ESMIRNA A IGREJA CONFESSANTE E MÁRTIR
TEXTO ÁUREO = “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap
2.10)
VERDADE PRÁTICA = Deus permite que os sofrimentos venham, mas pode
também dizer: “Até aqui e não mais adiante”.
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Ap 2.8-11
INTRODUÇÃO
Avançamos agora para a segunda carta enviada a outra das igrejas da
Asia, em que, como antes, observamos: O prefácio ou inscrição em duas partes.
1. O sobrescrito, contando-nos a quem foi mais direta e energicamente dirigida:
“...ao anjo da igreja que está em Esmirna”, um lugar bem conhecido naquela
época pelos mercadores, uma cidade de muito comércio e grande opulência, talvez
a única das sete cidades que ainda é conhecida pelo mesmo nome, mas já não é
conhecida pela igreja cristã que foi devastada pelo maometismo.
O sobrescrito, contendo mais um dos títulos gloriosos do nosso Senhor
Jesus, “...o Primeiro e o Ultimo, que foi morto, e reviveu”, tomado do capítulo
1.17,18. (1) Jesus Cristo é o Primeiro e o Ultimo. A nós é permitido um pequeno
período neste mundo, mas o nosso Redentor é o primeiro e o último. Ele é o
primeiro, pois por meio dele todas as coisas foram criadas, e Ele estava antes
de todas as coisas com Deus e era Ele mesmo Deus. Ele é o último, pois todas as
coisas foram feitas para Ele, e Ele será o Juiz de tudo. Esse certamente é o
título de Deus, de eternidade a eternidade, e é o título de um que é o Mediador
imutável entre Deus e o homem, Jesus, o mesmo ontem, hoje e para sempre.
Ele foi o primeiro, porque por Ele foi posto o fundamento da igreja no
estado patriarcal; e Ele é o último, porque por meio dele será trazida a pedra
final e será colocada no final dos tempos. (2) Ele foi morto, e reviveu. Ele
foi morto, e morreu por nossos pecados; Ele está vivo, e ressuscitou para a
nossa justificação, e Ele vive para sempre para fazer intercessão por nós. Ele
foi morto, e ao morrer obteve a salvação por nós; Ele está vivo, e por meio da
sua vida aplica essa salvação a nós. “Se nós, sendo inimigos, fomos
reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais seremos salvos pela
sua vida”. Relembramos a sua morte a cada Ceia do Senhor; sua ressurreição e
vida, a cada domingo.
Nos dias em que a igreja de Smirna recebeu a carta de Jesus, ela vivia
em grande aflição por causa das grandes perseguições que enfrentava. Nos dias
de hoje não se fala mais, em nosso país, de perseguições em virtude da fé que
professamos como aconteceu antes, não só aqui, mas em vários lugares no início
desta obra. Atualmente a Igreja é considerada e reconhecida. Muitos que nos
perseguiam e escreveram contra nós, querem agora manter bom relacionamento
conosco, e o nome “pentecostal” é cobiçado até por aqueles que pouco têm a ver
conosco. Jesus, porém, advertiu que este tempo é mais perigoso do que o tempo das
perseguições (Lc 6.26).
O tópico da sua carta a Esmirna, em que após a declaração comum da
onisciência de Cristo e do perfeito conhecimento que ele tem de todas as obras
dos homem e especialmente das suas igrejas, Ele observa:
Enquanto o Brasil goza de total liberdade religiosa, existem milhões de
crentes em várias partes do mundo que sofrem torturas, prisões e morte por
causa de sua fé em Jesus. Nesta lição vamos estudar a mensagem de Jesus para a
igreja sofredora.
A BIBLIA FALA DE SOFRIMENTO POR CAUSA DA
FÉ
1. Sofrimento na conversão. A conversão, às vezes, é acompanhada de perseguições.
Quando Jesus salva alguém do mundo (Jo 15,19), libertando das tradições (I Pe
1.18), o inimigo e seus seguidores começam a rugir (I Ts 2.14-16; II Co
2.1-11).
Muitos crentes têm sofrido, seja no ambiente de seus familiares (Mt
10.35,36), no colégio, no lugar de trabalho, na vizinhança, etc. Diz a Bíblia
que “por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22).
2. Sofrimento por erro doutrinário. As doutrinas errôneas trazem sofrimento. Os crentes
em Smirna sofreram por causa de doutrinas erradas. Em Smirna havia religiosos
tão fanáticos que Jesus os chamou de “Sinagoga de Satanás” (Ap 2.9). Foram eles
que incitaram a população a perseguir os autênticos seguidores de Jesus.
3. Sofrimento como cumprimento
profético. As perseguições são parte
do cumprimento das profecias. A palavra profética avisa que nos últimos tempos
haverá perseguições por causa da fé (Lc 21.12; Mt 24.9, 10). Este sinal tem-se
cumprido de modo surpreendente em várias partes do mundo. E como será no
futuro?
