14 de maio de 2022

NÃO RETRIBUA PELOS PADRÕES HUMANOS

 

NÃO RETRIBUA PELOS PADRÕES HUMANOS

TEXTO BIBLICO - Mateus 5.38-48

INTRODUÇÃO

Estaremos agora adentrando a quinta ilustração dita por Cristo Jesus, conforme leitura de Mateus 5.38-42. Nesta lição, nós analisaremos a razão dela constar na Lei mosaica e bem como, Jesus ter endossado.

Antes de qualquer outra coisa, necessário se diga, somente uma pessoa regenerada, aquele que nasceu de novo, é capaz de reproduzir o amor de Deus, ágape, como fruto do Espírito, logicamente só o produz quem tem o Espírito Santo habitando em si. O homem natural até pode imitar, mas a produção do fruto é para aqueles a quem foi dado o Espírito Santo de Deus!

Também é importante esclarecer que, o amor de Deus não como o amor humano. Ágape significa amor, mas um tipo específico de amor. O amor ágape é muito importante na Bíblia. Só no Novo Testamento aparece 158 vezes.

O amor ágape não trata apenas de sentir ou de fazer isso ou aquilo, é um ato de obediência, altruísta, com propósito de fazer o bem àquela determinada pessoa. Um amor que age e que pode ser evidenciado pela relação que Jesus tem com o Pai e conosco (Jo 3.16; 13.34-35).

 Ágape é um ato de vontade, uma atitude inteligente, proposital, de estima e devoção; uma atitude altruísta, proposital, que deseja fazer bem à outra pessoa.

Em outras palavras, ágape não apenas sente; ele age. Ágape é a palavra que Jesus usa para instruir seus discípulos sobre aqueles que os odeiam: “Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc 6.35).

O Dr Stott comenta: “As duas antíteses finais levam-nos ao ponto mais alto do Sermão do Monte, pelo qual ele tem sido mais admirado e, ao mesmo tempo, objeto da maior indignação. Trata-se da atitude de amor total que Cristo manda que demonstremos ao perverso (v. 39) e aos nossos inimigos (v. 44).

Em nenhum outro ponto o Sermão é mais desafiador do que neste. Em nenhum outro ponto a nitidez da contracultura cristã é mais óbvia. Em lugar nenhum nossa necessidade do poder do Espírito Santo (cujo primeiro fruto é o amor) é mais constrangedora”.

Isto posto, é importante dizer que, como filhos de Deus, somos chamado a exercitar ágape para com todos, e isso exige de nós disposição em perdoar, fé para deixar a vingança com o Senhor (Rm 12.19).

Ágape é o modo como Deus nos ama e o modo como devemos amar uns aos outros. A vontade de Deus para nós é que sejamos santos como ele é santo; Aos judeus do tempo de Jesus, a ordem para que fossem santos era lida como um chamado à estrita obediência à letra da lei. Jesus, porém, corrigiu essa noção, ressaltando o princípio motivador por trás da lei: ágape, o amor altruísta!

I- A VINGANÇA NÃO É NATUREZA DO REINO

1. A Lei de Talião. A lei de talião, também dita pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Na perspectiva da lei de talião, a pessoa que fere outra deve ser penalizada em grau semelhante, e a punição deve ser aplicada pela parte lesada. (Wikipédia)

A palavra talião é derivada do latim talio que significa “retribuição”. É interpretada pela fórmula “olho por olho, dente por dente”. A lei de talião é atribuída, originalmente, ao código babilônico de Hamurabi (datado de 1770-1750 a.C.).

Foi utilizada por outros povos, Moisés a inseriu no Êxodo, Levítico e Deuteronômio:

    “Quem ferir mortalmente um homem será condenado à morte. Quem ferir mortalmente um animal devolverá um semelhante: vida por vida”. (Lv 24.17-18);

    “Teus olhos não o pouparão: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé”. (Dt 19.21).

No Sermão da Montanha, Jesus de Nazaré referiu-se à lei de talião e a contestou:

    “Ouviste o que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente’. Mas eu vos digo que não resistais ao malvado. A quem te bater na face direita, apresenta também a outra.

A quem quiser fazer demanda contigo para tomar a tua túnica, deixa levar também o manto. E se alguém te forçar a dar mil passos, anda com ele dois mil.” (Mt 5.38-41).

Essa lei se transformou em parte da ética do Antigo Testamento. Encontramo-la explicitamente pelo menos três vezes, ou seja: ” Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe” (Êxodo 21:23-25);

“Se alguém causar defeito em seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará” (Levítico 24:19, 20);

“Não o olharás com piedade: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Deuteronômio 19:21).

Com freqüência se citam estas leis como as mais sangrentas, selvagens e impiedosas disposições do Antigo Testamento; mas antes de começarmos a criticar o Antigo Testamento devemos fazer algumas observações.

2. O cristão e a vingança. A Bíblia diz que a vingança pertence a Deus. Nós não devemos procurar nos vingar mas deixar isso nas mãos de Deus. Vingança nem sempre é sinônimo de justiça.

