26 de abril de 2017

JACÓ: UM EXEMPLO DE CARÁTER RESTAURADO


JACÓ: UM EXEMPLO DE CARÁTER RESTAURADO
INTRODUÇÃO
Isaque teve dois filhos gêmeos. Esaú tinha uma inclinação para o campo, para vida pastoril e também para a caça. Jacó, ao contrário, pelo seu temperamento e por sua personalidade, voltou- se para vida doméstica. Logo revelou ter um caráter oportunista e usurpador, que o levou a enganar o pai com apoio da mãe. As consequências foram duras em sua vida. O que plantou, colheu com grande sofrimento. Mas a misericórdia de Deus o alcançou e o Senhor o escolheu para ser o pai das doze tribos de Israel.
I – Os Dois Filhos de Isaque
A família de Abraão destaca-se na Bíblia desde que o patriarca foi chamado por Deus para uma grande missão. Ele vivia em Ur, na Caldeia, juntamente com seu pai, Tera. Em Harã Abrão ouviu o chamado de Deus para que deixasse sua parentela e fosse para uma terá que ele não conhecia (Gn12.13). Abraão quando tinha 100 anos foi pai de Isaque, e Sara sua esposa tinha 90 anos. Isaque seguiu os passos do pai e habitou em Gerar, na terra dos filisteus. Seus filhos nasceram gêmeos, o primogênito Esaú, tinha índole e caráter completamente diferente de Jacó o mais novo.
Esaú tinha uma inclinação para o campo, para a vida pastoril e também para a caça. Ele gostava de viver nas planícies, nos montes e nos vales que tinham em sua terra. Jacó, ao contrário, pelo seu temperamento e também por sua personalidade, voltou-se a vida doméstica. Ele gostava mais de estar ao lado de seus pais, ajudando nos afazeres do lar e apreciando a confecção de alimentos e refeições.
Um episódio que marcou a vida dos dois irmãos ocorreu quando, em um determinado momento, Esaú chegou de sua jornada, cansado e faminto, e encontrou Jacó, seu irmão, que preparara uma sopa de lentilhas que exalava um cheiro agradável, despertando ainda mais a fome de Esaú. Naquela ocasião Esaú fez um pedido a Jacó dizendo: “Dá-me da tua sopa, pois estou com muita fome”.
Jacó não perdeu tempo usando de esperteza e astucia, disse para o seu irmão: “Eu lhe dou da minha sopa se você me vender o seu direito de primogenitura”. Naquele momento Esaú disse: “De que me serve o direito de primogenitura se no momento, estou com fome”. E ele trocou seu precioso direito por um prato de lentilhas. Jacó poderia ter compartilhado de sua sopa com seu irmão, que estava faminto e cansado, mas não fez isso. Ele aproveitou da ocasião para obter um direito que, pela Lei, não era dele, querendo de fato, usurpar o direito de primogenitura do seu irmão.
Por outro lado, vemos Esaú, um homem que não dava valor à benção de ser o filho mais velho. Ele nem ao menos considerou o valor de ser o primogênito diante de Deus, da família e do seu povo.
De uma maneira muito irresponsável, trocou seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas, e isso custou muito caro.
Dessa forma os dois irmãos tinham personalidades e temperamentos bem diferentes. Noutra ocasião, Isaque, já bastante idoso, resolveu determinar uma benção de Deus sobre a vida de Esaú, o seu primogênito. Fazia parte da história e da tradição do povo hebreu do Antigo Testamento o primogênito ter seus direitos dobrados com relação à partilha da herança. E Isaque quis, além desse direito natural, ministrar, pela fé em Deus, uma benção especial sobre o seu filho primogênito. Ele, porém, foi surpreendido pela astucia da própria esposa, que induzira seu filho a enganar seu pai e apropriar-se da benção de Isaque. As consequências não foram nada desejáveis. Sentindo-se traído, Esaú quis matar Jacó, que teve que fugir do seu irmão. Diante de todos esse fatos, Jacó demonstrava que tinha caráter prejudicado por falhas de sua personalidade. Ele precisava ser restaurado.
 
