21 de setembro de 2023

O Mundo de Deus no Mundo dos Homens

 

O Mundo de Deus no Mundo dos Homens

TEXTO ÁUREO

Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco).” (Mt 1.23)

Esmiuçando o versículo-chave:

- virgem: os acadêmicos por vezes discutem se o termo hebraico presente em Is 7.14 significa "virgem" ou "serva".

Mateus faz a citação a partir da Septuaginta, que usa o termo grego inequívoco para "virgem" (veja nota em Is 7.14).

Desse modo, ao escrever sob a inspiração do Espírito Santo, Mateus põe fim a qualquer dúvida sobre o significado da palavra em Is 7.14.

- Emanuel: esse título hebraico significa “Deus conosco” e foi aplicado a Jesus.

Em Is 8.8,10 ele se aplica ao Senhor, o Dono da terra.

Jesus seria chamado de Emanuel (“Deus conosco” ou “Deus está conosco”) como fora predito pelo profeta Isaías (Is 7.14).

Jesus era Deus em carne. Deste modo, Deus estava literalmente entre nós, “conosco”. Pelo Espírito Santo, Cristo está presente hoje, na vida de cada crente.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Mateus 1.21-23; Gálatas 4.3-7

 

INTRODUÇÃO

 

Entender o significado bíblico do Reino de Deus é fundamental para a genuína proclamação do Evangelho e compreensão do papel da Igreja na sociedade. Se lhe pedissem para explicar o reino dos céus, o que você diria? A maioria de nós acharia mais fácil dizer o que não é o reino do que dizer o que ele é.

Alguns simplificariam demais a matéria, dizendo apenas que o reino é a igreja. O assunto merece uma explicação bem mais completa. O Novo Testamento menciona o assunto do reino não menos que 141 vezes. O uso deste assunto é mais do que o uso da palavra ‘igreja’ pela qual Jesus Cristo derramou o Seu sangue (At 20.28).

Porém, desde que o Espírito Santo deu tanto destaque a essa doutrina no Novo Testamento, convém que demos a ela a devida atenção. Não precisamos descartar as demais doutrinas e estudar somente essa, mas também não devemos esquecer essa a qual é mencionada tantas vezes.

A importância da doutrina do Reino de Deus no Novo Testamento é entendida quando percebemos que todos os autores do Novo Testamento mencionam assuntos relativos ao reino. A Palavra de Deus é viva e, portanto, sempre atual (Hb 4.12).

A verdade é imutável, portanto sempre convém para aperfeiçoar o homem de Deus para toda a boa obra (II Tm 3.16,17).

Portanto, aquilo que os nossos irmãos no primeiro século necessitavam ouvir e aprender para servir ao Senhor agradavelmente é o que nós precisamos ouvir e aprender para servir hoje ao mesmo Senhor. Por menos que lemos o Novo Testamento confrontaríamos com esse assunto, pois 17 dos 27 livros contêm a palavra “reino”.

Os outros sete livros referem-se ao assunto do reino de Deus sem usar tais palavras, mas estes não estão incluídos nessa contagem. Por uma boa parte do Novo Testamento usar essa palavra, convém que saibamos algo do reino para manejarmos bem a Palavra de Deus.

Enquanto alguns acreditam que o Reino de Deus e Reino dos Céus estejam se referindo a coisas diferentes, é claro que ambas as frases estão se referindo à mesma coisa. A frase "o reino de Deus" ocorre 68 vezes em 10 diferentes livros do Novo Testamento, enquanto que o "reino dos céus" ocorre apenas 32 vezes, e só no Evangelho de Mateus.

Com base no uso exclusivo de Mateus da frase e na natureza judaica de seu Evangelho, alguns intérpretes concluíram que Mateus estava escrevendo a respeito do reino milenar, enquanto que os outros autores do Novo Testamento estavam se referindo ao reino universal.

No entanto, um estudo mais profundo da utilização da frase revela que esta interpretação não é correta.

