Ética Cristã
e Planejamento Familiar
TEXTO ÁUREO = "Eis
que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu galardão."
(SI 127.3)
VERDADE
PRÁTICA = Gerar
filhos, ou não, não é só uma questão de planejamento familiar, mas um encargo
que abrange a obediência aos desígnios divinos para a família.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE = Gênesis 1.24 – 31
HINOS
SUGERIDOS: 149,151,175 DA HARPA CRISTÃ
INTRODUÇÃO
Imagine
um mundo sem a presença de crianças! Comece a aula conversando com sua turma
sobre a alegria que a presença de um bebê traz à família. Fale também sobre as
responsabilidades que estão implícitas nesta chegada. Educação, saúde, boa
alimentação, desprendimento para dar atenção, carinho e todo cuidado que o bom
desenvolvimento de um ser humano exige. Os pais não podem ser egoístas, pois
criar filhos implica em estar pronto para mais dar do que receber.
Há opiniões radicais dos que se
opõem tenazmente a qualquer método ou tipo de limitação de filhos por um casal
crente. De outro lado, há os liberalistas temerários, que não veem qualquer
restrição ética concernente ao dito assunto. Os moderados procuram com
humildade e temor de Deus aprender a discernir o certo e o errado sobre o
assunto pela Bíblia e a busca da vontade específica do Senhor. Com muito respeito,
santo temor e sinceridade, desejamos abordar o tema, esperando contribuir para
o alargamento da visão sobre esse tão necessário e pouco estudado tema da ética
cristã.
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
1. Controle da natalidade.
“É o conjunto de medidas limitadoras, de emergência, incluindo legislações
específicas, que o governo de um determinado país adota para atingir metas
demográficas restritivas, (isto é, populacionais) consideradas indispensáveis
ao desenvolvimento socioeconômico. Isso ocorre por exemplo, na China e na
Índia, onde a população é excessiva em relação aos recursos econômicos”.
2. Planejamento
familiar.
É o exercício da paternidade responsável, e a utilização voluntária e
consciente por parte do casal, do instrumento necessário ao planejamento do
número de filhos e espaçamento entre uma gestação e outra.
O QUE AS
ESCRITURAS DIZEM SOBRE O PLANEJAMENTO FAMILIAR
A FAMILIA E
A PROCRIAÇÃO DA ESPÉCIÉ
Deus apresentou ao primeiro casal todas as demais criações
terrenas e disse-lhe: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e
sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre
todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28). A frutificação e a multiplicação da espécie humana foram o
meio planejado por Deus para que o homem pudesse dominar a Terra. Deus garantiu
em Seu plano que a humanidade teria livre acesso aos bens terrestres: “E a todo
o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que
há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento (...) Eis que vos tenho
dado toda a erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra; e toda
a arvore em que há fruto que dá semente, ser-vos-á para mantimento” (Gn
1.29-30). Deus planejou também o modo de segurança: “Mas da árvore do conhecimento
do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres,
certamente morrerás” (Gn 2.17). Assim também devemos orientar nossos filhos
para vida, principalmente para que sejam esposos e pais exemplares
A procriação
(Gn 1.28; Sl 127.3). Por isso, Deus criou “macho e fêmea”. Adão tinha liberdade de
comunicar-se verbal, social e fisicamente com sua esposa. A união, portanto,
entre marido e mulher foi estabelecida por Deus, para a multiplicação da raça
humana. A vida íntima entre os dois deve ser mantida, pois é uma coisa pura e
nobre conservar o “leito sem mácula” (Hb 13.4). Sem discussão, sem rivalidade
Toda família
a seu serviço. Deus quer toda família servindo a Ele e à sua obra (Êx 10.9; Ef
3.15). O Diabo luta para separá-la, mas Deus sempre deseja ajuntá-la. Vivamos,
pois, juntos na igreja, na oração, nos cultos, no lar, na escola dominical.
Sempre juntos! A família é composta de pai, mãe e filhos. Jamais confundamos a
família com grupos de pessoas, ou família no sentido de uma raça. As vezes, o
termo família, na Bíblia, significa o que se abriga debaixo de nosso teto (Ex
12.4).