II – JACÓ, QUEM ERA ELE
1 - O filho mais novo de Isaque
Ele integra a lista dos três patriarcas hebreus que marcaram a história de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Sua história foi pontilhada de episódios dramáticos desde o seu nascimento. Isaque e Rebeca oraram a Deus para que pudessem ter filhos, pois ela era estéril, e Deus ouviu suas orações (Gn 25.20,21). Quando Isaque tinha 60 anos, o casal teve dois filhos gêmeos como resposta de Deus. O texto diz que havia no ventre um luta entre os bebes (Gn 25.22). em oração Deus revelou que, no ventre de sua mãe, havia duas nações. Um fato profético que se cumpriu plenamente. A nação de Jacó sempre viveu em confronto coma nação de Esaú.
Se os meninos lutavam no ventre ao nascer, houver disputa para ver quem sairia primeiro. Esaú nasceu primeiro, peludo e ruivo. Essa é a razão do seu nome, que tem significado de vermelho, ou Edom. O segundo recebeu o nome de Jacó, que, em hebraico, é Yaakov, que significa “Deus protege”, o sentido primeiro e original do nome. Jacó nasceu agarrado ao calcanhar do seu irmão. Por causa disso, o seu nome passou a ter o significado de “aquele que segura pelo calcanhar” ou “suplantador”.
2 – O preferido de sua mãe
Isaque tinha preferência por Esaú porque gostava de caça, e Rebeca amava mais a Jacó por ver “varão simples, habitando em tendas” (v. 27). Essa preferência dividida entre os pais por causa dos filhos não resultou em benefício algum para a família. Quando Isaque quis dar a bênção a Esaú, o primogênito (Gn 27.1-5), Rebeca, numa demonstração clara do seu caráter astucioso, chamou Jacó e o induziu a enganar seu pai (Gn 27.11,12,14,15). Enganado, Isaque abençoou Jacó (Gn 27.27-29).
Ao retornar da caça, Esaú descobriu que seu irmão tomara sua bênção. Desesperado, recebeu do pai uma bênção menor (Gn 27.39,40). Cheio de ódio, planejou matar seu irmão (Gn 27.41). Jacó teve que fugir ameaçado por Esaú. Isaque percebeu que Deus tinha um plano na vida de Jacó, e o despediu com uma bênção profética de grande significado (Gn 28.1-4).
A lei da herança nos ajuda a responder a questão ética e judicial: foi errado Rebeca e Jacó enganar a Isaque? A resposta é não, não foi errado. A cegueira física de Isaque refletia seu julgamento moral. Jacó e Rebeca tomaram vantagem de sua fraqueza física para sobrepujar a sua fraqueza moral. Eles estavam encarando um velho moralmente cego, que não reconheceria a legitimidade da profecia de Deus feita à Rebeca sobre os dois filhos e a respectiva linha pactual deles, nem honraria a venda que Esaú fez de sua primogenitura a Jacó. Isaque estava disposto a desafiar Deus por causa de seu deleite no sabor de uma carne ensopada (Gn. 27.3-4). Nisso, Isaque foi tão míope quanto Esaú quando vendeu sua primogenitura por um ensopado de lentilhas. Rebeca estava moral e legalmente justificada em arruinar o plano vil do seu marido de deserdar Jacó, e através desse ato de rebelião, deserdar a semente pactual prometida por Deus. Deus tinha especificado para ela que filho deveria herdar. Isaque estava em rebelião! (http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/rebeca-jaco-enganaram_north.pdf).
·         Como resultado do flagrante favorito de seus pais, a devastação emocional é desencadeada nos dois irmãos, e os seus caracteres são descrito pelo tratamento preferencial. Esaú cresceu obstinado e orgulhoso, sem autocontrole. Jacó tornou-se mentiroso e conspirador, sem autoestima, querendo, desesperadamente, ser amado e aceito por seu pai, estando disposto a fazer qualquer coisa para ganhar a aprovação de Isaque, mesmo que isso significasse enganar. (BUSIC, David A.)
3 – Preferido de Deus
 A escolha de Jacó é um caso especial de presciência divina face aos desígnios de Deus. Deus não tem filhos privilegiados, nem escolhe uns para a salvação e outros para a condenação, pois tal atitude contrariaria frontalmente o seu caráter santo, justo e bom. Seria uma terrível discriminação
por parte de Deus que condena quem faz acepção de pessoas (Tg 2.9; Pe 1.17). Mas, em sua soberania, em casos especiais, Ele escolhe pessoas para serem instrumentos de sua vontade diretiva. Jacó foi um desses escolhidos, ainda no ventre (Rm 9.9-13).
·         A referência “amei a Jacó e odiei a Esaú” é uma citação do livro de Malaquias 1.1-4. Em Malaquias, esses nomes representam os povos que descenderam de Jacó, e os que descenderam de Esaú, os edomitas. Em vista de que os edomitas haviam perseguido os judeus, Deus disse: “desolarei a vossa terra...” Deus prometeu o direito de primogenitura a Jacó. Significava isso que Esaú não podia salvar-se? Logicamente não. Em parte alguma das Escrituras lemos que Esaú não podia ser salvo. Esaú de fato buscou o direito de primogenitura com lágrimas, e foi incapaz de obtê-lo, mas em parte nenhuma a Bíblia diz que ele não poderia salvar-se. Na realidade, a Bíblia diz é que Deus amoleceu o seu coração para com o irmão, e ele o acolheu no fim de sua vida (Gênesis 33.4) Extraído do site: http://www.cacp.org.br/amei-a-jaco-me-aborreci-de-esau/.
 
·         Hernandes Dias Lopes escreve: “Jacó recebeu um nome que foi o espelho da sua personalidade: enganador, suplantador. Ele nasceu segurando no calcanhar do seu irmão. Ele aproveitou um momento de fraqueza do seu irmão, para arrancar-lhe o direito de primogenitura. Ele aproveitou um momento de cegueira do seu pai, para mentir para ele e se passar como se fosse Esaú. Ele mentiu em nome de Deus e roubou a bênção que Isaque intentava dar a Esaú. Jacó tinha um comportamento reprovável. Ele enganou, mentiu, traiu. Mas a despeito de quem era, Deus o amou e continuou investindo na sua vida. Assim é o amor de Deus por nós. Ele nos ama apesar de nós. Temos pecado contra ele, mas ele continua nos amando e investindo em nós ”http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/jaco-um-homem-a-quem-deus-nao-desiste-de-amar/.
III – ASPECTOS DO CARÁTER DE JACÓ
Antes do seu encontro com Deus
1 – Oportunista e Egoísta
·         Quando seu irmão chegou com fome e pediu-lhe para comer do seu guisado, ele poderia ter-lhe oferecido de sua comida, compartilhado sua refeição. No entanto, numa prova de oportunismo e ambição, disse logo: “Vende-me hoje, hoje, a tua primogenitura” (Gn 25.31). O oportunismo e ambição de Jacó, pediu a seu irmão o que ele tinha de mais precioso em troca de um prato de lentilhas, que foi o direito de primogenitura, que lhe garantia privilégios quando da partilha da herança de seu pai. O primogênito era santificado ou consagrado a Deus (Ex 13.2, Nm 3.13; Lc 2.23); era tão importante ser o primogênito que Deus deu os levitas em lugar deles (Nm 3.12), a herança do primogênito era o dobro do que os demais filhos recebiam, mesmo que fosse filho de esposa “aborrecida” pelo marido (Dt 21.17); o primogênito tinha direito de assumir a liderança do pai sobre o grupo, o clã, a tribo ou o reino (2 Rs 3.27).
2 – Interesseiro e calculista
·         Enquanto Esaú era mediatista e agia por impulsos, Jacó era frio e calculista. Conhecedor do comportamento leviano do irmão, Jacó não apenas propôs trocar algo tão insignificante, como um prato de sopa de lentilhas, por algo tão valioso, como também exigiu que Esaú fizesse um juramento que garantisse que sua troca seria respeitada por toda a vida. Jacó era inteligente, provavelmente de temperamento fleumático, o que lhe dava condição de raciocinar para alcançar o que queria.
 
