22 de maio de 2018

Ética Cristã e Planejamento Familiar


Ética Cristã e Planejamento Familiar

TEXTO ÁUREO = "Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu galardão." (SI 127.3)

VERDADE PRÁTICA = Gerar filhos, ou não, não é só uma questão de planejamento familiar, mas um encargo que abrange a obediência aos desígnios divinos para a família.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Gênesis 1.24 – 31

HINOS SUGERIDOS: 149,151,175 DA HARPA CRISTÃ

INTRODUÇÃO

Imagine um mundo sem a presença de crianças! Comece a aula conversando com sua turma sobre a alegria que a presença de um bebê traz à família. Fale também sobre as responsabilidades que estão implícitas nesta chegada. Educação, saúde, boa alimentação, desprendimento para dar atenção, carinho e todo cuidado que o bom desenvolvimento de um ser humano exige. Os pais não podem ser egoístas, pois criar filhos implica em estar pronto para mais dar do que receber.

 Há opiniões radicais dos que se opõem tenazmente a qualquer método ou tipo de limitação de filhos por um casal crente. De outro lado, há os liberalistas temerários, que não veem qualquer restrição ética concernente ao dito assunto. Os moderados procuram com humildade e temor de Deus aprender a discernir o certo e o errado sobre o assunto pela Bíblia e a busca da vontade específica do Senhor. Com muito respeito, santo temor e sinceridade, desejamos abordar o tema, esperando contribuir para o alargamento da visão sobre esse tão necessário e pouco estudado tema da ética cristã.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

 1. Controle da natalidade. “É o conjunto de medidas limitadoras, de emergência, incluindo legislações específicas, que o governo de um determinado país adota para atingir metas demográficas restritivas, (isto é, populacionais) consideradas indispensáveis ao desenvolvimento socioeconômico. Isso ocorre por exemplo, na China e na Índia, onde a população é excessiva em relação aos recursos econômicos”.

2. Planejamento familiar. É o exercício da paternidade responsável, e a utilização voluntária e consciente por parte do casal, do instrumento necessário ao planejamento do número de filhos e espaçamento entre uma gestação e outra.

O QUE AS ESCRITURAS DIZEM SOBRE O PLANEJAMENTO FAMILIAR

A FAMILIA E A PROCRIAÇÃO DA ESPÉCIÉ

Deus apresentou ao primeiro casal todas as demais criações terrenas e disse-lhe: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28). A frutificação e a multiplicação da espécie humana foram o meio planejado por Deus para que o homem pudesse dominar a Terra. Deus garantiu em Seu plano que a humanidade teria livre acesso aos bens terrestres: “E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento (...) Eis que vos tenho dado toda a erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra; e toda a arvore em que há fruto que dá semente, ser-vos-á para mantimento” (Gn 1.29-30). Deus planejou também o modo de segurança: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Assim também devemos orientar nossos filhos para vida, principalmente para que sejam esposos e pais exemplares

A procriação (Gn 1.28; Sl 127.3). Por isso, Deus criou “macho e fêmea”. Adão tinha liberdade de comunicar-se verbal, social e fisicamente com sua esposa. A união, portanto, entre marido e mulher foi estabelecida por Deus, para a multiplicação da raça humana. A vida íntima entre os dois deve ser mantida, pois é uma coisa pura e nobre conservar o “leito sem mácula” (Hb 13.4). Sem discussão, sem rivalidade

Toda família a seu serviço. Deus quer toda família servindo a Ele e à sua obra (Êx 10.9; Ef 3.15). O Diabo luta para separá-la, mas Deus sempre deseja ajuntá-la. Vivamos, pois, juntos na igreja, na oração, nos cultos, no lar, na escola dominical. Sempre juntos! A família é composta de pai, mãe e filhos. Jamais confundamos a família com grupos de pessoas, ou família no sentido de uma raça. As vezes, o termo família, na Bíblia, significa o que se abriga debaixo de nosso teto (Ex 12.4).

