21 de maio de 2014

O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA



O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

TEXTO ÁUREO = “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm 4.5).

VERDADE PRÁTICA = O evangelista proclama o pleno Evangelho de Cristo com ousadia; é um arauto de Deus no mundo.

LEITURA BIBLICA = ATOS 8: 26-35 == EFÉSIOS 4: 11

O MINISTÉRIO E OS DONS MINISTERIAIS

“E orando, disseram: Tu Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para que tome parte neste ministério e apostolado”, At 1.24,25.

Em se tratando de assuntos que abrangem o ministério da Igreja do Senhor Jesus, não podemos, em hipótese alguma, deixar de considerar diversos aspectos que envolvem os dons ministeriais. Antes de mais nada, quero afirmar com segurança: o ministério é sobretudo um ofício espiritual. E para exercê-lo, é necessário, além de tudo, ser chamado pelo Senhor Jesus, pois quando tornou-se vago o lugar de Judas, o traidor, Pedro e os demais discípulos reivindicaram o preenchimento da vaga mediante a aprovação do Senhor Jesus, porém, percebe-se nas palavras de Pedro o seguinte: “Senhor, mostra qual destes dois tens escolhido para tomar parte neste ministério”. Pelo que o Senhor escolheu Matias.

Assim sendo, note o caro leitor que Matias foi a primeira pessoa a ser indicada, não para exercer um determinado dom, mas para o ministério, sob a aprovação do Senhor. A palavra ministério, derivado do latim “Ministeriu”, significa um ofício espiritual. A palavra ministro, que vem da mesma fonte — “Ministru”, quer dizer “aquele que executa desígnios de outrem”. Desta forma é evidente que o ministro de Jesus execute os desígnios de sua Obra.

Tomemos para exemplo a palavra ofício, visto ser esta a mesma expressão do Espírito Santo na boca do rei Davi, quando se referia profeticamente ao lugar vago por Judas, no ministério ou apostolado da Igreja do Senhor Jesus: “Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício”, SL 109.8. E para que fique bem explícito,
“Ministeriu” quer dizer literalmente: ofício, cargo e função, isto conforme a sua forma latina. Além disto, a palavra ofício está ligada ao ministério sacerdotal da Antiga Aliança, e o ofício sacerdotal foi o protótipo do ministério da Nova Aliança:

“Ungirás a Arão e a seus filhos, e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes”, Êx 30.30. E, portanto, o ministério da Igreja do Senhor Jesus, um órgão de trabalho para o aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12), tanto é que, para ele nós, os ministros do Senhor, fomos chamados.

Posterior ao Dia de Pentecoste, ou seja, à inauguração da Igreja do Senhor pelo Espírito Santo, surgiram diversos problemas, inclusive alguns de caráter material, como o caso das viúvas. Os apóstolos, ocupados demais para se preocuparem com questões deste gênero, pronunciaram-se desta maneira: “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”, At 6.4. Esta é uma razão pela qual somos chamados para exercer a função ministerial e não um dom intimamente distinto, pois os dons ministeriais, o Senhor dá a cada um para ser útil na sua Igreja, 1 Co 12.7.

Convém acentuarmos que, quando os discípulos se pronunciaram pela segunda vez acerca de suas funções e do gênero de trabalho que realizavam, afirmaram dizendo: “perseveraremos na oração e no ministério da Palavra.” Assim sendo, notamos que era esta a concepção dos discípulos no tocante à separação para o ministério. Devemos seguir as mesmas diretrizes, isto é, separarmos o Obreiro para o ministério, e não para exercer um deter minado dom.

“Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse-lhes o Espírito Santo: separai-me a Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”, At 13.2. Quem ministra recebe o nome de ministro. Além disto devemos acentuar que Barnabé e Saulo foram chamados para trabalhar na Obra do ministério, conforme disse o Espírito Santo. Quando o Senhor Jesus chama o Obreiro, sem dúvida, o faz para o seu santo ministério, pois este é uma coisa e os dons ministeriais são outra. Os dons ministeriais são dons concedidos por Deus aos homens e o ministério representa o exercício desses dons.