A Importância de Não Diferenciar o Reino de Deus do Reino dos Céus: Estes termos apontam à mesma verdade, como estudamos antes. Para enfatizar essa verdade faço as seguintes observações: Somente Mateus menciona o Reino dos Céus.

Se o Reino dos Céus é uma doutrina diferente da doutrina do Reino de Deus, não seria muito estranho que somente Mateus de todos os escritores da Bíblia menciona essa doutrina? Seria sábio dar muita ênfase numa doutrina elaborada por um só autor da Bíblia e jamais mencionada por outro? Seria confiável tomar a sério uma doutrina sobre a mensagem de Cristo e aquilo que somos responsáveis a pregar quando nem Marcos nem Lucas nem João sequer mencionaram quando relataram a vida de Cristo?

Não seria ilógico o fato em que Marcos, Lucas e João são unânimes sobre a vida de Cristo e o Seu Reino, mas não ter a mínima concordância com Mateus que também relata essa mesma vida? A própria inspiração da Bíblia seria em jogo se estes quatro autores não estivessem em concordância em um assunto tão largamente tratado entre eles e por outros homens que o Espírito Santo usou para produzir as Escrituras. Porém há muita importância em não diferenciar os significados do Reino de Deus e o Reino dos Céus

I – O REINO DE DEUS NO MUNDO

 

1. A encarnação de Cristo. Diferentemente da expectativa dos judeus daquele tempo, que aguardavam um Messias que implantaria o seu Reino na terra, por meio de uma renovação política, o Nazareno afirmou não ser o seu Reino deste mundo (Jo 18.36).

Com esta declaração, Jesus não descaracterizou a realidade e a presença do Reino, de modo a afastar a sua própria autoridade sobre a esfera terrena, pois as Escrituras dão provas de que Ele é supremo (Mt 28.18; Fp 2.9-11; Cl 1.15-18; Ap 19.16).

 

Jesus está se referindo à origem celestial do seu governo, o qual não é fabricado pelo homem, ou conquistado pelo uso da força física, ou pela política deste mundo. É um Reino de verdade que emana de Deus e irrompe entre os homens promovendo transformação!

O Novo Testamento aponta as características do reino.

É uma dádiva do Pai: Lc 12.32;                                                                                                                            Equivale à vida eterna: Mc 9.47;

É uma realidade interior: Lc 17.20s;                                                                                                                             É algo novo: Mt 11.11s; Lc 7.28; 16.16;

Agora inclui trigo e joio: Mt 13.24,47;                                                                                                                 Cresce silenciosamente: Mt 13.31,33,38,41; Mc 4.26,30;

Representa graça e juízo: Mt 18.23; 20.1;                                                                                                             Os filhos do reino podem perdê-lo: Mt 21.31,43; 22.2; Lc 13.28s;

Alguns não o herdarão: 1 Co 6.9s; 15.50; Gl 5.21; Ef 5.5;                                                                             Não consiste em palavra, mas em poder: 1 Co 4.20.

Cristo deu a Pedro e aos demais apóstolos as chaves do reino: Mt 16.19; 18.18.

Há também o reino de Cristo: Mt 16.28; Lc 22.29s; Jo 18.36; 1 Co 15.24; Cl 1.13;                       2 Tm 4.1.

Entre os sinais da presença do reino estão:

Humildade: Mt 5.3;                                                                                                                        Justiça: Mt 5.10; 6.33;                                                                                                         

Justiça, paz e alegria: Rm 14.17;                                                                                                 Amor a Deus e ao próximo: Mc 12.34;

Obediência: Mt 5.19s;                                                                                                                          Fazer a vontade de Deus: Mt 6.10; 7.21; 21.31,43;

Dependência de Deus e confiança nele (ricos e pobres): Mt 19.23s; Mc 10.23-25; Lc 6.20;

Solidariedade com os sofredores: Mt 25.34;                                                                               Fidelidade: Lc 19.11ss;

Vigilância: Mt 25.1;                                                                                                                                              Requer novo nascimento: Jo 3.3,5.

