A Mordomia da Alma e do Espírito
TEXTO ÁUREO
“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e
soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” (Gn
2.7).
VERDADE
PRÁTICA
A alma humana é dotada de poderes inatos como
inteligência, emoção e livre-arbítrio, o que a torna altamente
responsável.
LEITURA
BIBLICA = GÊNESIS 2.7; DEUTERONÚMIO 6.5; SALMOS 16.10;
41.4; 42.1-6
INTRODUÇÃO
A alma pertence à parte imaterial do ser humano. Certos teólogos liberais influenciados por filósofos como Platão e Descartes, criaram a doutrina da dicotomia, isto é, que o homem consiste apenas de corpo e alma, como se alma e espírito fossem uma só coisa. Fiquemos com a Palavra de Deus! Ela nos basta!
Vejamos nesta lição algo da alma e suas relações
com o mundo exterior. Como administrar a alma? Como guardá-la das ameaças?
A mordomia da alma implica em administrar as suas fontes vitais que são a
mente, a vontade e os sentimentos.
I. OS SIGNIFICADOS DA ALMA HUMANA
Podemos definir alma, primeiramente, como sendo a
vida física e inteligente do ser humano, a saber, o ser vivente.
Entretanto, ela possui outros significados:
1. Alma com o sentido de respiração da vida.
No hebraico do Antigo Testamento a palavra nephesh (alma) significa
respiração da vida (Gn 1.24; 2.7), ou vida física. Quando Raquel, esposa de
Jacó, morreu, a Bíblia diz: ao sair-lhe a alma nephesh (Gn 35.18),
subentende-se que se trata de vida física. Notemos que a alma do filho da
viúva de Sarepta voltou a ele (1 Rs 17.21,22).
2. Alma significando o sangue
(Dt 12.23; Lv 17.14). O sangue representa a vida física, sem a qual não há
possibilidade de o homem viver. O sangue é a fonte da vida física, tanto para o
homem como para os animais. Por isso, num sentido estrito, a alma pode
significar sangue.
3. Alma significando a pessoa física ou corpo.
Alguns textos indicam a alma como pessoa física, no sentido de que o corpo é o
tabernáculo da alma. É que a alma utiliza o corpo para as suas ações (2 Co
5.1; 2 Pe 1.13,14).
4. Alma significando o indivíduo.
Isto é, a alma como personalidade, para dar distinção a cada pessoa. No latim,
a palavra animus significa o ser pensante, racional. Cada alma distingue-se de
outra pela individualidade (Rm 13.1).
A vida física do homem é representada por
“respiração da vida” (nephesh) e pelo sangue que é a materialização da vida,
por isso, a Bíblia denomina o ser humano de alma vivente”. O sentido do termo
alma na Bíblia não é o mesmo que sangue como afirmam certas seitas falsas.
Quando a Bíblia diz que a alma está no sangue, como em Deuteronômio 12.23; Lv
17.14, isto apenas ressalta a importância do sangue, sem o qual o homem
não pode viver, mas a alma propriamente dita, como componente imaterial do
homem, não é o sangue. O corpo sem a vida física nada é e nada
pode fazer.
1.
Deus é o autor da vida, tanto física como espiritual (Gn 2.7; At 17.28).
Toda a vida emana de Deus. Ele é a fonte. Jesus identificou-se como tal,
dizendo: “Eu sou a ressurreição e a vida”(Jo 11.25); Eu sou o caminho, a
verdade e a vida” (Jo 14.6); Eu vim para que todos tenham vida e a tenham
com abundância (Jo 10.10).
O apóstolo Paulo confirmou esta fonte, que é Jesus,
dizendo: Nele foram criadas todas as coisas... Tudo foi criado por meio
dele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste (Cl
1.16,17).
Satanás, o homicida, procura tirar nossa vida, de
modo direto ou indireto (Jo 10.10; 8.44).
2.
O homem é responsável pela preservação de sua vida física.
O instinto de autopreservação visa a continuidade do ser humano. No ato da
criação, diz a Bíblia, o homem foi feito alma vivente. Anteriormente
discorremos sobre a mordomia do corpo como obra de Deus. Ele é o instrumento
da alma, por isso, deve ser conservado sadio.
