5 de junho de 2020

A INTERCESSÃO PELOS EFÉSIOS - ESTUDO 02


A INTERCESSÃO PELOS EFÉSIOS

Texto Áureo

13. Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.
14. Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
 15. do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome,
Efésios 3.13-15

Em Efésios 3.14-21 vemos Paulo mais uma vez orando pelos irmãos de Éfeso, a primeira oração está Efésios 1.15-23, enquanto a primeira oração se centraliza no conhecimento, a segunda enfatiza a capacitação e o amor.

1-      Corroborados Com o Poder do Espírito

  1. 1.      As riquezas da sua glória.

Paulo apresenta sua oração dizendo que “colocava-se de joelhos” (Efésios 3.14). A atitude costumeira de oração entre os judeus era ficar em pé (Mateus 6.5;Lucas 18.11,13), a posição “de joelhos” expressava solenidade (dar ênfase) especial ou urgência incomum (Lucas 22.41; Atos 7.60). No versículo 15 Paulo diz: o qual toda a família nos céus e na terra toma o nome. A palavra grega traduzida por “família” é semelhante à palavra que significa “pai”. Assim, pode-se dizer que a “família” extrai seu nome (e existência) do “pai”. No versículo 16 Paulo apresenta sua oração confiado “nas riquezas de sua glória [a de Deus]” (Efésios3.16). O apóstolo já havia declarado que Deus é “o Pai da glória” (1.17). Nos versículos 16 a 19 Paulo ora por poder interior, que resulta da habitação de Deus no coração dos crentes. Ele pede que os crentes sejam corroborados(fortalecidos e cheios) por meio da obra das três pessoas da Trindade: O Espírito, Cristo e Deus Pai.

  1. 2.      Fortalecidos com poder.
Em sua oração, quando Paulo pede para que a “igreja” de Éfeso seja “corroborada” com poder, não significa que a “igreja de Éfeso não tivesse o Espírito de Deus (Efésios 1.14), mas que ela fosse continuamente revigorada com poder e, consequentemente, em seu fortalecimento diário(1 Co 16.13).
Segundo John Mac Arthur, podemos refletir através de Efésios 3.16 que o “poder espiritual” é a marca de todo crente que se submete a Palavra e ao Espírito de Deus, isto é, aqueles que realmente servem a Deus em obediência e humildade tem em suas vidas o poder de Deus, são diferentes daqueles que não tem o Espírito. Paulo ora para que os irmãos de Éfeso sejam cada vez mais fortalecidos com o poder de Deus pelo Espírito Santo que neles habita. Esta também deve ser a nossa oração por nós mesmos e por nossos irmãos.

  1. 3.      Habitados por Cristo.
O apóstolo também orou para que Cristo habitasse pela fé nos corações dos santos (Efésios 3.17), o que também não significa dizer que Cristo não estivesse presente na Igreja em Éfeso.

17 Para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; (isto é realizado pela nossa fé em Cristo e em sua obra redentora, Cristo habita no crente por meio do Espírito Santo,éóbvio que desfrutar a presença do Espírito equivale a desfrutar a presença de Cristo); a fim de que, estando arraigados e firmados em amor (de forma segura resolvida e profundamente fundada)
Efésios 3.17

Compare Efésios 3.17 com Romanos 8.9.10. O ensino apostólico ratifica que sem Cristo, a igreja não pode subsistir as forças do mal (Mateus 16.18).
2-      Arraigados e Fundados em Amor

1.    Amor, a virtude Cristã.
É impossível um cristão genuíno não demonstrar em sua vida e através de sua vida o verdadeiro amor, e o verdadeiro amor é aquele que não faz mal ao próximo e obedece a Palavra de Deus  (O amor não faz mal ao próximo.. Romanos 13.10).
 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade.
1 João 4.8

Embora o amor seja um aspecto do fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23) e também uma evidência do novo nascimento (1João 2.29;3.9,10;5.1) é também algo que temos a responsabilidade de desenvolver. Por esta razão o apóstolo João nos exorta a amar uns aos outros e procurar o bem estar uns dos outros (1 João 4.7-21). Para aprender mais sobre o amor medite em 1 Coríntios 13.

Se pergunte:
1-      Porque eu faço a obra de Deus?
2-      É por amor a Deus ou para ser reconhecido pelos homens?
3-      Eu procuro mostrar pra todo mundo o que eu tenho feito pela obra de Deus?
A resposta para estas simples perguntas podem revelar qual o “grau de amor” que há em você.
Lembre-se: O amor não faz mal ao próximo..
 Romanos 13.10.


2.                  Arraigados e Fundados em amor.

Após rogar ao pai pelo poder do Espírito e a habitação de Cristo, o apóstolo clama para que a Igreja possa também compreender e praticar o amor (Efésios 3.16,17).

A expressão  “arraigados e fundados em amor”  (Efésios 3.17) compara os santos como uma planta bem enraizada e uma casabem alicerçada.

Analisemos:

para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor,
Efésios 3.17

Note que aqui em Efésios 3.17 a fé é ligada ao amor, isto é comum nos escritos de Paulo (1 Coríntios 13.13; Gálatas 5.6; 1 Tessalonicenses 1.3; 5.8; 1 Timóteo 1.14). 

Eu (professor José Junior) acredito que o que Paulo quis dizer com a expressão “arraigados e fundados em amor”, junto com a palavra “” (presente no versículo) é, em outras palavras:
“Cristo habita em nossas vidas pela fé e a verdadeira fé é companheira do amor. Onde há verdadeira fé (e a verdadeira fé obedece a Deus e sua Palavra), há a presença de Cristo, e assim, vocês estarão cada vez mais firmados e fundamentados no amor de Deus (João 14.23-25)”.

A lógica humana não pode compreender o amor de Deus em sua totalidade, mas, quanto mais uma pessoa obedece a Deus, mais ela demonstra fé e amor a Deus (João 14.23), este é o segredo para compreender perfeitamente com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade(Efésios 3.18).

