23 de novembro de 2011

A Organização do Serviço Religioso


A organização do serviço religioso.

Texto Áureo: “E sacrificaram, no mesmo dia, grandes sacrifícios e se alegraram, porque Deus os alegrara com grande alegria; e até as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que a alegria de Jerusalém se ouviu até de longe” (Ne 12.43).


Verdade Prática: Nosso serviço em prol do Reino de Deus somente terá validade se o dedicarmos ao Senhor em adoração e louvor.

Introdução


Caminhando para o último mês deste abençoado ano de 2011, temos a oportunidade de estudar a organização do Serviço do templo de Israel, comparando-o benignamente com a atual serventia a Deus, trazendo o bom exemplo de Israel quanto a dedicação ao templo.
Trata-se de lição de extrema importância no tempo em que vivemos, em que diariamente se faz necessária a exortação aos servos do Senhor quanto a importância de estarem na Casa de Deus e da necessidade de servirem ao Senhor com alegria, compromissando-se fielmente com sua Igreja.
Em tempos do crescente comodismo televisivo, em que muitos tem trocado a batalha pelo Reino de Deus pelo conforto de seus sofás e poltronas, o exemplo de Neemias (e também Esdras) é fundamental para a compreensão acerca da dedicação à Casa de Deus.
Neste breve estudo, ampliando um pouco os pontos de contato com a lição, vamos estudar as funções dentro da Casa do Senhor e a dedicação à obra de Deus.
Da importância do Tabernáculo e do Serviço a Deus.

Desde Moisés, e da instituição do Tabernáculo do Senhor, observamos a especial atenção dispensada ao local de culto e adoração. A exemplo, veja-se o livro de êxodo, a partir do capítulo 25, e a quantidade de instruções dadas por Deus a Moisés acerca da edificação do Tabernáculo. Cite-se como exemplo Êxodo 25.8 e alguns versículos no capítulo 35:
E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Êxodo 25:8

Então Moisés convocou toda a congregação dos filhos de Israel, e disse-lhes: Estas são as palavras que o SENHOR ordenou que se cumprissem. Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao SENHOR; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá. Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado. Falou mais Moisés a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o SENHOR ordenou, dizendo: Tomai do que tendes, uma oferta para o SENHOR; cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao SENHOR: ouro, prata e cobre, Como também azul, púrpura, carmesim, linho fino, {pêlos}) de cabras, E peles de carneiros, tintas de vermelho, e peles de texugos, madeira de acácia, E azeite para a luminária, e especiarias para o azeite da unção, e para o incenso aromático [...]. Êxodo 35:1-8


A Casa de Deus deve ser cuidada como um local santo, e aqueles que servem ao Senhor devem trabalhar incessantemente por sua manutenção. A instituição dos cargos Sacerdotais é, portanto, um plano de Deus para manutenção de sua Casa. Através dos anos, decaiu-se o sacerdócio dos levitas aos moldes do antigo Testamento, mas Deus continua a instituir verdadeiros servos para zelarem e cuidarem de sua Casa.
Os sacerdotes e auxiliares (levitas) cuidavam do templo com serviço e em santidade.  Entenda-se: disciplina e trabalho sem santidade e espiritualidade é um serviço vazio, equiparado a uma empresa, formato o qual muitas igrejas tem, infelizmente adotado. Já a espiritualidade e santidade sem comprometimento gera um trabalho relapso, indigno do nosso Senhor. Nós, servos do Senhor, temos que achar o equilíbrio entre todas estas qualidade: Disciplina, trabalho, santidade e espiritualidade.
Interessantíssima a crítica do Pr. Arnoldo Júnior acerca da atual constituição de templos no presente século, sem o mínimo cuidado e esmero na preservação dos preceitos bíblicos, a qual peço vênia para mencionar:

