29 de novembro de 2012

HABACUQUE A SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES

HABACUQUE A SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES
TEXTO ÁUREO = ‘Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes com tem piar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?(Hc 1.13).
VERDADE PRÁTICA =  A fim de cumprir os seus planos Deus age soberanamente na vida de todas as nações da terra.
HABACUQUE 1: 1-6; 2:1-4
INTRODUÇÃO
Quem era Habacuque? De onde era? Qual a sua genealogia? Em que tempo exerceu o seu ministério profético? Vejamos:  O nome de Habacuque deriva de uma raiz hebraica, que, segundo Jerônimo, significa “segurar”, “abraçar” ou “abraço”. De sua genealogia nada sabemos. Alguns eruditos crêem que era da tribo de Levi e, provavelmente, sacerdote. Exerceu o seu ministério em tempos terríveis, por volta do ano 605 a. C. (O Reino do Norte já não existia há mais de cem anos). Judá, apesar dos avisos de Deus, através dos profetas, continuava em rebeldia, adorando os “deuses” das nações pagas ao redor. A corrupção, a violência e a idolatria grassavam no meio do povo. Em meio a tantas dissoluções, parecia tardar o juízo de Deus sobre a nação apóstata. Porém, Deus não falha em suas promessas, quer para o bem quer para o mal, e o juízo em breve viria. Deus estava levantando os caldeus, para usá-los como um látego, a fim de disciplinar o povo rebelde.
O LIVRO DE HABACUQUE
Autor

O nome “Habacuque” significa “abraço” ou significando que ele foi “abraço por Deus” e, desse modo, fortalecido por ele para sua difícil tarefa, ou “abraçando outros”, dessa maneira encorajando-os nos tempos de crise nacional. A notação musical encontrada em 3.19, pode indicar que Habacuque era qualificado para liderar a adoração no templo como um membro da família levítica. O profeta está imbuído de um senso de justiça, o qual não o deixará ignorar a violenta injustiça existente em volta dele. Ele também aprendeu a necessidade de levar as questões mais importantes sobre a vida para Aquele que criou e redime a vida.

Contexto Histórico

Habacuque viveu durante um dos períodos mais críticos de Judá. Seu país havia caído do auge das reformas de Josias para as profundezas do tratamento violento de seus cidadãos, medidas opressoras contra o necessitado e a ruína do sistema legal. O mundo localizado ao redor de Judá estava em guerra, com a Babilônia levantando-se em ascensão sobre a Assíria e Egito.
A ameaça de invasão do Norte foi adicionado à desordem interna de Judá. Habacuque , provavelmente, tenha escrito durante o intercalo entre a queda de Nínive, em 612 aC e a queda de Jerusalém, em 586 aC.

Conteúdo

O Livro de Hc dá um relato de uma jornada espiritual, contando sobre a trajetória de um homem da duvida à adoração. A diferença entre o início do Livro (1.1-4) e o final do livro (3.17-19) é impressionante.

Nos primeiros quatro versículos, Hc é oprimido por circunstância existente ao redor dele. Ele não consegue pensar em nada além da iniqüidade e da violência que ele vê entre o seu povo. Embora Hc se dirija a Deus (1.2), ele crê que Deus se retirou do cenário da terra: as palavras de Deus foram esquecidas; suas mãos não se manifestam; Deus não pode ser encontra em lugar algum. Os homens estão na direção, e os homens vis, por isso mesmo, também. E eles agem como seria esperado que agissem os homens sem o controle de Deus. Estas palavras e frases descrevem a cena: “iniqüidade... Vexação... Destruição... Violência... Contenda... Litígio... A lei se afrouxa... A sentença nunca sai... O ímpio cerca o justo... Sai o juízo pervertido”.

Quão diferente é a cena nos três últimos versículos do livro (3.17-19)! Tudo mudou. O profeta não é mais controlado, nem ansioso por causa das circunstâncias, pois sua visão foi elevada. Questões temporais não mais ocupam seus pensamentos, mas seus pensamentos estão nas coisas do alto. Ao invés de estar sendo regido por considerações mundanas, Hc fixou sua esperança em Deus, pois ele percebe que Deus tem interesse em suas criaturas.

Ele é a fonte da alegria e força do profeta. Hc descobriu que ele foi feito para algo acima: “E me fará andar sobre as minhas alturas” (3.19). As palavras do último parágrafo contrastam vividamente com aquelas no primeiro: “... Me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor, é a minha força... Pés como os das cervas... Andar sobre as minhas alturas” (3.18,19). Assim, Hc foi da queixa à confiança, da dúvida à confiança, do homem a Deus , dos vales aos montes altos.

Se o centro do evangelho é a mudança e a transformação, o Livro de Hc demonstra essa renovação evangélica. No centro da mudança e no centro do livro, está este nítido credo da fé: “O justo, pela sua fé, viverá (2.4). Para o profeta, a promessa é para proteção física em tempo de grande sublevação. Quando a invasão, que foi predita, pelas forças estrangeiras se tornar uma realidade, aquele remanescente justo cujo Deus é o Senhor, cuja confiança e dependência estão nele, será liberto, e eles viverão. Para os escritores do NT, tais como Pauo e o autor de Hebreus, essa afirmação de fé confiante se torna uma demonstração do poder do evangelho para dar a segurança da salvação eterna.