2. A mensagem do Reino. O ponto central da mensagem anunciada por Jesus em seu ministério terreno foi a proclamação do Evangelho do Reino (Mt 4.23; 9.35; 24.14; Lc 4.43; 8.1).

Igualmente, este foi o cerne da pregação de João Batista (Mt 3.2),

Assim como dos discípulos e da Igreja Primitiva (At 8.12; 19.8; 28.23).

A palavra Evangelho (gr. euangelion) tem o sentido de boas novas, boas notícias, acerca do plano salvífico de Deus para a humanidade. O Evangelho genuíno é o Evangelho do Reino.

Vivemos, infelizmente, dias de desvirtuamento do Evangelho, esfriamento da fé e mercantilização do cristianismo. Nesse tempo, muitas igrejas já não dão o devido valor à proclamação genuína da mensagem do Reino, substituindo-a por programas de entretenimento e pregações de autoajuda.

Mas a verdadeira Noiva do Cordeiro sabe que a sua missão primordial é anunciar as boas novas: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15)

É a sua principal incumbência (1 Co 9.16),

Chamando o ser humano ao arrependimento e conversão ao senhorio de Cristo. Jovem, você tem proclamado o Evangelho do Reino?

Jesus veio “pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Marcos 1:14-15). 

A ideia de Deus como rei está presente em todas as Escrituras Hebraicas (Dt 33.5; Jz 8.23; Is 43.15; 52.7),

Em especial nos Salmos (10.16; 22.28; 24.7-10; 47.2,7-8; 93.1; 97.1; 99.1,4; 103.19; 145.11-13).

Evangelho significa boa nova ou boa mensagem. O reino de Deus estava próximo. Sua vinda estava perto. Os mandamentos de Deus ordenam a todos que se arrependam e creiam nessa jubilosa mensagem. Nunca houve uma mensagem tão acreditável. O poder miraculoso provava que Jesus falava a verdade; “trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos.

E ele os curou” (Mateus 4:24).

O poder sobre os demônios provou ser verdadeira a sua mensagem e anunciou poderosamente a chegada do reino. Acusado de expelir demônios pelo poder de Satanás, Jesus replicou que, se isso fosse verdadeiro, o reino de Satanás estava dividido, condenado à aniquilação. “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus”, ele disse, “certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Mateus 12:22-30).

A vinda do reino de Deus era um golpe mortal em Satanás. A luta foi breve.

Ainda que tudo parecesse perdido na cruz, a vitória foi arrebatada da morte quando Cristo ressuscitou. O reino veio! Essa boa nova ressoou em todos os cantos do globo e ainda oferece esperança a todos os pecadores.

3. Os valores do Reino. O Reino de Deus (Em grego: βασιλεία τοῦ θεοῦ basileia tou theou) designa um governo ou domínio em que tem Deus por soberano ou governante. A designação reino dos céus é bem apropriada. Ela reforça lindamente a explicação que Jesus deu a Pilatos a respeito de seu reino, quando disse: “O meu reino não é deste mundo” (João 18:36).

Positivamente, “O reino veio do céu; seu governo, suas leis, seu modo de vida, de pensamento e de adoração são aqueles do céu; a grande nação da qual os santos são cidadãos está agora centrada no céu (Filipenses 3:20); [e] olha para o céu como seu lar, sua pátria” (Caffin, Pulpit Commentary).

Nos evangelhos sinóticos, a mensagem pregada por Jesus é identificada como “o evangelho [boas novas] do reino” (Mt 4.23; 9.35; 24.14; Mc 1.14-15; Lc 4.43; 8.1; 16.16).

Esse reino é o “reino de Deus” ou sua expressão sinônima “reino dos céus”, que ocorre somente em Mateus (3.2; 4.17, etc.; ver, porém, 12.28; 19.24; 21.31,43).

O Evangelho de João usa poucas vezes a expressão “reino de Deus” (só em 3.3,5), possivelmente substituindo-a por conceitos equivalentes, como “vida eterna”. Ao todo, a expressão ocorre mais de 80 vezes nos evangelhos.