Somos responsáveis pela vida, por isso devemos
vivê-la sensata e inteligentemente (Ec 11.9,10). Várias passagens da
Bíblia a definem como sendo limitada (Jó 7.1;14.5), breve (Jó 14.1; Sl
89.47), como um breve pensamento (Sl 90.9), como a neblina instantânea (Tg
4.14).
A despeito das limitações da vida por causa da
queda dos nossos primeiros pais no Éden, devemos dar-lhe o devido valor.
Ela deve ser vivida no temor de Deus (1 Pe 1.17), na prática do bem
(Ec 3.12) e no serviço de Deus (Lc 1.74,75).
3.
Os hábitos da vida devem ser disciplinados. A vida
física, para ser saudável e aprazível, depende muito dos cuidados que devemos
ter para conosco. Todo crente deve educar-se, no sentido de evitar os maus
hábitos quanto à alimentação, higiene pessoal, descanso para o corpo etc. Diz
a Escritura: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm.
Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma
delas (1 Co 6.12).
4.
Prestaremos conta da nossa vida perante o Senhor.
Todas as obras feitas através do corpo serão julgadas na eternidade. Como
crentes, nossas obras serão julgadas no Tribunal de Cristo após o
arrebatamento dos vivos e a ressurreição dos mortos (2 Co 5.10).
Os ímpios também prestarão contas um dia, ante
o grande Trono Branco, no Juízo Final (Ap 20.11-15).
III. A ADMINISTRAÇÃO DA ALMA COMO PERSONALIDADE
A
alma não cessa de existir após a morte do corpo. A imagem e semelhança de Deus
no homem refere-se à sua parte imaterial composta de alma e espírito. A
parte material (o corpo) foi criada, porém, a parte imaterial foi-lhe
outorgada através do sopro divino tornando-o alma vivente. A parte
imaterial se originou no homem mediante um ato de transmissão, da parte de Deus
e não por um ato de criação, como se vê em Gênesis 2.7.
As palavras imagem e semelhança consistem,
principalmente, nas características racionais e morais do homem. Não se
trata de imagem e semelhança físicas, mas sim espirituais, porque Deus é
Espírito (Jo 4.24). Por imagem moral entende-se a capacidade outorgada por Deus
aos homens para pensar, raciocinar, escolher livremente.
IV. A ADMINISTRAÇÃO DAS FACULDADES DA ALMA
A mordomia da personalidade abrange três faculdades
principais da alma humana, que são: O intelecto, a vontade e o sentimento
(afetividade e emoções).
1. A mordomia do intelecto.
É a parte da alma humana que pensa, raciocina, decide, julga e conhece. Não
devemos confundir o cérebro, que é o órgão físico e palpável, com
intelecto.
Diretamente ligados ao intelecto estão a
imaginação, a memória e a razão. Esses valores precisam ser administrados
pelo homem com zelo e temor de Deus. Caso contrário, tornam-se agências de
Satanás contra o reino de Deus.
a)
Imaginação. Com ela, o homem idealiza e projeta. A Bíblia fala da geração corrompida dos dias
de Noé, salientando que a sua imaginação era má perante os olhos de Deus
(Gn 6.5).
Vivemos num século onde a imaginação tem resultado
em inventos fantásticos. Entretanto, não podemos fugir do fato de que a
imaginação é, também, utilizada para o mal da sociedade.
b)
Memória. Através dela, o homem armazena no cérebro os fatos
passados e presentes. Retém idéias e conhecimentos adquiridos.
c)
Razão. A razão capacita o homem a pensar, julgar e
compreender a relação entre as coisas, distinguir o verdadeiro do falso e
o bem do mal (Fp 4.8).
2.
A mordomia da vontade. A. H. Strong escreveu sobre a vontade: Vontade é a
aptidão da alma para fazer escolha, e para dirigir suas atividades
subseqüentes de acordo com a escolha feita. A vontade não é absoluta, isto
é, não age sozinha. Há sempre um poder superior sobre ela.
Ela não é algo independente na personalidade
humana. A vontade humana está interligada às outras faculdades da alma,
como o sentimento e o intelecto.
Paulo,
quando falava das suas próprias experiências, dizia: Pois o querer está em mim”
(Rm 7.18). Ele falava da faculdade da vontade da sua alma. O motivo para a
ação da vontade era o bem, porém, para praticá-lo, ele precisava estar sob
a força do Espírito. A carne age como uma força de persuasão contrária
aos motivos da justa vontade (Rm 7.19).