A QUEIXA DE HABACUQUE = Habacuque 1.1-4
Embora Habacuque seja chamado profeta (nabi), não e um mensageiro no sentido tradicional. A função do profeta era falar com o povo em nome de Deus para proclamar a vontade divina que foi recebida em revelação especial. No caso dele, vemos justamente o inverso: Fala com o Senhor em nome do povo. Mantém um discurso com Deus e o faz de maneira tal que quase chegamos a classificá-lo de cético em vez de profeta. “Este é o começo da especulação em Israel”.
E possível que o que realmente temos aqui seja um vislumbre da vida interior de um profeta; os conflitos secretos antes da proclamação. De certo modo, um tanto quanto diferente, temos a mesma coisa no caso de Oséias, cujos problemas matrimoniais lhe prepararam o coração para a mensagem que tinha de anunciar. Com Habacuque, pode ser a elaboração trabalhosa, na bigorna da vida, de uni ponto teológico fundamental de sua pregação pública. Esta idéia estaria de acordo com a argumentação de Davidson,’ a qual defende que o verdadeiro tema do livro é a destruição dos caldeus narrada no capítulo 2.
Peso (1; “oráculo”, ECA; “sentença”, ARA; “mensagem”, NTLH; “advertência”, NVI) implica revelação. Refere-se muitas vezes a acontecimentos futuros e também é usado com relação ao pronunciamento de destruição (cf. Ob 1).
O PROBLEMA DO PROFETA, 1.2-4
É precisamente no ponto de identificar a ocasião da queixa que surge a maior diversidade de interpretações. Há pelo menos cinco opiniões nitidamente diferentes, cada qual com uma defesa elaborada de sua posição. A interpretação que requer mais malabarismo do texto é a que identifica o ímpio (4) com os próprios caldeus. Porém, o estabelecimento da veracidade da leitura do versículo 6 no tempo futuro, sensatamente elimina esta identificação. O candidato mais provável, ainda que com pouca probabilidade, é o Egito. Se a profecia for colocada durante o primeiro reinado de Jeoaquim, há boas razões para o Egito ser o objeto da queixa de Habacuque. O referido rei de Judá era vassalo do Egito durante o reinado de Faraó-Neco, que há pouco matara Josias e estabelecera posição segura na Asia a leste da Palestina.
A RESPOSTA DE DEUS = Habacuque 1.5-11
A OBRA DE DEUS, 1.5. A resposta de Deus para Habacuque é esta certeza consoladora: Eu estou emepenhado. A frase vede entre as nações mostra o lugar onde o Senhor trabalha. A mesma palavra é traduzida no versículo 13 por “os que procedem aleivosamente”. Diversos expositores sugerem que o versículo 5 deveria ter a leitura: “Vede, incrédulos” (i.e., judeus incrédulos; 1 cf. At 13.41: “Olhem, escarnecedores”, onde a NVI segue a LXX).
No original hebraico, o aviso: maravilhai-vos, e admirai-vos contém duas formas do mesmo verbo. Taylor sugere a seguinte reprodução: “Estremecei e ficai horrorizados”.
O profeta declara: Vós não crereis no que Deus fará. Era inacreditável que a colossal estátua de ferro da Assíria tivesse pés de barro e logo estatelaria no chão.4 Ou, talvez fosse incrível aos judeus que Deus lhes entregasse nas mãos uma nação estrangeira — que tinha o Templo, os sacrificios e a cidade de Davi.
A frase em vossos dias limita a profecia à vida das pessoas a quem o profeta se dirigia, se quisermos manter a integridade do livro.
O INSTRUMENTO DA OBRA DE DEUS, 1.6-11
O vocábulo caldeus (6) é derivado da palavra hebraica hasdim, que é o termo babilônico e assírio kaldu mencionado nas inscrições assírias de cerca de 880 a.C. Os kaldu habitavam na região mais baixa da Babilônia. Em 721 a.C., Merodaque-Baladã tornou-se rei e reinou por 12 anos (Is 39.1). De acordo com as inscrições, foi chamado rei da terra dos kaldu. Sob o reinado de Nabopolassar e Nabucodonosor, os kaldu tornaram-se a classe governante na Babilônia. A princípio, há indícios de que Nabopolassar foi vice-rei da Babilônia durante o reinado de Assurbanipal da Assíria e seu sucessor. Durante uma insurreição de povos vassalos do sul, provavelmente em 612 ou 611 a.C., juntou forças com os rebeldes e declarou independência da Assíria.
Pela época da data tradicional de Habacuque, já fazia 20 anos que Nabopolassar estava no trono e era bem conhecido em Judá. Esta data limita a significação profética da primeira visão. No esforço de explicar isto, Driver sustenta que a palavra suscito significa: “Estou suscitando para estabelecer e confirmar”, para dizer que a Babilônia ainda não estava em posição de desafiar o domínio da Assíria.
Em seguida, Habacuque passa a fazer uma descrição dos invasores caldeus.
1. Seu Caráter (1.6). Os caldeus eram nação amarga e apressada, “uma nação selvagem e ameaçadora dominada por impulsos violentos, que sem pensar cometiam ações terríveis”.5
2. Sua Arrogância (1.7). A declaração: Dela mesma sairá o seu juízo e a sua grandeza, é mais bem traduzida por “criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade” (ARA). Os caldeus tornaram-se “lei para si mesmos” (cf. NTLH), ao presumirem superioridade política. Juízo é mishpat, que ocorre no versículo 4 (ver comentários ali); aqui indica direito legal e moral. O direito internacional não era um conceito para tais tribos bárbaras, nem havia a idéia de lei natural que estipulasse os cânones universais da justiça. O poder era o que determinavam, e os padrões de justiça eram erigidos em sua supremacia militar.
3. Sua Tática (1.8). Os leopardos estão entre os animais mais velozes de todos e que ficam à espreita de suas presas, sobre as quais pulam inesperadamente. Os lobos à tarde são mencionados duas vezes nas Escrituras (cf. Sf3.3). Eram símbolos de ferocidade “por causa das súbitas destruições que, na avidez da fome, cometiam nos rebanhos naquela hora do dia”. Os seus cavaleiros espalham-se por toda parte tem esta interpretação: “As suas tropas de cavalos marcham orgulhosamente” (BV).
As águias referem-se aos abutres, não aos urubus que se alimentam de carne putrefata; trata-se do abutre que, em vôos ou de pontos altos, vasculha o território em busca de presas vivas.
4. Suas Conquistas (1.9). Este é um dos versículos mais difíceis do livro. A primeira frase está devidamente inteligível, mas a seguinte é dúbia, e deixa o texto ambíguo. Esta tradução: “O terror deles vai adiante deles” (RSV), é reconhecidamente uma emenda do texto. Certos comentaristas dão o significado de que a conquista do território é tão veloz e ávida que parece que o engolem. Esta interpretação apóia-se na palavra hebraica traduzida por buscará. Está relacionada a um verbo que em Gênesis 24.17 é traduzido por: “Deixa-me beber”, ou literalmente, “obriga alguém a engolir eles”. Como o vento oriental, cujo poder de secar é tão eficaz que parece beber a umidade, “sorvem” suas vítimas.
A interpretação mais consistente diz que esta passagem refere-se às conquistas, que se assemelhavam ao forte vento oriental que irredutivelmente avançava.
5. Sua Invencibilidade (1.10). Não há poder que resista à vitória arrasadora dos caldeus. Eles marcharão com menosprezo sobre todos que ousarem resistir. Amontoando terra diz respeito à tática militar de fazer montículos até à altura do muro dos defensores. Assim, os guerreiros atacantes estavam em nível com os defensores e anulavam a proteção dos muros.
6. Sua Exaltação (1.11). A primeira frase é excessivamente difícil.7 Pelo visto, há três etapas na auto-exaltação dos caldeus: 1) Estavam tão cheios de orgulho por terem tomado as fortalezas que mudaram de direção e passaram para novas conquistas, talvez para Judá. 2) E se farão culpados é tradução apoiada por Lehrman. 3) O terceiro passo é fortalecer o seu deus. Este é o consenso, em oposição a atribuindo este poder ao seu deus. Em todo caso, significa que, ao divinizar seu próprio poder, se tornaram culpados de negar a Deus.
A QUESTÃO DA ESPERA
Deus demorou para responder a Habacuque? Talvez sim, talvez não, O profeta não registra quanto tempo se passou entre sua réplica e a tréplica divina. No entanto, a maior parte dos comentaristas concorda que o texto sagrado parece sugerir que o Senhor, de alguma forma, demorou a responder o profeta.
A resposta pode ter durado horas ou mesmo dias para chegar. Daniel chegou a esperar 21 dias (Dn 10.12-13) e Jeremias, dez (Jr 42.7). Nada impede que Habacuque tenha esperado um bom tempo também. Até porque a resposta ao primeiro enigma não teve essa observação do profeta a respeito da espera, que aponta para um intervalo. A primeira resposta parece ter-lhe vindo rapidamente. Tudo indica, portanto, um período de espera significativo entre o segundo enigma e sua decifração, pelo menos um tempo um pouco maior do que o que lhe pareceria normal.
A lição que tiramos dessa atitude do profeta-filósofo é tremendamente rica. Esse trecho do diário de Habacuque ensina que só haverá resposta se houver espera. Ou, colocando de outra forma, só há auxílio para o vigilante.
UMA QUESTÃO A ESCLARECER: “O QUE EU RESPONDEREI”
Antes de passarmos para o próximo capítulo, é importante atentarmos para um trecho deste versículo que tem sido um tanto mal compreendida.
Há alguns intérpretes que questionam o pronome pessoal da frase que encerra o versículo em foco. O final desse texto diz: “...para ver o que fala comigo, e o que eu responderei, quando eu for argüido”. É justamente na expressão “e o que eu responderei” que está a questão. O texto hebraico, a Septuaginta e outras versões trazem “o que eu responderei”, porém há versões que preferem “o que ele responderá”, o que significa que o texto estaria, na verdade, referindo-se a Deus.
A VISÃO PERMANENTE, 2.2,3
O Senhor respondeu sem reprovar Habacuque por sua queixa. A resposta veio-lhe na forma de visão (2), ou seja, uma profecia ou revelação. Tinha de ser escrita em tabletes, não em tábuas — primeiro, para que todos pudessem ler; e segundo, porque era para o futuro. Os tabletes eram de barro cozido, e tinham grande qualidade duradoura. Já houve quem sugerisse que o uso habitual de tais tabletes era para notificações públicas (cf. Is 8.1).
A RESPOSTA DIVINA, 2.4
Este versículo é o clímax do livro, pois nele temos a apogeu da procura do profeta. Infelizmente, o texto está bastante mutilado.
Eis que a sua alma se incha, não é reta nele. Há leituras alternativas, ambas adotadas pela maioria das traduções, para dar esta versão literal: “Eis que está inchada; não é reta sua alma nele”. O comentário Ain Feshka apóia “inchada” em lugar de “não endireitada”. Mudando uma letra na palavra hebraica para a segunda leitura, temos esta tradução muito boa: “Aquele, cuja alma não é reta nele, fracassará” (RSV).

