31 de dezembro de 2014

"Deus Dá sua Lei ao Povo de Israel"



"Deus Dá sua Lei ao Povo de Israel"

TEXTO ÁUREO = “Que são israelitas, dos quais é a  adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas.” (Rm 9.4)

VERDADE PRÁTICA = Uma nova nação despontava no horizonte e precisava de uma legislação que definisse as bases em que o povo devia viver, isto é, fundamentada nas promessas feitas aos patriarcas

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Êxodo 20.18-22, 24; 24.4, 6-8

SIGNIFICADO E CLASSIFICAÇAO DO DECÁLOGO

Os dez mandamentos são chamados, também de “O Decálogo”, expressão que vem do Grego (Dekálogos), significando “dez palavras”, ou dez princípios, leis ou mandamentos (Dt 4.13). Existem diversas classificações quanto à ordem dos dez mandamentos. Umas, por conveniência, e outras, por erro de interpretação.

1. Classificação católica e luterana. O primeiro mandamento é a reunião dos Êx - 20.2-6.0 segundo, o versículo 7; Do terceiro ao 8º,  mandamentos, incluem os versículos 8 a 16; o nono e o décimo mandamentos são resumidos no versículo 17 de 20. Esta classificação é enganosa, pois procura evitar o destaque de Êx 20.4, como o segundo mandamento, que proibe fazer imagens de esculturas e o v.5, que proibe encurvar-se a elas. Essa artimanha doutrinária é freio da concepção idolatrada Igreja Católica. Os luteranos também a adotam.

2. Classificação correta. A Igreja Evangélica, em geral, adota como válida a classificação que considera o primeiro mandamento como sendo Êx 20.3; o segundo (v.4-6); o terceiro (v.7); o quarto (v.8-11); o quinto(v.12); o sexto (v.13); o sétimo (v.14); o oitavo (v.15); o nono (v.16) e o décimo, todo o versículo 17.

Essa ordem é aceita desde a Igreja Primitiva, pela Igreja Ortodoxa Oriental e pelas igrejas protestantes em geral (Comentário Bíblico Moody, p.90). Essa discrepância doutrinária mostra como pensadores e lideres religiosos procuram torcer a Palavra de Deus, de modo a acomodá-la a seus dogmas e ensinamentos tendenciosos. Eles incorrem na repreensão do Senhor (Jr 22.36b).

ABRANGÊNCIA DO DECÁLOGO

1. No aspecto estrito. Os dez mandamentos, sob o ponto de vista estrito, contém normas de relacionamento entre o povo de Israel e o seu Deus e entre os indivíduos e oseu próximo.
O Decálogo proibe matar (6º mandamento). Cristo, doutrinando sobre o assunto, disse que era pecado não só matar, mas, até, encolerizar-se, sem motivo, contra o seu irmão (Mt 522).

Nesse aspecto estrito, tem-se, por exemplo, a guarda literal do sábado como sétimo dia da semana. Somente pari os judeus foi isso determinado (Ex 31.12-18; Ez 20. 12- 13,20; Cl 2.16-17) e não para todos os povos.

2. No aspecto mais amplo. O Decálogo contém normas que servem para todos os povos, respeitando-se sua aplicação, de acordo com o entendimento abrangente dos prepósitos neles incluídos.

Enquanto paraojudeu, o sábado deveria ser observado estritamente, no seu aspecto moral e cerimonial, para outro povo serve a recomendação quanto a observar- se um dia de descanso na semana, para restauração das energias físicas e espirituais. Não matar, não cobiçarnada do próximo, honrar os pais, e não ter outros deuses além do Senhor, é, em essência, o desejável para todos os povos e nações.

3. Cristo e o Decálogo. O Senhor Jesus Cristo, doutrinando sobre o cumprimento da lei, fez alusão ao comportamento dos escribas e fariseus. que procuravam ser legalistas, observando o aspecto formal da lei, mas não praticavam de verdade, no dia-a-dia, o que era mais importante para a vida espiritual. Por isso, o Senhor disse aos seus discípulos que a justiça deles deveria exceder à dos escribas e fariseus (Mt 5.20). Em seguida, o Mestre demonstrou, no Sermão da Montanha, como Ele entendia e ordenava aos seus seguidores o cumprimento dos mandamentos:

= 6º.- mandamento: não matarás. Jesus disse: “Qualquer que se encolerizar, sem motivo, contra seu irmão, será réu de juízo”. “Qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno” (Mt 5.22).

= 7º.- mandamento: não adulterarás. Jesus disse: “Qualquer que atentar numa mulher para cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5.28).
Com esses exemplos, o Senhor Jesus mostrou que ele não 6 um legalista formaL Ele exige dos seus servos não apenas o cumprimento exterior, mas o cumprimento interior das normas da lei.

4. O Decálogo e sua unidade com a lei. Alguns crentes, adeptos do legalismo, fazem questão de dividiralei em aspectos ou partes, a fim de melhor se acomodarem com suas doutrinas e equívocos teológicos.

Dentre esses, os mais conhecidos são os Adventistas do Sétimo Dia. Eles dividem a lei em:

1) Lei Moral, compreendendo os dez mandamentos e

2) Lei cerimonial, que compreende os demais preceitos da lei. Há quem veja, ainda, um teiceiro aspecto:

A lei Social ou Civil. Esse arranjo doutrinário nada mais é do que a tentativa de legitimar a doutrina da guarda do sábado. Dizem eles que Jesus Cristo aboliu a lei cerimonial (sacrifícios, rituais,etc), mas que não aboliu a lei moral (os dez mandamentos), entre os quais está a guarda do sábado. Entretanto, nem Jesus nem os apóstolos fizeram qualquer referência a essa divisão (arbitrária) da lei. No Sermão da Montanha, que contém as “leis do Reino”, vemos o Senhor referir-se à lei de modo geral, incluindo ou não os dez mandamentos.

