ENCONTRANDO
NOSSO PRÓXIMO
Texto
Base: Lucas 10:25-37
"E que amá-lo de todo o coração, e de todo o
entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças e amar o próximo como a si
mesmo é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios" (Mc.12:33).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo das Parábolas de Jesus,
trataremos nesta Aula da Parábola do Bom Samaritano. Esta é uma das Parábolas
mais belas, mais profundas e mais intrigantes contadas por Jesus. Só aparece no
Evangelho de Lucas. Na Aula passada aprendemos sobre o perdão ao próximo, e
agora Jesus ensina quem é o próximo. Jesus quis dar uma lição especial aos
judeus, principalmente ao intérprete da Lei que o inquiriu. Amar o próximo já
era um mandamento compreendido há muito pelos rabinos, entretanto, a novidade é
que o próximo, objeto desse amor, poderia ser alguém com crenças diferentes,
costumes distintos e valores completamente opostos ao do judeu.
Na Parábola, a imagem de um samaritano (acompanhado
de um adjetivo contraditório "bom", pois para o judeu o samaritano
não era bom por natureza) acolhendo um judeu é muito ousada para qualquer
israelita da época. O nosso Senhor é claro em dizer que o próximo do samaritano
é aquele judeu necessitado; o próximo do judeu é o samaritano necessitado;
enfim, o próximo é qualquer pessoa que esteja necessitando de nossa ajuda,
independente da religião, da etnia, dos valores que elas portam. Jamais podemos
perder de vista que somos os portadores da compaixão de Jesus para com todos os
homens. Enfatizar essa verdade deve ser nosso maior objetivo nesta Aula.
I.
INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
Jesus contou a Parábola do Bom Samaritano como
resposta a uma pergunta feita por certo doutor da Lei. Antes de tratarmos a
Parábola, vamos analisar alguns destaques com relação a esse intérprete da Lei
de Moisés.
1.
O Doutor da Lei (Lc.10:25-28). Esse homem, perito nos
primeiros cinco livros do Antigo Testamento, desejou testar a sabedoria de
Jesus. Ele não buscava informação, mas queria ganhar uma vantagem sobre Jesus
ou esperava envergonhar Jesus. Na verdade, esse perito tentou enganar a Jesus,
testando-o ao máximo.
25. E eis que se levantou um certo doutor da lei,
tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
26. E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como
lês?
27. E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e
de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.
28. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.
O texto nos mostra que o doutor queria apanhar Jesus
no contrapé e se tornou prisioneiro no cipoal de sua própria armadilha. Jesus
virou a mesa, e o escriba que tentou pegar Jesus com as minúcias da Lei é
capturado pela responsabilidade da graça. O doutor queria manter a discussão em
nível complexo e filosófico, mas Jesus o leva para o campo pratico do amor e da
ação.
Tratando de um especialista na Lei, a armadilha era
para descobrir se Jesus era fiel às Escrituras e se observava os 613
mandamentos que o judaísmo prescrevia. Talvez ele tenha pensado que o Senhor
repudiava a Lei de Moisés.
a)
Sua teologia equivocada (Lc.10:25). Para esse doutor,
Jesus era somente um ensinador, e a vida eterna era algo que ele poderia ganhar
ou merecer. Ele fez uma pergunta interessante, a qual revela o seu equívoco
teológico: “...Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. Na mente desse
doutor, a vida eterna era uma conquista das obras, e não uma oferta da graça. A
pergunta presume que ele tinha de fazer algo para receber a vida depois da
morte. O pensamento dele expressa uma salvação pelas obras em vez de ser pela
graça divina. Para ele, a salvação era uma questão de merecimento humano, e não
uma dádiva divina.
b)
Uma pergunta perscrutadora (Lc.10:26). Se o referido doutor
tivesse sido humilde e penitente, o Senhor teria respondido mais diretamente.
Nas circunstâncias, Jesus dirigiu sua atenção à Lei. Jesus poderia ter
enfatizado ao doutor da lei que a vida eterna é um dom de Deus, mas ele não
tenta corrigir o pensamento do doutor da lei. Ele sonda a compreensão que esse
perito tinha da Lei, perguntando: “que está escrito na lei? Como interpretas?”.
