27 de julho de 2022

A SUTILEZA DO MATERIALISMO E DO ATEÍSMO

 

A SUTILEZA DO MATERIALISMO E DO ATEÍSMO

LEITURA BÍBLICA - Romanos 1.18-23

COMENTÁRIO DO TEXTO BÍBLICO (Extraído da Bíblia de Estudo MacArthur – SBB)

1.18 A ira de Deus. Não se trata de uma explosão impulsiva de raiva voltada, de maneira caprichosa, às pessoas das quais Deus não gosta. É a resposta certa e determinada de um Deus justo ao pecado (cf. SI 2.5,12; 45.7; 75.8; 76.6-7; 78.49-51; 90.7-9; Is 51.1 7; Jr 25.15-16: Jo 3.36; Rm 9.22; Ef 5.6; Cl 3.5-6). se revela. Mais precisamente, "é constantemente revelada". Em sua essência, a palavra significa "desvendar, tornar visível, fazer conhecido". Deus revelou a sua ira de duas maneiras:

1) indiretamente, por meio das consequências naturais da violação das suas leis morais universais, e

2) diretamente, por meio de sua própria intervenção (os registros do AT claramente mostram esse tipo de intervenção — da sentença dada a Adão e Eva até o dilúvio universal; do fogo e enxofre que destruiu Sodoma até o cativeiro babilônico). A revelação mais vivida da ira santa e do ódio de Deus contra o pecado foi quando ele despejou o castigo divino sobre o seu filho na cruz. Deus tem vários tipos de ira:

1) a ira eterna, que é o inferno;

2) a ira escatológica, que é o dia final do Senhor;

3) a ira cataclísmica, como o dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra;

4) a ira consecutiva, a qual é o princípio do semear e colher, e

5) a ira do abandono, que é quando Deus retira suas restrições e deixa as pessoas seguirem seus próprios pecados (para exemplos dessa ira, veja SI 81.11 -12; Pv 1.2.3-31; Os 4.17). Aqui, trata-se do quinto tipo - Deus abandonando os ímpios continuamente ao longo da História para que sigam seus pecados e as consequências deles (vs 24-32). impiedade. Indica falta de reverência pelo verdadeiro Deus, bem como falta de devoção e de adoração a ele — um relacionamento imperfeito com ele (cf. Jd 14-15). perversão. Refere-se ao resultado da impiedade; uma falta de conformidade em pensamento, palavra e ação ao caráter e à lei de Deus. detêm a verdade. Embora as evidências da consciência (1.19; 2,14), da criação (1.20) e da Palavra de Deus sejam irrefutáveis, os seres humanos preferem resistir e se opor à verdade de Deus por meio do apego a seus pecados (S114.1; Jo 3.19-20).

1.19 é manifesto entre eles. Deus tem, de maneira soberana, demonstrado os atributos de sua existência na própria natureza do ser humano pela razão e pela lei moral (1.20-21,28,32; 2.15).

1.20 atributos invisíveis. Refere-se, especificamente, aos dois que são mencionados nesse versículo, seu eterno poder. O Criador, que fez todas as coisas ao nosso redor e que as sustenta fielmente, deve ser um ser de poder assombroso, divindade. Refere-se à sua natureza divina, particularmente, à sua fidelidade (Gn 8.21-22 bondade e benevolência (At 14.17). por meio das coisas que foram criadas. A criação transmite, de modo claro e inequívoco, a mensagem a respeito da pessoa de Deus; (SI 19.1-8; 94.9; At 14.15-17: 17.23-28). são... indesculpáveis. Deus colocou sobre todos os homens a responsabilidade por se recusarem a aceitar o que Deus havia mostrado a eles sobre si mesmo por meio da criação. Mesmo aqueles que não tiveram a oportunidade de ouvir a respeito do evangelho, receberam um testemunho claro da existência e do caráter He Deus, mas a suprimiram. Se a pessoa responder à revelação (de que dispõe, mesmo sendo essa somente a natural. Deus providenciará os meios para que essa pessoa ouça o evangelho (cf. At 8.24-39; 10.1-48; 17.27).

1.21 conhecimento de Deus. O ser humano tem conhecimento da existência, do poder e da natureza divina de Deus por meio da revelação geral (vs. 19-20). não o glorificaram. A finalidade principal do homem é glorificar a Deus (Lv 10.3; 1Cr 16.24-29; SI 148; Rm 15.5-6), e a Escritura, constantemente, exige isso (SI 29.1-2; ICo 10.31; Ap 4.11). Glorificá-lo é honrá-lo, reconhecer seus atributos o louvá-lo pela sua perfeição (Êx 34.5-7). É reconhecer a sua glória e exaltá-lo por isso. Não glorificá-lo é a maior afronta do homem para com o seu Criador (At 12.22-23). nem lhe deram graças. Eles se recusaram a reconhecer que todas as coisas boas das quais se alegravam vinham de Deus (Mt 5.45; Ai 14.1 5-17; ITm 6.17; Tg 1.17). nulos. A busca do ser humano por significado e propósito resultará apenas em conclusões inúteis e sem sentido, obscurecendo-se-lhes o coração. Quando a pessoa rejeita a verdade, as trevas da falsidade espiritual tomam o seu lugar (cf. Io 3.19-20).

1.22 inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos. O ser humano racionaliza o pecado e prova que é absolutamente insensato ao elaborar as suas próprias filosofias a respeito de Deus, do universo e dele mesmo, e acreditar nelas (cf. SI 14.1; 53.1).

1.23 e mudaram a glória... em semelhança da imagem. Eles substituíram a adoração do Deus verdadeiro pela adoração de imagens. Alguns historiadores relatam que muitas culturas antigas não tinham, originalmente, ídolos. Por exemplo, a Pérsia (Heródoto; As Histórias, 1.31), Roma (Varrão, em A Cidade de Deus, de Agostinho, 4.31) e até mesmo a Grécia e o Egito (Luciano; A Deusa Síria, 34) não eram idólatras no princípio. No século 42 a.C, o historiador Eusébio relatou que as civilizações mais antigas não tinham ídolos. O registro bíblico mais antigo sobre idolatria ocorreu na família de Abraão em Ur (Js 24.2). O primeiro mandamento proibiu essa prática (Êx 20.3-5) o os profetas continuamente zombavam daqueles que, de maneira insensata, persistiam nela (Is 44.9-17; cf. 2Rs 17.13-16). Embora os falsos deuses que os homens adoram não existam, muitas vezes os demônios os personificam (1 Co 10.20).

INTRODUÇÃO

“O materialismo é uma concepção filosófica que admite a origem e a existência humana a partir de uma condição concreta: a matéria. É uma corrente que acredita nas circunstâncias concretas e materiais como principal meio de explicação da realidade e seus fenômenos sociais, históricos e mentais. Como é uma perspectiva que baseia-se na racionalidade, deixando de lado os conceitos sobre o mundo espiritual e a alma, contrapõe-se ao espiritualismo e, sobretudo, ao idealismo, cujo elemento central é a ideia de existência metafísica – compreensão da realidade através dos sentidos. Para o materialismo, o modo de vida é condicionada pelos bens materiais. Isso quer dizer que a consciência e o comportamento do indivíduo são determinados pelas suas condições.” (https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/filosofia/materialismo).

 

“Novo Ateísmo é um movimento social e político que começou no início da década de 2000 em favor do ateísmo e do secularismo e que é promovido por escritores ateus modernos que defendem a ideia de que "a religião não deve ser simplesmente tolerada, deve ser combatida, criticada e exposta por argumentos racionais, sempre que a sua influência surge."” (Weekpédia).

