemplos podem demonstrar bem o que eu acabei de falar:

 •Jacó mudou de nome - para Israel (“aquele que luta com Deus”) -, depois do episódio da luta com o anjo (ver Gênesis capítulo 32, versículos 22 a 30).

•Quando Moisés se encontrou com Deus pela primeira vez, no monte Sinai, assim que soube da sua missão - libertar o povo de Israel da escravidão -, perguntou qual era o nome de Deus. Ao saber esse nome, que ninguém até então conhecia, Moisés demonstraria ao povo de Israel que tinha grande intimidade com Deus.

•Outros personagens bíblicos importantes também mudaram de nome (por exemplo de Abrão para Abraão) ou passaram a ser conhecidos por apelidos  (por exemplo Simão virou Pedro), à medida que evoluiam na vida espiritual.

Dar nome a alguém ou a alguma coisa significava que aquele que estava nomeando tinha poder espiritual sobre o que era nomeado. Por isto, os pais ou as mães davam o nome dos filhos – prática que continua até os dias de hoje -, Adão nomeou os animais (ver Gênesis capítulo 2, versículos 19 e 20) e as pessoas nomeavam os lugares importantes para elas – por exemplo, Jacó fez isto com Betel e Peniel.

E é por causa da importância que o nome tem que somos batizados, segundo ensina a Bíblia, em NOME do Pai, Filho e Espírito Santo e oramos NOME de Jesus.




O porquê do Terceiro Mandamento

O Terceiro Mandamento é o seguinte: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (ver Êxodo, capítulo 20, versículo 7). Acho que pelo que já expliquei antes, fica bem evidente a razão de haver um mandamento com esse conteúdo.

Como ninguém pode compreender totalmente a natureza de Deus e/ou ter poder sobre Ele, ninguém pode nomeá-lo - por isso, Ele mesmo disse a Moisés como deveria ser chamado e a expressão que usou foi propositalmente vaga: “Eu sou o que sou”, ou ainda segundo algumas traduções “Eu serei o que sempre tenho sido” (ver Êxodo capítulo 3, versículos 13 a 15).

Nomear a Deus, portanto, seria como fazer uma imagem ou figura dele - ou seja tentar descrever a sua realidade - o que também é proibido, de acordo com o Segundo Mandamento.

E não é por acaso que o mandamento de não tomar o nome de Deus em vão segue imediatamente o mandamento de não fazer imagens ou figuras Dele, pois uma coisa é, de certa forma, continuação da outra.

Mas se não podemos nomear Deus, muito menos podemos tomar algo que é sagrado - o nome de Deus - para uso  indevido (em vão). Ou seja, não se pode usá-lo em interjeições (algo que é muito comum), em adivinhações, em piadas, em promessas vãs e em maldições. Não podemos associar o nome de Deus a situações desse tipo, pois isso é um desrespeito para com Ele.

É exatamente por isto que os judeus nunca se referem a Deus pelo seu nome, pois não querem correr o risco de violar o Terceiro Mandamento. Usam, em lugar desse nome, as palavras Senhor ou Eterno. Aliás, isto também é feito em muitas traduções da Bíblia: frequentemente, ao vermos grafada a palavra SENHOR (Adonai), é porque no texto original consta o nome Dele.

Juramentos

Resta ainda uma dúvida quanto ao Terceiro Mandamento: podemos jurar em nome de Deus, no caso de uma assunto sério? A resposta para isso é não, mas a proibição  não vem do Terceiro Mandamento em si, mas de um mandamento específico dado pelo próprio Jesus - Ele nos mandou nunca jurar mas somente falar sim ou não (ver Mateus, capítulo 5 versículos  33 a 37).



Conclusão

As razões para o Terceiro Mandamento são muito simples de entender, como também é relativamente simples cumprir o que é pedido de nós. Por isto mesmo é surpreendente perceber que esse é um dos mandamentos mais descumprido pelas pessoas. Na verdade, para cumprir o mandamento basta  ter disciplina para não falar o que não devemos, especialmente quando ficamos estressados e perdemos um pouco o auto-controle. Nesse particular, os cristãos têm muito que aprender com os judeus.



