13 de março de 2018

Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja


Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja

TEXTO ÁUREO

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem." (Hb 11.1)

VERDADE PRÁTICA

A fé é a confiança irrestrita nas promessas de Deus.

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Hb 11.4: O sacrifício de Abel e a fé que ainda fala

Terça - Hb 11.5: O testemunho de Enoque e sua trasladação

Quarta - Hb 11.7: A confiança de Noé que o fez herdeiro da justiça

Quinta - Hb 11.8: A obediência de Abraão em sair para um lugar desconhecido

Sexta - Hb 11.22: A fidelidade de José e a ordem acerca de seus ossos

Sábado - Hb 11.24,25: A determinação de Moisés em se recusar a ter o gozo do pecado

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – Hebreus 11.1-8, 26,30-34

Hebreus 11.1-8, 22- 26,30 – 34

1 ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.

2 Porque por ela os antigos alcançaram testemunho.

3 Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.

4 Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.

5 Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus.

6 Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

7 Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.

8 Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.

22 Pela fé José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos.

23 Pela fé Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei.

24 Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,

25 Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado;

26 Tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.

30 Pela fé caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias.

31 Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias.

32 E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas,

33 Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões,

34 Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos.

HINOS SUGERIDOS: 107,126, 459 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL

Apresentar os gigantes da fé segundo Hebreus 11 e o seu legado para a Igreja.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Discutir a respeito da fé que gera confiança em Deus;

Mostrar que a fé nos faz ver o impossível;

Compreender que a fé dá poder para avançar.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Prezado (a) professaria (a), estudaremos um dos capítulos mais conhecidos da Epístola aos Hebreus, a galeria dos heróis da fé que se encontra no capítulo 11. Esses heróis e heroínas eram pessoas comuns, sujeitos as intempéries da vida, mas a fé deles em Deus fez com que superassem grandes obstáculos, fazendo com que o nome do Senhor fosse exaltado. O estudo dessa galeria nos mostra que a fé, embora sendo algo subjetivo, traz sempre resultados práticos.

É importante que você ressalte, no decorrer da lição, que estes heróis da fé, não tinham as Escrituras Sagradas como temos hoje, o que tomava o conhecimento deles a respeito de Deus, se comparado a nós, limitado.

INTRODUÇÃO

a carta aos Hebreus, capítulo 11. Este capítulo foi escrito, sob a inspiração do Espírito Santo, para ajudar algumas pessoas que talvez não compreendessem completamente a salvação pela fé. Foi escrito para alguns judeus que constituíram uma congregação em algum lugar de Israel. Eles chegaram à fé em Cristo, mas talvez não entendessem completamente a realidade da fé e o papel que a fé sempre desempenhou na salvação.

O povo judeu viveu, por séculos, em uma perversão do judaísmo do Antigo Testamento, num sistema de religião que lhes ensinou que a salvação era resultado de algum mérito por obras. Mas, a salvação é apenas pela fé e não pelas obras (Efésios 2:8-9). Ninguém vai comparecer perante Deus alegando ter méritos de algo que tenha feito. O capítulo 10 de Hebreus termina dizendo que “o justo viverá da fé” (v.38). A mesma afirmação que está em Romanos 1:17 e Gálatas 3:11. Esta frase é uma citação de Habacuque 2:4.


Tão claramente, o escritor de Hebreus nos diz que a Nova Aliança apresenta a salvação pela fé e não pelas obras. E neste capítulo 11, ele mostra que esta era também uma verdade no Antigo Testamento. Ele começa por Abel.

A FÉ QUE GERA CONFIANÇA EM DEUS

O SACRIFICIO DE ABEL. Aqui encontramos Abel, o primeiro homem que veio a Deus pela fé. O objetivo deste capítulo 11 é deixar bem claro aos judeus que a salvação pela fé não é algo novo, é algo muito, muito antigo. Na verdade, o escritor volta no tempo até Abel, pois ele foi o primeiro que exerceu a fé desta maneira.

Abel foi concebido e nasceu fora do Éden, após a queda do homem. Sua família tinha sido expulsa da presença de Deus, ele nunca viu uma manifestação do Deus invisível. Adão e Eva tinham visto e creram e eu creio que foram salvos. Mas, Abel não tinha visto e cria, e é por isso que ele é o primeiro na lista de exemplos de fé, o primeiro homem de fé.

Agora, olhamos para este único versículo, e aqui estão três identificações progressivas ligadas a Abel. Em primeiro lugar, ele ofereceu um sacrifício mais excelente do que Caim. Em segundo lugar, ele obteve testemunho de Deus que ele era justo, pela aceitação de sua oferta. Em terceiro lugar, através da fé, embora esteja morto, ele ainda fala. Então, ele é um modelo de fé no sacrifício que trouxe. Ele é um modelo de fé na justiça que recebeu e ele é um modelo de fé como um pregador da fé, mesmo que esteja morto, ele ainda fala. Você pode chamar isso de sermão de um homem morto.

Porque ele cria, ele ofereceu um sacrifício melhor. Porque ele ofereceu um sacrifício melhor, Deus testificou que isso era uma prova de que ele tinha sido feito justo. Por ter sido feito justo, declarado justo, ele é, para todas as eras, uma voz viva, afirmando a grande verdade exposta no Novo e Velho Testamento: “O justo viverá pela fé”.

Qual lição nos ensina Hebreus 11? A salvação, a justificação, é pela fé e não pelas obras. Isso é tudo que precisamos, é o suficiente. Se você não reconhecer o seu próprio pecado e a dependência do sacrifício que Deus estabeleceu em Cristo, como o único meio de salvação, você está sem esperança. Você não pode fazê-lo pelo seu próprio esforço.

Há um último comentário a fazer sobre Abel e está lá em Hebreus 11:4. E é simplesmente que ele é um pregador do valor da fé, da necessidade da fé, da excelência da fé. Através da fé, embora ele esteja morto, ele ainda fala. Em que sentido ele fala? Ele nos fala sobre a necessidade da fé, crer em Deus.

O TESTEMUNHO DE ENOQUE.

“Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus. De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.” (Hb 11.5,6).

Talvez uma das figuras mais impressionantes da Bíblia seja Enoque. Ele estava vivendo na terra entre as pessoas, comendo com elas, andando, conversando; e, de repente, todos o procuraram e não o encontraram. Ele desapareceu completamente. Deus o transladou. Deus o arrebatou.

Enoque viveu em um tempo em que as pessoas não acreditavam em Deus. Elas podiam até mesmo afirmar com a boca que acreditavam na existência dEle. Contudo, no dia a dia, viviam como se Deus não existisse.

Enquanto as pessoas relativizavam todas as coisas, mostrando com as suas práticas que não acreditavam em Deus, Enoque continuava proclamando a existência de Deus. Ele continuava vivendo segundo os padrões de Deus, sendo fiel à Palavra.

E não somente isso. Enoque não apenas vivia segundo a Palavra de Deus, mas também ele chamava as pessoas à mudança de conduta. Ele não ficou passando a mão na cabeça das pessoas dizendo: “Deus é amor. Deus é cheio de graça. Pode continuar vivendo da mesma maneira”. Não! Antes, Enoque anunciou a verdade. Ele tinha a certeza da existência de Deus. Ele tinha a certeza da existência dos padrões absolutos de Deus. Ele não abriu mão desses valores absolutos por causa da sociedade. Ele se levantou cheio de ousadia e profetizou contra aquelas pessoas.

A CONFIANÇA DE NÓE.

Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hebreus 11.1) “Pela fé Noé, quando avisado de coisas que ainda não se viam…” (Hebreus 11.7) O homem de fé, segundo a Bíblia, faz escolhas para o futuro e invisível e persevera nessas escolhas. Noé fez escolhas para o futuro e invisível e perseverou nessas escolhas em contraste com as coisas transitórias pertencentes ao mundo dos fenômenos. A fé não anda por vista (2º Coríntios 5.7), a pessoa de fé consegue olhar apenas um reflexo obscuro (1º Coríntios 13.12), no entanto é o suficiente para movê-la em conformidade com a vontade de Deus. 

E foi exatamente isso que Noé fez, ele ajustou a sua vida a vontade de Deus. Podemos ver a obediência de Noé ressaltada em Gênesis 6.22 que diz: “Noé fez tudo exatamente como Deus lhe tinha ordenado”. Ele ajustou a sua própria vida em função da revelação que receberá acerca do futuro. Os ajustes que ele fez foram notados pelas pessoas de sua época, por seus amigos e por sua própria família.