TIPOS DE SOFRIMENTO DO POVO DE DEUS
Na Sua carta à igreja em Smirna, Jesus usa várias expressões, para
designar o sofrimento do Seu povo,
1. Tribulação. Fala de adversidade, aflição no sentido físico, que
os Seus servos haveriam de sofrer por causa da sua fé. O Espírito lhes
revelava, ainda, que viriam mais sofrimentos (Ap 2.10). Além da tribulação por
causa da fé, existiriam também aflições por motivos de finanças, enfermidades,
acidentes, catástrofes, morte, etc. Todavia, Jesus tem uma palavra de
consolação para todos (II Co 1.3-6),
2. Pobreza (Ap 2.9). Jesus fala aqui da pobreza material sofrida pelos
crentes por serem rejeitados no trabalho. Quando o chefe de família é preso ou
demitido por causa da sua fé em Jesus, a família sofre privações. Jesus, porém
escreveu: “TU ES RICO” (Ap 2.9). O sofrimento é recompensado pela riqueza das
bênçãos que o acompanham (I Ts 1.5; II Co 6.10).
3. Blasfêmia (Ap 2.9). Jesus menciona aqui os sofrimentos morais, que
consistem sempre em ser alvo de críticas, mentiras, etc. Paulo disse: “somos
blasfemados, até ao presente temos chegado a ser como lixo deste mundo, e como
a escória de todos” (I Co 4.13).
JESUS CONHECE OS PROBLEMAS DA SUA IGREJA
1. “Eu sei as tuas obras, e tribulação”
(Ap 2.9). Nos momentos de sofrimento,
às vezes podemos pensar: Por que Deus não guardou ou não impediu que seus
servos sofressem tanto? Mas Jesus disse: “EU SEI”. Ele sofreu mais do que todos
os seus seguidores, e afirmou: “CONVINHA que se cumprisse tudo o que de mim
estava escrito” (Lc 24.44).
O caminho da redenção passou pelo vale do sofrimento. Mas ainda existe
um “resto de aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”, para ser
cumprido (Cl 1.24).
Lembre-se de que Deus, muitas vezes, mostra o seu poder, e foi o que
fez livrando os três moços do forno de fogo ardente (Dn 3.23-29); Daniel, da
cova dos leões
(Dn 6. 21- 27); Pedro, da mão de Herodes (At 12.1-11), etc. Porém, Ele
mesmo permitiu que Estêvão fosse apedrejado (At 7.58,59); João Batista,
degolado (Mt 14.10,11); e Tiago, morto (At 12.2).
Deus pode, portanto, permitir o sofrimento, ou impedi-lo, ou dizer:
“Até aqui virás, e não mais adiante” (Jó 38.11; Sl 89.9).
2. Jesus é o Cristo Redivivo. Jesus mandou que João escrevesse o seguinte: “isto
diz o primeiro e o timo, que foi morto, e reviveu” (Ap 2.8). Com isto Ele
estava dizendo: “Eu sofri e venci”. Assim a vitória de Cristo se constitui no
penhor da nossa própria vitória.
JESUS CONDUZ A SUA IGREJA A VITÓRIA
1. Não temas (Ap 2.10). O medo é o inimigo que prejudica a fé. Enquanto Pedro
confiou na palavra de Jesus, caminhou por cima das ondas do mar, porém teve
medo e começou a afundar-se (Mt 14.30,31). O medo afasta o crente de sua
tranqüilidade à sombra do Onipotente (Si 91.1,2). Nada temas!
2. “Nada vos fará dano algum” (Lc 10.19;
Hb 13.6). Jesus falou da vitória em
meio às tribulações da vida (Ap 2.11). O poder do inimigo é limitado (Mt
10.28). Ele não vai além do que Deus permite.
3. A tribulação como plano divino. A Bíblia mostra claramente que o sofrimento está
dentro do piano de Deus (Rm 8.28).
Será possível? Jesus disse a Pedro, que ele, pela sua morte,
glorificaria ao Senhor
(Jo 21.19). Paulo afirmou desejar que Jesus fosse glorificado pelo seu
corpo, seja através da vida ou da morte (Fp 1.20).
A morte de Estêvão teve como resultado a salvação de Saulo (At 8.1;
26.14). A história da Igreja mostra que o sangue dos mártires é a semente do
Evangelho.
4. Deus nos faz triunfar. É Deus quem nos faz triunfar na adversidade. Em
conseqüência, Ele, que enviou um anjo a fim de confortar a Jesus no
Getsêmani (Lc
22.43), mandou também outro anjo para ajudar a Paulo em meio às perseguições
sofridas em Corinto (At 18.6) e às amarguras dum naufrágio (At 27.23), é o
mesmo que dá força para suportarmos as tribulações da vida, hoje (I Co 10.13).
FIEL ATÉ A MORTE
1. Fidelidade a Jesus. Ele sempre nos foi fiei (I Co 1.9; Ap 19.11) e espera
fidelidade de nossa parte também (Sl 101.6).
Quando Poli carpo, bispo da igreja em Smirna, 60 anos após a carta de
Jesus, estando em julgamento, foi interrogado se queria renegar a Cristo para
evitar o martírio, respondeu: “Em 90 anos Jesus sempre me foi fiel. Como
poderia eu negá-lo?” Policarpo foi queimado vivo, mas permaneceu fiei até o
fim.
2. Fidelidade diante dos irmãos. O exemplo de fidelidade diante de nossos irmãos é
coisa importante. Paulo escreveu: “Muitos, tomando ânimo com as minhas prisões”
(Fp 1.14), querendo dizer que os sofrimentos e perseguições que afligem um
irmão servem de estímulo e encorajamento a outros, sejam eles já maduros na fé
ou ainda iniciantes.