O JUSTO VIVERÁ PELA SUA FÉ  = 01 = (2.4)
Imagine que está escalando uma montanha íngreme e, de repente, devido a um movimento brusco ou à falha de algum equipamento específico, você se encontra em uma situação de perigo onde a única saída para não cair e despedaçar-se lá embaixo é livrar-se de boa parte de sua bagagem. Nesse momento, não importa o quão valioso seja tudo o que você leva: é preciso estabelecer rapidamente uma escala de valores para se desfazer do que não é tão importante assim (se é que situações como essas nos permitem termos tempo suficiente para fazermos escolhas acertadas).
Apegarmo-nos a tudo, insistirmos em tentar escapar sem nos livrar dos excessos, é fatal. Escolhermos erradamente também, porque, ainda que escapemos desta agora, o imprescindível, que foi jogado fora, nos faltará mais adiante. Ou seja, o desastre estará apenas sendo adiado momentaneamente. Escolhas erradas podem não ter efeito imediato, mas sempre serão fatais. A curto ou longo prazo, nossas decisões afetarão nossas vidas, e às vezes radicalmente.
A Bíblia estabelece o que é prioritário nas nossas vidas. Ela diz que, na nossa trajetória na Terra, há coisas que não são tão importantes e que, justamente por isso, se nos apegarmos a elas, seremos destruídos. Não que devam ser depreciadas; simplesmente não devem tomar o primeiro plano em nossos corações. São coisas que, inclusive, não precisaremos levar para a eternidade (Mt 6.19-34 e 16.26; Lc 12.15-21). “Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma, a vida eterna?”
O CARÁTER É A ÚNICA COISA QUE PERMANECE
“O justo viverá”. O justo! Posto que a fé bíblica (que é uma virtude) é o que fará com que o justo viva e se sagre vencedor no final de tudo (51 1.4-6), aprendemos também, através do texto de Habacuque 2.4, que o caráter é o que prevalecerá.
A afirmação do versículo é que a soberba e a integridade têm suas respectivas recompensas. A primeira terá a destruição; a segunda, a segurança. Em outras palavras, Deus diz ao profeta que a única coisa que permanece em meio ao caos, ao mundo injusto, às calamidades, é o caráter. Nas palavras de um comentarista, “o próprio profeta finalmente percebeu que o único elemento duradouro em um mundo instável e iníquo é o caráter. A tirania, a ganância e o orgulho estão todos condenados; apenas a integridade continua”.
A FÉ É DE SUPREMA IMPORTÂNCIA
A quarta lição de Habacuque 2.4 é que a fé é de suprema importância para a vida. Afinal de contas, somos salvos por meio dela (Ef 2.8), sem ela é impossível agradar a Deus e sermos abençoados (Hb 11.6), e devemos tomar o escudo da fé para resistirmos aos ataques espirituais do Maligno (Ef 6. 16) e viver pela fé (Rm 1.17).
Sem a fé bíblica, é impossível viver. Porque a rejeita, o soberbo perecerá. O justo porque a recebe, viverá. Vivera em Habacuque 2.4 e (1) desfrutar do favor de Deus e(2) não ser consumido pelo juízo divino. Quanto ao primeiro aspecto, “sem dúvida, nesta profecia se encontra presente a idéia de sobrevivência.
A FÉ É A COISA MAIS REVOLUCIONÁRIA DO MUNDO
E O QUE NOS FAZ VENCER AS PRESSÓES DO CAOS
Por fim, esse versículo de Habacuque nos mostra que a fé verdadeira é o que sustém o crente apesar da mais intensa provação e o faz vencedor. Trocando em miúdos, o que temos diante de nós é uma declaração cimentada de que a fé bíblica é a coisa mais revolucionária do mundo.
Não há nada mais revolucionário no cosmos do que a fé em Deus. Somente ela é capaz de mudar radicalmente a vida das pessoas ao ponto de fazê-las suportar a mais hostil fornalha e sair dela intactas. Uma caricatura dessa fé nos fará perecer já na primeira tempestade. A verdadeira fé nos tornará casas edificadas sobre a Rocha.
Infelizmente, hoje muitos estão pregando uma fé barata, que não revoluciona, que não marca, que não faz diferença na vida de ninguém. Algo que se assemelha a qualquer religião humana.
A VERDADEIRA DERROTA
A conexão da passagem de Habacuque com o ensino neotestamentário é forte. Tanto para a tradição judaica quanto para a cristã, o contexto profético de Habacuque 2.3,4 é importante. “A visão outorgada por Deus é expressamente confirmada. E conservada para o tempo do fim, e não deixará de surgir. O ‘arrogante’ é expressamente condenado pela Palavra de Deus; a vida, no entanto, é prometida ao ‘justo’, tendo em vista a sua fidelidade. (...) Aqui, ‘fidelidade’ e ‘fé’ ficam bem perto uma da outra. (...) A idéia é a de se firmar sem hesitação na Palavra de Deus, a despeito5de todas as aparências em contrário”.
Nitidamente, a fé é destacada constantemente tanto no Antigo como no Novo Testamentos. Isso porque, pela fé, só pela fé, seremos vencedores na vida e na morte. Por isso o apóstolo Paulo foi enfático ao escrever a Timóteo: “Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas a boa mílicia; conservando a fe e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé” (1 Tm 1.18,19). Antes de morrer, ao se despedir, declarou: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4.7).