Quem o entendeu e creu, entrou com ele na Arca e foram salvos, quem não o entendeu, não creu nele, além de não entrarem na Arca, zombaram dele, e finalmente foram mortos com o diluvio. “A fé é a completa certeza e a intima convicção que dá aos homens o poder de arriscar suas vidas em realidades invisíveis”. A pessoa que tem a fé bíblica, anda nesse mundo com os olhos no mundo invisível, anda por fé (2º Coríntios 5.7), ele vive e ajusta toda a sua vida na esperança de alcançar as promessas de Deus reveladas nas Escrituras, e tudo o que ele pensa e faz reflete a sua fé no mundo invisível (2º Coríntios 4.18).

A FÉ QUE FAZ VER O INVISIVEL

Quando chamado por Deus, Abraão obedeceu imediatamente. Manifestou sua fé com a ação de obediência à Palavra do Altíssimo. Por conta disso, tornou-se merecedor e justo aos olhos de Deus.

Ele teve que abandonar seus patrimônios, a parentela e a casa dos pais, o que era no mínimo algo extremamente doloroso. Isso nos mostra que para obedecer à voz Divina é preciso fé, coragem e determinação. O exercício da fé exige sacrifício.

Deixar a própria terra significava cortar laços e tradições, algo muito raro naqueles dias. Somente pessoas fracassadas ou fugitivas deixavam tudo para trás e se aventuravam em outros lugares.

Mas o pior mesmo era deixar a casa dos pais. As propriedades certamente seriam substituídas por outras em algum outro lugar. O crescimento da parentela também obrigaria a separação de qualquer jeito.

A renúncia da família, no entanto, afetaria não só a parte sentimental, mas, sobretudo, implicaria o abandono de sua liderança patriarcal. Tera, seu pai, lhe havia colocado na liderança da família.

Mas, ignorando o destino final de sua peregrinação, além da direção a seguir, se para o norte, sul, leste ou oeste, Abraão se aprontou para a partida sem volta.

A herança patrimonial, os laços familiares e a liderança do clã perderam sentido diante da plenitude das ofertas Divinas de, entre outras coisas, fazer dele uma grande nação.

Abraão deixou tudo para trás e, na mais absoluta certeza do seu cumprimento, partiu…Esse é um dos maiores legados de Abraão para a humanidade: sua obediência incondicional a Deus. É isso que faz a diferença na vida dos que creem. Os sinais seguem apenas para esses, ou seja, aos que creem. Não aos que querem crer e muito menos aos que apenas dizem crer. Abraão provou sua fé em Deus porque obedeceu à Sua Palavra!

Muitas pessoas confundem a fé com os sentimentos. Necessitam "sentir a fé" para agir. Se isso fosse verdadeiro, certamente no caso de Abraão, ele não serviria para ser o pai na fé. Porque sua ação em relação à obediência à Palavra de Deus foi contrária a isso, ou seja, à emoção. A crença depositada em Deus não pode ser movida a sentimentos, mas na certeza absoluta, na convicção!. Confira no versículo bíblico a seguir e entenda esse posicionamento que diferencia o homem natural daquele que realmente vive a fé que agrada e chama a atenção de Deus. "Abraão esperando contra a esperança, creu." (Romanos 4.18). Mas ele ainda não tinha chegado ao limite de sua fé.

EXEMPLO DE FIDELIDADE A DEUS. A historia de Abraão que não negou a Deus o seu único filho e iria sacrifica-lo como o Senhor pediu acredito eu que Abraão esmureceu ao ouvir a ordem do Senhor, mas ao Abraão não negou, ele conforme Deus o havia mandado fazer, querido foi pela fé. GENESIS 22, versiculos 07 e 08 deste capitulo são versiculos que me chamam muito a atenção, quando Isaque pergunta ao seu pai Abraão sobre o cordeiro, acredito que Abraão estava com seu coração apertado pois era o filho da promessa, o filho que ele tanto esperou, que ele tanto aguardou,  o filho que ele amava, e Abraão responde, com muita certeza no verso 08 Deus proverá para si o cordeiro do holocausto meu filho! E você querido que talvez esteja passando por uma grande adversidade, por um grande problema, será que você tem dito Deus proverá a solução, lembre-se que a fé e a certeza das coisas que se esperam, Abraão esperou no Senhor, esperou o cordeiro a providencia Divina, mas ele caminhou mostrou que Deus é maior e representava muito mais do qualquer coisa na sua vida, a fé é a prova das coisas que não se veem, Abraão não podia ver o cordeiro, mas já via que iria sacrificar um cordeiro que o Senhor iria prover!

A FIDELIDADE DE JOSE. Talvez você não nunca tenha percebido, mas a história de José do Egito, filho de Jacó, é a que mais espaço ocupa no livro de Gêneses. O relato sobre sua vida começa no capítulo 37 e vai até o final do livro. E a razão é fácil de compreender. José é um dos maiores exemplos de fidelidade a Deus independente de qualquer situação.

José teria todos os motivos para ser um adolescente revoltado, frustrado e desanimado com vida: ele era invejado pelos irmãos mais velhos porque era o filho predileto do pai; os irmãos que o odiavam eram filhos de outra mulher; sua mãe já havia morrido; o pai já era velho; e ele ainda era o único que tinha um contato pessoal com Deus, o que aumentava a inveja não só dos irmãos, mas conquistou até mesmo a contrariedade do pai que não o compreendia.

José teria todos os motivos do mundo para se tornar um jovem amargurado, mas ele optou pela fidelidade, apesar das circunstâncias. E mesmo sendo escravo, ele não abriu mão de seus princípios e executava suas funções com competência e fidelidade. Ele foi uma benção para o seu dono e a recompensa foi tornar-se mordomo de toda a casa. Porém, mais uma vez ele foi vítima de uma terrível conspiração. Ao fugir da tentação do adultério, José foi tido por infiel ao seu senhor e condenado à prisão. Ser preso por cometer um crime não é fácil, imagine ser preso por fazer a coisa certa!

José teria todos os motivos para ser um presidiário amotinado e violento, pois estava preso injustamente. Mas ele compreendia a soberania e o poder de Deus, pois tinha intimidade com ele desde a infância. Até mesmo na prisão ele se destacou e tornou-se exemplo de serviço, ele foi uma benção naquele lugar deprimente.

Porém, a fidelidade a Deus é a única força capaz de realmente transformar uma vida de derrotas em uma vida de vitórias. José não se tornou próspero e bem sucedido depois que deixou de ser escravo e nem depois que saiu da prisão. Ele já era próspero e bem sucedido mesmo antes de sua vida dar uma reviravolta total. Ele foi um escravo fiel e um preso fiel. O segredo do sucesso de José e que serve para todos nós é ser fiel, apesar das circunstâncias.

A DETERMINAÇAO DE MOISES. Moisés nasceu quando Israel estava cativo no Egito, durante os terríveis dias em que Faraó ordenou que todos os recém-nascidos israelitas do sexo masculino fossem mortos (Êx 1.15,16). Casou-se com Zípora, filha de Jetro, sacerdote de Midiã, descendente de Abraão (Gn 25.1,2).

Ele teve uma comunhão especial com o Senhor e nas Escrituras Sagradas é repetidamente chamado de “servo de Deus”, pois “foi fiel em toda a sua casa” (Hb 3.5). No último livro do Antigo Testamento, Deus chama Moisés de “meu servo” (Ml 4.4), e no último livro do Novo Testamento ele é chamado “Moisés, servo de Deus” (Ap 15.3). Moisés é uma figura tipológica de Cristo.

Homem de Deus. No final de sua carreira, Moisés é chamado nas Escrituras de “homem de Deus” (Dt 33.1). Ele é também pastor e líder do povo de Israel sob a mão de Deus (Sl 77.20). Assim, Homem de Deus é o homem a quem Deus usa como Ele quer.

Homem de oração. A vida de intensa oração de Moisés resultou em força, coragem, destemor, sabedoria e humildade, pois o povo de Israel era na época muito desobediente, murmurador e carnal. Moisés era um homem muito ocupado com seus encargos, mas conseguia levar sempre muito tempo em oração intercessória pelo povo.

Era com a sabedoria do Alto que Moisés orava. Um exemplo disso está em Êxodo 33.13, quando ele diz: “rogo-te que [...] me faças saber o teu caminho”. No versículo 18, ele ora em continuação: “Rogo-te que me mostres a tua glória”. Essas duas orações não devem ser invertidas pelo crente, como alguns fazem por imaturidade ou fanatismo.