Em Mt 5.21, refere-se ao 6 mandamento; em Mt 5.28, refere-se ao 7º. mandamento; em Mt 5.31, refere- se ao divórcio, que não está nos dez mandamentos, mas está na lei, e dá sua determinação sobre o assunto; Em Mt 5.43, Jesus refere-se ao amor ao próximo, que está na lei, mas não nos dez mandamentos (Lv 19.18).

Paulo, referindo-se à lei, não faz qualquer distinção entre moral e cerimonial. Em 01 5.3, ele diz que os que querem justificar-se pela lei estão separados de Cristo; que são malditos os que não permanecem em todas as coisas da lei ( Gl 3.10).

Naquilo em que os adventistas chamam de lei cerimonial, há inúmeros preceitos morais. Por exemplo: Não afligir a estrangeiros, órfãs e viúvas (Êx 22.21,22). É preceito altamente moral e não cerimonial. Não torcer o juízo (Dt 16.19). Estes e outros são preceitos morais, que, no entanto, não estão no Decálogo. Diante disso, verifica-se que os dez mandamentos e os outros preceitos da lei constituem umaunidade dovelho concerto, abolido por Cristo (2 Co 3.14). O Novo Testamento (concerto), trazido por Cristo, é superior ao de Moisés (Jo 14.15; 1 Jo 2.3,10; 3.22-24; 4.21; 5.1-3; 01 6.2). Os mandamentos de Cristo não são só dez. São todo o NT.

OS DEZ MANDAMENTOS (Êx 20.1-17).

Os quatro primeiros referem-se aos deveres do homem para com Deus. Os outros seis, incluem os deveres do homem para com os seus semelhantes.

1º = “Não terás outros deuses diante de mim” (v.3). Refere-se ao único Deus. Nenhuma adoração a santos, anjos ou a outra criatura ou objeto é permitido pelo Senhor.

2º. “Não farás para ti Imagem de escultura”; “não te encurvarás a elas nem as servirás” (v.4-6). Lembra que Deus é Espírito e não admite ser adorado por meio de imagem de homem ou de qualquer criatura.

3º. “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão” (v.7). Evidencia a santidade de Deus, não sendo permitido o uso de seu nome de modo vão, desrespeitoso ou frívolo.

4º., “Lembra-te do dia do sábado para o santificar” (v.8). Lembra que Deus é o Senhor, criador de todas as coisas; lembra a sua soberania sobre a criação. A palavra sábado, em heb. shabbath, do verbo sabath, significa “cessar” ou “descansar” de trabalhar. Para os judeus, era um concerto perpétuo (Êx 31.12-18).

5º., “Honra a teu pai e a tua mãe” (v.12). Impõe o respeito à autoridade paterna, como símbolo do respeito à autoridade de Deus. É o primefro mandamento com promessa (Ef 6.2,3).

6º. “Não matarás” (v.13). Defende a preservação da vida como dom de Deus, proibindo o homicídio. No tempo de Moisés, era penuitida a,pena de morte pela autoridade judicial (Ex 21.12-15).

7º. “Não adulterarás” (v.14). Refere-se à santidade e pureza do casamento. O Senhor Jesus, no Novo Ccxicesto, trouxe nova maneira de aplicar esse mandamento, tornando-o mais abrangente (Mt 5.28).

8º. “Não furtarás” (v.15). Valoriza o respeito à propriedade dos bens alheios. Há muitas maneiras de desrespeitar esse mandamento. Não é só pela apropriação indevida de coisa materiais; não pagar o salário condignamente, é furtar o direito do trabalhador.

9º. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (v.16). Uma pessoa pode prejudicar a boa reputação de alguém, mediante uma calúnia. O Código Penal é severo, quando dispõe sobre os crimes de calúnias, injúria ou difamação. É interessante notar-se que, em muitas igrejas, alguém é excluído por causa do adultério (7 mandamento), mas ninguém é excluído por causa dos pecados contra (9) mandamento. Isso é praticar dois pesos e duas medidas, 6 juízo contrário a Palavra de Deus.

10’. “Não cobiçarás...” (v.17). Cobiçar é atitude mental, interior, apenas sentida pelo pecador. Deus não quer santidade apenas no exterior. Ele quer a santidade do corpo, da alma e do espírito. O último mandamento proibe cobiçar a casa do próximo, sua mulher, seu servo ou serva, seu boi ou jumento, etc.

Esse mandamento é tão importante quanto os outros, pois o pecado, antes de ser praticado, começa na mente, no desejo interior (Tg 1.14,15). No Velho Testamento, o Decálogo é o princípio básico do Velho Concerto. 

No Novo Testamento, o Sermão da Montanha (Mt 5.6 e 7), proferido por Cristo, é mais abrangente, pois inclui todos os princípios do Decálogo, em conformidade com a vida cristã, expressa no N. Testamento. Jesus resumiu toda a lei em dois mandamentos: Amar a Deus e amar ao próximo (Mt 22.37-40; Rm 13.8-10).

CARACTERÍSTICAS DA LEI

Êx 20.1,2 “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de Deus através do seu líder, Moisés.