Em Efésios 3.18 Paulo quis dizer que, seu desejo (em sua oração, Efésios 3.14) é que os crentes recebessem conhecimento espiritual que fluiria até as suas mentes intelectuais, dando-lhes entendimento sobre o “plano de Deus”, acerca das grandes coisas que o Senhor realizou e realiza universalmente, por amor.

3.    A intensidade do amor de Deus.

Consciente de que somente o Espírito pode fazer entender e experimentar a grandeza do amor de Deus, Paulo pede para que os crentes conheçam a intensidade do amor de Cristo (Efésios 3.18,19).

Analisemos: e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
Efésios 3.19

Quem conhece o amor de Cristo, conhece o amor de Deus (João 14.9).

 O amor de Deus se conhece intelectualmente (mas, é claro, o amor de Deus excede toda a razão humana).

Se conhece intuitivamente (sem quaisquer formulas intelectuais).
Se conhece experimentalmente (na vida diária e no nível consciente).
Mas o que realmente está em foco nas palavras de Paulo é o conhecimento “sobrenatural” sobre Deus e sua Palavra que só vem com a ajuda do Espírito Santo.
A intensidade do amor de Deus pode ser demonstrada pelo simples fato de nós, cheios de erros e com tantas falhas, termos acordado com vida nesta manhã.

  1. 3-      A Benção de Deus Excede Todo Pensamento Humano

1.      A dimensão das bençãos divinas.

As bençãos de Deus são muito mais abrangentes do que possamos imaginar.
Analisemos:
Para Deus todas as coisas são possíveis (Mateus 19.26; Lucas 1.37).

 Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,
Efésios 3.20

Deus fará por nós não somente mais do que pedimos e desejamos em oração (desde que o que pedimos e desejamos esteja de acordo com a Palavra de Deus), Deus também fará mais do que a nossa imaginação possa alcançar. Esta “realidade na vida do crente” é devido a presença, graça e poder do Espírito Santo em nossa vida.

2.        O convite para adoração.

a esse(ou seja, a Deus) glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!
Efésios 3.21

Paulo encerra esse capítulo com o “convite” de adoração a Deus,cuja glória é devida “na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações” (Efésios 3.21).

Esta “colocação de Paulo” não poderia ter sido diferente. Após dar inúmeras explicações (desde o capítulo 1) sobre Deus, Jesus, o Espírito Santo, a obra redentora de Cristo, bençãos, salvação, a condição de judeus e gentios e etc., Paulo em seguida faz este “convite” de adoração a Deus para os irmãos Efésios.

(Em seguida no capítulo 4, Paulo continuará com seus ensinos para os irmãos Efésios. Quando Paulo escreveu suas “epístolas” elas não eram divididas em capítulos e versículos tal como vemos hoje em dia. A Bíblia foi dividida em capítulos em meados do século 13, e dividida em versículos em meados do século 15.

A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de capítulos e versículos. Tais divisões em capítulos e versículos foram acrescentadas com o passar dos séculos para facilitar o estudo das sagradas escrituras.

3. A glória devida a Deus
Note que ainda em Efésios 3.21 Paulo diz que Deus deve ser glorificado na “igreja” (a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém! Efésios 3.21) Este é o papel da igreja, por assim dizer, a “igreja” deve agir e se comportar de modo que Deus seja glorificado sempre. Nos capítulos 4 a 6 de Efésios Paulo explica como os membros da “igreja” devem viver a fim de promover a unidade desejada por Deus. Mas isto já é assunto para as próximas lições.

Conclusão

A ousada intercessão de Paulo anelava o fortalecimento da igreja. Oração intercessória é súplica em favor de outrem. Devemos aprender com o apóstolo a fazer orações intercessórias não apenas pelos irmãos, mas também por todos a nossa volta. A oração de um justo pode muito em seus efeitos (Tiago 5.16).

Referências:

Enciclopédia Bíblica R. N. Champlin,
Comentário Bíblico Broadman,
Bíblia do Expositor,
Bíblia de Estudo Pentecostal,
Bíblia de Estudo Holman,
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal,
Bíblia de Estudo Arqueológica,
Novo Comentário da Bíblia F. Davidson,
E-Book Subsídios EBD – A Igreja Eleita, Livro de Apoio 2º Trimestre de 2020,
Apontamentos teológicos professor José Junior.

A INTERCESSÃO PELOS EFÉSIOS - ESTUDO 01


A INTERCESSÃO PELOS EFÉSIOS

Texto Áureo

“Por causa disso, me ponho de joe- lhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome.” (Ef 3.14,15)

Verdade Prática

Devemos interceder pelos eleitos de Cristo para que eles sejam fortaleci- dos de poder, vivam em comunhão e exercitem o amor de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE  - Efésios 3.14-21

INTRODUÇÃO

Apesar de nossas Bíblias trazerem a informação de que o texto foi escrito por Paulo à igreja de Éfeso, há razões seguras para considerar que ela não foi escrita a nenhuma igreja em particular, mas a cristãos de uma forma geral. Alguns manuscritos mais antigos não trazem o nome da cidade. Além disso, a carta toda não apresenta referências pessoais, apesar de ser esse um costume do apóstolo Paulo. Levando em consideração que ele permaneceu durante três anos em Éfeso (At 20.31) e manteve um relacionamento profundo com seus presbíteros, conforme se constata no encontro com eles em Mileto (At 20.17-38), seria totalmente incompreensível a redação de uma carta em que há manifestações de que seu autor não conhece seus destinatários (Ef 1.15; 3.2; 4.21). Sua origem seria, pois, uma carta circular a diversas comunidades locais. Sua mensagem dirige-se, portanto, à igreja de uma forma geral.

UMA ORAÇÃO ARDENTE PARA QUE OS EFÉSIOS ENTENDAM E SE APROPRIEM DAS RIQUEZAS DE CRISTO

1. Uma oração precedida por outra oração. Na primeira oração Paulo ora para que O Espírito Santo ilumine a mente para que os crentes consigam perceber uma realidade que está para além das limitações da mente humana.

Ele não vai pedir que Deus lhes dê aquilo que eles não têm, mas para que Deus lhes revele aquilo que já possuem. Paulo ora para que os crentes não só entendam isso, mas também se apropriem e sintam... sejam realmente ricos.