Jesus usou, aqui, o método socrático, que consistia em responder as perguntas
que lhe eram feitas com outras perguntas.
Com esta pergunta, Jesus levou o doutor da Lei a dar
exatamente a resposta que Ele queria ouvir. Jesus respondeu perguntando sobre a
Lei de Moisés. Já que o homem era interprete da Lei e queria pôr Jesus à prova
acerca da vida eterna, Jesus devolve-lhe a pergunta, remetendo-o à Lei, para
deixar claro que, pelo padrão da Lei, é impossível ao homem ser salvo, uma vez
que a Lei exige uma perfeita relação do homem com Deus e com o próximo. A Lei
exige perfeição absoluta e nenhum homem é capaz de atender às demandas da Lei.
c)
Uma resposta comprometedora (Lc.10:27). Esse doutor da Lei,
que queria ouvir de Jesus uma resposta fora da Lei, porque o seu intuito era
provar a Jesus, por fim respondeu a sua própria pergunta.
Ele respondeu unindo os mandamentos de amar Deus de
todo o coração (Dt.6:5) e amar o próximo como a si mesmo (Lv.19:18). Em suma,
era isso que a Lei exigia, conforme explicou Jesus a outro doutor da Lei
(cf.Mt.22:37-39).
“E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e
de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”.
O intérprete conhecia a letra da Lei, mas não sabia
interpretá-la. Sua resposta revela que ele não conhecia o propósito da Lei, não
conhecia a si mesmo nem conhecia os fundamentos da salvação.
Com um só verbo, com uma só ação, era possível
obedecer aos dois mandamentos. Isso mostrava que Deus e o próximo são como as
duas faces da mesma moeda do amor. O amor a Deus é o elemento interno que se vê
na prática externa do amor ao próximo. O amor a Deus exige total devoção
(coração, alma, força, entendimento); e o amor ao próximo, total identificação
(como a si mesmo).
Jesus concordou com a resposta do seu inquiridor e
confirmou que a vida eterna, depois da fé e do arrependimento, se encontra na
experiência e na prática do amor (Lc.10:28) - “E disse-lhe: Respondeste bem;
faze isso e viverá”.
Ao mesmo tempo em que Jesus afirmou que se houvesse
obediência a esses dois mandamentos haveria vida, também mostrou que sem a nova
vida isso não seria possível. Só conseguiremos amar a Deus e ao próximo quando
deixarmos a vida divina, a vida do Espirito Santo, se manifestar em nós e
através de nós.
d)
O subterfugio do doutor da Lei (Lc.10:29). Percebendo que
tinha sido apanhado pelas cordas de sua própria astúcia, o doutor da Lei tenta
uma evasiva - “Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E
quem é o meu próximo?”.
Ele tentou Jesus primeiramente com uma pergunta
capciosa e agora tenta se esquivar com uma pergunta evasiva. Essa questão era
muito discutida naquele tempo e ainda hoje está presente em nossas mentes.
Afinal, quem é o meu próximo? Jesus não discutiu a teoria sobre o próximo; em
vez disso, contou a Parábola do Bom Samaritano e novamente devolveu a pergunta
ao interprete da Lei.
2.
A Parábola do Bom Samaritano (Lc.10:29-35). Jesus contou a
história do Bom Samaritano para colocar os valores do referido doutor da Lei de
cabeça para baixo. Ele reprovou as atitudes dos religiosos (sacerdote e levita)
e exaltou a atitude do rejeitado pelos judeus (samaritano), evidenciando que
temos de considerar toda e qualquer pessoa como nosso próximo,
independentemente de qualquer posição social, religiosa ou etnia.
A Parábola descreve tudo o que o samaritano fez para
salientar que a prática do amor não tem fronteiras. É a necessidade do outro
que diz o que precisa ser feito e até que ponto se deve amar. Além disso, o
amor quebra todas as fronteiras. O samaritano não perguntou se o ferido era
judeu ou não. O próximo é qualquer pessoa que encontramos.
29. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo,
disse a Jesus: E quem é o meu próximo?
30. E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de
Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram
e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
31. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho
certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
32. E, de igual modo, também um levita, chegando
àquele lugar e vendo-o, passou de largo.
33. Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé
dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão.
34. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para
uma estalagem e cuidou dele;
35. E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros,
e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares
eu to pagarei, quando voltar.
a)
Interpretações diversas. A Parábola do Bom Samaritano, ao
longo da história, tem sido alvo das mais diversas interpretações. Muitas
destas interpretações servem-se do método alegórico para atribuir ao texto
alguns objetivos que ele não tem. Entretanto, esta não é a maneira correta de
interpretar esta Parábola. Eis um exemplo: “A vítima representa o pecador
perdido. O sacerdote e o levita representam a lei e os sacrifícios, ambos
incapazes de salvar o pecador. O samaritano é Jesus Cristo, que salva o homem,
paga as suas contas e promete voltar. Os dois denários são as duas ordenanças:
o batismo e Ceia do Senhor”. É claro que esta linha de interpretação está
totalmente equivocada.
Outros entendem que esta Parábola é uma recomendação
formal do caminho das obras. Porém, ela é um repudio às obras como meio de
salvação. Não é aquilo que fazemos, considerado uma obra meritória, que
importa, mas, sim, a atitude de confiarmos em Deus e no que Ele fez por nós. Só
amam a Deus e ao próximo aqueles que foram transformados pelo amor de Deus.
Esse tipo de amor é nossa resposta ao amor que Deus tem por nós, e não a causa
de aceitação de nós.
b)
Três modos de viver a vida. Em relação a esta Parábola,
verificamos que existem três modos de viver a vida: o modo dos salteadores; o
modo dos religiosos (sacerdote e do levita); o modo do samaritano. São três
compreensões diferentes que condicionam o nosso ser e o nosso comportamento.
Primeiro:
a exploração, o modo de viver dos salteadores (Lc.10:29). A estrada de 27
quilômetros que desce pelo deserto, de Jerusalém para Jericó, tem sido perigosa
durante toda a sua história. Essa estrada era um despenhadeiro, no perigoso
deserto rochoso da Judeia, um lugar de montes, vales e cavernas. Era conhecida
como "caminho sangrento". Essa região era mal afamada por causa de
sua insegurança. Segundo a história, os cruzados construíram um pequeno forte
na metade do caminho, para inibir os salteadores e proteger os peregrinos.
Ainda hoje essa estrada é perigosa.
Jerusalém está situada 800 metros acima do nível do
mar, e Jericó, nas proximidades do mar Morto, é a cidade mais baixa do mundo,
está 400 metros abaixo do nível do mar. Por ali, precisavam passar as caravanas
que subiam e desciam de Jerusalém. Esse caminho passava pelos desfiladeiros do
terrível deserto da Judeia. Viajar sozinho era um convite ao desastre. Foi o
que aconteceu. Esse homem que desceu de Jerusalém para Jericó caiu nas mãos dos
salteadores, que roubaram tudo o que ele tinha, e ainda o machucaram e o
deixaram semimorto à beira do caminho. Tudo faz crer que o homem que foi
assaltado e quase morto era judeu.
O modo de viver, portanto, dos saltadores é este:
"O que é meu, é meu; mas, o que é teu deve ser meu também".
Segundo:
a indiferença, o modo de viver dos religiosos (Lc.10:31,32). O sacerdote e o
levita eram homens religiosos que cuidavam das coisas do templo e do culto ao
Senhor. Eram exemplos de piedade. Mas o medo de se tornarem cerimonialmente
impuros ou o temor de serem atacados pelos mesmos salteadores levou-os a
passarem de largo e a revelarem total indiferença para com o homem ferido. Eles
não somente deixaram de ajudar, mas foram para o outro lado da estrada,
abandonando o homem no seu sofrimento e na sua necessidade.
Muitas vezes nos esquivamos daqueles que precisam de
ajuda porque achamos que não vale a pena gastar nosso tempo, energia,
disposição com eles. No fundo, não queremos nos envolver porque pensamos: “cada
um por si, Deus por todos, e o diabo que carregue o último!”. Este tipo de
vida, essencialmente egoísta, é marca registrada da nossa sociedade hodierna.