3     – Um caráter fraco e leniente
Jacó não era mais um adolescente; quando foi induzido por sua mãe a mentir e enganar seu pai, ele sabia que tal proposta era errada (Gn 27.11,12). Sua mãe insistiu na prática do erro chamando para si a maldição daquele engano, daquele arranjo fraudulento. Jacó por sua vez não teve força moral para ficar firme e, mesmo contrariado, fez tudo o que sua mãe lhe obrigara: levou os cabritos para ela fazer o guisado, vestiu as roupas de Esaú, deixou sua mãe cobrir suas mãos com pelos de cabrito e levou o guisado para seu pai (Gn 27.6-17). Um filho deve honrar seus pais, pois é mandamento de Deus, mas não tem obrigação de compactuar com a mentira.
4 – Mentiroso e enganador
·         Ao chegar à presença de Isaque, este perguntou: “Quem és tu, meu filho?” (Gn 27.18). Era a hora da verdade. Ainda assim, Jacó preferiu continuar na mentira: “Eu sou Esaú, teu primogênito. Tenho feito como me disseste [...]”. Eis a primeira mentira. Onde estava o temor de Deus na vida de Jacó? Responder ao pai que era o irmão?! Isaque ficou admirado, pesando ser Esaú, e também como teria retornado tão rápido com a caça. Mais uma vez Jacó mentiu: “Porque o SENHOR, teu Deus, a mandou ao meu encontro”. Aí está a segunda mentira. Ao abraçar Jacó, Isaque disse: “A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são mãos de Esaú”. Confuso, Isaque perguntou: “És tu meu filho mesmo? E ele disse: Eu sou”. E assim Jacó mentiu pela terceira vez. Mesmo em dúvida, Isaque abençoou Jacó, pensando que era Esaú (Gn 27.18-29).
Depois do seu encontro com Deus
1 - Um caráter agradecido
·         Surpreendentemente, Jacó passou a ver as coisas numa perspectiva espiritual de um novo relacionamento com Deus e fez um voto, dizendo: “[...] Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, O SENHOR será o meu Deus, e esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus; e, de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”. A atitude de Jacó demonstra sua gratidão a Deus de forma antecipada. E o Senhor honrou a sua fé.
 
A graça é demonstrada no fato de que Deus veio até Jacó. Ele não disse o que Jacó deveria fazer, mas o que Ele faria por Jacó. Deus prometeu a Jacó a terra de Canaã. Ele prometeu estar com Jacó em suas jornadas, e o trazer seguro de volta a Canaã. O voto de Jacó não foi um mero contrato com Deus. Ele amava a Deus e acreditava em Suas promessas. Tendo crido nas promessas de Deus, ele fez estes três votos para demonstrar sua gratidão:
A. Jeová seria o seu Deus. Ele se dedicaria a adorar, servir e confiar no Deus verdadeiro.
 
B. Betel seria o lugar onde ele adoraria e serviria a Deus.
 
C. O dízimo seria entregue a Deus. Isto já foi demonstrado ser algo sagrado para Deus [Gênesis 14:20]. Muitos acreditam que isto seja um relato da conversão de Jacó. Na verdade, podemos olhar para este capítulo como um quadro do filho de Deus no caminho da obediência. Este texto foi retirado de:http://www.palavraprudente.com.br/estudos/sergio_f/genesis/cap17.html.
 
2 – Um caráter esforçado e sofredor
 
·         Ao chegar à casa de Labão, seu tio, revelou-se um homem trabalhador. Ali, começou a colher o que semeara em engano e mentira. Na "lua de mel", foi enganado pelo sogro. Em lugar de casar com Raquel, teve de casar com Leia. Só depois, casou com sua amada, e para tanto, trabalhou "outros sete anos" (Gn 29.21-30). Não foi apenas esse o preço que Jacó teve que pagar por sua vida de enganos e mentiras. Labão mudou o seu salário dez vezes, durante vinte anos (Gn 31.7). O que o homem semeia, isso é o que colhe (Gl 6.7). Mesmo tendo sido logrado por Labão, ele honestamente cumpriu com sua parte do acordo. Dedicou-se ao seu trabalho, e usou dos recursos que conhecia para fazer com que os cordeiros e cabritos que nascessem fossem pretos, malhados ou salpicados. Teve grande sucesso, e usou de uma técnica de seleção a fim de aprimorar seu próprio rebanho. Durante seis anos seu rebanho se multiplicou, e devido à sua técnica, as ovelhas de Labão eram fracas e as dele, fortes. Ele enriqueceu, adquirindo muitos rebanhos, escravos, camelos e jumentos, o que ele atribuiu a Deus (Gn 31:7,9).
 
Não foi apenas esse preço que Jacó teve que pagar por sua vida de enganos e mentiras. Labão mudou seu salário dez vezes durante 20 anos (Gn 31.7).
 