2. Oração de joelhos  (3.14). De joelhos é rendição, humilhação, reconhecimento de impotência... É desespero de causa.

2.1 De joelhos por uma vida com poder no íntimo (3.16)para que, segundo as riquezas de sua glória, sejais corroborados com poder pelo Espírito no homem interior. (eso anthropon).

Paulo pede “segundo a riqueza de Deus”... é muita coisa. Riqueza em glória é mais ainda. Note que tanto na primeira como na segunda oração, Paulo roga pela ação do Espírito no coração, na primeira pede o conhecimento, na segunda, pede o poder.  Conhecimento e poder no íntimo.

Sejam corroborados: (1) robustecidos, enrijecido, fortalecido nesta verdade; (2) confirmar a existência ou a verdade de; dar provas de; comprovar.

Paulo pede que essas coisas aconteçam no íntimo. É lá no íntimo, onde tudo começa. O segredo é ser mobilizado pelo ES no íntimo. Você pode até fazer alguma coisa por formalidade, obrigação ou conveniência, mas não haverá constância em vc.

O que é o íntimo ou homem interior? Fico me perguntando o que Paulo queria dizer com “homem interior”, ou o que a Bíblia quer dizer quando fala do “íntimo da pessoa”, ou mesmo o que no geral a ciência diz sobre o íntimo? Seria algum lugar inacessível pelos recursos humanos? Seria a alma, a consciência, o espírito, o inconsciente de Freud? Não sei. O que eu sei é que se trata de um lugar onde somente o ES pode penetrar. É o lugar onde tem origem todas as motivações.

“Em Efésios 3.16, o homem interior é a pessoa real, a entidade espiritual que é fortalecida com poder, por meio do Espírito Santo. Nessa referência também está incluída a mente, o intelecto, o que faz desse versículo um paralelo parcial com Rm 12.2, onde se lê que deveríamos ser transformados mediante a renovação da nossa mente. O homem interior também é o homem moral essencial, ou seja, a natureza moral que precisa ser transformada pelo pode do Espírito segundo se vê em Mt 5.48, Rm 7.22, Gl 5.22,23. O homem interior também corresponde à natureza emotiva de cada pessoa”. Champlin, 2015: 151.

2.2 De joelho pela apropriação da habitação de Cristo no coração (3.17). Para que Cristo habite pela fé em vossos corações, a fim de, estando arraigados e fundados em amor...

Arraigar, habitar e alicerçar são palavras que envolvem força e profundidade  do Espírito. Arraigar tem a ver com raízes profundas; habitar tem a ver com sentir-se em casa; alicerçar fala de fundamentos.

Cristo não pode ser apenas um hóspede. Cristo tem que ser a essência da vida, a razão, o sentido. Existe um coração batendo em meu coração: o coração de Cristo.

2.3 De joelhos pela compreensão e apropriação da plenitude do amor de Cristo (18,19). Poderdes perfeitamente compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo que excede todo o entendimento.

Compreensão e plenitude. Compreensão passa a ideia de tomar algo para si. É compreender para sentir. A gente não consegue apreender a compreensão do infinito amor de Cristo pela nossa capacidade mental, cognitiva, Paulo diz que excede todo entendimento, por isso, somente pela ação do Espírito Santo em nós.

No que tange à plenitude, Deus deseja que o experimentemos em plenitude, isto é, ser cheio de Deus. E o Espírito Santo é o meio pelo qual alcançamos essa plenitude.

3. Deus é poderoso para fazer mais que isso (3.20). Aquele que é poderoso para fazer mais tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos segundo o seu poder que em nós opera.

ARRAIGADOS E FUNDADOS EM AMOR

Passemos agora a considerar a última frase desse versículo 17, a saber: “a fim de, estando (vós) arraigados e fundados em amor”. Isto é necessário, diz o apóstolo, para habilitar-nos a termos alguma compreensão do amor de Cristo. Ainda é parte da grande oração que o apóstolo está fazendo a favor dos efésios. Conforme avançamos, é importante lembrar-nos de que o interesse do apóstolo por estas pessoas é que conheçam o Senhor Jesus Cristo. Tudo na vida cristão deve resultar do nosso conhecimento dEle como Pessoa, e da nossa comunhão com Ele.

Esse é o sentido de Cristo habitar nos nossos corações. A minha principal ambição deve ser, não de ser um bom homem. Num sentido, nem devemos mesmo falar do “aprofundamento da vida espiritual”; devemos falar do aprofundamento do nosso conhecimento de Cristo e do nosso amor por Ele. Quando isso acontece, a nossa vida espiritual se aprofunda, necessariamente. Assim, o que o apóstolo está dizendo aqui é que, se Cristo habitar nos nossos corações, o resultado será que estaremos “arraigados e fundados em amor”.

Aqui a ênfase é que nós devemos estar arraigados e fundados no amor. Noutras palavras, o amor deve ser o elemento predominante e preponderante em nossas vidas. Obviamente não temos nenhum amor em nós sem o amor de Deus. “Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro; e necessariamente a um elemento de amor na vida cristã desde o começo. Aqui, no capítulo 3, ele está interessado no nosso amor a Ele, e não do Seu amor a nós. Assim, o assunto aqui é nosso amor a Deus, o nosso amor ao Senhor Jesus – na verdade, o nosso amor a tudo que pertence à “verdade que está em Cristo Jesus”.

Com o fim de acentuar que a principal característica da vida cristã deve ser o amor, o apóstolo utiliza duas figuras: “arraigados” e “fundados”. A primeira logo nos faz pensar numa árvore; a segunda, num edifício. Vê-se claramente que a idéia dominante nas duas figuras é a de “permanência”. O que é comum às duas figuras é o que uma árvore tem em comum com um grande edifício, a saber, a idéia de “profundidade, firmeza, permanência e durabilidade”. “Arraigados” quer dizer “profundamente arraigados”. 

Não devemos pensar num renovo que poderia ser derrubado por uma ligeira rajada de vento, mas, antes num majestoso carvalho cujas raízes descem às profundezas da terra e que se espalham em muitas direções e se agarram firmemente no solo e nas rochas.