A Lei Mosaica (hb. torah, que significa “ensino”), admite uma tríplice divisão:

(a) a lei moral, que trata das regras determinadas por Deus para um santo viver (20.1-17);

(b) a lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (2 1.1 — 23.33); e

(c) a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12 — 31.18).

Note os seguintes fatos no tocante à natureza e à função da lei no Antigo Testamento.

(1) A lei foi dada por Deus em virtude do concerto que Ele fez com o seu povo. Ela expunha as condições do concerto a que o povo devia obedecer por lealdade ao Senhor Deus, a quem eles pertenciam.  Os israelitas aceitaram formalmente essas obrigações do concerto (24.1-8;).

(2) A obediência de Israel à lei devia fundamentar-se na misericórdia redentora de Deus e na sua libertação do povo (19.4).

(3) A lei revelava a vontade de Deus quanto a conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1— 24.8)

E prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados     (Lv 1 .5; 16.33).

A lei não foi dada como um meio de salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com Deus (20.2).

Antes, pela lei Deus ensinou ao seu povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo. Os israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de Deus a fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2; 30.15-20).

(4) Tanto no AT quanto no NT, a total confiança em Deus e na sua Palavra (Gn 15.6),

E o amor sincero a Ele (Dt 6.5),

Formaram o fundamento para a guarda dos seus mandamentos.  Israel fracassou exatamente nesse ponto, pois constantemente aquele povo não fazia da fé em Deus, do amor para com Ele de todo o coração e do propósito de andar nos seus caminhos, o motivo de cumprirem a sua lei.

Paulo declara que Israel não alcançou a justiça que a lei previa, porque “não foi pela fé” que a buscavam (Rm 9.32).

(5) A lei ressaltava a verdade eterna que a obediência a Deus, partindo de um coração cheio de amor (ver Gn 2.9 nota; Dt 6.5 nota)

Levaria a uma vida feliz e rica de bênçãos da parte do Senhor (cf. Gn 2.16 nota; Dt 4.1,40; 5.33; 8.1; Sl 119.45; Rm8.13; 1 J0 1.7).

(6) A lei expressava a natureza e o caráter de Deus, i.e., seu amor, bondade, justiça e repúdio ao mal. Os fiéis israelitas deviam guardar a lei moral de Deus, pois foram criados à sua imagem (Lv 19.2).

(7) A salvação no AT jamais teve por base a perfeição mediante a guarda de todos os mandamentos. Inerente no relacionamento entre Deus e Israel, estava o sistema de sacríficios, mediante os quais, o transgressor da lei obtinha o perdão. Quando buscava a misericórdia de Deus, com sinceridade, arrependimento e fé, conforme a provisão divina expiatória mediante o sangue.

(8) A lei e o concerto do AT não eram perfeitos, nem permanentes. A lei funcionava como um tutor temporário para o povo de Deus até que Cristo viesse (GI 3.22-26).

O antigo concerto agora foi substituído pelo novo concerto, no qual Deus revelou plenamente o seu plano de salvação mediante Jesus Cristo (Rm 3.24-26; ver Gl 3.19, Nota com matéria adicional sobre a natureza e função da lei no AT).

(9) A lei foi dada por Deus e acrescentada à promessa “por causa das transgressões” (GI 3.19); i.e., tinha o propósito

(a) de prescrever a conduta de Israel;

(b) definir o que era pecado;

(c) revelar aos israelitas a sua tendência inerente de transgredir a vontade de Deus e de praticar o mal, e

(d) despertar neles o sentimento da necessidade da misericórdia, graça e redenção divinas (Rm 3.20; 5.20; 8.2).

Veremos a seguir as diferenças entre a lei de Moisés e a Lei de Deus, os Dez Mandamentos.

1- Leia Hb 10:1 e Lc 16-17 e responda: a lei de Moisés e a lei de Deus são a mesma?

2- Onde foi guardado o livro da lei de Moisés, e as duas tábuas dos mandamentos de Deus? Dt 31:26. IICr 5:10.

3- Em que Moisés escreveu sua lei, e onde foi posta? Dt 31:24-26.

4- Que material foi usado, e quem escreveu os dez mandamentos da lei de Deus? Ex 31:18. 24:12.

5- Qual a lei que não justificava o homem diante de Deus? Gl 3:10-11. Lv 16:1-5,14-15.

6- Qual a lei que, se obedecida, justifica o pecado do homem diante de Deus? Rm 2:12-13. Ex 20:3-17.

Os fariseus valorizavam mais as tradições dos homens e gostavam de serem vistos como os melhores crentes, cheios de fé, mas não guardavam os mandamentos de Deus: (Mc 7:7-8) Em vão, porém me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens, porque deixando o mandamento de Deus, retende a tradição dos homens. Em At 15:5 alguns da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram dizendo que era mister circuncidá-los e mandou que guardassem a lei de Moisés. Porém, Paulo disse que dava graças a Deus por Jesus Cristo, que ele mesmo com entendimento servia a lei de Deus (Rm 7-25).

O servo fiel deve guardar os mandamentos da lei de Deus, a qual foi escrita por Ele, em tábuas de pedra. A lei de Moisés foi boa, porque conduziu Israel de Moisés à Cristo. Por ela o povo temia a Deus e guardava os seus mandamentos. A Lei de Deus diz: não adulterarás (Ex 20:14).
A lei de Moisés condenava a morte quem adulterasse (Jo 8:3-5). Mas ela morreu quando Cristo disse: Ninguém te condenou? Depois disse: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais (v.10up e v.11up). Aquela mulher adúltera saiu da lei de Moisés e recebeu a graça de Cristo, porém, condicional: Não peques mais, ou seja, “não quebre mais os mandamentos da Lei de Deus”.

