16 de julho de 2024

Rute e Noemi Entrelaçadas pelo Amor

 

Rute e Noemi Entrelaçadas pelo Amor

TEXTO ÁUREO

 

“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rt 1.16)

Entenda o Texto Áureo

O teu Deus é o meu Deus. Esse testemunho evidenciou sua conversão da adoração a Quemos à adoração ao Deus de Israel.

 

VERDADE PRÁTICA

 

Amar uns aos outros sem nada exigir em troca evidência que Deus está em nós e nos une em relacionamentos fortes e duradouros.

Entenda a Verdade Prática

O cristão é chamado a amar, a amar o seu próximo como a si mesmo (Mt 22.39). Esse amor deve ser traduzido em ação, em gestos concretos que têm como finalidade promover o bem das pessoas. Amor não é teoria, é prática, um princípio bíblico, um mandamento divino que produz vida, alegria e plenitude em quem o dá e em quem o recebe.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – Rute 1:6-8 – 14-19

 

6. Então se levantou ela com as suas noras, e voltou dos campos de Moabe, porquanto na terra de Moabe ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão.

 

O Senhor se lembrara do seu povo. Naturalmente o Senhor havia mandado chuva para aliviar a fome. A soberania de Javé em favor de Israel permeia as páginas de Rute de várias maneiras:

 

1) de fato para o bem (2.12; 4.12-14),

2) entendido para o mal por Noemi (1.13,21) e

 

3) no contexto de oração/bênção (1.8-9,17; 2.4,12.20; 3.10,13; 4.11).

O retorno da prosperidade física prefigurou a realidade da vinda da prosperidade espiritual por meio da linhagem de Davi, na pessoa de Cristo.

 

7. Por isso saiu do lugar onde estivera, e as suas noras com ela. E, indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Judá,

 

Saiu. Noemi tinha amigas (1.19), família (2.1) e prosperidade (4.3) aguardando por ela em Belém.

 

8. Disse Noemi às suas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os falecidos e comigo.

 

Noemi encorajou graciosamente suas duas noras para retornarem para suas casas (1.8) e casarem-se novamente (1.9), mas elas insistiram, emocionadas, em ir para Jerusalém (1.10).

 

14. Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela.

 

Na segunda súplica para retornar, Orfa voltou. Noemi insistiu com Rute pela terceira vez para que ela retornasse.

 

15. Por isso disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após tua cunhada.

 

Seus deuses. Diz respeito a Quemos, principal divindade moabita, que exigia sacrifício de crianças (2Rs 3.27), bem como a outras divindades locais.

 

16. Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus

 

Rute enunciou sua típica expressão do lealdade a Noemi e comprometimento com a família na qual ela havia se casado. o teu Deus é o meu Deus. Esse testemunho evidenciou sua conversão da adoração a Quemos à adoração ao Deus de Israel.

17. Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

 

Faça-me o Senhor. O juramento de Rute foi mais um testemunho da sua conversão. Ela seguiu o caminho primeiramente desbravado por Abraão (Js 24.2).

 

18. Vendo Noemi, que de todo estava resolvida a ir com ela, deixou de lhe falar.

 

19. Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi?

 

Belém. A viagem de Moabe a Belém (no mínimo 100-120 km) teria levado em torno de sete a dez dias.

 

Elas desceram da altitude de 1.485 m de Moabe para dentro do vale do Jordão, e depois subiram 1.237 m de altitude, cruzando as colinas da Judeia.

 

Toda a cidade. Noemi era bem conhecida no lugar onde antigamente havia morado (cf. "efrateus, de Belém", 1.2). A pergunta “Não é esta Noemi?" muito provavelmente reflete a dura vida dos dez anos anteriores e as marcas que ela havia deixado na sua aparência.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O livro de Rute é uma perfeita história de amor. Ele é um dos mais belos romances da Bíblia. Em Boaz e Rute, os israelitas e gentios são personificados. Nada além do amor e da fé pessoal de Rute foi exigido dela para encontrar abrigo sob as asas do Deus de Israel. Vaie ressaltar que em uma sociedade dominada pelos homens, as personagens centrais desse romance são duas mulheres que desafiaram a crise e agiram com fé na providência divina. A amizade de Rute com Noemi floreia este pequeno livro e ao mesmo tempo, desmistifica o pendor natural da inimizade tão comum entre nora e sogra. Um dos grandes temas do livro é a amizade.

