13 de agosto de 2024

A Deposição da Rainha Vasti e a Ascensão de Ester

 

A Deposição da Rainha Vasti e a Ascensão de Ester

TEXTO ÁUREO

 

“Antes, dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (Tg 4.6)

Entenda o Texto Áureo

 

Maior graça. O único raio de esperança nas trevas espirituais do ser humano é a graça soberana de Deus, a única que pode resgatar o homem de sua propensão à luxúria pelas coisas malignas.

 

O fato de que Deus concede "maior graça" mostra que sua graça é maior do que o poder do pecado, da carne, do mundo e de Satanás (cf. Rm 5.20). A citação do AT (de Pv 3.34; cf. 1Pe 5.5) revela quem obtém a graça de Deus — os humildes, e não os inimigos soberbos de Deus. A palavra "humildes" não define uma classe especial de cristãos, mas engloba todos os cristãos (cf. Is 57.15; 66.2; Mt 18.3-4).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Devemos nos conservar humildes, confiando na justiça de Deus, pois Ele governa a todos, abatendo ou exaltando.

Entenda a Verdade Prática

 

Devemos andar humildemente, em outras palavras, devemos andar em submissão à vontade de Deus, abraçando nossa total dependência dele a cada passo do caminho. Primeiro, porque a humildade é o necessário para reconhecer que não obedecemos perfeitamente ao chamado de amar a bondade e fazer justiça — e, portanto, precisamos do perdão do Senhor, e não apenas de seus mandamentos. E, segundo, porque, mesmo quando obedecemos a ele da maneira como Miqueias 6.8 [Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?] nos chama, a fecundidade de nossas obras não depende de nós.

 

LEITURA BÍBLICA = ESTER 1:10-12,16,17,19: 2:12-17

 

Ester 1

10. E, ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e a Carcas, os sete eunucos que serviam na presença do rei Assuero,

Os nomes dos sete camareiros, ou melhor, eunucos, que foram enviados para buscar Vasti, variam muito em sua forma na Septuaginta e em outras versões. Sua origem é, assim como sua nacionalidade, bastante incerta, uma vez que o mercado persa era amplamente abastecido com homens de outros povos para esse fim.

 

11. que introduzissem na presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes a sua formosura, porque era formosa à vista.

 

Com a coroa real. Uma espécie de turbante pontiagudo, talvez ornamentado com jóias. para mostrar…sua beleza. Histórias semelhantes são contadas de outros reis do Oriente, mas nenhuma envolvendo uma exposição tão pública.

 

12. Porém a rainha Vasti recusou vir conforme a palavra do rei, pela mão dos eunucos; pelo que o rei muito se enfureceu, e ardeu nele a sua ira.

 

A rainha Vasti recusou. O seu motivo não foi registrado, embora algumas sugestões incluam: 1) sua presença em meio a homens embriagados teria envolvido comportamento lascivo, ou 2) ela ainda eslava grávida de Artaxerxes.

 

16. Então, disse Memucã na presença do rei e dos príncipes: Não somente pecou contra o rei a rainha Vasti, mas também contra todos os príncipes e contra todos os povos que há em todas as províncias do rei Assuero.

 

Então Memucã disse. Pelos termos de sua resposta, é evidente que não havia uma lei existente na Pérsia que pudesse resolver o caso. Portanto, se algo fosse feito a respeito, uma nova lei deveria ser promulgada.

 

Em favor da aprovação de tal lei, Memucã apresenta duas considerações;

 

(a) que a perversidade de Vasti constituía uma ofensa contra todo o domínio do rei, e

 

(b) que era inoportuno que tal ofensa ficasse impune, uma vez que a consequência natural seria que essa insubordinação doméstica seria amplamente imitada.

 

Memucã assim mostra o lado mais negativo de um cortesão oriental pela servilidade com a qual ele ignora o fato de que foi o comportamento ultrajante do rei que causou a dificuldade, bem como pela tentativa um tanto maquiavélica de encobrir o ciúme que ele e seus companheiros sentiam da influência da rainha sob o pretexto de preocupação com o bem-estar social em todo o Império.