Na outra figura, devemos ver um edifício grande e alto, erigido sobre um alicerce firme e forte. Quanto mais olharmos para ele, a idéia que se estampa em nós é a de solidez. Dois elementos – profundidade e força – e, portanto, permanência e durabilidade.

Este não é o único lugar em que o apóstolo coloca juntas estas duas idéias. Na verdade parece que ele pensa em termos destas duas figuras toda vez que pensa na Igreja. Voltemo-nos, pois, para 1 Co 3:9, onde vemos o apóstolo lembrar aos membros da igreja de Corinto:

“Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.”

Eles são “lavoura”, “fazenda” de Deus; contudo são também edifício de Deus. Uma idéia sem a outra não parece adequada ao seu propósito de comunicar certas grandes verdades acerca da Igreja e da vida cristã. Precisamente da mesma maneira ele emprega as duas idéias com o fim de falar-nos da “centralidade do amor” na vida do cristão. Um só quadro não basta. E, segundo o apóstolo, essa é a condição do cristão. Essa é a descrição que ele faz do amor presente na vida do cristão maduro.

Portanto, a figura comunica a idéia de que o amor é o solo em que a nossa vida cristã é plantada e no qual ela cresce. O alimento e a nutrição, e tudo que nos ajuda a edificar-nos e a fortalecer-nos, provêm do solo do amor. Assim, o terreno e o solo da nossa vida cristã devem ser o amor, diz o apóstolo. O amor é a única coisa que edifica a vida cristã e que a torna parecida com a vida de Cristo. Devemos manter sempre esta verdade diante de nós. Devemos olhar para Ele, devemos tornar-nos semelhantes a Ele. O único modo de tornarmos semelhantes a Ele é estar “arraigados” em amor somente desta maneira ficaremos fortes e manifestaremos a mais notável característica de uma árvore majestosa.

Podemos acentuar esta verdade mediante certos contrastes. De acordo com a verdade do Novo Testamento, é o amor, e não o conhecimento, que nos faz cristãos fortes. Isto é ensinado com clareza em 1 Co 8:1, onde lemos a memorável frase:

“A ciência incha, mas o amor edifica.”

Esta é uma distinção sumamente importante. Lembremos que é o grande apóstolo Paulo que diz isto. Ele é dentre todos os homens que declara: “A ciência (conhecimento) incha, mas o amor edifica.” O apóstolo escreveu esta carta por causa de divisões e porque havia muitos e graves problemas naquela igreja. Um cuidadoso exame do tratamento dado aos problemas, leva à conclusão de que todos os problemas tinham uma origem comum – os coríntios estavam colocando “o conhecimento no lugar do amor”. Era uma igreja muito dotada, o Espírito Santo dispensara muitos dons; porém se desviaram porque esqueceram o amor. O amor é o alicerce, o solo, não o conhecimento. O verdadeiro conhecimento cristão é o conhecimento de uma Pessoa. E porque é conhecimento de uma Pessoa, leva ao amor, porque Ele é amor. “Deus é amor”. Cristo é o amor encarnado. Assim, conhecer a Deus e a Cristo leva necessariamente ao amor.

Vemos uma repetição do mesmo ensino ainda em 1 Co 13:2, onde lemos:

“E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria”

Por maior que seja o nosso conhecimento, se não temos este amor, somos inúteis.
Novamente aqui em 1 Co 13, agora no versículo 8, diz:

“A caridade nunca falha; mas, havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;”

Todo o nosso conhecimento é apenas parcial. Tratemos de dar-nos conta de que o que compete ao conhecimento é levar-nos ao amor.

Outra verdade ainda é que somente o amor pode dar-nos real poder para vivermos a vida cristã e para trabalharmos e labutarmos nesta vida cristã. O amor enche de energia o homem e o envia a uma tarefa, concita-o e o impulsiona para a ação. O apóstolo Paulo expõe esta verdade em sua Epístola aos Gálatas 5:6, onde vemos dizer:

Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.”

Dificilmente Paulo menciona a fé sem juntar-lhe o amor. Na verdade a fé, a esperança e o amor andam juntos. Assim, nesse capítulo 3 da Epístola aos Efésios, depois de escrever sobre Cristo habitar “pela fé” nos corações, ele passa imediatamente a mencionar o amor. Ele o faz porque a “fé opera pelo amor”, a fé é energizada pelo amor, e a vida da fé só é ativada graças ao amor. E este se refere, lembremo-nos, ao nosso amor a Deus.

Deixe-me ilustrar. Um homem pode pregar por ser o seu trabalho, sua tarefa. Mas como é diferente, quando este homem é energizado pelo amor – pelo amor a Deus e a Cristo, e pelo amor às almas! “fé que atua pelo amor. O ponto que estou defendendo é que unicamente o amor realmente nos dá poder e força na vida cristã. Vemos isto na história de Jacó, no Velho Testamento. 

Tendo fugido de casa e da ira de seu irmão Esaú, ele foi para a terra natal de sua mãe e entrou em contato com Labão e sua família. Ali se enamorou de Raquel, uma das filhas de Labão, e pediu que lhe fosse concedida para ser sua esposa. Mas foi ludibriado por Labão e forçado a receber Lia, irmã mais velha de Raquel, e depois lhe foi dada Raquel, com a condição de que concordasse em trabalhar sete anos por ela. Então vem a interessante declaração de Gn 29:20:


“Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava.”

Sete anos parecem um longo tempo quando alguém está esperando por alguma coisa. Mas a Jacó o trabalho e a espera por Raquel, durante sete anos, pareceram apenas poucos dias. A explicação está no amor a Raquel. O amor muda tudo. Parece ter o poder de cancelar o tempo.
O amor é também o único motivo verdadeiro para a obra e para a atividade na vida cristã. Por que nos chamamos cristãos? Por que participamos do pão e do vinho na Ceia do senhor? Por que nós cremos que Cristo morreu pelos nossos pecados na cruz? A razão de tudo isso é que sabemos que:

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,”

O amor é o motivo de Deus. Por que o Deus eterno, absoluto e santo haveria de preocupar-Se com este mundo que se rebelou contra Ele e reduziu o Seu paraíso a um estado de caos? Foi por causa do Seu eterno e espantoso amor! Esta é a motivação atuante no coração de Deus. 