Moisés intercedeu diante do Senhor pedindo para entrar na tão sonhada Terra Prometida, mas Deus negou esse pedido (Dt 3.23-25).

Oremos sempre uns pelos outros, inclusive pelos desconhecidos. Intercedamos “por todos os homens” (1Tm 2.1), a fim de que alcancem a eterna Jerusalém.

Homem de fé. Moisés agia por fé em Deus (Hb 11.24-29), daí, a quantidade de milagres realizados pelo Senhor através dele. Seus pais foram campeões da fé (Hb 11.23), pois a fé em Deus opera milagres (Mt 17.18-21; At 3.16; 6.8;). Aliás, um dos dons espirituais é o da fé (1Co 12.9); fé para operar maravilhas.

 Moisés e Arão realizaram muitos milagres perante Faraó e seus oficiais no período que precedeu a saída de Israel do Egito (Êx 4-12). Esses milagres em forma de catástrofes tinham por objetivo demonstrar publicamente que os deuses do Egito nada eram diante do Deus verdadeiro e único de Israel (Êx 12.12; Nm 33.4).

Moisés cumpriu sua carreira com fé em Deus, coragem e determinação. Em tudo ele buscou ser fiel ao Senhor. Sigamos o exemplo deste líder a fim de que possamos viver com sabedoria e a agradar a Deus em toda a nossa maneira de viver.

A FÉ DÁ PODER PARA AVANÇAR

A OUSADIA DE JOSUÉ. Deus encorajou Josué a ser vencedor e ajudar milhões de pessoas a vencer. Josué em Jericó. “Ora, Jericó estava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía, nem entrava” (Josué 6:1). “E sucedeu que, na sétima vez, quando os sacerdotes tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o SENHOR vos entregou a cidade!” (Josué 6:16). “Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas. Tendo ouvido o povo o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as muralhas, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si, e a tomaram. A coragem e ousadia de Josué gerou bênçãos sobre milhões de pessoas” (Josué 6:20). “Acabando, pois, de repartir a terra em herança, segundo os seus territórios, deram os filhos de Israel a Josué, filho de Num, herança no meio deles” (Josué 19:49).

Foi preciso fé para que os guerreiros de Israel destruíssem os muros da cidade de Jericó de maneira tão incomum. Seu ato de fé produziu os resultados que desejavam; Deus deu-lhes a vitória sobre seus inimigos (Js 6). Os caminhos de Deus nem sempre parecem ser os mais lógicos para a compreensão humana (Is 55.8), mas cumprem sempre os propósitos divinos.

A CORAGEM DE RAABE.

Raabe era uma jovem que vivia em Jericó, na época em que Israel se preparava para conquistar Canaã, sob a liderança de Josué. As notícias das pragas que destruíram o Egito, e também da maneira como o exército de Faraó se afogara no Mar Vermelho, haviam chegado à sua cidade. Todo o povo de Jericó estava amedrontado e em franco preparo para lutar contra Israel.

Raabe tinha a sua casa construída sobre a larga muralha de Jericó. Ela era uma prostituta cultual, o que era comum em sua época, nos países pagãos de Canaã. Era a pior forma de prostituição, pois tinha a sanção religiosa. Homens e mulheres se entregavam aos rituais imorais dos deuses pagãos da fertilidade como forma de culto aceitável.

Os pais entregavam com prazer suas filhas para sacrifícios ou para esses rituais malignos e sensuais, crendo que estavam agindo da maneira mais correta e santa… Era a vida em Jericó. Era a cultura em Canaã.

Em contrapartida, a lei que o Senhor dera a Moisés proibia que o pai prostituísse sua filha (Lv 19.29); que o sacerdote se casasse com mulher prostituta (Lv 21.7), mui especialmente o sumo-sacerdote (Lv 21.14). A penalidade imposta para este pecado era a morte por apedrejamento, ou ser queimada em fogueira, no caso de filha do sacerdote (Lv 21.9). O dinheiro ganho com prostituição era proibido entrar no templo como oferta ao Senhor (Dt 23. 17-18).

Apesar de tudo, a misericórdia de Deus alcançou o coração daquela jovem de Jericó. Sua cidade estava condenada. O que ela fazia era abominável diante do santo Deus de Israel…

Josué mandara dois espias para observarem a cidade e trazerem seus relatórios para ser montada uma estratégia de conquista. Dois guerreiros entraram em Jericó e pernoitaram na casa de Raabe, citada no texto bíblico apenas como “uma mulher prostituta” (Js 2.1). Ela, entretanto, os reconhece como israelitas e os esconde entre as canas do linho que havia disposto em ordem no eirado.

Quando os soldados de Jericó, a mando do seu rei, vieram à sua casa procurá-los, ela lhes diz que eles tinham se retirado dali, e que deveriam já ter transposto o vau do rio Jordão. Assim, ela livrou os espias da morte. E naquela noite memorável, Raabe abriu seu coração àqueles dois israelitas, dizendo: “Bem sei que o Senhor lhes deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós […] Agora, pois, jurai-me, vos peço pelo Senhor que, assim como usei de misericórdia para convosco, também dela usareis para com a casa de meu pai; e que me dareis um sinal certo de que conservareis a vida de meu pai e minha mãe, como também a meus irmãos e minhas irmãs, com tudo o que têm e de que livrareis a nossa vida da morte.” (Js 2.9a,12-13.)

 Podemos perceber o coração amoroso de Raabe. Ela não pensava apenas em si, em sua salvação individual. Ela poderia ter proposto um acordo de livramento pessoal, ou talvez até mesmo ter fugido com os espias, deixando Jericó entregue à guerra e à destruição.

Mas Raabe amava sua família. Seus pais e irmãos foram carinhosamente lembrados naquele tenso momento.

Em nosso mundo individualista e tremendamente egocêntrico, será que encontraremos “Raabes”? Quando você, querida irmã, recebe um presente especial, um dom da misericórdia do Senhor, se lembra da família? Pensa em dividir as dádivas que Deus tem lhe concedido, levando junto consigo a família? Seu esposo, seus filhos e familiares participam de suas vitórias, ou você come, sozinha, o “maná” que Deus lhe tem proporcionado?

Percebemos também que Raabe agiu por fé, arriscando a própria vida. Ela desceu os espias por uma corda pela janela de sua casa construída na muralha. O acordo que fizeram para a sua salvação e de toda a sua família, quando a cidade fosse atacada, seria que ela atasse um fio escarlate em sua janela e recolhesse toda a sua família dentro de casa. E assim aconteceu. Ela deixou aquele fio escarlate atado em sua janela a partir de então, como um sinal, aguardando o dia de seu livramento.

Creio que Raabe não era mais a mesma pessoa a partir daquele encontro com os representantes do povo de Deus. Ela agora tinha esperança. Ela tinha sonhos. Iria fazer parte do povo de Israel e já amava o seu Deus invisível, que era santo, justo e bom. Raabe não precisava mais se prostituir, pois isto não tinha mais significado para si; pelo contrário, ela podia sonhar até mesmo com um marido, um lar, uma família em Israel…

Os jovens espias subiram até a sua casa e tiraram de lá, não só os pais e irmãos da jovem, mas também toda a sua parentela com seus bens. A casa estava cheia. Raabe era uma sábia “evangelista”. Ela levou a salvação a todos os seus parentes. Saíram da condenação de Jericó para as promessas da “Terra Prometida” de Israel.

Entretanto, Raabe e sua parentela vieram morar “fora do acampamento” do povo de Deus (Js 7.23). Mas ela não ficou ali de fora da comunhão do Deus que abraçara e aprendera a amar… Ela demonstra genuína fé, ardor e profunda gratidão por sua salvação. E, por seu testemunho aprovado, ela veio a se casar com um dos príncipes de Judá e recebeu a bênção de participar da genealogia de Jesus (Mt 1.5).

O escritor da Carta aos Hebreus a colocou na galeria dos heróis da fé, mostrando sua atitude corajosa como uma demonstração de sua fé no Deus Vivo de Israel (Hb 11.31). E o apóstolo Tiago, irmão de Jesus, menciona Raabe em sua Carta (Tg 2.25), reconhecendo a sua justificação ao esconder e salvar os espias.

