28 de junho de 2017

Lição 01 = Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia


Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia

 

Texto Áureo = "Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo." (2Pe 1.21)

 

Verdade Prática = Cremos na inspiração divina, verbal e plenária da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter cristão.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – 2 TIMÓTEO 3.14-17

 

HINOS SUGERIDOS: 306, 322, 499 da Harpa Cristã

 

INTRODUÇÃO

 

O uso teológico da palavra inspiração tem a finalidade de designar a influência controladora que DEUS exerceu sobre os escritores da Bíblia. Tem a ver com a habilidade comunicada pelo ESPÍRITO SANTO, de receber a mensagem divina e de registrá-la com absoluta exatidão.  O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina. É devido à sua inspiração que a Bíblia é chamada A Palavra de DEUS.

 

A investigação do caráter da Bíblia se constitui num esforço no sentido de se descobrir a verdadeira base da sua autoridade. As Escrituras do Antigo e Novo Testamentos formam um cânon devido ao fato de que estas são palavras ou oráculos autorizados. No contexto desta lição e expressão autorizada sugere que a Bíblia em todas as suas partes é a voz de DEUS falando ao homem. Sua autoridade é inerente, sendo como é, nada menos do que um edito imperial: "Assim diz o Senhor".

 

O FATO DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

 

Existe a necessidade de que compreendamos a contribuição exata do fato de que a inspiração divina das Escrituras resume a totalidade do propósito divino na revelação. Este é um assunto que precisa ser exposto com a mais absoluta clareza face às objeções contra ele levantadas. Contra a crença de que as Escrituras resumem em si a totalidade do propósito da revelação divina, levantam-se os seguintes argumentos:

 

BASES DA AUTORIDADE BÍBLICA

 

O mundo moderno, que se encontra vacilante entre a influência desmoralizadora dos ideais satânicos e das filosofias do homem sem DEUS, não aprecia nem respeita a Bíblia. Podemos dizer, porém, que até mesmo esse manifesto desrespeito que o mundo tem para com a Bíblia, se constitui dalgum modo numa prova do caráter sobrenatural desta. Positivamente analisado é uma prova da autoridade da Bíblia.

 

1. Ela foi inspirada por DEUS ( 2 Tm 3.16). Declarar das Escrituras, como elas fazem de si mesmas, que são inspiradas por DEUS, é reconhecer a autoridade suprema que só pertence a DEUS e que elas procedem diretamente dEle. Isto significa que em seu caráter plenário, as Escrituras são, em sua totalidade, a Palavra de DEUS. Elas possuem a peculiaridade indiscutível de ser nada menos que o decreto real divino - "Assim diz o Senhor".

 

2. Ela foi escrita por homens escolhidos (2 Pé 1.20,21). Este aspecto da autoridade bíblica está entranhavelmente relacionado com o fato de que a mensagem que esses homens escolhidos receberam e pregaram, era inspirada por DEUS. A contribuição específica que isto dá ao estudo da autoridade bíblica é que garante, como temos demonstrado, que a participação humana na autoria da Bíblia, não produz nenhuma imperfeição no valor infinito nem na excelência da mensagem divina. As Escrituras são inerrantes, acima de tudo, porque procedem de DEUS. Prova evidente de que a autoridade da Bíblia independe dos homens inspirados que a escreveram, consiste do fato de que mesmo aqueles livros cujos nomes dos autores são ignorados, são tão inspirados por DEUS quanto os demais que compõem o cânon divino.

 

3. Ela foi crida pêlos que a receberam (Jo 2.22). No caso do Anti- go Testamento, a congregação de Israel, sob a liderança de seus anciãos, reis, profetas e sacerdotes, deu sua aprovação àqueles escritos como sendo divinamente inspirados. No caso do Novo Testamento, a Igreja primitiva, deu sua sanção aos escritos aí contidos completando, assim, o cânon das Escrituras. Sem terem consciência, tanto num caso como no outro, de que estavam sendo usados por DEUS para realizar um objetivo tão importante, aprovaram o cânon da Bíblia como algo de singular valor para todos os homens, em todos os lugares e em to- dos os tempos.

 

4. Ela foi autenticada por JESUS CRISTO ( Lc 24.44). Os quatro Evangelhos contêm nada menos do que trinta e cinco referências diretas do Antigo Testamento citadas por parte do Filho de DEUS. Estas, como se pode notar, não apenas registram seu testemunho no tocante ao caráter divino da inspiração plenária das Escrituras, mas também, tomadas como um todo, contemplam o Antigo Testamento e certificam os aspectos plenários de sua perfeição.