 

17. Porque a notícia deste feito da rainha sairá a todas as mulheres, de modo que desprezarão a seus maridos aos seus olhos, quando se disser: Mandou o rei Assuero que introduzissem à sua presença a rainha Vasti, porém ela não veio.

 

Quando lhes for dito – ou melhor, elas…dirão (NVI). A Vulgata, consequentemente, tem “ut contemnant et dicant”.

 

19. Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se nas leis dos persas e dos medos, e não se revogue que Vasti não entre mais na presença do rei Assuero, e o rei dê o reino dela à sua companheira que seja melhor do que ela.

 

E não se revogue. A natureza da irrevogabilidade da lei persa (Dn 6.8,12,15) teve um papel importante no modo como o resto do livro de Ester foi concluído (cf. 8.8).

 

Ester 2

 

12. E, chegando já a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fora feito a cada uma segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra e seis meses com especiarias e com as coisas para a purificação das mulheres),

 

E quando chegava a vez de cada uma das moças para vir ao rei Assuero. Um ano inteiro foi gasto na preparação para a honra pretendida. Considerando que isso ocorreu em um palácio, o longo período prescrito, juntamente com a abundância de cosméticos caros e perfumados empregados, provavelmente era exigido pela etiqueta do Estado.

 

13. desta maneira, pois, entrava a moça ao rei; tudo quanto ela desejava se lhe dava, para ir da casa das mulheres à casa do rei;

 

Então assim a moça vinha ao rei. O gineceu, o aposento das mulheres, era, pelo menos no palácio de Susa, um edifício distinto do edifício geral, separado da “casa do rei” por um pátio. Ele próprio era composto por pelo menos três conjuntos de aposentos, a saber: aposentos para as virgens, que ainda não haviam ido ao rei; aposentos para as concubinas; e aposentos para a rainha-consorte e as outras esposas. Essas diferentes partes estavam sob a supervisão de diferentes pessoas. Dois eunucos de distinção eram responsáveis, respectivamente, pela “primeira” e pela “segunda casa das mulheres”. A rainha-consorte era, pelo menos nominalmente, a autoridade máxima na terceira, sua autoridade estendendo-se sobre todos os seus habitantes, homens e mulheres.

 

14. à tarde, entrava e, pela manhã, tornava à segunda casa das mulheres, debaixo da mão de Saasgaz, eunuco do rei, guarda das concubinas; não tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse e fosse chamada por nome.

 

Ela vinha à tarde – uma cláusula circunstancial, definindo mais precisamente a maneira de apresentação, e também preparando o caminho para a ação futura do livro. As jovens não eram meramente mostradas ao rei quando chegava sua vez, como esperaríamos; mas, em cada caso, a união matrimonial era consumada, como se vê no versículo 14b, onde elas retornam à casa das concubinas.

 

À segunda casa. O lugar das concubinas. e pela manhã voltava à segunda casa das mulheres, ao cuidado de Saasgaz eunuco do rei, vigilante das concubinas. Tendo recebido a honra de ser admitida ao leito do rei, nenhuma jovem poderia voltar à companhia das candidatas sob a responsabilidade de Hegai; mas agora ia para outra seção do harém, sob a custódia de um eunuco diferente; onde, como concubina do rei, era presumivelmente mantida sob vigilância mais rigorosa.

 

Ela não voltava mais ao rei, a não ser se o rei a desejasse, e fosse chamada por nome. Aparentemente, a maioria das jovens nunca recebia um segundo chamado; mas permaneciam em viuvez prática na casa das concubinas. Apenas ocasionalmente, uma causava suficiente impressão no rei para que ele se lembrasse dela e desejasse vê-la uma segunda vez. Quantas jovens precederam Ester, não nos é dito; mas evidentemente ninguém tinha tais encantos que o rei pensasse nela como uma possível sucessora de Vasti. Esta história tem notável semelhança com a de Shehriyar no início das 1001 Noites. Ele também tinha uma nova esposa toda noite e não permitia que uma viesse a ele uma segunda vez.

 

15. Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam.

 

Alcançou favor. De acordo com o plano providencial do Senhor.