Vingança é dar retribuição pelas seus próprios meios, normalmente fora do sistema oficial de justiça.

Quem procura vingança muitas vezes não quer dar uma punição justa mas quer causar sofrimento, porque é motivado pelo ódio. Por exemplo, Sansão brigou com alguns homens no seu casamento e decidiu vingar-se, destruindo plantações e matando muita gente (Juízes 15:7-8).

Ele achou que estava fazendo justiça, mas na sua ira foi muito além. A vingança também pode ser dirigida contra a pessoa errada. Os filisteus, depois que Sansão causou confusão, vingaram-se na sua esposa e no seu sogro, que não tinham culpa (Juízes 15:6).

“A Bíblia tem muito a dizer sobre a vingança. Tanto as palavras hebraicas quanto as gregas traduzidas como "vingança" ou “vingar” têm sua raiz na ideia de punição. Isso é crucial para entender por que Deus reserva para Si o direito de vingança.

O versículo-chave a respeito dessa verdade é encontrado no Antigo Testamento e citado duas vezes no Novo Testamento. Deus disse: “A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo, quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se apressa em chegar” (Deuteronômio 32:35; Romanos 12:19; Hebreus 10:30).

Em Deuteronômio, Deus está falando dos israelitas idólatras, de pescoço duro, rebeldes e idólatras que O rejeitaram e provocaram Sua ira com a sua iniquidade. Ele prometeu vingar-Se em Seu próprio tempo e de acordo com Seus próprios motivos perfeitos e puros. As duas passagens do Novo Testamento dizem respeito ao comportamento do cristão, que não é usurpar a autoridade de Deus. Em vez disso, devemos permitir que Ele julgue corretamente e derrame a Sua retribuição divina contra Seus inimigos como achar melhor.

Ao contrário de nós, Deus nunca se vinga devido a motivos impuros. Sua vingança é com o propósito de punir aqueles que O ofenderam e rejeitaram. Podemos, no entanto, orar para que Deus Se vingue na perfeição e santidade contra Seus inimigos e vingue aqueles que são oprimidos pelo mal.

No Salmo 94:1, o salmista ora para que Deus vingue os justos, não por um sentimento de vingança descontrolada, mas por justa retribuição do Juiz eterno cujos julgamentos são perfeitos. Mesmo quando os inocentes sofrem e os maus parecem prosperar, cabe apenas a Deus punir. “O SENHOR é Deus zeloso e vingador, o SENHOR é vingador e cheio de ira; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação para os seus inimigos” (Naum 1:2).

Existem apenas duas vezes na Bíblia quando Deus dá permissão aos homens para vingar-se em Seu nome. Primeiro, depois que os midianitas praticaram atos hediondos e violentos contra os israelitas, a taça da ira de Deus contra eles estava cheia, e Ele ordenou a Moisés que liderasse o povo em uma guerra santa contra eles.

“Disse o SENHOR a Moisés: Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois, serás recolhido ao teu povo" (Números 31:1-2).

Aqui, novamente, Moisés não agiu por conta própria; ele era apenas um instrumento para realizar o plano perfeito de Deus sob Sua orientação e instrução. Segundo, os cristãos devem estar em submissão aos governantes que Deus colocou sobre nós porque eles são Seus instrumentos como “castigo dos malfeitores” (1 Pedro 2:13-14).

Como no caso de Moisés, esses governantes não devem agir por conta própria, mas devem cumprir a vontade de Deus para a punição dos ímpios.

É tentador tentar assumir o papel de Deus e procurar punir aqueles que achamos que merecem. Entretanto, porque somos criaturas pecaminosas, é impossível nos vingarmos com motivos puros. É por isso que a Lei mosaica contém o comando: “Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR” (Levítico 19:18).

Até mesmo Davi, um “homem que agrada a Deus” (1 Samuel 13:14), recusou-se a se vingar de Saul, embora Davi fosse a parte inocente sendo injustiçada.

Davi se submeteu ao mandamento de Deus de renunciar à vingança e confiar nEle: “Julgue o SENHOR entre mim e ti e vingue-me o SENHOR a teu respeito; porém a minha mão não será contra ti” (1 Samuel 24:12).

Como cristãos, devemos seguir o mandamento do Senhor Jesus de “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44), deixando a vingança para Deus.”

O Pastor Presbiteriano Hernandes Dias Lopes comentando Mateus, escreve: “Jesus, aqui no sermão do monte, elimina a antiga lei da vingança limitada, que permitia a retaliação, para introduzir a reação transcendental diante das injustiças sofridas.

Jesus destaca três coisas vitais da vida: honra, vontade e bens inalienáveis.

Mesmo que as pessoas nos desonrem, ferindo nosso rosto; mesmo que as pessoas nos constranjam a andar, ferindo nossa vontade; mesmo que as pessoas tomem de nós a roupa do corpo, bem inalienável, devemos reagir de maneira transcendente. O cristão não paga o mal com o mal, mas o mal com o bem. Não domina apenas suas ações, mas também suas reações.