[...]Muitos fazendo a obra de Deus, relaxadamente, de qualquer forma, de qualquer jeito. O Tabernáculo hoje está sendo construído segundo as diretrizes de homens, e não segundo o coração de Deus. Músicos rebeldes, sem vida de santidade, sem compromisso como Corpo de Cristo, infiltrando-se nas igrejas para tomar a glória de Deus. Músicos que envergonham o nome do Senhor, por que não tem vida de oração, não vigiam e acabam caindo na lama do pecado. Muitas vezes, a omissão e falta de caráter tem maculado o nome de Jesus. O Tabernáculo precisa ser restaurado segundo os princípios bíblicos. Tem que se acabar com a religiosidade, preguiça, omissão e cada líder de grupo deve chamar PECADO de PECADO. Se o músico não tem vida de santidade diante de Deus, é dever do líder ministrar sobre a sua vida e aplicar a disciplina segundo a Palavra de Deus.O sacerdote Eli, foi admoestado por Deus várias vezes a respeito do caráter de seus filhos. O Senhor alertou para que Eli aplicasse a correção em seus filhos, mas Eli ignorou a ordem de Deus e deixou que seus filhos agissem dentro do templo como bem queriam. Deus então, resolveu punir Eli e tirou a vida de seus filhos.
Embora o ilustre Pastor dê especial enfoque aos músicos, podemos estender esta crítica a qualquer Ministério exercido sem comprometimento com a Palavra de Deus. É tempo de nos despertarmos!

Ministério Sacerdotal


O capítulo 12 de Neemias dedica-se a mencionar os sacerdotes que vieram para Jerusalém juntamente com Zorobabel, assim como narrar a consagração dos muros de Israel.
Interessante notar que, conforme estudamos nas últimas lições, a consagração dos muros (e, porque não, da própria cidade) veio ocorrer após o grande avivamento experimentado pelos israelitas, a partir da reaproximação e conhecimento da Lei do Senhor.
Acerca da consagração dos muros, temos algumas vozes dissonantes dentro da Teologia. Entretanto, o Comentário Bíblico Beacon – Volume 2 – a partir da página 529, esclarece que:

O relato da consagração dos muros, na última parte do capítulo 12, foi motivo de consideráveis controvérsias. “Por quê”. Perguntam, “a dedicação dos muros não foi feita imediatamente após sua conclusão?” Em seu lugar temos ordens para repovoar cidade, a leitura da lei, a Festa dos Tabernáculos, o grande dia do jejum e confissão de pecados, o término com a ratificação do pacto e, finalmente, o censo da população; descritos exatamente como ocorreram entre a conclusão dos muros e sua dedicação. Muitos estudiosos, como o Dr. A. S. Peake, acreditam que a passagem que descreve a dedicação foi colocada fora de sua posição original, logo depois do capítulo 6. Porém, por outro lado, o Dr. W.F. Adeney, na obra The Expositor’s Bible, apresenta várias razões porque deveria haver um adiamento desse importante acontecimento: “Os judeus precisavam conhecer a lei para que pudessem entender o destino de Jerusalém; eles precisavam se dedicar pessoalmente ao serviço de Deus para que pudessem desempenhar esta determinação. Precisavam recrutar forças da cidade santa com a finalidade de dar poder e volume a esse futuro. Dessa forma, o adiamento da dedicação transformou esse evento, ao chegar a hora de sua realização, em algo muito mais real do que teria sido se tivesse acontecido imediatamente após a conclusão dos muros”.


Foi incumbência dos sacerdotes e levitas auxiliares (lembrando que todo sacerdote era levita, mas nem todo levita era sacerdote) consagrarem os muros de Jerusalém e liderarem novamente os trabalhos no Templo. Quem eram os levitas? Para não ser redundante, faço menção do ótimo estudo do Pastor Walter Santos Baptista, o qual nos aclara:

 Levitas eram os membros da tribo de Levi, terceiro filho do patriarca Jacó. Formavam uma tribo separada, sem território, sem herança terrena porque gozavam do alto privilégio de ter o Senhor como seu quinhão, sua posse (Dt 10.9). Era a tribo dos sacerdotes (cohanim), descendentes de Arão, por sua vez descendente de Levi (Ex 29.44; Nm 3.10). Isso quer dizer que todo sacerdote (cohen) era levita levi), mas nem todo levita era sacerdote (Nm 3.6s).  
 Os levitas (leviim) tinham, entre outros privilégios:


·    servir no santuário (Nm 3.6; 1Cr 15.2) ajudando nos sacrifícios (Jr 33.18,22), na recepção de oráculos (Nm 3.38; 2Rs 12.9ss;
·    transportar a arca da aliança (aron haberith);
·    a responsabilidade do ensino da lei (Dt 31.9; 22.10);
·    autoridade para abençoar. Grande privilégio pela associação como o Nome de Deus (Nm 6.27).

 Gozavam os levitas de alto prestígio, de elevada estima aos olhos do Senhor a ponto de lhes ser dito pelo Senhor, "... os levitas serão meus" (Nm 8.14b). Por esse motivo, no deserto, quando da apostasia do povo de Deus, os levitas puniram os apóstatas (Ex 32.25-29).