 

16. Assim, foi levada Ester ao rei Assuero, à casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.

 

Tibete. O décimo mês correspondente a dezembro/janeiro.

 

No sétimo ano. C. 479-478 a.C. Quatro anos haviam se passado desde a queda de Vasti.

17. E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e ela alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça e a fez rainha em lugar de Vasti.

 

O rei amou a Ester mais que todas as mulheres. A escolha recaiu sobre Ester, que encontrou favor aos olhos de Assuero. Ele a elevou à dignidade de principal esposa, ou rainha. As outras concorrentes foram alojadas no harém real e mantidas no status de esposas secundárias.

 

Ele pôs a coroa real em sua cabeça. Isso consistia apenas em uma faixa púrpura, listrada de branco, amarrada em volta da testa. As núpcias foram celebradas com uma magnífica festa, e, em honra à ocasião, “concedeu alívio às províncias e distribuiu presentes segundo a sua generosidade real” (NAA). O donativo às rainhas persas consistia em designar a elas a receita de certas cidades, em várias partes do reino, para cobrir seus gastos pessoais e domésticos. Alguns desses impostos o rei anulou ou diminuiu neste momento.

 

INTRODUÇÃO

 

Os caminhos de Deus às vezes parecem desconcertantes. Como diz o apóstolo Paulo, são inescrutáveis (Rm 11.33). É por isso que, como cristãos, muitas vezes encorajamos uns aos outros a confiar na soberania de Deus, lembrar de Sua mão invisível e descansar no conhecimento de que Ele orquestra tudo para o nosso bem (Rm 8.28). Sabemos que Deus criou todas as coisas para a Sua glória. Isso significa dizer que Ele é sempre glorificado em cada uma das Suas obras. Por isso o apóstolo Paulo escreveu: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Ou seja, já que Deus governa sobre tudo e sobre todos, não pode haver nada que não concorra para o bem do Seu povo. Mesmo quando as circunstâncias apontam noutra direção, Deus continua no comando, direcionando tudo para os Seus eternos e justos propósitos e crescimento do Seu povo.

 

I. O BANQUETE DE ASSUERO E A RECUSA DE VASTI

 

1. O rei Assuero. Filho de Dario. O rei Assuero foi o governante da Pérsia entre 486 e 465 a.C. Ele é mais conhecido como Xerxes, seu nome grego, pelo qual aparece em relatos extrabíblicos, sendo que é apenas no livro de Ester que ele é mencionado como Assuero. Alguns estudiosos consideram que “Assuero” poderia ter sido um tipo de título real que os monarcas persas recebiam, mas não há consenso sobre isso. O rei Assuero foi filho de Dario I, neto de Ciro e o pai de Artaxerxes I, o mesmo Artaxerxes que aparece no contexto de Esdras e Neemias (Ed 7:1; Ne 2:1).

Segundo os relatos bíblicos, o rei Assuero governou um império grande e imponente que compreendia um território desde a Índia até a Etiópia, com 127 províncias. Ele ascendeu ao trono por designação do pai, já que não era o filho primogênito. Quando comparado os relatos bíblicos com possíveis fontes históricas extrabíblicas, o rei Assuero era uma pessoa vaidosa, excêntrica e volúvel.

 

Em 482 a.C. ele precisou enfrentar uma rebelião na Babilônia, na qual a cidade foi parcialmente comprometida. A partir de 480 a.C., Xerxes empreendeu várias campanhas militares contra a Grécia. Um dos embates mais conhecidos de Xerxes foi contra Leónidas de Esparta.

 

O rei Assuero também enfrentou uma derrota difícil quando suas tropas perderam a batalha em Salamina e em Samos. Alguns estudiosos consideram que o evento citado no capítulo 1 do livro de Ester teve a finalidade de planejar as campanhas do Império da Pérsia contra os gregos. Na sequência de seu reinado houve uma dedicação em relação à construção do novo palácio de Persépolis, além de também ocorrerem várias intrigas em sua corte. O rei Assuero foi assassinado em seus próprios aposentos, muito provavelmente em agosto de 465 a.C.