Em outras ocasiões, refere-se a Israel (Is 5.7). Deus ordenou que Noé e seus familiares entrassem na arca (Gn 7.1,7). O carcereiro de Filipos foi batizado com toda a sua casa (At 16.33).

O PLANAJAMENTO FAMILIAR NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento, ter filhos era algo sagrado, uma bênção de Deus. Sara, esposa do patriarca Abraão, sendo estéril, sentiu-se frustrada, recorreu a um ato desesperado oferecendo sua serva ao marido para que este tivesse um filho com ela, como sendo esse filho do casal. Isso resultou em sérias e perpétuas complicações, quando se considera que em Abraão e Sara estava implícita a linhagem do futuro Messias (Mt 1.1).

Abraão, sentindo-se infrutífero quanto à sua descendência, disse ao Senhor: “Senhor Jeová, o que me hás de dar, pois ando sem filhos...” (Gn 15.2). Em resposta, o Senhor mandou que ele olhasse para as estrelas e lhe disse: “Assim será a tua semente...” (Gn 15.5; Ler Gn 17.15,16).

Não ter filhos era sinal de infelicidade. Sendo Raquel estéril, disse a seu marido: “Dá-me filhos, senão morro” (Gn 30.1). Quando Deus abriu sua madre, ela exclamou: “Tirou-me Deus a minha vergonha” (Gn 30.23). Ana, mulher de Elcana, também é exemplo do sofrimento e amargura de uma mulher estéril (Ler 1Sm 1.7,10,11,20).

Ter família numerosa era sinal de bênção. Ana teve Samuel e mais cinco filhos (1Sm 2.21). Os filhos eram considerados presentes ou prêmios da parte do Senhor, como diz o salmista: “Eis que os filhos são herança do Senhor e o fruto do ventre o seu galardão” (Sl 127.3).

O PLANEJAMENTO FAMILIAR NO NOVO TESTAMENTO.

. “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher...”. Maria ouviu do anjo: “Salve, agraciada! O Senhor é contigo! Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1.28); “Eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filha, e                   por-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc 1.31). Que mistério tão grande! “O plano da salvação, previsto antes da fundação do mundo, incluía uma mulher, uma mãe, um ventre, um seio materno” (Lima, p.158).

Ter filhos, uma bênção de Deus. Zacarias, esposo de Isabel, não tinha filhos, pois sua mulher era estéril. Deus enviou o anjo Gabriel para informar a este sacerdote de avançada idade que ele seria pai: “Terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento” (Lc 1.14). As crianças foram abençoadas por Jesus. Ele colocou um menino no meio das atenções (Mt 18.2,4); recebeu crianças trazidas pelos pais,                  tocou-lhes brandamente, abençoando-as (Lc 18.15-17).

No Novo Testamento não há referencia expressa a ter ou não muitos filhos.  Para ter filhos, cremos que o casal deve orar muito, para que nasçam debaixo da benção de Deus. E, para não tê-los, deve orar muito mais, para não contrariar a vontade de Deus. Devem ser considerados os fatores de saúde, alimentação e educação (espiritual e secular), pois não é justo que se tragam filhos ao mundo para vê-los subnutridos, mal educados e mal cuidados. Isso não é amor. Não gerar filhossó porque a mãe não quer perder a esbelteza do corpo (por vaidade), porque a vida esta difícil ou porque o casal não quer ter muito trabalho, deve ter um encontro real com Cristo. Quem pensa em casar, deve antes preparar-se para isso, em todo o sentido.

Filhos são benção do Senhor e não devem ser evitados por razões egoísticas. A limitação de filhos por vaidade é pecado, mas por necessidade que cause algum risco de vida cremos ser moralmente justificável.