Deuteronômio 10.8 resume o ministério levítico, e nos aponta de modo sugestivo um plano de trabalho para nós mesmos, levitas da Nova Aliança: levar a arca da aliança, estar diante do Senhor e abençoar em Seu Nome.


Os levitas demonstraram devoção fiel a Deus, quando não se ajuntaram com aqueles que haviam feito o bezerro de ouro:
Pôs-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do SENHOR, venha a mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi. Êxodo 32:26
Deus deu por incumbência aos levitas a exclusividade na condução dos trabalhos do templo. Era-lhes incumbência não só a expiação (sacerdotes), mas também os louvores de adoração a Deus. E para consecução de suas atividades, era imprescindível a Santificação.


No livro de Levítico estão elencadas uma série de restrições aos sacerdotes. Embora não sejam empregadas literalmente na atualidade, tais disposições são úteis em seu princípio primordial: A Santidade daqueles que conduzem a obra de Deus. A exemplo, algumas instruções dadas por Deus:

Depois disse o SENHOR a Moisés: Fala aos sacerdotes, filhos de Arão, e dize-lhes: O sacerdote não se contaminará por causa de um morto entre o seu povo,
Salvo por seu parente mais chegado: por sua mãe, e por seu pai, e por seu filho, e por sua filha, e por seu irmão. E por sua irmã virgem, chegada a ele, que ainda não teve marido; por ela também se contaminará. Ele sendo principal entre o seu povo, não se contaminará, pois que se profanaria. Não farão calva na sua cabeça, e não raparão as extremidades da sua barba, nem darão golpes na sua carne. Santos serão a seu Deus, e não profanarão o nome do seu Deus, porque oferecem as ofertas queimadas do SENHOR, e o pão do seu Deus; portanto serão santos. Não tomarão mulher prostituta ou desonrada, nem tomarão mulher repudiada de seu marido; pois santo é a seu Deus.
Portanto o santificarás, porquanto oferece o pão do teu Deus; santo será para ti, pois eu, o SENHOR que vos santifica, sou santo.
Levítico 21:1-8
 
No livro de Neemias, observados que não houve exceção: Os levitas (sacerdotes) santificaram-se para a consagração (dedicação) dos muros (Ne 12.30).
Tal qual os levitas do tempo veterotestamentário, os atuais responsáveis pela condução da obra de Deus tem que, diuturnamente, zelar pela sua santidade pessoal e da Igreja. Para esta Santificação, não mais observamos os rituais judaicos, mas SEMPRE observamos e praticamos a palavra de Deus. E nela está escrito o único meio de expiação dos nossos pecados:

Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? Hebreus 9:13-14

 
A primeira pregação do crente é seu testemunho pessoal. Os leitores, assim como eu, podem testificar que, em muitos momentos, onde a pregação pela palavra não nos é imediatamente possível, é a nossa conduta que demonstra ao mundo quem somo, servos do Deus altíssimo. Esta aproximação, cada vez mais tênue, da Igreja com o mundo tem refletido de maneira muito negativa no que tange à relativação dos valores morais e da santidade. Já não é raro encontrarmos, em muitas Igrejas, músicos que se dedicam ao louvor Cristão e tocam profissionalmente em bares, boates, etc., sem qualquer reprimenda por parte da direção da Igreja. Irmãos, sejamos atentos à manutenção da Santidade dentro da Casa do Senhor.


O sacerdote que não se purificava, no tempo do antigo testamento, poderia morrer imediatamente pela desobediência à palavra de Deus. Nos nossos tempos, essa morte não é muitas vezes imediata nem física: é uma lenta morte espiritual. Que Deus nos guarde a cada dia!


Nosso Deus é santo (Êx 15.11), e abomina o pecado em todas as suas formas. Nós, portanto, devemos buscar a Deus com o coração sempre contrito e disposto a pedir perdão pelos nossos erros.
Faço menção de um trecho de um estudo de minha autoria, acerca do arrependimento, quando anotei que:


Alguns, erroneamente, julgam que por serem membros antigos de determinada igreja, não precisam mais de um coração arrependido diante de Deus. Esta concepção é falsa, pois a natureza humana nos leva, diuturnamente, a pecarmos, seja em ações, palavras ou mesmo em pensamentos. Devemos ter aversão ao pecado, e sabermos identificá-lo quando o cometemos, para buscarmos a Deus com um coração arrependido.
Para que o Senhor nos ouça no dia da angústia (Sl 20.1), para que o Senhor nos responda antes mesmo de clamarmos (Is 65.24), para que nosso Senhor nos dê a resposta de auxílio em momentos cruciais de nossa vida (Gn 41.16), para que o Senhor nos dê a resposta certa da nossa língua (Pv 16.1), é necessário que o busquemos continuamente, em humildade e arrependimento.