 

Quando CRISTO declarou: "Eu sou... a verdade" (Jo 14.6), Ele estava declarando algo mais que ser verdadeiro. Ele se declarou como a verdade no sentido em que Ele é o tema central da Palavra da Verdade, Ele é o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira (Ap 1.5; 3.14; Is 55.4). Ele disse acerca de si mesmo: "Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade" (Jo 18.37).

 

5. Acomodação. Segundo este argumento, os apóstolos criam que a inerrância das Escrituras judaicas se constituía numa teoria insustentável. Deste modo, em vez de adotarem uma linha de interpretação revolucionária, os escritores do Novo Testamento decidiram por acomodar a sua linguagem à realidade espiritual de seus dias.

Um dos principais defensores deste argumento, disse que "as Escrituras do Novo Testamento estão completamente dominadas pelo espírito de sua época, assim o seu testemunho concernente à inspiração das Escrituras carece de valor independente".

 

6. Ignorância. De igual maneira se diz que os apóstolos eram "homens sem letras e indoutos" (At 4.13) e, portanto, estavam sujeitos a errar, e que CRISTO, devido à sua encarnação, sabia apenas um pouco acima dos seus contemporâneos. Ainda, segundo este argumento,

uma vez que CRISTO não teve acesso às descobertas científicas do nosso tempo, não podia ter estado muito acima do nível cultural da sua própria época.

 

7. Contradição. Sempre tem havido quem discuta no tocante a supostas "contradições", "inexatidões" e "inconsistências" das Escrituras. Segundo esses críticos, um livro não pode ter tão grande valor como o atribuído à Bíblia, quando contém todos estes elementos. Os assuntos tratados nesta divisão não são algo novo. A negação da origem divina das Escrituras tem aparecido em todas as gerações neste mundo onde medra a incredulidade. A raiz do problema está no que se há de aceitar como última palavra no assunto: Devemos aceitar o ensinamento da Bíblia ou ensinamento dos homens?

 

TEORIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

 

Quanto à inspiração da Bíblia, existem várias teorias falsas, contra as quais o cristão deve precaver-se. Dentre elas destacam-se as seguintes:

 

1. A teoria da inspiração natural humana. Essa teoria ensina que a Bíblia foi escrita por homens de inigualável inteligência. Os defensores desta teoria são da opinião de que assim como têm havido artistas excepcionais, músicos e poetas que têm produzido obras de vulto, também existiram homens dotados duma percepção espiritual tão excepcional que, devido os seus dons inatos, puderam escrever a Bíblia. Esta é a forma que acham para negar a sobre naturalidade do texto sagrado.

 

2. A teoria da inspiração divina comum. Essa teoria ensina que a inspiração dos escritores da Bíblia é a mesma que hoje nos vem quando oramos, pregamos, cantamos, etc. Assim entendido, qualquer pessoa com maior ou menor nível de inspiração, seria capaz de escrever outra Bíblia. Tal teoria é errônea, uma vez que a inspiração comum, que o ESPÍRITO SANTO hoje nos comunica, admite gradação, isto é, pode manifestar-se em maior ou menor intensidade, ao passo que a inspiração dos escritores da Bíblia não admite graus. O escritor era ou não inspira- do.

 

3. A teoria da inspiração parcial. Ensina que partes da Bíblia são inspiradas, outras não. Ensina que a Bíblia não é a Palavra de DEUS, mas que ela apenas contém a Palavra de DEUS. Evidentemente essa teoria vem de encontro à declaração paulina segundo a qual "toda Escritura é inspirada por DEUS..." (2Tm 3.16 - ARA).

4. A teoria do ditado verbal. Ensina que a inspiração da Bíblia é somente quanto às palavras, não deixando lugar para a atividade e estilo do escritor, patente em cada livro. Lucas, por exemplo, fez cuidadosa investigação de fatos conhecidos para escrever o seu Evangelho (Lc 1.3).

 

5. A teoria da inspiração das idéias. Essa teoria ensina que DEUS inspirou as idéias da Bíblia, mas não as suas palavras; estas ficam a cargo dos escritores.

 

O CONCEITO CORRETO DE INSPIRAÇÃO

 

Não basta mencionar as teorias falsas quanto à inspiração das Escrituras; necessário se faz tratar do que bíblica e teologicamente se entende por inspiração divina das Escrituras.