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Lições Bíblicas do 1º Trimestre de 2014 - CPAD - Jovens e Adultos;

desafiodesercristao.blogspot.com.br

redemissionariacrista.blogspot.com.br

Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP (Digital);

Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;

Bíblia de Estudo Defesa da Fé: Questões reais; Respostas precisas; Fé Solidificada. 1 ed., RJ: CPAD, 2010.

HAMILTON, Vitor P. Manual do Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. I.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

COHEN, Armando Chaves. Comentário Bíblico Êxodo. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1 998.



Não Tomarás o Nome do Senhor em Vão



"Não Tomarás o Nome do Senhor em Vão"

TEXTO ÁUREO = "Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o SENHOR." 
(Lv 19.12)

VERDADE PRÁTICA = O terceiro mandamento proíbe o juramento indiscriminado e leviano, pois o voto é um tipo de compromisso que deve ser reservado para uma solenidade excepcional e incomum.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Êxodo 20.7; Mateus 5.33-37; 23.16-19

INTRODUÇÃO

As informações sobre cada um dos dez mandamentos do Decálogo SO fornecidas ao longo do Pentateuco e em muitos casos em toda a Bíblia, e aqui não é diferente. O texto não expressa de maneira explícita, mas deixa claro que diz respeito a tudo o que se refere ao nome de Deus. Há expositor que exagera ao dizer que não é possível saber o que este mandamento quer dizer com as palavras: “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (ÊX 20.7; Dt 5.11).

O contexto bíblico esclarece o que Deus está nos ensinando e mostra a abrangência do referido mandamento. Fala sobre ouso de modo trivial do nome divino, proibindo o perjúrio e toda a forma de profanação e blasfêmia do nome de Javé.

O NOME “DEUS”

Os nomes de Deus não são apenas uma identificação pessoal, mas são inerentes à sua natureza e revelam suas obras e seus atributos. Não é meramente uma distinção dos deuses das nações pagãs.

Quando a Bíblia faz menção do “nome de Deus”, está revelando o poder, a grandeza e a glória do Deus Todo-Poderoso; além de mostrar seus atributos, o nome representa o próprio Deus. O nome de Deus está ligado à sua soberania e glória.

Há três diferentes palavras hebraicas no Antigo Testamento para “Deus”: ‘êl, ‘elõah e ‘élõhím. A Septuaginta emprega o termo grego theos, “Deus”, para esses três vocábulos. Eles aparecem como nome pessoal do Deus de Israel e também como apelativos quando se referem aos deuses nas nações, razão pela qual costumamos empregar a expressão “nomes genéricos”.


O termo ‘êl tem relação com ‘il, ‘ilu e palavras similares usadas para deidades dos antigos povos semitas. Aparecem com frequência ‘ilu [m], ‘iltu (fem.), ‘ilu (pl.) nos documentos da Mesopotâmia, em acádico, como nomes próprios e também como apelativos de deidade. Diversas etimologias já foram apresentadas pelos estudiosos, mas a proposta que prevalece é que ‘ii se deriva de uma raiz que significa “ser forte” ou “ser proeminente”. É um “termo semítico muito antigo para divindade” (HOLADAY, 2010, p. 20), usado para identificar o Deus de Israel (Nm 23.8).

No Antigo Testamento, há 238 ocorrências de ‘ël e ‘ëlím, (p1.) juntos, como nome alternativo de Javé (Êx 20.5; Dt 4.24;5.9); como o próprio Deus de Israel: ‘ël ‘élõhêi ysrãël,  “Deus, o Deus de Israel” (Gn 33.20) ou “El-Elohei-Israel” (TB); ‘ãnôchi hã - ‘êl ‘élõhëi ‘ãbichã, “Eu sou Deus, o Deus de teu pai” (Gn 46.3). Vem associado a outros nomes de Deus ‘ël ‘elyôn, “Deus Altíssimo” (Gn 14.19, 22); ‘él shadday, “Deus Todo-poderoso” (Gn 17.1;28.3).