Estou de acordo com as palavras de A. T. Robertson: “Jesus queria dizer que a vingança pessoal é tirada de nossas mãos. O Senhor também condena as guerras agressivas ou as ofensivas que as nações fazem entre si, mas não necessariamente a guerra defensiva ou a defesa contra o roubo e assassinato. O pacifismo profissional pode ser mera covardia”.

II- O AMOR É A EXPRESSÃO NATURAL DO REINO

Para falar da lei do amor desenvolvida por aqueles que fazem parte do seu Reino, Jesus fez uso de quatro ilustrações que estão presentes na vida cotidiana para mostrar como se deve resistir ao mal.

Vejamos:

1. Virar a outra face. O salvo em Cristo é consciente de que as pessoas do mundo têm atitudes totalmente diferentes das suas, pois vivem plenamente dominados pelo pecado, são cegos, de modo que o cristão não pode responder semelhantemente a eles. As pessoas do mundo sempre irão priorizar seus interesses; por esse motivo, são a favor da vingança, querem proteger seus interesses pessoais, pois são dominados pelo eu.

“Um dos atos mais ultrajantes que uma pessoa pode enfrentar é receber um tapa no rosto. Diante de tamanha audácia, torna-se quase impossível à vítima de tal insolência reagir a essa atrevida agressão de maneira pacífica e serena.

A face do indivíduo pode ser considerada como símbolo de sua honra. Ousar desferir um golpe contra ela representa um atentado inadmissível à sua autoimagem, respeito e dignidade. Como dizia um colega de "baba" (desses temperamentais): "No rosto que mamãe beijou, quem bater morre." Infelizmente, ele que foi embora cedo.

Não faz parte da nossa natureza aceitar a ofensa com passividade. Palavras como Amor, Perdão e Mansidão são tidas como sinônimos de fraqueza ou tolice e, é assim que tendemos a interpretá-las. Além disso, vivemos numa época em que predomina a cultura do "bateu-levou".

Não obstante, Jesus ensinou aos seus discípulos que, ao sermos feridos na face direita, deveríamos voltar a outra também. Mt 5: 38, 39.

Seriam tais palavras literais, ou apenas uma metáfora como um princípio de lição moral?

Esse ensinamento de Jesus, embora traga uma mensagem clara e direta não deve ser entendido como um princípio literal a ser aplicado em todas circunstâncias. Uma prova disso é que o mesmo Jesus que mandou "dar a outra face", quando estava diante do sumo sacerdote Anás e foi esbofeteado por um guarda `bajulador´, não ofereceu a outra face nem guardou silêncio, mas protestou contra o abuso oponente. Jo 18:23.

Por outro lado percebemos que, embora Jesus protestasse contra a tirania covarde e injusta, ele não foi violento, nem rancoroso ou hostil. Jesus é nosso Modelo em tudo e nos mostrou de maneira prática como reagir em várias situações da vida.

Diante das tiranias covardes, insultos e agressões verbais ou físicas, geralmente surge duas alternativas a escolhermos: a indignação ou resignação. Ambas devem ser adotadas em seu devido contexto e serem empregadas no momento certo e na medida correta. Jesus ensinou tanto a protestar pacificamente os abusos, quanto a silenciar a voz e suportar as opressões e afrontas alheias.

Nas relações pessoais e interpessoais, pessoas irão nos ofender, machucar, humilhar, mas isso não significa que devemos sorrir, agradecer e dizer: "Faz de novo que eu adorei!". Indignação e zanga equilibrada se farão necessárias muitas vezes para expressarmos a nossa dor e questionar a legitimidade da injustiça sofrida. Foi o que Jesus fez.

Algumas vezes teremos que "levar desaforo pra casa", caso contrário, poderemos nem voltar para casa - brigas de trânsito por exemplo . Em outros momentos, porém, resignar-se ante algozes envenenados.

Um exemplo de protesto saudável foi retratado na vida de Martin Luther King em sua luta pelos direitos civis dos negros americanos. Luther King dosava perfeitamente indignação com mansidão. Talvez por isso, Mano Brown (Racionais Mcs), revoltado, disse certa vez que ele (Luther King)era "bonzinho demais" ao contrário de Rosa Parks que, supostamente, seria mais "ousada" contra os "brancos".

 

Como cristãos precisamos aprender a oferecer a outra face como Jesus ensinou e, ao mesmo tempo, saber o momento de se indignar justamente da maneira correta, mas não necessariamente voltando o rosto de forma literal.

Em Mateus 5:38,39, Jesus ensina que não devemos pagar o mal com mal; que não devemos retribuir a ofensa na "mesma moeda"; que não devemos recorrer à vingança como resposta, nem jamais fazer "justiça com as próprias mãos".