Vejamos a Palavra de Deus: “Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens”, Ef 4.8. O texto nos mostra que o Senhor Jesus deu dons aos homens. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”, Ef 4.11. Neste versículo, percebemos com evidência que o apóstolo Paulo cita os dons que o Senhor Jesus concede aos seus ministros para o aperfeiçoamento da Igreja. Então, por que razão se diz: “Vamos separar alguns irmãos para evangelistas?”

Quem autorizou que separássemos alguém? Ora, meu caro leitor, se nos assistisse o direito de separar alguém para evangelista ou para pastor, nos assistiria outrossim o mesmo direito de separar alguém para apóstolo, profeta e doutor. Então, por que não o fazemos? Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores são dons ministeriais e espirituais, pelo que somente o Senhor Jesus pode concedê-los aos seus ministros através do Espírito Santo.


Para tanto, vale dizer com segurança que, a doutrina apostólica é esta: somente podemos separar os nossos irmãos para o ministério, ante a revelação do Espírito.
“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”, 1 Co 12.28. Os dons ministeriais são propriedades do Senhor Jesus, pois somente Ele, através do Espírito Santo, distribui a cada um na sua Igreja para o que for útil, conforme a sua vontade.

As interpretações no que tange ao dom de evangelista e respectivamente ao dom de pastor, na Assembléia de Deus, são variáveis. Vez por outra se publica no nosso órgão de imprensa, o MENSAGEIRO DA PAZ, uma remessa de recém- consagrados para o ministério do Senhor. Entrementes usam dizer o seguinte: Foram separados irmãos para pastores e evangelistas.

Ora, isto é uma discrepância, sobretudo uma idéia excentricamente adversa aos princípios que focalizam os dons ministeriais da Igreja do Senhor Jesus Cristo, pois a palavra evangelista deriva-se do grego (segundo J.D. Davis) euggelistés, que quer dizer, portanto, mensageiro de boas novas. Desta forma, somente seria evangelista aquele cuja coragem fosse inspirada pelo dom do Espírito Santo e arriscasse a própria vida, como Paulo, Barnabé, Silas e Timóteo.

Por esta razão, Marcos temeu fazer tal trabalho, pelo que desistiu da viagem missionária, contudo Paulo o considerou útil para o ministério, 2 Tm 4.11. Poder- se-á dizer que estes bravos homens não foram grandes evangelistas? Não foram eles os mensageiros das boas novas através deste glorioso dom? Sem dúvida estes servos de Deus foram os maiores evangelistas da Igreja primitiva. E por que não dizer que o apóstolo Paulo tanto possuía o dom de evangelista, como o dom de apóstolo, o dom de pastor e o dom de profeta (Comp. At 13.1)?

O Novo Testamento sem as epístolas de Paulo é como um monumento sem base. Desta forma, não obstante Paulo possuir todos os dons, foi separado para o ministério, segundo a revelação do Espírito Santo.

Não existe, todavia, concepção bíblica que preceitue a hierarquia que vem afetando os princípios doutrinários, no tocante a separação de Obreiros no âmbito da Igreja Assembléia de Deus. O Obreiro, para chegar a ser um ministro completo, conforme a interpretação de muitos, deve receber a imposição de mãos para diácono, para presbítero, para evangelista e pastor. Pergunto ao caro leitor: há razão bíblica para procedermos assim? Não tem razão de ser, pois se quisermos seguir as diretrizes bíblicas, deveremos consagrar aquele que é chamado por Deus, tendo em vista o ministério e não o dom de evangelista e muito menos o de pastor, conforme muitos usam fazer, At 26.16. 

Este método de separação de Obreiros deixa os nossos irmãos humilhados, pois quando alguém recebe imposição de mãos para evangelista, não se sente completo no ministério, visto que ainda lhe falta a consagração de pastor, 1 Co 3.5 e 4.11.

Certa ocasião visitei uma igreja onde se realizava uma escola bíblica. No término da programação houve reunião do ministério, porém, os evangelistas não tomaram parte. Que quer isto dizer? Ora, neste caso, se o evangelista não é um ministro do Senhor e não pode tomar parte em reuniões privadas do ministério, segue-se que esta pessoa recebeu apenas o dom sob a imposição de mãos. E por que somente as pessoas que são consideradas pastores teriam o direito de tomar parte em tais reuniões? Não receberam a mesma imposição de mãos? Apenas com esta diferença, um para evangelista e outro para pastor.