7- O que disse Paulo aos crentes fariseus? Rm 2:23

8 - O que disse Paulo aos que dizem ser filhos de Abraão pela fé, mas que por falta de fé anulam a lei de Deus? Rm 3:31.

O que Paulo diz aos judeus incrédulos? Tu que te glorias na lei (de Moisés), desonras a Deus pela transgressão da lei (de Deus) (Rm 2:23). Paulo falava aos judeus que tomavam a lei de Moisés como advogada, usando o poder dela para perseguir, prender, apedrejar e matar, e ainda se orgulhavam disso, quando na verdade estavam transgredindo a lei de Deus.
Porque a Lei de Deus diz: Não dirás falso testemunho (Ex 20:16) e isso os judeus faziam contra Cristo e contra os apóstolos. A lei diz: Não matarás (Ex 20:13), e os judeus, depois que faziam falsas acusações, matavam. Paulo ainda fala: a circuncisão (lei de Moisés) é nada e a incircuncisão nada é, mas sim, a observância dos mandamentos de Deus (ICo 7:19).

9- O que disse Deus, pela boca do profeta Oséias, sobre o futuro do sábado da lei de Moisés? Oz 2:11. Lv 23:26-32

10- O que disse Deus por meio de seus profetas, sobre o futuro do sábado da sua Lei? Ex 31:14,18. Ez 20:20. 22:26. Lc 23:56. Rm 7:7. Ap 14:12. 22:19.

A lei de Moisés:… E disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel (Ne 8:1). E Moisés escreveu esta lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levaram a arca da aliança do Senhor, e a todos os anciãos de Israel (Dt 31:9). Este texto fala da lei de Moisés e quando cita a arca do concerto, se refere exatamente à lei dos Dez Mandamentos de Deus.

A Lei de Deus: Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim, ao monte e fica lá, e dar-te-ei tábuas de pedra e a lei, e os mandamentos que tenho escrito para os ensina,( Ex 24:12). A lei e ao testemunho. Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva (Is 8:20.

A lei de Moisés: Quem ferir alguém que morra, ele também certamente morrerá (Ex 21:12, 22-27). Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou e desta sorte é introduzido uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus (Hb 7:19).

A Lei de Deus: Disse o Senhor Jesus: Não cuideis que vim destruir a lei e os profetas, não vim ab-rogar, mas cumprir (Mt 5:17). E acrescenta: Porque em verdade vos digo que até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido (v.18). Obedecemos a lei de Deus porque até hoje o céu e a terra permanecem. E abriu-se no céu o templo de Deus e a arca do seu conserto foi vista no seu templo e houve relâmpagos e grande saraiva (Ap 11:19; IICr 5:10).

A lei de Moisés: Pelo que também lhes dei estatutos que não eram bons e juízos pelos quais não haviam de viver (Ez 20:25).

A Lei de Deus: E assim, a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom (Rm 7:12). Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto, torna-se culpado de todos (Tg 2:8-10). Em Sl 111:9 o salmista diz que Deus enviou redenção ao Seu povo, ordenou a Sua aliança para sempre. Por isto, Paulo disse que a lei é espiritual (Rm 7:14). Disse ainda que tinha prazer na lei de Deus (Rm 7:22). Paulo jamais falaria isso com a lei citada em Ez. 20:25 e de Os. 2:11. Paulo se referia a Lei de Deus, de Êx 20:3-17. E sobre esta Paulo diz: Portanto a lei é santa, o mandamento santo, justo e bom (Rm 7:12). Paulo viveu como se estivesse sem lei, mas para ganhar os que viviam sem lei, se fez de fraco, mas não viveu sem a lei (I Co 9:20-22).
Somente através da oração é que conheceremos a verdade e a verdade há de nos libertar (Jo 8:32).

OS CÓDIGOS

Os códigos orientais eram casuísmos que se fundamentam na realidade de fatos e acontecimentos para a partir deles formular suas leis. A forma casuística é a lei de precedente legal, geralmente de caráter consuetudinária, comum na legislação mesopotâmica, como os códigos de Lipit-Ishtar, Eshnunna e Hamurabi. É a construção que emprega o recurso retórico no qual o primeiro período é condicional, conhecido como prótase, e o segundo, a apódose, só faz sentido em função do primeiro: “E será que, se ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu te ordeno hoje, o SENHOR, teu Deus, te exaltará sobre todas as nações da terra... Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do SENHOR, teu Deus, para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então, sobre ti virão todas estas maldições e te alcançarão” (Dt 28.1, 15). Veja ainda Êxodo 2 1.23, 30; 22.8; 23.22; Levítico 5.1, 15; 19.20.


Os códigos do Pentateuco são seções distintas no sistema mosaico que a crítica considera porções legais produzidas durante um longo lapso de tempo. Os críticos afirmam ter encontrado sete grupos: os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21); o que eles costumam chamar de Código da Aliança (Êx 20.22-23.33); Ritual do Decálogo (Êx 34.10-26); Código de Santidade (Lv 17- 26); Código Sacerdotal (Lv 1-16); o Código Deuteronômico (Dt 12-26); além do discurso sobre as bênçãos e as maldições (Dt 27-28). Outros expositores mais ousados chegam a afirmar que o texto se constituía dos Dez Mandamentos sem as explicações de Êxodo 20.4-6, 9-11 e Deuteronômio 5.9, 10, 13-15, as quais teriam sido acrescentadas posteriormente. Há, na verdade, entre os críticos judeus e cristãos mais conservadores, a ideia de que Moisés recebeu as tábuas sem as respectivas explicações, mas que Deus mandou o próprio Moisés incluí-las no livro da Lei.