É usado também com freqüência em ugaritico, mas aparece ainda em relação ao Deus de Israel e a seus atributos, como: “Deus da vista” (Gn 16.13); “Deus eterno” (Gn 2 1.33); “Deus zeloso” (Êx20.5; 34.14); “Deus, a minha rocha” (Sl 42.9); e Deus de compaixão (Sl 99.8) etc. O substantivo ‘ël e o seu plural, ‘ël(m, aparecem como apelativos para designar os deuses das nações (Êx 15.11; 34.14; Dt 32.12). É o nome mais usado na Bíblia para mencionar as divindades pagãs.

O nome ‘elõhim é plural de ‘elõah e, segundo se diz, trata-se de uma forma expandida de ‘ël com a letra . Em aramaico, é ‘elãh e o plural é ‘élãhin; o singular e o plural juntos somam 95 vezes nas porções aramaicas do Antigo Testamento.

Elohim aparece 2.600 vezes no Antigo Testamento, ao passo que sua forma singular ocorre apenas 57 vezes, das quais 41 aparecem no livro de Jó, dos capítulos 3 a 40, no diálogo com os seus amigos. As outras 16 vezes aparecem em Deuteronômio 32.15, 17; 2 Crônicas 32.15; Neemias 9.17; Salmos 18.32; 50.22; 114.7; 139.19; Provérbios 30.5; Isaías 44.8; Daniel 11.37-39; Habacuque 1.11; 3.3.

O nome Elohim apresenta os primeiros vislumbres da Trindade. A declaração de Gênesis 1.1 traz o verbo no singular, “criou”, e o sujeito no plural Elohim, “Deus”, o que revela a unidade de Deus na Trindade. Construção similar aparece em várias partes do Antigo Testamento: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26); “Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós” (Gn 3.22); “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua” (Gn 11.7). A Trindade é vista em Elohim à luz do contexto bíblico.


O Novo Testamento explicitou o que antes estava implícito no Antigo Testamento. Quando Elohim refere-se às divindades falsas traz no plural o verbo, o pronome ou o adjetivo, representando a multiplicidade. Quando, porém, aplicado ao Deus de Israel, o verbo e o seus complementos vêm geralmente no singular.

Os rabinos reconheceram a pluralidade neste nome, mas, como o judaísmo é uma religião que defende o monoteísmo absoluto, e não admite Jesus Cristo como o Messias de Israel, fica dificil para eles entenderem essa pluralidade. Para explicá-la, argumentam ser um plural de majestade, mas isso é uma determinação rabínica posterior. A definição de plural de majestade ou de excelência, como disse, foi dada pelo rabinato posterior. Disse Shlomo ibn Yitschaki, conhecido pela sigla RASHI, grande rabino e erudito judeu (nascido em 1040): “O plural de majestade não significa haver mais de uma pessoa na divindade”. Essa declaração serviu para o judaísmo prosseguir sua marcha mantendo o monoteísmo absoluto sem Jesus e sem o Espírito Santo.

No relato da criação e em muitas outras passagens do Antigo Testamento, Elohim é nome próprio usado como forma alternativa de Javé. Segundo Umberto Cassuto, esse nome é usado para se referir à ideia obscura e mais abstrata da deidade, de um Deus universal e Criador do mundo, indicando a transcendência da natureza de Deus; ao passo que Javé aparece quando as características estão claras e concretas e sugere um Deus pessoal que se relaciona diretamente com o povo.

No capítulo um de Gênesis, Deus aparece como o Criador do universo físico e como o Senhor do mundo, exercendo domínio sobre todas as coisas. Tudo quanto existe veio à existência por causa exclusiva de Seu fiat, sem qualquer contato direto entre Ele e a natureza. Portanto, aplicando-se aquelas regras, aqui cabe o uso do nome Elohim (CASSUTO, 1961, p. 32).

Elohim é um dos nomes próprios de Deus, mas aparece como apelativo no Antigo Testamento quando se refere a divindades falsas, por exemplo os deuses do Egito (Êx 12.2) e de outras nações (Dt 13.7,8; Jz 6.10). A palavra é usada com relação às imagens dos cultos pagãos (Êx 20.23). As Escrituras fazem uso irregular de Elohim em referência a seres sobrenaturais (1 Sm 28.13) e juizes (Sl 82.6). Aparece também, cerca de 20 vezes, com relação às divindades pagãs individuais.