Qual deve ser a nossa atitude para com o reino?

Buscá-lo acima de tudo: Mt 6.33;                                                                                                                          Recebê-lo como uma criança: Mt 18.1-4; 19.14;

Renunciar a outras coisas por ele: Mt 19.12,29; Mc 9.47; 10.29; Lc 18.29;

Sofrer por ele: At 14.22; 2 Ts 1.5;

Apossar-nos dele como de um tesouro: Mt 13.44-46;

Não olhar para trás: Lc 9.62.

O Reino de Deus tem uma dimensão presente, que se configura no cumprimento em Cristo de todas as promessas messiânicas do Antigo Testamento. Ou seja, a presença pessoal do Messias na história implica a presença efetiva do Reino de Deus entre os homens.

Ele se manifesta a partir do coração de cada um. Tanto é uma realidade presente o reino de Deus que, desde já, o podemos ver (João 3:3),

Como, também nele entrar (Mt 19:24; 21:31; Mc 9:47; 10:15; 10:23-25; Lc 16:16; João 3:5; At 14:22),

É algo que está entre nós, ainda que não com aparência exterior (Lc 17:20, 21).

Mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17)

II – AS BÊNÇÃOS DE UMA VIDA NO REINO

 

1. Remissão dos pecados. O Reino está intimamente ligado à obra redentora do Salvador. Daí o motivo pelo qual o Texto Sagrado evidencia o arrependimento como condição para dele desfrutar (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15; Lc 5.32).

 

"Arrependei-vos" é o chamado do Evangelho, envolvendo tanto arrependimento dos pecados, quanto mudança de direção, de mentalidade e perspectiva de vida. Isso porque, para ser participante do Reino, é necessário pensar a partir da vontade de Deus, ter a mente de Cristo (1 Co 2.16).

 

O evangelho é o poder de Deus para salvar (Romanos 1:16).

 

Por ele os pecadores creem que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos (Romanos 10:9)

 

E são persuadidos a invocar o nome do Senhor para serem salvos (Romanos 10:13).

 

Nele eles aprendem que para permanecer no amor de Deus e para retribuir-lhe amor, é necessário guardar seus mandamentos (João 15:9-10; 1 João 5:3).

 

Obedecendo quanto ao arrependimento e batismo (Marcos 16:16; Atos 2:38),

Eles se tornam cidadãos do reino (Atos 2:41,47; Colossenses 1:13).

Jesus também garantiu a Nicodemos: "[...] aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus" (Jo 3.3).

Este novo nascimento não é físico ou biológico, mas espiritual. É a nova vida em Cristo, que começa aqui e agora, com a presença de Deus, mas que se prolonga para a vida eterna (Jo 3.15).

A nova vida depende da manifestação da vontade do ser humano. Deus não obriga ninguém a acreditar nEle e a aceitar a obra de Cristo. Primeiramente, por que é necessária uma mudança tão grande e radical para entrar no reino de Deus?

A necessidade desta mudança significativa aponta para a terrível condição do homem natural. Muitos negligenciam o sério caráter deste ponto e se refugiam numa mudança menos radical, feita pelo homem.

Porém – que infelicidade! – ela não ocorrerá! Precisamos ter uma visão verdadeira e realista da profunda necessidade do homem.

Em Gênesis 1 aprendemos que o homem foi criado à imagem de Deus, de forma que era dotado de conhecimento, retidão e santidade. Em Gênesis 3, lemos como o homem perdeu o que possuía e usufruía no Jardim do Éden. Ele não está mais num estado de amizade e comunhão com seu Criador. Na Queda, o homem perdeu essa característica abençoada.

De acordo com a Palavra de Deus, o coração do homem, agora, é enganoso sobre todas as coisas e desesperadamente corrupto. A mente carnal é inimiga de Deus. Isto é verdade a respeito de todos os membros da raça decaída de Adão, a menos que, pelo novo nascimento, ele ou ela entrem na luz do reino de Deus.