3. Fidelidade até a morte. Que é a morte para o crente? Não é a entrada para a
glória? Se testificarmos que não temos medo da morte, devemos ser fiéis ainda
que a morte seja a exigência da demonstração da nossa fidelidade.
RECOMPENSA DO VENCEDOR FIEL
1. O vencedor será glorificado. Os que padecem pelo nome de Jesus, com Ele viverão (II
Tm 2.11), e serão glorificados (Rm 8.17) e recompensados com “grande galardão”
(Mt 5.10,11).
2. Coroa da vida para o vencedor. O vencedor receberá a coroa da vida (Ap 2.10). Depois
da batalha final, todos os que lutaram com Cristo serão coroados. A entrega das
coroas terá lugar diante do Tribunal de Cristo, logo após o arrebatamento (II
Co 5.10; Rm 14.10; Ap 22.12).
M orar em Esmirna no primeiro século não seria fácil para o discípulo de Jesus. Além das perseguições pelos judeus, eles enfrentavam uma ameaça mais organizada e mais poderosa. A idolatria oficial, juntando a religião à força do governo, prometia uma perseguição perigosa aos cristãos da cidade, tentando-os a abandonarem a sua fé para melhorar as suas circunstâncias ou até para evitar a morte violenta.
Para vencer esta tentação, teriam que acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Mesmo se morressem, as suas vidas eternas seriam garantidas somente se mantivessem sua confiança no eterno Senhor, “o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver”.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Lições bíblicas CPAD 1989
Comentário
Bíblico Mathew Henry - Novo Testamento
Edição Completa
ESTUDO PARA
COMPLEMENTO
QUANDO A PERSEGUIÇÃO ATINGE O FIEL == Apocalipse
2.8-11
A linha foi traçada na areia. A guerra está declarada. O inferno, em
sessão oficial; e a Igreja, sob ataque. O reino de Satanás empenha-se numa
batalha sem quartel contra a Igreja de Jesus Cristo. As forças do inferno estão
convocadas contra o povo de Deus. Violenta tempestade arma-se no horizonte.
Em ação, a Igreja Batista de Hamilton Square, em São Francisco. Ao se
reunirem para o culto de domingo à noite, em 19 de setembro de 1993, aqueles
crentes sabiam que muita coisa haveria de acontecer. Apenas não imaginavam com
que intensidade! O orador seria Lou Sheldon, um sincero oponente da legislação
pró-homossexual da Califórnia. Como presidente da Coalizão de Valores
Tradicionais, em 1989, Sheldon havia revolucionado os costumes domésticos dos
casais de São Francisco.
Sua visita fez da igreja um campo de batalha. Dois jornais
pró-homossexuais noticiaram a visita de Sheldon, provocando uma avalanche de telefonemas
à igreja. Ativistas ameaçaram atrapalhar. E realmente atrapalharam. O culto
tornou-se campo de batalha. Aproximadamente 100 desordeiros invadiram a área
exterior do templo, controlando-a totalmente.
Furiosos, eles negavam o acesso dos crentes ao templo. Verificou-se até
violência física. Uma irmã foi arrancada da porta da igrejas por esses
ativistas. A polícia limitou-se a assistir aqueles atos de vandalismo. Os
baderneiros arrancaram a bandeira da igreja para hastear a dos homossexuais.
Crianças foram molestadas e destratadas. Obscenidades, proferidas.
Quando o culto teve início, gays furiosos começaram a esmurrar as
portas do santuário, convidavam os fiéis a orgias sexuais. Enquanto os crentes
cantavam, aqueles vândalos atiravam ovos e pedras nas janelas. O pastor foi
atingido pelos estilhaços, e precisou de escolta policial para deixar a igreja.
Era como estar em Sodoma e Gomorra.
Mas isto aconteceu na América. Continuarão tais agressões contra a
igreja? E se outras minorias resolverem agir de igual modo? Já é a perseguição
dos últimos dias?
Uma coisa está clara. Jesus avisou-nos de que isto aconteceria antes de
sua vinda: “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão;
e sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome” (Mt 24.9).
Antes de sua crucificação, Jesus já nos havia advertido: “Se o mundo
vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim. Se vós
fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo,
antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece” (Jo
15.18,19). O apóstolo Paulo fez igual advertência: “Sabe porém isto: que nos
últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos... E também, todos os que piamente
querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm 3.1,12). A linha foi
traçada na areia. Os lados escolhidos. E a guerra declarada. O inferno está em
guerra contra o céu.
Esmirna, a segunda igreja a receber a carta de Cristo, sabia disto. Ela
representa os cristãos perseguidos em todos os tempos e cenários culturais.
Façamos uma viagem à velha Esmirna.
O Cenário
Esmirna era a mais bela cidade da Ásia Menor. Era a coroa do
continente. Próspero centro portuária, possuía um pitoresco cenário natural.
