Texto Áureo = “Os dois discípulos, ouviram-no dizer
isso e seguiram a Jesus”. Jo 1.37
Verdade
Pratica = Depois
de encontrarmos Jesus, devemos ajudar os nossos familiares e amigos a fazerem o
mesmo.
Textos de Referência = João 1.35-41
Introdução
O apóstolo João
declara o propósito de escrever seu evangelho: “Estes, porém, foram registrados
para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). João transmite-nos todo o volume de
testemunho que o convenceu, e a outros da sua geração, quanto à divindade de
Cristo, e tem confiança de que outros, igualmente, serão inspirados com a
mesma convicção.
O apóstolo
apresenta três séries de testemunhos: 1) Os milagres de Cristo, que chama de
“sinais”, porque demonstram a divindade de quem os opera. Quantos milagres
operados antes da crucificação João registra no seu livro? 2) As asseverações
de Jesus quanto à sua natureza e missão.
Note quantas vezes João registra as
reivindicações de Jesus, que começam com as palavras “eu sou”. 3) João registra
os testemunhos de outras pessoas - de João Batista, dos primeiros discípulos e
daqueles que receberam a cura da parte de Jesus.
Este trecho é um exemplo da terceira série de evidências.
Citam-se aqui os testemunhos de João Batista e André, irmão de Pedro, como
veremos aqui em ebdareiabranca.
Quando Jesus
emergiu da vida particular para entrar no ministério público, não tinha nenhum
adepto ou seguidor. Deus, porém, enviara um profeta para preparar o caminho
diante dele - João Batista, para “preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lc
1.17).
Foi no meio dos convertidos de João
Batista que Jesus recebeu seus primeiros discípulos. Nosso trecho bíblico conta
como três desses discípulos (inclusive
o discípulo não mencionado pelo nome) deixaram a escola preparatória de
João Batista para se tornarem estudantes da escola superior de Jesus.
Uma Declaração Que Chama a Atenção
(Jo 1.35,36)
“No dia seguinte João
estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos [André e João]; e, vendo
passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus”. Estudemos o significado
desta proclamação, examinando as palavras, uma por uma.
1. “EIS aqui o Cordeiro de Deus”. Literalmente, “veja”. O evangelista apela ao pecador que veja o
Crucificado e, contemplando-o, lamente os pecados que causaram sua morte.
2. “Eis O Cordeiro de
Deus”. Os sacrifícios de animais não operavam a perfeita redenção, haja vista
que sempre tinham de ser repetidos. Nenhum sacerdote de Israel, cansado por
causa do serviço ao redor do altar, poderia voltar para casa, dizendo: “Minha
esposa, finalmente ofereci o sacrifício final; o povo está completamente
perdoado e purificado”. No entanto, qualquer um dentre os sacerdotes que
obedeciam à fé (At 6.7) poderia ter dito isso, porque o Cordeiro perfeito, do
qual os demais eram apenas símbolos, já fora oferecido (cf. Hb 10.11,12).
3. “Eis o CORDEIRO de
Deus”. O cordeiro era um animal sacrifical; João, portanto, identificava Jesus
com o Sacrifício enviado da parte de Deus, “que tira o pecado do mundo”. Leia
Isaías 53, que é um ponto alto na doutrina do sacrifício, por profetizar que o
próprio Messias em pessoa haveria de se tornar a expiação pela raça humana.
Compare com Atos 8.32-35. Talvez João também se referisse ao cordeiro da
Páscoa (cf. 1 Co 5.7).
No início do período da Lei, há o
cordeiro da Páscoa, cuja aceitação por parte da nação de Israel redimiu-a do
meio da nação gentia; quase no fim do período da Lei, há outro Cordeiro,
rejeitado pelos israelitas - e, por causa deste pecado, foram espalhados entre
os gentios.
4. “Eis o Cordeiro de DEUS". Uma das mais marcantes diferenças entre a fé cristã e o paganismo é que
os adoradores pagãos trazem sacrifícios na tentativa de se reconciliarem com os
seus deuses, enquanto a mensagem do Evangelho declara que o próprio Deus enviou
um sacrifício em nosso favor a fim de nos reconciliar consigo (Rm 8.32; 2 Co
5.19).