 

“Neo ateísmo, ou novo ateísmo, é uma corrente ateísta e ceticista contemporânea cujos aderentes compartilham do entendimento de que religião não deve ser tolerada, mas combatida, criticada e exposta através de argumentação racional, sempre que sua influência se mostrar. Acusações contra cristãos tem sido repetidas ad nauseam por autores neo ateus, frequentemente em formulações virulentas. Pergunto-me se tais autores sabem que nos primeiros dois séculos, cristãos eram acusados de ateus, e perseguidos por isso. Relatos de martírios daquela época descrevem o público nas arenas gritando “fora com os ateus” enquanto cristãos eram trucidados de forma bestial. Atenágoras, filósofo cristão do século II, foi um dos que dedicou parte dos seus escritos a defender os cristãos da acusação de ateísmo” (https://www.ultimato.com.br/conteudo/os-neo-ateus-e-suas-acusacoes)

Interessante esse tema ser tratado hoje, em nossa EBDs, nos ajudará a entender o movimento que estas correntes estão realizando, suas consequências e o que já temos agora para enfrentar.

Tanto o materialismo como o ateísmo em seus aspectos filosóficos e doutrinários, serão abordados, como se sistematizaram ideologicamente, para poderemos entender suas implicações práticas.

I. COMPREENDENDO O MATERIALISMO E O ATEÍSMO

1. O Materialismo. Hebreus 1.1: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e “de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas”. significando "muitas porções" (como em referência a livros). Ao longo de possíveis 1.800 anos (desde Jó, c. 2200 a.C.(?) até Neemias, c. 400 a.C.), o Antigo Testamento foi escrito num total de 39 livros diferentes que refletiam épocas, lugares, culturas e situações diferentes. Deus revelou sua Palavra de muitas maneiras, incluindo visões, símbolos e parábolas, escritos tanto em poesia como em prosa. Embora a forma e o estilo literários variassem, sempre toram a revelação de Deus acerca do que ele queria que o seu povo soubesse e vivesse. A revelação progressiva do Antigo Testamento descreveu o programa de redenção de Deus (1Pe 1.10-12) e sua vontade para o seu povo (Rm 15.4; 2Tm 3.16-17).

De qualquer maneira, o que se depreende do texto de Romanos 1.22 “inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos”, o ser humano racionaliza o pecado e prova que é absolutamente insensato ao elaborar as suas próprias filosofias a respeito de Deus, do universo e dele mesmo, e acreditar nelas (cf. SI 14.1; 53.1).

CHAMPLIN nos apresenta uma definição clara do que seja o Materialismo: “A doutrina de que os fatos da experiência podem ser todos explicados mediante referência à realidade, às atividades e às leis da física ou da substância material (WA).

A teoria que diz que o universo, em sua totalidade, incluindo toda vida e mente, pode ser reduzido e explicado em termos de matéria em movimento. Isso pode ser aplicado, igualmente, aos sistemas que, embora considerem que a consciência não pode ser reduzida a termos de energia física, ainda assim consideram-na dependente da matéria quanto à sua existência, e pensam que seus processos só podem ser explicados quando correlacionados aos processos fisiológicos, estando assim sujeitos às leis que governam o movimento e a energia físicos (MM). A segunda parte dessa definição pode ser ilustrada pelo pensamento de Aristóteles, que concebeu a substância alma distinta do corpo, embora capaz de sobreviver à morte do corpo, não dependendo do mesmo quanto à sua existência, portanto.

O materialismo é aquela doutrina filosófica que diz que as únicas coisas que existem são substâncias materiais. Os fenômenos mentais, a consciência, as sensações e os sentimentos são explicados como modificações da substância material-sem a introdução de substâncias mentais ou espirituais distintivas.

Naturalismo. Esse é apenas um outro nome para a forma mais radical de materialismo. Todas as coisas são constituídas de matéria, e nada existe que não seja apenas átomos em movimento. O que existe é a matéria.

O que sucede é apenas matéria em movimento. Portanto, a existência consiste nos átomos em movimento.

Naturalismo Critico. Esse sistema procura evitar o sobre naturalismo, afirmando que a verdade pode ser que não podemos reduzir tudo ao princípio material.

Assim, temos de considerar a possibilidade da de coisas como a mente e alguma substância imaterial. Mas, se tal substância existe, então ela deve ser concebida como algo natural, e não sobrenatural, como parte integral do nosso próprio mundo, e não algo fora do mundo. Essa posição nega o substancialismo, uma ideia fundamental do problema corpo-mente, O substancialismo assevera que a alma é uma substância que não pertence à ordem natural das coisas, antes, ela teria vindo de longe, e, finalmente, volta para longe, para o mundo de luz. Segundo esse ponto de vista, o homem é um ser transcendental, embora cativo por algum tempo (principalmente por razões morais), a um corpo físico.

Materialismo prático. Apesar de talvez existirem Deus, os espíritos, as almas, seres e acontecimentos imateriais, para os que assim pensam a única coisa que importa neste mundo são os eventos materiais. Até mesmo certos crentes são materialistas práticos”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 157-158.

2. O Ateísmo. Ainda CHAMPLIN: “ATEÍSMO - É impossível dar uma definição simples de um termo como ateísmo, pelo que expomos as várias formas por ele assumidas:

A palavra vem do grego a, «não», e theos, «Deus». Ê a descrença na existência de um deus, Deus ou deuses específicos, a descrença em conceitos que os homens têm de deus, Deus ou deuses. Ou então, é a negação de qualquer realidade sobrenatural.

Descrença nos deuses populares. Sócrates, que pendia para o monoteísmo, era um ateu (ou talvez, um agnóstico), no tocante à multidão de deuses da sociedade ateniense. Outro tanto se dava com Platão.

Os pagãos chamavam os primeiros cristãos de ateus.

De modo geral, a descrença no tipo de deus, Deus ou deuses que os homens imaginam. Assim, alguém pode declarar-se ateu em relação ao Deus das batalhas, apresentado em alguns trechos do Antigo Testamento, mas não um ateu que não creia na existência de Deus, em alguma apresentação refinada.

A rejeição dos deuses da superstição, incluindo o Deus do Antigo e do Novo Testamentos, quando se pensa estar Ele em foco. Xenófanes, Heráclito e outros, nos tempos antigos, assim diziam, sem incluírem o Deus da Bíblia. Freud achava que a origem da religião é a neurose das massas, e outros têm visto na religião um instrumento para controle das massas. Tais individuas, é óbvio, não têm conceito de um Deus vivo. Pode-se incluir o marxismo dentro dessa classificação geral.

No positivismo logico. ~ tolice falar sobre a existência de Deus, de modo positivo ou negativo. Não temos percepção, e, portanto, não temos conhecimento de Deus. Ele pode existir ou não, mas não é. Um objeto de nosso conhecimento, pelo que é um desperdício de tempo participar da controvérsia do Ateísmo contra o ateísmo. Ambos afirmam-se conhecedores de informes que não possuem. O ateísmo diz que o conhecimento sobre Deus existe, mas é negativo. Portanto, Deus não existe. O teísmo, por sua vez, afirma que tal conhecimento existe, e é positivo. Portanto, Deus existe. O positivismo lógico diz que ambos estio equivocados, pois o conhecimento de Deus não é disponível. No positivismo temos um ateísmo prático, mas não te6rico. Deus não teria sentido para a vida, não sendo um fator que determina as ações, e assim sendo, para-todos os efeitos práticos, pode ser considerado inexistente.

Ateísmo prático-moral. Admite-se a existência teórica de Deus, um postulado necessário para explicar causa, desígnio, etc. Mas a existência de Deus não exerce qualquer influência sobre a vida, não sendo um fator determinante na escolha e na ação.

Deus não é uma força moral. As decisões são tomadas sobre outras bases. Até mesmo alguns cristãos professas são ateus práticos.

Ateísmo panteísta: Deus é a alma do universo e o universo é o corpo de Deus. Tudo é Deus. Do ponto de vista judaico-cristão, o panteísmo é uma forma de ateísmo.