O HEROÍSMO DE GIDEÃO

Juízes dão continuidade à história da conquista de Israel da terra que Deus prometera a seus ancestrais. Enquanto o livro de Josué termina com a nação tomando uma posição por Deus e pronta para experimentar todas as bênçãos da terra prometida, na sequência os israelitas perderam seu comprometimento espiritual e a motivação depois de se estabelecerem em Canaã. Após a morte de Josué, a nação experimentou uma carência de liderança espiritual, que levou um período muito sombrio. O livro de Juízes cobre mais de 325 anos, registra 6 períodos sucessivos de opressões e livramento e descreve 12 libertadores (juízes), usados por Deus para livrar seu povo e demonstrar seu amor e misericórdia.

Ainda hoje muitos desistem da batalha, mas Gideão conservou a fé na palavra que o Senhor lhe trouxe junto ao carvalho em Ofra. Manteve-se firme e fiel ao Deus de Israel, ao contrário de muitos dentre o povo de hoje.

Mesmo lhe restando 300 homens ele sabia que Deus estava com eles. Mas e agora o que fazer. Deus disse que Gideão venceria os Midianitas, mas Deus não disse como isso aconteceria. É aí que colocamos em prática algo que Deus nos dá em momentos difíceis.

Gideão sabia que precisava de uma estratégia e ele então conhecia o inimigo. Será que nós aprendemos algo sobre quem realmente é nosso inimigo? Será que você sabe quem é aquele que quer lhe matar? Você sabe algo sobre satanás?

Gideão sabia que os Midianitas eram um povo supersticioso e então ele chama seus 300 homens e diz a eles: “Amigos, chegou a hora da vitória. Vocês crêem? E todos disseram SIM, CREMOS!! Então cada um vote a sua casa e pegue um vaso e uma tocha e voltem aqui.”

Assim os 300 homens corajosos foram e trouxeram tudo conforme Gideão havia dito agora cada homem tinha um vaso na mão esquerda e uma tocha na mão direita. Talvez pensemos como eles usariam a espada?

Gideão sabia que uma lenda Midianita contava que os inimigos outrora derrotados voltariam para vingarem suas mortes e de seus entes, mas com uma fúria incontrolável eles teriam no lugar da cabeça uma tocha de fogo. Assim Gideão mandou que os seus 300 homens cercassem o arraial dos inimigos e todos no mesmo momento iriam gritar e quebrando os vasos acenderiam as tochas.

Precisamos ainda hoje achegarmos a fonte das águas de Gideão. Dobre seus joelhos ainda hoje e peça para o Senhor te fazer beber das águas da FONTE DE GIDEÃO

CONCLUSÃO

A fé é conquistada à medida que você se dedica a aprender a Palavra de Deus. Deus permitiu ao homem registrar a Sua Palavra para que todos possam conhecê-lo e reconhecer as maravilhas que Ele realizou durante toda a história: a criação de todas as coisas, a nossa criação, o resgate do povo de Israel, os milagres nas batalhas contra os povos inimigos, os livramentos concedidos àqueles que creram Nele e, principalemente, a obra redentora de Jesus na cruz para nos livrar de todo pecado e dar-nos a salvação.

Deus é tão maravilhoso que também nos ensina o que a fé permite alcançar. Lendo essa frase você pode pensar que existe um limite, mas você verá nas passagens seguintes que não há limites para aquele que tem fé.

 

Por: Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Bibigrafia











1. O Significado da Fé (11.1)

O autor inicia com uma proposição geral em relação à natureza da fé. Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem. A palavra fé (pistis) pode significar crença, confiança, fidelidade, persuasão firme ou convicção firme. Mas na Bíblia ela sempre encontra seu propósito em Deus. Fé bíblica não é crer em si mesmo ou no homem, mas em Deus. O uso constante do dativo de instrumento (“pela fé”) neste capítulo não atribui nenhum poder mágico à fé, mas simplesmente mostra que a fé é o meio pelo qual recebemos de Deus, a fonte do nosso serviço para Deus e a única base aceitável de um relacionamento satisfatório com Deus.

Portanto, a proposição do versículo 1, embora não defina fé exatamente, mostra a) sua relação com a esperança e b) sua relação com o invisível. A palavra fundamento, no grego hypostasis, traz a idéia de “colocar por baixo”. Neste caso, esta palavra traz a idéia da confiança de que as nossas esperanças são válidas e o fundamento para que se realizem.

 

A fé fica na base das coisas que se esperam e as preserva para nós. Se perdermos a nossa fé, nossas esperanças não se materializarão. Alguém disse: “Fé é o documento de propriedade ou a escritura definitiva”. O mero sentimento de segurança, no entanto, pode não ser uma escritura definitiva, mas sim esta segurança plena na promessa de Deus, independentemente do sentimento pessoal.

A proposição também indica a relação entre a fé e a ordem invisível da realidade. Mais uma vez, a tradução da palavra prova pode ser enganosa, porque a fé em si não prova nada. Estritamente, é verdade, a palavra elengchos significa prova.

Mas aqui ela é usada no sentido de uma “persuasão completa”, tão completa que não é necessária uma prova complementar. Vemos as coisas pela fé e não com os olhos naturais. Phillips capta o sentido na sua simplicidade. “Ela [a fé] significa estar certo das coisas que não podemos ver”. Fé, portanto, é muito mais do que um pensar desejoso ou um esperar anelante.

2. A Certeza da Fé (11.2-3)

Foi com esse tipo de fé que os antigos (os pais antigos) alcançaram testemunho, i.e., “obtiveram afirmação” (v. 2).

A atestação mais básica recebida pela fé (por eles, mas compartilhada por nós) é nossa compreensão de que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente (3). Está inferido aqui o princípio epistemológico de que a fé é uma forma de alcançar conhecimento.

Muito do nosso conhecimento vem pela fé em uma pessoa ou fonte autorizada de informação, em vez de por uma presença e prova pessoal. Estamos certos da criação divina, mas não estávamos lá para vê-la. Ainda mais ligado à defesa da fé do autor está o fato metafísico expresso não somente de que o “universo foi formado pela palavra de Deus” (NVI), mas que neste ato criativo o “o visível foi feito a partir do invisível” (NEB).

Portanto, o mundo real, o sentido máximo de realidade, não está na ordem dos fenômenos, mas na ordem invisível. O que parece real para o nosso sentido físico é, na verdade, somente um produto daquilo que parece irreal em nossos sentidos. A fé, portanto, não é um pensamento ilusório em um mundo imaginário, mas exatamente o oposto; ela penetra através do mundo superficial da aparência para apoderar-se da realidade fundamental e eterna por trás das aparências. A fé, portanto, não é um assentimento da religião no nível de jardim de infância, mas é um integrante da religião madura e está no coração de uma filosofia saudável.

3. A Justiça da Fé (11.4,5)

a) O caminho da fé da justiça (11.4). Não somente obtemos conhecimento por meio da fé, mas a fé também é o meio de recebermos certeza da aprovação divina. Abel ilustra a obtenção da justiça pela fé e do testemunho de Deus, enquanto Enoque ilustra a preservação pela fé deste relacionamento com Deus até o fim da vida. Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons (4).

O testemunho de Deus para Abel de que ele era justo foi uma evidência (testemunho) da aceitabilidade das suas ofertas. Pelo qual refere-se não à fé mas ao sacrifício. Era o maior sacrifício que se tornou a base da aceitação. Por este ato, depois de morto, ainda fala; assim somos lembrados que a fé simplesmente na bondade de Deus não justifica ninguém. A fé justifica indiretamente, não diretamente.

 

Ela se achega a Deus por meio de um sacrifício. A fé é ativa em sua percepção de Deus e do pecado, e na sua convicção de que Deus está ávido por ser propiciado. A fé está, portanto, depositada no sacrifício como um acesso válido e também na disposição de Deus de aceitar o sacrifício; mas a fé não supõe que Deus é indiferente ao modo de acesso.

A fé do humanismo entende que o sacrifício não é necessário, mas ela não traz a paz. Esta é a fé do orgulho e da presunção. A fé evangélica se aproxima de Deus por meio do Calvário. A superioridade do sacrifício de Abel8 estava fundamentada tanto no seu espírito humilde quanto no conteúdo que foi oferecido (Gn 4.3,4). Os “Cains” de hoje também precisam saber que as ofertas sem derramamento de sangue realizadas por homens farisaicos, o trabalho de mãos humanas e as realizações da cultura humana não compram o acesso ao Pai. O pecado tornou tudo isto inválido como base para a “unidade” divino-humana. Deve haver sangue, e somente o sangue do Cordeiro santo de Deus é válido. Vamos oferecê-lo pela fé e nós também conheceremos o testemunho interior da justiça.

b) O caminho da fé da justiça (11.5). De Enoque aprendemos que é possível e necessário manter este relacionamento de fé ao longo da experiência terrena. Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte.9 A palavra trasladado (metetethe) significa literalmente “transpor”, de um nível mais baixo para um mais alto (mesma palavra usada em 7.12). Em Atos 7.16, esta palavra é usada referindo-se à transferência dos ossos de Jacó do Egito para Siquém, em Canaã. A afirmação de que não foi achado sugere que por dias sua família e amigos procuraram por ele, mas em vão, porque Deus o havia trasladado para uma posição celestial.