Deus trouxe a nós o sacrifício que nos
coloca mais perto de Deus, e até o Antigo Testamento apresenta a expiação como
sendo a dádiva da graça divina: “Porque a alma da carne está no sangue; pelo
que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas”
(Lv 17.11).
Uma Apresentação Inesquecível (Jo 1.37-39)
1. Os discípulos que procuram. “E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e
seguiram a Jesus.” A congregação de João começou a deixá-lo; ele, no entanto,
não sentiu ciúmes porque, afinal, foi justamente esta obra de apontar às pessoas
o Messias que viera fazer: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (cf.
Jo 3.25-30). O fiel
obreiro cristão conduz as pessoas a Cristo, e não a si mesmo.
2. A pergunta perscrutadora. “E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam,
disse-lhes: Que buscais?” O Senhor não deixa que
ninguém o siga em vão; mostrará o seu rosto àqueles que o seguem em
sinceridade. Note que as palavras “que buscais?” são um gracioso convite aos
que o procuram, para que abram o seu coração a Ele. Ele a todos pergunta: “Que
buscais?” Estão procurando verdade, poder, perdão, amor, paz, vitória,
esperança, forças? Ele pode nos oferecer tudo quanto buscamos e de que necessitamos.
Além disso, a pergunta é um desafio, no sentido de ver se estamos procurando as
coisas certas, porque ele procura discípulos sinceros e que entendam o que
estão fazendo.
3. A pergunta tímida. “E eles disseram-lhe: Rabi (que, traduzido quer dizer, Mestre), onde
moras?” Apesar de se sentirem um pouco acanhados na sua presença, os jovens
ficaram tão impressionados em seu primeiro contato com Jesus que desejavam
saber mais acerca dele; queriam saber o seu endereço, visando a uma visita mais
prolongada. Lição: não devemos nos limitar a uma olhada passageira em Cristo;
devemos saber onde Ele habita, para que nos receba como hóspedes.
4. O convite gracioso. “E ele lhes disse: Vinde, e vede.” Este convite é
a melhor resposta aos que duvidam e aos interessados - é o apelo à experiência.
Podemos dar às pessoas uma excelente receita culinária, e fazer grande esforço
de descrever quão delicioso é certo prato, mas nada se compara com levar o
próprio ouvinte a experimentar a comida por si mesmo. “Provai, e vede que o
Senhor é bom” (Sl 34.8)
Uma Entrevista Que Transforma a Vida
(Jo 1.39)
“Foram, e viram
onde morava, e ficaram com ele aquele dia”. O escritor inspirado não nos conta
os detalhes daquela inesquecível visita; sabemos, no entanto, que o contato com
o radiante Mestre contribuiu com algo de vital à
vida de André. Nunca mais foi o mesmo depois daquela entrevista. “Senti um
calor estranho no meu coração”, disse João Wesley, descrevendo seu primeiro
contato vivo com Cristo, e certamente André sentiu-se assim durante a sua festa
espiritual com o Mestre. Quem aceitar o convite de Jesus (“Venha ver”) receberá
outro convite (“Venha cear”). O primeiro é para os que ainda não são do seu
rebanho; o segundo é para os que já entraram no seu aprisco.
Uma Grande Descoberta (Jo 1.40)
André saiu daquela
casa transbordando com uma poderosa convicção e, enlevado pela descoberta que
tanto o emocionara, foi correndo falar com o seu irmão Pedro, anunciando as
novas que fariam palpitar o coração de qualquer verdadeiro israelita: “Achamos
o Messias”. Muitos judeus podem dizer, até hoje: “Cremos na vinda do Messias,
oramos e ansiamos por aquele acontecimento”, mas nenhum judeu que não crê em
Jesus pode dizer, juntamente com André: “Achamos o Messias”.
