17 de dezembro de 2020

Quando Deus se Revela ao Homem

 

Quando Deus se Revela ao Homem

Texto Áureo

Então, o SENHOR respondeu a Jó desde a tempestade e disse:

Jó 40.6

A fim de levar Jó a uma plena submissão ao seu senhorio e caminhos, Deus argumentou com Jó, Deus queria neutralizar o que restava da resistência de Jó e levar Jó a plena compreensão de seu amor, essa argumentação da parte de Deus revela a sua paciência, misericórdia e seu grande cuidado pelos sofredores.

Em Jó 40.1-5 vemos que Jó humilha-se diante de Deus, nos versículos 6- 14, vemos o Senhor argumentando com Jó para mostrar-lhe sua justiça, poder e sabedoria, nos versículos 15-24 vemos o poder de Deus sobre Beemote*. (No mundo antigo tanto “Beemote” quanto “Leviatã”* eram animais considerados grandes representantes das “forças do mal no

mundo”), Jó foi desafiado a “atentar para todo soberbo e abatê-lo” (Jó 40.5- 14), Jó não podia “lidar” com os seres humanos ímpios, mas Deus controla todas as forças “representadas por Beemote e Leviatã” (Jó 40.15-24; 41.1- 34), em outras palavras, em um “poderoso simbolismo” Deus afirmou que ele é o governante moral do universo, isto é, Ele pode punir ímpios, e o faz.

*No tópico 3 subtópico 1 entenderemos melhor os termos Beemote e Leviatã.

1 – A Revelação de Um Deus Pessoal

Para uma melhor compreensão da lição, vamos entender o que é Epifania e

Teofania:

Epifania: Manifestação divina (gr. epipháneia, “aparecer, manifestar”), os gregos usavam esta palavra para descrever a aparição repentina, mas

benéfica, de uma “divindade” salvadora, outro detalhe, os gregos usavam esta palavra para se referir a Asclépio, Apolo, Zeus e outros deuses pagãos, com o passar do tempo, (ao que parece) por influência do cristianismo, os gregos passaram a usar a palavra epifania também para se referir a uma “intervenção ou revelação divina” da parte de Deus, mesmo que esta

                                                                                                            

intervenção ou revelação não mostrasse “sinais físicos”, na teologia cristã, entende-se que epifania é o momento em que Deus nos dá uma revelação, mas sem sinais físicos (exemplo: Quando Jesus perguntou aos discípulos sobre, quem as pessoas diziam ser Ele, Pedro respondeu; Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mateus 16.16), podemos dizer que ali Pedro teve uma epifania, isto é, uma revelação de Deus, mas sem sinais visíveis aos olhos físicos, Pedro compreendeu algo que só poderia compreender através da revelação divina, por assim dizer.

 

Teofania: Assim como a Epifania, a Teofania também é um termo usado para se referir as manifestações de Deus, mas na Teofania há sinais visíveis desta manifestação (isto é, sinais visíveis aos olhos físicos, por assim dizer), vejamos um exemplo de Teofania na Bíblia: A coluna de nuvens e a coluna de fogo que guiava e iluminava o povo de Israel no deserto (Êxodo 13.21,22), é um exemplo de Teofania, isto é, uma manifestação de Deus com sinais visíveis a olhos físicos, por assim dizer).

 

Há vários exemplos bíblicos sobre Epifania e Teofania, estes dois foram apenas para facilitar a nossa compreensão sobre a diferença entre os dois termos. Tenha em mente também que, muitos termos gregos que os irmãos da “igreja primitiva” usavam não tem uma tradução “correta ao pé da letra” para o português, por assim dizer, por isso, muitas vezes há uma certa dificuldade em compreender o que os irmãos da “igreja primitiva”

realmente queriam dizer para as “igrejas locais” de sua época. (Em momento oportuno abordaremos mais estes detalhes).