Fazia fronteira com o Mar Egeu, sendo ladeada por uma montanha circular chamada
Pagos. A bela montanha era contornada pela Rua do Ouro. Nela, haviam templos
pagãos e edifícios públicos que lhe davam a aparência de uma coroa. As ruas bem
pavimentadas e delineadas por arvoredos, acentuavam-lhe a beleza. Seus prédios
eram conhecidos como a coroa de Esmirna; assemelhavam-se a um colar de
diamantes.
Séculos antes, Alexandre, o Grande, determinara fazer de Esmirna a
cidade-modelo da Grécia. Sua vida cultural florescia. As artes, educação,
filosofia e ciência. Tudo florescia. Ela ostentava magnífica biblioteca e um
monumento ao seu mais ilustre filho - Homero. Aqui, achava-se também o maior
teatro da Asia. Seu orgulho e beleza estavam gravados em suas moedas.
Localizada a 40 milhas ao norte de Éfeso, possuía um porto natural onde
frotas inteiras abrigavam-se de ataques e tormentas. Ela ocupava o segundo
lugar nas exportações, sendo superada somente por Efeso. Era o grande e
florescente centro do comércio internacional. Esmirna tinha fortes laços com
Roma. Quando seis cidades competiam pelo privilégio de construir um monumento à
capital do império, foi Esmirna a escolhida. Sua fidelidade a César era
indiscutível.
Conseqüentemente, era um próspero centro do culto ao imperador.
Naqueles dias, César era como um Deus para o povo. A sua imagem, esculpida em
mármore, eram queimados incensos.
Todos eram convocados, anualmente, a jurar fidelidade ao imperador. O
que se recusasse a fazê-lo, era preso e executado ao fio da espada. Esmirna era
o berço do paganismo.
Cibele, Apolo, Asclépio, Afrodite e Zeus. Todos os deuses eram
abertamente adorados em Esmirna. Mas, nesta perversa cidade, havia um pequeno
rebanho de Cristo. Arrancados a esse sistema diabólico, fizeram-se Igreja de
Deus. Em Esmirna não era fácil ser cristão. Muitos eram perseguidos e mortos
por sua fé. Ser chamado de cristão, aqui, era sobremodo perigoso.
Esmirna significa myrh - fragrância usada para se fabricar perfume.
Quando esmagada, a casca da myrh exala doce aroma. Esta é a precisa descrição
da igreja. Quanto mais esmagada pelo mundo em virtude de sua fé em Cristo, mais
o aroma de seu testemunho exala. Diante da oposição, a fragrância daquela
igreja espalhara-se por toda a Asia Menor. Se Éfeso era como São Paulo - líder
no comércio e na indústria, Esmirna era como o Rio de Janeiro - um centro
cultural de primeira grandeza.
O Remetente
Jesus identifica-se a esta perseguida e atribulada igreja de maneira
dramática. Encoraja-a; enaltece-lhe o espírito. E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e
o último, que foi morto, e reviveu... (Ap 2.8).
Aquele que É Eterno
Jesus é o primeiro e o último. Este título lhe declara a eternidade.
Antes que o tempo existisse, Jesus já existia. E Ele existirá depois que todas
as coisas se findarem. Da eternidade a eternidade, Ele é. Nada pode limitá-lo.
Ela revela sua natureza a Esmirna para que esta, em meio ao sofrimento, tenha
uma perspectiva eterna. Em meio às lutas, lembremo-nos de que Jesus já existia
antes do tempo. O que aqui sofremos é insignificante se comparado à glória
eterna que nos aguarda.
Aquele que Vive
Jesus é aquele que foi morto e reviveu. Ele transpõe a eternidade. Como
Deus eterno, invadiu o tempo e a história no ventre da virgem. Tornou-se
verdadeiro homem. Tomou a forma de servo e viveu a vida sem pecado. Falsamente
acusado como criminoso, foi suspenso entre o céu e a terra entre dois ladrões.
Mas obediente até morte, Deus o ressuscitou triunfantemente.
Sua vitória sobre a morte é também a nossa vitória. Grande encorajamento
para esta igreja sofredora! Eles também sofriam injustiças de Roma. E à
semelhança de Cristo, mantinham-se obedientes e fiéis até a morte. Mas a morte
não pode deter os santos. Um dia, os mártires ressuscitarão triunfalmente: sua
vitória é eterna.
O Pecado
Não há repreensão para Esmirna. Nenhum membro é censurado. Embora não
haja igreja perfeita aos olhos de Cristo, diante de quem todas as coisas estão
expostas e descobertas, Esmirna não apresenta nenhuma falha gritante.
Imagine-se, agora, em Esmirna, ouvindo esta carta. No momento da repreensão,
nenhuma censura. Nenhuma! Apenas favor e aprovação do Cristo.
O Sofrimento
Jesus agora conforta sua igreja. Perseguida e pura, não necessita de
correção, mas de encorajamento. Diz-lhe o Senhor:
Eu sei as tuas obras, e tribulação, e
pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são,
mas são a sinagoga de Satanás. Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis
que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados, e tereis
uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.9,10).
Assim Jesus inicia a sua carta: “Eu sei as tuas obras”. Sei ou conheço
(oida, no grego) é o conhecimento adquirido pela própria experiência. E
aprender algo através do envolvimento pessoal. E também apreciar, respeitar ou
valorizar a qualidade de uma pessoa ou coisa.