3.
A mordomia do sentimento. É a correta direção e controle da parte afetiva do
nosso ser. O pecado deturpou os sentimentos humanos escravizando-os e
alterando seus valores reais. Ao homem regenerado, é dado um “novo
sentimento”, isto é, nova capacidade de sentir, a começar pela
manifestação do sentimento divino do amor de Deus derramado nos corações.
V.
A Mordomia do Espírito
Ler:-
I Coríntios 2: 14-16; Provérbios 16.2; Zacarias 12.1: Marcos 14:38
O
homem é uma criatura singular porque é constituído de algo que lhe possibilita
ter um relacionamento com o Eterno Criador. O espírito que juntamente com a
alma compõe o ser interior. Podemos distingui-los como sendo esta a sede da
personalidade; e aquele, a das qualidades espirituais. Essa comunhão só pode se
efetivar quando permitimos que o Espírito Santo nos convença do pecado, da
justiça e do juízo.
Através da salvação, esse componente imaterial do
homem é vivificado. Pelas Escrituras, podemos entender que o espírito do
não-crente encontra-se inativo, pois não tem comunhão com Deus, está sufocado
pelas concupiscências da carne. Suas faculdades mais importantes são a
consciência, que soa dentro de nós como um alarme nos avisando do perigo. E a fé,
a nossa capacidade inata de crer ou fé natural, nada tendo a ver com a fé
imprescindível à salvação
O
espírito e a parte mais profunda e íntima do ser humano. Scofield comentou nas
notas de sua Bíblia que “sendo o homem espírito é capaz de ter conhecimento de
Deus e comunhão com ele. Sendo alma, tem conhecimento de si próprio. Sendo
corpo, tem, através dos sentidos, conhecimento do mundo”.
VI.
O QUE É O ESPIRÍTO HUMANO
Na
Bíblia, a palavra espírito deve ser interpretada dentro do seu contexto para que
seja entendido o seu real significado (Mt 27.50: Lc 8.55: 24.39; Jó 12.10;
32:8; 1 Co 14:15 e Is 26:9).
1. A distinção do Espírito Humano.
O espírito humano é mais que a simples respiração ou fôlego de vida. É parte
principal que o habilita a ter comunhão pessoal com seu Criador, mediante
salvação em Cristo e agência do Espírito Santo. É o espírito que vivifica a
alma e dá-lhe consciência de Deus.
Mediante
Cristo, é ele que nos relaciona com Deus na oração, na adoração e na comunhão.
Das criaturas de Deus só o homem possui espírito, o que o torna singular no
reino físico (Jó 12.10).
VII.
DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO
Alma
e espírito compõem a parte imaterial ou espiritual do ser humano e são
distintas. Há muito de misterioso e profundo na compreensão detalhada do
espírito, alma e corpo humanos. Particularidades não estão reveladas na Bíblia,
principalmente quanto à alma e ao espírito. O próprio corpo o elemento mais
conhecido, encerra mistérios que nem os estudiosos, nem a ciência puderam
desvendar: nas células, no sangue, no tríplice
sistema
nervoso e no equilíbrio e sincronia das funções de seus muitos órgãos. Imagine
você, agora, as verdades ocultas na arca da alma e do espírito
Alguns
textos na Bíblia referem- se, as vezes, a alma e ao espírito como se fossem uma
coisa só. Porém, o vasto conteúdo bíblico deixa claro que há uma perfeita e
indiscutível distinção entre alma e espírito. Uma vez que alma e espírito são
diferentes, intensamente conjugados, certas referências bíblicas ao espírito
abrangem a alma e vice-versa (Ec 12.7 e Mt 10.28; Ap 6.9 e Hb 12.23; Lc 23.46 e
At 2.31; Gn 35.18 e Tg 2.26; 2 Co 7.1 e 1Pe 2.11; Tg 5.20 e 1 Co 5.5).
1. A composição tríplice do homem.
“O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso espírito e alma e corpo,
sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda do nosso Senhor Jesus
Cristo” (1 Ts 5.23).
Uma
outra escritura mostra a mesma distinção de modo claro: “Por que a palavra de
Deus e viva e eficaz, é mais penetrante que espada alguma de dois gumes; que
penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). A Palavra de
Deus penetra até
a
divisão da parte imaterial do homem as quais são alma e espírito.