Se fôssemos considerar o valor da função em si dos Obreiros, o evangelista seria maior do que o pastor, pois o apóstolo Paulo aos Efésios, cita primeiro o dom de evangelista.

Isto é apenas uma hipótese, todavia, quando o dom se manifesta no ministério do Obreiro, ele se destaca no corpo ministerial com autoridade, exercendo o dom que o Senhor Jesus lhe deu. Mas é necessário saber que o evangelista e o pastor são ministros do Senhor, e que estão integrados no mesmo ministério.

Se o evangelista não pode tomar parte em reuniões privadas do ministério, sendo um ministro do Senhor, como poderiam tornar parte os anciãos no Concílio de Jerusalém? Para que reunião mais privada do que aquela, visto tratar-se de assuntos intrinsecamente doutrinários da Igreja? Portanto, esta restrição que fazem entre evangelistas e pastores, não tem razão de ser.

A concepção oposta à tese que estou defendendo, se prende geralmente ao ministério de Timóteo, isto porque usam dizer que ele foi separado para evangelista, somente pelo fato de Paulo ter-lhe dito:
“Faze a obra dum evangelista”. Porém, Paulo também disse-lhe: “Cumpre o teu ministério”, 2 Tm 4.5. Fazer a Obra de um evangeelista não significa ser separado para evangelista. Antes, significa que Paulo admoestou-o a evangelizar, pois assim cumpriria o seu ministério.

Paulo disse a Timóteo: “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo”, 1 Tm 4.6. O que Timóteo deveria então propor aos irmãos? Deveria propor os dons ministeriais e doutrinários no tocante à salvação dos crentes, isto porque ele havia recebido a revelação da Palavra de Deus. O que Timóteo havia recebido de Deus eram os dons ministeriais, com os quais servia à Igreja do Senhor Jesus, como um bom despenseiro doe mistérios de Deus, 1 Co 4.1.

O ministério é propriedade do Senhor Jesus, e Ele dá somente aos que são chamados, Ef 3.7. Note o que disse o apóstolo Paulo: “Contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus”, At 20.24. Toda e quaisquer pessoas que forem chamada. pelo Senhor, devem sobretudo receber a imposição de mãos para o ministério e não para exercer um determinado cargo ou dom, pois o ministro do Senhor trabalha no aperfeiçoamento dos santos, conforme os dons que o Senhor Jesus lhe proporciona através do Espírito Santo.

Todos os discípulos foram chamados para exercer o ministério, At 6.4. Tanto assim que Pedro e João aparecem no livro de Atos dando ênfase à evangelização feita por Filipe nas regiões de Samaria, At 8.14. Filipe era um instrumento usado pelo Senhor, e com o dom de evangelista ganhou muitas almas naquela região. Quem era Filipe? Era apóstolo? Profeta? Pastor? Doutor? Quem era aquele homem? Era apenas um daqueles que foram separados para servir às mesas e mais nada, At 6.5. Está bem claro, que o Senhor é quem nos faz ministros seus e não o homem.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus                                                                        

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS               

Revista o  Obreiro – CPAD – 1984

O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA



O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

TEXTO ÁUREO = “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm 4.5).

VERDADE PRÁTICA = O evangelista proclama o pleno Evangelho de Cristo com ousadia; é um arauto de Deus no mundo.
LEITURA BIBLICA = ATOS 8: 26-35 == EFÉSIOS 4: 11

O EVANGELISTA

Evangelista significa proclamador de boas novas ou o que leva o Evangelho da Salvação.
De acordo com o sentido etimológico do termo, o mesmo tem aplicação especial ao Senhor Jesus. Ê o que vamos estudar inicialmente.

JESUS, O EVANGELISTA

Dos cinco dons ministeriais mencionados em Ef 4.11, o evangelista é o único que não é atribuído de modo específico ao Senhor Jesus. No entanto, jamais se poderia encontrar em outra pessoa melhores características do verdadeiro ministério de evangelista. Ele o desempenhou com atividade, intensidade, zelo e eficiência muito além de qualquer homem na terra. Consideremos os seguintes tópicos:

1. Seu ministério predito. Neste ministério, como nos demais, Ele foi, na presciência de Deus, objeto de maravilhosas predições, não somente quanto ao seu trabalho como Evangelista, mas também quanto ao caráter maravilhoso que o distinguiria. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a por em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do Senhor”, Is 61.1-3. Jesus mesmo fez aplicação desta profecia à sua própria pessoa, Lc 4.18,19.