Deus como o Espírito Absoluto, como dizia Hegel. Deus é um tipo de força cósmica, que une em tomo de si todas as coisas, sendo a fonte de todas as coisas, embora não seja uma pessoa, em qualquer sentido. Muito menos é uma pessoa em três: Pai, Filho e Espirito Santo. Essa forma de filosofia segue o ateísmo, a julgar pelos padrões cristãos, porquanto não reconhece o tipo de Deus que tem sentido para os cristãos. Porém, isso não nega que há discernimentos quanto à natureza de Deus, nessas especulações.

Ateísmo naturalista. Não há tal coisa como algo fora da natureza, e na natureza não encontramos deus, Deus ou deuses. Não há o sobrenatural, pelo que não há Deus, em termos convencionais.

Ateísmo politeísta, Se há uma multidão de deuses, então não há um verdadeiro Deus em contraste com deuses falsos. Pois, para nós, Deus indica um ser distinto de todos os outros seres, muito mais elevado.

O politeísmo destrói o caráter distinto de Deus, pelo que é uma forma de ateísmo.

Ateísmo absoluto. Deus não existe, sob qualquer definição. Não há deus (ou Deus) na terminologia sofisticada da teologia ou da filosofia. Toda ideia de Deus é vã. Não há deus (ou Deus) conforme insistem que há tanto o judaísmo como o cristianismo, em suas respectivas doutrinas”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 363.

“Os novos ateus escrevem principalmente a partir de uma perspectiva científica. Ao contrário de autores anteriores, muitos dos quais achavam que a ciência era indiferente, ou mesmo incapaz de lidar com o conceito de "Deus", Richard Dawkins argumenta o contrário, alegando que a "Hipótese de Deus" é uma hipótese científica válida, que produz efeitos no universo físico e, como qualquer outra hipótese, pode ser testada e refutada. Outros novos ateus, como Victor J. Stenger, propõem que o Deus abraâmico é uma hipótese científica que pode ser testada por métodos padrão da ciência. Tanto Dawkins quanto Stenger concluem que esta hipótese falha diante de tais testes e argumentam que o naturalismo é suficiente para explicar tudo o que observamos no universo, das galáxias mais distantes, a origem da vida, as espécies e os funcionamentos internos do cérebro e da consciência. Em nenhum lugar, argumentam eles, é necessário introduzir Deus ou o sobrenatural para compreender a realidade. Novos Ateus têm sido associados ao argumento do ocultamento divino e à ideia de que "ausência de evidência é evidência de ausência". (https://pt.wikipedia.org/wiki/Novo_Ate%C3%ADsmo)

 

 AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

O HOMEM REJEITA A REVELAÇÃO DIVINA

 “[Rm 1.18-32] Paulo começa seu argumento explicando que o indiciamento divino do gênero humano é resultado de a humanidade rejeitar a revelação recebida de Deus. […] Porque Deus se revelou a si mesmo (pois, caso contrário, Ele é incognoscível) por meio de sua criação; homens e mulheres são moralmente responsáveis pelo que pode ser conhecido acerca dEle (Rm 1.19,20). É o que os teólogos chamam ‘revelação natural’, ou seja, a revelação de Deus pelo mundo físico. O que é revelado é o ‘poder eterno’ e a ‘natureza divina’ do Criador. Esta ‘verdade’, ou seja, a realidade de que há um Criador a quem a criação deve responder, é suprimida por sua criação à medida que homens e mulheres vivem de modo a rejeitar a supremacia de Deus. Em resumo, eles são ‘inescusáveis’ (v.20) e merecem a ira que está sobre eles. A humanidade não é acusada por não ter encontrado Deus, mas por não ter respondido à iniciativa de Deus” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. CPAD, 2017, p.18)

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

O ATEÍSMO É ELITISTA

“O ateísmo é muito elitista, o que é irônico porque ele apresenta-se como a religião do homem comum. A Verdade é que, no seu elitismo, o ateísmo age como se as tradições, leis e restrições que os humanos têm adotado quase que universalmente não se aplicam aos ateus.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a obra Inimaginável, editada pela CPAD, p.103.

II. RAÍZES DO MATERIALISMO E ATEÍSMO

1. A consequência do pecado. A passagem de Rm 3.10-12 cita o Sl 53.1-3, quando Paulo afirma: ‘como está escrito’, introdução comum às citações do Antigo Testamento. O tempo verbal em grego empregado em Rm 3.10 enfatiza a continuidade e a permanência, bem como implica a sua autoridade divina. O ser humano é universalmente mau (S114.1). 3.11 não há quem entenda. O ser humano não consegue compreender a verdade de Deus ou entender o seu padrão de justiça (veja SI 14.2; 53.3; cf. 1Co 2.14). Infelizmente, sua ignorância espiritual não resulta da falta de oportunidade (1.19-20; 2.15), mas é a expressão de sua depravação e rebeldia (Ef 4.18). Não há homem que busque a Deus, essa é a condição humana decaída atestada por Paulo (SI 14.2). De modo claro, esse texto indica que as falsas religiões do mundo são tentativas falhas do ser humano de fugir da verdade de Deus — e não de buscá-lo. A tendência natural do ser humano é a de buscar seus próprios interesses (Fp 2.21); porém, sua única esperança é Deus ir buscá-lo (Jo 6.37,44). É somente como resultado da ação de Deus no coração que a pessoa busca por ele (S116.8; Mt 6.33). Estão todos extraviados (SI 14.3), pendem para a direção errada (a palavra grega utilizada por Paulo aqui era usada para descrever um soldado correndo para o lado errado, ou desertando). Todos os seres humanos são inclinados a deixar o caminho de Deus e seguir pelos seus próprios caminhos (Is 53.6).

 