 

2. Um banquete público, outro exclusivo. Mais do que isso, Assuero sabia como dar uma festa, um evento de seis meses, para seus líderes militares, seus príncipes e nobres, todos os poderosos do reino. O ambiente era ornado com pilares de mármore e cortinas de linho branco e violeta, sofás de ouro e prata – até mesmo pavimentos de mosaico feitos de materiais caros. Até o chão no qual os convidados caminhavam e os assentos nos quais eles se sentavam eram feitos de materiais que outros anfitriões teriam mantido trancadas em segurança como tesouros preciosos.

 

Não havia duas taças de vinho idênticas e o vinho fluía livremente, graças à generosidade do rei. O grande rei, que governava sobre todo o mundo conhecido e gozava de recursos ilimitados, não obstante, era vulnerável. O rei Assuero vinha bebendo por sete dias seguidos e, como era de se esperar, estava “alto”. Ele tinha bebido demais para estar completamente sóbrio. Com um toque característico de exagero, ele enviou nada menos do que sete dos seus eunucos reais para intimar sua rainha, Vasti.

 

Ela deveria comparecer usando sua coroa real para que os nobres e demais pessoas pudessem admirar sua beleza (Et 1.10-11). A ordem para que sua esposa aparecesse vestida com suas finas roupas reais para o deleite de uma multidão de homens alterados pelo vinho parecia ofensiva. “Porém a rainha Vasti recusou vir por intermédio dos eunucos, segundo a palavra do rei; pelo que o rei muito se enfureceu e se infamou de ira” (Et 1.12).

A lei dos persas e dos medos, que não podia ser revogada, podia, porém, ser recusada. A recusa de Vasti era um desprezo flagrante ao rei, que ficou furioso.

 

3. O convite à rainha. Crise institucional (Et 1.18) “Hoje mesmo, as princesas da Pérsia e da Média, ao ouvirem o que fez a rainha, dirão o mesmo a todos os príncipes do rei; e haverá daí muito desprezo e indignação.’ O desafio de Vasti a Assuero foi assim uma ameaça à ordem social estabelecida.

 

Desencadeou uma crise institucional, e Assuero recorreu aos conselheiros credenciados do reino. O parecer oficial era que a crise conjugal provocada por Vasti prejudicaria a todos, e que sua atitude contaminaria todas as mulheres da Pérsia e da Média, ao ponto de elas virem a se revoltar contra seus cônjuges.

 

A solução proposta foi um edito emergencial irrevogável para garantir que Vasti não fizesse aquilo que ela já havia decidido não fazer, ou seja, entrar na presença do rei. A sugestão “dê o reino a outra que seja melhor do que ela” abre caminho para Ester ocupar o lugar de Vasti no trono. 

 

Vasti é destronada (Et 1.19) “Se bem parecer ao rei, promulgue de sua parte um edito real, e que se inscreva nas leis dos persas e dos medos e não se revogue, que Vasti não entre jamais na presença do rei Assuero; e o rei de o reino dela a outra que seja melhor do que ela”. A rainha Vasti, de acordo com o costume persa, estava dando uma festa separada para as mulheres: “Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres 10 na casa real do rei Assuero” (Et 1.9).

 

Ela recusou-se a atender as exigências de Assuero. Nenhuma razão foi apresentada para a recusa de Vasti, mas muitas foram sugeridas.

 

O historiador Josefo afirma que pessoas estranhas não podiam ver a beleza de mulheres persas e outros sugerem que, por modéstia, Vasti não se comparece diante de um grupo de homens que tinham bebido mais do que era apropriado. Mas a gravidade da situação aponta para outro caminho. A recusa de Vasti em obedecer à ordem de Assuero foi vista como um precedente para as mulheres de todo o império.

 

Os conselheiros do rei viram na atitude desrespeitosa de Vasti para com seu monarca, que também era seu marido, uma possível influência negativa sobre a maneira como outras mulheres do reino responderiam a seus maridos, provocando desordem e discórdia nos lares de toda a terra. O rei agiu de acordo com o conselho de seus oficiais. Assuero destronou Vasti e emitiu um decreto sobre sua substituição. O decreto reflete um princípio profundamente enraizado ainda hoje no Oriente Médio. O marido governa a casa, e somente ele tem o direito de iniciar ou dar o divórcio.