Vemos isto na história do Senhor Jesus em todos os Evangelhos. Quando olhava as multidões, diz-nos a Palavra que Ele as via como “ovelhas sem pastor”. Tudo por causa do Seu grande coração repleto de amor. Isso lhe dava energia; era o poder que O levava a prosseguir. E na vida cristã devemos ser como Ele; devemos seguir Seus passos, ser reproduções dEle. Este, pois, deve ser o motivo impulsor em nossa vida cristã. Em todos os seus aspectos.

Vejam este motivo como vem exemplificado no próprio apóstolo Paulo. As Escrituras o retratam como um infatigável evangelista e pregados que viajava dia e noite ensinando e pregando. Por que procedia desse modo? Em 2 Coríntios 5:14, achamos a sua resposta:

Pois o amor de Cristo nos constrange...”

O amor de Cristo está nele. Ele sabe o que Cristo fez por ele, e isto criou em seu coração um amor semelhante. Ele está “arraigado no amor de Cristo”. É isto que o impulsiona, a força motriz é esta, e nada mais. Há ainda mais um elemento nesta idéia de estarmos arraigados em amor. É negativo, porém muito importante, e está implícito no que temos dito. Não haverá nenhum valor fundamental em toda a nossa obra se não estiver arraigada e fundada em amor. O apóstolo Paulo nos diz em 1 Co 13:1:

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.”

Você pode ser o maior orador do mundo, pode ser capaz de falar de maneira comovente, podendo causar admiração das pessoas e talvez até levá-las à ação; entretanto se o amor não estiver dominando o que você diz ou faz, você será como o metal que soa ou como o sino que tine. Ele continua versículo 2:

Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”.

Essa é uma declaração demolidora e alarmante, contudo obviamente é a pura verdade. Tem que ser, porque a vida cristã é uma vida semelhante a Cristo, e nEle tudo teve origem no amor. Nada tem valor aos olhos do senhor, a menos que venha de um coração cheio de amor.

O cristão é alguém que “está arraigado em amor”. É também dali que ele recebe energia, e é que o constrange. Visto que Cristo habita em sue coração pela fé, a sua fé está “arraigada no solo do amor”, e extrai os seus preciosos nutrientes vitais daquela fonte. Desse modo passa a ser uma reprodução do próprio senhor Jesus cristo.

Que Deus nos abra os olhos para isto! Dê-nos Ele seu amor, e o “derrame” em nossos corações! Busquemos isto acima de tudo mais, porque sem isto, tudo mais nada é, e não levará a nada, senão a perda. Que Deus nos arraigue em Seu amor.

A BENÇÃO DE DEUS EXCEDE O PENSAMENTO HUMANO

Se o Senhor Deus tem este grande amor para o crente, também podemos estar convencido de que Ele vai oferecer muito para nós. É o poder de Deus agindo no crente. Este poder é muito grande, o que é capaz de mudar a natureza pecaminosa das pessoas. Pessoas com uma natureza homossexual para se transformar em um heterossexual. As pessoas que são introvertidas mudar para extrovertido. Profundamente ferido durante infância para ser curado completamente.

Deus criou o céu e a terra, tudo o que vive no mar, todos os animais, todas as árvores,gado, o ar, os pássaros e os seres humanos. Tão grande é o Seu poder. Por isso, Deus faz mais do que pessoas podem perceber. Deus é capaz de responder cada oração. Seu poder é onipotência.

Mas às vezes a oração não é respondida, porque o crente ora errado, ou pedindo o errado, ou deveria esperar, porque o crente solicitada não pode operar, ou porque Deus é amor e não quebrar um direito humano. Deus respeita o livre arbítrio do homem. Se o crente ora para que alguém vai ser convertido, Deus é muito fácil de forçar essa pessoa a acreditar, seja por amor ou por grande calamidade. No entanto, Deus é amor, e muito mais paciente do que o homem.
Por isso, é importante considerar se você orar por Vontade de Deus. E nós sabemos qual é a vontade de Deus em Sua Palavra, a Bíblia.

Espere grandes coisas de Deus. MAS começar como um jovem crente, não começar pedindo as estrelas do céu. Então você vai se decepcionar, porque esse tipo de coisa não pode, e Deus não vai te dar (sem resposta à oração). Deus dá à medida que amadurece e também é crescente coisas maiores. 

O Espírito leva em oração, vamos levar você em oração e orar para que o Espírito Santo coloque em seu coração à oração. E a pesquisa ou é do Espírito Santo, e não o seu próprio desejo ou engano pelos poderes da escuridão.

É errado pedir desejo de seu coração a Deus? Não, mas deve ser para a glória de Deus.

RECOMENDAÇÃO DO APOSTOLO PAULO A IGREJA

Dos vs. 14 ao 21, Paulo orou para que o Espírito Santo fortalecesse e iluminasse os crentes efésios para que eles perseverassem na fé e oferecessem louvor maior a Deus.
Paulo se punha de joelhos, mas normalmente, os judeus oravam de pé (Mt 6.5; Mc 11.25; Lc 18.11,13). 

Aparentemente, ajoelhar-se era uma postura de humildade e urgência maiores que o habitual (Ed 9.5; Mt 26.39; Lc 22.41; At 7.59-60; Fp 2.10).

Esse versículo introduz a oração que Paulo havia quase começado no vs. 1.
As palavras gregas para "pai" e "família" são semelhantes. Então, a tradução no vs. 15 poderia ser "toda paternidade"; se isso for aceito, indica que todos os relacionamentos de paternidade (ou seja, familiares), terrenos e celestiais, têm sua origem num Pai celestial. no céu. A literatura intertestamentária e rabínica dos judeus fazem referência a famílias de anjos.  