O Pastor Hernandes Dias Lopes, comentando o Evangelho de ‘Marcos O Evangelho dos milagres’ (Hagnos): “Jesus ensina duas verdades axiais: Em primeiro lugar, a verdadeira pureza tem a ver com o coração e não com o estômago (7.18-20). Jesus está acabando com a paranoia da religião legalista das listas intermináveis do pode e não pode. Jesus está declarando puros todos os alimentos. Não podemos considerar impuro o que Deus tornou puro (At 10.15). O alimento desce ao estômago, mas o pecado sobe ao coração. O alimento que comemos é digerido e evacuado, mas o pecado permanece no coração, produzindo contaminação e morte. Em segundo lugar, os grandes males procedem do coração e não do ambiente externo (7.21-23). Jesus aponta o coração como a fonte dos sentimentos, aspirações, pensamentos e ações dos homens. Essa fonte é, também, a fonte de toda contaminação moral e espiritual. Jesus não tinha ilusões sobre a natureza humana como alguns teólogos liberais e mestres humanistas da atualidade. Marcos cita doze pecados que brotam do coração. Os seis primeiros estão no plural e os outros no singular. Os primeiros seis indicam más ações, enquanto os últimos seis falam do estado do coração, do direcionamento maligno, bem como das palavras que são relacionadas a essas ações. Há outras listas de pecados registradas no Novo Testamento. O termo introdutório “os maus desígnios”, dialogismoi, literalmente significa “os maus diálogos”. Uma pessoa está quase sempre dialogando em sua própria mente, arrazoando, cogitando, deliberando. Esses diálogos provocam ações e estimulam o estado interior. Vejamos primeiro, as seis ações pecaminosas. Prostituição – O termo pornéia indica o pecado sexual em geral, todo comportamento sexual ilícito, seja dentro ou fora do casamento. A prostituição inclui a pornografia, a fornicação, o adultério, o homossexualismo, bem como toda impureza moral. Furtos. Na língua grega há duas palavras para furto: kleptes e lestes. Lestes é o bandoleiro, assaltante. Barrabás era um lestes (Jo 18.40). Kleptes é um ladrão. Judas era um ladrão quando subtraía da bolsa (Jo 12.6). A palavra usada aqui é klopai. O furto é a apropriação daquilo que não nos pertence. É a posse intencional daquilo que pertence a outro: seja o governo civil, o próximo, ou mesmo Deus. Homicídios. Inclui tanto o ato quanto o desejo de tirar a vida do próximo. Esse pecado inclui tanto o ódio, quanto o assassinato. Adultérios. Essa é a violação dos laços do matrimônio, envolvendo um ato sexual voluntário entre um homem e uma mulher que não seja o seu cônjuge. Jesus ampliou a transgressão desse pecado para o olhar cobiçoso (Mt 5.28). A avareza. Avareza é um apego idolátrico às coisas materiais, sonegando toda sorte de ajuda ao próximo nas suas necessidades. O termo usado é pleonexiai, o desejo ardente de ter o que pertence a outros. A ganância é como uma peneira que nunca fica cheia. As malícias. Isso poderia muito bem ser um somatório de todas as manifestações iníquas, tanto as já mencionadas quanto as outras. Veja em seguida os pecados que retratam o estado do coração: Dolo. O dolo pode ser definido como artimanhas do engano. Lascívia. Impulso pecaminoso como luxúria e licenciosidade. Inveja. É o desprazer de ver uma pessoa possuir algo. William Hendriksen diz que esse é um dos pecados mais destrutivos da alma. Ela é como podridão nos ossos (Pv 14.30). Nossa palavra inveja vem do latim invidia, que significa “olhar contra”, ou seja, olhar com má vontade para outra pessoa por causa do que ela tem ou é. Foi a inveja que provou a morte de Abel, jogou José no poço, provocou a revolta de Core, Datã e Abirão, levou Saul a perseguir Davi, gerou as palavras rancorosas do “irmão mais velho” do pródigo e crucificou Jesus. Blasfêmia. Palavras abusivas e difamações. Refere-se à difamação do caráter, ao xingamento, à calúnia, linguagem desdenhosa ou insolente dirigida contra outra pessoa, seja diretamente para ela, ou pelas suas costas. Soberba. A tendência maligna de imaginar-se melhor, mais hábil ou maior do que os outros. Loucura. William Hendriksen diz que esse termo resume as cinco propensões e palavras anteriores. O remédio é um novo coração. É mais difícil ter um coração limpo do que mãos limpas. De fato, é impossível ter uma vida aceitável a Deus, com nossos corações contaminados longe de sua graça purificadora. O evangelho trabalha de dentro para fora, provendo a motivação interna necessária para adquirir caráter justo e para livrar-se “de toda impureza e acúmulo de maldade” (Tg 1.21)”. LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos. 1ª Ed. 2006.

2. A cegueira espiritual.  “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a Luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a Luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo“. 2 Cor. 4:3-6.

De todos os sentidos físicos, suponho que concordamos que o da visão é o de maior valor e o mais precioso. Se tivéssemos que ficar sem um dos cinco sentidos, e pudéssemos escolher sem o qual ficaríamos, desistiríamos de qualquer um dos outros, antes de perdermos a visão. Uma pessoa cega é uma figura que lidera com dificuldade, andando às apalpadelas, num mundo iluminado de modo tão brilhante pelo sol. O cego encontra-se numa escuridão física e não pode ver os objetos, por mais brilhante que esteja o sol e a despeito de quão claramente estes mesmos objetos possam ser descritos. Ele é a escuridão habitando na luz.

Mas há outro tipo de cegueira que é pior que a física ou corporal. Os versículos acima nos falam da cegueira espiritual, a cegueira da mente, ou incapacidade de ver as coisas espirituais. A visão é normalmente usada na linguagem, tão bem como na Bíblia, como uma metáfora para a mente ou entendimento. Explicamos algo a uma pessoa e depois exclamamos: “Está vendo?” Com isto queremos dizer: “Entende?”

A cegueira espiritual é muito pior em natureza e extensão, do que a física. É triste para o homem não poder ver as belezas naturais, mas é muito mais triste não poder ver as glórias da graça. É ruim não ter olhos para ver o campo com flores e frutos; ou o mar com suas ondas inspiradoras e sem descanso; ou a criação animal com a sua variedade enorme de tamanho, forma e cor; mas é muito pior ser cego ao Evangelho glorioso de Cristo, que é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”. A cegueira espiritual é muito mais predominante do que a física. Só alguns poucos habitantes da terra são fisicamente cegos, enquanto que cada homem, em seu estado natural, é cego ao Evangelho de Cristo e as outras verdades espirituais. Spurgeon disse que todos nós, em nosso estado natural, somos tão cegos às verdades divinas quanto morcegos. Paulo disse em Rom. 3:11. “Não há ninguém que entende; não há ninguém que busque a Deus”.

A escuridão é um símbolo bíblico para a ignorância e o homem, em sua condição natural, é ignorante das coisas do Espírito Santo de Deus. O Senhor Jesus disse: “Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”, João 3:3. Ele não pode entender as coisas do reino. O Evangelho pregado por Paulo estava escondido para o perdido, isto é; ele não podia entender nem apreciá-lo. O Evangelho de Cristo é uma luz grande e gloriosa; e a luz da salvação. Ela mostra como o homem pode se tornar justo; aponta o caminho para o céu; mas o perdido não entende. Paulo pregou o Evangelho a todas as classes, para o judeu foi considerado um escândalo (uma história vergonhosa), e para o grego uma loucura. Nenhuma das duas classes o entendeu. Estava escondido porque a mente deles era cega. Paulo orou pela salvação de seus irmãos na carne. Eles tinham zelo de Deus, mas eram ignorantes em como se tornar justos pela fé em Cristo, e tentavam estabelecer sua própria justiça (Rom. 10.1-3). Esta é a condição de todos os que tentam ser salvos por suas próprias obras. Eles estão perdidos! O Evangelho está escondido para eles. São cegos!

SATANÁS É O AUTOR DA CEGUEIRA ESPIRITUAL

No Jardim do Éden, Satanás prometeu a nossos primeiros pais abrir os olhos deles, se fizessem o que dizia. Adão e Eva obedeceram, e seus olhos se abriram ao fato do pecado, mas a mente deles ficou cega em como cobrí-lo. Na ignorância, pensaram que podiam arranjar algo para cobrir sua condição de pecado e vergonha. Pensaram que podiam dar um jeito por terem caído. Falharam e então Deus os vestiu. O homem ainda está tentando consertar, remendar, cobrir e trabalhar, a fim de que Deus se agrade nele e o aceite. O homem natural ainda pensa que pode se vestir com as roupas que ele mesmo faz. Fica dependendo de seus próprios feitos para ser aceito por Deus. Ou então sua mente pode se tornar tão obscurecida que ele pensa que não há Deus a quem irá dar contas. E Satanás, o deus deste século, está por trás de tal pensamento.

A mente do pecador é a fortaleza de Satanás, através da qual ele planeja manter o pecador em sua possessão. Enquanto Satanás tiver a mente do pecador, também terá sua alma. Por que há pecadores não salvos? Será que são maus demais? NÃO, mil vezes NÃO! Cristo morreu pelo injusto, e alguns dos piores homens do mundo já foram salvos. Paulo lembra aos Coríntios que alguns deles tinham sido idólatras, adúlteras, beberrões, ladrões, etc. “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis; nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteras, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns tem sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus”, 1 Coríntios 6:9-11. Nenhum homem é tão mau, que não possa ser salvo. Não há um só pecado em todo catálogo de iniquidade que seja grande demais para que alguém não seja salvo. Também não há pecador velho demais para ser salvo. Nem jovem demais. Qualquer pecador, seja qual for a idade ou cor pode ser salvo. Basta vir a Cristo! Cristo não virará as costas a ninguém que O busque para ser salvo. Então por que as pecadores, nesta terra do Evangelho, ainda estão perdidos? É porque o Evangelho está escondido para eles. Não entendem nem apreciam o Evangelho de um Cristo crucificado e ressuscitado.