Mas a transposição exterior foi justificada pela transformação interior. Por trás do “dom das asas” havia um caminhar devoto (Gn 5.24). Este não era o arrebatamento de um pecador, mas de um santo, que, antes da sua trasladação, alcançou testemunho de que agradara a Deus.

O Espírito de Deus testemunhou que tudo estava bem; nenhum ajuste de última hora foi necessário. Aqui novamente o papel da fé foi indireto — a fé, em si mesma, não pode transladar ninguém para o céu. Mas o caminhar de Enoque com Deus foi por fé e a trasladação foi a recompensa soberana de Deus pela sua fidelidade nessa caminhada.

4. A Essência da Fé (11.6)

Agora um grande princípio da fé está claramente expresso. Primeiramente, vemos este princípio exposto de forma negativa: Ora, sem fé é impossível agradar-lhe. Se Enoque não continuasse crendo, ele não teria recebido a certeza contínua de que estava agradando a Deus. Esta é uma lei simples, mas inescapável do Reino. Deus deve ter súditos que confiam nEle como Deus — e isto inclui sua sabedoria, sua bondade e seu poder. Duvidar é difamar. Confiar é honrar. Todos os outros tributos são insultos se o tributo da fé está faltando. Não somos guardados pelo sentimento, mas pela fé, porque somente ao crermos em Deus podemos agradar-lhe.

O princípio é então ampliado de forma positiva: porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe — este é um ponto de vista intelectual do teísmo. E um teísmo personalista — aquele que, não “o ser” que. Mas o homem pode acreditar que Deus existe e não ter comunicação nem comunhão com Ele. Portanto, o teísmo teórico deve tornar-se a confiança humilde de que ele existe e [...] é galardoador dos que o buscam.

Aqui está uma confiança dupla: primeiro, na atenção de Deus em buscar o homem, e, segundo, na integridade e benevolência do caráter de Deus. Ele vai galardoar aquele que o busca, e o galardão vai ser de acordo com a necessidade (Lc 11.9-13). Somente esta confiança torna possível um relacionamento significativo e pessoal. Mas esta confiança está vinculada a um busca diligente. Os galardões de Deus da graça divina não são espalhados de maneira promíscua e indiscriminada.

O relacionamento deve ser interpessoal — de duas vias. O homem deve querer Deus, não somente seus dons, mas para o seu próprio bem, e querê-lo a ponto de procurá-lo. O homem também deve tomar a iniciativa, como evidência de um desejo sincero.

No versículo 6, vemos “Como Obter Algo de Deus”:

1) Pureza de motivo: o buscam — sua presença, sua vontade, sua glória.

2) Deve haver sinceridade de propósito. Esta busca deve ser diligente — sincera, aberta e persistente.

3) Deve haver simplicidade de fé: creia que ele existe e que é galardoador — uma fé refletida na busca diligente, uma fé que aposta tudo na integridade de Deus, uma fé que se afirma a si mesma.

5. A Obra da Fé (11.7)

Pela fé Noé [...] preparou a arca (Gn 6.8,9,13-22; 7.1). No entanto, a iniciativa não foi humana, mas divina: divinamente avisado. O nome de Deus não é citado, mas inferido pelo particípio, kramatistheis, “tendo sido divinamente avisado e advertido” (cf. 8.5). Temeu indica a motivação interior.

De que maneira a fé é compatível com o temor? Simplesmente, pelo fato de que o temor foi gerado pela sua confiança implícita na Palavra de Deus. Ele creu que uma enchente viria e foi estimulado a agir por causa da perspectiva assustadora de ser apanhado despreparado. O resultado da sua fé-ação foi a salvação da sua família. Quando o homem crê em Deus e age de acordo, obtém a salvação, tanto física quanto espiritual, na vida dos outros.

6. A Obediência da Fé (11.8)

Quando o “pai da fé” foi chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança. Isto também ocorreu pela fé visto que a) havia um pano de fundo de fé-familiaridade com Deus; 6) ele cria que esta impressão (este chamado) era a voz de Deus; c) ele cria que existia este lugar se Deus havia dito; d) ele cria que Deus o protegeria durante a viagem e depois da sua chegada; e) ele cria que Deus identificaria o lugar à sua maneira e a seu tempo e f) ele cria que a promessa de Deus de dar a ele a terra certamente se cumpriria (Gn 12.1-4). Este é o tipo de fé que instiga a obediência e é provada por ela. Atuar pela fé, realizando grandes coisas para Deus, sempre é uma simples questão de obediência, em que Deus toma a iniciativa. Mas a fé deve ser forte o suficiente para obedecer mesmo quando Deus mantém em segredo alguns detalhes que gostaríamos de saber. Abraão não sabia para onde estava indo. Ele conhecia apenas a direção.

Nenhum mapa topográfico foi-lhe apresentado, somente a promessa: “Eu te mostrarei” (Gn 12.1). Algumas pessoas nunca alcançam nada para Deus porque não querem obedecer um passo por vez; elas querem muita informação adiantada. Elas querem eliminar da obediência todo mistério, incerteza e risco aparente. Mas isto também significaria a eliminação da própria fé.

7. A Peregrinação da Fé (11.9,10)

Depois que Abraão chegou, habitou na terra da promessa (9); literalmente, “ele tornou-se um peregrino”. Ele instalou-se na terra, não como dono ou conquistador, mas como estrangeiro, como em terra alheia; i.e., não sua própria terra, mas como pertencendo a alguém outro.

Ele não brandiu a espada e proclamou o seu governo; ele não tomou nada em suas próprias mãos. Este também é o caminho da fé: deixar Deus cumprir suas promessas no seu tempo e à sua maneira. Não precisamos forçar as coisas ou provocar guerras para cumprir a sua vontade. Uma fé fraca sempre rói as unhas.

Exigiu-se de Abraão uma confiança calma e paciente por um longo tempo, e não somente dele, mas do seu filho e do neto, Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Três gerações de herdeiros, vivendo em cabanas (tendas), não cidades ou casas, mas como estrangeiros em sua própria terra! Será que eles foram tentados a questionar se não haviam se enganado, ou se Deus tinha esquecido, ou estava demorando demais? Na ordem das coisas de Deus, a verdadeira situação muitas vezes está oculta. Davi era rei na “mente” de Deus muitos anos antes que se tornou rei na mente das pessoas. Mas a fé sabe esperar, porque vê os fatos por trás das circunstâncias.

Ela não precisa gritar; também não tem necessidade de abandonar a esperança e entrar no desespero. O exemplo de Abraão talvez foi apresentado para envergonhar estes cristãos hebreus que estavam entrando em pânico porque nem todas as promessas de Cristo haviam se concretizado.

Abraão talvez tenha admirado as cidades cananéias, mas não as invejou — Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus (10). “Pois ele esperava a cidade que tem alicerces [de realidade eterna], cujo arquiteto (.mestre de obras) e edificador (empreiteiro) é Deus” (NVI). Ele podia esperar; porque muito tempo depois que as cidades cananéias tivessem se transformado em pó, a cidade de Deus permaneceria em pé. Nós também podemos nos dar o luxo de esperar.

8. A Descendência da Fé (11.11,12)

A fé também era a chave para a concepção miraculosa de Sara: porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido (11). É verdade, quando ouviu pela primeira vez a predição, “riu-se Sara consigo” (Gn 18.12), porque na sua idade avançada ela sabia que no mundo natural a idéia era absurda.

Mas seu riso dócil de deleite se transformou em uma fé firme quando o Senhor a repreendeu e no final tornou-se um riso de alegria santa (Gn 21.6). Sua confiança em Deus capacitou-a a receber uma força sobrenatural para esta experiência.

Por meio da fé de Sara e Abraão, Deus foi capaz de fazer suas promessas, dadas antes de Isaque nascer e então reafirmadas depois que Abraão foi provado no monte Moriá (Gn 15.5; 22.17). Pelo que também de um, e esse já amortecido (lit., já impotente), descenderam tantos, em multidão, como as estrelas do céu, e como a areia inumerável que está na praia do mar (12).

