29 de agosto de 2023

A renovação Cotidiana do Homem Interior

 

A renovação Cotidiana do Homem Interior

TEXTO ÁUREO

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” (2 Co 4.16)

Esmiuçando o versículo-chave

- não desfalecemos Paulo usa um forte termo grego que se refere a urna pessoa entregar-se a uma rendição covarde. Não foi essa a maneira como Paulo respondeu aos contínuos ataques enfrentados por ele. A tarefa de ministrar a nova aliança era nobre demais para que ele pudesse desanimar (Gl 6.9; Ef 3.13).

Urna vez que Deus o tinha chamado para proclamá-la, Paulo não podia abandonar o seu chamado. Ao contrário, ele confiou em Deus para fortalecê-lo (At 20.24; 1Co 9.16-17; Cl 1.23,25).

- nosso homem exterior se corrompa Nosso corpo físico está em processo de decomposição e, por fim, morrerá. Superficialmente, Paulo estava se referindo ao processo normal de envelhecimento, mas com a ênfase de que o seu estilo de vida acelerava esse processo. Conquanto não fosse idoso, Paulo desgastou-se no ministério, tanto pelo esforço e ritmo que mantinha quanto pela quantidade de açoites e agressões que havia recebido de seus inimigos (2Co 6.4-10; 11.23-27).

- homem interior A alma de cada cristão, ou seja, a nova criatura — a parte eterna do cristão (Ef 4.24 ; Cl 3.10).

- se renova O processo de crescimento e amadurecimento do cristão está ocorrendo constantemente. Enquanto o corpo físico está se decompondo, o ser interior do cristão continua a crescer e a amadurecer à semelhança a Cristo (Ef 3.16-20). 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = 2 Coríntios 4.11-18

INTRODUÇÃO

- A prova da glória final do cristão é que ele sofre — seja por zombaria, injúrias ou perseguição - por causa do Senhor (Mt 5.1012; Jo 15.18-21; 2Co 4.17; 2Tm3.12).

Nas Escrituras, o contexto das adversidades é sempre em oposição à luz, não às vicissitudes da vida, estas vêm sobre todos. Paulo tinha um desejo ardente de livrar-se de seu corpo terreno e de todos os pecados, frustrações e fraquezas inexoráveis que o acompanhavam, os quais eram tão implacáveis (Rm 7.24),

Ele ansiava por ser revestido de nossa habitação celestial - as perfeições da imortalidade. Paulo esclarece o fato de a esperança do cristão para a vida futura não ser uma vida espiritual desencarnada, mas um corpo verdadeiro, eterno e ressurreto. Diferente dos pagãos que viam a matéria como má e o espírito como bom, Paulo sabia que a morte do cristão não significaria ser confinado a uma infinidade nebulosa e espiritual.

Ao contrário, significava o recebimento de um corpo glorificado, espiritual, imortal, perfeito, diferente em qualidade e, contudo, verdadeiro, assim como Jesus recebeu (1Co 15.35-44; Fp 3.20-21; 1Jo 3.2).

Paulo reiterou que mal podia esperar para obter o seu corpo glorificado (Fp 1.21-23),

Ele queria a plenitude de tudo o que Deus havia planejado para ele na vida eterna, quando tudo o que é terrestre e humano deixará de existir.

I – O SOFRIMENTO EXTERIOR

 

1. A experiência de Paulo. - As adversidades externas relatadas pelo apóstolo são resultado de sua dedicação à causa do Evangelho. Paulo nos relata em 2Co 1.8 que também, tribulação que nos sobreveio na Ásia, isso era algo que havia acontecido há pouco tempo, talvez depois da escrita de 1Coríntios, que ocorreu em Éfeso ou ao redor dessa cidade. Os detalhes dessa situação são desconhecidos, mas levou o apóstolo a desesperarmos até da própria vida! Paulo enfrentou algo que ia além da sobrevivência humana e era extremamente desanimador porque acreditava que isso ameaçaria pôr um fim prematuro ao seu ministério. A palavra grega para "desesperar-se” significa, literalmente, "sem passagem'', a total inexistência de uma saída (2Tm 4.6). Os coríntios estavam cientes do que havia acontecido a Paulo, mas não perceberam a absoluta seriedade disso, ou o que Deus estava fazendo por meio dessas circunstâncias. A palavra para "sentença" é um termo técnico que indica a aprovação de uma resolução oficial, nesse caso a sentença de morte. Paulo estava tão certo de que morreria pelo evangelho que tinha decretado a sentença para si mesmo. O propósito último de Deus para a situação terrível de Paulo e também para nós, hoje, quando enfrentamos os mesmos ataques por causa da cruz, é para que não confiemos em nós, e sim no Deus todo Poderoso.

Deus o havia levado ao ponto e que ele não poderia recorrer a nenhum recurso intelectual; físico ou emocional (2Co 12.9-10), nesse ponto, começa a agir a mão de Deus.

2. O exemplo do Apóstolo. Perseverança é não desistir. A Bíblia não promete uma vida de sucessos instantâneos. Muitas vezes, o caminho para alcançar a vitória é longo e difícil, mas Jesus nos ajuda a continuar fielmente. E temos esta promessa: quem persevera receberá a recompensa que Deus tem preparado. Paulo teve muito sucesso enquanto missionário, mas também passou por muito sofrimento. Em todo lugar onde pregava, Paulo fazia inimigos. Ele foi corrido para fora de muitas cidades, atacado, preso, acusado de ser falso e até sofreu tentativas de assassinato! Além disso, suas viagens eram perigosas e ele naufragou três vezes (2Co 11.24-27). Muitas pessoas acham que a pregação do evangelho não vale tanto sofrimento. Mas Paulo amava Jesus e amava seu próximo tanto que não desanimava diante dos problemas. Seu amor o ajudava a perseverar. O resultado de todo o sofrimento do apóstolo se mostra nas muitas igrejas entre vários povos, fundadas por ele e na escrita da metade dos livros do Novo Testamento. Ainda hoje a perseverança de Paulo abençoa muitas pessoas. Assim, as palavras de Tiago são encorajadoras: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança” (Tg 1.2,3).

 3. A esperança do crente. Todos nós passamos por momentos difíceis, isso é inevitável porque estamos sendo aperfeiçoados em Cristo. Assim como nós, o apóstolo Paulo também passou momentos terríveis por causa de sua decisão de negar-se, tomar a sua cruz e seguir a Jesus. Não há como negar que o sofrimento é tema importante dos escritos paulinos. Inúmeras vezes ele trata do assunto. Paulo fala mais de sessenta vezes de angústias e do sofrimento em si.