Jesus de fato revelou-se este Evangelista-pregador de boas novas que consistiam na libertação da alma, pela salvação, e do corpo, pela cura das enfermidades. Estas características correspondem ao duplo aspecto da obra redentora, a ser realizada por Cristo, o que de fato realizou. Foi disto que falou Isaías ao dizer: “Certamente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades.., foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades”, Is 53.4-6; Mt 8.16,17.

São numerosos os textos bíblicos que descrevem a pregação de Jesus aliada à cura das enfermidades. Mt 4.23; 9.35; Mc 1.34-38.



2. O poder de atração. Sem divulgações, sem propaganda, “onde quer que Ele entrasse nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças, rogando. lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste; e quantos a tocavam saíam curados”, Mc 6.56. Glória a Jesus!

Apreciemos ainda a ênfase desta maravilhosa narrativa: “E vieram-lhe multidões trazendo consigo, coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros e os largaram junto aos pés de Jesus; e Ele OS curou”, Mt 15.30,31. Era esta maravilhosa realidade que atraía “muitas multidões” a ouvir a pregação de Jesus.

Os seus ou vintes podiam ver neste caráter maravilhoso do seu ministério evangelístico, inolvidável triunfo em um desafio dos poderes infernais, pois é o que se pode deduzir de “um monte de enfermos” aos pés de Jesus!

A despeito de suas advertências para que não o expusessem à publicidade “de toda parte vinham ter com Ele”, Mc 1.45. “A sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe então todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos; endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E Ele a todos curou”, Mt 4.24.

Convém observar que “toda a Síria”, não significa apenas o país que conhecemos com este nome, e, sim, a província romana que abrangia vários países, inclusive a Palestina. Tal era a extensão atingida pela “fama de Jesus”!
Se a esta forma do ministério evangelístico de Jesus se deve denominar de “evangelismo em massa”, eis o tipo de evangelista que Ele foi... Eis o ministério que Ele desempenhou! Eis como o realizou!...

Se pensarmos no outro método de evangelização, tido como dos mais edificantes em nossos dias — evangelismo pessoal — também podemos encontrá-lo exemplificado da melhor maneira, na pessoa do Senhor Jesus.

3. A motivação do seu ministério. O amor e a compaixão o moviam a pregar às multidões que vinham ter com Ele. Pelos mesmos sentimentos “andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus”, Lc 8.1. E também se detinha para atender a um indivíduo, sem levar em conta a sua condição social e espiritual.

Com o mesmo interesse com que demorou-se, à noite, a falar do Novo Nascimento ao nobre Nicodemos, mestre em Israel, deteve-se, ao meio dia, a falar da água viva, à mulher samaritana, pobre que não tinha quem lhe fosse buscar água na fonte, Jo 3.1-15; 4.5-30. Que maravilhoso exemplo de zelo e imparcialidade!



O DOM DE EVANGELISTA

Evangelista é um vocábulo encontrado apenas três vezes no Novo Testamento. “Filipe, o evangelista”, At 21.8; “Ele mesmo concedeu uns para evangelistas”, Ef 4.11; “Faze o trabalho de evangelista”, 2 Tm 4.5.

Como vemos, a primeira referência é a um homem como evangelista, a segunda ao dom de evangelista e a terceira ao trabalho de evangelista. Um homem, o dom, o trabalho.

Talvez não haja aqui apenas mera coincidência, mas a sabedoria da providência a estabelecer o esquema divino para a grande obra de evangelização, que é a força motriz da fé cristã e a causa eficiente da existência da Igreja na terra e de milhões de salvos na glória!

A despeito das poucas referências ao evangelista, este importante ministério esteve em franca evidência na Igreja Primitiva, também tem estado presente na Igreja em todos os tempos, bem assim na atualidade.

Regra geral, admite-se que “a base para o ministério de evangelista deve ser um ardente amor pelas almas e um irresistível desejo de ganhar os perdidos para Cristo. Evangelista é, portanto, dádiva de Cristo à sua Igreja, para o importante trabalho de ganhar almas, e não a designação de um ministério de categoria inferior, como supõem alguns — de o Espírito Santo — do Autor.