ÉTICA CRISTÃ E O LIMITE DO NÚMERO DE FILHOS

A QUESTÃO DO FATORDE MULTIPLIÇÃO

Deus mandou ao homem: “Frutificai e multiplicai-vos” (Gênesis 1:28) e o casamento foi instituído por Deus como um ambiente estável para ter e criar os filhos. Em nossa sociedade, os filhos são frequentemente considerados como dificuldade e fardo. Atrapalham o desenvolvimento da carreira profissional das pessoas, objetivos financeiros e eles “atrapalham a vida social”. Frequentemente, o egoísmo é a raiz do uso de contraceptivos.

Gênesis 38 nos fala dos filhos de Judá, Er e Onã. Er se casou com uma mulher chama Tamar, mas ele era mau e o Senhor o matou, deixando Tamar sem marido ou filhos. Tamar foi dada em casamento ao irmão de Er, Onã, de acordo com a lei matrimonial do levirato em Deuteronômio 25:5-6. Onã não desejou dividir sua herança com nenhum filho que pudesse gerar com Tamar no lugar de seu irmão, e então ele praticou a mais antiga forma de controle de natalidade (coito interrompido). Gênesis 38:10 diz: “E o que fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que também o matou.” A motivação de Onã era egoísta: ele usava Tamar para seu próprio prazer, mas se recusava a fazer seu dever “de irmão” de criar uma herança para seu irmão morto. Esta passagem é frequentemente apontada como evidência de que Deus não aprova o controle de natalidade. Contudo, não foi o ato da contracepção que fez com que o Senhor matasse Onã, mas sim os motivos egoístas por detrás de seu ato.

Estes são alguns versículos que descrevem os filhos pela perspectiva de Deus. Os filhos são um presente de Deus (Gênesis 4:1; Gênesis 33:5). Os filhos são herança do Senhor (Salmos 127:3-5). Os filhos são uma bênção de Deus (Lucas 1:42). Os filhos são a coroa dos velhos (Provérbios 17:6). Deus bendiz a mulher estéril com filhos (Salmos 113:9; Gênesis 21:1-3; 25:21-22; 30:1-2; I Samuel 1:6-8; Lucas 1:7, 24-25). Deus forma os filhos no ventre (Salmos 139:13-16). Deus conhece os filhos antes de seu nascimento (Jeremias 1:5; Gálatas 1:15).

A limitação de filhos. A decisão de não ter filhos precisa ser submetida à soberana vontade de Deus. Não gerar filhos só porque a mãe não quer perder a esbelteza do corpo (por vaidade), porque a vida está difícil ou porque o casal não quer ter muito trabalho... Quem pensa em casar, deve antes preparar-se para isso, em todo o sentido.

A QUESTÃO ÉTICA NO PLANEJAMENTO FAMILIAR

O planejamento possível. Isto pressupõe uma paternidade responsável diante da lei de Deus, cujos preceitos, ética e moral devem ser conhecidos e observados. Tudo isso, pela fé, pois o que não é de fé é pecado (ver Rm 14.23). Ter filho, um após o outro, seguidamente, sem levar em conta suas implicações, pode não ser amor; e, sim, carnalidade desenfreada aliada à ignorância.

O Livro Sagrado afirma que “tudo tem seu tempo determinado” (Ec 3.1). Além disso, nos é oportuna a seguinte ordem: “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.21). Para ter, ou não, filhos, o casal deve, acima de tudo, orar ao Senhor.

O Planejamento Familiar deve nascer a rigor no namoro porque será sábio o casamento sem que haja temor de gravidez prematura, seja emocional ou economicamente. E visto que os meios de Planejamento Familiar são, em grande medida, questão de escolha médica e estética, desde que admissível à consciência cristã, impõe-se a formação da consciência.

Quer dizer que a privação voluntária da relação sexual por parte de um dos cônjuges não pode ser aprovada porque nega as intenções do casamento; meios que interrompam ou impeçam o cumprimento do ato sexual, e assim que ele chegue ao seu apogeu, também; o aborto provocado, o feticídio, a não ser que seja imperativo para a vida da mãe e por inegável necessidade médica. O uso de método contraceptivos deve honrar o vínculo do matrimônio e enriquecê-lo moral e espiritualmente, porque o Planejamento Familiar deve ser meio de ajudar a família a encontrar seu equilíbrio.