A oração de Paulo era para que o Senhor os fortalecesse, por meio do seu Espírito, no homem interior ou no profundo ou íntimo do seu ser. Essa é uma das maneiras mais precisas entre as usadas por Paulo para falar a respeito da obra do Espírito no interior dos indivíduos (2 Co 5.17).
Grande parte de Efésios trata do sentido de identidade corporativa dos crentes (1.10-14; 2.14-18,21-22; 3.6,10; 4.3-6,12-16,25; 4.32-5.2; 5.19; 5.21-6.9). Mas Cristo também reside no coração de cada um.

O Cristianismo não é uma confissão geral para a exclusão da experiência individual, nem uma crença privada sem visão corporativa. O Cristianismo, em toda a sua extensão, é tanto uma como outra.

Ele orava para que o Senhor os fortalecesse, por meio do seu Espírito, no homem interior ou no profundo ou íntimo do seu ser para que Cristo habitasse em seus corações mediante a fé.

Também orava para que eles fossem arraigados e alicerçados em amor. Isso provavelmente se refere ao amor dos crentes uns pelos outros e é o ponto de partida para o que se segue.

Sendo assim, poderiam eles, juntamente com todos os santos, compreender – vs. 18 - qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade.

Paulo provavelmente pretendia que essas dimensões espaciais (substantivos em vez de adjetivos em grego) trouxessem a imagem do templo de 2.21 “no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor” viesse à mente dos leitores. Como pedras vivas e unidas em amor, a moradia de Deus cresce e é preenchida pelo próprio Cristo.

E ainda – vs. 19 – para compreender e conhecer o amor de Cristo que excede todo o conhecimento para que todos fôssemos cheios de toda a plenitude de Deus.

Deus usa o amor que é compartilhado "com todos os santos" - judeus e gentios - para construir um todo que é maior que qualquer uma das partes individuais e, nesse cenário, dar a cada um deles uma compreensão maior do amor de Cristo do que eles poderiam obter individualmente.
Alternativamente, Paulo pode ter pretendido que a sua linguagem espacial fosse considerada de maneira menos concreta, talvez como uma oração para que, por meio do amor mútuo, os crentes pudessem compreender ainda mais sobre o amor de Cristo por eles - que ele é inclusivo, inesgotável, dignificante e altruísta.

A primeira metade da carta termina – vs. 20 e 21 – com uma exaltação e glorificação de Deus que é capaz de nos surpreender sempre e fazer infinitamente mais do que tudo o que possamos pedir e mesmo pensar, conforme o seu poder que já opera em nós - veja também 1.19-23; 2.5-6.

CONCLUSÃO

Todo crente verdadeiro é um discípulo de Cristo e todo discípulo é um intercessor verdadeiro. Você sabia que deixar de orar em favor do próximo é pecado? O profeta Samuel disse: “Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito”. (1Sm 12.23)

Há muitas definições que poderíamos dar sobre intercessão. A mais simples está na Bíblia: “Orai uns pelos outros” (Tg. 5.16). Ela está cheia de exemplos: Abraão suplicou por Ló e ele foi liberto da destruição de Sodoma e Gomorra; Moisés intercedeu pela nação de Israel apóstata e foi ouvido; Samuel orou constantemente pela nação; Daniel orou pela libertação do seu povo do cativeiro; Davi suplicou pelo povo; Cristo rogou por seus discípulos e fez especial intercessão por Pedro; Paulo é exemplo de constante intercessão. Toda a Igreja é chamada ao fascinante ministério da intercessão.

O intercessor é o que vai a Deus não por causa de si mesmo, mas por causa dos outros; não por benefício próprio, mas desejoso por ver alguém ser agraciado por Deus. Interceder é orar para que a vontade de Deus seja feita na vida de outros. 

Na carta de Paulo aos Efésios, o apóstolo informa lhes que estava orando por eles, encorajando-os a buscar conhecer o favor de Deus e a riqueza que tinham em Cristo.

Paulo não pede bênçãos materiais, nem pede o que não temos, mas pede que Deus abra os olhos do nosso coração para sabermos o que já temos.

Na primeira parte do capítulo 1 de Efésios, Paulo mostra-nos que somos o povo mais rico do mundo; mas, a partir do versículo 15, ele pede para Deus abrir o nosso entendimento para sabermos que somos o povo mais poderoso do mundo.

Nossa vontade é levada em conta diante Deus, por isso, a nossa oração deve ser carregada de vontade sincera e sentimentos verdadeiros; deve ser sincera para nós mesmos para que seja autêntica diante de Deus. Não desanime de orar por sua família, parentes e amigos. Interceda ao Senhor em favor deles, para que se convertam e sejam salvos; para que conheçam o indescritível tesouro que há em Cristo. “Em Cristo estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.” (Cl 2. 3)

Não deixe que nenhum motivo te afaste da oração. Interceda por sua igreja local, pelos seus líderes espirituais, pela Igreja perseguida, pelos missionários, pela conversão dos perdidos de seu prédio, de sua rua, de sua cidade, de seu país e de todas as nações. Ore intercedendo sempre sem desanimar e pregue o evangelho com palavras e testemunhos e, então, deixe o resto com Espírito Santo!

Bibliografia

Efésios 3.14-21

INTERCESSÃO DE PAULO

INTRODUÇÃO

A primeira de oração de Paulo nesta carta enfatiza a necessidade de iluminação. Esta enfatiza capacitação. A ênfase agora não é no conhecer, mas no ser. Esta oração é o ponto culminante da teologia de Paulo. É considerada a oração mais ousada da história. Paulo está preso, na ante-sala da morte, com muitas necessidades físicas e materiais imediatas, porém, ele não faz nenhuma espécie de pedido a Deus relativos às necessidades materiais.

Os homens podem colocar Paulo atrás das grades, mas não podem enjaular a sua alma. Eles podem algemar Paulo, mas não podem algemar a Palavra de Deus. Ele podem proibir Paulo de viajar, visitar e pregar nas igrejas, mas não podem impedir Paulo de orar pelas igrejas.
Paulo estava na prisão, mas não inativo. Ele estava realizando um poderoso ministério na prisão: o ministério da intercessão. Paulo nunca separou o ministério da instrução do ministério da oração. Instrução e oração andam juntas. Hoje, a maioria dos téologos não são homens de oração. E os homens que oram não se apaixonam pela teologia. Precisamos ter a cabeça cheia de luz e o coração cheio de fogo.