Os filhos do matrimônio pertencem ao marido e, quando o divórcio acontece, ele os mantém. Assim, Vasti perdeu sua posição de poder e prestígio como rainha e foi despojada do seu título.

  

II. VASTI RESISTE À ORDEM DO REI E É DEPOSTA

 

1. A recusa da rainha. A literatura grega registra o nome da rainha Vasti como Amestris. Ela deu à luz. Cerca de 483 a.C., ao terceiro filho de Assuero, Artaxerxes, que mais tarde sucederia ao seu pai Assuero no trono (Ed 7.1).

 

O seu motivo de recusar o chamado do rei não foi registrado, embora algumas sugestões incluam:

 

1) sua presença em meio a homens embriagados teria envolvido comportamento lascivo, ou

 

2) ela ainda estava grávida de Artaxerxes. A Bíblia é singular em sua composição, com mais de 40 autores, culturas distintas, classes sociais diferentes e tudo isso ainda é acompanhado de certo lapso de tempo entre o fato e o registro. Para uma boa exegese do texto é necessário sim usarmos as Fontes Históricas da Bíblia.

 

Estes são documentos e registros que fornecem informações valiosas sobre a história, cultura e contexto em que os eventos bíblicos ocorreram. Essas fontes são essenciais para a compreensão e interpretação correta dos textos bíblicos, pois nos ajudam a reconstruir o mundo antigo e a entender as circunstâncias em que os escritos sagrados foram produzidos. Existem diferentes tipos de Fontes Históricas da Bíblia, cada uma com sua própria relevância e contribuição para o estudo bíblico.

 

Entre as principais fontes, podemos destacar:

 

1. Fontes Arqueológicas

2. Fontes Epigráficas

3. Fontes Literárias

4. Fontes Iconográficas

5. Fontes Geográficas.

 

Além disso, as Fontes Históricas nos ajudam a identificar e resolver aparentes contradições ou discrepâncias nos textos bíblicos. Ao comparar as informações fornecidas pelas fontes históricas com os relatos bíblicos, podemos obter uma visão mais completa e precisa dos eventos narrados. Isso nos permite reconciliar aparentes divergências e fortalecer a confiabilidade histórica dos textos bíblicos.

As Fontes Históricas também nos permitem entender melhor a cultura, as tradições e as práticas religiosas dos tempos bíblicos. Ao examinar os artefatos, as inscrições e as representações visuais encontradas nessas fontes, podemos obter insights valiosos sobre a vida cotidiana, a religião e as crenças das pessoas da época. Isso nos ajuda a interpretar corretamente os aspectos culturais e religiosos dos textos bíblicos.

 

2. A aplicação da lei. A recusa de Vasti em concordar com o pedido do rei deixou o embriagado monarca enfurecido. Ele entregou o destino da rainha nas mãos dos astrólogos da corte, que em tais ocasiões eram seus conselheiros mais confiáveis. Embora estes conhecessem o tem-peramento do rei, e soubessem que ele provavelmente se arrependeria de sua atitude quando se recuperasse de seu estupor alcoólico, estes homens inteligentes resolveram tirar vantagem da oportunidade para obter a publicação de um decreto que contribuiria com os interesses da disciplina doméstica.

 

Assaz desprezo e indignação (18): "as mulheres da Pérsia e Média... estão falando com orgulho e petulância com todos os oficiais do rei" (Moffat). Vasti não poderia mais entrar na presença do rei Assuero, e o reino dela deveria ser dado a outra melhor do que ela (19) ; as esposas de todas as partes deveriam honrar seus maridos (20) ; e todo homem deveria manter as regras e a liderança de sua casa (22).