Em contrapartida, aprendemos em João 18:19-24 que, quando alguém nos maltrata, embora não devamos retribuir-lhe o mal, somos seres humanos que sentimos os golpes ferinos oriundos do provocante que nos causam dor e, será natural, manifestarmos nossos sentimentos questionando a legitimidade de sua ação.

Como disse Aristóteles: "Qualquer um pode zangar-se - isso é facil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa - não é facil. Sendo assim, lancemos fora o ódio, pois este, só traz danos emocionais, físicos e espirituais .

Liberar ou pedir perdão (com sinceridade) traz contentamento e paz. Pode parecer muita fraqueza, tolice ou idílio tolerar arrogâncias e afrontas.

Mas esse é o único caminho para vencer o mal ao invés de sermos por ele vencidos.” 

2. Arrastar para o tribunal. “Concorde com o seu adversário rapidamente – Isso ainda é uma ilustração do sexto mandamento. Estar hostil, ir à lei, ser litigioso é sempre uma violação, de um lado ou de outro, da lei que exige que amemos nosso próximo, e nosso Salvador a considera uma violação do sexto mandamento.

Enquanto você estiver no caminho, ele diz, ou seja, enquanto estiver indo ao tribunal, antes que o julgamento ocorra, é seu dever, se possível, chegar a um acordo. É errado levar a disputa a um tribunal de justiça. Ver 1 Coríntios 6: 6-7.

A consequência de não se reconciliar, ele expressa na linguagem dos tribunais. O adversário entregará ao juiz, e ele ao carrasco, e ele te jogará na prisão.

Ele não quis dizer que esse seria literalmente o caminho com Deus, mas que Seu trato com aqueles que nutriam esses sentimentos e não se reconciliavam com seus irmãos era representado pelo castigo infligido por tribunais humanos. Ou seja, ele seguraria todos os que violavam o sexto mandamento e os puniria de acordo.

Às vezes, não há propriedade no uso deste versículo, em representar Deus como o “adversário” do pecador, e pedindo que ele se reconcilie com Deus enquanto estiver no caminho do julgamento. Nem a frase “de maneira alguma sairá dali até que pague o máximo de centavo” refere-se à eternidade de punição futura. É uma linguagem tirada dos tribunais de justiça, para ilustrar a verdade de que Deus punirá as pessoas de acordo com a justiça por não se reconciliarem com ele. O castigo no mundo futuro será eterno, de fato, Mateus 25:46 , mas esta passagem não prova isso” Comentário de Albert Barnes,

3. Obrigar a fazer algo. A segunda lição que expressa um viver diferente e cheio de amor como ensinou Cristo Jesus vem no versículo 41 (ARA): “Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas”. Era costume no tempo de Jesus, ou seja, quando os romanos dominavam, que ao enviarem algum emissário de um lugar para o outro, quando alguém do local fosse ao seu encontro, carregasse suas bagagens até chegar ao local determinado. Diz-se que os habitantes daquele lugar teriam que disponibilizar seus animais e carruagens para o tal estranho.

A palavra obrigar se refere a coerção ou força. A imagem desse conceito no NT é o momento em que os soldados romanos "obrigaram" Simão de Cirene a carregar a cruz de Jesus (27.32).

Os mensageiros persas tinham autoridade real para pressionar cavalos, navios e até homens, para ajudá-los nos negócios em que estavam empregados. Estes angari são agora denominados chappars e servem para transportar despachos entre a corte e as províncias. Quando um chappar sai, o dono do cavalo o fornece com um único cavalo; e, quando está cansado, desmonta o primeiro homem que conhece e leva o cavalo. Não há perdão para um viajante que se recusa a deixar um chappar ter seu cavalo, nem para qualquer outro que deveria negar a ele o melhor cavalo em seu estábulo. Veja Sir J. Chardin e Hanway’s Travels. Para prensar cavalos de cavalos, etc., o termo persa é Sukhreh geriften . Não encontro nenhuma palavra persa exatamente do som e da significação de ???a??? ; mas o agharet árabe significa estimular um cavalo, atacar, saquear etc. A própria palavra grega é preservada entre os coelhos nos caracteres hebraicos, ?????? angaria , e tem precisamente o mesmo significado: viz. ser compelido pela violência a prestar qualquer serviço particular, especialmente do tipo público, pela autoridade do rei. Lightfoot apresenta vários exemplos disso em sua Horae Talmudicae.

Estamos aqui exortados à paciência e ao perdão:

    Primeiro, quando recebemos em nossas pessoas todo tipo de insultos e afronta, Mateus 5:39 .

Em segundo lugar, quando somos espoliados de nossos bens, Mateus 5:40 .

    Terceiro, quando nosso corpo é forçado a sofrer todo tipo de labuta, irritação e tormento, Mateus 5:41 .