I. O PREÂMBULO DA ORAÇÃO

1. A postura de Paulo revela reverência – v. 14 - Os judeus normalmente oravam de pé, mas Paulo se coloca de joelhos. Um santo de joelhos enxerga mais longe do que um filósofo na ponta dos pés. Quando a igreja ora o céu se move, o inferno treme e coisas novas acontecem na terra. Quando o homem trabalha, o homem trabalha; mas quando o homem ora, Deus trabalha.

2. A motivação de Paulo revela exultação pela obra de Deus na igreja  v. 14,15
“Por esta causa” (v. 14 e v. 1) falam da gloriosa reconciliação dos gentios com Deus e dos gentios com os judeus, formando uma única igreja, o corpo de Cristo.

A igreja da terra e a igreja do céu são a mesma igreja, a família de Deus. Paulo fala aqui da igreja militante na terra e da igreja triunfante no céu como sendo uma única igreja. Somos a mesma igreja (Hb 12:22,23). Os nomes de todos os crentes, sejam os que ainda estão na terra, sejam os que já estão no céu, estão escritos em um só livro da vida, e gravados no peitoral do único Sumo Sacerdote.
Paulo se dirige a Deus como o nosso Pai: temos confiança, intimidade: ousadia, acesso e confiança (v. 12).

3. A audácia de Paulo revela sua confiança – v. 16 - Paulo manifesta o desejo de que Deus atenda às suas súplicas “segundo a riqueza da sua glória” (v. 16). A glória de Deus não é um atributo de Deus, mas o fulgor pleno de todos os atributos de Deus. O apóstolo tinha em mente os ilimitados recursos que estão disponíveis a Deus. Podemos fazer pedidos audaciosos a Deus. Seus recursos são inesgotáveis. Ilustração: 

II. O CONTEÚDO DA ORAÇÃO
Nesta oração, as petições de Paulo são como degraus de uma escala, cada uma delas subindo mais, porém, baseadas todas no que veio antes.

1. Uma súplica por poder interior – v. 16,17 - A presença do Espírito na vida é evidência de salvação (Rm 8:9), mas o poder do Espírito é evidência de capacitação para a vida (At 1:8). Jesus realizou seu ministério na terra sob o poder do Espírito Santo (Lc 4:1,14; At 10:38). Há 59 referências ao Espírito Santo no livro de Atos, ¼ de todas as referências do Novo Testamento.
Precisamos ser fortalecidos com poder porque somos fracos/porque o diabo é astucioso/porque nosso homem interior: mente, coração e vontade depende do poder do alto para viver em santidade. Ilustração: Moody e o seu revestimento de poder.
O poder do Espírito Santo nos é dado de acordo com as riquezas da sua glória.

Estas duas petições caminham juntas. As duas se referem ao ponto mais íntimo do cristão, seu homem interior de um lado, e seu coração do outro. O poder do Espírito e a habitação de Cristo referem-se à mesma experiência. É mediante o Espírito que Cristo habita em nosso coração (Rm 8:9).

Cada cristão é habitado é habitado pelo Espírito Santo e é templo do Espírito Santo. A habitação de Cristo, aqui, porém, é uma questão de intensidade. Havia duas palavras distintas para habitar: paroikéo e Katoikéo. A primeira palavra significa habitar como estrangeiro (2:19), para um peregrino que está morando longe de sua casa. Katoikéo por outro lado, significa estabelecer-se em algum lugar. Refere-se a uma habitação permanente em contraste com uma temporária, e é usada tanto para a plenitude da Divindade habitando em Cristo (Cl 2:9), quanto para a plenitude de Cristo habitando no coração do crente (Ef 3:17). Ilustração: A palavra era usada para uma pessoa que tinha todas as chaves da casa. Imagine uma casa onde tem um quarto fechado e onde se cria cobras. Você moraria nessa casa?

A palavra que foi escolhida katoikein denota a residência em contraste com o alojamento, a habitação do dono da casa no seu próprio lar em contraste com o viajante que sai do caminho para pernoitar em alguma lugar, e que no dia seguinte já terá ido embora.

A palavra Katoikéo também significa sentir-se bem ou sentir-se em casa. Cristo sente-se em casa em nosso coração. Os mesmos anjos que se hospedaram na casa de Abraão, também se hospedaram na casa de Ló em Sodoma. Mas eles não se sentiram do mesmo jeito em ambas as casas.

Uma coisa é ser habitado pelo Espírito, outra é ser cheio do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito residente, outra é ter o Espírito presidente.

O coração do crente é o lugar da habitação de Cristo, onde ele está presente não apenas para consolar e animar, mas para reinar. Cristo nalguns está apenas presente; noutros, proeminente, e em outros ele é preeminente.

Se Cristo está presente em nossos corações, algumas coisas não podem estar (2 Co 6:17-18; Gl 5:24).

2. Uma súplica por aprofundamento no amor fraternal – v. 17b - Para que Paulo pede poder do Espírito e plena soberania de Cristo em nós? Paulo ora para que os crentes sejam fortalecidos para amar. Nessa nova comunidade que Deus está formando, o amor é a virtude mais importante. Precisamos do poder do Espírito e da habitação de Cristo para amar uns aos outros, principalmente atravessando o profundo abismo racial e cultural que anteriormente nos separava.

• Paulo usa duas metáforas para expressar a profundidade do amor: uma botânica, outra arquitetônica. Ambas enfatizando profundidade em contraste com superficialidade. Devemos estar tão firmes como uma árvore e tão sólidos como um edifício. O amor deve ser o solo em que a vida deve ser plantada; o amor deve ser o fundamento em que a vida deve ser edificada.
Uma árvore precisa ter suas raízes profundas no solo se ela quer encontrar provisão e estabilidade. Assim também é o crente. Precisamos estar enraizado no amor de Cristo.