ELION, SHADAI E ADONAI

O Antigo Testamento emprega outros nomes para identificar o Deus Javé de Israel. São eles: ‘elyôn, “Altíssimo”; shadday, “Todo-Poderoso” e ‘àdhonãy, “Senhor”.
O nome composto ‘êl ‘elyôn significa “Deus Altíssimo”. Elion designa Deus como o Alto e Excelente, o Deus Glorioso. 

É um dos nomes genéricos porque ele também é aplicado a governantes, mas nunca vem acompanhado de artigo quando se refere ao Deus de Israel. Abraão adorava a El Shadai, “Deus Todo-Poderoso” (Gn 17.1); e Melquisedeque, rei e sacerdote de Salém, era adorador de El Elion (Gn 14.19-20).

Quando Abraão se encontrou com Melquisedeque, descobriu que seu Deus era o mesmo de Melquisedeque, apenas conhecido por um nome diferente (Êx 6.3). Em Gênesis 14.19-20, esse nome vem acompanhado de “El”, mas, às vezes, aparece sozinho (Is 14.14).

O Deus de Israel é também identificado como ‘ël shadday, “Deus Todo-Poderoso” Shadai é o “nome de uma deidade” (KOEHLER BAUMGARTNER, vol. II, 2001, p. 1420). Segundo Holaday, é o nome de deidade identificado com Javé (2010, p. 514); e, de acordo com Gesenius, “mais poderoso, Todo-Poderoso, um epíteto de Jeová, às vezes com El” (1982, p. 806). Aparece 48 vezes no texto hebraico das Escrituras, sete delas antecedido de El.

Esse era um nome apropriado para o período patriarcal, durante o qual os patriarcas viviam numa terra estranha e estavam rodeados pelas nações hostis. Eles precisavam saber que o seu Deus era o Todo-Poderoso (Gn 17.1). O termo aparece com freqüência na era patriarcal; só no livro de Jó ocorre 31 vezes. Êxodo 6.3 nos mostra que Deus era conhecido pelos patriarcas por esse nome. Deus se revelou primeiro aos patriarcas do Gênesis com nome El Shadai e, após o Sinai, os hebreus identificaram o seu libertador Javé com o El Shadai dos seus antepassados.

As duas formas do nome hebraico ‘àdhonay ou ‘adhônay, “o Senhor, Adonai”, aparecem no Antigo Testamento com “o” breve e com “o” longo (Is 6. 1;Jz 13.8).

O termo ocorre quase 450 vezes no Antigo Testamento, 310 vezes em conexão com o tetragrama e 134 vezes sozinho. É um nome próprio e significa literalmente “meu senhor” e, segundo Gesenius, é “somente usado para Deus” (1982, p. 12); forma “reservada como uma designação paraJavé” (JENNI & WESTERMANN, vol. 1, 2001, p. 24). Adonai, “Senhor”, é um nome divino e expressa a soberania de Deus no Universo.

A desinência -ayindica plural, como acontece com o nome Elohim; o judaísmo considera Adonai como pluralis excellentiae. É diferente de ‘ádhôn, “senhor, dono”, referindo-se geralmente a homens, ou com o sufixo ‘àdhõni, “meu senhor”, forma pela qual Sara se dirigia a Abraão e Ana se dirigia a Eh (Gn 18.12; 1 Sm 1.15, 26).

Javé, o nome pessoal do Deus de Israel, é escrito pelas quatro consoantes tim (YHWH) — o tetragrama. A escrita hebraica foi usada durante todo o período do Antigo Testamento sem as vogais.
Elas nada mais são do que sinais gráficos diacríticos, criados pelos rabinos entre os séculos 5 e 9, e que são colocados sobre, sob e no meio de cada consoante. Até hoje, esses sinais ajudam muito na leitura de qualquer texto hebraico; todavia, quem já conhece a língua não precisa mais deles.

Êxodo 3.14 revela que Deus é o que tem existência própria, ou seja, existe por si mesmo. É o imutável, o que causa todas as coisas, é auto existente, aquele que é, que era e o que há de vir, o eterno. Até hoje, os judeus religiosos preferem chamar Deus de “O ETERNO”, como se encontra na edição de 1988 da Bíblia na Linguagem de Hoje e na edição da Sêfer da Bíblia Hebraica em lugar do tetragrama. Aqui, Deus explicou a Moisés o significado do nome Iavé.