A mente humana tem que ser tomada por Deus. O raciocínio do homem bloqueia sua salvação, porque se opõe à verdade de Deus. O pecador tem que se arrepender, isto é; tem que mudar de opinião a respeito do pecado e de como ser salvo dele. Seu raciocínio natural sobre o pecado e a salvação é errado e tem que ser destruído se quiser ser salvo. Paulo foi comissionado para ir aos gentios, “para lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles a remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim (Cristo)”, Atos 26:18. Em 2 Cor. 10:4 Paulo diz que suas armas não são carnais, mas sim “poderosas em Deus, para destruição das fortalezas”. É isto o que significa “Destruindo os conselhos (raciocínios), e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo”.

Paulo não empregava métodos mundanos nem carnais em seu ministério. Nem usava truques psicológicos. Ele pregava o que sabia ser ofensivo ao homem natural e dependia do Espírito de Deus para fazer o pecador mudar sua mente, entender o Evangelho e crer nele. É por isto que ele diz que as suas armas eram “poderosas em Deus”. Se não fosse pela obra do Espírito Santo em mudar os pensamentos do pecador, o Evangelho nunca seria nem entendido nem crido. O Evangelho oferece a salvação gratuita, mas o homem natural quer trabalhar para ganhá-la. Ele raciocina que deve merecê-la, isto é; que deve se fazer aceitável a Deus; que algo que fizer trará o favor de Deus sobre si mesmo. Todas estas idéias devem ser deixadas de lado, porque são as fortalezas de Satanás, a fim de manter o pecador em seu poder. Tais idéias revelam uma mente distorcida, uma mente que é ignorante da justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo”. https://palavraprudente.com.br/biblia/a-cegueira-espiritual/

III. PRESSUPOSTOS DAS DOUTRINAS MATERIALISTAS E ATEÍSTAS

1. Negação da existência de Deus. Os novos ateus afirmam que muitas reivindicações religiosas ou sobrenaturais (como o nascimento virginal de Jesus e a vida após a morte) são afirmações científicas por natureza. Eles argumentam, assim como deístas e cristãos progressistas, por exemplo, que a questão da suposta ascendência de Jesus não é uma questão de "valores" ou "moral", mas uma questão de investigação científica. Os novos ateus acreditam que a ciência é agora capaz de investigar pelo menos algumas, se não todas, as reivindicações sobrenaturais. Instituições como a Mayo Clinic e a Universidade de Duke estão tentando encontrar suporte empírico para o poder de cura da oração de intercessão. De acordo com Stenger, estas experiências não encontraram nenhuma evidência de que a oração de intercessão funciona.

 

Ainda, o Pastor Hernandes Dias Lopes, comentando Romanos, escreve: “A rejeição (1.21-23) Paulo traça os passos pelos quais o mundo pagão descambou do conhecimento do Deus verdadeiro à idolatria mais degradada e abstrusa. Destacamos aqui quatro pontos:

Em primeiro lugar, conhecimento suficiente. “Porquanto, tendo conhecimento de Deus…” (1.21). O problema humano não é ausência do conhecimento de Deus, mas a negação de Deus. O homem possui suficiente conhecimento da verdade para garantir ser descrito como tentando abafá-la. Ele tem conhecimento suficiente, mas sufoca esse conhecimento. O homem quer tirar Deus do seu caminho, eliminar Deus do seu pensamento, banir Deus da sua vida.

O homem tem conhecimento suficiente de Deus para torná-lo indesculpável.

Em segundo lugar, rejeição consciente. “… não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios…” (1.21). Em princípio, o pecado humano é pecado por omissão. Um duplo “não” os acusa (eles não glorificaram a Deus nem lhe deram graças). Portanto, no começo não está o “dizer não”, mas o “não dizer”. Geoffrey Wilson está certo em sua análise: “Quando os homens rejeitam a verdade, abraçam a mentira em seu lugar. A ausência da verdade sempre assegura a presença do erro”.

O homem rejeita conscientemente o conhecimento de Deus de duas formas: a. Deixando de glorificá-lo por quem ele é. O homem deveria olhar para a natureza e ver nela a glória de Deus.

Deixar de reconhecer os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua divindade nas obras da criação é privar Deus da sua própria glória. John Murray esclarece que glorificar a Deus como Deus não é aumentar a glória de Deus; significa meramente atribuir a Deus a glória que lhe pertence como Deus, ou seja, dar a ele, nos pensamentos, afetos e devoção, o lugar que lhe é devido, em virtude das perfeições que a própria criação visível manifesta.

Atribuir a criação ao acaso é despojar Deus de sua majestade.

Portanto, quando os povos pagãos, seja nos grandes centros urbanos, seja nas selvas mais remotas, dão glória aos seus ídolos, não fazem isso de forma inocente. Trata-se de uma rebelião deliberada.

Deixando de agradecer-lhe pelo que fez. Glorificamos a Deus por quem ele é e damos graças a Deus por aquilo que ele faz. A criatura deixa de ser grata para ser ingrata.

Deus criou a terra e a encheu de fartura. Deus deu ao homem vida, saúde, pão, as estações e tudo mais para o seu aprazimento. Contudo, a resposta do homem a todo esse bem é uma consciente e deliberada ingratidão.

 

Qual é a razão dessa rejeição consciente? Tudo começa na mente. Os homens se tornaram nulos em seus próprios raciocínios. O homem começou a pensar e tirou Deus como referência do seu pensamento. O homem começou a refletir e tirou Deus como fonte de todo o bem. O homem começou a criar as suas próprias hipóteses, e muitas filosofias foram inventadas. O homem tornou-se o centro e a medida de todas as coisas. Não havia mais espaço para Deus. O resultado é que, nesse vazio de Deus, o raciocínio do homem tornou-se nulo.

Em terceiro lugar, comportamento inconsequente. “… obscurecendo-se lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” (1.21,22). O que começa na mente vai para o coração. O raciocínio errado leva o coração às trevas. Quando o homem perde o conhecimento de Deus, perde também a referência de santidade. Não sabe mais de onde vem, nem para onde vai. Torna-se totalmente louco, não compreendendo a si mesmo ou mesmo o universo em que vive. “E fatal confundir esclarecimento filosófico com iluminação espiritual, pois o efeito do pecado sobre a mente do homem é tornar sua suposta sabedoria em tolice”.

Um raciocínio nulo gera um coração obscuro. Uma mente sem Deus produz uma vida de trevas. Banir Deus deliberadamente da vida desemboca no obscurantismo moral, na loucura mais consumada. Essa é a situação hedionda em que os homens se meteram. Eles achavam que deixar Deus de fora seria um ato de sabedoria, mas Paulo diz que essa é a mais consumada loucura. Para William Hendriksen, tal obscurantismo indica embotamento mental, desespero emocional e depravação espiritual.

Charles Erdman arrazoa: “Essa é a divina estimativa dos mais orgulhosos filósofos da Grécia e de Roma, e de toda a blasonada sabedoria do Eufrates e do Nilo. Ainda hoje a mais obtusa infidelidade pode coincidir com a mais deslavada presunção. O moderno sábio adora-se a si mesmo.

Em quarto lugar, idolatria irreverente. “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (1.23). Aquilo que começou na mente e desceu ao coração deságua na religião. A pretensa sabedoria humana de rejeitar o conhecimento de Deus e mudar a glória do Deus incorruptível em imagens de homens, aves, quadrúpedes e répteis é a mais tosca loucura e o nível mais baixo da degradação espiritual. Em seu pensamento os seres humanos reduzem Deus a duas pernas, depois a quatro patas, e finalmente a rastejar sobre o ventre. E em todo o tempo eles se dizem sábios.