O pecado é tão radical em seu caráter que o coração inteiro é corrupto e se rebela contra Deus! Nunca o homem será capaz de alterar esta situação.

Mais uma vez, aqui está o testemunho da Escritura: “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal(Jeremias 13.23).

É impossível para o homem corrigir e purificar seu próprio coração pecador. É absolutamente necessário perceber esta verdade humilhante. Para que o homem veja e entre no reino de Deus, o próprio Deus precisa intervir sobrenaturalmente na situação humana. Somente Ele é capaz de realizar essa tão necessária mudança.

Esta é a grande verdade que Cristo estabelece em nosso texto: o que é impossível ao homem, é possível para Deus. Jamais poderemos apreciar demasiadamente esta verdade tão importante. Ela é indispensável para a salvação.

2. Adotados e Herdeiros de Cristo. Podemos entender adoção como outorga de posição (direitos, privilégios, honras) de filho de Deus; é outorgar filiação (colocar na posição de Filho de Deus; adotar para dentro da família de Deus os homens que já foram feitos filhos de Deus). O termo grego "Huiothesia" ("filho" + "posicionamento como") ocorre 5 vezes no Novo Testamento (Rm 9.4; Rm 8.23; Rm 8.15; Gl 4.4-6; Ef 1.5).

A ordem lógica (não cronológica, pois são simultâneas) é. Regeneração - Adoção. - Regeneração dá a natureza de filho de Deus, adoção dá a posição. "Regeneração tem a ver com nossa mudança de natureza; justificação, com nossa mudança de situação [ante a lei]; santificação, com nossa mudança de caráter; adoção, com mudança em nossa posição (de ser rejeitado, como inimigo, para ser amado, como filho)". "Na regeneração recebemos uma nova vida; na justificação, uma nova situação [ante a lei]; na adoção, uma nova posição [ou família]" (Thiessen)

Há uma profunda necessidade de reconciliação entre Deus e o homem. O homem não está em paz com Deus. O pecado o afastou de Deus. O homem tornou-se inimigo de Deus e rebelde contra o Seu criador. Sua alma está sem descanso, perturbada, solitária e vazia. O homem está sem direção e sem propósito. O homem não está em paz com Deus, não experimenta a paz de Deus, nem conhece o Deus da paz.

Todos que permanecem fora de Cristo são estranhos e inimigos, ou seja, há uma alienação de Deus e uma hostilidade em relação a Deus. O homem não apenas está distante de Deus; ele é inimigo de Deus. Ele não está apenas cego; é também rebelde. A inimizade é conceitual e moral. O entendimento errado produz obras erradas. O pensamento dirige o comportamento. As obras malignas são fruto de entendimentos errados.

 Por causa da obra de Cristo por nós e da ação do Espírito em nós, fomos feitos morada de Deus, templos do Espírito Santo. Ele habita em nós. Aquele que nem os céus dos céus podem conter agora habita em nós, vasos frágeis de barro.

Somos a casa de Deus, o templo da sua habitação. A evidência de que somos de Cristo é a habitação do Espírito Santo em nós. É o Espírito quem aplica a obra da redenção em nós. Sem sua presença e ação, nenhum homem pode tornar-se um cristão. Passamos a pertencer a Cristo quando o Espírito habita e opera em nós. “De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus(Gl 4.7).

A santa Trindade está em ação em nossa salvação. O Pai envia o Filho para nos resgatar da maldição da lei e nos envia o Espírito de seu Filho para habitar em nós e nos levar à sala do trono. Deixamos de ser escravos e filhos menores para sermos filhos adultos, com pleno direito de tomar posse da herança.

E por meio do evangelho que judeus e gentios são unidos a Cristo e o evangelho é a verdade que deve ser proclamada pela Igreja.