Mas não somente a raça hebraica é a descendência da fé, mas os crentes gentios também, visto que “os que são da fé são filhos de Abraão” (Rm 4.9-25; G1 3.7-9).

9. A Confissão de Fé (11.13-16)

A fé bíblica sempre olha para frente bem como para cima, e abrange a eternidade, bem como o tempo. O autor descreveu de maneira sucinta a vida de fé dos patriarcas, a quem as promessas foram dadas. Agora ele nos lembra que eles não abandonaram a fé só porque as promessas não se materializaram da noite para o dia. Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas (13).

Naturalmente, a forma muda de pistei, “pela fé”, para kata pistin, “na fé”. Eles não morreram pela fé, mas na fé, crendo em Deus até o seu último respirar. Eles receberam as promessas, mas não haviam recebido o cumprimento (a mesma palavra usada em 10.36). A promessa de um filho (Isaque) havia sido cumprida; evidentemente, portanto, as promessas nas quais mantinham os seus olhos e pelas quais viviam e morriam eram maiores do que esta promessa específica. O nascimento de Isaque era apenas um símbolo da plenitude futura.

Nos versículos 13-16, vemos que “A Confissão de Fé” inclui:

a) A posse da visão — mas, vendo-as de longe. Este era o discernimento do profeta ou vidente em relação ao futuro. Eles sentiam que a visão que Deus tinha dado era para um dia distante. Mas eles eram grandes o suficiente para ver o todo, não apenas as

partes e ver adiante, não apenas o presente; eles estavam dispostos em ser pequenas peças no plano maior de Deus. Eles sabiam que o Deus que tinha dado a visão não iria morrer quando eles morressem.

b) Uma persuasão de valor — e crendo nelas, e abraçando-as. Eles não só estavam convencidos de que as promessas eram “boas”, mas entregaram-se completamente aos valores superiores que representavam.

As duas frases são uma tradução dupla de uma palavra, aspasamenoi, “tendo saudado”, e significa neste caso “tendo abraçado mentalmente”, tendo recebido “no coração ou no entendimento”.

c) Uma profissão de peregrinação — confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Aqui estão reveladas a profundidade e a grandeza da visão dos patriarcas, nem sempre reconhecidas. Sua visão ia além de Canaã. Eles não eram apenas viajantes na terra prometida da Palestina, mas estrangeiros e peregrinos na terra. Porque os que isso dizem claramente mostram que buscam uma pátria (14) e, obviamente, eles não têm em mente Canaã ou a terra dos seus ancestrais, a Mesopotâmia, quando se referem a esta verdadeira pátria. Certamente, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar (15).

O significado do tempo imperfeito nos dois verbos principais não é observado na KJV (a idéia do subjuntivo não faz parte do texto grego).

A tradução deveria ser a seguinte: “E se eles realmente tivessem lembrado daquela (terra) de onde tinham saído, eles teriam tido continuamente a oportunidade de voltar”.10 O olhar crônico para trás produz também pés voltados para trás. Quando o homem deseja voltar atrás (anakampsai), seus olhos descobrirão uma série de maneiras e razões. Lembrassem significa “fixar os pensamentos em algo”, referir-se, falar de. Se as pessoas não querem apostatar, é melhor manter o seu passado fora da sua imaginação e conversa. Se Deus está disposto a esquecer, é melhor que também estejamos.

Os santos do AT, no entanto, não tinham nenhum interesse em olhar para trás; eles estavam enamorados demais com o futuro. Mas, agora, desejam uma melhor, isto é, a celestial (16). Literalmente, “eles se esticam”, tão intensa é a sua devoção. Que os patriarcas tinham uma idéia do céu — ou pelo menos uma teocracia espiritual — é claramente expresso, porque o contraste não é somente com a terra antiga, mas com a pátria onde agora estavam caminhando como nômades. Canaã era agradável, mas não preenchia a revelação interior que Deus tinha dado a eles.

Eles podem ter visto na terra um tipo de Reino, como viram em Isaque um tipo do Messias e uma expectativa da bênção que deveria vir sobre todas as famílias da terra. Possivelmente, esta é a razão por estarem dispostos a ser contados como estrangeiros na terra; eles de qualquer maneira nunca se sentiram em casa jeito.

E triste que seus descendentes perderam a visão (o mesmo perigo que estes cristãos hebreus estavam correndo), e se acomodaram com esse apego intenso a esta terra.

Peregrinos não estão demasiadamente preocupados com posses e possuidores avarentos logo deixam de ser peregrinos. Como C. S. Lewis diz: “Muitas pessoas pensam que estão encontrando seu lugar no mundo, quando, na realidade o mundo está encontrando seu lugar nelas”.

Por causa da atitude espiritual deles, Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade. Alguns que professam crer em Deus são uma desonra para Ele devido às suas almas miseravelmente presas à terra. Mas este não era o caso de Abraão, Sara, Isaque e Jacó (Ex 3.3-16); deles Ele recebia com alegria o título Deus. Ele, em Cristo, preparou a cidade — uma moradia eterna e segura (Jo 14.1-4; Ap 21.2).

Visto que olhavam para o futuro com fé, eles são tão favorecidos por Cristo como nós que também olhamos para o futuro com fé, embora nossa fé seja reforçada com o conhecimento adicional do Calvário, que nos deixa sem desculpa para deixar escapar a Cidade Santa.

10. O Teste da Fé (11.17-19)

Há uma confiança sublime e ao mesmo tempo pungente na fé perfeita, como é revelada em Abraão quando ele, sendo provado (colocado à prova), ofereceu [...] a Isaque (17). O autor deliberadamente ressalta a severidade intensa deste teste: aquele que recebera (acolhera, recebera com alegria) as promessas ofereceu (estava no ato de oferecer) o seu unigénito — de quem foi dito: Em Isaque será chamada a tua descendência (18).

Para alguém com menos fé, isto poderia parecer um completo despedaçar de esperanças. Mas o equilíbrio de Abraão tinha uma simples explicação: Considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar. E daí também, em figura, ele o recobrou (18-19). Isto é, figuradamente falando, Isaque era um dom da vida a partir da morte; o Deus que fez um milagre quanto ao cumprimento da promessa poderia realizar mais um. A expressão era poderoso não atribui a Abraão a certeza de que Deus faria mas que Ele poderia fazer.

Esta era a única solução que Abraão conseguia enxergar; mas a sua confiança era tão grande na integridade de Deus que sentiu-se perfeitamente seguro de obedecer absolutamente e deixar os caminhos e meios para Deus. E importante observar que Abraão venceu esta prova porque Isaque nunca havia se tornado um ídolo.

Nesta passagem vemos “A Fé Testada e Triunfante”. 1) A fé é testada (a) quando os sacrifícios exigidos parecem excessivos, (b) quando os mistérios da providência permanecem insolúveis, (c) quando a promessa de Deus parece irrealizável. 2) A fé triunfa porque (a) ela acredita na grandeza de Deus, apesar das dificuldades, (b) confia na bondade de Deus apesar das aparências, (c) obedece às ordens de Deus apesar das conseqüências.

11. A Confiança da Fé (11.20-22)

A fé dá ao seu possuidor os olhos de um vidente (profeta), e uma confiança no futuro do povo de Deus. Isto é demonstrado em Isaque, que pela fé [...] abençoou Jacó e Esaú, no tocante às coisas futuras (20; cf. Gn 27.27-29, 39,40). Ela também é vista em Jacó que abençoou cada um dos filhos de José no leito da morte (21; cf. Gn 48.11-20).11 José amplia este aspecto ainda mais: Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos (22; cf. Gn 50.24,25). Ele não queria que seus restos mortais ficassem no Egito. Nos três exemplos, a confiança no futuro era baseada na fé acerca da integridade das promessas de Deus. Aqui era a visão que transcendia seu próprio destino e sua própria geração. Eles se enxergavam fazendo parte de um grande plano, como elos da corrente da história divina.12 Sua fé não foi alterada pelo não cumprimento durante a vida deles. Isto também servia de repreensão para estes cristãos hebreus hesitantes!

12. A Coragem da Fé (11.23)

Foi a fé que capacitou Anrão e Joquebede a esconder Moisés, já nascido [...] três meses [...] porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei (Ex 2.2ss). A ordem era que cada infante masculino fosse lançado no rio (Ex 1.22).

