O SENHOR SALVADOR JESUS CRISTO – Pr. José
Costa Junior
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
Durante
séculos o relato dos Evangelhos acerca de Jesus vem sendo aceito pela Igreja
cristã em geral como sendo fidedigno, isto é, correspondendo com exatidão aos
fatos que realmente ocorreram no início do primeiro século, e que formam a base
histórica do cristianismo. Baseando-se nesse relato, o cristianismo vem
ensinando, desde o seu surgimento, que Jesus é o verdadeiro Deus e verdadeiro
homem, que nasceu de uma virgem, que realizou milagres e que ressuscitou
fisicamente de entre os mortos. A teologia cristã nunca teve dificuldade séria
em admitir a atuação miraculosa de Deus na história, e sempre encarou a
mensagem da Igreja apostólica registrada no Novo Testamento (como as cartas de
Paulo e os Evangelhos) como sendo o registro acurado dos eventos sobrenaturais
que se sucederam na vida de Jesus de Nazaré. Os Concílios cristãos que
elaboraram dogmas a respeito da pessoa de Jesus (Nicéia, 325; Constantinopla,
381; Calcedônia, 451), não o fizeram como meras ideias divorciadas da história
e de fatos concretos. Para eles, a Segunda Pessoa da Trindade encarnou, viveu,
atuou, morreu e ressuscitou dentro da história real.
A
situação mudou, com o surgimento do Iluminismo no início do século XVIII. A
razão humana foi endeusada como capaz de explicar todas as dimensões do
universo e da existência do homem. Tudo que não pudesse ser aceito pela razão
deveria ser rejeitado. Houve uma "desmistificação" de todos os
aspectos da vida e do pensamento. A própria Igreja se viu invadida pelo
racionalismo. Muitos estudiosos cristãos se tornaram racionalistas em alguma
medida. Como resultado, em muitas universidades e seminários chegou-se à
conclusão de que milagres realmente não acontecem. Os relatos dos Evangelhos
acerca da divindade de Jesus e de sua atividade sobrenatural passaram a ser
desacreditados. Era preciso pesquisar para encontrar o verdadeiro Jesus, já que
aquele pintado nos Evangelhos nunca poderia ter realmente existido. E assim
teve, inicio a "busca do Jesus histórico", levada a efeito por
professores e eruditos de universidades e seminários cristãos que achavam
irracional o Jesus sobrenatural dos Evangelhos.
Eles
afirmaram que para reconstruir o verdadeiro Jesus era necessário abandonar os
antigos dogmas da Igreja acerca da inspiração e infalibilidade das Escrituras,
bem como sobre a divindade de Jesus Cristo. Era preciso usar o critério da
razão para separar nos relatos bíblicos a verdade da fantasia, Para isso,
desenvolveram vários métodos que analisavam os Evangelhos como qualquer outro
livro antigo de religião, procurando descobrir como as ideias fantasiosas
acerca de Jesus se originaram nas igrejas cristãs primitivas. Pensavam
(ingenuamente) que seria possível examinar a história de forma isenta de
preconceitos ou pressuposições.
No século passado, os estudiosos, em
busca do Jesus histórico, começaram a aceitar a ideia do "mito", ou
seja, a ideia de que os Evangelhos são relatos mitológicos sobre Cristo, lendas
piedosas criadas em torno da figura histórica de Jesus pelos seus discípulos.
Assim, firmou-se a ideia de que Jesus não ressuscitou fisicamente. A
ressurreição, na verdade, era a crença dos discípulos na presença espiritual de
Jesus.
A essa altura, os próprios estudiosos perceberam
que a "busca" não os estava levando a lugar algum. Era fácil destruir
o Cristo dos Evangelhos, mas eles não conseguiam reconstruir um Jesus histórico
que os satisfizesse. As vidas de Jesus reconstruídas pelos pesquisadores diziam
mais acerca dos autores do que da pessoa que eles tentavam descrever. Os
autores olharam no poço profundo da história em busca de Jesus, e o que viram
foi seu próprio reflexo no fundo do poço.