Tenhamos cuidado no Serviço ao Senhor. Em menos de uma semana, vi diversas notícias acerca de falsos pastores envergonhando o evangelho, inclusive um acusado de tentativa de homicídio. É tempo de despertarmos e vermos que muitos tem pregado um evangelho de prosperidade, mas afastando-se sobremaneira da Santidade e dos frutos do espírito.


A Festa da Dedicação.


A Bíblia nos narra, acerca da consagração dos muros (festa da dedicação), o seguinte:
E na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas de todos os seus lugares, para trazê-los, a fim de fazerem a dedicação com alegria, com louvores e com canto, saltérios, címbalos e com harpas. E assim ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém, como das aldeias de Netofati;
Como também da casa de Gilgal, e dos campos de Geba, e Azmavete; porque os cantores edificaram para si aldeias nos arredores de Jerusalém. E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, as portas e o muro. Então fiz subir os príncipes de Judá sobre o muro, e ordenei dois grandes coros em procissão, um à mão direita sobre o muro do lado da porta do monturo.
Neemias 12:27-31


Neemias e Esdras lideraram comitivas através dos muros, encontrando-se no tempo, onde fizeram um grande culto de ação de Graças pelas maravilhas de Deus operadas em Jerusalém e pela reaproximação do povo com Deus.
Especial importância devemos ter quando observamos que Neemias estabeleceu uma liturgia de culto. O Teólogo Antônio Carlos Costa, em severas críticas acerca da liturgia de culto, ressalta que:


A reforma litúrgica das nossas igrejas é mais urgente, acima de tudo, por causa da beleza do evangelho que pregamos e majestade do Deus a
quem cultuamos. Não podemos emitir nota dissonante em nossos cultos - por um lado afirmar que estamos ali para ouvir uma mensagem sublime e adorar um ser cuja imensidade não pode ser contida pelo céu dos céus, e, por outro lado, participarmos do culto como se estivéssemos reunidos para ouvir uma mensagem banal e adorar uma divindade qualquer do paganismo. Por isso, a Palavra de Deus, através da pena do apóstolo Paulo, nos adverte: "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação... tudo, porém, seja feito com decência e ordem" (I Co 14:26,40).


Os cultos antropocêntricos, voltados à prosperidade e autoajuda, tem gerado uma inversão na liturgia dos cultos. Em lugar de conteúdo bíblico, ensino da palavra, exortação à santificação e louvores de adoração, temos vistos pregações vazias e triunfalismo (“você está no pó, mas hoje vai vencer”; “você está no cativeiro, mas hoje Deus te dará vitórita”, etc.), que refletem nos hinos e louvores, que deixam de adoras a Deus para dedicar-se somente à vitória do homem.


Não pensem os leitores que sou cético. Tenho minha fé plena em Deus, de que Ele pode mudar vidas, situações, curar, batizar com Espírito Santo e que um dia virá nos buscar. Entretanto, o motivo de servirmos a Deus não pode ser somente as “vitórias”, ou então seríamos mesquinhos, fazendo barganha com Deus.
O verdadeiro evangelho sofre aflições, mas tem paz em Cristo. Preserva-se em Santidade, ainda que o mundo conteste. Não se deixa contaminar com o mal, mas faz o bem. E tudo isso, só conseguiremos, aprendendo e praticando a palavra de Deus.
Devemos dar ênfase, dentro da liturgia de cultos, aos louvores de adoração e as pregações e ensinos de conteúdo verdadeiramente Bíblico. Aí está o verdadeiro avivamento, na Palavra de Deus, e não no triunfalismo.


Estejamos atento à palavra de Deus, e façamos cultos verdadeiramente espirituais.


Conclusão


Neste ano que já caminha ao fim, que possamos reforçar nosso propósito de comunhão e adoração a Deus, fazendo do nosso Ministério Diário uma atividade de plena dedicação, para que sejamos servos da mais íntima comunhão com nosso Deus. Que Deus abençoe os amados leitores, e lhes dê um final de ano repleto de bênçãos. 


Elaboração por:- Coop. Joseph Bruno dos S. Silva-  Dourados-  Ms