Mas os pais perceberam que este menino era formoso, i.e., bonito. O adjetivo principesco ou magnífico transmite melhor a idéia do original. Todos os pais têm orgulho de seus filhos e acham que são especiais; há uma dica aqui, no entanto, de uma percepção profética de que esta criança tinha um destino especial.

Esta visão e fé deram aos pais a coragem de crer que Deus os ajudaria a frustrar a ordem do rei. Eles não temeram (lit., não estavam apavorados ou intimidados).

Quando o bebê se tornou tão barulhento aos três meses que se tornou impossível manter a sua presença em segredo, prepararam um berço flutuante e designaram sua irmã maior a cuidar do menino. Em vez de lançá-lo no rio, eles o colocaram sobre o rio, crendo que se Deus tinha um plano especial para Moisés, Ele poderia de alguma forma preservá-lo. E Ele o fez, de tal forma que se tornou uma história mais interessante do que as melhores histórias de ficção.

13. A Escolha da Fé (11.24-26)

Os primeiros anos, normalmente, são mais importantes do que os anos posteriores na vida da criança. Felizmente, a mãe de Moisés esteve com ele quando ele era mais moldável e deve tê-lo educado bem no conhecimento do único e verdadeiro Deus. Como jovem, ele ponderou cuidadosamente a vida do povo simples e temente a Deus da sua mãe e a vida resplandecente, mas corrupta da corte. Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó (24).

Foi um repúdio claro e definitivo, como o tempo aoristo sugere. Ele rompeu com a realeza egípcia de uma vez por todas, escolhendo (lit., tendo escolhido), antes, ser maltratado com o povo de Deus (25). A rejeição exterior foi o resultado de uma decisão interior prévia.

A habilidade de tomar decisões e de escolher sempre o lado certo é a marca do caráter forte. Outra vez, o autor está envergonhando estes cristãos hebreus em virtude da forma vacilante e indecisa de eles se comportarem.

Moisés conhecia bem a opressão cruel e a privação sofridas por este povo; ele não era ignorante ou ingênuo. Mas ele pesou o sofrimento deles com o gozo do pecado, porque percebeu que aqueles que sofriam eram o povo de Deus, portanto, interiormente superiores, e se sairiam melhor no final, porque o gozo do pecado era apenas por um pouco de tempo. Assim, as vantagens da corte egípcia eram vistas como sendo superficiais e temporárias. Sua escolha, portanto, era inspirada pelo seu modelo de valores: tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo (“o estigma que está sobre o Ungido de Deus”, NEB) do que os tesouros do Egito. O estigma continua presente!

Muitos estudiosos modernos tentam de todas as maneiras possíveis desfazer e desacreditar o caminho cristão, mas podemos estar certos de que na medida em que tiverem êxito em tornar Cristo palatável ao homem natural, nessa mesma medida moldaram um Cristo falso e imaginário.

Que conceito Moisés tinha de Cristo (lit., o Cristo)? Provavelmente o seu conceito não era claro, mas seu conhecimento de que os hebreus eram o povo de Deus indubitavelmente incluía um conhecimento vago de um Ungido prometido (1 Co 10.1-4). Embora sua mente possa ter estado nebulosa quanto a detalhes, sua fé estava segura, tão segura que por causa dela ele estava disposto a arriscar seu presente e seu futuro.

O autor continua mostrando que o sistema de valores de Moisés estava baseado em grande parte na sua habilidade de olhar para o futuro: porque tinha em vista a recompensa (26). Literalmente, a palavra apeblepen, “ele estava olhando”, significa “desviar o seu olhar de todos os outros objetos e olhar para um único”. O tempo imperfeito indica que este não era um interesse romântico ou caprichoso, mas um olhar fixo. Ele continuou olhando com uma atenção fixa e séria; inevitavelmente o resplendor egípcio dissipou-se completamente de sua mente. O segredo de escapar do encanto sedutor do mundo é olhar tão longe para o futuro para perceber duração e conseqüência.

Pela fé, portanto, Moisés foi capaz de perceber os verdadeiros problemas da vida. Na superfície parecia que ele estava escolhendo entre dor e prazer, mas, na realidade, era entre piedade e pecado. Superficialmente, parecia ser uma escolha entre sua mãe e a filha de Faraó, mas, na realidade, era uma escolha entre Cristo e o mundo.

Parecia que ele estava escolhendo entre pobreza e os tesouros do Egito; mas, na verdade, era uma escolha entre céu e terra. Parecia uma escolha entre o deserto e o trono; mas, na realidade, era entre a imortalidade e o esquecimento.

Além disso, pela fé, ele foi capaz de distinguir o passageiro do permanente. O passageiro incluía 1) o sofrimento do povo de Deus, 2) o gozo do pecado, 3) os tesouros do Egito, 4) o vitupério de Cristo. O permanente incluía 1) o povo de Deus, 2) a pessoa de Cristo, 3) o pagamento da recompensa.

Nos versículos 24-26, vemos “As Qualidades da Fé Duradoura”. 1) Ela percebe a superioridade dos valores morais e espirituais sobre os prazeres temporais e carnais, vv. 25,26. 2) Ela está certa de que os valores duradouros estão do lado de Cristo e do povo de Deus, vv. 24,26. 3) Ela escolhe renunciar a uma vantagem passageira para obter um ganho permanente, w. 25,26.

14. A Persistência da Fé (11.27)

Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei (27). De acordo com Êxodo 2.11-15, o êxodo juvenil de Moisés foi, na verdade, uma fuga, instigada pelo medo. Portanto, é mais provável que Hebreus esteja se referindo aqui à saída dignificada e deliberada 40 anos mais tarde. A palavra katelipen, deixou, simplesmente significa deixar para trás e não necessariamente sugere fuga. Em sua mocidade, a fé que Moisés tinha era forte o suficiente para fazer a escolha básica e final, mas ela precisava da maturação do deserto e da sarça ardente para tornar-se à prova de pânico.

O segredo do seu equilíbrio foi que ele ficou firme, como vendo o invisível. Ele suportou resolutamente as ameaças e a duplicidade de um Faraó colocado contra a parede e foi fortalecido porque a fé vê o invisível; não somente a ordem invisível como tal, mas o “Invisível” (masculino singular). Afé tem um radar espiritual que a descrença não tem (2 Rs 6.16-17; Dn 3.23- 25). Mas a grande marca distinta da fé bíblica é que ela está firmada num Deus pessoal, não numa lei ou poder impessoal.

15. O Êxodo da Fé (11.28-31)

A verdadeira fé sempre sai do Egito. Ela nunca fica. Na verdade, o versículo 27 é tanto um prefácio como uma apresentação prévia desta seção, que consiste em esboçar os pontos altos da migração do Egito para Canaã. A história aqui não é de todo brilhante; uma descrença vergonhosa tornou a história acidentada, com conseqüências trágicas.

Os cristãos hebreus têm sido lembrados deste fato com muita intensidade. Mas a atenção agora está no fato de que a nação nunca teria sido liberta da escravidão, e nunca teria entrado em Canaã, se não fosse por aqueles que tiveram fé. Cada passo importante era uma vitória da fé. Mas a dúvida nunca registrou avanços.

a) A Páscoa (11.28). O primeiro passo preparatório essencial no Êxodo foi a Páscoa. Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue. O objetivo era escapar da espada do destruidor dos primogênitos.

Este ato de julgamento divino não era somente necessário e justificado pela teimosia egípcia, mas foi simbólico da morte eterna que é endêmica do Egito espiritual. Semelhantemente, o cordeiro morto era simbólico do futuro Cordeiro de Deus, que tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29). Não há escape, quer da escravidão egípcia ou da escuridão ou morte egípcia, sem o aspergir do sangue. Mas note bem, a vida não depende apenas do sangue derramado, mas do sangue aplicado. Somente o derramar do sangue não teria protegido ninguém. Havia salvação somente à medida que o sangue era aspergido individualmente na verga da porta e em ambas as ombreiras das casas (Ex 12.23). A verdade aplica-se igualmente ao sangue do Cordeiro de Deus. Somente quando a fé toma posse e o Espírito opera que o Sangue salva.

b) O mar Vermelho (11.29). Pela fé, passaram o mar Vermelho, como por terra seca. Para maiores detalhes, leia Êxodo 14.22-27. A fé agora é atribuída ao povo, bem como a Moisés. Neste acontecimento, vemos a diferença entre fé e presunção. A fé não depende do que é feito, mas com que autoridade. Israel agiu de acordo com a ordem divina, mas o intentar (lit., tentar) dos egípcios em fazer a mesma coisa causou o seu afogamento. A mesma ação pode ser apropriada e bem-sucedida ou presunçosa, fanática e desastrosa, dependendo da presença ou ausência de Deus. “Com Deus, ando sobre o mar; sem Ele, nem saio pela porta”.

c) Os muros de Jericó (11.30). Moisés está morto; os israelitas já não podem mais depender da fé dele. Mas esta fé foi compartilhada pelo seu “afiliado” Josué e, até certo ponto, por toda a nação. Esta era uma nova geração, que tinha se beneficiado, pelo menos em parte, da ruína dos seus pais. Apesar do rio Jordão ter sido atravessado, Jericó bloqueava o caminho para o portão de entrada da Terra Prometida, na realidade mais temível do que os medos de Cades-Barnéia. Mas, pela fé, caíram os muros de Jericó.