A novidade da crítica é que ela questiona a tradição judaico-cristã no que diz respeito à paternidade mosaica do Pentateuco e à sua antiguidade. A fragmentação que os críticos apresentam juntamente com os seus pressupostos científicos não deve impressionar ou preocupar os cristãos, pois submeter a Bíblia à ciência não nos parece sensato. A ciência modifica-se a cada nova descoberta; “o espírito científico é essencialmente uma retificação do saber, um alargamento dos quadros do conhecimento” (BACHELARD, 1968, p. 147).

Muitas coisas que foram ciência no passado, hoje, não passam de bobagens; da mesma forma, o que é ciência hoje pode ser bobagem amanhã. A Bíblia, no entanto, permanece para sempre (Is 40.8). A religião cristã se fundamenta na fé e na revelação e não na ciência (Hb 11 .3).

Não se sabe exatamente como o texto do Pentateuco foi produzido e se desconhece também o critério adotado pelo legislador para a organização do livro. O grande problema é a falta de informação de uma época tão distante. É característico da cultura oriental pensar em círculos dando ênfase ao fato ocorrido, e não à data, diferentemente da forma linear adotada no modelo ocidental.

A narrativa da Torre de Babel (Gn 11.1-7), por exemplo, precede cronologicamente a tabela das nações registrada em Gênesis 10; no entanto, aparece posteriormente no relato das Escrituras. Isso explica, muitas vezes, as repetições presentes nos textos bíblicos. Não se deve, portanto, fragmentar o texto atribuindo-o a diversos autores e a diversas épocas, ainda mais quando a Bíblia afirma ao longo de suas páginas a autoria mosaica do Pentateuco.

Deus mandou Moisés escrever essas coisas num livro (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27). A essa altura da história, os escritos eram parciais, pois a produção do texto estava ainda em andamento.
Moisés escreveu as jornadas dos filhos de Israel no deserto (Nm 33.1-49). Mas ainda está escrito que Moisés acabou de “escrever as palavras desta Lei num livro, até de todo as acabar” (Dt 31.24).

Isso é ratificado em toda a Bíblia a partir da própria Torá até o Novo Testamento (Dt 3 1.9, 25, 26; Js 8.32-35; Jz 3.4; 1 Rs 8.53, 56; Dn 9.11-13; Ml 4.4; Mt 19.7, 8; Mc 10.4, 5; Lc 5.14; Jo 1.17; 5.45-47; Rm 10.5; 1 Co9.8, 9; 2 Co 3.15).

Não há como mudar essa verdade, ainda mais com base em especulações ou interpretações sob o argumento de método científico. Assim, as sessões do Pentateuco às quais os críticos chamam de códigos são realmente detectáveis; isso não implica, contudo, a autoria de diversos autores e nem em datas posteriores.


É verdade que há no Pentateuco extratos de escritores desconhecidos ou uma coletânea de diversos documentos, como as genealogias do Gênesis, e outros que sofreram revisão posterior por escribas e profetas igualmente inspirados, como algumas glosas, por exemplo, “e estavam, então, os cananeus na terra” (Gn 12.6); o nome “Dá” antes da formação da família de Jacó (Gn 14.14); a menção de reis em Israel, antes mesmo da conquista de Canaã (Gn 36.31); a expressão “dalém do Jordão” (Dt 1.1) enquanto Moisés nem mesmo atravessou o rio. Nada disso descaracteriza sua paternidade literária.

A revelação divina foi gradativa. A autoridade dos massoretas posteriores do judaísmo rabínico não é a mesma dos sopherim,  “escribas”, que trabalharam nas cópias e na edição dos livros no período pré-cristão. Esdras era um deles e é chamado de “escriba”, sophër 16 (Ed 7.6). Os massoretas jamais ousaram modificar uma palavra das Escrituras, pois o cânon já estava fixado, uma postura diferente da dos sopherim, que eram encarregados de padronizar e revisar textos.

Os livros do Antigo Testamento foram produzidos por profetas, sacerdotes e sábios de Israel (Jr 18.18). Deus confiou a eles a sua revelação. A continuidade do texto, como a narrativa da morte de Moisés em Deuteronômio 34, era realizada por alguém divinamente autorizado. As glosas editoriais foram inseridas no texto sagrado por pessoas autorizadas, profetas, sacerdotes e sábios num período em que o cânon ainda estava aberto. Isso não compromete a paternidade mosaica do Pentateuco. Esses detalhes editoriais são reconhecidos pela tradição desde a antiguidade. Logo, não se sustentam as ideias defendidas pelos críticos liberais sobre os supostos autores do Pentateuco e as diversas datas sugeridas para a composição de cada código.


Israel se rebelou contra Deus, ainda no Sinai, com o culto do bezerro de ouro. Deus renovou o concerto com os israelitas, e “estas palavras” (Êx 34.2 7) são as palavras do concerto descritas nos versículos 10-26. Referem-se a preceitos morais e cerimoniais do Decálogo e de outros códigos do sistema mosaico. O primeiro, o segundo e o quarto mandamentos do Decálogo reaparecem nessa renovação do concerto (Êx 34.14, 17, 21; cp. Êx 20.2-5, 8-li; Dt 5.7-19, 12-15). A guarda do sábado é o único preceito cerimonial do Decálogo, pois os sacerdotes podiam violar o sábado e ficar sem culpa (Mt 12.5).