3 – Um homem na direção de Deus
 
·         Depois de ser enganado pelo sogro, Jacó reuniu sua família e fugiu de Harã. Mas não o fez apenas por medo do sogro. Sua saída de Harã foi por direção de Deus (Gn 31.3,13). Desse modo, Jacó empreendeu a fuga com a família, e logo foi perseguido pelo sogro. Este não pôde lhe fazer mal, porque Deus entrou em ação e lhe determinou que não falasse com Jacó "nem bem nem mal" (Gn 31.24). A providência divina é um fato, e ela nos guia pelo caminho. Essa é a convicção central de todo o livro de Gênesis. Apesar das faltas e falhas de Jacó, o propósito divino sempre controlou tudo em sua vida. O fato de Jacó ter voltado para sua terra foi outro capítulo na história de como Deus cuidava dele, dando-lhe alguma orientação especial necessária.
Para esclarecer o fato das varas listradas, leia-se Gn 31.10 - um sonho de Revelação. Somente neste ponto somos informados de que Jacó havia recebido uma experiência mística acerca da questão dos rebanhos. O trecho de Gn 30.32 ss. indica somente que ele fizera um negócio esperto, aparentemente usando sua razão, e não alguma revelação divina. Assim sendo, a questão das varas listradas foi somente uma medida de segurança. Ele acrescen­tou o artifício para garantir que o plano funcionaria. Seu sonho de revelação havia mostrado quais animais se multiplicariam mais. As varas eram apenas um artifício para garantir o resultado previsto em seu sonho. https://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/31.
 
IV – O REENCONTRO COM ESAÚ
 
Aproximando-se de Seir, na terra de Canaã, onde seu irmão vivia, Jacó enviou mensageiros a Esaú e anunciou o seu retorno. Os mensageiros voltaram e disseram que Esaú vinha ao seu encontro com 400 homens.
 
1 – Um homem quebrantado e temente a Deus
 
·         Jacó lembrou-se do seu passado e de sua desavença com o irmão e, temeroso dividiu a família em dois bandos para que um pudesse escapar em caso de ataque. Sua angústia era grande, porém sua oração revela seu temor (Gn 32. 9- 12). Ele enviou três grupos de servos, cada um levando presentes para aplacar uma suposta agressão por parte de Esaú (Gn 32.13-21).
 
2 – Um homem que lutou com Deus
 
·         Após tomar as precauções que julgou necessárias, Jacó passou o vau de Jaboque e travou uma luta com um varão até pela manhã. O “varão” era um ser celestial – provavelmente um anjo – que não prevaleceu contra Jacó. O Vale de Jaboque encerra um dos relatos mais envoltos em mistério. Conta-nos a história da luta entre um ser humano e um anjo e a da outorga de um novo nome a esse homem. A luta durou apenas uma noite; no entanto, seu resultado ecoa na história humana, com reverberações até os nossos dias. Jaboque no hebraico é ‘fluir fora’ ou ‘adiante’, é o rio que atravessa a região a leste do Jordão, que, depois de um curso quase perfeitamente do leste para o oeste, entra no Jordão cerca de 48 km abaixo do mar da Galiléia. Nas escrituras, este rio é mencionado como formador da margem que separou o reino de Seom, rei dos amorreus, daquele de Ogue, rei de Basã. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia.
No Vale do Jaboque, teve um encontro que marcou o resto da sua vida. Seu nome foi mudado para Israel, e viu Deus "face a face" (Gn 32.22-30). Ao encontrar Esaú, reconciliou-se com ele e o abraçou com perdão e amor. A experiência do encontro de Jacó com Esaú mostra que, quando Deus age na vida das pessoas, seus caracteres são transformados.
Jacó passou a ser humilde, sofredor, paciente, longânimo, altruísta. Esaú passou a ser manso, perdoador e maduro. Em ambos os casos, vemos a graça de Deus superabundou onde, antes, abundou o pecado na vida desses irmãos (Rm 5.20). Foi pela sua incomensurável graça que Deus escolheu Jacó em lugar de Esaú, mesmo com seu caráter deficiente.
 
CONCLUSÃO
 
A escolha de Jacó para ser o patriarca que tomou o nome de Israel, sedo ele o líder das 12 tribos da nação israelita, não atende aos pressupostos da lógica racional, sob o ponto de vista humano. Mesmo assim, representa umas das insondáveis decisões divinas que atende aos propósitos de Deus especialmente em cumprimento às promessas feitas a Abraão, de que seria pai de uma grande nação, quando de sua estrema velhice e também esterilidade de sua esposa.
 
 
Elaboração pelo Pb. Mickel Souza Porto
 
Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
 
Referências
O Caráter do Cristão – Elinaldo Renovato de Lima, CPAD
http://auxilioebd.blogspot.com.br/2017/04/licao-5-jaco-um-exemplo-de-um-carater.html
 

18 de abril de 2017

ISAQUE, UM CARÁTER PACÍFICO


ISAQUE, UM CARÁTER PACÍFICO

 

Texto Áureo = “E disse Deus: Na verdade, Sara, tuamulher, te dará um filho, e chamarás oseu nome Isa que; e com ele estabelecereio meu concerto, por concerto perpétuopara a sua semente depois dele.”(Gn 1.7.19)

 

Verdade Prática = Isa que, segundo filho de Abraão, deixou um exemplo de humildade e submissão a Deus e a seus pais.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Gênesis 26.12-25

 

INTRODUÇÃO

 

O nome Isaque significa “riso”. Ele era o único filho de Abraão com sua esposa, Sara. Assim, um elo vital na linhagem que levava a Cristo. (1Cr 1:28, 34; Mt 1:1, 2; Lu 3:34) Isaque foi desmamado com cerca de 5 anos; quase que foi oferecido como sacrifício, quando tinha talvez 25 anos; casou-se aos 40; tornou-se pai de gêmeos aos 60 e morreu com 180 anos. — Gên 21:2-8; 22:2; 25:20, 26; 35:28.

 

I – ISAQUE O FILHO DA PROMESSA

 

O nascimento de Isaque ocorreu sob circunstâncias bem incomuns. Tanto o pai como a mãe dele já eram bem idosos, já tendo há muito cessado a menstruação de sua mãe. (Gên18:11) Assim, quando Deus disse a Abraão que Sara daria à luz um filho, ele se riu dessa perspectiva, perguntando: “Nascerá um filho a um homem de cem anos de idade, e dará à luz Sara, sim, uma mulher de noventa anos de idade?” (Gên 17:17) Ao saber o que ocorreria, Sara também riu. Daí, “no tempo designado” do ano seguinte, nasceu o menino, provando que nada é ‘extraordinário demais para Yehowah’. (Gên 18:9-15) Sara então exclamou: “Deus me preparou riso”, acrescentando: “Todo aquele que ouvir isso há de se rir de mim.” E assim, exatamente como Deus dissera, o menino foi apropriadamente chamado de Isaque, que significa “Riso”. — Gên 21:1-7; 17:19.