Escreveu Bonhoeffer, que não esmoreceu na fé mesmo sendo levado à morte por Hitler por causa de suas convicções bíblicas que obviamente se chocavam com os ideais do governo alemão: “Ao destroçar a fé bíblica em Deus e todos os mandamentos e ordenanças divinas, o ser humano se destrói a si mesmo”. Em outras palavras, a verdadeira derrota do homem está em abandonar a fé em Deus, não importa o que tenha conquistado aqui na Terra. Ser vencido pelo mundo é o verdadeiro fracasso.
A vitória, segundo as Escrituras, está em guardar a fé e viver por ela. Habacuque 2.4 fala justamente disso. Ele é o texto áureo do livro, e a sua grande mensagem é que somente uma coisa faz com que escapemos do naufrágio; só uma coisa vence o caos, a confusão, a loucura, a tentação, o escuro, o vazio, o tudo e o nada; só uma coisa nos faz sobreviver a tudo isso, a todas as pressões do mundo: a fé.
Somente a verdadeira fé faz com que encaremos até mesmo a morte de cabeça erguida, como Bonhoeffer, e não por mera altivez, mas porque até a morte, sob a perspectiva dessa fé, faz sentido, torna- nos vitoriosos mesmo quando morremos. Nas palavras de Paulo, em Cristo “o viver é ganho e o morrer é lucro.”
Como escreveu João, “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (l Jo 5.4).
Você quer vencer também? Viva por essa fé bíblica e genuína.
A FÉ É UMA VIRTUDE
O termo ‘emi2nâ, traduzido nesta passagem como “fé”, significa “firmeza”, “fidelidade”. Ela é comumente traduzida aqui como fé devido ao uso que Paulo faz do termo em Romanos 1.17 e Gálatas 3.11.
Existem pelo meios dez categorias distintas nas quais o vocábulo é usado nas Escrituras. Em sua primeira ocorrência, na passagem de Êxodo 17.12, ele expressa o sentido básico de “mãos firmes”. A partir desse uso mais genérico, a Bíblia quase sempre passa a empregar o termo em relação a Deus ou àqueles que se relacionam com Ele.
É comum ver o termo sendo usado em referência direta ao próprio Deus (Dt 32.4). A palavra é utilizada também quando se fala dos Seus atributos (lSm 26.23; SI 36.5-6; 40.10-11; Lm 3.23), das Suas obras (Si 33.4) e das Suas palavras (Si 119.86). O vocábulo ainda é usado em alusão aos que têm suas vidas estabelecidas por Deus, que, por sua vez, espera fidelidade da parte deles (Pv 12.22; 2Cr 19.9).
A FÉ QUE NÃO TEM DEUS COMO REFERÊNCIA NÃO É A VERDADEIRA FÉ
O texto de Habacuque diz que o justo viverá pela sua fé. Essa declaração tem sido muito distorcida ultimamente pelos adeptos da confissão positiva, que ensinam uma espécie de culto à fé. Para os diletantes dessa doutrina, a fé é tudo.
Porém, a Palavra de Deus nunca nos instruiu dizendo que a fé, em si mesma, é suficiente. A fé vitoriosa, a fé virtude, a fé bíblica, sempre é apresentada como estando atrelada a Deus. Ela só tem relevância por estar apoiada e abalizada em Deus.
Fé na fé é antibíblico. “Tendes fé em Deus”, ensinou Jesus a seus discípulos (Mc 11.22). A Bíblia fala que quem vive pela fé é o justo, e o justo nas Escrituras é aquele que foi justificado por Deus e que vive segundo a vontade divina (Rm 4.1-22). Logo, sua fé não é baseada em uma presunção pessoal, mas no próprio Deus. Isso fica ainda mais claro no texto de Habacuque 2.4, já que, como vimos, a palavra traduzida por “fé” na passagem bíblica é, no original, “fidelidade”. Assim, sua melhor tradução seria “O justo viverá pela sua fidelidade”. Como só se pode ser fiel a alguém ou a alguma coisa, fica evidente que o texto se refere a ser fiel a Deus.
É bem verdade que se pode dizer que também existe a fidelidade para consigo mesmo, mas obviamente o texto não alude a tal fidelidade. Ela é uma declaração de Deus ao profeta sobre a vida e o destino do justo, de quem Ele espera fidelidade. Pois, como é dito noutra passagem, como uma continuação do texto de Habacuque, “se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele”, diz Deus (Hb 10.38). Corroborando isso, o escritor aos Hebreus assevera mais adiante que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6).
CONCLUSÃO
O capítulo 3 é uma rememoração dos grandes feitos de Jeová em defesa do seu povo. Se no passado o Senhor foi a salvação do seu povo, não deixará de ser também no presente;pois “nele não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17). Veja Ml 3.6.
1. O cântico de Habacuque (Hc 3.2). Habacuque inicia o seu cântico épico, exclamando: “Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (3.2).
Ele sabia que Deus iria derramar o cálice da ira sobre o seu povo rebelde e idólatra, usando os ímpios caldeus como um látego de disciplina. Ele mesmo havia interpelado Jeová a respeito do Seu silêncio, diante da iniqüidade, da idolatria e da violência que grassavam em Judá. A enormidade dos pecados de Judá, havia ultrapassado os limites da paciência do profeta, e ele esperava de
Deus deu uma resposta a altura. O castigo viria. Deus já havia respondido dizendo: “Se tardar, espera-o; porque certamente virá, não tardará”. Porém, Jeová faz diferença entre os caldeus e o seu povo. Quanto aos caldeus Ele afirma: “Eis que a sua alma se incha, não é reta nele” e conclui, referindo-se aos que nele confiam “mas o justo pela sua fé viverá”(Hc 2.4). No original hebraico, a palavra usada é ‘emunâh que significa fidelidade, e expressa total confiança do justo em Deus.
2. Habacuque confia e se regozija em Deus (3.16-19). Apesar da ameaça da iminente invasão babilônia, que destruiria totalmente a nação judaica, reduzindo a escombros a cidade, e à ruína os campos, os animais e as plantações, o profeta confia no Senhor, e nessa fé descansa e exulta no Deus da sua salvação.
Infunde-nos respeito a confiança do profeta, e incita-nos à fé inabalável nas promessas e misericórdias do Senhor. Ainda que tudo seja adverso, cantemos com o profeta da fé: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas; todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor, é a minha força” (Hc 3.17-19).