1.     O Deus que tem voz.

Embora Jó e seus amigos não tivessem conhecimento, Deus estava o tempo todo presente, mesmo sem dizer nada, no memento certo Deus quebrou o silêncio:

Depois disto, o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho (temos aqui outro exemplo de Teofania, por que houve uma manifestação visível a olhos físicos) e disse:

Jó 38.1

Observe que Deus não falou quando Jó queria que Deus falasse, mas Deus falou no momento em que Ele (Deus) quis falar, ou seja, Deus falou no momento certo. Na nossa vida é a mesma coisa, (muitas vezes) Deus não vai agir da forma que queremos, e, muitas vezes não falará no momento em que queremos, e nem falará o que queremos (por assim dizer), pois a sabedoria de Deus é infinitamente maior do que “imaginamos”. Nosso

“trabalho” é confiar que Deus está sempre presente e nunca nos abandona, o “trabalho” de Deus é agir da forma que Ele quer, e a forma de agir dele é sempre perfeito (nunca se esqueça disso).

 

2.     A poderosa manifestação de Deus.

Jó ouviu a voz que tanto ansiava ouvir, depois de um certo tempo (talvez alguns meses*), as orações de Jó ficaram sem resposta, e para Jó parecia que Deus não o ouvia, mas também não o deixava morrer em paz (isto na visão de Jó). Mas, enfim, Deus lhe apareceu no meio de um redemoinho (Jó 38.1).

No hebraico esta palavra (Jó 38.1) é “searah” – tempestade acompanhada por ventos fortes (2 Reis 2.1,11; Isaías 17.13; Zacarias 9.14). É interessante observar que foi através de uma dessas tempestades que os filhos de Jó foram mortos (Jó 1.18,19), entretanto, não está claro no texto hebraico se devemos compreender que em (Jó 38.1) houve uma tempestade literal, de elementos físicos, ou se Jó passou por uma poderosa experiência sobrenatural semelhante a uma tempestade (que causou, ou pelo menos

pareceu um “redemoinho”). Russel Norman Champlin e Jimmy Swaggart acreditam que o que Jó viu foi algo sobrenatural e não uma tempestade

“comum”.

Donald Carrel Stamps observa que Deus revelou a ignorância de Jó quanto ao propósito divino em tudo o quanto estava acontecendo, e Jó ficou perplexo ao perceber quão pouco os seres humanos realmente sabem e conhecem a respeito do Todo Poderoso.

Deus é um “Ser” que se revela e fala aos homens de inúmeras maneiras, e isto mostra a presença, misericórdia e amor de Deus para com o ser humano.

 


*É impossível dizer quanto tempo durou a provação de Jó, mas podemos supor que, não foram alguns dias, porque teria sido rápido demais, e também podemos supor que não foram anos, porque seu corpo estava muito enfraquecido por sua situação (humanamente falando, seu corpo não suportaria um ano a mais de vida), é razoável acreditar que sua provação tenha durado talvez uns 6 ou 8 meses (más isto é apenas uma suposição minha).

 

3.     O Deus que está presente.

Os amigos de Jó retratavam Deus como um Deus que estava longe dos homens, infelizmente hoje em dia, muitas pessoas que estão dentro das

“igrejas” também falam de Deus como se Deus fosse um ser muito distante dos homens, um Deus que “existe”, mas está praticamente inacessível.

As pessoas que falam de Deus com este tipo de pensamento são pessoas que não tem vida de oração, só abrem a Bíblia no dia em que vão na ‘igreja” (isto, quando vão), esperamos que não seja este o seu caso.

Perceba que, embora estivesse em silêncio, Deus estava com Jó o tempo todo, embora Jó não tivesse percebido. Observe ainda que Jó, mesmo sendo um exemplo como “homem de Deus” para sua época (e para a nossa

época), duvidou da presença de Deus no “calor da aflição”, Deus estava bem perto dele, mas as lutas o fizeram duvidar disso, guarde este exemplo, para não cometer o mesmo erro de Jó e pensar que Deus está longe em meio as lutas da vida.