A parte mais importante num edifício é o seu fundamento. Se ele não cresce para baixo solidamente, ele não pode crescer para cima seguramente. As tempestades da vida provam se nossas raízes e se o fundamento da nossa vida estão profundos (Mt 7:24-29).
O amor é a principal virtude cristã (1 Co 13). O amor é a evidência do nosso discipulado (Jo 13:34,35). O amor é a condição para realizarmos a obra de Deus (Jo 21:15-17). O amor é o cumprimento da lei. O conhecimento incha, mas o amor edifica (1 Co 8:2).

3. Uma súplica por compreensão do amor de Cristo – v. 18,19 - O apóstolo passa agora do nosso amor pelos irmãos para o amor de Cristo por nós. Precisamos de força e poder para compreender o amor de Cristo.

A idéia central do pedido provém de duas idéias compreender (v. 18) e conhecer (v. 19). A primeira sugere compreensão intelectual. Significa apossar-se de alguma coisa, tornando-a sua propriedade. Mas o verbo conhecer refere-se a um conhecimento alcançado pela experiência. Portanto, a súplica implica em que os crentes tenham um conhecimento objetivo do amor de Cristo e uma profunda experiência nele.

Paulo ora que possamos compreender o amor de Cristo em suas plenas dimensões: qual a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade. A referência às dimensões tem o propósito de falar da imensurabilidade desse amor.

O amor de Cristo é suficientemente largo para abranger a totalidade da humanidade (Ap 5:9,11; 7:9; Cl 3:11), suficientemente comprido para durar por toda a eternidade (Jr 31:3; Ap 13:8; Jo 13:1), suficientemente profundo para alcançar o pecado mais degradado (o que Cristo fez por nós e o nosso estado – Is 53:6-7), e suficientemente alto para levá-lo ao céu (Jo 17:24 – um inventário espiritual).

Alguns pais da igreja viram nessas quatro dimensões um símbolo da própria cruz de Cristo. É inatingível a magnitude do amor de Cristo pelos homens.

 “A fim de poderdes compreender todos os santos” = O isolamento e a falta de comunhão com os crentes é um obstácuo à compreensão do amor de Cristo pelos homens. Precisamos da totalidade da igreja, sem barreira de raça, cultura, cor e denominação para compreendermos o grande amor de Cristo por nós. Os santos contarão uns aos outros sobre suas descobertas e experiências com respeito a Cristo. Veja Salmo 66:16: “Vinde, ouvi, todos vós que temeis a Deus, e vos contarei o que tem ele feito por minha alma”.

“E conhecer o amor de Cristo que excede todo o entendimento” = O amor de Cristo é por demais largo, comprido, profundo e alto até mesmo para todos os santos entenderem. O amor de Cristo é tão inescrutável quanto suas riquezas são insondáveis (3:8). Sem dúvida passaremos a eternidade explorando as riquezas inesgotáveis da gráca e do amor de Cristo. O amor de Cristo tem quatro dimensões, mas elas não podem ser medidas. Nós somos tão ricos em Cristo que as nossas riquezas não podems ser calculadas mesmo pelo mais sofisticado computador.

4. Uma súplica pela plenitude de Deus – v. 19b - Nesta carta aos Efésios Paulo nos fala que devemos ser cheios de plenitude do Filho (1:23), do Pai (3:19) e do Espírito Santo (5:18). 

Devemos ser cheios da própria Trindade. Embora Deus seja transcendente e nem os céus dos céus podem contê-lo (2 Cr 6:18), ele habita em nós. O pedido de Paulo é que sejamos tomados de toda a plenitude de Deus! Deus está presente em cada célula, em cada membro do corpo, em cada área da vida. Tudo está tragado pela presença e pelo domínio de Deus.

Devemos ser cheios não apenas com a plenitude de Deus, mas até a plenitude de Deus. Devemos ser santos como Deus é santo e perfeitos como Deus é perfeito (1 Pe 1:16; Mt 5:48).

Devemos ficar cheios até o limite, cheios até aquela plenitude de Deus que os seres humanos são capazes de receber sem deixarem de permanecer humanos.

Isso significa também que seremos semelhantes a Cristo, ou seja, alcançaremos o propósito eterno de Deus (Rm 8:29; 2 Co 3:18).

Significa, outrossim, que atingiremos a plenitude do amor, do qual Paulo acabara de falar em sua oração. Então, se cumprirá a oração do próprio Jesus: “… a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja” (João 17:26).

Nós gostamos de medir a nós mesmos, comparando-nos com os crentes mais fracos que nós conhecemos. E então, nos orgulhamos: “Bem, eu estou melhor do que eles”. Paulo, porém nos fala que a medida é Cristo e que nós não podemos nos orgulhar sobre coisa alguma. Quando tivermos alcançado a plenitude de Cristo, então, teremos chegado ao limite.

III. A CONCLUSÃO DA ORAÇÃO

1. A capacidade de Deus de responder as orações – v. 20

A capacidade de Deus de responder às orações é declarada pelo apóstolo de modo dinâmico numa expressão composta com sete etapas:

Deus é poderoso para fazer – Pois ele não está ocioso, nem inativo nem morto.
Deus é poderoso para fazer o que pedimos – Pois escuta a oração e a responde.
Deus é poderoso para fazer o que pedimos ou pensamos – Pois lê os nossos pensamentos.
Deus é poderoso para fazer tudo quanto pedimos ou pensamos – Porque sabe de tudo e tudo pode realizar.

Deus é poderoso para fazer mais do que tudo que pedimos ou pensamos – Pois suas expectativas são mais altas do que as nossas.

Deus é poderoso para fazer muito mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos Porque a sua graça não é dada por medidas racionadas.
Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos – Pois é o Deus da superabundância.

2. A doxologia ao Deus que responde as orações – v. 21

Nada poderia ser acrescentado a essa oração de Paulo senão a doxologia. “A ele seja a glória” – exclama Paulo, a este Deus com poder para ressuscitar, ao Único que pode fazer com que o sonho se torne realidade. O poder vem da parte dele; a glória deve ser dada a ele.
“A ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém.” – A igreja é a esfera onde a glória de Deus se manifesta. A Deus seja a glória no corpo e na cabeça, na comunidade da paz e no Pacificador, por todas as gerações (na História), para todo o sempre (na eternidade). Amém.

Rev. Hernandes Dias Lopes