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
BIBLIOGRAFIA
Lições bíblicas CPAD 1993
Comentário Bíblico Beacon
CPAD - Comentário Bíblico Habacuque – Silas Daniel

20 de novembro de 2012

NAUM O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA


NAUM O LIMITE DA TOLERÂNCIA DIVINA

TEXTO ÁUREO = “Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez” (Gn 18.32).
VERDADE PRÁTICA = No tempo estabelecido por Deus, cada nação, e cada indivíduo em particular, passará pelo crivo da justiça divina.

LEITURA BIBLICA = Naum 1: 1-3,9-14

INTRODUÇÃO

O profeta Naum tem em sua profecia uma unidade de propósito notável. Seu objetivo foi o de inspirar os compatriotas judeus a confiarem em Deus, ainda que fosse alarmante o quadro em que viviam e a situação estivesse favorável aos ataques dos poderosos assírios, que já àquela altura subjugavam as dez tribos de Israel. Contudo fracassariam em seus ataques a Jerusalém, e sua própria capital, Ninive, sei-ia tomada e destruída, por causa das iniqüidades e crueldades deles, sua destruição já estava decretada por Jeová. O vaticínio de Naum contra Nínive cumpriu-se cabalmente cerca do ano 612 a. C.

O LIVRO DE NAUM

AUTOR

Naum, cujo nome significa “confortador” ou “cheio de conforto”, é desconhecido, a não ser pelo breve título que inicia sua profecia. Sua identificação como um “elcosita” não ajuda muito, visto que a localização de Elcose é incerta. Carfanaum, uma cidade da Galiléia, tão proeminente no ministério de Jesus, significa “Aldeia de Naum”, e alguns têm especulado mas, sem prova concreta, que seu nome deriva do profeta. Ele profetizou a Judá durante os reinados de Manassés, Amom e Josias. Seus contemporâneos foram Sofonias, Habacuque e Jeremias.

DATA

Em Na 3.8-10, o profeta narra o destino da cidade egípcia de Tebes, que foi destruída em 663 aC. A queda de Nínive, ao redor da qual todo o livro gira, aconteceu em 612 aC. A profecia de Naum deve ser datada entre esses dois acontecimento, visto que ele olha para trás para um e à frente para outro. É mais provável que sua mensagem tenha sido entregue pouco antes da destruição de Nínive, talvez quando os inimigos da Assíria estavam colocando suas forças em ordem de batalha para o ataque final.

CONTEXTO HISTÓRICO

O reino dos assírios, havia sido uma nação próspera durante séculos, quando o profeta Naum entrou em cena.
Seu território, se mudou com o passar dos anos por causa das conquistas e derrotas dos seus governantes, localiza-se ao norte da Babilônia, entre e além dos rios Tigre e Eufrates. Documentos antigos atestam a crueldade dos assírios contra outras nações. Os reis assírios vangloriam-se de sua brutalidade, celebrando o abuso e a tortura que eles impuseram sobre os povos conquistados.

A queda do império Assírio, cujo clímax foi a destruição da cidade de Nínive, em 612 aC, é o assunto da profecia de Naum. O juízo que cai sobre o grande opressor do mundo é o único motivo para o pronunciamento de Naum. Conseqüêntemente, o profeta é judicial em seu estilo, incorporando antigos “oráculos de julgamento”. A linguagem é poética, vigorosa e figurada, sublinhando a intensidade do tema com o qual Naum luta.
CONTEÚDO
O livro de Naum focaliza-se num único interesse: a queda da cidade de Nínive. Três seções principais, correspondentes aos três capítulos, abrangem a profecia. A primeira descreve o grande poder de Deus e como aquele poder opera na forma de proteção pra o justo, mas de julgamento para o ímpio. Embora Deus nunca seja rápido em julgar, sua paciência não pode ser admitida sempre. Toda a Terra está sob o seu controle; e, quando ele aparece em poder, até mesmo a natureza treme diante dele (1.1-8). 