Em
outras ocasiões, refere-se a Israel (Is 5.7). Deus ordenou que Noé e seus
familiares entrassem na arca (Gn 7.1,7). O carcereiro de Filipos foi batizado
com toda a sua casa (At 16.33).
O
PLANAJAMENTO FAMILIAR NO ANTIGO TESTAMENTO
No
Antigo Testamento, ter filhos era algo sagrado, uma bênção de Deus. Sara,
esposa do patriarca Abraão, sendo estéril, sentiu-se frustrada, recorreu a um
ato desesperado oferecendo sua serva ao marido para que este tivesse um filho
com ela, como sendo esse filho do casal. Isso resultou em sérias e perpétuas
complicações, quando se considera que em Abraão e Sara estava implícita a
linhagem do futuro Messias (Mt 1.1).
Abraão,
sentindo-se infrutífero quanto à sua descendência, disse ao Senhor: “Senhor
Jeová, o que me hás de dar, pois ando sem filhos...” (Gn 15.2). Em resposta, o
Senhor mandou que ele olhasse para as estrelas e lhe disse: “Assim será a tua
semente...” (Gn 15.5; Ler Gn 17.15,16).
Não ter filhos era sinal de infelicidade. Sendo Raquel estéril, disse a seu marido: “Dá-me filhos,
senão morro” (Gn 30.1). Quando Deus abriu sua madre, ela exclamou: “Tirou-me
Deus a minha vergonha” (Gn 30.23). Ana, mulher de Elcana, também é exemplo do
sofrimento e amargura de uma mulher estéril (Ler 1Sm 1.7,10,11,20).
Ter família numerosa era sinal de bênção. Ana teve Samuel e mais cinco filhos (1Sm 2.21). Os filhos
eram considerados presentes ou prêmios da parte do Senhor, como diz o salmista:
“Eis que os filhos são herança do Senhor e o fruto do ventre o seu galardão”
(Sl 127.3).
O PLANEJAMENTO FAMILIAR NO NOVO TESTAMENTO.
.
“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher...”. Maria ouviu do anjo: “Salve, agraciada! O Senhor é contigo! Bendita
és tu entre as mulheres” (Lc 1.28); “Eis que em teu ventre conceberás e darás à
luz um filha, e
por-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc 1.31). Que mistério tão grande! “O plano
da salvação, previsto antes da fundação do mundo, incluía uma mulher, uma mãe,
um ventre, um seio materno” (Lima, p.158).
Ter
filhos, uma bênção de Deus. Zacarias, esposo de Isabel, não tinha filhos, pois
sua mulher era estéril. Deus enviou o anjo Gabriel para informar a este sacerdote
de avançada idade que ele seria pai: “Terás prazer e alegria, e muitos se
alegrarão no seu nascimento” (Lc 1.14). As crianças foram abençoadas por Jesus.
Ele colocou um menino no meio das atenções (Mt 18.2,4); recebeu crianças
trazidas pelos pais, tocou-lhes brandamente,
abençoando-as (Lc 18.15-17).
No
Novo Testamento não há referencia expressa a ter ou não muitos filhos. Para ter filhos, cremos que o casal deve orar
muito, para que nasçam debaixo da benção de Deus. E, para não tê-los, deve orar
muito mais, para não contrariar a vontade de Deus. Devem ser considerados os
fatores de saúde, alimentação e educação (espiritual e secular), pois não é
justo que se tragam filhos ao mundo para vê-los subnutridos, mal educados e mal
cuidados. Isso não é amor. Não gerar filhossó porque a mãe não quer perder a
esbelteza do corpo (por vaidade), porque a vida esta difícil ou porque o casal
não quer ter muito trabalho, deve ter um encontro real com Cristo. Quem pensa
em casar, deve antes preparar-se para isso, em todo o sentido.
Filhos
são benção do Senhor e não devem ser evitados por razões egoísticas. A
limitação de filhos por vaidade é pecado, mas por necessidade que cause algum
risco de vida cremos ser moralmente justificável.