A maneira de melhorar a injustiça do homem para nossa própria vantagem é exercitar sob ela mansidão, gentileza e longanimidade, sem a qual disposição mental, nenhum homem pode ser feliz aqui ou no futuro; pois aquele que se vinga deve perder a mente de Cristo e, assim, sofrer uma lesão dez mil vezes maior do que jamais poderá receber do homem. A vingança, a tal custo, é realmente cara” Comentário de Adam Clarke,

4. Fazer alguma coisa por alguém. A terceira colocação vem do versículo 42 (ARA), que diz: “Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. Não é fácil dar, mas Jesus diz que seus servos deveriam atender àqueles que pedissem. É bom levar em consideração que aqui o princípio exposto por Cristo é geral, e quem age dessa forma não está resistindo aos perversos.

Mateus 5:42. Dá a ele que te pede. Embora as palavras de Cristo, que são relatadas por Mateus, pareçam nos ordenar a dar a todos sem discriminação, ainda assim reunimos um significado diferente de Lucas , que explica todo o assunto de maneira mais completa. Primeiro, é certo que foi o objetivo de Cristo tornar seus discípulos generosos, mas não pródigos, e seria uma prodigalidade tola espalhar aleatoriamente o que o Senhor nos deu. Novamente, vemos a regra que o Espírito estabelece em outra passagem pela liberalidade.

Portanto, sustentemos, primeiro, que Cristo exorta seus discípulos a serem liberais e generosos; e, a seguir, que a maneira de fazer isso é não pensar que cumpriram seu dever quando ajudaram algumas pessoas, mas estudar para ser gentil com todos, e não para se cansar de dar, desde que o significado. Além disso, para que nenhum homem possa se arrepender com as palavras de Mateus, vamos comparar o que Lucas diz. Cristo afirma que, quando emprestamos ou realizamos outros cargos, procuramos a recompensa mútua, não realizamos parte de nosso dever para com Deus. Assim, ele faz uma distinção entre caridade e amizade carnal. Os homens ímpios não têm afeição desinteressada um pelo outro, mas apenas uma consideração mercenária: e assim, como Platão observa judiciosamente, todo homem se apega àquela afeição que nutre pelos outros. Mas Cristo exige do seu povo beneficência desinteressada e pede que estudem para ajudar os pobres, dos quais nada pode ser esperado em troca. Agora vemos o que é ter uma mão aberta para os peticionários. Ele deve ser generosamente disposto a todos que precisam de assistência e que não podem retribuir o favor”.

Matthew Henry escreve: “Devemos ser caridosos e beneficentes (v. 42). Não devemos apenas não ferir o nosso próximo, mas devemos procurar lhe fazer todo o bem que pudermos.

(1) Devemos estar dispostos a dar: “Dá a quem te pedir”.

Em outras palavras, se você tem a capacidade, encare o pedido do pobre como uma oportunidade para cumprir o dever de dar esmolas. Quando alguém que realmente precisa de caridade se apresenta, devemos dar ao primeiro pedido: dar uma porção a sete, e também a oito; ainda assim, a questão da nossa caridade deve se r orientada com juízo (SI 112.5),

para que não demos aos ociosos e indignos o que deveria se r dado aos que têm necessidade e o merecem. O que Deus nos diz é que devemos estar prontos para dizer aos nossos irmãos pobres: “Pedi, e dar-se-vos-á”.

(2) Devemos e star prontos para emprestar. Às vezes, isto é uma caridade tão grande quanto dar; pois não apenas alivia a necessidade atual, mas obriga ao que toma emprestado à providência, ao empenho e à honestidade.

Portanto, “não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes” algo para viver ou para negociar; não se afaste daqueles que você sabe que têm um pedido a lhe fazer, nem invente desculpas para livrar-se deles.

Seja acessível àqueles que vem tomar emprestado.

Embora alguém possa estar envergonhado e não ter a confiança necessária para tornar o seu caso conhecido e pedir o favor, se você conhecer a sua necessidade, como também o seu desejo, ofereça-lhe a gentileza.

Exorabor antequam rogor; honestis precibus occuram – Eu serei persuadido antes que me peçam; eu irei prever o pedido que se aproxima. Sêneca, De Vita Beata.

E conveniente que nos antecipemos nos atos de caridade, pois antes de pedirmos Deus nos ouve, e nos concede as bênçãos da sua bondade”.

III- BUSCANDO A PERFEIÇÃO DE CRISTO

1. Uma justiça mais elevada. Para entendermos o que é uma justiça mais elevada, conforme ensinou Jesus, simplesmente devemos atentar para Mateus 5.44 (ARA), que diz: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Os que vivem a justiça de Cristo passam a ter um padrão de vida mais elevado, especialmente no relacionamento para com os outros. Nesse caso, o amor será a base de tudo, ele será o teste de caráter, o bem que se deseja para si mesmo, também se deseja para o outro.

Isso ensina claramente que o amor de Deus se estende até mesmo aos seus inimigos. Esse amor universal de Deus é manifesto em bênçãos que Deus concede a todos de maneira indiscriminada. Os teólogos chamam isso de graça comum. Deve ser diferenciada do amor eterno de Deus pelos seus eleitos (Jr 31.3),

mas trata-se, de qualquer maneira, de boa vontade sincera (cf. SI 145.9).