Ao fazer isso, Paulo reveza o uso dos grupos de palavras para ‘sofrimento’ (pathema, pascho, etc.) e ‘angústia’ (thlipsis, thlibo) (2Co 1.4-8 e Cl 1.24), juntamente com a categoria geral de ‘fraqueza’ (astheneia).

Com certeza este tema é recorrente em suas cartas, porque ele mesmo sofria dores e angústias. Qualquer estudo sobre a vida de Paulo requer uma análise cuidadosa sobre seu sofrimento. Aqui, Paulo apresentou quatro metáforas contrastantes para mostrar que a sua fraqueza não o havia incapacitado: na verdade, ela o havia fortalecido (2Co 6.4-10; 12.7-10). Paulo enfrentou todo tipo de sofrimento possível: fome, sede, solidão, perseguição enfermidade.

 

- A tudo isso o apóstolo denomina de “coisas exteriores” (2Co 11.28). Paulo é tão enfático nessa questão que ele mesmo encarou todas aquelas tribulações como uma verdadeira “sentença de morte”, e brinda seu livramento delas como se fosse a sua própria ressurreição dentre os mortos, operada pelo Deus ressuscitador (2Co 1.9, 10). Paulo reconheceu a sua total incapacidade para superar toda aquela situação, e nada lhe restou senão a certeza de que iria sucumbir se Deus não lhe estendesse a mão. Ele chega à conclusão de que o propósito de tudo isso era para que ele não confiasse em si mesmo, e sim, em Deus (2Co 2.9), porque é na nossa fraqueza que o poder de Cristo é aperfeiçoado (2Co 12.9).

II – A RENOVAÇÃO INTERIOR

1. O fortalecimento diário. A Bíblia diz que o Espírito Santo é o "paracleto", que significa "advogado" ou "consolador". Ele é um presente de Deus para os cristãos, e Ele está disponível para nos ajudar em todas as áreas de nossas vidas, incluindo a adversidade. O Espírito Santo nos dá força, coragem e esperança quando estamos passando por dificuldades. Ele nos lembra do amor de Deus e nos ajuda a perseverar. Ele também nos guia e nos ajuda a tomar as decisões certas "E da mesma maneira o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Rm 8.26).

- Assim como a criação e os cristãos gemem pela restauração final, o Espírito também o faz com gemidos inexprimíveis - as expressões divinas dentre a Trindade que não podem ser expressas em palavras, mas que carregam apelos profundos pelo bem-estar de cada cristão (1Co 2.11). Essa obra do Espírito Santo compara-se à obra de intercessão sumo sacerdotal do Senhor Jesus Cristo em favor dos cristãos (Hb 2.17-18; 4.14-16; 7.24-26).

- As disciplinas espirituais práticas são atividades que os cristãos podem realizar para crescer em sua fé e relacionamento com Deus. Essas disciplinas nos ajudam a nos preparar para receber de Deus; incluem coisas como a oração, a leitura da Bíblia e o jejum. Também compartilhando o que recebemos do Senhor com os outros, em diaconia (serviço), evangelismo e a partilha de nosso testemunho.

         Oração: A oração é uma conversa com Deus. É uma forma de nos conectarmos com Ele e compartilharmos nossos pensamentos, sentimentos e necessidades.

         Leitura da Bíblia: A Bíblia é a Palavra de Deus. É uma fonte de sabedoria, orientação e conforto. Ao ler a Bíblia, aprendemos mais sobre Deus e Seu plano para nossas vidas.

         Jejum: O jejum é uma forma de nos abster de comida ou outras coisas que gostamos como um meio de nos concentrar em Deus e buscar Sua vontade para nossas vidas.

         Serviço: O serviço é uma forma de mostrar nosso amor a Deus e aos outros. Quando servimos, estamos compartilhando as bênçãos que recebemos de Deus com aqueles que precisam.

         Evangelismo: O evangelismo é uma forma de compartilhar o evangelho com outras pessoas. Quando evangelizamos, estamos convidando outras pessoas a conhecer Jesus Cristo e a experimentar o amor de Deus.

         Partilha de nosso testemunho: Nosso testemunho é nossa história pessoal de como conhecemos Jesus Cristo. Quando compartilhamos nosso testemunho, estamos inspirando outras pessoas a seguirem Jesus também.

As disciplinas espirituais práticas são uma parte importante da vida cristã. Ao praticar essas disciplinas, podemos crescer em nossa fé e relacionamento com Deus, e podemos compartilhar o amor de Deus com os outros.

2. O eterno peso de glória. A palavra grega para "leve" significa "uma ninharia sem importância" e "tribulação" refere-se a uma intensa pressão. De uma perspectiva humana, o próprio testemunho de Paulo lista, aparentemente, uma insuportável litania de sofrimentos e perseguições padecidos por ele ao longo de sua vida (2Co 11.23-33), embora ele os visse com o leves e que duravam apenas por um breve momento. A palavra grega para "peso" diz respeito a uma matéria pesada. Para Paulo, a glória vindoura que ele experimentaria com o Senhor sobrepujava em muito qualquer sofrimento experimentado por ele neste mundo (Rm 8.17-18; 1Pe 1.6-7). Paulo entendia que, quanto maior o seu sofrimento, maior seria a sua glória eterna (1Pe 4.13).

- 2 Coríntios 4.17 é uma passagem da Bíblia que fala sobre o sofrimento e a esperança. O versículo diz: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente." Esta passagem é muitas vezes usada para confortar as pessoas que estão passando por dificuldades. Ela lembra-nos de que o nosso sofrimento é temporário, mas a glória que vem depois é eterna. O sofrimento pode ser difícil de suportar, mas é importante lembrar de que ele não é o fim. Deus está trabalhando em todas as coisas para o nosso bem, mesmo quando não podemos ver isso. Quando passamos por dificuldades, podemos confiar em Deus para nos dar a força e a coragem que precisamos para perseverar. Podemos também confiar nEle para nos dar esperança para o futuro.

A glória que vem depois do sofrimento é muito maior do que o sofrimento em si. É uma glória eterna, que nunca vai acabar. Então, se você está passando por dificuldades, lembre-se de que você não está sozinho. Deus está com você, e Ele vai te ajudar a perseverar. E lembre-se também de que a glória que vem depois é eterna, e ela vai valer a pena.