Desde o patriarca Abraão até ao período do reino dividido, era costume invocar a Javé mediante o uso do seu nome (Gn 12.8; 13.4; 2 1.33; 1 Rs 18.24). Era necessário conhecer o nome para que se pudesse estabelecer um relacionamento de comunhão. Veja que Jacó perguntou ao anjo com quem lutava o seu nome (Gn 32.29). Manoá, o pai de Sansão, fez a mesma pergunta como propósito de estabelecer um relacionamento espiritual (Jz 13.11- 17). Com Moisés, não foi diferente:

Então, disse Moisés a Deus: Eis que quando vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a Vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração (Êx 3.13-15).

Javé estabeleceu um memorial ao seu nome, anunciado aqui, mas concretizado por ocasião da promulgação da lei, quando foi oficializado o concerto do Sinai (Êx 20.24). Aqui está a base do tetragrama YHWH. No texto hebraico, encontramos a frase ‘ehyeh ‘àsher ‘ehyeh, “EU SOU O QUE SOU”. A substituição do ‘y“ de ‘ehyeh pelo w do tetragrama vem de hãwãh, forma arcaica e sinônimo de hãyâh, “ser, estar, existir, tornar-se, acontecer”, cuja primeira pessoa do imperfeito6o é ‘ehweh, e cuja terceira pessoa é yhweh.

Na poesia hebraica, usa-se com frequência a forma reduzida Yah: “Já é o seu nome; exultai diante dele” (Sl 68.4, TB). Isso pode explicar a presença da letra “a” no nome Yahweh. “Parece provável que a pronúncia original tenha sido YaHWeH, tanto por causa da forma verbal correspondente, o imperfeito de hãwãh, arcaicamente escrito yahweh, como de representações mais recentes desse nome em grego pelas palavras iaoue e iabe” (HARRIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 346).

A partir de 300 a.C. o nome Adonai passou gradualmente a ser mais usado que o tetragrama até que o nome Javé tornou-se completamente impronunciável pelos judeus. Para evitar a vulgarização do nome e para que a forma não fosse tomada em vão, eles pronunciavam por reverência ‘ádhonãy cada vez que encontravam o tetragrama no texto sagrado, na leitura da sinagoga. Na Idade Média, os rabinos inseriram no tetragrama as vogais de ‘adhonay (HARRIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 347).

As vogais de 21 (‘âdõnãy) são ( = ã); ( = o) e (... = ã). Elas foram inseridas no tetragrama sagrado, resultando na seguinte forma. O resultado disso é a pronúncia “YeH0WaH”. Mas os judeus ainda hoje pronunciam “Adonai” para lembrar na leitura bíblica na sinagoga que esse nome é inefável. Esse enxerto no tetragrama resultou no nome híbrido YEHOWAH, que a partir de 1520 os reformadores difundiram como “Jeová”. A forma híbrida “Jeová” não é bíblica, mas foi assim que o nome passou para a cultura ocidental; aos poucos, contudo, esse nome vem sendo substituído pela forma lavé ou Javé.

Os nomes Adonai e Javé são tão sagrados para os judeus que eles evitam pronunciá-los na rua ou no cotidiano. O segundo nem mesmo nas sinagogas é pronunciado, e no dia a dia eles chamam Deus de háshëm, “o Nome” (Lv 24.11, TB; 2 Sm 6.2).

Nos manuscritos da Septuaginta, encontramos kyrios, “dono, senhor, o Senhor” (BALZ & SCHNEIDER, 2001, vol. 1, p. 2437), no lugar de ‘àdõnã(y) e yhvh. Alguns fragmentos gregos de origem judaica apresentam o tetragrama, mas outros usam kyrios. Isso não é novidade. Jerônimo (347-420) “conhece a prática de, em manuscritos gregos, inserir o nome de Deus (Yahweh) com caracteres hebraicos” (WÜRTHWEIN, 2013, p. 262).