“Veja como isso é esclarecido pelo mandamento de Jesus, que nos ensina uma outra lição: “Eu, porém, vos digo”. Eu, que vim para ser o grande Pacificador, o general Reconciliador, que vos amou quando éreis estranhos e inimigos, E u digo: “Amai a vossos inimigos” (v. 44).

Ainda que os homens sejam sempre maus e se comportem sempre de modo desprezível para conosco, ainda assim isto não nos desobriga da grande dívida de amor que temos com os nossos semelhantes, amor por nossos parentes.

Não podemos evitar nos achar inclinados a desejar o mal, ou, de qualquer modo, ser muito indiferentes para desejar o bem àqueles que nos odeiam e são violentos conosco; mas o que está no fundo de todo procedimento odioso é uma raiz de amargura, que deve ser extirpada, e o vestígio da natureza corrupta que a graça deve derrotar.

O maior dever dos cristãos é amar a seus inimigos, não podemos te r complacência com aquele que é abertamente perverso e profano, nem ter confiança naquele que sabemos que é mentiroso, nem amar a todos da mesma maneira, mas devemos levar em consideração a natureza humana, e, até certo ponto, respeitar todos os homens. Devemos atentar, com alegria, naquilo que, nos nossos inimigos, é agradável e louvável: a sinceridade, o bom humor, o conhecimento, e a virtude moral, a bondade com os outros, a profissão da religião etc., e amar estas qualidades, embora sejam nossos inimigos.

Devemos te r compaixão e boa vontade com eles.

Aqui aprendemos:

Que devemos falar bem deles. “Bendizei os que vos maldizem”. Quando falamos com eles, devemos responder aos seus insultos com palavras amistosas e cordiais, e não retribuir os insultos com insultos.

Quando não estivermos na presença de tais pessoas, devemos elogiar o que nelas é elogiável e, quando já tivermos dito tudo que há de bom nelas, não devemos nos precipitar a dizer mais nada (veja 1 Pedro 3.9).

Aqueles cuja língua é a lei da bondade podem oferecer boas palavras para aqueles que lhes oferecem palavras ruins.

Que devemos fazer o bem a eles: “ Fazei bem aos que vos odeiam”, e isto será uma prova de amor melhor do que as boas palavras. Esteja disposto a dar a todos a verdadeira bondade que você pode dar, e alegre-se pela oportunidade de fazê-lo, a seus corpos, bens, nomes, famílias; e principalmente a suas almas.

Isto foi dito a respeito do arcebispo Cranmer, que a maneira de torná-lo um amigo era dar-lhe um tratamento cruel; ele serviu àqueles que o afrontaram.

Devemos orar por eles: “Orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”.

Observe que:

(1) Não é nenhuma novidade que a maioria dos santos foi odiada, amaldiçoada e tratada com desrespeito pelas pessoas más; o próprio Cristo foi tratado assim.

(2) Que quando, a qualquer momento, nos encontramos em tal situação, temos a oportunidade de mostrar nossa concordância, não só como preceito, como também com o exemplo de Cristo, orando por aqueles que nos insultam. Se, de outra maneira, não podemos testemunhar o nosso amor por eles, desta maneira, porém, poderemos fazê-lo sem ostentação e de tal forma que certamente não nos arriscaríamos a fingir. Devemos pedir a Deus que os perdoe, para que nunca passem pelo pior, por qualquer coisa que tenham feito contra nós, e que Ele os faça ficar em paz conosco; e esta é uma forma de alcançarmos esta paz.

2. O amor mais perfeito. Pela leitura que se faz de Mateus 5.43, tem-se a última ilustração de Cristo. É bem provável que, ao fazer essa citação, o Mestre divino estivesse fazendo alusão ao texto de Levítico 19.18, que para os judeus o compreensivo era amar aqueles que eram seus iguais, a sua gente. O odiarás foi um acréscimo feito pelas autoridades religiosas de Israel.

A cada nova sentença, avançando desde o versículo 21, Jesus tem arrancado fora um pedaço cada vez maior do ego humano. Cada novo confronto entre as populares perversões farisaicas e a real exigência da justiça do reino serviu para elevar o desafio moral. O que o Senhor afinal ordena na sexta e última destas antíteses haveria de ter atordoado seus ouvintes. Ele tinha falado o inconcebível quando disse, "Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos" (5:44).

Para muitos dos seus ouvintes, tal conselho deveria de ter parecido não somente inconcebível, mas impossível! SE o contrário do próprio conceito de justiça.