VIII.
FACULDADES DO ESPÍRITO HUMANO
São
duas as faculdades essenciais do espírito humano: fé e consciência. Essas duas
faculdades identificam a religiosidade do homem, isto é, o seu lado
intermediário espiritual. Fé e consciência expressam a natureza moral e
espiritual do homem e mostram sua primazia e diferença da criação irracional.
Pela alma, o homem revela a sua personalidade através dos sentimentos físicos e
psicológicos. Pelo espírito, o homem manifesta, pelos sentidos espirituais, o
seu ser espiritual (Hb 5.14).
1. Fé. É uma qualidade do espírito com significação
profunda e ampla. Ela envolve outras qualidades como adoração, esperança,
reverência e oração. A fé a expressão máxima da natureza religiosa do homem.
Ela abre caminho para a adoração a Deus, o Criador. A fé suaviza o futuro com a
esperança. Daí, o fato de que o homem tem intrínseca em seu espírito, a crença
em Deus.
É
a chamada fé natural. Notemos o lato de que este tipo de fé tem o sentido de
crer. Deus, o Criador, dotou o ser humano da capacidade de crer. Não se trata
de fé salvadora, ou fé como fruto do Espírito ou fé como dom do Espírito.
Trata-se de fé como crença inerente em Deus.
2. A Consciência. É a lei
moral e espiritual, gravada no espírito do ser humano, que age como juiz, que
aprova ou desaprova o procedimento de uma pessoa (Rm 2:15, Ec 7:22, 1Jo 3:21).
Na
linguagem popular a consciência é a voz de Deus no espírito do homem. É uma lei
moral interior, inscrita pelo Criador para nos manter em alerta ou reprovar
nossos atos e atitudes conforme nossas prévias convicções morais. Essas
convicções devem vir da Palavra de Deus.
IX.
PECADOS CONTRA O ESPÍRITO HUMANO
1. O pecado afetou o espírito humano.
Diz-nos a Palavra de Deus: “Portanto, assim como por um homem entrou o pecado
no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram” (Rm 5.12). Aqui está a declaração de que “todos pecaram”
isto é, cada pessoa e todos os seus
elementos:
corpo. alma e espírito.
2. O medidor do espírito humano.
O caráter santo de Deus é o meio aferidor do estado e conduta do espírito
humano. Deus é o aferidor universal da criação, isto é, pelo seu caráter santo
e justo, Ele e a base da justiça para julgar as ações do homem. Porém, é
preciso esclarecer que a nossa consciência não e o árbitro final das obras dom
homem, mas sim Deus.
3. Pecados contra a crença inata (aquilo que nasce
com o indivíduo) em Deus. Depois da queda. Todas faculdades morais e
espirituais do homem foram afetadas pelo pecado. Então, a comunhão entre Deus e
o homem foi abolida, sendo somente restaura da por Jesus Cristo naquele que
nEle crê (Ef 2.13-18).
a) Idolatria. Esse é um
pecado que atinge frontalmente e a soberania e a santidade de Deus. O primeiro
dos dez mandamentos dados a Moisés, estabelece: “Não terás outros deuses diante
de mim” (Ex 20:3)
Aprendemos
também que esse mandamento ensina eterna autoridade do Criador. A ele pertence
a gloria, o poder e a honra. Portanto, idolatria é rebelião contra Deus.
b) Orgulho. O orgulho é um pecado que faz o homem levantar-se
contra Deus e os homens igualmente. É vanglória, soberba, arrogância,
presunção, exaltação. Uma das evidências do orgulho é a sede insaciável pelo
poder, a busca desenfreada de auto-afirmação.
A
Bíblia diz que o orgulho endurece o espírito (Dn 5.20); o orgulho é um
obstáculo que impede o homem de buscar a Deus (Sl 10.4; Os 7.10).