Mas outros preceitos cerimoniais estão incluídos aqui: as festividades e o ritual da consagração dos primogênitos. Os críticos chamam Êxodo 34.10-26 de “Decálogo Cúltico”  e Êxodo 20.1-17 de “Decálogo Ético”. Aqui se resumem preceitos de todos os códigos da lei de Moisés. Logo, não faz sentido a ideia de um texto produzido por autores diferentes durante um longo intervalo de tempo.

Quanto à lei, algo precisa ser dito sobre a alegada divisão em lei moral, lei cerimonial e lei civil. Desde muito tempo qualifica-se o Decálogo como lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial, e os preceitos de caráter jurídico são considerados lei civil. A visão tripartite da lei em preceitos morais, cerimoniais e civis não vem das Escrituras. “Embora essa distinção tripartite seja antiga, seu uso como fundamento para explicar a relação entre os testamentos não é demonstravelmente derivada do Novo Testamento e provavelmente não é anterior a Tomás de Aquino” (CARSON, 2011, p. 179). Os judeus jamais dividiram sua lei em moral e cerimonial. Ao longo da história, eles observaram o sábado e a circuncisão com o mesmo cuidado. Jesus disse que a circuncisão está acima do sábado ( Jo 7.22, 23).

Decálogo Cúltico:

1 = Não farás aliança com os cananeus e nem aos seus deuses;
2 = Guardarás as festas dos pães asmos;
3 = Todo o primogênito é de Javé;
4 = Redimirás os teus primogênitos e teus filhos;
5 = Descansarás o sétimo dia da semana;
6 = Três vezes no ano te apresentarás diante de Javé;
7 = Não temerás a nenhum dos teus inimigos;
8=  Não oferecerás coisa levedada nem deixarás para o dia seguinte o sacrificio da páscoa;
9 = Oferecerás a Javé as prirnicias do teu fruto;
10 = Não cozerás o cabrito rio leite de sua mãe.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Lições bíblicas CPAD 1988
Bíblia de Estudo Pentecostal
bibliotecabiblica.blogspot.com.br
luizgregoriogomes.wordpress.com
cristianismopuro.blogspot.com.br
Livro Os Dez Mandamentos = CPAD = Esequias Soares


28 de dezembro de 2014

INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE



INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE

Três meses depois da saída do Egito, Deus conduziu os hebreus pelo deserto até o Monte Sinai, onde ficaram acampados (Êx 19:1,2). Ali, Israel se tornou uma nação eleita e santa ao entrar em um relacionamento de aliança com Deus (Êx 19:3-8). A eleição divina de Israel colocou essa nação em uma posição especialmente privilegiada no mundo.

No Monte Sinai, o Senhor declarou, em particular, a Moisés, a quem chamou à Sua presença, as orientações preparatórias para a entrega da Lei (Êx 19:3-6). Ali, o Senhor proferiu os Dez Mandamentos (Decálogo) que se constituíram nos estatutos perpétuos para serem obedecidos (Êx 20:6; 24:12).

Do meio de uma tremenda tempestade, acompanhada de terre­motos e do som sobrenatural de trombetas, com a montanha toda envolta em fumo e coroada de chamas aterradoras, Deus falou as palavras dos Dez Mandamentos e deu a Moisés a lei. Tais ordenanças revelam os princípios espirituais e relacionais de Deus ao Seu povo, bem como Sua natureza santa, os quais os seres humanos devem observar como parâmetro de conduta (Dt 33:3).

Os "Dez Mandamentos" revelam, nesta aliança de Deus com Israel, o próprio caráter de Deus e, como tal, são uma demonstração do comportamento que Deus requer de todo ser humano em relação a Deus e ao semelhante, cuja profundidade e alcance foram bem demonstrados por Jesus no sermão do monte.

Deus requereu de Israel e requer, também, de nós – Igreja do Senhor Jesus - duas atitudes em relação às Suas ordenanças: que possamos ouvir e obedecer (Dt 11:26,27). Desse modo, tornamo-nos Sua propriedade peculiar, Seu reino sacerdotal e Seu povo santo (Êx 19:5,6).

O Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, citando Meir Matzliah Melamed, em seu comentário sobre “A Ética Cristã e os Dez Mandamentos”, diz que “... A importância dos Dez Mandamentos não se resume unicamente no seu significado, mas ao fato de que constituem exemplos clássicos para todas as demais leis”.

Hans Ulrich Reifler, em sua análise sobre “a ética dos Dez Mandamentos”, diz:

Os Dez Mandamentos foram escritos por Deus em duas tábuas (Êx 31:18) e foram reconhecidas como o cerne ou o princípio da lei já em Êxodo 24:12: "Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para os ensinares". Além desses dois textos básicos, encontramos referências a elas em Deuteronômio 10:1-5.

No Novo Testamento, com exceção do quarto mandamento, que se refere à observância do sábado, encontramos todos os Dez Mandamentos em suas formas inibidora (ou negativa) e positiva (ou construtiva).


Mandamento

Referência Correlata no Novo Testamento

1 e 2

1João 5.21

3

Tg 5.12

4

Nenhuma referencia

5

Ef 6.1-3

6

Rm 13.9

7

1Co 6.9, 10

8

Ef 4.28

9

CI3.9; Tg 4.11

10

Ef 5.3

Além dessas referências específicas, temos alusões ao Decálogo nos ensinos de Jesus em Mateus 15; 19; 22:37-40; Lucas 10:26-28, e em outras passagens.