Ao declarar: “Eu sei a sua tribulação”, Ele está dizendo: “Sei
exatamente o que está se passando. Já passei por isto. Sei como se sente. Sei
como é ser falsamente acusado, molestado e cuspido. Sei o que é ser açoitado,
escarnecido e morrer de maneira injusta. Sei o que está sofrendo, e valorizo
grandemente a sua lealdade”.
Jesus fala sobre cinco diferentes níveis de perseguições sofridas por Esmirna:
governamental, econômica, física, religiosa e satânica.
Perseguição Governamental
Esmirna sofria sob a tirania de Roma. Mais adiante, Jesus identifica
tal tribulação como prisão ou encarceramento. A palavra tribulação (thlipsin,
no grego) é muito radical. Literalmente, significa esmagar um objeto,
comprimindo-o. Descreve a vítima sendo esmagada, e seu sangue, extraído.
Descreve pessoas esmagadas até a morte por uma enorme pedra. Também descreve a
dor duma mulher ao dar filhos à luz.
Em Esmirna, os crentes eram dolorosamente esmagados sob as rígidas
cláusulas da lei romana. Eram arrancados de suas casas, capturados nas feiras
livres e levados cativos. César jogava toda a força de seu poderoso império
sobre esta pequena igreja. E muitos desses santos já haviam selado seus
testemunhos com o próprio sangue.
Quando a igreja foi fundada em Jerusalém, era Israel quem lhe avultava
como ameaça, e não Roma. Além do mais, vigorava naqueles dias a paz romana,
obrigando todas as possessões imperiais a observarem rigoroso ordenamento.
Embora cada país conquistado pudesse conservar seus próprios líderes e
costumes, tinha de prestar cega obediência ao imperador. Aparentemente nada
havia mudado. O povo ainda gozava certas liberdades políticas, religiosas e
culturais, mas lá estava o Império Romano pronto a reprimir qualquer
indisciplina.
Mas tudo mudou repentinamente. Em 67 d.C., um louco chamado Nero subiu
ao trono de Roma. Temendo perder o trono, Ele matou suas três primeiras esposas
e a própria mãe. Sob sua insanidade, as chamas da perseguição foram inflamadas
contra a igreja. Nero culpou os cristãos por muitos de seus erros políticos.
Foi esta a perseguição mencionada nas duas epístolas de Pedro.
Mas Nero morreu cedo, proporcionando momentâneo refrigério à igreja. Em
81 d.C., porém, outro insano assume o poder. Domiciano era mais cruel que Nero.
E logo uma segunda onda de perseguição levanta-se contra os cristãos. Esta é a
perseguição a que Jesus se refere na carta a Esmirna.
Ao expandir-se, Roma conquistou muitos territórios e países, gerando
grande diversidade de línguas e culturas no império. Como unificar tantas
diversificações? Como consolidar tantos movimentos nacionalistas? Alguns
destes, contra Roma. A adoração ao imperador foi a resposta. Uniria o império,
pois obrigaria cada cidadão romano a prestar, uma vez por ano, pública lealdade
diante do busto de César. Para a grande maioria dos cidadãos romanos, isto não
era problema. Afinal, já adoravam a vários deuses. O que era mais um deus? Mas
para os cristãos, adorar a César era uma traição ao Rei dos reis. Não podiam
assentir nesta idolatria. Ao invés de declarar: “César é Senhor”, os primeiros
cristãos bravamente confessavam: “Cristo é Senhor! Como resultado, passou a
igreja a sofrer dolorosamente.
O historiador H. B. Workman: “Tornar-se cristão significa grande
renúncia. Aquele que seguir a Cristo tem de contabilizar o custo, e estar
preparado para pagá-lo com a própria vida. A declaração do nome de Cristo já
era um crime, O nome significava tortura e ser lançado às feras. No caso das
donzelas, a infâmia era pior que a morte”.
A perseguição governamental não cessou. Estamos perdendo a liberdade
religiosa. Nossa liberdade espiritual vem sendo diariamente fraudada.
No Alasca, em 1987, alguns estudantes foram advertidos a não usar a
palavra Christmas (Natal), por conter ela o nome de Cristo. Nem nos cadernos,
podia a palavra ser encontrada. Tampouco estavam autorizados a enviar cartões
de Natal a seus colegas de escola.Um casal da igreja que recentemente pastoreei,
foi a Rússia ensinar táticas bíblicas aos professores de escolas públicas
daquele país. Achei isto maravilhoso. Eles tiveram de viajar meio mundo para
partilhar valores cristãos, o que não puderam fazer em Little Rock, Arkansas.
Quanto tempo ainda falta antes que enfrentemos o tipo de perseguição a que eram
submetidos os cristãos do primeiro século?
Perseguição Econômica
Houve também perseguição econômica contra a igreja em Esmirna. Foi
Jesus quem o revelou: “Eu sei a tua tribulação e pobreza” (Ap 2.9). A palavra
pobreza (ptocheian, no grego) denota alguém tão desprovido de bens, que nada
chega a possuir. Ele não está apto a ganhar nem mesmo ninharias; acha-se à
mercê da caridade humana.
Assim, Esmirna. Tão pobre que não podia fazer o mínimo orçamento. Não
tinham nada. O motivo? Os teólogos da prosperidade responderiam: “Esmirna
estava fora da vontade de Deus. Tudo o que tinham a fazer era decretar a
bênção. Estavam vivendo indignamente. Deus os queria ricos.”