3. A visão da eternidade. A perseverança baseia-se na capacidade de uma pessoa de enxergar além do físico, o espiritual; além do presente, o futuro, e além rio visível, o invisível. Os cristãos devem olhar além do que é temporário — o que está perecendo (ou seja, as coisas do mundo), e as que se não veem são eternas. A busca por Deus, por Cristo, pelo Espírito Santo e pela alma das pessoas deve consumir o cristão. Por essa razão, somos exortados a "dispormos a nossa mente" ou "termos essa disposição interior" de pensar nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra. Assim como o ponteiro de uma bússola aponta para o Norte, toda a disposição do cristão deve apontar na direção das coisas do céu. Os pensamentos celestiais podem vir somente pelo entendimento das realidades celestiais que se encontram na Escritura (Rm 8.5; 12.2; Fp 1.23; 4.8; 1Jo 2.15-17; Mt 6.33).

III – OS DESAFIOS DE HOJE

 

1. Cultura secularista. Secularismo é uma ideologia que promove a ausência de qualquer obrigação relacionada à autoridade ou crença em Deus. É uma forma de ver o mundo onde se reconhece apenas o aqui e o agora, e se o mundo espiritual existe, isso não é uma preocupação para o secularismo, assim, podemos viver como se esse mundo espiritual não existisse. Outra questão é que, em contraste com o forte ateísmo de certas ideologias, como o novo ateísmo ou o comunismo, o secularismo é uma forma mais sutil de ateísmo, nem sempre exigindo que declaremos “não há Deus”.

 

Isso implica em que, simplesmente, Deus não é relevante para a discussão – nunca. Em suas linhas ainda mais perniciosas, o secularismo implica em que Deus seria, na realidade, destrutivo para a sociedade. O secularismo tem surgido, ainda, de várias outras formas em nossa cultura. A aceitação dominante da expressão sexual extravagante, dos movimentos de “direito à morte” e da animosidade geral “em praça pública” em relação às visões cristãs ortodoxas, indica que o secularismo está em toda parte à nossa volta.

- Na verdade, Paulo nos esclarece que esse não é um movimento novo, mas, como está em 2Ts 2.7, “Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém”.

Esse é o espírito da injustiça já predominante na sociedade (1Jo 3.4; 5.1 7), mas ainda um mistério não revelado por completo, pois o será naquele que tão abertamente se opõe a Deus a ponto de assumir, com blasfêmia, o lugar de Deus na terra, o qual o Pai reservou para Jesus Cristo, o espírito desse homem já está atuando (1Jo 2.18; 4.3).

2. Relativismo doutrinário. Nossa sociedade está sendo embalada pelos ventos do relativismo. O relativismo filosófico ou doutrinário, deságua no relativismo moral. Diante deste quadro, precisamos ensinar e viver os absolutos da Palavra de Deus. O cristão não negocia com a verdade de Deus. Ele é o arauto de Deus que proclama as boas novas de salvação.

- Embora a salvação daqueles a quem Judas havia escrito não estivesse em perigo, os falsos mestres que pregavam e viviam na prática de um evangelho falso estavam desviando os que precisavam ouvir o verdadeiro evangelho. Judas escreveu esse chamado imperativo para que os cristãos travassem uma guerra contra o erro em todas as suas formas e lutassem vigorosamente pela verdade, como um soldado a quem foi confiada uma tarefa sagrada de proteger um tesouro santo (1Tm 6.1 2; 2Tm 4.7), que é a nossa fé, todo o corpo da verdade revelada acerca da salvação contida nas Escrituras (Gl 1.23; Ef 4.5,13; Cl 1.27; 1Tm 4.1). Aqui está um chamado para conhecer a sã doutrina (Ef 4.14; Cl 3.16; 1Pe 2.2; 1Jo 2.12-14), discernir a verdade do erro (1Ts 5.20-22) e dispor-se a confrontar e atacar o erro (2Co 10.3-5; Fp 1.7,27; 1Tm ,1. 18; 6.72; 2Tm 1.13; 4.7-8; Tt 1.3). A revelação de Deus foi entregue uma única vez como uma unidade, na conclusão da Escritura, e não deve ser editada com supressões nem adendos (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.6; Ap 22.18-19). A Bíblia é completa, suficiente e está concluída; portanto, ela está fixada para sempre. Nada deve ser acrescentado ao corpo da Palavra inspirada (2Tm 3.16-17; 2Pe 1.19-27), porque nada mais é necessário. Os cristãos agora têm a responsabilidade de estudar a Palavra (2Tm 2.15), pregar a Palavra (2Tm 4.1) e lutar para que ela seja preservada.

3. Batalha espiritual. A expressão “batalha espiritual” nunca aparece na Bíblia. É um termo teológico prático para descrever o conflito da vida cristã. A batalha espiritual que estamos enfrentando é uma luta épica contra Satanás e seus anjos, contra os principados e as potestades. Ela está sendo travada diariamente onde nós vivemos – em nossos lares, nossos escritórios, nossos casamentos, nossa igreja e no íntimo do nosso coração. Quando somos convertidos, temos paz com Deus (Rm 5.1) e desfrutamos da paz de Deus (Jo 14.27). A vida cristã, porém, é uma guerra, um grande combate, uma vida de lutas e tribulações (Jo 16.33). A causa desta guerra é que vivemos numa sociedade que está em rebelião contra Deus, num mundo que jaz no maligno (Jo 16.11; 1Jo 2.15-17).

O causador desta guerra é Satanás. Ele lidera ataques espirituais contra o cristão e persegue a igreja de maneira implacável (Ap 12.13-18). Paulo ensina que a guerra do cristão não é contra pessoas, mas contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Estes inimigos são poderosos (Jo 12.31), malignos (os agentes secretos do mal) e astutos ou inteligentes para enganar (2Co 11.14).

A principal cilada que o diabo utiliza é fazer com que as pessoas não acreditem na sua existência. John MacArthur define batalha espiritual como “uma guerra de proporções universais contrapondo Deus e sua verdade contra Satanás e suas mentiras. É uma batalha de vontades entre Deus e Satanás. É um conflito cósmico que envolve Deus e a mais alta criatura que ele fez, e o conflito atinge cada ser humano. Satanás e seu exército de demônios estão lutando contra Cristo, seus santos anjos, a nação de Israel e os crentes. As linhas de batalha estão claramente desenhadas

- Estejamos atentos, por que há possibilidade de sermos derrubados nesta guerra. O diabo e suas forças espirituais do mal intentam derrubar o cristão, prejudicar o relacionamento do crente com Deus, e ele não o faria se não houvesse, de fato, a possibilidade de sucesso. Para isso, ele arma ciladas e lança dardos inflamados para destruir o crente. As principais ciladas são: lançar dúvidas sobre o caráter e a Palavra de De

us (Gn 3); lançar dúvidas sobre a nossa filiação espiritual (Mt 4.1-11); levantar perseguição contra os crentes, principalmente, os líderes (At 12.1-8; Ap 2.10).