Apesar das diversas tentativas de
reconstrução, ao fim chegava-se a um Jesus cuja existência era não apenas
implausível, como impossível de ser provada. O Jesus liberal, desprovido do
sobrenatural e da divindade, foi uma criação da obstinação liberal, que se
recusava a receber como autêntico o relato dos Evangelhos sobre Jesus. A falta
de comprovação histórica e documentária quanto ao Jesus liberal acabou por dar
fim à "busca".
O Jesus do liberalismo pouco se parecia com o
Jesus da concepção histórica da Igreja de Jesus Cristo, como sendo tanto humano
quanto divino, as duas naturezas unidas organicamente numa mesma pessoa. O
racionalismo eliminou a natureza divina de Cristo e a considerou como produto
da Igreja, dissociada do Jesus da história. Jesus era apenas o grande exemplo,
e a religião que Ele ensinou era simplesmente um moralismo ético e social.
Entretanto,
é preciso mais do que teorias para tornar convincente a tese de que a
comunidade cristã inventou tanto material sobre Cristo, e que ela mesma acabou
crendo em sua mentira. É quase inconcebível que uma comunidade tenha criado
material histórico para dar sustentação histórica à sua fé. Uma comunidade que
dá tal importância aos fatos históricos, não os criaria! Além do mais, essas
teorias não levam em conta o fato de que os eventos e ditos de Jesus foram
testemunhados por pessoas que estiveram com Ele, e que essas testemunhas
oculares certamente teriam exercido uma influência conservadora na imaginação
criativa da Igreja. Também ignoram o fato de que os líderes iniciais da
comunidade os apóstolos, estiveram com Jesus e muito perto dos fatos históricos
para dar asas à livre imaginação. Também deixa sem explicação o alto grau de
unanimidade que existe entre os Evangelhos. Se cada Evangelho é o produto da
imaginação criativa da igreja, como explicar diferenças entre eles? E se é o
produto de comunidades isoladas, como explicar as semelhanças? Essas teorias
são especulações e nada podem nos dar de evidência concreta. Portanto,
continuamos a crer nas evidências internas e externas de que os Evangelho dão
testemunho confiável do Jesus histórico, que é o mesmo Cristo da fé.
O objetivo deste estudo é trazer algumas informações e textos, colhidos
dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão desta lição “O Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Não
há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer
ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua
aula.
O FILHO UNIGÊNITO DE DEUS
Quando os escritores do Novo Testamento
se referem a Jesus como o Filho de Deus (João 1:49; 10:36), eles estão
atribuindo divindade a ele. Como lemos em João 5:18, os judeus contemporâneos
de Jesus entenderam claramente que quando Jesus disse que Deus era o seu Pai,
ele estava “fazendo-se igual a Deus”.
Em seu julgamento diante do sumo-sacerdote, quando perguntado: “tu és o Cristo, o Filho de Deus?”
(Mateus 26:63), Jesus replicou no afirmativo (versículo 64). Os juízes,
reconhecendo essa reivindicação de divindade ontológica, encontraram-no culpado
de blasfêmia, e o sentenciaram a morte de acordo com Levítico 24:16 (versículos
65-66).
Jesus, como o Filho de Deus, não é
ontologicamente subordinado ao Pai. Sua
Filiação é uma relação intra-trinitariana, conforme lição III da EBD, que denota uma unidade essencial com o Pai.
Algumas vezes o Novo Testamento se refere a Cristo como o “unigênito” (monogenes) do Pai (João 1:14,18; 3:16). Mas a palavra
monogenes, que é derivada de duas palavras gregas — mono (um) e genos (tipo) —
significa “um de um tipo”, e tem a ver com a “exclusividade” de Cristo. Ela não implica que Jesus, como a Segunda
Pessoa da Trindade, tenha sido criado ou nascido, ou que em algum sentido ele
seja ontologicamente subordinado ao Pai. Como B. B. Warfield escreve: “O
adjetivo ‘unigênito’ transmite a ideia, não de derivação e subordinação, mas de
exclusividade e consubstancialidade: Jesus é tudo o que Deus é, e somente ele é
isso”.