A
Bíblia condena o orgulho com veemência e diz que os orgulhosos serão abatidos
(Dn 4.37; Mt 23,12); castigados (Ml 4.1); justiçados (Sl 31.23).
c) Egoísmo. É outro pecado do espírito humano. O egoísmo torna
o espírito das pessoas obsessivo em torno do seu próprio eu. Tudo o que ela
pensa ou realiza gira em torno de si mesmo. A grande vitória espiritual do
crente está em crucificar seu ego, para que Cristo reine e se assente no trono
do coração (Gl 2.20). O egoísmo abriga e esconde certos pecados da carne, como
adultério, embriaguez etc. Esse pecado contraria a natureza fraterna e generosa
do homem (Rm 15.1, 1 Co 10.33).
d) Dureza de Coração.
Outro termo conhecido com o mesmo sentido é “duro de cerviz”. A “dureza do
coração” refere-se à insensibilidade de uma pessoa para com o próximo e para
com Deus (1 Sm 25.3). A expressão “dura cerviz” refere-se a pessoa que não se
submete a qualquer ordem ou mando. A palavra “cerviz” é de origem latina e
significa nuca, pescoço. É o espírito insubmisso, autoritário (Ex 32.7, At
7.51)
CONCLUSÃO
Nossa alma - É um bem precioso que precisa ser
preservada dos pecados que comprometem e, por fim, destroem a
possibilidade de vida eterna com Deus.
Intelecto - É a faculdade que possibilita ao homem
perceber a realidade através da compreensão e adaptação a novas situações
mediante a reestruturação dos dados apreendidos no mundo real.
Vontade - Faculdade de representar mentalmente um
ato que pode ou não ser praticado em obediência a um impulso ou a motivos
ditados pela razão.
Sentimento - Disposição afetiva em relação a coisas
de ordem moral ou intelectual.
A
mordomia do espírito humano implica, portanto, na administração das faculdades
que expressam as ações do espírito. A manutenção das nossas relações
espirituais com Deus e de fundamental importância para uma vida feliz.
Lição bíblica cpad 4º. Trimestre 2003
A MORDOMIA DA ALMA
TEXTO ÁUREO
“Amarás pois
o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
poder” (Dt 6.5).
VERDADE PRÁTICA
A alma é
aquele princípio inteligente que anima o corpo e usa os sentidos físicos como
agentes na exploração do mundo material.
TEXTO BÍBLICO = Gn 2.7; Dt 6.5; 10.12; SI 16.10; 41.4;
42.1-6
INTRODUÇÃO
Na
tricotomia do homem, a alma pertence à parte imaterial do ser. Alguns teólogos
têm dificuldades em distinguir alma e espírito, pelo fato de ambos pertencerem
à mesma substância espiritual.
1. DEFININDO O QUE É A
ALMA
Há vários
significados para a palavra alma nas Escrituras. Toda vez que encontramos a
palavra alma nas Escrituras, devemos ter o cuidado de analisar o seu contexto
para não haver erro de interpretação.
A alma é
aquele principio inteligente que anima o corpo e usa os sentidos físicos como
agentes na exploração do mundo material. Podemos defini-la, também, de modo
simples, como sendo espiritual e vivente, agindo no mundo físico através do
corpo.
1. A Alma com o sentido de respiração
da vida. No hebraico
do Antigo Testamento a palavra “NEPHESH” significa essencial- mente “respiração
da vida” (Gn 1.24; 2.7). Sobre a morte de Raquel, esposa de Jacó, a Bíblia diz:
“ao sair-lhe a alma (nephesh) porque morreu” (Gn 35.18). Subentende- se, neste
texto, que a palavra alma significa vida. Notemos que a “alma” voltou para o
filho da viúva de Sarépta (1 Rã 17.21,22).
2. A Alma significando o sangue (Dt
12.23; Lv 17.14). O
sangue é a substância da vida física; sem ele não há possibilidade do homem
viver. O sangue é a “alma” da vida física, tanto para o homem como para os
animais.
3. A Alma significando a própria
pessoa. Vários
textos referem- se à alma como sendo a própria pessoa. Este é um sentido
genérico, pois o corpo é o tabernáculo da alma, que é por ela utilizado para
concretizar as suas ações (2 Co 5.1; Is .38.12; 2 Pe 1.13,14; Éx 1.5).
No latim a
palavra ANIMUS significa a alma pensante, racional.
Cada alma
distíngue-se da outra. Cada indivíduo é uma alma, uma personalidade (Rm 13.1).
4. A Alma do animal (Ec 3.21). Na criação animal os seres
inferiores receberam a alma, no sentido meramente de vida física. A alma de um
animal irracional cessa de existir quando o animal morre.