E aqui entendemos a razão pela qual o Senhor Jesus nos advertiu: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). A carne ou a nossa natureza humana não tem poder suficiente para resistir ao pecado. Também Paulo exorta: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12).

Mas estamos num Exército vitorioso e muito bem equipado! Podemos vencer esta guerra, utilizando as armas que Deus nos proporciona: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo”. Observe que Paulo fala de duas armas: o poder do Senhor e a armadura de Deus. Não devemos enfrentar as forças demoníacas utilizando a nossa habilidade humana, mas o poder de Deus. Este poder foi o mesmo que ressuscitou a Cristo e o exaltou (Ef 1.19). Este poder está a nossa disposição. Também devemos utilizar a roupa adequada de um guerreiro, a armadura de Deus.

CONCLUSÃO

- O exemplo de Paulo é encorajador para o povo de Deus de todas as épocas. O mesmo Deus que assistiu o apóstolo nas suas fraquezas ainda é o mesmo, “ontem, hoje e eternamente” (cf. Hb 13.8). Infelizmente, às vezes encaramos os relatos bíblicos como abismos intransponíveis, com mais de dois mil anos de diâmetro, como se Deus não mais socorresse aqueles que lhe pertencem. “Temores por fora e lutas por dentro” é a causa do desânimo de muitos pastores hoje em dia, desembocando por vezes até em desistência do ministério. Isso é agravado ainda mais quando os “oportunistas da fé”, muitos dos quais se autodenominam “apóstolos” e “profetas” hoje em dia, angariam sucesso, glória pessoal e prosperidade à custa de suas ovelhas, fazendo com que os números dos templos cheios (mesmo que para isso os bolsos das ovelhas se esvaziem) apontem o fracasso daqueles que teimam em permanecer fieis à Palavra e resistentes à sedução das estratégias de marketing como meio de alavancar seus ministérios. Para Paulo, tais pessoas não passam de “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos”, que se transformam em ministros de Cristo, mas que não passam de verdadeiros emissários de Satanás (2Co 11.13–15).

 

Boa aula

23 de agosto de 2023

Uma Visão Bíblica do Corpo

 

Uma Visão Bíblica do Corpo

TEXTO ÁUREO

“Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo” (1Co 6.13b)

Esmiuçando o versículo-chave

- A influência do dualismo filosófico pode ter contribuído para a ideia de que o sexo era puramente biológico, visto que tornava mal apenas o corpo; portanto, o que alguém faz fisicamente não podia ser evitado, e assim, era irrelevante.

Como a relação entre esses dois era puramente biológica e temporária, os coríntios, como muitos de seus amigos pagãos, provavelmente usavam essa analogia para justificar a imoralidade sexual.

- Paulo rejeita a conveniente analogia justificadora.                                                            Corpos e alimento são relações temporárias que perecerão.

O corpo do cristão e o Senhor têm um relacionamento eterno que nunca perecerá. Ele está se referindo ao corpo do cristão que será modificado, ressuscitado, gloriíicado e tornado celestial (1Co 15.35-54; Fp 3.20-21).

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = 1 Coríntios 6.12-20

INTRODUÇÃO

- O propósito supremo do cristão é glorificar a Deus em tudo (1Co 10.31).

A liberdade cristã, bem como o comportamento mais comum, é ser conduzido de maneira a honrar a Deus (Ez 36.23).

A santidade, em essência, define a nova natureza e conduta do cristão em contraste com o seu estilo de vida anterior à salvação. A razão para praticar um estilo santo de vida é que os cristãos estão associados com o Deus santo e devem tratar a ele e sua Palavra com respeito e reverência.

Portanto, nós o glorificamos da melhor maneira quando somos semelhantes a ele (1Pe 1.16-17; Mt 5.48; Ef 5.1; Lv 11.44-45; 18.30; 19.2; 20.7; 21.6-8).

- A Bíblia adverte os cristãos acerca da importância do cuidado do corpo. Os crentes devem entender que eles não são donos de seu próprio corpo, mas são mordomos dele a serviço do Senhor.

Sempre quando se fala acerca do tema da mordomia cristã, frequentemente a mordomia do corpo acaba sendo um ponto negligenciado.

As pessoas enfatizam a mordomia dos dons, talentos, conhecimento e, principalmente, dos bens, mas se esquecem que diante de Deus também temos o dever de cuidar de nossos corpos.

Os redimidos também servem a Deus quando cuidam adequadamente de seus corpos.

I – A CRIAÇÃO DO SER HUMANO

1. A origem da raça humana. Muitas das palavras usadas no relato da criação do homem em Gn 2.7 retratam um artesão mestre em atividade formando uma obra de arte à qual ele dá vida (1Co 15.45).

Isso acrescenta detalhes às afirmações encontradas em 1.27 (1Tm 2.13).

Feito de barro, o valor do ser humano não está nos componentes físicos que formam o seu corpo, mas na qualidade de vida que forma a sua alma (Jó 33.4).

- “O termo bíblico "pó da terra", em uma consideração simples, significa o conjunto ou a totalidade de todos os elementos químicos que constituem o planeta terra com tudo o que nela há, desde o núcleo interno até a sua crosta. Deus já havia criado tudo quando formou Adão.

Atente para o fato de que Ele, Deus, formou Adão dos elementos da natureza que havia criado previamente. Quando Deus criou Adão, Ele formou o seu corpo físico com os elementos químicos da natureza. Isto é, deu forma a um corpo como Ele projetou.

Deus não fez, por assim dizer, um boneco de barro.

Ele fez o seu corpo tal como o conhecemos, como se estivéssemos observando um corpo humano, natural e inerte, da mesma forma e aparência como se vê hoje.

Com cabelos, unhas, globo ocular, massa encefálica, lágrimas, saliva, pele, sangue, muco nasal, ossos, coração, rins, fígado, unhas, pâncreas, duodeno, etc.

Ou seja, Deus tomou átomos (prótons, elétrons, neutrons) nas porcentagens ideais de elementos químicos da natureza, tais como sílica, alumina, ferro, cálcio, magnésio, sódio, potássio, carbono, titânio, fósforo, hidrogênio, oxigênio, etc., formou as moléculas necessárias e adequadas, juntou-as e construiu o corpo humano.

Fez o corpo do ser humano de carne, pelos, ossos, cartilagem, pele e sangue. Todos os órgãos foram compostos com os elementos químicos da natureza.

 

Sabemos, a grosso modo, que mais de 75% do corpo humano é composto de água; ou seja, de átomos de Hidrogênio e Oxigênio.