Como o Filho unigênito do Pai, então,
Jesus é único. Os cristãos são como filhos e filhas de Deus o Pai, mas eles são
filhos adotados (Romanos 8:14-16; Gálatas 4:4-6). Em João 20:17, Jesus faz uma
distinção entre seu relacionamento com o Pai e o relacionamento de seus
discípulos com o Pai: “Subo para meu Pai
e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”.
A
DEIDADE DO FILHO DE DEUS
Na história da igreja, sempre tem havido
aqueles que negam a divindade de Cristo. Os Ebionistas do segundo século,
provavelmente um desdobramento do movimento judaizante, que Paulo denuncia em
sua carta aos Gálatas, mantinham que Jesus era o filho natural de José e Maria,
afirmando assim sua natureza humana. Mas os Ebionistas negavam que Jesus era
divino. Os Arianos do quarto século também rejeitaram a eternidade de Jesus
como o Logos. Distorcendo passagens tais como Provérbios 8:22, Romanos 8:29 e
Colossenses 1:15, Ário alegava que Jesus era gerado e, portanto, devia ter tido
um começo. Ário dizia que Cristo era a maior de todas as criaturas de Deus,
tinha sido criado antes do restante da criação e tinha uma natureza divina
similar àquela que é de Deus, mas ele não era o mesmo que Deus. O Arianismo foi
condenado como herético no Concílio de Nicéia (325 d.C.). As Testemunhas de
Jeová de hoje são uma forma moderna de Arianismo. No século dezenove homens
tais como Ernest Renan e David Strauss foram instrumentais em iniciar movimento
que veio a ser conhecido como “a busca do Jesus histórico”.
Negando que os evangelhos nos dão um
relato exato dos verdadeiros ensinos de Jesus Cristo, estes estudiosos pensavam
ser necessário ir além do texto da Escritura, um texto cheio de mitos e
folclore, e encontrar o Jesus histórico. De modo crescente, o “Jesus real” foi
descrito como um bom professor de princípios espirituais, mas certamente não a
Segunda Pessoa da Trindade.
A Confissão de Fé de Westminster (8:2)
ensina a visão bíblica de que Jesus Cristo é “o Filho de Deus, a Segunda Pessoa
da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual
a ele”. A Bíblia está repleta de passagens que apoiam esta posição. Já vimos
que os títulos Cristológicos “Cristo”, “Senhor”, “Filho do Homem”, “Filho de
Davi”, “Palavra de Deus”, “Deus” e “Filho de Deus”, juntamente com os “EU SOU”
encontrados no Evangelho de João – tudo isso – afirma a natureza divina de
Cristo.
A pré-existência da Segunda Pessoa da
Trindade é claramente ensinada em passagens tais como João 1:1 (“No princípio era o Verbo”), João 3:13 (“Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que
de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está no céu”), e João 3:31 (“Aquele [Cristo] que vem de cima é sobre
todos”, ARC) e outras.
No Antigo Testamento, há várias
passagens que falam sobre o “Anjo do Senhor”, onde está claro que o Anjo é uma
manifestação do próprio Deus. Ele tanto se identifica como Deus como também
exerce prerrogativas divinas (Gênesis 16:7-13; 18:1-21; 19:1-21; 22:1118; Êxodo
3:2; Juízes 2:1-4; 6:11-22; 2 Samuel 24:16). Todavia, ao mesmo tempo, o Anjo é
distinguido do Senhor (Gênesis 48:15-16; Êxodo 23:20-23; Zacarias 1:12-13). O
que temos aqui é uma “Cristofania”, uma manifestação da Segunda Pessoa pré-encarnada
da Trindade. Como Reymond afirma: “O registro bíblico sugere que o Anjo, como
uma Pessoa divina, era incriado”.
Da mesma forma, Isaías 9:6 e Miquéias
5:2 profetizam sobre a vinda do Messias, o qual é dito ser “eterno”. A profecia
de Isaías é especialmente forte, visto que ele afirma que o Messias vindouro é
“Deus Forte”. O Novo Testamento
revela que essas duas profecias do Antigo Testamento foram cumpridas em Cristo,
afirmando assim sua divindade (Lucas 2:11; João 3:16; Efésios 2:14; Tito 2:13;
Mateus 2:1-12).