Colocar filhos no mundo é amá-los, estabelecer regras e instruí-los no caminho correto. Estas coisas beneficiarão a vida deles e lhe dará tranquilidade. Porém:

a) Fazer tudo o que eles querem; dar tudo e nunca lhes ensinar que na vida tem responsabilidades. Se os pais nunca lhes impor limites, o que acontecerá dentro deles, é a formação de conceitos deturpados em relação ao que é viver em uma sociedade organizada. Imaginarão que a vida será sempre fácil, isto é, porque foram doutrinados de modo errado, sendo assim, acharão que todo mundo tem a obrigação de lhes dar o que eles quiserem. Essas pessoas se tornarão pessoas egoístas e autoritárias;

b) Não permita que o filho lhe responda de um modo desrespeitoso. Tome providência imediatamente;

c) Não seja condescendente quando eles agem de forma errada. Não seja omisso na hora da correção;

d) Converse com a criança ou o jovem para saber de suas dificuldades, não importando o tamanho delas;

e) Mostre quem é a autoridade e o exemplo a ser seguido na família;

f) A criança é experta e usa de artimanhas para emocionalmente seduzir e induzir o pai ou a mãe a não corrigi-la;

g) Se o pai sempre que presenciar um ato impróprio por parte da criança adiar ou ficar na promessa de que vai corrigi-la e não o faz (isto repetidas vezes), a criança ou o jovem automaticamente vão perder o devido respeito e vão repetir o ato com sentimento de impunidade. É por isso que a sociedade está presenciando a juventude de hoje agindo como todo o mundo pode ver. A culpa de tudo isto é a falta de autoridade com sabedoria e responsabilidade por parte dos pais. (Pv. 29:15; 23:13,14) “A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe... Não retires da criança a disciplina; porque, fustigando-a tu com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do Seol.” (NVI);

h) Quando corrigir, nunca descarregue seus sentimentos de raiva, independentemente do que possa estar ocorrendo na vida diária. Use a sabedoria;

i) Acompanhar o andamento e desempenho na escola e etc. é indispensável. A criança se sente bem e até agradece por ter um líder que a controla, li isto uma vez em um livro sobre psicologia infantil.

j) Não deixe a criança ou o jovem sob o governo de si mesmos, seus corações ditarão as regras e comportamentos que por outro lado, poderiam ter sido aprendidos e moldados através do ensino do pai sábio que está prescrito na Palavra de Deus. (Pv. 22:6; 29:;15) “Instrui o menino no [caminho] em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Pv. 20:11; 29:15b “Até a [criança] se dá a conhecer pelas suas ações, se a sua conduta é pura e reta”)... mas a [criança] entregue a si mesma envergonha a sua mãe.” Nossos corações são enganosos e devemos entregar nossos sentimentos ao controle de Cristo – (Mt. 15:18-20a) “Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem...”

k) Mostre e ensine o caminho do SENHOR às crianças. Está na Palavra de Deus – (Dt. 6:5-9) “Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões.” (NVI).

CONCLUSÃO

Os filhos são bênçãos do Senhor (Sl 127.3-5; 128.3,4) e não devem ser evitados por razões egoísticas e utilitaristas. A limitação de filhos por vaidade é pecado, mas por necessidade, como no caso de doença da mãe, e que lhe cause risco de vida, cremos ser moralmente justificável; mas isso depende da consciência de cada um diante de Deus, pois, como já foi dito, o que não é de fé é pecado (Rm 14.23).

 

 

Por: Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Bibliografia

Lições CPAD02002





 Ética:As Decisões Morais a Luz da Bíblia. Arthur F. Holmes, CPAD.