A expressão "Dez Mandamentos" deriva de Êxodo 34:28 e de Deuteronômio 4:13; 10:4:

"E ali esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão nem bebeu água; c escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras" (Êx 34:28);
"Então vos anunciou ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra" (Dt 4:13);

"Então escreveu o Senhor nas tábuas, segundo a primeira escritura, os dez mandamentos que ele vos falara no dia da congregação, no monte, no meio do fogo" (Dt 10:4).

Ao longo da história, os cristãos dividiram os Dez Mandamentos de maneiras diferentes. De um lado temos a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Ortodoxa Russa, juntamente com as Igrejas Reformadas e os anabatistas, seguindo a divisão proposta por Orígenes, Agostinho, Bonifácio e Calvino; e do outro lado encontramos a divisão empregada pela Igreja Católica Romana e pelas Igrejas Luteranas.


As Igrejas Ortodoxas e Reformadas

A Igreja Católica Romana e as Igrejas Luteranas

1. Não terás outros deuses diante de mim (Ex 20:3).

1. Não terás outros deuses e não farás imagens.

2. Não farás imagens de escultura (Ex 20:4-6).

2. Não tomarás o nome de Deus em vão.

3. Não tomarás o nome de Deus em vão (Ex 20:7).

3. Lembra-te do dia de sábado.

4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar (Ex 20:8-11).

4. Honra teus pais.

5. Honra teus pais (Ex 20:12).

5. Não matarás.

6. Não matarás (Ex 20:13).

6. Não adulterarás.

7. Não adulterarás (Ex 20:14).

7. Não furtarás.

8. Não furtarás (Ex 20:15).

8. Não dirás falso testemunho.

9. Não dirás falso testemunho (Ex 20:16).

9. Não cobiçarás a casa de teu próximo.

10. Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem sua mulher ou servo, ou animal (Ex 20:17).



10. nem sua mulher ou servo, ou animal.

Seguindo o modelo proposto por Calvino, baseado em Agostinho e Orígenes, percebemos que os primeiros quatro mandamentos, correspondente a “primeira tábua, tratam da relação vertical, ou seja, das responsabilidades do homem para com seu Criador, enquanto a "segunda tábua", ou os seis mandamentos restantes, trata da relação horizontal, isto é, das responsabilidades do homem para com seu próximo. Reencontramos esta dupla relação no ensino de Jesus Cristo, quando o Mestre respondeu a respeito do grande mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas" (Mt 22:37-40).

Outra maneira de dividir os Dez Mandamentos e agrupá-los em três partes:


Mandamentos

Êxodo 20

Assunto

1-3

vv. 2-7

Relação correta com Deus.

4

vv. 8-11

Relação correta com o trabalho.

5-10

vv. 12-17

Relação correta com a sociedade.

Ou então:


Mandamentos

Êxodo 20

Assunto

1-3

vv. 2-7

Moral teológica.

4-6

vv. 8-14

Moral individual.

7-10

vv. 15-17

Moral social.

Assim, partindo da observação dos aspectos vertical e horizontal do Decálogo, traçamos o seguinte esboço:

1. O testemunho da singularidade e exclusividade de Deus (Êx 20:3).

2. O testemunho da incomparabilidade de Deus (Êx 20:4-6).

3. O testemunho da santidade de Deus (Êx 20:7).

4. O testemunho do senhorio de Deus sobre o tempo (Êx 20:8-11).

5. A proteção da velhice (Êx 20:12).

6. A proteção da vida (Êx 20:13).

7. A proteção do matrimonio e do corpo (Êx 20:14).

8. A proteção da propriedade e do trabalho (Êx 20:15).

9. A proteção da honra (Êx 20:16).

10. A proteção contra as ambições erradas e a cobiça (Êx 20:17).

Segundo o pr. Esequias Soares, o Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo dedo de Deus" (Êx 31.18), linguagem figurada que, segundo Agostinho de Hipona, indica "pelo Espirito de Deus" e, de acordo com Clemente de Alexandria, "pelo poder de Deus". É também a única porção da lei que Israel ouviu partir da voz do próprio Deus no monte quando ele transmitia essas Dez palavras (Êx 19.24, 25; 20.18-20). Os demais preceitos foram transmitidos por Javé exclusivamente a Moisés. Além dessas características, elas servem como esboço de toda a lei de Moisés. Todavia, isso não coloca o seu conteúdo numa posição acima da legislação mosaica porque toda a lei veio de Deus e "toda a Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3.16 - ARA).

Ainda, segundo o pr. Esequias Soares, as Dez palavras foram dadas a Israel logo após a libertação dos israelitas do Egito e se aplicam primariamente aos hebreus, não a toda a humanidade. Isso fica muito claro na expressão "para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá" (Êx 20.12; Dt 5.16), que diz respeito à terra de Canaã. E o quarto mandamento, na recapitulação em Deuteronômio, afirma "porque te lembrarás de que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado" (Dt 5.15). O sábado legal era o sinal do concerto entre Javé e o seu povo Israel (Êx 31.13,17). São peculiaridades do sábado no sistema mosaico que o Senhor Jesus e seus apóstolos não incluíram como parte obrigatória na fé cristã.

Alguns interpretam que o Senhor Jesus Cristo sintetizou as duas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt 22:34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento.

O sábado (mencionado pela primeira vez em Gênesis 2:1-3 e depois juntamente com o relato do maná em Êxodo 16) agora é formalmente instituído como lei à nação de Israel. Esse dia era um símbolo do descanso que os cristãos hoje desfrutam em Cristo e também da redenção que a criação desfrutará no milênio. O sábado judaico (hb. Shabbath – “cessar, interromper”), o sétimo dia da semana, começa ao pôr-do-sol da sexta-feira e termina ao pôr-do-sol do sábado. Nenhuma passagem do Novo Testamento ordena os cristãos a observar o sábado.