Agora, pela primeira vez no Sermão, Jesus falou a palavra que melhor resume o princípio fundamental de toda a sua mensagem. Ele conduziu seus ouvintes por um plano ascendente desde aquilo que o amor proibe no trato com outrem (mesmo aqueles que nos maltratam) até aquilo que o amor positivamente exige de nós. E quem, no meio de seus ouvintes, naquela ocasião como agora, poderia ter previsto que a jornada não estaria terminada até que ele exigisse deles a coisa mais dura de todas, que é amar justamente aqueles que temos maior disposição para odiar: nossos inimigos. Finalmente, o Senhor não deixou nenhum espaço para o "eu".

"Inimigo" estava longe de ser uma palavra estranha aos judeus do primeiro século. Ao tempo de Jesus havia uma inimizade palpável que se havia ligado à parede da separação que era a lei (Efésios 2:14-15).

O povo de Israel tinha sofrido muito de um mundo hostil e muitas vezes olhou com desdém sobre o paganismo ignorante e a egrégia imoralidade dos gentios. Estes não demoraram a retribuir o favor. Os fariseus, com o seu fervor separatista, não eram ignorantes da exigência da lei, que os filhos da aliança tinham que amar seus próximos como a si mesmos (Levítico 19:18), mas eles entendiam que essa obrigação terminava nas fronteiras de Israel. Havia muitas pessoas para odiar, do lado de fora dos seus limites e muitos da nação sustentavam que não era só seu privilégio, mas também sua obrigação fazer assim. O fato que os fariseus estavam cientes do mandamento para amar, mas tropeçaram na definição de "próximo", é evidenciado pela conversa com um certo advogado (Lucas 10:25-29).

O advogado conhecia a fórmula, mas estava ainda por fazer uma aplicação adequada.

Mas como e por que os mestres de Israel chegaram a concluir que a lei ordenava o ódio ao inimigo? Poderia ter sido as "guerras santas" de extermínio que Deus ordenou que Israel fizesse contra os cananeus (Deuteronômio 20:16-18), ou os salmos imprecativos ("Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? . . . Aborreço-os com ódio consumado: para mim são inimigos de fato" Salmo 139:21-22. Note especialmente o Salmo 109).

Entretanto, ainda que difícil e desconcertante seja o problema que estes fatos apresentam, a lei não distinguia, em matéria de amor ao próximo, entre o israelita e o estrangeiro (Levítico 19:18 com 19:33-34) e não aconselhava a vingança e o ódio ao inimigo (Êxodo 23:4-5).

Mesmo Jó, cujo tempo provavelmente antecede a lei, entendeu o pecado de se regozijar com a calamidade sobre um inimigo (Jó 31:29-30).

Sempre me impressionou que, quando Paulo procurou instruir seus irmãos no tratamento dos inimigos, não sentiu nenhuma necessidade de alguma nova revelação, mas tirou facilmente do livro de Provérbios: "Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber" (Romanos 12:20; Provérbios 25:21).

Não há parcela do Velho Testamento que mais diretamente aborde o problema da atitude de Israel para com os inimigos do que o livro de Jonas. Os assírios eram um povo brutal, inimigos de Deus e dos homens, mas Jeová os amava e pretendia que seu servo Jonas fizesse o mesmo (4:9-11).

Ainda, se depois disto tudo, achamos difícil acreditar que a lei não aconselhou inimizade para com os inimigos, resta-nos confiar no Filho de Deus, que reprova esta idéia como uma concepção errônea da lei, e totalmente inconsistente com a natureza e o propósito de Deus. Foi justo um ensinamento como este que fez a nação tão despreparada para a vinda do reino pacífico.

Tivesse Jesus dito aos seus seguidores para amarem seu "próximo", eles bem poderiam ter continuado nos mesmos velhos e estreitos caminhos, errando completamente a natureza única deste amor. Mas, quando ele lhes ensina a amar seus inimigos, eles podem ficar surpresos, mas ficarão, com certeza, instruídos. Como Kierkegaard observou, o evangelho tornou impossível, para sempre, que alguém se engane a respeito da identidade de seu próximo. Se temos que amar nossos inimigos, então não haverá nenhum membro da raça humana, ainda que diferente, ainda que distante, ainda que desprezível, a quem não deveremos o melhor que lhe pudermos dar.

3. Perfeitos como o Pai. Cristo estabelece um padrão inatingível. Resume-se ao que a própria lei exigia (Tg 2.10).

Embora fosse impossível alcançar esse padrão, Deus não poderia diminuí-lo sem com [1]prometer a sua própria perfeição. Aquele que é perfeito não pode estabelecer um padrão imperfeito de justiça. A maravilhosa verdade do evangelho é que Cristo alcançou esse padrão em nosso favor (2Co 5.21).

“Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus”. O que pode ser interpretado:

1. De maneira geral, incluindo todas as coisas nas quais devemos ser seguidores de Deus como filhos amados. Observe que é dever dos cristãos desejar, aspirar e perseverar em direção da perfeição na graça e na santidade (Fp 3.12-14).