Em Gl 3.7 o apóstolo Paulo fala sobre o grande privilégio de ser despenseiro desse mistério. Ele chama a si mesmo de “o menor de todos os santos(Gl 3.8) ou o membro mais vil do povo santo, ou “menor do que o mínimo”, talvez num jogo de palavras com o significado do seu próprio nome latino, Paulus = pequeno, e segundo a tradição, ele era de fato, de pequena estatura.

Paulo ainda fala sobre a necessidade do poder de Deus para anunciar esse mistério. O ministério da pregação é um dom, mas não pode ser exercido sem poder (Gl 3.7).

Paulo usa duas palavras gregas para definir poder: energia e dinamis. Ambas descrevem a invencibilidade do evangelho. Pregar o evangelho aos gentios era como expor o profundo mistério à plena luz do dia de maneira que todos pudessem vê-lo”. Essa era a missão que Paulo tinha recebido de Cristo: “Para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus” (At 26.18).

O diabo cega o entendimento das pessoas (2Co 4.4).

Evangelizar é levar luz onde há trevas (2Co 4.6), para que os olhos sejam abertos para ver. 

III – OS MALES DE UMA VIDA NO MUNDO

 

1. A escravidão do pecado. O pecado não somente separa; ele escraviza. Além de nos afastar de Deus, ele também nos mantém cativos. O homem é sempre escravo: do pecado ou de Deus. A servidão do pecado torna o homem cativo das paixões; a servidão a Deus o torna livre.

 

É conhecida a expressão de Agostinho: “Quanto mais escravo de Cristo sou, tanto mais livre me sinto”.  A escravidão de Deus é liberdade; a liberdade do pecado é escravidão. E impossível ser escravo de dois senhores ao mesmo tempo (Mt 6.24). Somos servos de Deus ou do pecado. A escravidão espiritual é:

1 - Ao diabo; 2Tm 2.26.

2 - Ao medo da morte; Hb 2.14-15.

3 - Ao pecado: Jo 8.34; At 8.23; Rm 6.16; 7.23; Gl 4.3; 2Pe 2.19.

A Igreja é portadora da única mensagem que pode libertar o homem:

1 - Promessa de libertação da: Is 42.6-7.

2 - Cristo liberta da escravidão: Lc 4.18,21; Jo 8.36; Rm 7.24-25; Ef4.8.

3 - O evangelho é o instrumento de libertação da escravidão: Jo 8.32; Rm 8.2.

4 - Os fiéis são libertos da escravidão: Dt 4.20; Rm 6.18,22.

Todo aquele que, em nome da liberdade, se coloca nas mãos de um falso mestre, que também é um prisioneiro, também se torna um prisioneiro. A escravidão à corrupção está à espera de todos os seguidores de falsos mestres.

Mais do que uma atitude ou hábito visível, o pecado revela uma profunda e arraigada corrupção em nosso interior. Na verdade, os pecados que cometemos são manifestações exteriores e visíveis de uma enfermidade interior e invisível, são os sintomas de uma doença moral. Jesus empregou a metáfora da árvore e seus frutos para explicá-lo. Ele disse que o tipo de fruto produzido pela árvore (uma figueira ou videira) e sua condição (boa ou má) dependem da natureza e da saúde da árvore. Da mesma forma, “a boca fala do que está cheio o coração”.

Essa declaração de Jesus contradiz muitos reformadores e revolucionários sociais modernos. Certamente a maneira como fomos educados, o ambiente em que fomos criados, o sistema político e econômico sob o qual vivemos exercem uma influência (boa ou má) sobre nós. Além do mais, deveríamos lutar por justiça, liberdade e pelo bem-estar de todos os homens. Entretanto, Jesus não atribuiu a nenhuma dessas coisas os males da sociedade humana, e sim à própria natureza, ou “coração”, do homem.

2. Filhos da ira e condenação eterna. A condição do homem é desesperadora sem Deus. O diagnóstico que Paulo faz se refere ao homem caído em uma sociedade caída em todos os tempos e em todos os lugares. Esse é um retrato da condição humana universal. O pecado não é como uma dessas enfermidades que alguns homens contraem e outros não. É algo em que todo ser humano está envolvido e de que todo ser humano é culpado.