A devoção que Rute tem por Noemi e o cuidado de Noemi com Rute percorrem todo o livro.

 

I. A PROPOSTA DE NOEMI

 

1. Uma crise em família. Deus transforma o caos em cosmos. Ele transforma vales em mananciais, nossas tragédias em cenários de esperança. Ele enxuga nossas lágrimas, acalma a nossa dor e coloca os nossos pés na estrada da mais esplêndida vitória. Elimeleque tombou em terra estrangeira. Ele morreu e deixou sua família órfã em terra estranha.

 

A dor do luto é mais aguda do que a dor da pobreza. A escassez é menos dolorosa do que a morte. Dez anos se passaram. Malom e Quiliom casam-se em Moabe, e novamente uma luz de esperança volta a brilhar no caminho daquela família imigrante.

 

A morte, porém, volta a rondar aquela família já marcada pelo sofrimento. De súbito, sem qualquer explicação, a vida jovem de Malom e Quiliom é ceifada em terra estrangeira. Noemi perdeu tudo: sua terra, seu marido, seus filhos, seus sonhos.

 

Ela está velha, viúva, pobre, sem filhos, em terra estrangeira. Ela não tem filhos nem descendentes. Sua semente vai ser cortada da terra. Sua memória vai se apagar, e ela, então, passa a alimentar-se de absinto.

 

Ela introjeta uma amargura existencial assoladora na alma. Chega mesmo a mudar de nome. Não quer mais ser chamada de Noemi, mas de Mara, que significa amargura (1.20).

 

2. Tirando força da fraqueza. O livro de Rute é um drama que fala da história de três mulheres que ficaram viúvas, pobres, desamparadas e sem filhos. A matriarca Noemi perdeu não apenas o marido, mas também os filhos, e isso em terra estrangeira. Para ela, o futuro havia fechado as cortinas. A esperança fora enterrada na cova dos seus próprios mortos.

 

Precisamos aprender a olhar para a vida com os olhos de Deus. Bem expressa Paulo: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

Rute não foi fiel a sua sogra apenas nos tempos de escassez e pobreza. Ela também continuou investindo na vida de sua sogra depois de ter se casado com um homem rico (4.13-17).

 

As próprias mulheres de Belém disseram a Noemi que Rute lhe era melhor do que sete filhos (4.15). Rute não descartou sua sogra quando dela não mais precisava. Rute continuou honrando sua sogra, mesmo depois de ter um marido rico e dar à luz um filho promissor. A sua amizade não era uma relação utilitarista e conveniente. Seu amor não era apenas de palavras, mas de fato e de verdade.

 

3. Sem manipulação emocional. Noemi perdeu o que havia levado para Moabe, marido e dois filhos, e agora decide dar liberdade às suas duas noras que a terra de Moabe lhe deu. Decidiu despedir-se das únicas pessoas que ainda faziam parte da sua vida. Ela está se despedindo das únicas pessoas que podiam dar-lhe uma esperança, uma descendência.

 

É importante notar que Noemi despede-se de suas noras chamando-as de filhas e orando por elas. Ela invoca o Deus da aliança, usando o nome YHWH. Ela agradece a elas a lealdade e pede a Deus Sua misericórdia sobre elas. Ela pede a Deus prosperidade e felicidade para suas noras, ou seja, um novo casamento, a única carreira aberta às mulheres viúvas.

 

II. A CONVICÇÃO AMOROSA

 

1. Uma amizade provada e aprovada. Conforme nota da Bíblia de Jerusalém, o significado hebraico do nome Orfa sugere “pescoço”, “nuca”, e daí a interpretação de que Orfa é “aquela que volta as costas”.