Conquanto o cristão não esteja mais obrigado a observar o sábado judaico, ele tem fortes razões bíblicas para dedicar um dia, em sete, para seu repouso e adoração a Deus:

a) O princípio de um dia sagrado de repouso foi instituído antes da lei judaica - “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou” (Gn 2:3). Isto indica que o propósito divino é que um dia, em sete, fosse uma fonte de benção para toda a humanidade e não apenas para a nação judaica.
b) O propósito espiritual de um dia de descanso em sete é benéfico ao cristão. No Novo Testamento esse dia era visto como uma cessação de labor e ao mesmo tempo um dia dedicado a Deus; um período para se conhecer melhor a Deus e adorá-lo; uma oportunidade para dedicar-se em casa e em público às coisas de Deus (Nm 28:9; Lv 24:8).

c) Jesus nunca ab-rogou o princípio de um dia de descanso para o homem. O que Ele reprovou foi o abuso dos líderes judaicos quanto à guarda do sábado (Mt 12:1-8; Lc 13:10-17; 14:1-6).

d) Jesus indica que o dia de descanso semanal foi dado por Deus para o bem-estar espiritual e físico do homem (Mc 2:27).

e) Nos tempos do Novo Testamento os cristãos dedicavam um dia especial, o primeiro dia da semana, para adorar a Deus e comemorar a ressurreição de Cristo (At 20:7; 1Co 16:2; Ap 1:10).

Muitos identificam o Decálogo como lei moral sem fazer restrição ao quarto mandamento, que fala do sábado. É importante que se saiba que o sábado foi dado como uma bênção para os israelitas e posto como sinal entre Deus e Israel, como memorial da libertação do Egito (Êx 31.13, 17; Dt 5.15). Nem a Igreja e nem nenhuma nação têm compromisso com o sábado legal de Moisés para observar o sétimo dia da semana (Cl 2.14-17). Jesus disse que o sábado é um preceito cerimonial (Mt 12.1-5; João 7.21, 22).

Segundo o pr. Esequias Soares, matar, adulterar, furtar e proferir falso testemunho já existia nos códigos mesopotâmios e do Egito como crimes, embora os fundamentos e propósitos fossem diferentes dos revelados na lei de Moisés. Os hebreus do período pré-Sinai sabiam que era errado desonrar a Deus pelo uso impróprio do seu nome, como era igualmente errado faltar com o respeito aos pais e cobiçar a propriedade alheia. Mas com a revelação do Sinai, eles tiveram uma compreensão mais ampla desses mandamentos e passaram a entender que não se tratava de meras normas jurídicas, mas da vontade de Deus. Foi Javé quem colocou a lei no coração e na mente de todos os seres humanos, dando-lhes assim as condições necessárias para discernirem entre o certo e o errado, por meio da consciência (Rm 2.14-16). O concerto do Sinai mostra a origem divina de todos esses mandamentos.

Diz, ainda, o pr. Esequias Soares:

Os Dez Mandamentos não aparecem como tal na sua totalidade nenhuma vez sequer no Novo Testamento. Os mandamentos que o Senhor Jesus citou para o moço rico (Mt 19:18,19) e os mencionados pelo apóstolo Paulo (Rm 13:9), além de não serem a totalidade, não estão na sequência canônica. Na fé cristã, a sua autoridade é a mesma das demais partes das Sagradas Escrituras.

A lei cerimonial é a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e das festas religiosas, do kashrut, leis dietéticas, dentre outras, que se cumpriu em Jesus. Os preceitos de caráter jurídico, como a lei civil, também já foram cumpridas, porque não existe mais um estado teocrático, e a Igreja não é um Estado.

A questão é se a moral cristã deve estar fundamentada nos Dez Mandamentos e qual é o papel desses preceitos na vida da Igreja. Quando o Novo Testamento afirma que a lei foi abolida por Cristo, não especifica se é lei moral, cerimonial ou civil. O apóstolo Paulo inclui a parte do sistema mosaico que foi "gravado com letras em pedras" (2Co 2:7). Assim, quando se diz que não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça (Rm 6:14, 15), dizemos que essa lei é a Torá completa, e não parte dela. Toda a lei resume-se na lei do amor, amor a Deus e ao próximo (Mt 22:37-40; Rm 13:8-10). Estar debaixo da graça significa que fomos libertos da lei para servir e não para pecar, nós somos servos de Cristo e não da lei, é o Espírito Santo que guia o cristão no dia a dia (Rm 7:6) (Ensinador Cristão).

É válido, ainda, ressaltar o seguinte:

Todo o Pentateuco é considerado a Lei de Deus e não meramente os Dez Mandamentos (ler Josué 24:26). O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a Lei é uma só. “É chamada de Lei de Deus porque veio de Deus, e lei de Moisés porque foi ele o mediador entre Deus e Israel (Ne 10:29). Ambos os termos aparecem alternadamente na Bíblia (Ne 8:1,2,8,18; Lc 2:22,23). A cerimonia dos holocaustos, a circuncisão e o preceito sobre o cuidado dos bois são igualmente reconhecidos como lei de Moisés (2Cr 23:18; 30:16; At 15:5; 1Co 9:9)” (LBM – CPAD).

Referências Bibliográficas:

Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.

Esequias Saores. Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Ética Cristã e os Dez Mandamentos. PortalEBD.