Filipe, o único homem chamado de evangelista no Novo Testamento, era um dos sete diáconos da Igreja Primitiva, um dos que foram dispersos por causa da perseguição que culminou com a morte de Estevão, At 6.5; 8.1-5. A perseguição que elevou Estevão, o diácono à categoria de mártir, elevou Filipe, também diácono, à categoria de evangelista. Nele podemos encontrar duas importantes qualidades:

a) Era um homem que até das adversidades sabia tirar proveito em favor da evangelização. Era disperso e não um refugiado medroso:

b) Era um homem a quem Deus podia falar por intermédio dos anjos. Que estava pronto a obedecer. Estava apto a ser dirigido por Deus, At 8.26-29.

Não temos informação de que Filipe fora ordenado como evangelista para Samaria. Entretanto, a chama divina ardente em sua alma o impulsionava a “anunciar a Cristo” aos samaritanos. Das características de seu ministério, podemos aprender duas lições importantes:

1. O verdadeiro evangelista nunca é constrangido por ninguém ou não depende de incentivo. O Espírito Santo o constrange. O amor pelas almas o move. A vocação divina o inspira e anima. Ele é capaz de exclamar como Paulo: “Sobre mim pesa a obrigação.., e ai de mim se não pregar o evangelho”, 1 Co 9.16.

Devido à incorreta concepção do ministério de evangelista, vemos às vezes um “evangelista” ocupado com uma pequena igreja, completamente fora de sua função ou mesmo sem qualquer evidência deste dom ministerial. É evangelista simplesmente porque alguém o determinou ou porque lhe deram este nome. Isto nada tem a ver com o verdadeiro ministério de evangelista; isto não tem nenhum fundamento bíblico. Nem se pode admitir que seja o meio correto de descobrir vocações para um ministério “mais elevado” ou habilidade para promoções...

2. O verdadeiro evangelista, conquanto seja um instrumento nas mãos de Deus para ganhar muitas almas e a conseqüente formação de novas igrejas, não tem por isto direito de se julgar independente do ministério de origem. Não deve se considerar dono da igreja por haver ganho. Não atribui a si superioridade. No se ensoberbece. A sublimidade dos dons de Deus não leva a pessoa a exaltar-se.

Quanto mais reais forem os dons divinos no homem de Deus, tanto mais profunda a sua humildade. Tanto mais visível a sua serenidade. Tanto mais pronta a sua submissão.

Os apóstolos foram cientificados de que Samaria recebera a palavra de Deus, At 8.14. Foram reconhecer oficialmente a nova igreja, levando-lhe as normas doutrinárias de integração na plenitude do Evangelho da graça - o batismo no Espírito Santo.

Filipe plantou. Deus fez nascer a boa semente. Então Filipe apela para os apóstolo3 para que venham regar. Filipe reconhecia que “há diversidade de ministério”. Que algo podia ser feito com maior proveito pelos apóstolos do que por ele. Sabia que um membro do corpo não pode prescindir dos demais e nem exercer a função de todos. Isto evidencia a existência de um dom de Deus. A presença de um dom espiritual traz luz divina!

O TRABALHO DO EVANGELISTA

No ministério de Filipe temos importante modelo deste trabalho.
A didática moderna prima pelo método do ensino “audio-visual”. É o meio mais fácil de entender. É o que vemos no ministério de Filipe. É o que precisamos ver no ministério da Igreja em nossos dias. “As multidões, atendiam unânimes às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava.
Pois os espíritos imundos de muitas pessoas saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E houve grande alegria naquela cidade”, At 8.6,7.

Era o Evangelho completo. Evangelho é “nova de grande alegria”. Feliz o pregador do Evangelho que pode usar este método! No ministério de Jesus, foi a razão do que lemos: “Varão profeta, poderoso em obras e palavras”.

A mensagem pura do Evangelho é coisa que se ouve e a fé vem pelo ouvir, é certo; mas a operação milagrosa, os sinais, são coisas que se pode ver e não se confundem com os embustes grosseiros dos feiticeiros e mistificadores.

As publicidades exageradas podem atrair multidões e em seguida afastá-las para mais longe. O poder de Deus atrai, transforma, liberta e enche de alegria. O próprio Simão, o mágico “acompanhava Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados”, At 8.13.