Várias outras profecias do Antigo
Testamento revelam a natureza divina do Messias vindouro. Salmo 2 ensina sobre
a vinda de um Filho entronizado, que é igual ao Pai. Hebreus 1:5, Atos 4:25-26
e 13:33 nos ensinam que este Filho é Jesus Cristo. Salmo 45 fala sobre um Rei e
Noivo divino. Hebreus 1:8-9 nos revela que este é Cristo. Salmo 102 refere-se
às atividades criativas do Deus eterno. Hebreus 1:10-12 nos diz que isto
refere-se a Jesus Cristo. Salmo 110 nos ensina sobre um Sacerdote e Rei que é
Senhor. Mateus 22:41-45, Hebreus 1:3,13 e 5:6,10 nos informa que este é Cristo.
E em Malaquias 3-4 somos informados sobre a vinda do Mensageiro divino do
pacto. Marcos 1:2 nos diz que este também é a Segunda Pessoa da Deidade, Jesus
Cristo.
A natureza divina de Jesus Cristo é
revelada de várias outras formas. Como temos visto, ele é o Criador (João 1:1;
Colossenses 1:16; Hebreus 1:2) e Sustentador providencial (Colossenses 1:17;
Hebreus 1:3) do universo. Ele perdoa pecados (Marcos 2:1-12). Ele tem poder e
autoridade universal (Mateus 28:18; Efésios 1:22). Ele ressuscita mortos (João
11:38-44). Ele tem o poder e autoridade para conceder vida eterna (Mateus
11:25-27; João 5:26; 6:63). Ele é o objeto de adoração (Mateus 28:16; João
20:28; Atos 7:59). Ele realizou milagres “quais
nenhum outro fez” (João 15:24) – milagres que “manifestaram sua glória [isto é, sua divindade]” (João 2:11), e deu
autoridade a outros para realizar milagres também (Mateus 10:1-8). Todas estas
revelações do poder e autoridade de Cristo falam da sua natureza divina.
O Novo Testamento também ensina que
Jesus Cristo possui atributos divinos. Ele demonstrou sua onipotência e
soberania ao criar e (continuamente) sustentar o universo (Colossenses
1:16-17), ao silenciar uma tempestade no mar (Marcos 4:35-41), ao andar sobre a
água (Mateus 14:22-33), ao transformar água em vinho (João 2:1-11) e ao
ressuscitar Lázaro dentre os mortos (João 11:38-44). Ele ensinou que ele é
eterno nas declarações “EU SOU” e isso é
confirmado adicionalmente em Hebreus 1:10-12. Ele demonstrou sua onisciência ao
conhecer os pensamentos das pessoas (Marcos 2:8; João 1:48; 2:25), ao saber “desde o princípio, quais eram os que não
criam e quem o havia de trair” (João 6:64), ao proclamar que ele tinha um conhecimento
igual àqueles de Deus o Pai (Mateus 11:25-27), e ao reconhecer a afirmação de seus discípulos
de que “[tu] sabes todas as coisas”
(João 16:30; 21:17). Jesus demonstrou sua onipresença ao afirmar que ele sempre
estaria com a sua igreja (Mateus 18:20; 28:20). E a imutabilidade de Deus o
Filho é ensinada em Hebreus 13:8: “Jesus
Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (ARC).
Finalmente, somos ensinados no Evangelho
de João que Jesus Cristo, que é a Palavra de Deus encarnada (1:1,14), é “um” em
essência com o Pai (10:30), recebe a
mesma honra que o Pai (5:23), deve-se confiar e crer nele assim como se deve
confiar e crer no Pai (14:1), manifesta o nome de Deus em sua Pessoa (17:6),
revela a obra de Deus em sua obra (17:4), e revela as palavras de Deus em suas
palavras (12:44-50; 17:8). De acordo com a Escritura, Jesus é plenamente
divino.