Esses elementos químicos, juntamente com, pelo menos, outros 19 (já vi uma lista com 60 elementos), constituem, compõem o corpo humano.

A palavra "formou", no texto bíblico, tem, entre outros, os seguintes significados ou sinônimos:

1. dar origem a; fazer existir.

2. dar forma a; conferir um feitio ou uma configuração a.

3. conceber; imaginar.

4. constituir; produzir.

5. organizar; dispor numa dada ordem.

6. fundar; criar.

7. transmitir conhecimentos que permitem exercer uma dada atividade; instruir.

8. estabelecer; fixar.

9. descrever; traçar.

Tudo isso representa um pouco do que Deus fez.

Lembre-se: Deus é O Autor, Originador e Criador da ciência de tudo, de todas as ciências, inclusive os ramos Química, Física e Biologia.

Será que Ele saberia lidar com esses elementos materiais para formar e fazer o que quisesse para atender seus propósitos?

Ele formou, ou construiu o corpo humano, tal como ele é hoje.                                           Com a mesma aparência.

Só que sem vida, sem respiração. Isso mesmo! Dessa forma! Nada de evolução, nem ascendência, nem tampouco o ser humano é descendente de qualquer ancestral primata.

Deus, o Criador, para formar o corpo físico completo de Adão, construiu todos os sistemas necessários ao seu funcionamento normal, tais como o sistema nervoso, o circulatório, o digestivo, o urinário, o muscular, o reprodutor, o ósseo, o respiratório, etc.

Ato contínuo, soprou nele o fôlego de vida. Isto é, colocou nele o espírito humano e a sede das emoções, dos pensamentos e da vontade; ou seja, a sua alma.

De maneira simplificada mas verdadeira, isso é o que significa ter o Senhor Deus formado do pó da terra o homem que Ele criou”.

- “O homem é a obra-prima da criação de Deus, em que o Criador imprimiu a sua imagem e como parte disso somos convocados para dominar e cuidar de toda a criação do Senhor.

O ser humano possui uma relação inegável com a criação e é através do seu corpo que ele cumpre os mandatos de Deus. Mas, devido à sua desobediência, pelo desejo de autonomia, o ser humano pecou e recebeu em si mesmo os efeitos do pecado que distorceu esta imagem de Deus em nós, em todos os aspectos, estrutural e funcional.

Pecado que afetou inclusive o corpo humano e foi a porta de entrada para doenças, problemas hormonais e anomalias genéticas. E de forma oposta como alguns pensam, isto não é o mau de uns, este é o problema de todos que nascem dia após dia. Sendo que a solução para este problema não é capaz de ser realizada por mãos unicamente humanas. Somente Deus pode remover a prisão da morte eterna em nosso corpo e nos dar vida novamente.

E foi exatamente o que fez, quando Ele mesmo se encarnou e se tornou um de nós na pessoa de Jesus Cristo que, sem pecado, venceu a morte e todos os seus efeitos, que garante vida novamente a todo o que n’Ele crer, através do seu grande sacrifício vicário. Hoje temos a responsabilidade na condição de salvos, de nos unir a toda criação, nos entregando por inteiro em honra e glorificar a Deus, inclusive com nosso corpo, por entendermos que Ele é nossa origem e nosso destino”.

2. A constituição do ser humano. A alma é a parte que forma nossa personalidade. A alma tem os sentimentos, a vontade e o raciocínio.

Não é uma coisa física mas está ligada ao nosso corpo.                                                                  A alma interpreta a informação sensória do corpo e influencia suas ações.

Na Bíblia a alma também significa a essência da vida individual (Gn 2.7 – fôlego e alma são a mesma coisa).

As criaturas que têm alma estão vivas e coisas mortas não têm alma. Sem a alma, o corpo morre.

Na morte a alma é separada do corpo.                                                                                      

Na ressurreição, quem ama Jesus receberá um novo corpo para sua alma (1Co 15.42-44).

 

- Nosso espírito é nossa ligação com as coisas espirituais. Deus é espírito.                       O espírito é aquilo que dá vida, porque toda a vida vem de Deus.

O espírito define as grandes influências da nossa vida. É o espírito que recebe a influência do Espírito Santo, que convence do pecado, da necessidade de arrependimento e da salvação e que dá acesso a um relacionamento pessoal com Deus (Rm 8.16).

Por outro lado, o espírito, quando está em rebelião contra Deus, pode receber influências malignas.

Quando o espírito está afastado do Espírito de Deus, é como se estivesse morto, porque Deus é a fonte de toda a vida. Só podemos conhecer Deus espiritualmente e o verdadeiro louvor vem da ligação do espírito com o Espírito Santo (Jo 4.24).

A Bíblia também diz que o espírito tem emoções e toma decisões, como a alma. É importante lembrar que a alma e o espírito estão intimamente interligados, junto com o corpo. Algumas de suas funções se sobrepõem e trabalham todos em conjunto (1Ts 5.23).

O corpo, a alma e o espírito formam um todo, que é a pessoa, não são três coisas separadas.

- “Antes de Moisés tratar da criação do homem com maiores detalhes, ele nos leva a conhecer o decreto de Deus quanto a essa criação, nas seguintes palavras: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn. 1.26).

A Igreja geralmente tem interpretado o verbo “façamos”, no plural, para provar a autenticidade da doutrina da Trindade. Alguns eruditos, porém, são da opinião que esta palavra expressa o plural de majestade; outros a tomam como plural de comunicação, no qual Deus inclui os anjos em diálogo com Ele; todavia, outros o consideram como o plural de auto-exortação.

Tem-se verificado, porém, que estas três últimas afirmações são contrárias àquilo que pensam e expressam os pensadores e teólogos mais conservadores, que creem que o plural “façamos” é uma alusão direta à Trindade Divina, reunida em conselho para a formação do homem.”

“Com respeito aos demais seres vivos, tais como os peixes, as aves, as bestas da terra e dos mares, lemos que Deus os criou “segundo a sua espécie”, isto quer dizer que eles possuem formas tipicamente próprias de suas espécies. O homem não foi criado assim, e muito menos conforme o tipo de criaturas inferiores.

Com respeito a ele disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn. 1.26).

Assim, em todo o relato bíblico, o homem surge como um ser que recebeu de Deus cuidados especiais na sua criação. Em Gênesis 2.7 vemos a distinção clara entre a origem do corpo e da alma. O corpo foi formado do pó da terra, um material pré-existente.

Na criação da alma, no entanto, não foi necessário o uso de um material pré-existente, mas sim de uma nova substância. Isto quer dizer que a alma do homem foi uma nova criação de Deus.

A Bíblia diz que o Senhor Deus soprou nas narinas do homem “o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn. 2.7).