 

2 – A Revelação de Um Deus Sábio

 

1.     Na mecânica celeste.

Jó se comportou (antes de Deus falar com ele) como um grande sábio, mas depois, Jó viu o quanto sua sabedoria era insignificante perto da sabedoria de Deus.

A respeito da sabedoria de Deus o apóstolo Paulo disse:

Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.

1 Coríntios 1.25

Salomão escreveu que Deus é quem dá a sabedoria:

Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento.

Provérbios 2.6

Deus convidou Jó a contemplar o universo e vê-lo como funciona (Jó 38), Deus fez Jó perceber que a sabedoria dele (Jó) não era nada, se comparada a sabedoria de Deus, Deus ensinou a Jó muitas coisas que Jó ainda não sabia (Jó 38).

Observe que o caminho da aflição nos faz aprender muito mais sobre Deus do que o caminho da bonança.

As lutas que Deus permite em nossas vidas nos farão aprender muito mais sobre Deus e seus propósitos.

 

2.     Na dinâmica da vida.

As várias perguntas que Deus fez a Jó (Jó 38-41) certamente deixaram Jó muito envergonhado, pois Jó acreditava que sabia muita coisa, mas perto de Deus, a sabedoria de Jó era insignificante (imagine então a sabedoria dos três amigos de Jó, que era ainda mais insignificante do que a de Jó, tanto é que foram duramente repreendidos por Deus, Jó 42.7-9).

Em Jó 23.3,4 Jó havia dito:

3.   Ah! Se eu soubesse que o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal.

4.   Com boa ordem exporia ante ele a minha causa e a minha boca encheria de argumentos. (parece que o que Jó queria dizer era; Eu mereço ser ouvido, por causa de tudo o que passei, o mínimo que Deus pode fazer é apresentar-se diante mim).

Jó 23.3,4

Mas diante das perguntas de Deus (Jó 38-41) Jó deve ter ficado com vontade de dizer;

“Já ouvi o bastante Senhor, entendi, me perdoe, eu falei demais, falei coisas que não deveria ter falado”.

Se Jó não sabia responder as perguntas de Deus, como ele poderia pensar que poderia argumentar com Deus de igual pra igual?

 

A verdade é que, muitas vezes na vida, acabamos agindo como Jó, pensamos que nossa luta é muito grande, que Deus nos abandonou, que Deus não está nos vendo e nem nos ouvindo...

Aí então quando Deus fala conosco, quando a provação acaba e a benção chega, nos sentimos envergonhados diante de Deus por causa de nosso

comportamento “infantil”.

3. Na necessidade de se conhecer melhor a Deus.

Era preciso que Jó enxergasse seu próprio orgulho, de fato Jó falou muitas verdades sobre Deus, mas ignorou o quanto não sabia acerca do criador.

Neste ponto acho muito válida a observação de Charles Henry Mackintosh quando ele diz que “Jó fazia sacrifícios por seus filhos, mas não oferecia sacrifícios por si mesmo (Jó 1.5), talvez por achar que estava em um nível espiritual em que não precisasse pensar em sacrifícios por si mesmo” – grifo pessoal. Levando em conta a observação de Mackintosh e o “orgulho de Jó” em certo sentido, podemos presumir que talvez por isso Deus tenha permitido tamanha provação sobre Jó, pois Jó estava em um “caminho

perigoso” que poderia fazer com que Jó se tornasse facilmente alguém semelhante ao fariseu de Lucas 18.9-14, ou seja, Jó poderia tornar-se alguém que confiava na própria justiça e não na Justiça de Deus.

Jó ainda era um homem justo aos olhos de Deus, mas faltava-lhe humildade, pois ele questionava a soberania e majestade de Deus.

3 – A Revelação de Um Deus Poderoso e Justo

 

1.     O Behemot e o Leviatã.

O Behemot (Jó 40.15). O termo beemote, usado em algumas versões bíblicas é uma transliteração de uma palavra hebraica que tem o significado de “super fera” (ou, “animal de incomparável força”). O Beemote passou a ser identificado com o hipopótamo por volta do século 17, porque os hipopótamos eram abundantes no Egito e em grande parte da África, mas o problema com esta “identificação” é que a descrição no texto não se encaixa particularmente com um hipopótamo*.