 

G. Campbell Morgan nota que "a história revela o lugar que a mulher ocupava fora da aliança do povo escolhido. Ela era, simultaneamente, uma diversão e uma escrava do homem'. De acordo com a lei, o que há para fazer com a rainha Vasti? dando assim à pergunta uma atmosfera ligeiramente mais judicial, como se o rei estivesse considerando o assunto de forma completamente imparcial, e simplesmente no interesse de seu reino. A natureza da irrevogabilidade da lei persa (cf. Dn 6.8,12,15) teve um papel importante no modo como o resto do livro de Ester foi concluído (cf. 8.8).

 

3. A sentença de Vasti. “Então Memucã disse”. Pelos termos de sua resposta, é evidente que não havia uma lei existente na Pérsia que pudesse resolver o caso. Portanto, se algo fosse feito a respeito, uma nova lei deveria ser promulgada.

 

Em favor da aprovação de tal lei, Memucã apresenta duas considerações;

 

(a) que a perversidade de Vasti constituía uma ofensa contra todo o domínio do rei, e

 

(b) que era inoportuno que tal ofensa ficasse impune, uma vez que a consequência natural seria que essa insubordinação doméstica seria amplamente imitada.

Memucã assim mostra o lado mais negativo de um cortesão oriental pela servilidade com a qual ele ignora o fato de que foi o comportamento ultrajante do rei que causou a dificuldade, bem como pela tentativa um tanto maquiavélica de encobrir o ciúme que ele e seus companheiros sentiam da influência da rainha sob o pretexto de preocupação com o bem-estar social em todo o Império.

 

Os sábios aconselhou o rei que, por causa de sua recusa Vashti deve ser banido da presença do rei (v. Et 1:19 ), para que suas esposas da mesma forma agir após o seu exemplo desafiante (v. Et 1:18 ).

 

Esse conselho agradou ao rei, e ele decretou que Vashti ser deposto. Além disso, o rei enviou cartas durante todo o ordenamento império cada um para governar a sua casa (v. Et 1:22).

 

O ponto sutil envolvido era que as mulheres deveriam submeter-se a todas as regras e caprichos de seus maridos, como Vasti era esperado para submeter-se a Assuero. Tal relacionamento compromete seriamente a dignidade da feminilidade em qualquer cultura e em qualquer século. Um marido não é governar a sua casa depois dessa maneira.

 

III. ESTER: A JUDIA SE TORNA RAINHA EM TERRA ESTRANHA

 

1. Quatro anos depois. Provavelmente durante a última parte do malfadado combate do rei contra a Grécia (481-479 a.C.), o rei lembrou-se de Vasti. O rei estava legalmente impedido de restaurar Vasti (Et 1.19-22), então os conselheiros propuseram um novo plano promissor.

 

Cerca de três ou quatro anos após a destituição de Vasti, conforme a data indicada em 2.16, estabeleceu-se um plano para a escolha da nova rainha. Acredita-se que durante o período intermediário o rei esteve ocupado com sua campanha grega malsucedida, que resultou na derrota naval em Salamina, em 480 a.C., e na Batalha de Plataéias em 479 a.C. Conforme o plano sugerido pelos conselheiros do rei, belas jovens seriam procuradas pelo império e colocadas sob os cuidados de um eunuco do rei, do palácio de Susã, chamado Hegai. Lá elas deveriam se submeter a uma intensa preparação com cuidados de beleza e cosméticos por um período de doze meses, antes de serem avaliadas pelo rei.

 

2. O universo da escolha. Entre as várias jovens que foram levadas ao palácio, havia uma judia, de nome Hadassa ou Ester. Ela foi criada na casa de seu primo mais velho, Mardoqueu, um judeu da tribo de Benjamim, cujo bisavô, Quis, foi um daqueles que foram levados de Jerusalém para o exílio por Nabucodonosor em 597 a.C. Esta Ester é descrita com uma jovem bela... e formosa, que logo alcançou graça aos olhos de todos quantos a viam.

Hegai, o chefe eunuco, a preferiu entre todas as outras jovens sob os seus cuidados; e a fez passar para os melhores aposentos da casa das mulheres, ou seja, o harém. Por sugestão de Mardoqueu, ela não revelou sua linhagem ou raça, visto que os judeus não obtinham favores entre os persas; e o fato de ser de origem judaica, se fosse descoberto, poderia impedir que ela fosse escolhida como rainha. "Todo dia Mardoqueu passava em frente ao átrio das mulheres para se informar como passava Ester, e o que lhe sucedia".