Outras passagens das Escrituras que falam da dupla natureza do homem são: Ec. 12.7; Mt. 10.28; Lc. 8.55; 2Co. 5.1-8; Fp. 1.22-24; Hb. 12.9.

O homem é apresentado nas Escrituras como a obra prima de Deus. Criado o homem, a criação estava coroada (Gn. 1.26-28; SI. 8.5-8).

Como tal, foi dever e privilégio do homem fazer com que toda a natureza, e todas as demais coisas criadas colocadas debaixo do seu governo, servissem à sua vontade e a seu propósito, para que ele e todo o seu glorioso domínio glorificassem o Todo-poderoso Criador e Senhor do universo”.

3. Queda e restauração humana. É preciso entender que todo cristão deve trazer em si a marca de “santidade ao Senhor”, à semelhança do sacerdote da lei mosaica, que trazia esta inscrição na mitra (Êx 28.36-39).

A santificação do corpo é assunto urgente, uma vez que vivemos dias em que a imoralidade que impera no mundo tem entrado pelos portões da Igreja.

- Em I Tessalonicenses 5.23, Paulo fala sobre Deus nos santificar “completamente”, o nosso ser inteiro, que é composto de espírito, alma e corpo.

- Seu espírito é a parte de si que tem consciência de Deus e das coisas espirituais. Sua alma é a parte de si que tem consciência de si mesmo.

Já seu corpo é a parte de si que tem consciência das coisas naturais.                                             A salvação divina atinge cada uma destas três partes da seguinte maneira:

ESPÍRITO – já passou pela santificação inicial que se deu na ocasião da regeneração (2Co 1.21; Tg 1.18; 1Pe 1.21).

Agora se desenvolve mediante o processo de crescimento (1Pe 2.2; Ef 5.15)

Que corresponde ao crescimento natural (1Co 3.1-3; Hb 5.13,14);

ALMA – é a nossa personalidade; sede das emoções, intelecto e vontade.

Não é regenerada, mas restaurada (Tg 1.21) pela Palavra de Deus. Enquanto a santificação do espírito é inicial e imediata, a santificação progressiva tem seu lugar na alma e no corpo.

É o processo de mudança de valores (Lc 5.33-39; Ef 4.23; Jr 18.1-6; Rm 12.1,2)

Que também chamamos de desenvolver a salvação (Fl 1.6 e 2.12)

E despir-se do velho homem (Ef 4.20 a 5.21);

CORPO – nosso corpo só será totalmente santificado depois de transformado (Rm 8.23; Fl 2.21; 1Co 15.50-53).

Até que isto aconteça, a santificação do corpo é o processo contínuo de sujeitar a carne (1Co 9.27),

Guardar-se da imoralidade (1Co 6.13-20; 1Ts 4.1-8)

e usar adequadamente os membros do corpo. A santificação do corpo abrange ainda a nossa forma de falar e de vestir (Ef 4.25,29; 1Tm 2.9,10).

- O que aconteceu em nosso espírito – a regeneração – é o que chamamos de santificação inicial. Porém o processo de restauração da alma e sujeição da carne é o que chamamos de santificação progressiva.

Ao destacar cada uma das três partes que compõem nosso ser enquanto falava da santificação, o apóstolo Paulo estava nos mostrando a necessidade de trabalharmos com cada parte em separado.

Escrevendo aos Coríntios, ele falou sobre nos purificarmos das imundícies tanto da carne como do espírito (2Co 7.1).

II – A VISÃO BÍBLICA DO CORPO

1. Parte exterior do homem. Soma e Sarx dizem respeito a partes distintas do ser humano. A Bíblia também cita, em diversas passagens, Sarx como sinônimo de Soma (ex: Ef 5.29-30), mas também, ao se tratar de inclinação ao pecado, parece distinguir as duas partes. Às vezes, a palavra se refere claramente ao corpo físico, mas, em outras ocasiões, à natureza humana caída.

- De acordo com o léxico de Strong, sarx se refere à carne como a substância tenra do corpo vivo, que cobre os ossos e é permeada com sangue, tanto de seres humanos como de animais; entretanto, referindo-se à simples carne material, o termo é usado apenas uma vez, em 1Co 15.39.

- A carne é parte da tríade de inimigos de Lutero: o mundo, a carne e o diabo.

Assim, é bom saber que o termo sarx é usado como o corpo físico, como designação genérica de humanidade, como designação de relacionamentos humanos, como designação genérica da existência humana, e como uma realidade antagônica a Deus.

- “Paulo fala sobre uma guerra contínua entre a carne e o Espírito. “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne”. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.

Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. (Gl 5.16-21).

O contraste aqui não é entre a carne e o espírito humano, mas entre a vida que serve à carne, isto é, à natureza humana caída, e a vida guiada pelo Espírito. Aqui vemos o nítido contraste entre a carne e Espírito. Não é um conflito entre o corpo e a alma, mas entre o velho homem, que é guiado pela sua natureza humana degenerada, e o novo homem, cheio do Espírito de Deus.

Carne e Espírito estão em conflito irreconciliável.

Nossa natureza caída resiste ao domínio do Espírito Santo e procura dominá-lo. Da mesma maneira, o Espírito é inimigo da carne. Ele anseia pela glória de Deus, que a carne abomina, e procura gerar seu fruto, que também é apresentado em uma lista em Gálatas 5.22-23: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”.

O contraste é visto claramente nas duas listas (Gl 5.20-21; 22-23).

A segunda lista, que apresenta o fruto do Espírito, é bem conhecida pelos cristãos.

Por enquanto, porém, vamos manter nossa atenção na primeira lista, que apresenta as obras da carne. Quando examinamos a lista das obras da carne, um elemento não deve passar despercebido.

A lista inclui pecados que envolvem nosso corpo e pecados que são de caráter não físico.

Na lista encontramos prostituição e bebedice.                                                                                      

Esses são pecados que cometemos com nossos apetites físicos e funções corporais.

Na mesma lista encontramos referência a ciúme, inveja, idolatria e coisas semelhantes, que são pecados do coração.

Concluímos, então, que, quando o Novo Testamento fala da carne em contraste com o Espírito, a referência não é ao nosso corpo físico, mas à nossa natureza pecaminosa, que inclui a pessoa toda.

É o conflito entre dois estilos de vida: a vida da carne, que é controlada pela tendência ao pecado; e a vida do Espírito, que nos leva à retidão, a agradar a Deus.”