Mas, deveriam eles ser repreendidos por sua pobreza? Não! Eram pobres
porque
estavam na vontade de Deus. Prosperidade financeira não é a vontade de
Deus para todos. Por isto é difícil ser cristão. Pode custar até mesmo a
prosperidade financeira.
Não se esqueça de que Esmirna era uma das mais prósperas cidades
daqueles dias. Não havia baixas no mercado, nem recessão. Os negócios cresciam.
Lá, qualquer pessoa podia prosperar. Mas os homens de negócios cristãos eram
despedidos de seus empregos. Suas lojas, violadas e saqueadas; seus pertences,
roubados. Tudo porque confessavam que Jesus Cristo é Senhor, e não César.
A analogia mais próxima que temos é a grande perseguição dos judeus na
Alemanha nazista. Suas viagens eram restritas. Suas lojas, vandalizadas. Seus
locais de adoração, maculados; e suas propriedades, confiscadas. Eram
humilhados, estigmatizados, caluniados, molestados e agredidos fisicamente.
Privavam- nos do básico para o dia-a-dia. Tudo isto por sua identidade
religiosa.
A mesma pressão econômica começa a atingir os cristãos na América e em
outros países ocidentais. O preço para se fazer negócios como cristão aumenta
consideravelmente. Enquanto escrevia este capítulo, recebi o telefonema de dois
homens de negócios de nossa igreja. Dois homens respeitados e que ocupam
posições proeminentes em companhias importantes.
O primeiro contou que seria forçado a demitir-se devido a sua fé em
Cristo. O dono da companhia, questionando-lhe a lealdade, perguntou-lhe: “Sua
igreja é mais importante que este negócio? Sua fé é mais importante que sua
carreira? Se assim for, está no lugar errado”.
O segundo relatou algo similar. Como chefe de operações de uma
corporação em Little Rock, enviou cartões de Natal a seus clientes. Os cartões
continham o nome de Cristo ao lado do da companhia. Com isto, os ímpios ficaram
ofendidos: “Levaremos o problema aos diretores da empresa. Estamos ofendidos
por você nos haver enviado o cartão com o nome de Cristo. Isto custará o seu
emprego!” Ambos os incidentes ocorreram em Little Rock, Arkansas, mas logo
estará se repetindo em sua cidade.
Perseguição Religiosa
Jesus identifica outro nível de
perseguição - a religiosa: “Eu sei... a blasfêmia dos que se dizem judeus e não
o são, mas são a sinagoga de Satanás”
(Ap 2.9).
O nó continua apertando. Em Esmirna, havia uma grande comunidade
judaica que hostilizava fanaticamente o cristianismo. Tal fúria já fora
demonstrada no apedrejamento de Estêvão em Jerusalém (At 7). Cheios de ódio, os
judeus tramavam agora contra os nascidos de novo. Não satisfeitos, também blasfemavam
contra os crentes.
Eles acusavam os cristãos de comerem carne humana, numa referência à
Santa Ceia. Acusavam-nos ainda de perversões sexuais por causa do ósculo santo
e da ênfase que estes davam ao amor fraternal. Conseqüentemente eram acusados
de incesto e orgias sexuais. A Igreja, segundo eles, era ateísta por não adorar
a César. Era politicamente infiel. E por requerer absoluta fidelidade a Cristo,
era acusada de separar famílias. Mas estes acusadores eram a sinagoga de
Satanás, instrumentos do demônio. Usados pelo inferno, faziam oposição ao povo
e ao plano de Deus. Da mesma forma, a igreja hoje pode esperar semelhante
perseguição, não somente do governo, mas também dos cristãos apóstatas que não
passam de sinagogas de Satanás.
O diabo também vai à igreja. Ele diz: “Tenho alguns pregadores, quero
ouvi-los falar. Tenho alguns corais, quero ouvi-los cantar. Tenho alguns
discípulos com os quais quero compartilhar meus planos”. Há igrejas que não
passam de redutos de Satanás. Não pregam o verdadeiro Evangelho. Negam a
Escritura, menosprezam a ressurreição de Jesus Cristo. Promovem a
licenciosidade. Abandonando a Palavra de Deus, ordenam homossexuais ao
ministério cristão. Permitem todo tipo de perversão. Estas sinagogas de Satanás
perseguirão em breve a verdadeira Igreja de Deus.
Perseguição Física
Jesus também alertou quando à
perseguição que Esmirna haveria de sofrer:
Nada temas das coisas que hás de
padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais
tentados, e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel ate’ a morte, e
dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10).
A questão não era se iriam sofrer. Mas quando e o quanto? Jesus
garantiu que mais sofrimento estava por vir. Ele não oferece livramento, mas
avisa que o diabo lançaria alguns na prisão. As prisões romanas eram lugares
horríveis. Ninguém queria ser lançado nelas. Os presos ou eram mortos pelas
autoridades penitenciárias, ou torturados e arremessados às ruas. Ninguém
durava muito tempo numa prisão romana.
O governo era muito ocupado para pajear criminosos; nada queria gastar
com a sua alimentação. Caso o prisioneiro fosse cristão, a situação piorava.