5. A Alma significando coração. A palavra coração aparece na Bíblia
como figura da vida inteligente e emocional do ser humano. O seu uso é
figurado. Biologicamente, o coração é o órgão pelo qual o sangue é bombeado
para todo o corpo. Figurativamente o coração é o lugar onde se formam os
pensamentos e os propósitos, bons e maus (Sl 14.1; Mt 9.4; 1 Co 7.37; 1 Rs
8.17).
II. A ADMINISTRAÇÃO DA
ALMA COMO VIDA FISICA
A alma do
homem é apresentada como “respiração da vida” (nephesh) e pelo sangue com base
na expressão “alma vivente”. A Bíblia dá um tratamento respeitoso ao sangue e
ordena que não se coma ou beba alimento feito com sangue. E sabido que algumas
das moléstias mais terríveis são transmitidas através do sangue, pelo que Deus
tem um cuidado especial com o homem. Por essa razão é fácil entender as
advertências da Palavra de Deus a tal respeito.
1. Uma Alma Saudável. Para que a alma seja saudável é
necessário uma administração correta, visto
ser ela quem emite as condições
necessárias para o corpo ter possibilidades de reações.
Todos os
atos, tanto bons como maus, que são praticados pelo corpo, refletem o estado da
alma do indivíduo, por9uanto é da alma que emana o raciocínio, a inteligência,
os sentimentos e as emoções.
2. Deus é o autor da vida, tanto
física como espiritual, (Gn 2.7; At 17.28). Toda a vida emana de Deus. Ele é a fonte da vida.
Jesus identificou-se como tal, dizendo: “Eu sou a - ressurreição e a vida” (Jo
11.25); “Eu sou o caminho, e a verdade e a VIDA” (Jo 14.6); “Eu vim para que
tenham VIDA, e a tenham com abundância” (Jo 10.10).
III. A ADMINISTRAÇÃO DA
ALMA COMO SEDE DA PERSONALIDADE
1. Superior à Alma dos Animais. A alma como sede da personalidade
destaca-se pela sua posição superior à dos animais. A alma humana pertence à
substância espiritual do homem. Ela não morre, isto é, não cessa de existir.
Quando Deus criou o homem disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança” (Gn 1.26). A parte material (o corpo) foi criada, porém a
imaterial foi outorgada ao homem através do sopro divino tornando-o “alma vivente”.
A parte imaterial veio a integrar o homem mediante um “ato de transmissão” e
não por um “ato de criação”. E isso foi uma ação do próprio Deus.
2. O Aspecto Dinâmico da
Personalidade. A
personalidade possui aspecto dinâmico, isto é, ela se desenvolve.
O meio
ambiente ajuda o homem a desenvolver suas faculdades interiores, dando a ele
condições de assimilar hábitos, aprender a tomar atitudes, despertar
sentimentos, criar e perseguir ideais, controlar seus instintos e emoções, etc,
O verdadeiro cristão aprende a administrar bem os seus sentimentos e emoções
porque não se deixa levar por impulsos descontrolados. Ele é dirigido pelo
Espírito Santo e faz da Palavra de Deus a sua regra de fé e conduta.
IV. PARTES INTEGRANTES
DA ALMA
1. O intelecto. É a faculdade da alma que capacita o
homem a pensar, raciocinar, decidir, julgar e conhecer. Diretamente ligadas ao
intelecto estão a imaginação, a memória e a razão. Essas faculdades precisam
ser administradas com zelo e temor de Deus, caso contrário, tornam-se em agências
de Satanás contra o reino de Deus.
a. Com a imaginação o homem idealiza
e projeta. É uma
força do intelecto humano que precisa ser bem utilizada. A Bíblia fala da
geração corrompida dos dias de Noé informando que a sua imaginação era má
“perante os olhos de Deus” (Gn 6.5). Vivemos num século onde a imaginação é o
produtor de inventos fantásticos e de tantas coisas boas. Entretanto não
podemos fugir do fato de que a imaginação é utilizada para o mal da sociedade.
b. Com a memória o homem está capacitado a guardar no
cérebro os fatos passados e presentes; com a memória o homem retém idéias e
conhecimentos adquiridos. O mordomo fiel procura usar a sua memória para
glorificar a Deus.
c. Com a razão o homem está capacitado a pensar,
julgar e compreender a relação entre as coisas, distinguir o verdadeiro do
falso e o bem do mal.(EEI)
2. A vontade. O segredo da mordomia da vontade
está em saber administrar os motivos que promovem a ação da alma através da
vontade. Paulo, quando falava da sua própria experiência dizia: “E com efeito o
querer está em mim” (Rm 7.18).