2. Templo do Espírito Santo. É essencial entendermos este ponto para não cairmos no erro mortal de pensar que a justiça consiste principalmente em expressões físicas exteriores. O reino de Deus envolve muito mais do que comida e bebida. Se dermos atenção somente às coisas exteriores, corremos o risco de cair na cilada do farisaísmo, que mede a justiça pelas ações exteriores. Um sorriso doce pode ocultar um espírito invejoso. O Espírito Santo busca limpar toda a nossa vida, tanto exterior como interiormente.

- Glorificar a Deus é o propósito supremos do cristão, e deve fazê-lo em todos os aspectos de sua vida! O agir do cristão se fundamente na ação histórica-salvífica de Deus por meio de Jesus Cristo.

Na luta contra a carne, a vitória não se alcança pelo esforço da vontade, mas pela confiança no que Deus fez.

O pecado foi vencido por Cristo que, tomando este “corpo de carne” (Cl 1.22), foi feito pecado (2Co 5.21);

Vindo numa carne de condição pecadora, ele condenou o pecado na carne mesma (Rm 8.3).

Daí em diante o cristão crucificou em Cristo a carne (Gl 5.24);

A luta que ele trava (Gl 6.8)

Não tem um desfecho fatal, mas é uma vitória garantida na medida em que, reencontrando a sua condição autêntica de criatura, o crente põe sua confiança não na carne, na sua fraqueza, mas na força da morte do Salvador, fonte do Espírito da vida.

O crente já está morto no que diz respeito às ambições e aos impulsos que moldam a vida que se separa de Deus. Nesse sentido, já não está na carne (Rm 8.8-9).

- A Bíblia diz que o corpo do crente é o templo do Espírito Santo porque o Espírito Santo mora dentro de cada pessoa salva.

Um templo é um lugar sagrado. Por isso, o corpo merece respeito e cuidado.

3. Glorificado na ressurreição. Quando Paulo nos fala sobre a redenção do nosso corpo, não fala do corpo físico apenas, mas de toda a corrupção ainda presente no homem (Rm 6.6,12; 7.5; 1Co 15.35-44; Fp 3.20-21; 2Pe 13-4; 1Jo 3.2).

Glorificação é: o futuro recebimento de absoluta e definitiva perfeição (física + mental + espiritual) por todos os crentes (Ro 8.22-23; 1Co 15.41-44, 51-55; 2Co 5.1-4).

- A "glorificação" é quando Deus remove por completo o pecado da vida dos santos (isto é, todos os que são salvos) no estado eterno (Rm 8.18; 2Co 4.17).

Na vinda de Cristo, a glória de Deus (Rm 5.2) – a Sua honra, louvor, majestade e santidade - será realizada em nós; em vez de sermos mortais sobrecarregados com a natureza pecaminosa, seremos transformados em imortais santos com acesso direto e irrestrito à presença de Deus, e vamos gozar da sagrada comunhão com Ele por toda a eternidade.

Ao considerar a glorificação, devemos nos concentrar em Cristo, pois Ele é a "bendita esperança" de todo cristão; também podemos considerar a glorificação final como a culminação da santificação.

Assim, a glorificação dos santos é o final da corrente de ouro da graça divina, é o futuro recebimento de absoluta e definitiva perfeição (física + mental + espiritual) por todos os crentes (Rm 8.22-23; 1Co 15.41-44,51-55; 2Co 5.1-4; 4.14-18; Jd 1.24-25).

Pelas passagens de 1Co 15.51-53; 1Ts 4.13-18, entendemos que nossa glorificação começará no Arrebatamento e continuará através de toda a eternidade.

Podemos, ainda, perguntar: Qual o propósito da glorificação?

“O propósito da glorificação do corpo do crente é radiar o brilho da graça, das riquezas, do poder, da bondade e do amor, enfim de todos os atributos de Deus, para que, pelos séculos dos séculos, Ele (totalmente e exclusivamente) seja admirado, magnificado, adorado e louvado por todos os anjos, homens, e criação”.

 

 

III – A VISÃO SECULAR DO CORPO

1. Hedonismo e narcisismo. Livre de qualquer moral divina, o indivíduo passa a exercer total controle sobre o corpo. Desse modo, seus adeptos atuam contra o corpo na legalização do aborto, da prostituição, das drogas, do suicídio assistido, dentre outros.”

- O hedonismo é caracterizado como uma doutrina moral que defende que o único propósito da vida é a busca pelo prazer. É uma doutrina filosófica-moral que teve origem na Grécia, e seu fundador foi Aristipo de Cirene, contemporâneo de Sócrates.

Em suas origens, o significado de hedonismo está voltado para a busca egoísta do prazer passageiro e momentâneo, fato que a tornou símbolo de decadência. Porém, o significado original do hedonismo como doutrina é a busca da felicidade.

Ela possui dois pontos importantes como base: o prazer e a dor, que segundo Aristipo eram os dois estados da alma. Ele defendia ainda, que independente da origem do prazer a sensação é a mesma, por isso, para se alcançar a felicidade, é preciso aumentar o prazer e diminuir a dor.

- O grande problema do hedonismo não circunscreve-se em divinizar o prazer, mas sim, está na insaciabilidade da natureza humana, que sempre buscará mais e mais satisfazer suas vontades, acostumada à ideia de que a felicidade decorre do desprezo à ideia de disciplina e auto-controle.

O homem precisa viver com equilíbrio, em tudo sendo moderado a fim de que o nome do Senhor seja exaltado mediante suas ações.

Aliás, Epicuro não equiparou o termo hedonismo com indulgência desenfreada, como fazemos hoje. Ele instava a moderação e até o asceticismo, com base em que a maioria dos prazeres traz por conseqüência a dor (como beber demais).

A principal característica de sua moralidade era que não estava baseada em padrão transcendente do bem; mas em nossa preferência natural por certas sensações. Atualmente, o significado popular de hedonismo é a busca pelo prazer e indiferença moral.

Em 1 Timóteo 3.4 Paulo advertiu que nos últimos dias os homens seriam “mais amigos dos prazeres que amigo de Deus”, Certamente estamos nestes dias. Leia mais sobre Hedonismo aqui!

 

- No enfrentamento da tendência egocêntrica do ser humano, é importante conhecermos o que a Palavra de Deus revela sobre a origem do ser humano, sua condição e o plano de divino de redenção.

- A Bíblia fala sobre o amor próprio: “Um dos mestres da lei achegou-se e os ouviu argumentando. Ao constatar como Jesus lhes houvera respondido esplendidamente, perguntou-lhe: “De todos os mandamentos, qual é o mais importante? ”

Esclareceu Jesus: “O mais importante de todos os mandamentos é este: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus é o único Senhor. Amarás, portanto, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força’. E o segundo é: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não existe qualquer outro mandamento maior do que estes” (Mc 12.28-31).