 

Pertencendo à casa de Abraão, e sendo o herdeiro das promessas, Isaque foi devidamente circuncidado, no oitavo dia. — Gên 17:9-14, 19; 21:4; At 7:8; Gál4:28.

 

Sabemos da história de Abraão. Ele recebeu a promessa do próprio Deus; porém, não conseguiu esperar com paciência. O tempo foi passando e então, procurou fazer um filho por si mesmo. Seus próprios desejos, sua própria vontade, à parte de Deus. Então veio Ismael que, segundo o apóstolo Paulo, foi um filho da carne. Ismael não foi o filho da promessa. Este episódio está registrado em Gênesis 16. Havia passado dez anos desde que o Senhor havia dado a promessa de um herdeiro. Aos 85 anos Abraão, impacientemente proveu um filho da carne.

 

Houve um silêncio de Deus por 15 anos, até que o Deus da promessa reaparece e lhe reafirma a promessa. Em seguida, no tempo determinado de Deus a promessa se cumpre. Gênesis 21:1-3 – “Visitou o Senhor a Sara, como lhe dissera, e o Senhor cumpriu o que lhe havia prometido. Sara concebeu e deu à luz um filho a Abraão na sua velhice, no tempo determinado, de que Deus lhe falara. Ao filho que lhe nasceu, que Sara lhe dera à luz, pôs Abraão o nome de Isaque”. Este sim, foi filho da promessa.

 

Falando como pastor, muitas vezes dá vontade de encher a igreja com os filhos da carne para que todos vejam que temos um ministério bem sucedido. Passa-se anos e a igreja não cresce, a incredulidade bate à porta e a carne começa a querer agir por si, independente de Deus. Deus havia dado a promessa à Abraão: “aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro” (Gn. 15:4). Como o número das estrelas, “será assim a tua posteridade” (Gn. 15:5). No entanto, Sara, a esposa de Abraão era estéril (Gn. 11:30). E “não lhe dava filhos” (Gn. 16:1).

 

Diante deste panorama, fica fácil querer agir na carne a fim de prover filhos da carne. Abraão, um homem de fé, devido às circunstâncias desalentadoras, falhou no esperar a promessa de Deus. Este é o ponto em que muitos falham também. Não conseguem esperar a promessa Daquele que é fiel. Uma irmã solteira diz: “já estou ficando velha e não vejo nenhum rapaz na igreja. Preciso dar um jeito senão acabo solteirona”. Abraão, por não ter paciência e não esperar em Deus, agiu por conta próprio e fez um filho da carne. Muitos jovens, impacientemente, entram na carne, na fornicação e acabam fazendo filhos da carne.

 

A história nos comprova que Ismael, o filho da carne de Abraão trouxe e ainda traz muitos problemas para os descendentes de Isaque, o filho da promessa. Muitos jovens da igreja olham as circunstâncias e se esquecem de olhar para o Alto, de esperar no Deus que cumpre Suas promessas.  Deus veio a este homem que já tinha um filho da carne e o surpreende dizendo que sua velha e estéril esposa teria um filho. (Gênesis 17:16 e 19). Deus não se esquece das suas promessas.

 

A esta altura, Sara está com 90 anos e Abraão com 100. Ambos estavam totalmente incapacitados para ter um filho. Tudo que possuíam era a promessa de Deus, nada mais. Para aqueles que creem, isto é tudo, Sua promessa é suficiente. A única esperança para que o filho da promessa venha é através de um milagre de Deus. Somente o poder de Deus pode fazer nascer um filho da promessa. Felizes aqueles que realmente confiam no Senhor e esperam Nele. Aqueles que agem na carne sofrerão, mas aqueles que, pela fé, esperaram o filho da promessa, serão abençoados.

 

Este testemunho da vida de Abraão é para que creiamos no milagre do novo nascimento. Quando tudo parece impossível aos nossos olhos, quando estivermos em total falência de nós mesmos, quando tudo parece perdido. Este é o momento do milagre de Deus, este é o momento de fazer nascer um filho da promessa. Novo nascimento é um milagre, só Deus pode realizar.

Ele o faz naquele que crê e espera. Abraão esperou 25 anos para poder ver o filho da promessa. Certamente ele queria ter visto bem antes. Mas as coisas de Deus seguem o tempo Dele, não o nosso. O filho da promessa não nasce da vontade da carne ou do sangue, mas de Deus. João 1:13 – “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Os filhos da promessa provêm da vontade de Deus, não do homem.

 

Os únicos filhos da promessa são aqueles que foram gerados em Cristo Jesus, nasceram do espírito. São os regenerados, os nascidos de novo. Efésios 2:10 – “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Outrora, como filhos da carne, vivíamos desagradando a Deus, vivíamos na carne. Lutávamos, esforçávamos e procurávamos prosperar com as nossas próprias forças. Mas agora, pela cruz, ao nascermos de novo, tornamo-nos filhos da promessa. Ismael, o filho da carne, precisou sair da casa do pai; porém, Isaque, o filho da promessa, permaneceu com o Pai e foi grandemente abençoado.

 

Hoje, como filhos da promessa, também somos abençoados como Isaque. Gálatas 3:8-9 – “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão”. Como é bom ser um nascido de novo, ser um filho da promessa. Tudo isso tornou-se possível porque nosso Amado se entregou por nós na cruz.

 

Ninguém pode se tornar um filho da promessa sem passar pela cruz de Cristo. Por causa do Cristo crucificado, tornamo-nos filhos da promessa e a bênção agora nos alcança. Gálatas 3:13-14 – “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido”. Muitos nasceram debaixo da maldição como consequência dos pecados dos pais que, por sua vez, eram filhos da carne.