3. Os sentimentos. A mordomia dos sentimentos diz
respeito à capacidade de saber administrar a parte afetiva do nosso ser. O
homem não é como uma máquina, insensível. Ele pode sentir todas as grandes
emoções, como alegria, tristeza, gozo ou prazer, descontentamento e dor.
O pecado
deturpou os sentimentos humanos, escravizando-os e alterando os seus valores
reais, como está escrito: “os quais, havendo perdido todo o sentimento (Ef
4.19).
Lições
Bíblicas CPAD 2º. Trimestre 1987
A MORDOMIA DO ESPÍRITO
TEXTO AUREO
“O mesmo
Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).
VERDADE PRÁTICA
A mordomia
do espírito humano implica no cuidado que devemos ter em mantê-lo acessível à
presença do Espírito de Deus.
TEXTO BÍBLICO = 1 Co
2.14-16; Pv 16.2; Zc 12.1; Mc 14.38
INTRODUÇÃO
O espírito é
a parte mais profunda e superior do ser humano. Scofield comentou em sua
Bíblia: “Sendo o homem ‘espírito’, é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão
com ele; sendo ‘alma’, ele tem conhecimento de si próprio; sendo ‘corpo’, tem
através dos sentidos, conhecimento do mundo.”
1. QUE É O ESPÍRITO
HUMANO
O espírito
no homem representa a sua natureza suprema e o habilita a ter comunhão pessoal
com o seu Criador. E o espírito que torna a alma humana distinta da alma do
irracional. A alma humana sem o espírito seria igual à do irracional. A alma
além de ser a vida natural do homem e fazer parte do seu “eu”, ela pertence à
substância espiritual. E o espírito que vivifica a alma. E pelo espírito que o
homem tem consciência de Deus e também consciência do bem e do mal. Das
criaturas físicas de Deus só o homem possui espírito, o que o torna criatura
singular no reino físico (.Jó 12.10).
O espírito
do homem não é, portanto, a simples respiração ou fôlego de vida. A respiração
é o ato de espirar gás carbônico e inspirar oxigênio para a sobrevivência das
células orgânicas do corpo. Assim sendo, o mais adequado sentido para o termo
espírito encontra-se na obra da criação do homem, quando Deus soprou às suas
narinas fazendo-o “alma vivente”, dando-lhe vida física e espiritual.
II. DISTINÇÃO ENTRE
ALMA E ESPÍRITO
A escola
dícotomista não faz distinção entre alma e espírito, por que interpretam que
ambos são a mesma coisa. Tanto alma como espírito pertencem à parte imaterial
do ser humano. Alguns textos na Bíblia referem-se, às vezes, à alma e ao
espírito como se fossem uma coisa só, porém, à luz do contexto escrituristico
da Bíblia, podemos perfeita mente perceber a distinção que se faz entre alma e
espírito.
O homem. é
uma composição tríplice, conforme literalmente está escrito: “E o mesmo Deus de
paz vos santifique em tudo; e todo o vos so espírito, e alma, e corpo, sejam
plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda do nosso Senhor ,Jesus
Cristo” (1 Ts 5.23).
Uma outra
escritura mostra a mesma distinção de modo claro: “Por que a palavra de Deus é
viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, que
penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e in tenções do coração” (Hh 412). Em tendemos
que a palavra de Deus penetra até a divisão da parte imaterial do homem.
Portanto, são duas as partes do ser espiritual do homem.
Devemos
reconhecer a distinção entre alma e espírito. A despeito dessa distinção, ambos
estão intrinsecamente entrosados, isto é são inseparáveis de modo que a
distinção entre um e outro se torna imperceptível para nós. Espírito, alma e
corpo agem simultaneamente.
III. AS FACULDADES DO
ESPÍRITO HUMANO
São duas as
faculdades essenciais do espírito humano: Fé e consciência. Essas duas
faculdades identificam a religiosidade natural do homem, isto é, o seu lado
intermediário espiritual.