Era mõrto, ou surrado e atirados à rua.
Esmirna sofreu fisicamente! Os oficiais romanos invadiam as casas, e
prendiam os crentes diante do olhar aflito de seus familiares. Arrastavam-nos
às prisões, fazendo deles público exemplo. Não dissera Jesus que teriam
tribulação de dez dias? Alguns eruditos têm especulado sobre estes dez dias.
Simbolizam dez perseguições gerais? Ou dez estágios na história da igreja? Para
mim, tratam-se de dez dias literais. Afinal, ninguém conseguia permanecer por
muito tempo nas celas romanas. Dez dias pareciam dez anos.
Misericordiosamente, o Senhor estabelece limites para nosso sofrimento.
A prova não vai além do que podemos suportar. Se o Senhor diz dez dias, não há
forças na terra capaz de prolongar-nos o sofrimento. Para os cristãos de
Esmirna, Jesus recomenda: “Sê fiel até a morte”. Alguns deles pagariam com a
vida o preço de seguir a Cristo. Mesmo em face ao martírio, Jesus é taxativo:
“Sê fiel até a morte”.
Se os oficiais romanos viessem até você, e o intimassem: “César ou
Cristo?”. Você ficaria com Jesus? A resposta tem de ser sim. Deus nos dará
graça para fazer tal confissão. Enquanto isto, permaneçamos fiéis a Ele.
Perseguição Satânica
Finalmente, Jesus dissera que Esmirna enfrentaria perseguição do
próprio diabo. Como aqueles cristãos viviam para Cristo, seriam atacados pela
sinagoga de Satanás. Estariam em guerra contra o próprio inferno. Decididamente,
não lutavam contra a carne, e sim contra os principados, potestades, príncipes
das trevas e hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef
6.11,12). Por trás de toda perseguição, acha-se o próprio Satanás. Por trás do
imperador romano, o demônio, que despejava sua fúria contra os crentes. Muitos
cristãos foram presos, e outros, condenados à morte.
Estes crentes sofreram, simultaneamente, de cinco maneiras diferentes.
Foram atacados política, econômica, religiosa, física e satanicamente. Afinal,
como escreve Paulo “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus,
padecerão perseguições” (2 Tm 3.12). Não se engane! Custa caro ser cristão.
Nalguns lugares, mais que em outros. Com as pressões do final dos tempos, a
perseguição contra a igreja crescerá ainda mais. Por todo o mundo, igrejas e
indivíduos serão convocados a sofrer mais que nunca.
Não há repreensão para Esmirna. A outra exceção foi Filadélfia, que
também sofria perseguição. A lição é muito clara: a perseguição purifica a igreja!
Se o mundo o perseguisse, você jamais amaria as coisas que ele oferece. Caso
contrário: haveria de se contaminar com o mundo. Se você fosse trancado numa
masmorra romana, você deixaria seu primeiro amor? Provavelmente não.
Negligenciaria a oração diante da morte? Não!
Se o mundo o atacasse, você teria problemas em amar outros crentes?
Ficaria grato diante da morte? Enfrentemos o fato: não manejamos bem a
prosperidade. Basta ligar o rádio para ouvir pregadores da teologia da
prosperidade despejando sua descontrolada luxúria. Dizem eles: “Deus fará de
você um milionário se tiver fé e confiar nele!”
Todavia, a maior bênção que poderia acontecer à causa de Cristo,
atualmente, seria a perseguição. Disse alguém certa vez: “O problema com os
crentes de hoje é que ninguém mais quer matá-los. Tal perseguição levar-nos-ia
às bases essenciais do que significa ser um genuíno seguidor de Cristo”.
Que conselho Jesus tem para a igreja sofredora? Apenas dois lembretes:
“Nada temas” e “Sê fiel até a morte”. E que alguns daqueles cristãos achavam-se
amedrontados e perigosamente enfraquecidos. A fórmula para não se temer ao
homem é temer a Deus. Tema a Deus e não precisará temer o homem! O temor a Deus
começa com a visão de Deus, cultuada com o entendimento de sua impressionante
santidade. Submeta-se a sua soberania. Dobre os joelhos diante de sua justiça.
Seja consumido pela grandeza divina.
Mais a frente Jesus diz: “Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da
vida”. Ao enfrentar a morte, os crentes eram encorajados a serem fiéis. Não
podiam voltar atrás e negar o nome de Cristo. Nem todos são chamados a ser um
mártir. Mas todo discípulo precisa estar pronto a fazer tal sacrifício.
Nossa voluntariedade em morrer por Cristo é a última prova de nossa
lealdade a Ele. Não estamos prontos a viver até estarmos prontos a morrer.
Crentes que morrem por sua fé em Cristo são recompensados. A coroa da vida os
espera. Esta coroa (stephanos, no grego) é o galardão da vitória que recebiam
os atletas vencedores. Sua lealdade até a morte trar-lhe-á esta coroa. Eis aqui
forte motivação para se permanecer fiel a Cristo. Uma coroa especial está a
espera de todo aquele que pagar o último preço por seguir a Cristo. É isto que
Deus pede que façamos: “Não temas” e “Sê fiel”.
O Alerta
Apesar da violenta perseguição, os vencedores obterão grande vitória
sobre o mundo. Jesus conclui com um alerta para se ouvir e considerar esta
mensagem:
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito
diz às igrejas (Ap 2.11a).