De que maneira a fé pode derrubar muros? Efeitos psicológicos e subjetivos da fé são explicáveis, mas a fé não envia ondas de pensamentos contendo um poder real e físico. A fé alcança seu objetivo indiretamente, por intermédio da 1) obediência humana e 2) do poder de Deus. Os muros, portanto, ruíram somente depois que se marchou em volta deles sete dias.13 “A fé sem obras é morta” (Tg 2.26). Mas as “obras” devem ser determinadas por Deus, não pelo homem.

d) A convertida Raabe (11.31). De acordo com o próprio testemunho dos espias enviados por Josué (Js 2.1-21), seu povo conhecia a história recente dos israelitas, e por causa disso o seu coração ficou paralisado de medo. O que no seu medo foi transformado em fé? 1) Ela percebeu o plano de Deus; 2) ela aceitou o plano de Deus e se ajustou a ele; 3) ela agiu de acordo com a sua nova lealdade, mesmo arriscando a própria vida; 4) ela reuniu sua família e amarrou o cordão de fio de escarlate (Js 2.18; 6.25). No fio de escarlate que foi dado a Raabe podemos ver um tipo do “fio de escarlate” mais longo que corre desde o Gênesis até o Apocalipse, ou seja, o símbolo do povo de Deus. Tiago cita Raabe como um exemplo de justificação “pelas obras” (Tg 2.25). Não há a menor incongruência aqui. Todo aquele que verificar a verdadeira natureza da fé bíblica chegará a esta conclusão. O princípio de ação na fé é ilustrado aqui como no versículo 30.

16. A Conquista da Fé (11.32-35a)

E que mais direi? Será que é necessário continuar detalhando os grandes homens da fé para reforçar estes cristãos hebreus? Provavelmente, devido ao espaço desta epístola, o autor condensa as façanhas do AT em um resumo compacto. Sem se delongar, ele menciona Gideão [...] Baraque [...] Sansão [...] Jefté [...] Davi [...] Samuel e os profetas (32). Todos eram heróis de Israel. Nem todos foram igualmente dignos de honra, mas todos alcançaram a imortalidade porque na hora da crise se levantaram como homens de fé.

Deus pode fazer mais com 300 homens de fé (o bando de Gideão) do que com 32.000 homens cujos corações tremiam de medo e dúvida. Tendo enumerado alguns nomes famosos, o autor enumera alguns dos atos poderosos praticados pela fé: venceram reinos, praticaram a justiça (elaboraram soluções justas), alcançaram promessas (33). Neste caso, intenta-se o cumprimento das promessas (mesma palavra em 6.15; Rm 11.7).

As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos (35a). Era a fé triunfando sobre a morte.15 Os versículos 336-34 registram algumas das façanhas mais dramáticas e sensacionais, mas facilmente omitida está a conquista de fé mais importante: da fraqueza tiraram forças (“fortalecidos com poder” — Mueller). Mas o leigo, o pregador, o missionário, a igreja e a nação devem primeiro sentir e reconhecer sua fraqueza, então olhar resolutamente e exclusivamente para Deus.

 

Neste ponto, Ele pode inspirá-los com poder (1 Sm 14.6; Tg 4.6-10), e usar um “bichinho” para esmigalhar os montes (Is 41.14-15). Mas, sem dúvida, a fraqueza mais profunda e a montanha mais elevada estão na área moral. Quando um caráter fraco é transformado em um gigante espiritual e moral pelo poder da fé — esse é o grande milagre.

17. O Triunfo da Fé (11.35-38)

No meio do versículo 35, ocorre uma mudança brusca por meio das seguintes palavras: uns foram torturados, não aceitando o seu livramento. O autor tem relatado os feitos heróicos da fé; agora ele se volta aos seus sofrimentos pacientes. Este é um acorde-chave na sinfonia da fé, embora o tom seja silencioso e reverente. A alusão nestes versículos é a homens e mulheres da história do povo de Deus que poderiam ter salvado suas vidas ao renunciar à sua fé.

Eles preferiam renunciar a suas próprias vidas, mesmo diante de muita agonia, para alcançarem uma melhor ressurreição. Esta é a marca suprema da fé autêntica: ela está mais preocupada com o que acontece do outro lado do que o que acontece deste lado da morte. A verdadeira fé vai além de toda negação presente e atravessa toda barreira terrena. Sua força não está em provas visíveis e libertações miraculosas, mas é fruto da comunhão com Deus.

Portanto, ela transcende a necessidade de auxílio sensorial. Porque a fé em Deus por meio de Cristo está segura do resultado final. Somente a fé fraca não crerá a não ser por meio de sinais e milagres (Jo 4.48).

Muitas vezes acabamos falando: “As coisas estão melhorando, minha fé está crescendo”. A verdadeira fé se apóia na integridade de Deus quando as coisas pioram em vez de melhorar. O teste supremo é o momento de agonia quando sabemos que Deus poderia nos libertar se lhe aprouvesse, mas não o faz; quando o chicote atinge as costas desnudas, quando as portas da prisão são trancadas, quando a serra dilacera a carne macia — e Deus permite.

A fé em tempos prósperos logo desaparece diante do assalto violento das tempestades que abalam a alma. Se a fé é relevante somente para ser feliz e próspera neste mundo, ela não passa de uma muleta débil e inútil de um mundanismo egoísta. A verdadeira fé cristã, por outro lado, encontra seu maior triunfo, não nos feitos visíveis, mas numa confiança e equilíbrio interior quando não existem circunstâncias encorajadoras.

A fé mais brilhante é uma fé que é brilhante quando o certo é derrotado e o errado está no trono, quando a vida parece completamente irracional. Certamente, é isto que se pode dizer destes santos do AT: dos quais o mundo não era digno (38).

18. O Testemunho da Fé (11.39,40)

Todos os nobres vitoriosos, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa (39). O NT Amplificado traduz: “Embora herdassem a aprovação divina pela [ajuda da] sua fé, [eles] não receberam o cumprimento da promessa”. A mesma afirmação foi feita acerca dos primeiros patriarcas no versículo 13. O motivo para o atraso é então expresso: provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados (40). Esta coisa melhor não pode referir- se ao céu, porque eles vão compartilhá-lo conosco numa base igual.

A coisa melhor pode referir-se somente à provação e privilégio. Nossas vantagens pós-Pentecostes estão no “repouso”, “perfeição”, “santificação” e acesso ao Santo dos Santos que o autor descreveu. A epístola é inequivocamente clara no ensino de que um nível e qualidade da salvação pessoal se tornam possíveis pelos acontecimentos da Sexta-Feira Santa, Páscoa e Pentecostes, que não estavam disponíveis antes. A dispensação do Espírito Santo é um avanço real, não somente no método da obtenção da redenção e na revelação da verdade, mas na área do alcance espiritual acessível. Tal profundidade de redenção, obtida no novo concerto, foi predita debaixo do antigo regime, mas agora é desfrutada.

Isto foi, evidentemente, o preço da sua fé. Mas, de forma simultânea, com nossas bênçãos espirituais atuais, eles agora nos alcançaram e desfrutam delas no céu. Neste sentido, eles agora são aperfeiçoados; a libertação das suas almas está agora consumada. Mas, enquanto a fé deles buscava obter bênçãos além túmulo, nossa fé deve se apossar pelos menos da seriedade dessas bênçãos agora, ainda em vida. Tem sido o alvo de toda epístola estimular estes cristãos hebreus a fazê-lo.

Por: Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Bibigrafia

Comentario Biblico Hebreus a Apocalipse