Fé e
consciência expressam a natureza moral e espiritual do homem e mostram sua
indiscutível diferença da criação irracional.
1. Primeira faculdade, a fé. Ë uma qualidade do espírito, com
significação profunda e ampla. Ela envolve outras qualidades, como adoração,
esperança, reverência e oração.
A fé é a
expressão máxima da natureza religiosa do homem. Ë uma faculdade que nasce com
ele. E inata à sua existência. Não é fé adquirida ou ensinada, mas é própria do
ser espiritual humano. Ela abre o caminho para a adoração a Deus, o Criador. A
fé visualiza o futuro com a esperança. A fé incita o homem racional a ORAR e
comungar com Deus.
A fé. no
grego, é PISTIS e tem o sentido simples de crer em, confiar em. Dai. o fato de
que o homem tem, intrínseca em seu espírito, a crença em Deus.
Notemos o
fato de que este tipo de fé tem o sentido de crer. Deus, o Criador, dotou o ser
humano da capacidade de crer.Não se trata de fé salvadora, ou fé como fruto do Espírito. ou fé como dom do Espírito.
Trata-se da fé como crença inerente a Deus.
2. Segunda faculdade, a consciência. E a lei moral e espiritual no
interior do homem, que age como juiz, que aprova ou desaprova o procedimento de
uma pessoa, e que lhe dá condições de reconhecimento do bem e do mal.
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IV. PECADOS DO ESPIRITO
HUMANO
1. O pecado afetou o espírito do
homem. Antes de
apontar os peca- dos do espírito, convém declarar que o espírito humano foi
também afetado pelo pecado. Diz a palavra: “Pelo que como por um homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os
homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). Aqui está a declaração de que
“todos pecaram”, isto é, cada pessoa e todas as suas partes: corpo, alma e
espírito.
A Bíblia diz
que o homem foi criado “à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Que semelhança
é esta? Já que o homem é um ser moral e espiritual, além de físico, entende-se
que há na natureza espiritual do homem uma lei superior centralizada no
interior do espírito humano, que é a consciência. Esta lei exige que o homem
viva de acordo com a sua natureza mais alta.
2. Pecados afetos à crença inata em
Deus. Pelo espírito,
o homem tem consciência de Deus e relaciona-se com Ele através da oração, da
comunhão e da adoração.
Na criação
original, antes da queda, a faculdade da fé inerente ao homem atuava com maior
intensidade. Depois da queda, essas faculdades morais e espirituais foram
afetadas pelo pecado. As relações entre Deus e o homem foram cortadas, e
somente foram restauradas por ,Jesus Cristo (Ef 2.13-18).
a. Idolatria. Esse é um pecado que fere frontalmente
a soberania e a santidade de Deus, O primeiro dos dez mandamentos dados a
Moisés, ftí: “Não terás outros deuses diante de mim” (Éx 20.3).
É um pecado
do espírito humano porque contraria a natureza espiritual que é no sentido de
adorar, orar e louvar a Deus, o Criador de todas as coisas. Adorar implica
reconhecer a soberania de Deus e oferecer a Ele reverência e louvor (Jo
4.23,24; Fp 3.3). O espírito está no homem para diferenciá-lo do irracional,
que não pode adorar ao Criador inteligentemente.
h. Orgulho. No grego a palavra HYBRIS significa
insolência devassa. Porém, a idéia básica da palavra hubris é “o orgulho que se
levanta contra Deus e os homens igualmente”. A característica mais real do
orgulho é a sede insaciável pelo poder, a busca desenfreada de auto afirmação.
cED
c. Egoísmo. É outro pecado do espírito humano.
Ele se expressa nas relações Com Deus e com OS homens. O egoísmo torna o
espírito da pessoa obsessivo. Tudo o que faz, pensa ou realiza fica em torno do
seu “eu”. A grande vitória espiritual está em crucificar o “ego” para que
Cristo reine e se assente no trono do coração (Gl 2.20).
d. Dureza de coração. Outro termo conhecido com o mesmo
sentido é “duro de Cerviz”. A dureza de coração refere-se à insensibilidade de
uma pessoa para com o próximo e para com Deus (1 Sm 25.3).
Lições
Bíblicas CPAS 2º. Trimestre 1987