Todo ouvido precisa estar alerta ao que Jesus diz. São palavras fortes
que precisam ser obedecidas. Preste bastante atenção. Guarde bem estas
verdades. Mathew Henry escreve: “A evidência clara de nosso amor por Cristo é a
obediência às suas leis... o amor é a raiz, e a obediência, o fruto”.
Conta-se que Henrique III, que reinou no século XI, cresceu enfadado da
vida da corte e das pressões oriundas da realeza. Por isto, pediu a um
monastério que o acolhesse a uma vida de reflexão. Mas o superior do
monastério, frei Richard, fez-lhe a seguinte ponderação: “Majestade, estás
ciente de que a regra aqui é a obediência? Isto será difícil para um rei”.
Henrique III respondeu: “Estou ciente. Pelo resto de minha vida ser-te-ei
obediente, já que Cristo é o teu Senhor”.
“Então direi o que deves fazer, volveu-lhe o frei Richard: Volta para o
seu trono, e serve fielmente no lugar onde Deus te colocou”. Quando Henrique
III morreu, alguém disse: “O rei aprendeu a reinar sendo obediente”.
Também precisamos ser obedientes ao que o Espírito manda que façamos.
Seja você contador, professor, mãe ou pai; sirva a Deus onde Ele o colocou.
A Promessa
Para o que ouve e obedece ao que o Espírito diz, Jesus faz esta
promessa estarrecedora:
“O que vencer não receberá o dano da
segunda morte” (Ap 2.11b).
Todos os verdadeiros cristãos são vencedores (l Jo 5.5). E estes não
serão danificados pela segunda morte.
A primeira morte é física; é a separação da alma do corpo. A segunda é
espiritual; é a separação da alma da vida eterna. A morte espiritual resulta em
eterno tormento no lago de fogo. E a punição eterna (Ap 20.10).
Os verdadeiros cristãos jamais experimentarão a segunda morte. Dizem
que, ou nascemos uma vez e morremos duas, ou nascemos duas e morremos uma vez.
Mas os cristãos enfrentam a primeira morte sem medo. A segunda não tem poder
sobre nós. Podemos visualizar a morte física sem nada temer - mesmo enquanto
somos torturados por amor a Cristo - sabendo que ela levar-nos-á mais
rapidamente à presença de Deus.
A mensagem à Esmirna é um alerta para que sejamos completamente
dedicados a Jesus Cristo, mesmo enfrentando a perseguição e a luta. Enquanto o
mundo torna-se escuro, a Igreja há de brilhar. Agora é o tempo de se levantar
por Jesus Cristo. Custe o que custar! Destaquemos um homem para enfatizarmos
esta verdade. No segundo século, achava-se no pastorado de Esmirna um homem
chamado Policarpo que, conforme a história, chegara a conhecer pessoalmente ao
apóstolo João, de quem ouviu estas palavras: “Sê fiel até a morte”.
Em 155 d.C., Policarpo foi chamado à presença do procônsul em Esmirna.
Este ordenou-lhe, então, que renunciasse a Cristo, e declarasse fidelidade a
César. Policarpo respondeu: “Tenho servido ao Senhor Jesus por 86 anos. Ele tem
sido fiel a mim. Como posso ser infiel a Ele, e blasfemar contra o nome de meu
Salvador?”
O procônsul insistiu: “Jura pelo nome de César, ou te dilacera- rei e
alimentarei os animais. O pastor, entretanto, encontrava-se sereno: “Então
entrega-me aos animais. Tu não podes mudar-me o coração. Declaro que sou
cristão até a morte. Enfurecido, o procônsul condenou o bispo Policarpo sob a
alegação de haver este cometido grande traição contra Roma.
Na arena de Esmirna, a multidão achava-se sedenta de sangue. O
anticristianismo havia envenenado a cidade. Policarpo foi entregue a turba enfurecida
que, não satisfeita, buscava fixá-lo com pregos à pira de madeira. O santo
homem não se importa: “Deixai os pregos.
Aquele que me dá forças para suportar as chamas, dar-me-á forças para
não recuar do poste. Vós me tratais com o fogo que queima por pouco tempo e é
rapidamente extinto. Mas não conheceis o fogo que aguarda os fracos no
julgamento vindouro e a punição eterna.
O que estais esperando? Fazei o que quiserdes de mim”. Quando a madeira
foi colocada ao redor de seus pés, Policarpo olhou para os céus e disse:
“Senhor, Deus Todo-poderoso, Pai do amado Filho, Jesus Cristo, agradeço-te por
este dia e por esta hora que me dás. Pois assim, poderei estar entre os
mártires que compartilharam do cálice de Cristo. Com eles, ressuscitarei para a
vida eterna!”
Ele curvou a cabeça, e disse: “Amém!”, e o fogo o consumiu.
Policarpo foi fiel até a morte. Não temeu o mundo, e sim a
Deus. E grande a sua recompensa no céu.
Que assim possa suceder com você e comigo. Quando a perseguição
atingir-nos, não temamos o mundo, mas a Deus, e somente a Deus.
Custe o que custar.
FONTE== Livro:- Alerta Final – Steven J. Lawson
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