Na sua condição de miséria e aflição (1.12), Judá podia facilmente duvidar da bondade de Deus e até mesmo questionar os inimigos de seu povo (1.13-15) e remover a ameaça de uma nova angústia (1.9). A predição do juízo sobre Nínive forma uma mensagem de consolação para Judá (1.15)

A segunda seção principal, descreve a ida da destruição para Nínive (2.1-3). Tentativas de defender a cidade contra seus atacantes serão em vão, porque o Senhor já decretou a queda de Nínive e a ascensão de Judá (2.1-7). As portas do rio se abrirão, inundando a cidade e varrendo todos os poderosos, e o palácio se derreterá (2.6). O povo de Nínive será levado cativo (2.7); outros fugirão com terror (2.8). Os tesouros preciosos serão saqueados (2.9); toda a força e autoconfiança se consumirão (2.10). O covil do leão poderoso será desolado, porque “Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos” (2.11-13).

O terceiro capítulo forma a seção final do livro. O julgamento de Deus parece excessivamente cruel, mas ele é justificado em sua condenação. Nínive era uma “cidade ensangüentada” (3.1), uma cidade culpada por espalhar o sangue inocente de outras pessoas. Ele era uma cidade conhecida pela mentira, falsidade rapina e devassidão (3.1,4). Tal vício era uma ofensa a Deus; portanto, seu veredicto de julgamento era inevitável (3.2-3, 5-7). Semelhante a Nô-Amom, uma cidade egípcia que sofreu queda, apesar de numerosos aliados e fortes defesas. Nínive não pode escapar do julgamento divino (3.14-15). Tropas se espalharão, os líderes sucumbirão e o povo se derramará pelos montes (3.16-18). O julgamento de Deus sobreveio, e os povos que a Assíria fez outrora vítimas tão impiedosamente baatem palmas e celebram em resposta às boas-novas (3.19).

O GOVERNO DE DEUS = Naum 1.1-6

É extremamente provável que esta declaração introdutória tenha sido acrescentada por um editor com a finalidade de identificar a obra. Está composta de duas partes: a primeira apresenta o propósito da mensagem, e a segunda determina o autor. Há quem afirme que a parte dois foi declarada especificamente com o fim de catalogar o livro entre os rolos do Templo. Ele era indubitavelmente usado na adoração do Templo tempos mais tarde, e também lá pelo ano de 612 a.C. Mas o livro não era primariamente uma produção litúrgica como muitos têm defendido com veemência.

Certo ponto de vista declara que a porção básica do escrito (1.9—2.13) era uma mensagem ou debate público, no qual o profeta argumentava com pessoas de opiniões divergentes sobre os acontecimentos graves e significativos da época.2 Se esta opinião estiver correta, abre a probabilidade de esta profecia ter sido entregue em Jerusalém.

Peso (1; “oráculo”, ECA; “sentença”, ARA; “mensagem”, NTLH; “advertência”, NVI) é termo técnico que denota a mensagem de um sacerdote-profeta em nome de um deus. Significa literalmente “o levantamento” da voz. E lógico que o oráculo era sobre Nínive e não para Nínive, capital do Império Assírio. Por quase dois séculos, este poder tirânico fora a grande força política e militar no mundo conhecido dos hebreus. Foi sob o reinado de Sargão II que, em 722 a.C., Israel (o Reino do Norte) foi extinto. Mais tarde, sob o reinado de Senaqueribe, Judá ficou, por tolice de Acaz, sujeito ao domínio da Assíria e começou a pagar anualmente pesados tributos. Assurbanipal foi o último grande rei do império, e reis menos importantes ocuparam o trono na época da profecia de Naum. Mas Judá ainda estava sob o domínio do vasto império. A capital Nínive, sede do governo assírio, situava-se junto ao rio Tigre.

O segundo título (lb) é único na literatura, visto que o habitual era ter apenas um. Também é único no uso da palavra livro. Visão é termo técnico e denota que a fonte da inspiração profética era o discernimento divino. Naum, que significa “o consolador”, é muito apropriado à mensagem quando corretamente entendido, pois certos intérpretes pensam tratar-se de adição fictícia, mas há escassa base que apóie esta suposição.

A maioria dos estudiosos encontra provas de um poema acróstico que começa no versículo 2 e usa a primeira metade do alfabeto hebraico. Trata-se de forma literária que de modo nenhum compromete o conteúdo da mensagem. Há muita discordância sobre este ponto, pois o acróstico está incompleto. Por esta causa, muitos dos que desejam defender esta teoria do poema são obrigados a considerar que o próprio texto está excessivamente adulterado. Semelhantemente, há discordância considerável quanto à extensão desta construção em particular.
O rabino Lehrman afirma: “Os esforços em prover as letras que faltam não justificam as muitas correções propostas”.

O PODER DE DEUS, 1.3b-6

O homem sempre teve muito medo das forças da Natureza. É natural associar o poder da deidade com a manifestação da grandiosidade do poder de Deus. Era de se esperar que a humanidade obscurecida pelo pecado exaltasse a força da Natureza à estatura de deuses e fizesse cultos e sacrifícios de conciliação. Esta passagem não afirma que Deus faz parte da Natureza (no sentido de ser uma de suas deidades). O profeta mostra que o Todo-poderoso é o dominador das forças e entidades da ordem natural. Ele é o Senhor dos mares, dos rios, das montanhas e das pessoas. Há dois movimentos que simbolizam o poder de Jeová: o furacão no mar e o simum4 na terra.

A parte “a” do versículo 4 refere-se possivelmente ao recuo do mar Vermelho e à divisão do rio Jordão. E esta a interpretação mais natural e adotada por Adam Clarke. Basã, Carmelo e Líbano (4) são algumas das regiões mais férteis da Palestina, as últimas a serem afetadas pela seca. Os versículos 5 e 6 descrevem a ira de Deus na linguagem de terremoto, vulcão e tempestade violenta e devastadora.

A QUEDA DE NÍNIVE, 2.1,343

1. A Destruição (2.1,3-9)

Na descrição da batalha iminente, a mensagem de Naum sobe a um crescendo trovejante como o som de uma grande orquestra. Ainda que seja um acontecimento esperado, a cena é pintada com cores assombrosas e detalhes sangrentos. Até que ponto isto é exato? E lógico que era o quadro típico de guerra daqueles tempos em que predominavam carros e soldados a pé. Quanto à descrição real da queda da cidade, há pouco registro na literatura contemporânea. O Tablete Babilônico, descoberto por C. J. Gadd, do Museu Britânico, é a fonte de informação de maior autoridade. Fixa a data da destruição de Nínive em 612 a.C., e relata a queda de outras fortalezas assírias.