*Na minha opinião o Beemote mencionado na Bíblia é uma referência a um animal pré- histórico que já não existe mais, pois os relatos do livro de Jó são de, no mínimo, 3.400 anos atrás (como vimos no início da lição, tanto o Beemote quanto o Leviatã eram considerados grandes representantes das forças do mal no mundo antigo).


O Leviatã (Jó 41.1). O termo Leviatã é a transliteração de uma palavra hebraica que tem o sentido de “Envergar, retorcer”, o termo era usado para descrever um grande animal aquático, o Leviatã tem sido identificado com o crocodilo porque o crocodilo era encontrado principalmente no Egito, onde simbolizava “grandeza e poder real”, mas analisando a descrição sobre o Leviatã que está em Salmo 74.14 e em Jó 41.19,21, fica muito difícil identificar o Leviatã com o crocodilo*.

*Em minha opinião, é certo acreditar que o Leviatã trata-se de um animal pré-histórico, que não tem nenhuma identificação com o crocodilo, assim como o Beemote não tem nenhuma identificação com o hipopótamo (Tais identificações tem o objetivo de facilitar nossa compreensão, chamando nossa atenção para figuras animalescas que conhecemos, haja visto que não conhecemos a real aparência de um Beemote ou Leviatã).

 

Charles Rozell Swindoll observa que, na antiguidade, para capturar ou matar uma dessas gigantescas criaturas, era preciso furar ou tapar-lhe o nariz para que ele fosse obrigado a abrir a boca a fim de respirar. No momento em que abria a boca, o caçador lançava uma espada artesanal em sua garganta, matando-o. Isto era algo extremamente difícil de ser feito.

 

2.     Justiça e graça.

Jó está ouvindo a Deus. Ele absorve a ideia, ou seja, entende o que Deus está querendo lhe dizer, em outras palavras (segundo Swindoll), Deus estava dizendo:

“Até uma única espécie de vida animal é suficiente para fazer você recuar, Jó. Você não é páreo para algo com tamanha força. Se eu, o Senhor, sou bastante poderoso para criar e dominar uma criatura tão forte e tremenda, mereço então a sua confiança, a sua submissão e a sua adoração.”

Se Jó não era capaz de lidar, nem com o Beemote e nem com o Leviatã, como poderia tratar de entender este mundo complexo em sua totalidade.

Jó entendeu que, não há nada que possa justificar o ser humano diante de Deus, senão a sua maravilhosa graça (Efésios 2.8).

 

Conclusão

 

Nesta lição vemos como Deus se revelou a Jó de uma maneira maravilhosa. O que Jó tanto desejava finalmente aconteceu, não na hora e nem do jeito que Jó esperava, pois Deus sempre nos surpreende em sua forma de agir e se manifestar. Deus mostrou a Jó que sempre esteve presente, mesmo que Jó não percebesse.

 

 

Fontes

 

Enciclopédia Bíblica Russel Norman Champlin,

Bíblia de Estudo Pentecostal,

Bíblia de Estudo do Expositor,

Bíblia de Estudo Arqueológica,

Jó, Série Heróis da Fé – Charles Swindoll,

Revista Alerta Cristão – 4° Trimestre de 2020,

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal,

Comentário Devocional da Bíblia – Lawrence O. Richards,

Comentário Judaico da Bíblia NT,

Comentário Bíblico Matthew Henry,

Dicionário de Estudos Bíblicos – Arthur G. Patzia, e Antony J. Petrotta,

Dicionário Enciclopédico da Bíblia – Johan Konings,

Dicionário Tyndale,

Dicionário Vine,

Dicionário Bíblico Wycliffe,

Dicionário da Bíblia de Almeida,

Apontamentos teológicos professor José Junior