ÉTICA CRISTÃ E O LIMITE DO NÚMERO DE FILHOS
A QUESTÃO DO FATORDE MULTIPLIÇÃO
Deus mandou ao homem:
“Frutificai e multiplicai-vos” (Gênesis 1:28) e o casamento foi instituído por
Deus como um ambiente estável para ter e criar os filhos. Em nossa sociedade,
os filhos são frequentemente considerados como dificuldade e fardo. Atrapalham
o desenvolvimento da carreira profissional das pessoas, objetivos financeiros e
eles “atrapalham a vida social”. Frequentemente, o egoísmo é a raiz do uso de
contraceptivos.
Gênesis
38 nos fala dos filhos de Judá, Er e Onã. Er se casou com uma mulher chama
Tamar, mas ele era mau e o Senhor o matou, deixando Tamar sem marido ou filhos.
Tamar foi dada em casamento ao irmão de Er, Onã, de acordo com a lei
matrimonial do levirato em Deuteronômio 25:5-6. Onã não desejou dividir sua
herança com nenhum filho que pudesse gerar com Tamar no lugar de seu irmão, e
então ele praticou a mais antiga forma de controle de natalidade (coito
interrompido). Gênesis 38:10 diz: “E o que fazia era mau aos olhos do Senhor,
pelo que também o matou.” A motivação de Onã era egoísta: ele usava Tamar para
seu próprio prazer, mas se recusava a fazer seu dever “de irmão” de criar uma
herança para seu irmão morto. Esta passagem é frequentemente apontada como evidência
de que Deus não aprova o controle de natalidade. Contudo, não foi o ato da
contracepção que fez com que o Senhor matasse Onã, mas sim os motivos egoístas
por detrás de seu ato.
Estes são alguns versículos que descrevem os filhos pela
perspectiva de Deus. Os filhos são um presente
de Deus (Gênesis 4:1; Gênesis 33:5). Os filhos são herança do Senhor (Salmos
127:3-5). Os filhos são uma bênção de Deus (Lucas 1:42). Os filhos são a coroa
dos velhos (Provérbios 17:6). Deus bendiz a mulher estéril com filhos (Salmos
113:9; Gênesis 21:1-3; 25:21-22; 30:1-2; I Samuel 1:6-8; Lucas 1:7, 24-25).
Deus forma os filhos no ventre (Salmos 139:13-16). Deus conhece os filhos antes
de seu nascimento (Jeremias 1:5; Gálatas 1:15).
A limitação de filhos.
A decisão de não ter filhos precisa ser submetida à soberana vontade de Deus.
Não gerar filhos só porque a mãe não quer perder a esbelteza do corpo (por
vaidade), porque a vida está difícil ou porque o casal não quer ter muito
trabalho... Quem pensa em casar, deve antes preparar-se para isso, em todo o
sentido.
A QUESTÃO ÉTICA NO PLANEJAMENTO FAMILIAR
O planejamento possível.
Isto pressupõe uma paternidade responsável diante da lei de Deus, cujos
preceitos, ética e moral devem ser conhecidos e observados. Tudo isso, pela fé,
pois o que não é de fé é pecado (ver Rm 14.23). Ter filho, um após o outro,
seguidamente, sem levar em conta suas implicações, pode não ser amor; e, sim,
carnalidade desenfreada aliada à ignorância.
O
Livro Sagrado afirma que “tudo tem seu tempo determinado” (Ec 3.1). Além disso,
nos é oportuna a seguinte ordem: “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.21).
Para ter, ou não, filhos, o casal deve, acima de tudo, orar ao Senhor.
O
Planejamento Familiar deve nascer a rigor no namoro porque será sábio o casamento
sem que haja temor de gravidez prematura, seja emocional ou economicamente. E
visto que os meios de Planejamento Familiar são, em grande medida, questão de
escolha médica e estética, desde que admissível à consciência cristã, impõe-se
a formação da consciência.
Quer
dizer que a privação voluntária da relação sexual por parte de um dos cônjuges
não pode ser aprovada porque nega as intenções do casamento; meios que
interrompam ou impeçam o cumprimento do ato sexual, e assim que ele chegue ao
seu apogeu, também; o aborto provocado, o feticídio, a não ser que seja
imperativo para a vida da mãe e por inegável necessidade médica. O uso de
método contraceptivos deve honrar o vínculo do matrimônio e enriquecê-lo moral
e espiritualmente, porque o Planejamento Familiar deve ser meio de ajudar a
família a encontrar seu equilíbrio.