 

Ao final de um ano inteiro de preparações, as candidatas a rainha, foram apresentadas uma por uma ao rei. Na preparação para esta apresentação final, foi-lhes permitido escolher o traje e a maquiagem que deveriam usar.

 

Mas, quando chegou a vez de Ester, ela sabiamente contou com o julgamento do camareiro do rei, Hegai: coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai em todas as questões. Ester sabia que ele não só era experiente nestes assuntos, como também conhecia bem o gosto do rei.

 

Isto nos aponta algo na personalidade de Ester, que em todas as suas atitudes, exercitava o mesmo cuidado e discrição e o mesmo respeito pelo julgamento dos outros.

 

A apresentação de Ester ao rei resultou em sua escolha imediata como rainha; o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres. Um grande banquete foi dado em sua homenagem. Para ganhar a afeição do povo para a nova rainha, o rei deu repouso às províncias, ou seja, uma redução especial nos tributos foi anunciada a todo o reino. Ele fez doações: "fez presentes, segundo a generosidade real".

 

Uma judia se tornou rainha do governo mais poderoso daquela época. Através dela, Deus concedeu ao seu povo uma grande libertação dos desígnios malignos de seus inimigos. O caráter disciplinado de Ester pode ser entendido melhor à luz da sua educação. Mesmo nessa fase, ela cumpria o mandado de Mordecai como quando a criava.

 

3. A obediência de Ester. Os reis persas colecionavam não só grandes quantidades de jóias, mas também grande número de mulheres. Estas jovens virgens eram tiradas de suas casas e tinham que viver em um edifício separado perto do palácio chamado harém. Seu único propósito era servir ao rei e esperar seu chamado para lhe oferecer agradar sexual. Se tivesse sido rechaçada, Ester tivesse sido uma mais das muitas jovens que o rei houvesse visto somente uma vez e logo esquecido. Mas a presença e a beleza de Ester agradaram tanto ao rei que foi coroada rainha em lugar do Vasti. Rainha tinha uma posição de maior influencia que uma concubina e lhe dava mais liberdade e autoridade que às outras mulheres do harém.

Entretanto até como rainha, Ester tinha muito poucos direitos. Especialmente pelo fato de ter sido escolhida para substituir a uma mulher que se tinha voltado muito atrevida. Já que não tinha direitos e muito pouco acesso ao rei, era melhor para o Ester não revelar sua identidade.

 

Embora temos a responsabilidade de declarar nossa identidade como povo de Deus, há ocasiões em que uma boa estratégia é nos manter calados até que ganhemos o direito de ser escutados. Isto acontece especialmente quando tratamos com gente que tem autoridade sobre nós. Entretanto, sempre podemos lhes deixar ver a diferença que Deus faz em nossas vidas.

  

CONCLUSÃO

 

A presciência é conhecer coisas ou eventos antes que existam ou aconteçam. Em grego, o termo para “pré-conhecimento” é prognóstico, que expressa a ideia de conhecer a realidade antes que ela seja real e os eventos antes que ocorram.

 

Na teologia cristã, a presciência refere-se à natureza onisciente de Deus, pela qual Ele conhece a realidade antes que ela seja real, todas as coisas e eventos antes que aconteçam e todas as pessoas antes que existam. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento falam da presciência de Deus. Não há nada no futuro que esteja oculto aos olhos de Deus (Isaías 41:23; 42:9; 44:6-8; 46:10).

 

Deus vê nossas vidas, nossos corpos e nossos dias mesmo antes de sermos concebidos: "Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles ainda existia" (Salmo 139:15-16).

 

A presciência de Deus é mais do que a Sua capacidade de "ver o futuro"; a Sua presciência é o verdadeiro "conhecimento" do que está por vir, baseado em Sua própria vontade. Ele determina o que vai acontecer. Ou seja, a presciência não é apenas intelectual; é algo pessoal e de relação.

 

UMA OTIMA AULA