O pecado não é uma simples erupção esporádica, mas o estado, a condição universal do homem. Uma pessoa morta espiritualmente não tem apetite pelas coisas espirituais. Não tem prazer nas coisas lá do alto.

As iguarias do banquete de Deus não lhe apetecem. O indivíduo morto em suas transgressões e pecados não se deleita em Deus. A causa da morte são as transgressões e os pecados. É importante ressaltar que o incrédulo não está apenas doente; ele está morto. Ele não necessita apenas de restauração, mas de ressurreição.

Por natureza filhos da ira” em Efésios 2.3 não é apenas “filhos”, como em grego, “filhos da desobediência” (Ef 2.2), mas “filhos” por geração; não apenas por adoção, como “filhos” podem ser.

 A ordem grega marca mais enfaticamente essa corrupção inata: “Aqueles que em sua (mesma) natureza são filhos da ira”; Ef 2.5, “graça” é oposta à “natureza” aqui; e salvação (implícita em Efésios 2.5, 8, “salvos”) para “ira”. Paulo mostra que até mesmo os judeus, que se gabavam de seu nascimento de Abraão, eram também naturalmente nascidos filhos da ira como os gentios, a quem Judeus desprezaram por causa de seu nascimento de idólatras (Rm 3.9; 5.12-14).

“Ira persiste” em todos os que desobedecem ao evangelho em fé e prática (Jo 3.36).

A frase “filhos da ira” é um hebraísmo, isto é, objetos da ira de Deus desde a infância, em nosso estado natural, como nascidos no pecado que Deus odeia. Assim, “filho da morte” (2Sm 12.5); “filho da perdição” (Jo 17.12; 2Ts 2.3).

O cristão, deve abster-se da imoralidade, porque nosso corpo foi criado por Deus, é unido a Cristo e é habitado pelo Espírito (ICo 6.12-20).

Dessa forma, a licenciosidade não convém aos santos (5.3,4).

CONCLUSÃO

 

O Reino de Deus não é uma utopia política ou uma condição social. É o poder de Deus operando na vida dos seus súditos, de forma eficiente e transformadora, desde a vinda de Cristo a essa terra. Este Reino transforma a mente, modifica o caráter e conduz os passos de seus súditos sob a tutela do Espírito Santo. Quando isso ocorre, família, amigos, trabalho, sociedade e tudo o mais é afetado pela luz do cristão. É sobre isso que Jesus estava dizendo ao falar sobre os seus discípulos: "Vós sois o sal da terra e a luz do mundo" (Mt 5.13,14). A missão primordial da igreja no que diz respeito ao mundo é a proclamação do “evangelho do reino”, assim como fizeram Jesus e os seus discípulos. Corretamente entendido, esse evangelho inclui muitas coisas importantes.

 

Em primeiro lugar, esse evangelho é um convite a indivíduos, famílias e comunidades para se reconciliarem com Deus mediante o arrependimento e a fé em Cristo. Todavia, o evangelho são as boas novas de Deus para todos os aspectos da vida, pessoal e coletiva. Assim sendo, a legítima proclamação do evangelho não vai se limitar ao aspecto religioso e à dimensão individual (experiência de conversão pessoal), mas vai mostrar o senhorio de Cristo sobre todos os aspectos da existência. Além disso, essa proclamação não ficará restrita ao aspecto verbal, mas incluirá ações concretas que expressem a amor de Deus pelas pessoas (Tg 2.14-17; 1 Jo 3.16-18).

 

Aí podem ser incluídas muitas iniciativas, que vão desde o socorro a necessidades imediatas até a luta por mudanças estruturais que irão produzir maior justiça na sociedade. Exemplos: auxílio financeiro a pessoas e instituições, trabalho voluntário, mobilização para a criação de leis justas, luta pela ética na vida pública, participação em projetos comuns com outras igrejas e instituições, etc.

 

Boa aula