A Septuaginta, como tradução, foi submetida a revisões e recensões e, por isso, até hoje ninguém sabe qual foi exatamente o texto original ou o que foi alterado no transcorrer dos séculos. Uns afirmam que o nome kyrios é original: “Assim, no contexto de uma revisão arcaizante e hebraizante, o tetragrama parece ter sido inserido na tradução antiga no lugar de Kyrios” (op. cit., p. 262). Mas, para outros, é de origem cristã ou teria Vindo dos judeus. O certo é que ambos foram usados desde a origem da tradução.

O QUE SIGNIFICA TOMAR O NOME DE DEUS EM VÃO?

Há diversas interpretações sobre o terceiro mandamento do Decálogo. Tomar o nome de Deus em vão, em hebraico, lashshãw’, “em vão” (Êx 20.7; Dt 5.11), fala sobre a honra e a santificação do nome de Deus.
O termo shaw aparece 52 vezes no Antigo Testamento e seu significado é vasto “fraude, engano, inutilidade, inútil, imprestável, falsidade, desonestidade, futilidade, vacuidade”. Seguem alguns exemplos: sem valor, “trazer ofertas vãs” (Is 1.13, ARA); sem resultado, “De nada adiantou castigar” (Jr2.30, NVI); palavras vazias, falsas, “confiam na vaidade” (Is 59.4) ou “confiam no que é nulo” (ARA); informação falsa, falsa testemunha (Êx 23.1; Dt 5.20); além de “vaidade” ( Jr 18.15), usado em relação aos ídolos.

Alguns expositores afirmam que o significado original dessa palavra era a magia: “É possível de se imaginar que também em Israel houve épocas de propensão a fazer uso do nome de Javé para fins de práticas obscuras e nocivas à comunidade” (RAD, 2006, p. 181). No entanto, parece que o cerne deste mandamento é proibir o costume de juramento falso, pois o verdadeiro juramento se fazia mediante a invocação do nome de Deus (Lv 19.12). Era uma necessidade imperiosa que todos falassem a verdade, como o dever de cada um honrar o compromisso assumido com os homens e diante de Deus.

É dever de todos cumprir os votos feitos a Deus; a lei é clara sobre essa responsabilidade (Nm 30.2; Dt 23.2 1). Essa exigência divina se faz necessária por causa da inclinação humana à mentira. Era grande a falsidade no relacionamento entre familiares e amigos. Ninguém podia confiar em ninguém, já que a falta de sinceridade era a marca do povo. Não era uma questão de desvio ocasional, mas de estilo de vida ( Jr 9.2-5). Uma sociedade não pode viver numa decadência dessa; a vida se torna insuportável.

Mas as autoridades religiosas de Israel classificaram os juramentos em duas categorias: os que podiam ser descumpridos e os que não podiam. Há uma lista deles em Mateus 5.33-37; 23.16- 22. O Senhor Jesus reprovou com veemência essa violação dos escribas e fariseus. A interpretação rabínica da época permitia violar o terceiro mandamento e fazer de conta que ele não havia sido violado.

O terceiro mandamento é um apelo à santificação do nome de Deus. Na oração “Pai Nosso”, Jesus nos ensinou a abrir a oração santificando o nome de Deus: “Santificado seja o teu nome” (Mt 6.9).

Isso nada tem que ver com a pronúncia do nome Javé. Os teólogos das testemunhas de Jeová estão equivocados ao defenderem a doutrina da vindicação do nome Jeová, pois o tetragrama nem mesmo aparece no texto grego do Novo Testamento. Deus é absolutamente santo, sua santidade é infinita e inigualável; ele é santo em si mesmo, em sua essência e natureza. Assim, as palavras de Jesus estão fundamentadas no Antigo Testamento (SI 30.4; 97.12; 111.9; Is 29.23; Ez 36.20-23). Tal atributo é a característica prima de Javé, e isso expressava o pensamento do povo. 

O mandamento não visa tornar o nome de Deus santo, pois ele já é santo, mas significa reconhecer e reverenciar a Deus pelo que ele é. Não se trata de uma petição para que o povo em geral reconheça isso, mas para que expresse a reverência que a sua santidade exige (Lv 11.44; 19.2;20.7; 1 Pe 1.16).



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro Os Dez Mandamentos = CPAD = Esequias Soares