E devemos estudar este assunto para que possamos estar de acordo com o exemplo de nosso Pai Celestial (1 Pe 1.15-16). Ou:

2. Neste caso p articular, mencionado anteriormente, “ fazei o bem aos que vos odeiam” (veja Lc 6.36).

A perfeição de Deus é mostrada à medida que Ele perdoa as ofensas, recebe os estranhos, e faz o bem aos iníquos e ingratos. A nossa responsabilidade consiste em procurarmos ser perfeitos, assim como E le é perfeito. Nós, que devemos tanto, que devemos tudo o que somos à generosidade divina, devemos imitá-la tão bem quanto pudermos

 “A cada ato de criação, Deus fazia uma pausa e observava o que havia feito. A expressão “E Deus viu que ficou bom” aparece seis vezes no relato a criação. O Gênesis registra que, depois de tudo pronto, “Deus viu tudo o que havia feito e tudo havia ficado ‘muito’ bom” (1.31).

Porque Deus é perfeito, a criação e a criatura, originalmente parecidas com ele, deveriam ser perfeitas. Jesus ordena: “Sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” (Mt 5.48).

Deus é gracioso e misericordioso, mas é também exigente. O Decálogo e o Sermão do Monte comprovam isso. Os animais sacrificados como oferta pelo pecado deveriam ser sem defeito (Lv 22.17-25), assim como o sacerdote (Lv 21.17-24).

A expressão “sem defeito” aparece dezenas de vezes em Levítico, Números e Ezequiel.

Temos um Sumo Sacerdote sem defeito. Ele é santo, puro e separado dos pecadores. Ao contrário de todos os outros, “ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo” (Hb 7.26-27).

A perfeição de Deus deixa o homem admirado e envergonhado. Esse constrangimento pode levá-lo a Cristo, que amou a igreja e entregou-se por ela para “apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável” (Ef 5.25-27).

Embora não alcancem neste corpo e neste mundo a plenitude da perfeição, os crentes devem tê-la como alvo a ser perseguido.” Texto publicado em Devocionais Para Todas as Estações. Editora Ultimato.

 CONCLUSÃO

A lei de fato estabeleceu o padrão da lei de Talião como um princípio para limitar a retribuição ao que era justo (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21).

Seu propósito era assegurar que a punição em casos civis fosse proporcional ao crime. Nunca teve o propósito de sancionar atos de retaliação pessoal. Desse modo, mais uma vez Jesus não fez nenhuma alteração do verdadeiro significado da lei. Ele estava apenas explicando e declarando o verdadeiro sentido da lei. Isso trata apenas de questões de retaliação pessoal, não de agressões criminosas ou atos de ataque militar. Jesus aplicou esse princípio de não retaliação a afrontas contra a dignidade de uma pessoa (v. 39), processos legais para obter bens pessoais, violação de liberdade pessoal (v. 41) e violações de direitos de propriedade (v. 42). Ele requeria total renúncia aos direitos pessoais. Sobretudo, esse estilo de vida proposto por Jesus, deve caracterizar o cristão, aliás, se de fato merecemos o epíteto ‘cristão’, cujo significado da palavra  é “seguidor de Cristo”, isto é, de Jesus (Fonte: Dicionário bíblico de Strong). O termo também é classificado como significando “pequenos cristos”. Ao que dizem, essa palavra foi usada para se referir aos discípulos de Jesus pela primeira vez alguns anos após a Sua ressurreição, em Antioquia da Síria (atual Antáquia, na Turquia). (At 11.26).

O Evangelho nos convida a olhar para novas direções. Abre a possibilidade de rompimentos e novas perspectivas. Aquelas pessoas que ouviram Jesus estavam sendo chamadas a agirem como Deus age.

Chamadas a desenvolverem a bondade, amor e misericórdia que caracteriza Deus. Na medida em que imitassem Deus estariam tornando-se, revelando-se, filhos de Deus: “Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus.” (Mt 5.44-45). Pois, disse Jesus, Deus, o dono do sol e da chuva, agracia a todos com ambos. Chuva e sol para justos e injustos (v.45b). A mensagem de Jesus é um convite para que imitemos Deus e nos tornemos como Ele, dando o melhor de nós a outros, por causa de quem somos agora n’Ele!

A similaridade com Deus não significa e nem é inspiração para o exclusivismo, para a separação. Porque Deus não se isola, ao contrário, se dá amorosamente. A similaridade não é uma negação de nós, mas uma afirmação dele e de Sua presença em nós. Trata-se de uma chamado para que possamos acreditar que é possível ser melhor, por causa dele. Acreditar que podemos ir além e protagonizar o divino em pequenas ações. É um incentivo à virtude. Uma convocação para que sejamos amorosos e bondosos como nosso Pai celeste é! Para ambicionarmos ser como Ele, superando o que seriamos ou temos sido, o que aprendemos e o que experienciamos. Porque Deus nos ama, por causa do que Cristo fez, há novas e incríveis possibilidades. Jesus está nos chamando a crer nisso. Podemos ser melhores, muito melhores do que temos sido. Pode acreditar. E isso tem a ver com amor. O amor muda tudo!

AMEM