Infelizmente, só duas linhas do texto no Tablete Babilônico são dedicadas à vitória em Nínive, e estas estão em grande parte mutiladas. O cerco durou do começo de junho até agosto, aproximadamente dois meses e meio. 6 Não há registro na crônica que comprove ou conteste as histórias relacionadas com a derrota da cidade, e Gadd sugere que nada há de improvável sobre estas narrativas.

A história relata que a captura da cidade foi possível, porque uma grande tempestade de chuva e trovão fez o rio inundar e devastar grande porção dos muros (cf. 1.8). A ocasião da invasão está em perfeita harmonia com tal ocorrência. 

As chuvas mais pesadas no distrito do Tigre ocorrem geralmente em março e, junto com o degelo da neve armênia, fazem com que o rio atinja seu maior volume em abril e maio. “A verdade indubitável é que Ciaxares se aproveitou da devastação causada pelo rio Tigre, anormalmente alto na primavera precedente, para desencadear seu ataque no único lugar dos muros em que o desastre da natureza os tornara vulneráveis”.
Veremos, contudo, que o rio Tigre não foi o instrumento de vitória e que a inundação não foi acidental (cf. mais adiante).

Naum não fez um relato cronológico do cerco, mas narra “impressões” pré-invasão, como sugere G. A. Smith.8 Existem três destas impressões: 2.Sss; 3.2ss e 3.l2ss.

a) Insultos aos sitiados (2.1). As vezes, a palavra hebraica traduzida por destruidor é associada com o termo que significa “martelo”. E óbvio que Naum tem em mente Ciaxares que liderara sem sucesso o cerco anterior contra Nínive (ver Introdução). Nesta ocasião antevista, os medos, sob o comando deste rei, uniram forças com os babilônios e sitiaram a cidade. O cerco durou três meses, o que resultou praticamente no fim do Império Assírio. “O sitiador do mundo é, afinal, sitiado; toda crueldade que infligira nos homens agora se volta para ele”.
Com fé numa conquista bem-sucedida, Naum convoca com ironia os ninivitas, a fim de se prepararem para o ataque, ao usar uma forma do verbo que expressa sua força com ênfase máxima: “O destruidor sobe contra ti, ó Nínive! Guarda a fortaleza, vigia o caminho, fortalece os lombos, reúne todas as tuas forças!” (ARA). Ver a análise de 2.2 com relação a 1.15.

b) Descrição do invasor (2.3). A profecia descreve os invasores em ordem de batalha primorosa, trajados com roupas escarlates, como era a prática. Os escudos eram revestidos de peles tingidas de vermelho. Segundo descrição de Heródoto, parte do exército de Xerxes usava roupas laboriosamente coloridas; alguns soldados “pintavam o corpo, a metade com giz e a metade com cinabre”. 

Nesta subdivisão e na seguinte, o texto é um tanto quanto difícil, e gera inúmeras variações nas traduções. A referência a fogo de tochas é ambígua. A sugestão mais provável é que a descrição se refira a “as chapas de metal polido com que os carros eram montados ou encouraçados, e ao brilho das armas dependuradas neles”. Estas superficies polidas cintilavam como tochas ao sol,

As lanças se sacudirão terrivelmente. A palavra lanças no original hebraico é, mais literalmente, traduzida por “ciprestes”, numa alusão ao cabo das lanças que eram feitas de madeira de cipreste. Porém, “autores clássicos antigos se referem a lanças como abetos [ou pinheiros; cf. NVI]’ e ‘freixos”.

A interpretação que recebe maior apoio está baseada na Septuaginta, que traduz a palavra “cipreste” por “cavalos de guerra” ou “cavaleiros” (cf. NVI, nota). Neste caso, a referência seria ao sinal de ataque da cavalaria. De acordo com um radical árabe, a frase se sacudirão terrivelmente é traduzida por “reunirão as tropas em ordem de batalha”, ou, se for deixada como está, refere-se aos cavalos que tremem de inquietação. Por conseguinte, “os escudos dos seus heróis são carmesíns, os soldados estão vestidos de escarlata, seus carros armados cintilam como fogo e seus cavalos se empinam no ajuntamento das tropas” (Moffatt).

c) O ataque pela periferia da cidade (2.4). Primeiro, examinemos a tradução pitoresca e adequada desta cena feita por Moffatt;
Os carros de batalha cortam pelos campos abertos                                                                                E galopam pelos espaços amplos,                                                                                                                                             Percorrendo velozmente como tochas,                                                                                                     Correndo bruscamente como raios.

Níníve situava-se ao longo da margem oriental do Tigre, no ponto em que este rio recebe as águas do Khoser, o qual atravessava a cidade de um extremo ao outro (ver diagrama). Montes baixos descem desde o extremo norte da fortaleza, contornam os muros leste e sul e voltam-se para o rio ao sul da cidade. No leste, há uma planície grande e plana de uns quatro quilômetros por dois e meio. Os muros externos da cidade tinham uma circunferência de 12 quilômetros e, segundo estimativas, poderiam acomodar de 175.000 a 300.000 habitantes. Em tomo dos muros, exceto no lado ocidental, afastado uns 18 metros, existiam fossos de cerca de 45 metros de largura. As águas do Khoser enchiam os fossos que estavam ao sul do rio, ao passo que os canais que estavam ao norte do rio eram abastecidos de água por um duto que saía da cidade no lado norte.

A água dessas represas era controlada por diques e comportas. Depois do canal no lado oriental, havia dois baluartes: um ao norte e o outro ao sul do rio Khoser. O que ficava no sul tinha a forma de segmento de círculo e era composto de duas linhas de fortificação. Em frente existia uma terceira linha de fortificação, a qual era fechada no sul por uma grande fortaleza.
Os medos vieram do leste e do norte, a fim de evitar as fortalezas; capturaram outras fortificações que Naum predissera que cairiam nas mãos deles como “figos maduros” (3.12, NVI). E a opinião de autoridades militares que atacaram a cidade pelo lado nordeste, onde a altura do chão os colocaria em nível com o muro. Neste ponto, poderiam controlar o sistema de abastecimento de água que alimentava a maioria dos fossos. Ademais, ao atacar no lado nordeste, o flanco dos sitiadores estaria protegido pelos desfiladeiros do rio Khoser.


d) O ataque aos muros (2.5). Depois que os bairros residenciais caíram, as riquezas (as melhores unidades militares; as “tropas de elite”, NVI) foram convocadas para o ataque. E ponto de debate ente os estudiosos se este versículo se aplica aos atacantes ou aos defensores. Afigura-se mais provável aos atacantes, como optam certas traduções (cf. ECA; NTLH; RC). Entender que o versículo 5 é uma descrição dos defensores torna ambíguo seu significado.