 

Mas Deus, por meio de Jesus Cristo, nos resgatou da maldição da velha vida da carne e nos fez filhos da promessa. Isto é novo nascimento, isto é passar pela cruz. A cruz foi a porta pela qual nossa vida de escravidão e maldição ficou para trás. Há duas classes de pessoas: os filhos da carne e os filhos da promessa. Gálatas 4:22-23 – “Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa”. Em qual delas você está hoje? Somente pela cruz de Cristo podemos passar da escravidão para a liberdade; da maldição para a bênção, da carne para a promessa. Jesus Cristo, nenhum outro mais, pode realizar este milagre. Ele já fez isso em mim, aleluia! Desejo ardentemente que você também seja um filho da promessa ao nascer Dele.

 

Gálatas 4:28 – “Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque”.

II - O HOMEM DE DEUS NÃO É ISENTO DE DEFEITOS = VS. 7-11

 

"6 Assim habitou Isaque em Gerar. 7 Então os homens do lugar perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que porventura, dizia ele, não me matassem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era ela formosa à vista. 8 Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher. 9 Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por sua causa. 10 Replicou Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com tua mulher, e tu terias trazido culpa sobre nós. 11 E Abimeleque ordenou a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste homem ou em sua mulher, certamente morrerá".

 

1. Isaque, como todo servo de Deus, teve falhas em sua vida. Habitando no meio dos filisteus, mentiu acerca de Rebeca sua mulher, dizendo que ela era sua irmã, temeroso por sua própria vida, pois acreditava que se falasse a verdade, aqueles homens o matariam para ficar com sua mulher. Porém sua trama foi descoberta por Abimeleque, rei dos filisteus, que o repreendeu e ao mesmo tempo deu uma ordem ao seu povo para que não tocassem em Rebeca.

 

2. Este episódio em sua vida foi semelhante ao episódio ocorrido com Abraão e Sara, seus pais, quando estiveram no Egito,Gn 12.11-13, "11 Quando ele estava prestes a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; 12 e acontecerá que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é mulher dele. E me matarão a mim, mas a ti te guardarão em vida. 13 Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma em atenção a ti".

 

3. Mesmo que Isaque, ou Abraão tenham mentido para salvar a própria "pele", Deus não compactuaria com eles. Sabemos que a mentira não deve fazer parte da vida de um filho de Deus! A Bíblia em Jo 8.44, afirma que quem mente é filho do Diabo, que é o pai da mentira: "Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira". Certamente Deus não se agradou de Isaque em sua mentira! Porém, precisamos entender que um filho de Deus, pode ter falhas, cometer pecados. Queremos percorrer alguns textos da Palavra de Deus que nos advertem sobre o fato de que não somos impecáveis, sem erro:

 

Rm 7.17-24, - O presente texto da Palavra de Deus nos mostra o apóstolo Paulo diante de um grande dilema: conviver com sua natureza pecaminosa, carnal, e ao mesmo tempo levar uma vida santificada para Deus.

Ele nos mostra sua luta interna em querer fazer o bem, mas uma força contrária, a natureza de Adão enraizada nele, o arrastando para o mal. Seu pior inimigo, era ele próprio, sua carne! Enquanto estamos neste mundo, precisamos travar uma tremenda luta contra nossas tendências pecaminosas, porque como Paulo, o mal nos perseguirá. Em outro texto, o grande apóstolo nos fala desta horrenda batalha entre a carne e o espírito do homem, Gl 5.17, "Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis".

 

- Sabendo que carne é inimiga de Deus, pois Deus é Espírito, precisamos "andar no Espírito", afastando continuamente estas inclinações de nossa vida, para vivermos uma vida em Deus, Rm 8.13, "porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis". A vida em Deus, deve ser "em Espírito" e não "na carne"! Porém, não devemos nos surpreender se em alguma ocasião nossa carne ressurgir e assumir o comando, nos causando estragos irreparáveis. Precisamos caminhar a vida cristã com muito cuidado, procurando estabelecer o domínio do espírito contra a carne!

 

III. O HOMEM DE DEUS DEVE SER PRUDENTE = VS. 12-14

 

"12 Isaque semeou naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou. 13 E engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo até que se tornou mui poderoso; 14 e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam".

 

1. Quando Isaque se estabeleceu naquela terra, nos diz o texto que "...semeou ... e no mesmo ano colheu o cêntuplo". Observe que Isaque poderia ter comido as sementes que estavam em suas mãos, como muitos fazem. Mas não fez isso. Antes, lançou a semente à terra e pôde colher em abundância. Temos aqui uma lição de inteligência e ao mesmo tempo de prudência. O prudente é aquele que se prepara para o amanhã e não aquele que vive apenas o hoje, Pv 6.6-8, "6 Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos, e sê sábio; 7 a qual, não tendo chefe, nem superintendente, nem governador, 8 no verão faz a provisão do seu mantimento, e ajunta o seu alimento no tempo da ceifa".

 

2. Este princípio se aplica também ao terreno espiritual: "... pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará", Gl 6.7. Na verdade, a abundância de nossa colheita será proporcional à quantidade de sementes lançadas. Se na lavoura, a multiplicação da semente pode chegar ao cêntuplo, o mesmo também se aplica às verdades espirituais. Deus nos abençoará na medida em que semearmos.

 

 

 

 

 

IV. O HOMEM DE DEUS DEVE SER PACIFICADOR = VS. 14-22

 

"14 e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam. 15 Ora, todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra. 16 E Abimeleque disse a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós. 17 Então Isaque partiu dali e, acampando no vale de Gerar, lá habitou. 18 E Isaque tornou a cavar os poços que se haviam cavado nos dias de Abraão seu pai, pois os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão; e deu-lhes os nomes que seu pai lhes dera. 19 Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas. 20 E os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. E ele chamou ao poço Eseque, porque contenderam com ele. 21 Então cavaram outro poço, pelo qual também contenderam; por isso chamou-lhe Sitna. 22 E partiu dali, e cavou ainda outro poço; por este não contenderam; pelo que chamou-lhe Reobote, dizendo: Pois agora o Senhor nos deu largueza, e havemos de crescer na terra".