Partindo da adoração do Deus vivo e verdadeiro, a humanidade gradualmente desceu à idolatria e ao fetichismo. Warren Wiersbe diz que, se o homem não adora o Deus verdadeiro, adorará um deus falso, mesmo que ele próprio tenha de confeccioná-lo. A mente humana nunca é um vácuo religioso; se houver a ausência do que é verdadeiro, sempre haverá a presença do que é falso. A razão separada da fonte de luz conduziu os homens a um delírio de inutilidade. Geoffrey Wilson argumenta com propriedade que ainda hoje muitos religiosos alegam invocar seu deus por meio de imagens, afirmando que eles não se curvam à imagem em si. Arão fez um bezerro de ouro, mas não tinha a menor intenção de levar o povo a adorar a imagem. Ele disse: “Amanhã, será festa ao Senhor” (Ex 32.5). O bezerro era simplesmente um auxílio à devoção, mas o julgamento de Deus a respeito foi muito diferente: “Em Horebe, fizeram um bezerro e adoraram o ídolo fundido. E, assim, trocaram a glória de Deus pelo simulacro de um novilho que come erva” (SI 106.19,20).

Charles Erdman tem razão quando diz que aqueles que se recusam a render culto a Deus e não sentem prazer em prestar-lhe obediência são comumente os autores de teorias e crenças errôneas tão populares quanto vazias e absurdas”. LOPES. Hernandes Dias. Romanos O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 83-86.

2. Negação de que o homem é um ser singular. Veja, antes de definir o proposto no subtema, algumas acusações dos neo-ateus contra os cristãos: “Outra acusação neo ateísta comum é a de que fé cristã resulta numa educação inadequada das crianças. Richard Dawkins, autor neo ateu especialmente sórdido, chega a comparar ao abuso infantil a educação que pais cristãos dão a seus filhos. Há algumas décadas, na União Soviética e em outros lugares, posições como a de Dawkins foram levadas às últimas consequências. Em casos a perder de vista, filhos de cristãos foram impedidos de receber uma educação cristã e lhes impingiram uma educação segundo a ideologia do estado, o ateísmo. Os resultados obtidos indicam que o ateísmo generalizado e seus alegados méritos educacionais não cooperam para o sucesso e bem estar de uma sociedade.

A educação cristã, por outro lado, aquela abominada por Dawkins, consolidou-se ao longo de séculos de pioneirismo. Isto não significa que educação cristã não possa melhorar. Significa que a concepção norteadora continuará sendo a mesma sólida concepção de Comenius, o pioneiro da educação moderna; de Robert Raikes, criador da escola dominical; de Dom Bosco, criador do sistema preventivo; e de tantos outros grandes pioneiros cujos bons frutos permanecem.

Uma terceira acusação lançada por neo ateus aos cristãos, é a de que fé cristã leva a violência e guerras. Há pelo menos dois problemas sérios com tal acusação. Em primeiro lugar, os acusadores parecem desconhecer os Amish, Menonitas, Quakers e demais cristãos que, exclusivamente com base em sua fé cristã, defendem posições categóricas de não violência. Em segundo lugar, os acusadores decidiram esquecer que as maiores tragédias e atrocidades da história da humanidade foram cometidas por ateus convictos (Stalin, Dzerzhinsky, Hoxha, Ceausescu, Pol Pot, etc.) Isso não exime cristãos da apurar a influência que a fé cristã teve (ou não teve) em capítulos violentos da história. Devem fazê-lo, e a boa notícia é que esse tipo de confrontação tem acontecido. A qualidade do processo é evidenciado, entre outros, pelo clima de entendimento e fraternidade nos diálogos católico-luterano, luterano-menonita e católico-menonita. Aos neo ateus fica a possibilidade concreta de seguir o exemplo dos cristãos e tratar com as partes envolvidas os capítulos negros da história do ateísmo. “Como é que você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão.” Esse ensinamento de Jesus de Nazaré aos que o seguiam não perdeu atualidade; e parece pertinente a todos.”

Sobre a criação do homem, CHAMPLIN esclarece: “À nossa imagem. Os animais foram criados “conforme a sua espécie”, Mas o homem foi criado ״conforme a espécie de Deus”, ou seja, de acordo com a Sua natureza, o que prevê a final participação do homem na natureza divina. Esse é o nosso mais elevado conceito religioso. Paulo foi quem o desenvolveu. Há muitos mistérios ligados a ele.

A imagem (no hebraico, selem) fala sobre a imagem mental, moral e espiritual de Deus, O homem veio à existência compartilhando de algo da natureza divina: e em Cristo, essa imagem é grandemente fomentada, a ponto de os salvos virem a compartilhar da natureza divina, em um sentido finito, mas real. Os atributos de Deus como Sua veracidade, sabedoria, amor, santidade e justiça passam a ser atributos dos salvos, posto que parcialmente. Isso eleva o homem muito acima do reino animal”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 5-16.

IV. RESPONDENDO AO MATERIALISMO E AO ATEÍSMO

1. Afirmando as verdades da Bíblia. O pecador está num estado de trevas, mas há Alguém que pode dar-lhe luz. O pastor não precisa se desesperar por não haver decisões; porque o Evangelho está escondido para o perdido; há Alguém que pode fazê-lo entender. Paulo disse: “Porque Deus, que disse que das trevas repreendesse a luz, e quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”, 2 Cor. 4:6. E aos Efésios ele falou: “Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz”, Ef. 5:8. As pessoas que trabalham nas minas carregam uma lâmpada no capacete; o crente tem uma lâmpada no coração.

A parte do texto agora diante de nós, nos leva de volta a Gênesis 1 onde Deus disse: “Haja luz”. A história antiga desta terra corresponde à história espiritual do crente em Cristo. A Bíblia diz que a terra era sem forma e vazia, com trevas pairando sobre a face do abismo. Isto se repetiu na queda do homem. Adão não permaneceu em seu estado de santidade. Como a terra antes dele, o homem tornou-se perdido, uma ruína. Seu entendimento foi obscurecido, e ele foi alienado da vida de Deus.

Lemos também em Gênesis 1:2-3 que “O Espírito de Deus se moveu sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz”. Houve primeiro a ação do Espírito e depois a Palavra falada. O mesmo é verdadeiro na conversão humana, que é a obra da nova criação. A luz veio ao pecador através da Palavra aplicada pelo Espírito Santo. O pecado tem obscurecido a mente do homem; todo seu raciocínio com referência às coisas de Deus, sobre Deus, sobre o pecado e salvação. Precisa, portanto, de luz em todas estas coisas. E esta luz que vem do Espírito Santo opera na mente do pecador, fazendo com que ele pense diferente do que antes. Esta mundana de pensamento é muito marcante em minha experiência pessoal. Minhas opiniões presentes sobre o pecado e a salvação são tão diferentes das minhas opiniões anteriores, como o dia é diferente da noite. E esta mudança é o resultado de Deus ter iluminado meu coração com a luz do conhecimento do Evangelho. Para Pedro, quando confessou sua fé em Cristo, foi dito: “Porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus”, Mt. 16.17.

Paulo disse a Timóteo que o servo não deve brigar com aqueles que se opõe a sua mensagem, mas pregar em esperança de que um dia Deus faça com que se arrependem (mudem a mente), levando-os ao conhecimento da verdade para que possam se libertar da armadilha de Satanás. Satanás arruina a mente humana, mas Deus pode restaurá-la. Satanás traz escuridão à alma humana, mas Deus pode brilhar nela e acabar com as trevas.

O homem espiritualmente cego não sabe que está assim. Ele acha que seus pensamentos a respeito do pecado e da salvação são certos. O homem fisicamente cego sente-se feliz em ter um guia, alguém que o leve de um lugar para outro. Mas o cego espiritual zomba de um guia. É por isto que muitos pecadores discutirão ferozmente sobre a questão da salvação, opondo-se à Palavra de Deus. É por isto que os homens argumentarão que devem trabalhar, a fim de ganharem a salvação. No entanto a Palavra de Deus diz que a salvação não é pelas obras. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”, Ef. 2:8-9.

Que Deus possa brilhar em alguma alma que se achar em trevas hoje, a fim de que possa ver o caminho de salvação do Evangelho.