e) A cidade cai (2.6-8). Nínive, que usou o cerco com grande sucesso em suas operações militares, agora sente a força de sua própria arma. E Naum percebe a exultação do mundo que vivera em constante horror por causa dos ataques assírios. “Ele ouve os estalidos das rachaduras se abrirem sob os muros e o ruído causado pelos carros de guerra que saltam; o fim é a carnificina, tristeza e devastação total”.
As brechas do muro foram causadas pelos aríetes ou pelo direcionamento da água dos canais contra os muros, que eram feitos de tijolos de lama e terra. As portas do rio (6) talvez seja referência ao Khoser que inundava na primavera. Pode ser que os atacantes o tivessem represado e depois soltado o volume retido nos diques que canalizavam a passagem do rio debaixo do muro oriental, a fim de, desta forma, quebrá-lo. A inundação de água minaria a fundação dos edifícios e o palácio ruiria (se derreterá).

f) O saque dos tesouros (2.9). Os grandes tesouros de Nínive, os espólios de suas conquistas, tornam-se despojo dos vencedores, O versículo foi parafraseado com dramaticidade: “Tomem posse da prata! Tomem posse do ouro! Há tesouros sem fim. A riqueza incalculável de Nínive será dividida entre muitas pessoas” (BV).

2. A Desolação (2.10-13)

Em linguagem poética, o versículo 10 (NVI) descreve a cidade saqueada.

DEUS DESTRUIRÁ O MAL = Naum 3.1-19

No capítulo 3, a descrição veemente da queda da cidade oferece uma explicação racional dos motivos de ter sido necessária.

A MALDADE DE NÍNIVE, 3.1-4

Nínive é condenada por três razões: saque, destrutibilidade (i.e., propensão para matar e destruir) e má influência. Os assírios estavam entre os povos mais cruéis da história. As crônicas de Assurbanipal II (885-860 a.C.) narram suas próprias atrocidades:


Esfolei todos os homens importantes (da cidade de Suru) que tinham se revoltado, e revesti o pilar com a pele deles; alguns eu emparedei no pilar, outros empalei no pilar em estacas e uns prendi com estacas em volta do pilar; muitos, já na fronteira de minha terra, esfolei e estendi a pele pelos muros; e cortei os membros dos oficiais, dos oficiais do rei, que tinham se rebelado. Levei Alababa para Nínive. [...]
[...] No meio da grande montanha, matei-os, com o sangue tingi de vermelho a montanha, que ficou como lã vermelha, e com o que restou deles manchei as valas e precipícios das montanhas.’
É por isso que Naum disse que Nínive era cidade ensangüentada (1). Ela despojara outras nações de sua riqueza e saqueara muitas cidades para mostrar que “da presa não há fim!” (ECA).
O versículo 3 refere-se ao hábito cruel de cortar as cabeças dos cativos e amontoá-las com outros corpos em frente das portas da cidade. Lemos da crônica do rei: “Formei um pilar dos vivos e das cabeças bem em frente da porta da cidade e empalei 700 homens em estacas. [...] Os jovens e suas donzelas queimei em fogueiras”. 

OPOSIÇÃO DE DEUS À MALDADE, 3.5-7

A metáfora da meretriz continua nestes versículos. A condenação descrita diz respeito à prática de expor ao olhar público a mulher condenada de impudência (cf. Ez 16.37-39; Os 2.3). Descobrirei (5) significa despir, retirar aquilo que cobria, aquilo que servia de coberta. Ao julgar que Nínive fez o papel de meretriz, a cidade tinha de sofrer o destino de ser exibida em desgraça. Ninguém sentirá dó; pelo contrário, as nações se alegrarão por causa de sua destruição.

A INEVITABILIDADE DA DERROTA DO MAL, 3.8-13

A própria Assíria, sob o reinado de Assurbanipal, tinha derrotado a populosa cidade de Nô-Amom (“Tebas”, a capital egípcia, cf. BV; NTLH; NVI). Desta forma, suas fronteiras chegaram até ao mais extremo limite sul do mundo habitado. Por que esta metrópole foi mencionada? Primeiramente, porque também fora uma importantíssima cidade; e em segundo lugar, porque Naum talvez achasse que dependia do rio Nilo para sua defesa, da mesma forma que Nínive confiava no Tigre. O Nilo, como outros grandes rios da Bíblia, é chamado o mar (8).

CONCLUSÃO

A grande lição teológica de Naum é a direção de Deus na história. Os impérios humanos são cruéis. Apesar de muitos crentes acharem que podemos construir uma sociedade cristã justa e perfeita neste mundo, o que não conseguiremos, mas não deve nos levar a desistir de lutar por justiça social, o fato é que o mundo está nas mãos de ímpios. 

Apesar de tantas declarações pomposas de que tal lugar pertence ao Senhor Jesus, declaração exibida em placas em entradas de cidades, o mundo “jaz no Maligno” (1Jo 5.19). Ou como diz a Linguagem de Hoje: “o mundo inteiro está debaixo do poder do Diabo”.

Mas Deus retomará o que é seu, aniquilando o poder do Mal. E dá mostras disto derrubando reinos, nações e culturas quando estas se ensoberbecem. Nós somos testemunhas históricas da queda do poder maior mundial de todos os tempos, o bloco soviético. Eram treze fusos horários, fazendo com que o sol nunca se pusesse sob o domínio soviético. Muitos preconizavam o domínio deste sistema em todo o mundo. Seus saudosos órfãos o julgavam imbatível a mais perfeita expressão de justiça social no mundo. 

Quando aprouve a Deus que chegasse ao fim, chegou. Nação alguma, por mais poderosa que seja, escapará do juízo divino. É oportuno aqui lembrar a palavra de Daniel 2.20-21: “Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força. Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos”.

Deus é o Senhor da história. Nunca perdeu e nunca perderá o domínio. Eventualmente pode demorar em seu juízo, porque seu relógio não é o nosso, mas por fim, sua vontade prevalecerá. Para os incrédulos, uma advertência. Para nós, uma promessa. Há um Deus que pune o mal e que faz sua vontade triunfar. Há um Deus que vê os adversários de seu povo e os pune no momento certo. Por isto, confiemos no poder de um Deus que conduz a história e que a faz caminhar para onde ele deseja.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus 

BIBLIOGRAFIA

Bíblia Plenitude
Lições bíblicas CPAD 1993
Comentário Bíblico Beacon