 

Diante das dificuldades enfrentadas e da proposta de Noemi, Orfa voltou para o seu povo, para os seus deuses, em busca da sua felicidade. Ambas as noras tinham afeição por Noemi; por isso, acompanharam-na em seu retomo à terra de Judá.

 

No entanto, a hora da provação chegou. Noemi apresentou, sem egoísmo, a cada uma de suas noras as provações que as aguardavam. Mas, depois de alguma reflexão, Orfa, com muito pesar e um beijo respeitoso, deixou a sua sogra, o povo e o Deus desta, e retornou aos seus amigos idólatras.

 

2. Amizade na adversidade. Diante da insistência de Noemi, Orfa voltou ao seu povo e aos seus deuses (1.15), porém Rute se dispôs a seguir sua sogra à terra de Belém.

 

A mesma causa induziu Orfa a ir embora, e Rute a permanecer, isto é, o fato de que Noemi já não tinha filhos, nem esposo. A primeira deseja tornar-se esposa outra vez; a outra, continuar a ser filha.

 

Rute faz uma bela afirmação de fidelidade, determinação e compromisso de amor. ''Rute termina sua fala com Noemi, assim: “[...] faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra cousa que não seja a morte me separar de ti”.

 

Rute não só faz promessas, mas faz promessas sob juramento. Ela não somente faz juramento com promessas, mas o faz na presença de Deus. Ela empenha sua palavra e coloca nela o sinete do seu juramento. Ela firma uma aliança e dá garantias da perenidade desse pacto.

 

3. Um amor prático. Noemi volta porque ouviu falar que havia pão em Belém (1.6). Rute não foi fiel a sua sogra apenas nos tempos de escassez e pobreza. Ela também continuou investindo na vida de sua sogra depois de ter se casado com um homem rico (4.13-17).

 

As próprias mulheres de Belém disseram a Noemi que Rute lhe era melhor do que sete filhos (4.15).

 

Rute não descartou sua sogra quando dela não mais precisava. Rute continuou honrando sua sogra, mesmo depois de ter um marido rico e dar à luz um filho promissor. A sua amizade não era uma relação utilitarista e conveniente. Seu amor não era apenas de palavras, mas de fato e de verdade.

 

III. A CONVICÇÃO DA MULHER: “O TEU DEUS É O MEU DEUS”

 

1. Uma fé fervorosa. Diferentemente do Novo Testamento, a terminologia do Antigo referente à conversão não é tão clara para nós. A exemplo da prostituta Raabe, pouco antes da queda de Jericó, um cristão analisando este texto sem considerar sua citação no Novo Testamento (Hb 11.31; Tg 5.25) concluiria que esta mulher foi salva? Talvez não.

 

Mas, vale ressaltar que, os leitores do Antigo Testamento entenderam claramente a conversão de Raabe, visto que o autor da Epístola aos Hebreus e Tiago, o autor da carta que leva seu nome, mencionaram a conversão desta mulher ao utilizar os vocábulos “Pela fé” e “justificada”, e que estes dois, em um certo sentido, ainda faziam parte da Velha Aliança.

 

Rute disse a sua sogra: “[…] o teu povo é o meu povo” (Rt 1.16).

 

Ela era moabita e se casara com um dos filhos de Noemi, uma israelita. Apesar dos filhos de Noemi terem casado com mulheres moabitas, o que não era de acordo com a Lei de Moisés (Dt 7.1-4), visto que Moabe era uma nação pagã (Êx 15.15; Nm 21.29), parece que Noemi mantinha-se fiel ao Senhor.

 

Esta expressão reflete conversão a conversão de Rute. A narrativa não apresenta todos os detalhes, mas o caráter soteriológico é perceptível pelo contexto genealógico da narrativa. A salvação na Velha Aliança era por meio do “descendente” (Gn 3.15).

 

O proto-evangelho foi pregado na forma de promessa por toda a revelação antes de Cristo, de modo que crer no descendente implicava participar do seu povo.