“Também vos notifico, irmãos, o Evangelho que já vos tenho anunciado o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. E que foi sepultado e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”, 1 Cor. 15:1-4.

O Deus que Fala (1.1,2a)

Os primeiros quatro versículos formam um único período e constituem o prólogo de Hebreus. Nele lemos acerca da auto-revelação de Deus em seu Filho visível e histórico e a função deste Filho na criação, revelação, providência e redenção.

O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) nos ajuda a compreender: “A sanidade e a certeza diante do caos e do murmúrio de muitas vozes são possíveis somente na redescoberta do fato de que Deus falou. Deus é iminente e transcendente nos afazeres dos homens. Jesus Cristo é o Autor e a Origem da fé cristã; ao nos defrontarmos com sua pessoa e ministério terreno estamos nos defrontando com Deus.

a) A revelação passada de Deus (1.1a). O autor inspirado está se referindo aqui não à revelação geral na natureza e na consciência, feita a todos os homens, mas à revelação especial, feita aos pais, i.e., à nação hebraica e seus antepassados. A pessoa de Deus, junto com sua santidade de caráter e vontade soberana para seu povo, foi revelada “muitas vezes e de várias maneiras”.1 Embora os tempos e os métodos variassem bastante, a forma era uniforme — pelos profetas. O escritor aos Hebreus está determinado a ajudar seus companheiros hebreus vacilantes a ouvir a mensagem completa de Deus transmitida por meio do seu Filho. E uma mensagem que excede em muito o que havia sido revelado até então, uma mensagem de redenção perfeita e que em seu caráter definitivo constitui um ultimato solene.

b) A revelação progressiva de Deus (1.1b). A auto-revelação de Deus foi progressiva pelo menos no sentido de que a palavra dos profetas era cumulativa. Quando nos referimos aos profetas entendemos que são não somente os que proferiram mensagens orais, mas todos os autores do Antigo Testamento. O que Deus disse por meio de Moisés aos israelitas no deserto também disse a Esdras e sua geração por meio do livro de Moisés. Da mesma forma que um pequeno córrego se transforma em um grande rio, a Palavra de Deus se torna compacta e completa, suficiente para preparar os judeus e aprovar esses cristãos hebreus, se tiverem olhos para ver e ouvidos para ouvir. Jesus considerou o Antigo Testamento uma testemunha adequada dele próprio (Jo 5.39-47).

c) A revelação perfeita de Deus (1.1b). As locuções contrastantes “antigamente” (1.1a) e nestes últimos dias são suficientes para descartar qualquer noção de que a revelação de Deus pode ser dissociada dos acontecimentos históricos. Pelo contrário, os acontecimentos estruturam as verdades derivadas deles. Embora a atenção seja aqui focada na revelação recente em um Filho, isto também é um acontecimento histórico concreto, na verdade uma Pessoa, identificada por todos os cristãos hebreus como Jesus de Nazaré. Encontramos aqui a revelação completa e culminante. Jesus Cristo é a Palavra final e completa de Deus ao homem; tudo que veio antes dele é parcial e preparatório, e tudo que veio depois é a ampliação e clarificação dessa Palavra. Deus fala por intermédio das palavras do nosso Senhor, mas também por meio dos acontecimentos do seu ministério redentor, sua concepção e nascimento, sua vida, morte, ressurreição e ascensão.

O Filho Encarnado (1.2b,3d)

a) Sua missão é especificada (1.3d). Nós tratamos primeiro desse aspecto, porque na mente do autor ele está subordinado (no momento) à identidade da pessoa de Cristo. Ele exprime isso de maneira muito sucinta, não como uma missão experimental, mas como uma missão cumprida: havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados.3 A Encarnação era necessária por causa do pecado do homem, e seu único alvo era a redenção do homem das garras do pecado. Todas as implicações dessa verdade serão esclarecidas nessa epístola.

b) Sua pessoa é identificada (1.2b,3). Um aspecto mais urgente é que os cristãos hebreus deverão ver a humilhação do seu Senhor como um interlúdio profundo, mas breve, entre a sua glória preexistente e a retomada dela. A cruz era uma ofensa para os judeus, e mesmo esses cristãos hebreus estavam em perigo de se envergonharem dela, como uma marca de fraqueza e derrota em vez de triunfo e poder. Era imperativo que vissem a cruz à luz daquele que sofreu nela. O poder redentor da sua morte não estava apenas no ato em si mas na identidade do Agente desse ato. Portanto, nestes versículos introdutórios contundentes, a breve referência à missão do Filho (v. 3) está fundamentada em cuidadosa identificação. Quem é esse Filho?

(1) O agente do poder de Deus (1.2). No versículo 2, vemos sua posição pré-encarnada como o Agente do poder criativo de Deus: a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.4 Como Herdeiro, Jesus é o “dono legítimo” (NT Amplificado). Jesus não veio para negociar com o Diabo, mas para derrotar o usurpador com sua própria arma, a morte, e reivindicar aquilo que é seu (2.8-15; 1 Co 15.24,25).

A ação de Jesus em criar o universo material é secundária (sugerida por dia — por, lit., “por meio de” — com o genitivo) à do Pai, que é principal. Este é um conceito difícil e o seu significado completo pode nos iludir. Há uma base aqui para a doutrina de que o Filho é o Logos (Palavra) eterno, ao mesmo tempo que é o meio de expressão da divindade. Portanto, mesmo antes da criação, o Logos era essa natureza em Deus que possuía a capacidade de comunicação e concreção em potencial. Embora não seja o demiurgo dos gnósticos, o Logos era, não obstante, o mediador entre a ordem matéria-espaço-tempo e o espírito puro. Quando essas ideias dualistas de domínio (herdeiro) e criatividade são percebidas, mesmo que de forma vaga, a enormidade do pecado da rejeição de Cristo torna-se evidente (Jo 1.10-11).

(2) A expressão da Pessoa essencial de Deus (1.3ab). Fica claro que esse Filho não é somente um Agente mas um Aspecto (podíamos assim dizer) da própria divindade. Ele não pode ser dissociado do ser essencial do Pai. Em primeiro lugar, como o esplendor da sua glória, Ele revela de forma perfeita a majestade de Deus. No entanto, mais do que isto, Ele é a expressa imagem da sua pessoa (cf. Cl 1.15) ou, como a NVI traduz: a “expressão exata do seu ser”. Isto é mais do que a imagem de Deus na qual o homem foi criado e, certamente, muito mais do que a expressão da santidade de Deus por meio dos seus atos poderosos; não é nada menos do que a revelação de forma concreta e visível do próprio Deus. Mas, visto que não vemos no Filho encarnado a expressão exata ou completa dos atributos absolutos de imensidade, imutabilidade, ou infinidade, podemos inferir que o ser essencial de Deus é primariamente santo e, em Jesus, vemos a expressão exata da personalidade em sua atividade criativa e amor redentor.

(3) O braço da providência de Deus (1.3c). O Filho não é apenas o Agente da criação, mas Ele é o Agente da providência, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder. O poder de nosso Senhor não está na sua habilidade mobilizadora, mas somente na sua palavra falada. “Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra” (Mt 8.3). “Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança” (Mt 8.26). Em muitas dessas ocasiões, na verdade, ao longo de todo seu ministério, este domínio tranquilo sobre a natureza foi exibido. Seus milagres não eram o exercício de um dom especial que Deus podia ter dado temporariamente a um homem; eles eram o exercício de suas próprias prerrogativas. Como tal, eles não eram nada mais do que reflexos tímidos desse controle e supervisão mais amplos que mantêm o equilíbrio e a precisão no universo. E Aquele que é o Senhor das estrelas e planetas é Senhor das circunstâncias em nossa vida.