A
HUMANIDADE DO FILHO DE DEUS
Assim como na história da igreja sempre
houve aqueles que negaram a divindade genuína de Jesus Cristo, assim também
sempre houve aqueles que negaram sua humanidade genuína, obviamente negando
através disso não somente sua encarnação, mas também sua crucificação, sua
ressurreição corporal e sua ascensão. No primeiro século emergiu uma forma de
Gnosticismo conhecida como Docetismo (do verbo grego dokeo, “parecer ou
aparentar”). Esta visão sustentava que seria mal para Deus tomar sobre si uma
natureza humana, pois o mundo físico é em si mesmo pecaminoso. Assim, somente
“parece ou aparenta” que Cristo tinha um corpo físico. O apóstolo João fala
contra o Docetismo em 1João 4:1-6.
Então, no quarto século, Apolinário
ensinou que Cristo tinha um corpo humano e uma alma humana, mas seu espírito
humano tinha sido substituído pelo Logos divino. Isto, certamente, faz de
Cristo menos do que humano. Esta visão foi condenada no Concílio de
Constantinopla (381 d.C.).
A natureza humana de Jesus Cristo é
manifesta de várias formas no Novo Testamento. Mateus (1:18-25) e Lucas
(1:26-38) nos informam, nas palavras da Confissão, que “quando chegou o cumprimento do tempo”, Cristo foi “concebido pelo poder do Espírito Santo no
ventre da Virgem Maria e da substância dela”. Isto, de acordo com Mateus
1:23, foi o cumprimento de Isaías 7:14: “Eis
que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel”. Não é
que o Filho de Deus se tornou um homem no sentido de abrir mão da sua
divindade. Antes a Segunda Pessoa tomou sobre si a natureza humana com todas as
suas propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem pecado (veja
João 1:14; Hebreus 4:15).
Jesus chama a si mesmo de homem em João
8:40, e ele é chamado de homem em inúmeras circunstâncias (Marcos 14:71; Lucas
23:4; João 4:29; 5:12; 10:33; 1Timóteo 2:5). O autor de Hebreus é muito claro
quando escreve que “visto, pois, que os
filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele [Cristo],
igualmente, participou... Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se
tornasse semelhante aos irmãos”
(2:14,17). Além do mais, a descendência humana de Jesus é traçada tanto
em Mateus 1:1-17 (até Abraão) como em Lucas 3:23-37 (até Adão). Então, em
Mateus 26:26,38 e Lucas 23:46, lemos que Jesus Cristo tinha uma alma humana.
Assim, aprendemos, a partir destes versículos, que Cristo, o Filho de Deus,
fez-se homem tomando um verdadeiro corpo, e uma alma racional.
Além disso, em Lucas 2:52 lemos que
Jesus Cristo passou por um período de desenvolvimento humano, no qual ele “crescia em sabedoria, estatura e graça,
diante de Deus e dos homens”. A Bíblia nos ensina que Jesus tinha
necessidades humanas, tais como comida (Mateus 4:2), bebida (John 4:7) e sono
(Marcos 4:38). Somos informados também que Jesus “aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hebreus 5:8). Ele
se cansava (João 4:6), e tinha sangue humano em suas veias (João 19:34; Hebreus
2:14). Em Tiago 1:13 somos ensinados que Deus não pode ser tentado. Mas em
Mateus 4:1-11 e Hebreus 2:17-18, é nos dito que Jesus foi tentado. Obviamente,
então, esta tentação tinha a ver com sua natureza humana, e não com sua
natureza divina. Também, a Escritura ensina que Deus é onisciente (Atos 15:18;
1João 3:20), mas em Marcos 13:32 lemos que o Filho não sabia o tempo do segundo
advento – uma referência óbvia à sua humanidade. A Bíblia também ensina que
Deus é o doador da lei (Isaías 33:22; James 4:12), e, portanto, ele está acima
da lei: “No céu está o nosso Deus e tudo
faz como lhe agrada” (Salmo 115:3; 135:6). Mas Cristo como um ser humano,
foi “nascido sob [sujeito] a lei”
(Gálatas 4:4). Então também, sabemos que Deus, sendo imutável, não se emociona.
Todavia, Jesus, como um ser humano, se emocionava.