Assim temos a revelação clara de que o trabalho de evangelista é pregar a salvação e cura divina. É proclamar o poder de Deus para libertar a alma e o corpo, sem contudo dar exagerada ênfase à cura divina, colocando-a em plano superior à salvação, sabendo também que as maravilhas reais não precisam ser propagadas.

Estas características, à luz do Novo Testamento, assinalam especialmente os ministérios pioneiros, como apóstolo e evangelista, embora a operação miraculosa não se limite em sua instância a estes ministérios. Por outro lado, a respeito daqueles que foram usados por Deus com poderes miraculosos, não há a mais leve menção a qualquer publicidade das curas operadas em nome do Senhor.

As multidões eram atraídas pela realidade, incontestável dos sinais visíveis e palpáveis. É provável que os apóstolos, e Filipe, o evangelista, como fazem corretamente muitos servos de Deus na presente época, falassem do poder de Deus para curar as enfermidades, pois a fé para receber a cura divina também “vem pelo ouvir da palavra de Deus”. Daí a importância da instrução ao enfermo, antes da oração pela sua cura. Depois, entretanto, eram os fatos que falavam sem admitir contestação. Os agentes das publicações.

Eram os cegos que agora viam, os paralíticos e coxos transitarem pelas ruas, manifestando incontida alegria. Eram os libertos dos espíritos imundos, em estado de admirável sensatez e felicidade. Os que eram atraídos pelos milagres, eram presos pela palavra. Os sinais constrangiam as multidões a atender. A pregação os fazia entender a crer conscientemente. “Quanto, porém, deram crédito a Filipe, que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados, assim homens como mulheres”, At 8.12.
A palavra de Deus desperta a razão. Ilumina a consciência. Produz o arrependimento. Promove a conversão. Aprofunda a convicção da verdade e comunica a natureza divina, que modifica a natureza humana, em seu aspecto tríplice: Pensamento, sentimento e vontade. Os pensamentos são iluminados para entender a verdade; o sentimento é influenciado para amar a verdade e aborrecer o erro; a vontade é movida para aceitação da verdade libertadora, Jo 8.32.

A natureza da pregação de Filipe explica a razão do maravilhoso êxito do seu ministério; o seu grande tema era o nome de Jesus, tanto para a salvação das almas como para a cura das enfermidades, tanto em Samaria como no encontro com o etíope, na estrada deserta. “Evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo... Começando por esta Escritura, anunciava-lhe a Jesus”, At 8.12,35. Filipe cria corno Pedro, que em nenhum outro nome há salvação, senão no nome de Jesus At 4.12. Esta é a crença do verdadeiro evangelista. É o seu tema predileto, o mais proveitoso — “Jesus Cristo e este crucificado”.
Jesus Crista foi o Evangelista modelo.                                                                                                   

Filipe foi grande exemplo de imitação do Mestre. ‘Pode ser tomado como paradigma deste importante ministério.

Jesus tanto pregava às multidões Como a um indivíduo. Filipe desprendeu-se da grande popularidade que já desfrutava em Samaria; deixou as multidões maravilhadas e, na direção do Espírito do Senhor, foi ao encontro de um único homem a quem evangelizou com o mesmo interesse e grande resultado para o reino de Deus. Uma tradição informa que no quarto século do Cristianismo ainda existia uma grande igreja cristã na Etiópia, como fruto do testemunho daquele homem, ganho para Cristo por Filipe, na estrada deserta.

O ardor pelo trabalho da evangelização é a característica mais notável do verdadeiro evangelista e o poder de atrair as almas para Cristo, o Salvador, a evidência deste dom. A sua operação é tão eficaz nas multidões como nos indivíduos. É uma paixão que envolve amor e sofrimento. É como disse alguém: “Os filhos são gerados no amor, mas nascem na dor”. De fato são esses os elementos que mais poderosamente determinam a decisão de rompimento definitivo com o mundo e o pecado e de aceitação a Cristo como Salvador e Senhor. Como Salvador da alma e Senhor da vida com o direito de governá-la.