Precisamos lembrar da pergunta de Jesus: “Mas se vocês amam apenas o que vos
amam que recompensa terão?” (Mt.5:46).
O modo de viver, portanto, dos religiosos é este:
"O que é meu, é meu; o que é teu, é teu".
Terceiro:
a misericórdia, o modo de viver do Samaritano (Lc.10:33-35). Jesus mais uma vez
combate a postura dos escribas e fariseus, mostrando que aqueles a quem se
consideravam justos (sacerdote e levita) são culpados e aqueles a que se
consideravam indignos (samaritano) despontam como os heróis.
Esse samaritano, mesmo sendo odiado pelos judeus,
interrompe a sua viagem, aproxima-se da vítima, aplica óleo e vinho nas feridas
do semimorto, tira-o do lugar de perigo, leva-o a uma hospedaria segura e ainda
paga o seu tratamento. Isto é o que chamamos de misericórdia.
Misericórdia é lançar o coração na miséria do outro
e estar pronto em qualquer tempo para aliviar a sua dor. A palavra hebraica
para misericórdia é chesed: “é a capacidade de entrar em outra pessoa até que
praticamente podemos ver com os seus olhos, pensar com sua mente e sentir com o
seu coração.
Misericórdia é ver uma pessoa sem alimento e lhe dar
comida; é ver uma pessoa solitária e lhe fazer companhia; é atender às
necessidades e não apenas senti-las; é mais do que sentir piedade por alguém.
Para os religiosos (sacerdote e levita), era um
incômodo a ser evitado, mas, para o Samaritano, era alguém que necessitava de
amor e de ajuda, de modo que ele lhe ofereceu cuidado.
O modo de viver, portanto, do Samaritano é: "o
que é teu, é teu; mas, o que é meu pode ser teu também".
As relações entre as pessoas são governadas por um
desses três modos de ser e de viver. Resta-nos saber qual deles nos encaixamos,
lembrando que o Evangelho está totalmente do lado do bom samaritano.
II.
COMPAIXÃO E CARIDADE SÃO INTRÍNSECAS À FÉ SALVADORA
A compaixão e a caridade sempre foram virtudes que
os cristãos herdaram de nosso Senhor, um ensinamento bem arraigado nos cinco
primeiros livros do Antigo Testamento, o Pentateuco. Reconhecer isso é afirmar
que tais virtudes estão diretamente ligadas ao testemunho de uma fé salvadora,
como nos diz Tiago:
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem
fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a
irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes
disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas
necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não
tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg.2:14-17).
Na Parábola em comento, o sacerdote e o levita viram
o homem caído e se desviaram, “passando de largo”. Mas, o Samaritano, inimigo
tradicional dos judeus, se aproximou, viu e se encheu de compaixão, ou seja,
“sofreu junto” com o homem ferido. Ali mesmo providenciou os primeiros
socorros, colocou o ferido no seu jumento e, a pé, seguiu até uma pensão, onde
continuou a cuidar dele. No dia seguinte, deu duas moedas (salário de dois
dias) ao dono da pensão e comprometeu-se a pagar o que fosse gasto com o homem
ferido. Esse samaritano amava o próximo não apenas de palavra, ele demonstrou
isso na prática. Compaixão, caridade, cuidado e amor, para os discípulos de
Cristo, não podem ser apenas palavras bonitas, mas atitudes concretas.
E
Jesus perguntou ao astuto intérprete da Lei: “Qual dos três
te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos
salteadores?”(Lc.10:36). Ou seja, quem foi que se tornou próximo dele?
O intérprete da Lei estava preocupado com a
fronteira do amor, mas Jesus mostrou que o amor é um centro que irradia ações
práticas e não conhece nenhuma fronteira. O intérprete da Lei reconheceu isso
e, quando declarou que o próximo foi o que usou de misericórdia, isto é, o que
teve compaixão, mostrou muito bem que tornar-se próximo é entrar em sintonia
com o outro e sofrer junto com ele; é condoer-se com o sofrimento alheio.
E, no final, Jesus deu uma ordem solene: “Vai e
procede tu de igual modo”(Lc.10:37). Em outras palavras, preocupe-se em
praticar concretamente o amor sem se preocupar com as teorias sobre o próximo
que merece o seu amor.