Colocar filhos no mundo é amá-los, estabelecer regras e
instruí-los no caminho correto. Estas coisas beneficiarão a vida deles e lhe
dará tranquilidade. Porém:
a)
Fazer tudo o que eles querem; dar tudo e nunca lhes ensinar que na vida tem
responsabilidades. Se os pais nunca lhes impor limites, o que acontecerá dentro
deles, é a formação de conceitos deturpados em relação ao que é viver em uma
sociedade organizada. Imaginarão que a vida será sempre fácil, isto é, porque
foram doutrinados de modo errado, sendo assim, acharão que todo mundo tem a
obrigação de lhes dar o que eles quiserem. Essas pessoas se tornarão pessoas
egoístas e autoritárias;
b) Não
permita que o filho lhe responda de um modo desrespeitoso. Tome providência
imediatamente;
c) Não
seja condescendente quando eles agem de forma errada. Não seja omisso na hora
da correção;
d)
Converse com a criança ou o jovem para saber de suas dificuldades, não
importando o tamanho delas;
e) Mostre
quem é a autoridade e o exemplo a ser seguido na família;
f) A
criança é experta e usa de artimanhas para emocionalmente seduzir e induzir o
pai ou a mãe a não corrigi-la;
g) Se
o pai sempre que presenciar um ato impróprio por parte da criança adiar ou
ficar na promessa de que vai corrigi-la e não o faz (isto repetidas vezes), a
criança ou o jovem automaticamente vão perder o devido respeito e vão repetir o
ato com sentimento de impunidade. É por isso que a sociedade está presenciando
a juventude de hoje agindo como todo o mundo pode ver. A culpa de tudo isto é a
falta de autoridade com sabedoria e responsabilidade por parte dos pais. (Pv.
29:15; 23:13,14) “A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si
mesma envergonha a sua mãe... Não retires da criança a disciplina; porque,
fustigando-a tu com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara e
livrarás a sua alma do Seol.” (NVI);
h)
Quando corrigir, nunca descarregue seus sentimentos de raiva, independentemente
do que possa estar ocorrendo na vida diária. Use a sabedoria;
i)
Acompanhar o andamento e desempenho na escola e etc. é indispensável. A criança
se sente bem e até agradece por ter um líder que a controla, li isto uma vez em
um livro sobre psicologia infantil.
j) Não
deixe a criança ou o jovem sob o governo de si mesmos, seus corações ditarão as
regras e comportamentos que por outro lado, poderiam ter sido aprendidos e
moldados através do ensino do pai sábio que está prescrito na Palavra de Deus.
(Pv. 22:6; 29:;15) “Instrui o menino no [caminho] em que deve andar, e até
quando envelhecer não se desviará dele.” (Pv. 20:11; 29:15b “Até a [criança] se
dá a conhecer pelas suas ações, se a sua conduta é pura e reta”)... mas a
[criança] entregue a si mesma envergonha a sua mãe.” Nossos corações são
enganosos e devemos entregar nossos sentimentos ao controle de Cristo – (Mt.
15:18-20a) “Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina
o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios,
prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas as coisas que
contaminam o homem...”
k)
Mostre e ensine o caminho do SENHOR às crianças. Está na Palavra de Deus – (Dt.
6:5-9) “Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e
de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam
em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas
quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se
deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na
testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões.”
(NVI).
CONCLUSÃO
Os
filhos são bênçãos do Senhor (Sl 127.3-5; 128.3,4) e não devem ser evitados por
razões egoísticas e utilitaristas. A limitação de filhos por vaidade é pecado,
mas por necessidade, como no caso de doença da mãe, e que lhe cause risco de
vida, cremos ser moralmente justificável; mas isso depende da consciência de
cada um diante de Deus, pois, como já foi dito, o que não é de fé é pecado (Rm
14.23).
Por:
Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja
Evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Bibliografia
Lições CPAD02002
Ética:As
Decisões Morais a Luz da Bíblia. Arthur F.
Holmes, CPAD.