 

1. Ao fixar-se naquela terra e por ser um homem abençoado por Deus, agraciado com muitos animais e com muita gente de serviço, Isaque despertou grande inveja nos filisteus, que se voltariam contra ele em forma de retaliação. Seus inimigos começaram a entulhar os poços de água, anteriormente construídos pelo seu pai Abraão. Diante daquela situação conflituosa, o Rei dos filisteus, Abimeleque, pediu que Isaque saísse do meio deles, pois achava que o centro da contenda fosse Isaque e sua gente.

 

2. Saindo dali, Isaque foi para o vale de Gerar, para lá habitar. Novos poços foram cavados, dos quais surgiram "águas vivas", (v. 19), que poderia ser uma referência à águas de excelente qualidade potável. Novamente, ressurge nova contenda! Agora eram os pastores de Gerar contendendo com os pastores de Isaque, que disputavam as águas encontradas. Sempre que um poço era cavado, vinham seus inimigos e ficavam com a posse dele. Isaque se mudava para outro lugar, novamente vinham seus inimigos e começava tudo de novo!

 

3. O que podemos deduzir desta particularidade na vida de Isaque é o fato de que ele não era contencioso, briguento. Pelo contrário, fugia das brigas e das contendas! Em outras palavras, "levava o desaforo para casa"! Como ele era diferente de muitos de nós! Há crentes que vivem em eternas disputas dentro da igreja. Ora disputam por um cargo de liderança, ora por defenderem "suas opiniões". Tais irmãos acabam sempre sendo o palco de eternas divisões, discórdias e dissensões no meio do povo de Deus. A Palavra de Deus nos adverte que precisamos ser pacificadores e não "discordantes", "conscienciosos" e não contenciosos. Vejamos:

 

a) Mt 5.9 "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus". Estamos diante de uma qualidade imprescindível para aquele que quer fazer parte do reino. O integrante do reino deve ser um "pacificador".

Esta palavra vem do grego "eirhnopoiov" – eirenopoios (lembre-se que esta palavra é uma derivação de "eirhnh" (eirene) – "paz") e tem como significado "promotor da paz". Não significa somente fugir de discórdias e contendas, mas também detectar o foco delas e jogar "água benta", pacificando irmãos em disputas, criando um clima de amizade e união no meio do povo de Deus.

 

b) Rm 12.18, "Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens". É verdade que há situações onde a pacificação não depende somente de nós. Podemos ser "agraciados" com um inimigo gratuito, que nos odeia sem causa! Porém, o apóstolo Paulo é claro: "... se depender de vós, tende paz...". Em quase todas as ocasiões de conflito, se houvesse a aplicação do princípio aqui colocado, a paz reinaria rapidamente. O que acontece é justamente o contrário: muitos gostam de lançar "lenha ao fogo", e a contenda se intensifica. Observe que Paulo não fala somente da paz entre os irmãos, mas também da paz com "todos os homens", ou seja, estão envolvidos também aqui, aqueles que não são convertidos, no meio dos quais precisamos ser promotores da paz.

 

c) Hb 12.14, "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor". Temos aqui uma exortação do escritor da Carta aos Hebreus, no sentido de que a paz deve ser "perseguida" a qualquer custo. O verbo "seguir" é o termo grego "diwkw" – dioko, que quer dizer "correr rapidamente para pegar uma pessoa ou coisa", "buscar avidamente". Devemos buscar a paz a qualquer custo! Procurar avidamente por ela! Note que a palavra paz é colocada junto com a palavra santificação, onde o autor nos diz que "... sem a santificação ninguém verá o Senhor". Não é isso sugestivo a nós?

 

4. Sejamos pacificadores, promotores de paz não somente na igreja, mas também no meio em que vivemos!

 

V. O HOMEM DE DEUS DEVE POSSUIR UMA VIDA CONTAGIANTE              VS. 26-31

 

"26 Então Abimeleque veio a ele de Gerar, com Auzate, seu amigo, e Ficol, o chefe do seu exército. 27 E perguntou-lhes Isaque: Por que viestes ter comigo, visto que me odiais, e me repelistes de vós? 28 Responderam eles: Temos visto claramente que o Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos um pacto contigo, 29 que não nos farás mal, assim como nós não te havemos tocado, e te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor. 30 Então Isaque lhes deu um banquete, e comeram e beberam. 31 E levantaram-se de manhã cedo e juraram de parte a parte; depois Isaque os despediu, e eles se despediram dele em paz".

 

1. Depois de várias fugas de conflitos, Isaque foi procurado por Abimeleque, Auzate seu amigo e Ficol, chefe de seu exército, o que causou certa estranheza por parte de Isaque, que fez a Abimeleque uma pergunta obvia:

"Porque vieste ter comigo, visto que me odiais...?". A resposta do rei dos filisteus foi: "Temos visto que o Senhor é contigo...". Abimeleque propõe agora um acordo com Isaque: Dali para a frente eles seriam "amigos".

 

2. O que motivou Abimeleque a procurar Isaque? Foi pelo fato dele ter observado que Isaque não era uma pessoa comum, mas que estava debaixo da proteção e da guarda do Altíssimo. Quando vivemos a vida cristã verdadeiramente, seremos notados por outras pessoas! Teremos uma fé contagiante, a ponto destas pessoas quererem levar a vida que levamos. É o que podemos chamar de testemunho vivo e ativo. Como filhos de Deus precisamos ser bênção para outros!