Esse senhorio pertence essencialmente ao Filho eterno. Na natureza humana da sua teantrópica pessoa Ele era sujeito à lei natural, como homem: Ele foi amamentado na sua infância; Ele cresceu em estatura e faculdades mentais; teve fome e sede; sofreu dor, tanto no corpo como na alma. Nosso Senhor nunca usou o seu poder para escapar ou aliviar os fortes vínculos com sua humanidade (Mt 4.3). Como Filho nascido de uma virgem, Ele foi sujeito à vontade de seu P^ti, e “aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (5.8). Mas seu senhorio essencial nunca se alterou. Quando ensinou e agiu, falou e agiu como homem, em respeito constante ao Pai. Porém, ao mesmo tempo, Ele falou e agiu — quer perdoando pecados ou curando corpos ou ressuscitando mortos ou acalmando as tempestades — com a segurança e a realeza do Senhor. A dialética do humano e do divino encontra sua síntese em suas próprias palavras: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).

Esta é a identidade tríplice que o escritor aos Hebreus procura estabelecer de maneira tão meticulosa no início do seu discurso: Agente na criação, o Logos da revelação, e o Senhor da providência.

O Senhor Vitorioso (1.3e—2.4)

a) O trono retomado (1.3e). Este Senhor divino é Aquele que assentou-se à destra da Majestade, nas alturas. Aqui temos o sujeito principal e o predicado do versículo 3. Tudo o mais modifica, identificando sua pessoa e especificando sua obra terrena. Afigura é de uma exaltação triunfante. Sua missão está cumprida, e Ele toma o seu lugar como “Vice-gerente” do Pai (simbolizado pela destra). Esse é o seu lugar legítimo, onde exercita seu pleno poder como advogado (Mt 29.18)”.

2. Fazendo uso correto da razão. CHAMPLIN esclarece: “Deus é o maior de todos os intelectos. Joseph Smith certamente estava certo ao dizer: «A glória de Deus é a sua inteligência». Referindo-nos aos atributos de Deus, conferimos-lhe todas as mais elevadas qualidades do intelecto, da razão e da racionalidade. Como, pois, os homens, criados à imagem de Deus, seriam destituídos de mente?

Apesar de que algumas verdades podem permanecer aparentemente incoerentes e autocontraditórias (como é o caso dos paradoxos; vide), muitas outras verdades estão sujeitas à nossa razão. E os próprios paradoxos poderão ser sondados por nossas mentes, quando nosso conhecimento aumentar o suficiente para tanto.

O apelo à razão é útil para testarmos reivindicações rivais de revelação, bíblicas ou extra bíblicas.

A fé cega é. verdadeiramente, conforme alguém já disse meramente «é crença em algo que não é verdadeiro».

 

À crença no poder da fé algumas vezes consiste meramente na crença nos dogmas de minha denominação religiosa. Os homens são arrogantes, e com frequência ocultam sua arrogância por detrás de uma suposta elevada espiritualidade, o que pode ser pouco mais do que a ignorância.

A ignorância não tem valor; mas homens tolos gostam de defender a ignorância como se estivessem defendendo a fé, o que não tem base alguma na realidade dos fatos. A nossa fé deve ser uma fé esclarecida.

A suposição de que a verdade é simples e abre-se diante da fé isolada é ridícula. Quanto mais vamos conhecendo sobre a verdade, tanto mais ficamos impressionados com a sua complexidade. A verdade precisa ser investigada por muitos ângulos e através de muitos meios, antes que possa ser desvendada.

A fé cega, que não raciocina, é uma violação da integridade da personalidade humana, que é uma unidade complexa. Uma das muitas capacidades da personalidade humana é a do raciocínio, e todas as capacidades humanas devem ser empregadas na busca pela verdade.

Embora a razão não crie revelações, estas devem ser examinadas pelo poder da razão.

A razão é uma guardiã da alma, capaz de anular um falso misticismo, falsas ideias e os exageros de pessoas religiosas imaturas.

A razão autêntica pesquisa humildemente em busca da verdade. A arrogância não é uma qualidade necessária da intelectualidade.

A razão é aliada da verdadeira fé. A razão e a fé são instrumentos de inquirição e descobrem as mesmas verdades. No caso de certas verdades, a razão pode encontrá-las com maior facilidade; por outra parte, a fé pode descobrir certas verdades com mais facilidade do que a razão. E também hâ verdades que requerem a utilização tanto da razão quanto da verdade.

A razão tem-se mostrado especialmente valiosa na busca por definições e provas de imortalidade, uma grande verdade religiosa. Ê bom crer, e ainda é melhor saber por qual motivo cremos.

Algumas mentes sentem-se mais à vontade com a razão do que com a fé, e, para elas, a razão é o melhor caminho.

A razão é especialmente eficaz em campos como a ética e metafísica. Sem algumas ideias verdadeiras (que precisam ser testadas), não podem subsistir nem a ética e nem a religião metafísica.

A fé (no caso de pessoas extremamente místicas) pode ser exagerada, manipulada por grande variedade de sistemas religiosos, alguns dos quais obviamente falsos, enquanto que outros sistemas contêm muitas ideias falsas. Pensemos sobre as muitas seitas cristãs que têm surgido com base em falsas reivindicações místicas A razão precisa dar sua contribuição, em algum ponto do caminho. Naturalmente, acima da razão precisamos testar empiricamente as ideias, sendo essa apenas uma outra maneira de obtermos conhecimentos. Ver o artigo geral intitulado Autoridade, quanto à teoria das fontes múltiplas da verdade.

Todos os dons de Deus são excelentes, e muito devem ser desejados e buscados. O poder da razão, que se origina no intelecto, é um dos preciosos dons de Deus. Desprezar esse dom é um absurdo. Aristóteles considerava Deus como o Intelecto. E todos os homens são intelectos, criados à imagem do Grande Intelecto. Isso faz parte da herança humana, que é uma pessoa espiritual. Ê um erro crasso desprezar essa herança divina que possuímos”.

AUXÍLIO APOLOGÉTICA

O CRIADOR É O DEUS DA BÍBLIA?

“Você pode acreditar nas ideias do homem falível de que não existe Deus, ou confiar em sua perfeita Palavra, os sessenta e seis livros da Bíblia que dizem que Deus existe. O estimulante em ser cristão é saber que a Bíblia não é apenas outro livro religioso, mas, conforme afirma, é a Palavra do Deus Criador. Só a Bíblia explica por que existe beleza e feiura; vida e morte; saúde e doença; amor e ódio. Só a Bíblia fornece relato verdadeiro e confiável da origem de todas as entidades básicas da vida e de todo o universo”

CONCLUSÃO

A tendência humana é distanciar-se cada vez mais da vontade divina, e isso é bíblico (Rm 1.24-32). Essa seção descreve a espiral descendente da ira do abandono de Deus na vida das pessoas quando Deus as abandona. Paulo mostra a essência (Rm 1.24-23), a expressão (vs. 26-27) e a extensão (vs. 28-32) da pecaminosidade do ser humano. Por essa causa, Deus entregou - esse é um termo judicial grego usado para entregar um prisioneiro para que cumpra a sentença que recebeu. Quando, de modo consistente, os seres humanos abandonam a Deus, ele os abandonará (Jz 10.13; 2Cr 15.2; 24.20; SI 81.11-12; Os 4.17; Mt 15.14; At 7.38-42; 14.16) Ele faz isso:

1) indireta e imediatamente, retirando o seu controle sobre e eles e permitindo que os pecados deles sigam o seu curso inevitável, e

2) direta e consequentemente, por ações específicas do julgamento divino e punição.

Portanto, a decadência moral, ética, materialista e ateísta de nossos dias, é um claro sinal de que Deus já está julgando a humanidade caída. Cabe à Igreja, manter-se intacta, incólume, nesse momento, orando e vigiando; guardando a sã doutrina e espalhando o perfume de Cristo, a fim de alcançar ainda alguns para o Reino, até que se cumpra o tempo determinado.

 

 

FONTE: auxilioebd.blogspot.