Por exemplo, ele expressou irritação ou
indignação (Marcos 10:14), se entristeceu (Marcos 3:5), ficou perplexo,
angustiado e perturbado (Marcos 14:34; João 12:27), e expressou surpresa ou
admiração (Marcos 6:6; Lucas 7:9).
Outras evidências da humanidade genuína
de Jesus são vistas no fato de que ele “cuspiu
na terra, e, com a saliva, fez lodo” (João 9:6). Ele chorou a morte de
Lázaro (João 11:35). Ele teve uma coroa de espinhos “posta na sua cabeça” e deram-lhe [os líderes judeus] “bofetadas”
(João 19:2-3). E enquanto Jesus estava sobre a cruz, “um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e
água” (João 19:34). Finalmente, Jesus morreu (Marcos 15:44-46). Mas mesmo
após a ressurreição, ele revelou suas feridas aos seus discípulos (João
20:20,27). Em várias ocasiões ele comeu com eles (Lucas 24:28-43; João
21:9-14). E ele mostrou aos seus discípulos suas mãos e pés, e encorajou-os da
seguinte forma: “apalpai-me e verificai,
porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas
24:39). Então, como um ser humano, Cristo ascendeu à destra do Pai (Marcos
16:19; Atos 1:9-11).
“Pois nele [Cristo] habita continuamente toda
a plenitude da Divindade corporalmente”. E em Filipenses 3:20-21, o
apóstolo ensina que Cristo está agora mesmo à destra do Pai na forma corpórea,
e na sua segunda vinda “transformará o
nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória”. Então,
também, após a ascensão de Jesus, Estevão “fitou
os olhos no céu e viu... o Filho do Homem, em pé à destra de Deus” (Atos
7:55-56). E o apóstolo João, tendo visto o Cristo ascendido como “o Filho do homem”, vestido em suas
vestimentas sacerdotais, “caiu a seus pés
como morto” (Apocalipse 1:12-17).
Isso de forma alguma implica que a
natureza humana de Jesus é uma parte da Trindade. Não é! Sua humanidade é tanto
uma parte da criação de Deus como o restante da humanidade. O que é único sobre
o homem Jesus é que ele não tinha pecado. Esta verdade é frequentemente
testemunhada no Novo Testamento. Jesus nasceu da virgem Maria, tendo sido
concebido pelo Espírito Santo, evitando através disso a natureza corrupta que
ele teria de outra forma herdado através da semente de Adão (Lucas 1:35). E
durante toda a sua vida ele permaneceu “santo,
inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hebreus 7:26). Ele era o
cordeiro de Deus, “sem defeito e sem
mácula” (1Pedro 1:19). Embora ele tenha sido “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, todavia [ele
permaneceu] sem pecado (Hebreus 4:15). E quando sofreu em favor dos seus
eleitos, ele “não cometeu pecado, nem
dolo algum se achou em sua boca” (1Pedro 2:21-22). Por conseguinte, Deus o
Pai, “àquele [Cristo] que não conheceu
pecado, o fez pecado por nós [os eleitos]; para que, nele, fôssemos feitos
justiça de Deus” (2Coríntios 5:21).
Além do mais, a Bíblia ensina que para
Jesus Cristo ser o Salvador da sua igreja, era essencial que ele fosse tanto
Deus como homem. Era necessário que o Mediador fosse Deus para poder sustentar
a natureza humana e guardá-la de cair debaixo da ira infinita de Deus e do
poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus sofrimentos, obediência e
intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus, conseguir o seu favor,
adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu Espírito, vencer todos os seus
inimigos e conduzi-lo à salvação eterna.
Era necessário que o Mediador fosse
homem para poder levantar a nossa natureza e obedecer à lei, sofrer e
interceder por nós em nossa natureza, e simpatizar com as nossas enfermidades;
para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e acesso com
confiança ao trono da graça.
Era necessário
que o Mediador, que havia de reconciliar o homem com Deus, fosse Deus e homem e
isto em uma só pessoa, para que as obras próprias de cada natureza fossem
aceitas por Deus a nosso favor e que nós confiássemos nelas como as obras da
pessoa inteira.
CONCLUSÃO
Concluindo, espero em DEUS
ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão difícil
tema e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre
estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.
Pr. José Costa Junior