 

3. Porém muitos crentes ao invés de possuir uma vida contagiante acabam por ter uma vida repulsiva. Ao invés de atraírem pessoas para junto de si, empolgadas em querer desfrutar da vida que levam, tornam-se pedras de tropeço! As Escrituras nos mostram que como filhos de Deus devemos influenciar para o bem, nunca para o mal.

 

VI. O HOMEM DE DEUS DEVE DESFRUTAR DE COMUNHÃO COM O SENHORVS. 2-5; 24-25

 

"2 E apareceu-lhe o Senhor e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser; 3 peregrina nesta terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de ti, darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai; 4 e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra; 5 porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis. 24 E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu servo Abraão. 25 Isaque, pois, edificou ali um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus servos cavaram um poço".

 

1. Pelos versículos citados, podemos ver que Isaque desfrutava de uma intimidade com o Senhor. Tanto no versículo 2, como também no versículo 24, nos diz a Palavra de Deus que "o Senhor lhe apareceu". Isto nos fala de relacionamento, intimidade! No Velho Testamento, Deus somente se manifestava à pessoas que mantinham uma vida digna diante dEle.

 

O mesmo ocorre hoje. Deus não terá comunhão com alguém que não lhe seja obediente e submisso! Outro fator também é que Deus jamais entrará em contato com o homem, sem que este deseje recebê-lo. É por esta razão que o Espírito Santo somente pode habitar num coração convertido e nunca em alguém ainda não provou a graça e a salvação de Deus.

 

2. Em virtude do corre-corre do mundo de hoje, muitos filhos de Deus estão perdendo a bênção de uma intimidade com o Senhor. Para desfrutarmos de uma perfeita comunhão com Deus, precisamos dar tempo a Ele. Muitas vezes há necessidade de ficarmos horas e horas na presença de Deus, para que possamos conhecê-LO mais profundamente! É verdade que O podemos conhecer pela sua Palavra, onde sua vontade é revelada de forma clara! Porém é através da oração, da comunhão, da experiência, que podemos conhecê-LO intimamente.

 

Devemos sempre lembrar que o conhecimento de Deus não é estático, mas dinâmico. Já dizia o profeta: "Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra", Os 6.3. Ou seja nosso conhecimento de Deus jamais terá limites! É preciso conhecê-LO, e prosseguir nesta busca de conhecimento. Porém, sabemos que o conhecimento pleno de Deus se dará apenas na eternidade, 1Jo 3.2, "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos".

 

3. Como podemos conhecer ao Senhor de forma mais eficiente? Vejamos algumas maneiras de conhecer a Deus nas Escrituras:

 

a) Dando-LHE tempo, pela amizade, Jo 15.14, "Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando". Devemos observar que a única maneira de nos tornarmos "amigos de Deus", é através da obediência à sua Palavra. Caso contrário, Deus não poderá compactuar-SE conosco. Lembrando de Abraão, não podemos nos esquecer que ele foi chamado "o amigo de Deus", Tg 2.23, "...e foi chamado amigo de Deus". Por quê Deus escolheu Abraão para ser seu amigo? Qual foi a razão desta intimidade? Certamente foi em virtude de sua obediência irrestrita ao Senhor e também pela sua disposição em estar em SUA presença.

 

b) Através da oração e busca, Jr 29.13, "Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração". Em nossa busca a Deus, deve haver um envolvimento espiritual. O "coração" para os hebreus era a "parte mais interior do ser", "as entranhas", "o centro das emoções", etc. É por esta razão que Jesus manda que amemos a Deus de "...todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças", Mc 12.30. Em nossa busca a Deus devemos concentrar todo o nosso sentimento. Davi dizia: "Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus!", Sl 42.1. Davi sabia como tocar o coração de Deus!

 

c) Andando continuamente com Ele, Gn 5.24, "Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou". Que exemplo brilhante temos na vida de Enoque, que por desfrutar de uma grande intimidade com o Senhor, não precisou passar pela morte física. Deus o tomou para si em uma de suas caminhadas com Ele! "Andar com Deus", deve ser para o filho de Deus uma prioridade!

Devemos deixar tudo para ficar a sós com Deus! Muitas vezes ocorre o inverso: Deixamos Deus para ficar com o "tudo", e ainda depois queremos o "tudo" de Deus! Não precisamos dizer que nada teremos!

 

CONCLUSÃO:

 

1. Através da experiência de Isaque, vimos nesta noite como deve-se comportar um verdadeiro filho de Deus diante de certas situações que nos vêm através de nosso relacionamento com pessoas no mundo.

 

a) Diante de Abimeleque, Isaque mentiu acerca de sua esposa Rebeca. Isto nos mostra que somos falhos. Porém precisamos aprender a lidar com nossas falhas e pecados diante de Deus!

 

b) Quando teve oportunidade de plantar naquela terra, Isaque não titubeou, lançou imediatamente a semente. Embora ele pudesse ter comido a semente que tinha em suas mãos, sua prudência fez com que ele semeasse, e colhesse naquele anos o cêntuplo. Devemos aprender os princípios espirituais da semeadura e da colheita para sermos abençoados no reino de Deus!

 

c) Diante da contenda surgida entre os homens de Isaque e os homens de Abimeleque, vimos como Isaque se mostrou pacificador. Devemos não apenas procurar a paz, mas também sermos promotores da paz entre vidas!

 

d) Vimos como Isaque foi observado por Abimeleque. Sua vida foi uma inspiração para aquele rei idólatra. Isto levou Abimeleque a querer fazer uma aliança com Isaque. Como tem sido nosso testemunho como cristãos? Aqueles que não são crentes gostam de estar perto de nós, ou somos intransigentes, repulsivos?

 

e) Finalmente, vimos que Isaque mantinha uma comunhão irrestrita com o Senhor, que lhe aparecia, conversava, etc. Temos nós audiência constante na presença de Deus?

 

2. Que a vida de Isaque seja para nós um estímulo que nos leve a viver como filhos de Deus, falhos sim, mas vitoriosos!

 


Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Setor I - Em Dourados – MS

 

Bibliografia