Você tem amado como amou o samaritano, sem exigir
que somente alguns recebam o seu amor? Numa sociedade como a nossa, repleta de
excluídos, essa é uma avaliação que necessitamos fazer constantemente diante de
Deus.
A compaixão e a caridade são a prova material de que
nascemos de novo. Devemos resgatar esse princípio sem qualquer medo de ser mal
interpretado, pois compaixão e caridade é resultado do amor que Deus derramou
em nossa vida.
III.
O NOSSO PRÓXIMO É QUALQUER PESSOA NECESSITADA
Jesus encerra a história do Samaritano com uma
pergunta:
“Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo
daquele que caiu nas mãos dos salteadores?” (Lc.10:36).
Perceba que Jesus reverte a pergunta inicial do
doutor da lei. Este havia perguntado: "Quem é o meu próximo?". Jesus
então conta a Parábola e pergunta: "Quem foi o próximo?". Assim,
Jesus encurrala o intérprete da lei, levando-o forçosamente a admitir que o
samaritano, aquele a quem ele considerava indigno, foi o próximo do homem
semimorto. Por preconceito, o doutor não proferiu a palavra “samaritano”;
apenas disse: “O que usou de misericórdia para com ele...” (Lc.10:37).
A resposta do preconceituoso doutor da Lei está
correta, porque o samaritano é aquele que agiu como próximo. Mostrando compaixão,
ele se alinhou com o amor de Deus e ao próximo. Ao contrario do sacerdote e do
levita, ele se submeteu ao mandamento de amor que resume toda a Lei. Jesus,
então, fecha a questão e diz a ele: “Vai e faze da mesma maneira” (Lc.10:37). A
resposta de Jesus envolveu três coisas:
·
Devemos ajudar aos demais, ainda que eles tenham a culpa do que lhes
sucedeu.
·
Qualquer pessoa, de qualquer nação, que está em necessidade é nosso
próximo.
· A
ajuda ao próximo deve ser prática.
Enfim, quem é o nosso próximo? A história do Bom
Samaritano ensina que o próximo é qualquer ser humano. Infelizmente, o
individualismo e o egoísmo têm dificultado, e até impedido, gestos de amor ao
próximo, até mesmo entre cristãos.
Observe que na Parábola há dois tipos de pecadores:
os salteadores que ferem o homem mediante a violência e os religiosos
(sacerdote e levita) que ferem o homem mediante a negligência. A Parábola dá a
entender que todos eles são culpados. A oportunidade não aproveitada para se
fazer o bem torna-se um mal. Está escrito: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem
e o não faz comete pecado” (Tg.4:17).
Amar o próximo é sentir compaixão por ele, ou seja,
sentir a sua dor, como se fosse nossa e, assim, suprir as necessidades
imediatas do nosso semelhante, lembrando que ele é tão imagem e semelhança de
Deus quanto nós. Este amor supera todo e qualquer preconceito, toda e qualquer
barreira, toda e qualquer tradição.
Contudo, amar o próximo não é apenas ajudar alguém
do ponto-de-vista material, mas, sobretudo, levar esse alguém a uma vida de
comunhão com Deus, a um equilíbrio em todos os aspectos da sua vida. Portanto,
o que Jesus disse ao doutor da Lei, ele diz também a nós: “Vai tu e faze o
mesmo”.
Se a Parábola do Bom Samaritano fosse compreendia e
praticada, removeria o preconceito racial, o ódio e a inveja entre classes, e o
mundo seria extraordinariamente maravilhoso para se viver. Pense nisso!
CONCLUSÃO
“Aprendemos com esta Parábola que o amor não aceita
limites na definição de quem é o próximo. Enquanto todas as sociedades e seus
segmentos sociais acabam levantando barreiras para separá-las das demais
pessoas, os discípulos de Cristo devem olhar para os seres humanos com
igualdade, pois o próprio Deus não faz acepção de pessoas (At.10:34)”.
Quando amamos o próximo da forma determinada na
Palavra de Deus, melhoramos sensivelmente o ambiente em que vivemos.
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 76. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Lucas, Jesus o Homem
perfeito.
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com