Note que André veio
a ser testemunha de Cristo no dia da sua conversão. As coisas maravilhosas que
Cristo sussurra nos ouvidos do homem, em segredo, ficam ardendo no seu íntimo
até que ele conte aos outros.
Um Serviço de Amor (Jo 1.42)
André não se
restringiu a contar as novas: queria que seu irmão as experimentasse por si
mesmo. Lemos, portanto: “E levou-o a Jesus” - o serviço mais gentil que uma
pessoa pode fazer a outra. Não é necessário que alguém seja grande pregador ou
gênio espiritual para assim fazer.
André começou o trabalho em seu próprio lar: “Este achou primeiro a seu irmão”. O melhor preparo a um missionário é começar em casa;
se não conseguimos levar outras pessoas a Cristo
em nossa própria terra, como o faremos em outras terras? Quando o endemoninhado
liberto por Jesus quis seguir viagem com Ele, o Mestre respondeu: “Vai para
tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e
como teve misericórdia de ti” (Mc 5.19).
Uma Recepção Graciosa (Jo 1.42)
“E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer
Pedro).” Cefas, em hebraico, quer dizer “pedra” ou “rocha”. O que Cristo quis
dizer com isto?
1. Na Bíblia, a mudança de nome frequentemente significava
mudança da natureza da pessoa, da sua situação ou experiência (Gn 32.28). Este encontro com Jesus se constituiu em ponto crítico na vida de Pedro
- a hora em que ele passou a ser de Cristo.
Dan Crawford conta
acerca do valor que os congoleses dão a nomes:
“O homem que se
transforma muda também de nome. Um jovem perto de mim recebeu um aumento
salarial, e tomou dinheiro adiantado para comprar um nome.
Para ele, o nome era um patrimônio tão
valioso como um imóvel, pertencendo-lhe como se fosse seu cachorro ou sua arma.
O jovem queria comprá-lo solenemente, à vista. Naturalmente que possuía nome,
mas achava seu nome de nascimento por demais infantil: não é verdade que fora
dado por conjectura, e sem o consentimento dele? Não é verdade que o nome deve
ser um legítimo reflexo do caráter da pessoa?... Não é de se estranhar,
portanto, que quando você diz ao africano que no céu teremos uma nova natureza,
este responde: ‘Devemos, portanto, receber um nome novo”’ (ver Ap 2.17).
2. A mudança de nome foi, neste caso, uma promessa de poder
transformador. Talvez Pedro pensasse, consigo mesmo,
na presença do Mestre: “Como poderei eu, homem de caráter fraco e instável, ser
digno de entrar no reino do Messias?” (cf. Lc 5.7,8). O Senhor, percebendo os
temores íntimos de Pedro, queria dizer: “Sei que o homem chamado Simão é
conhecidamente impulsivo, impetuoso e instável. Tenha, porém, bom ânimo. Assim
como sei quem é você, assim também sei o que você será. Venha a mim assim como
você é, e eu o farei uma pedra firme no meu Reino. Como sinal desta promessa,
seu nome será Cefas.”
O Senhor sempre é o
mesmo: recebe-nos em nossa fraqueza, sabendo que poderá nos tornar fortes.
3. O novo nome foi sinal da autoridade de Cristo exercida
sobre Pedro, assim como um rei pode alterar o nome de alguém que levou cativo
(cf. Dn 1.7). Daquele momento em diante,
Pedro ficou pertencendo a Cristo e, com todo amor, chamava-o de Mestre.
Ensinamentos Práticos
1. A maior necessidade do homem. Sacrifícios, altares e templos em todas as terras e época testificam
esta verdade: os homens sempre sentiram o fato de as coisas andarem erradas no
seu relacionamento com o poder superior, e que a apresentação de um sacrifício
com derramamento de sangue é necessária para retificar a situação. Cada
pessoa que honestamente examinar o seu próprio coração sentir-se-á
constrangida a dizer “Amém!” à declaração bíblica: “Pois todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Muitos remédios têm sido oferecidos para
curar a falta de harmonia que há na alma humana; João Batista, porém, apontou o
remédio divino: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”
2. Uma pergunta perscrutadora. “Que buscais?” Esta pergunta sugere duas lições. 1) A necessidade de
termos nítida consciência de qual é o nosso objetivo na vida.