O texto de 2 Tm 4.5 não diz que Timóteo era evangelista, entretanto a recomendação — “faze o trabalho de evangelista”, evidentemente nos revela que existia este dom em Timóteo a respeito do qual o apóstolo recomenda-lhe o seguinte:

1. Deve exercitar-se. “Exercita-te a ti mesmo...” 1 Tm 4.7. Como se relaxam os músculos e se atrofiam as forças físicas e mentais por falta de exercício, de igual modo, a força da vocação divina, quando exercitada se desenvolve e se toma poderosa. Também pode atrofiar-se e enfraquecer por falta de exercício. À semelhança do talento enterrado, se tornará improdutiva. Desgasta-se. Por isto Paulo incentiva a Timóteo: “Medita estas coisas e nelas sê diligente para que o teu progresso a todos seja manifesto... porque fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”, 1 Tm 4.15,16. Nenhum evangelista poderia prescindir desta regra.

2. Evitar a negligência. “Não te faças negligente para com o dom que há em ti”, 1 Tm 4.14. O trabalho de evangelista é indubitavelmente um trabalho pioneiro. O evangelista é, em linguagem popular, um desbravador”. Um homem negligente. comodista, nunca terá condição de fazer o trabalho de evangelista. Aquele em quem não “habita ricamente a palavra de Cristo”, não terá força para proclamá-la fluente e poderosamente. O que negligencia a oração, não terá poder para orar pelos enfermos. O homem natural não pode fazer um trabalho espiritual. O seu trabalho não poderá ser realizado sem esforço; o esforço que resulta de amor profundo pelas almas. Este amor que é produzido pelo Espírito de Cristo, o anima a enfrentar o desconforto da solidão, a intolerância e mesmo perseguições.

Não é esta a mesma situação dos evangelistas que fazem o seu trabalho de evangelização em massa, com o apoio material, moral e espiritual das grandes igrejas. O trabalho nestas condições poderá ser bem mais fácil. Uma autêntica mobilização de recursos e forças, poderá ser de grande proveito, desde que as propagandas, as publicidades não coloquem o pregador no lugar que pertence a Cristo. Quando isto acontece, os resultados são sempre inferiores às propagandas e urna campanha poderá produzir mais incredulidade do que fé... Com um auditório previamente preparado, a mensagem salvadora, ungida pelo Espírito Santo, poderá ter o efeito da boa semente lançada no terreno suficientemente adubado.

3. Reavivar o dom. “Admoesto-te que reavives o dom de Deus que há em ti”, 1 Tm 1.6. Para ter êxito permanente, o evangelista precisa ser reavivado constantemente. Para que obtenhamos vitórias freqüentes e contínuas, precisamos de constantes experiências com Deus, dessas experiências renovadoras. Só aquele que está reavivado pode produzir reavivamento. Eloqüência e ousadia naturais, diante de um grande auditório, podem empolgar, sem contudo deixar resultados positivos, reais e duradouros. O melhor pregador precisa ser renovado. O fato de haver obtido êxitos em determinados trabalhos, em certas ocasiões, não é garantia de tê-lo sempre, por certo, em qualquer circunstância.


Reavivar o dom de Deus, tem sentido de fazer acender o fogo que está em brasas, debaixo das cinzas. Certo doutrina- dor diz: “Use os dons e terás os dons”.
A maneira mais eficiente para desenvolver os dons ministeriais é aproveitar todas as oportunidades para usá-los, encorajadamente, animado pela fé na proteção e ajuda de Deus. Não há dúvida de que o te. mor ou a inibição, frutos da pobreza espiritual, levam o homem a deixar debaixo das cinzas, o fogo dos dons espirituais. Por isto Paulo adverte a Timóteo: “Deus não nos há dado espírito de covardia, mas de poder, amor e moderação”, 2 Tm 1.7. Sim, Deus nos tem dado o espírito de poder ou coragem e resolução; o espírito do amor de Deus, que nos coloca acima do temor do perigo; o espírito de moderação ou de quietude e serenidade, diante das ameaças.

O trabalho de evangelista exige coragem e estas virtudes o imunizam contra o medo. Tudo isto se encerra na exortação de Paulo — “Admoesto-te que reavives o dom de Deus”, que correspondem às boas condições espirituais do evangelista e, de algum modo, de todos os crentes.

É certo que o poderoso dom de evangelista não é comum a todos os crentes, no entanto, a responsabilidade de pregar o Evangelho a toda a criatura, é comum a todos os salvos; a quantos amam a Deus e à sua obra!

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS                                 

BIOGRAFIA

Revista o Obreiro – CPAD – 1982