 

2. Uma fé que inspira. Rute, então, expressou sua fé no Senhor ao entrar no povo de Israel, ao habitar na terra de Israel, e logicamente ao adorar o Deus do povo e da terra israelita: “Disse, porém, Rute: […] o teu Deus é o meu Deus (grifo meu)” (Rt 1.16).

 

Ela escolheu YAHWEH para ser seu Deus, e não Camos (CUNDALL; MORRIS, 2006, p. 245).

 

Rute refletiu a cultura de sua época, deixando a terra, o povo e consequentemente a adoração de Moabe, para seguir o culto a YAHWEH. Um dos temas centrais do livro de Rute é a redenção.28 Boaz é um símbolo de Cristo, o nosso remidor (4.9,10).

 

Cristo nos remiu, pagou a nossa dívida e nos comprou para Ele. Agora somos Sua propriedade exclusiva.

 

Pertencemos a Ele, e Ele, a nós. Sua provisão nos pertence. Suas riquezas são nossa herança. Sua justiça são as nossas vestes alvas.

 

Champlin coloca essa verdade assim: “Boaz é o grande tipo de Redentor, no livro de Rute. A redenção é o conceito central do livro.

 

O termo hebraico correspondente, em suas várias formas, ocorre por nada menos de 23 vezes no livro. Esse termo é gaal. Boaz faz isso publicamente, à porta da cidade, diante de testemunhas”.

 

3. Sensibilidade sob liderança. “Também conhecida como "sexto sentido", a intuição é uma capacidade do cérebro, privilégio das mulheres. Dos dicionários: "ato de ver", "perceber", "discernir", "pressentir".

 

Sabedoria, arte de "distinguir", de "saber o que se deve fazer, e a virtude de fazer"

 

Por ser mais ligada à sensibilidade, às emoções e à subjetividade, a intuição está mais relacionada à mulher. A psicanalista Lúcia Rosemberg diz: "É atributo feminino".

 

Intuição da mulher cristã, discernimento vital à compreensão e à superação dos equívocos”. “E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito” (Mt 27.19).

 

Vemos essa sensibilidade no caso da esposa de Pilatos, que lhe avisou para nada fazer contra Jesus.

 

Vemos também com Maria, mãe de Jesus, que foi a primeira a ser visitada para falar sobre o filho que teria.

 

A mesma coisa também acontece com Ana, mãe de Samuel.

 

A palavra nos mostra, em algumas destas histórias a realidade de que a mulher é mais do que apenas uma dona de casa, mãe ou trabalhadora.

 

Ela também é aquela que é sensível ao Espírito Santo e tem muito a contribuir na vida do esposo, da família e da Igreja.

 

CONCLUSÃO

 

Motivada pelas circunstâncias adversas, essa família belemita saiu da sua terra em busca de refúgio e encontrou a morte.

 

Saiu da casa do pão em busca de sobrevivência e encontrou a sepultura.

 

Eles fugiram da fome, mas não conseguiram escapar da morte.

 

Warren Wiersbe diz que, quando os problemas surgem em nossa vida, podemos fazer uma destas três coisas: “suportá-los, fugir deles ou usá-los a nosso favor.

 

Elimeleque tomou a decisão errada quando decidiu fugir e deixar sua terra”.

 

Noemi ouviu que Deus visitara o Seu povo e creu.

 

O fato de Deus visitar o Seu povo é a maior razão para que aqueles que estão longe voltem-se para Ele.

 

Os grandes avivamentos espirituais aconteceram quando Deus visitou o Seu povo, e, então, os dispersos voltaram para a Casa do Pão.

 

A Bíblia diz que Rute se apegou a Noemi. Sua amizade com a sogra não era interesseira.

 

A relação havia sido edificada sobre o fundamento sólido do amor, e não sobre a areia movediça dos interesses.

 

O amor é mais forte do que a morte. Nem os rios podem afogá-lo.

 

O amor é guerreiro, é combativo, ele tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba.

 

Boa aula.