Muitas pessoas são levadas à deriva
pela vida, impulsionadas pelas circunstâncias; sabem quais as suas necessidades
imediatas; não podem, porém, apontar um objetivo supremo para atingir, nem
mencionar um grande propósito que controle a sua vida. Jesus, para despertar
nas pessoas o reconhecimento de quão fútil é a vida que vão levam,
pergunta-lhes: “Que buscais?” 2) A pergunta desafia as pessoas a se tornarem
discípulos sérios. Marcos Dods escreve:
“Cristo deseja ser
seguido com toda a seriedade. Tantos o seguem porque uma multidão está indo
atrás dele, levando outras pessoas consigo; tantos o seguem porque está na
moda, sem possuírem opinião própria; muitos o seguem como por experiência, e
vão ficando para trás quando surge a primeira dificuldade; muitos seguem com
ideias errôneas quanto àquilo que esperam da parte dEle... Cristo não manda
ninguém embora simplesmente pela sua lentidão em entender quem é Ele e o que
Ele tem feito pelos pecadores. Com esta pergunta, no entanto, nos faz entender
que aquela atração vaga e misteriosa que, qual ímã escondido, atrai a ele as
pessoas, deve ser trocada por uma compreensão nítida quanto ao que nós mesmos
esperamos receber dEle para suprir as nossas necessidades. Ele não rejeitará
pessoa alguma que responda, com sinceridade: “Buscamos a Deus, buscamos a
santidade, buscamos serviço contigo, buscamos a ti.”
3. “Vinde, e vede". E um desafio aos que duvidam e
questionam. Certo cristão aceitou o desafio de um não-crente para debater com
ele em público. Depois do discurso do não-crente, o cristão, sem falar uma
palavra, tirou uma laranja do bolso, descascou-a, comeu-a e depois perguntou:
“Bem, como estava a laranja?” “Como vou saber?”, retrucou
o não-crente. “Nem sequer provei dela”. Respondeu o crente: “Como o senhor
pode conhecer o Cristianismo quando não o experimentou?”
Um interessado pode
ouvir e ler acerca de Cristo; o melhor caminho, no entanto, é chegar
diretamente a Ele para experimentar seu poder. Para se explicar aos índios da
floresta tropical o que é o gelo, mais valeria um pedaço para examinarem do que
uma hora de preleções sobre o assunto.
4. Testemunho de Cristo. O testemunho de André sugere três lições:
1) “Este achou primeiro a seu irmão”.
Quanto mais estreitos os laços de parentesco entre quem testemunha e quem ouve,
mais enfático será o testemunho. Há mais força de convicção entre os que se
conhecem intimamente do que na mensagem falada em público. Quando alguém
encontra Cristo de forma tão real que sua alegria é tão óbvia como quando
encontra um excelente emprego ou vaga universitária, seu testemunho não
deixará de convencer aos que o conhecem.
2) O testemunho pessoal é prova da
convicção pessoal; quando alguém tem profunda convicção, não pode ficar
tranquilo até compartilhá-la com outra pessoa.
3) O testemunho pessoal faz parte do
plano de Deus para a evangelização do mundo. No século que se seguiu à era apostólica,
não houve notícia de “grandes” evangelistas e missionários; não há registro de
campanhas evangelísticas abrangendo cidades inteiras.
A Igreja, no entanto, cresceu com
ritmo veloz. A explicação é que cada cristão considerou ser dever e privilégio
testemunhar de Cristo. O escravo testemunhava perante seu dono; o operário, ao
seu companheiro; o vendedor, aos seus fregueses; o filho, aos pais. Os
pastores, evangelistas e missionários se destacam na liderança da obra de
ganhar almas para Cristo, mas não podem ficar sem a colaboração dos membros
das suas congregações.
Bibliografia M. Pearlman