A Bíblia nos orienta a nos amar e amar ao próximo como nos amamos, logo, para amarmos ao próximo, torna-se vital que nos amemos.

Amar a nós mesmos é bíblico e, portanto, saudável, desejável e de vital importância para que tenhamos uma vida alegre e vitoriosa.

Sendo assim, não existe nenhum problema em cuidarmos da nossa aparência, do nosso corpo, alma e espírito, pois, como já afirmamos, somos Templo do Espírito Santo. “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos”? (1Co 6.19ARC). Sobre Narcisismo como um transtorno da mente, leia aqui.

2. Erotização e libertinagem. Foi ideia de Deus criar as pessoas como machos e fêmeas e uni-las através do sexo (Gn 2.24).

Tanto os homens quanto as mulheres foram criados com desejo sexual.

O propósito de Deus para os seres humanos é que os homens e as mulheres vivam um relacionamento vitalício, fiel, permanente e responsável.                                               

Estas condições são satisfeitas dentro do contexto do casamento.                                           É nele que Deus abençoa e aprova esta união.

- o avanço da imoralidade sexual é uma consequência do pecado e também já é uma forma de “punição” ao pecador (Rm 1.24).

Paulo faz uso de um termo judicial em Rm 1.24 <<Deus entregou>> grego usado para entregar um prisioneiro para que cumpra a sentença que recebeu.

Quando, de modo consistente, os seres humanos abandonam a Deus, ele os abandonará (Jz 10.13; 2Cr 15.2; 24.20; SI 81.11-12; Os 4.17; Mt 15.14; At 7.38-42; 14.16).

Ele faz isso:

1) indireta e imediatamente, retirando o seu controle sobre e eles e permitindo que os pecados deles sigam o seu curso inevitável, e

2) direta e consequentemente, por ações específicas do julgamento divino e punição. Ainda no mesmo texto é usado outro termo, <<imundícia>>, muito usado para material em decomposição, como o conteúdo de uma sepultura.

Aqui, trata-se de imoralidade sexual (2Co 12.21; Cl 5.19-23; Ef 5.3; 1Ts 4.7),

A qual começa no coração e torna-se a vergonha do corpo.

Assim, a degradação moral que descamba em erotização e libertinagem, já é uma ‘paga’ e uma demonstração de que Deus já retirou o ‘pé do freio’.

- A libertinagem representa o contrário do perfeccionismo.                                                         Na prática, a libertinagem pode ser substituída por “dissolução”.

Tudo é permitido; é abusar da liberdade, fazendo coisas erradas e irresponsáveis.

O libertino não reconhece limites nem regras e usa sua liberdade para pecar. Libertinagem parece liberdade mas na verdade escraviza. Libertinagem é uma revolta contra as regras.

Existem regras que escravizam e sufocam mas também há regras muito importantes, que nos protegem.

O libertino rejeita todas as regras e vive satisfazendo todos os seus desejos sem se preocupar com as consequências. 

3. Liberdade e autonomia. Embora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram num estado de total incapacidade espiritual. Todo pecador pode arrepender-se e crer, por livre-arbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno.

O pecador precisa da ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é a participação humana no novo nascimento, assim é entendido o livre-arbítrio na perspectiva arminiana.

- O livre-arbítrio é o poder que temos de tomar uma decisão, sem sermos obrigados a escolher uma determinada opção.

O livre-arbítrio é nosso poder de escolha.

Por causa do livre-arbítrio, cada pessoa é responsável por suas ações.                                            Deus nos deu o livre-arbítrio O que é o livre-arbítrio?;

Em contra-ponto, o Calvinismo afirma que não há livre-arbítrio depois da queda, o que mais se aproxima é a livre-agência.

C. H. Spurgeon pregando em João 5.40 “Mas não quereis vir a mim para terdes vida”, afirma: “...Geralmente quando o texto é empregado, ele é dividido desta forma:

Primeiro, o homem tem uma vontade.                                                                                    Segundo, ele é inteiramente livre.                                                                                        Terceiro, os homens tem que querer por sua própria vontade vir a Cristo, de outra maneira eles não serão salvos....”

- Para os convertidos a Cristo, o corpo do cristão pertence ao Senhor, é um membro de Cristo (1Co 6.15) e templo do Espírito Santo.

Todo ato de fornicação, adultério ou qualquer outro pecado é cometido pelo cristão no santuário, o Santo dos Santos, onde Deus habita.

No Antigo Testamento, o sumo sacerdote entrava lá apenas uma vez por ano, e somente após uma extensiva limpeza, caso contrário ele seria morto (Lv 16).

- Note, ainda, que espiritualmente falando, o homem é sempre escravo: do pecado ou de Deus.

A servidão do pecado torna o homem cativo das paixões; a servidão a Deus o torna livre.

É conhecida a expressão de Agostinho: “Quanto mais escravo de Cristo sou, tanto mais livre me sinto”.

A escravidão de Deus é liberdade; a liberdade do pecado é escravidão.                                 E impossível ser escravo de dois senhores ao mesmo tempo (Mt 6.24).                             Somos servos de Deus ou do pecado.

CONCLUSÃO

Vimos que a família do rei Davi era disfuncional, o que trouxe problemas de longo prazo para toda a família. Por isso, é preciso cultivar os valores da Palavra em nossos lares, que os pais exerçam seus papéis em casa, transmitindo esses valores e acompanhando de perto os seus filhos; que os cônjuges tenham um relacionamento que traga equilíbrio e segurança aos filhos. A vida cristã em família é a maior prevenção contra os desajustes da atualidade.

 

- Nesta conclusão, a família de Davi sofreu as consequências do pecado de Davi. O profeta Natã sentenciou que as consequências das ações de Davi afetariam Davi, sua família e todo o reino. Em cumprimento das profecias de Natã, os tumultos e as contendas ocorridos na família de Davi levaram a uma guerra civil que ameaçou destruir o reino de Israel.

O pecado pode ser confessado; mas as consequências virão. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).

- O ser humano, apesar de ainda viver ‘na carne’, não está mais condenado a ‘viver segundo a carne’; a existência de inimizade com Deus foi abolida.

Mas apenas em obediência ao Espírito de Deus é possível, em vez de praticar as obras da carne, praticar as do Espírito.

Temos de entender que lidar com o Deus vivo é coisa séria.

Tratamos o pecado com o maior pouco caso; somos tomados pela indiferença e achamos que podemos pecar e sair impunes.

Mas o Livro de Deus avisa: “Tenha certeza de que seu pecado irá alcançá-lo” (Nm 32.23).

AMEM