 

1. Inspiração Plenária ou Verbal. A teoria correta da inspiração da Bíblia é chamada "Teoria da Inspiração Plenária ou Verbal". Ela ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas; que os escritores não funcionaram como simples robôs, mas que houve cooperação vital entre eles e o Espírito de DEUS que neles agia.

 

A teoria da inspiração plenária ou verbal afirma que homens santos de DEUS escreveram a Bíblia com palavras de seu vocabulário, porém, sob a influência poderosa do ESPÍRITO SANTO, de sorte que o que eles escreveram foi a Palavra de DEUS. Ensina que a inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento, e que depois disso, nem os mesmos escritores, nem qualquer outro servo de DEUS pode ser chamado inspirado no mesmo sentido.

 

2. Revelação e Inspiração Divinas. A inspiração das Escrituras só pode ser compreendida à luz da revelação de DEUS. Revelação é a ação de DEUS pela qual Ele dá a conhecer ao escritor coisas desconhecidas e que o homem por si só jamais poderia saber (Dn 12.8; l Pé 1.10,11). Certamente que a inspiração nem sempre implica em revelação. Toda a Bíblia foi inspirada por DEUS, mas nem toda ela foi dada por revelação. São Lucas, por exemplo, foi inspirado a examinar trabalhos já conhecidos e averiguar fatos notórios, a fim de escrever o terceiro Evangelho (Lc 1.1-4). O mesmo se deu com Moisés, que foi inspirado a registrar o que presenciara no seu dia-a-dia, como relata o Pentateuco.

 

PROVAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

 

Dentre outras provas da inspiração das Escrituras, mencionaríamos as seguintes:

 

1. A aprovação da Bíblia por JESUS. JESUS aprovou a Bíblia ao lê- la (Lc 4.16-20), ao ensiná-la (Lc 24.27), ao chamá-la "a palavra de DEUS" (Mc 7.13), e ao cumpri-la (Lc 24.44).

 

Quanto ao Novo Testamento, em João 14.26, o Senhor antecipadamente pôs nele o selo de sua aprovação divina, ao declarar: "Mas aquele Consolador, o ESPÍRITO SANTO, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito". Assim sendo, o que os apóstolos ensinaram e escreveram não foi a recordação deles mesmos, mas a do ESPÍRITO SANTO. JESUS disse ainda que o ESPÍRITO SANTO nos guia- ria em "toda a verdade" (Jo 16.13,14). Portanto, no Novo Testa- mento temos a essência da revelação divina.

 

2. O testemunho do ESPÍRITO SANTO no crente. Em cada pessoa que aceita a JESUS como Salvador, o ESPÍRITO SANTO põe na sua alma a certeza quanto à autoria e inspiração divina das Escrituras. É algo instantâneo.

Não é preciso ninguém ensinar isso. Quem de fato aceita a JESUS como Salvador pessoal, aceita também a Bíblia como a Palavra de DEUS, sem argumentar.

 

3. O fiel cumprimento da profecia. Inúmeras profecias se cumpriram no passado, em sentido parcial ou total; inúmeras outras cumprem-se em nossos dias, e muitas outras cumprir-se-ão no futuro.  O cumprimento contínuo das profecias bíblicas é uma prova da sua origem divina. O que DEUS disse, sucederá (Jr 1.12). Glória a DEUS por tão sublime livro!

 

4. A Bíblia é sempre nova e inesgotável. O tempo não exerce nenhuma influência sobre a Bíblia. É o livro mais antigo do mundo, e ao mesmo tempo o mais moderno. Em mais de vinte séculos o homem jamais pôde melhorá-la. Um livro humano já teria caducado em bem menos tempo. Para o salvo, isto constitui insofismável prova da Bíblia como a imutável Palavra de DEUS.

 

A BÍBLIA É TUDO QUANTO DIZ SER

 

1. A Bíblia é poder eterno. Quanto a isto, diz o salmista: "Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu" (SI 119.89). Outros escritores da Bíblia corroboram esta declaração (Is 40.8; l Pé 1.25). Sendo a Palavra de DEUS, esta verdade tem sido confirmada através da preservação sobrenatural deste livro singular.

 

2. A Bíblia é poder salvador. Por incorporar o Evangelho, a Bíblia é o "poder de DEUS para salvação" (Rm 1.16), porém, muitos ignoram que o evangelho é dirigido ao homem na forma dum edito. É pregado a todos para ser crido e obedecido, (At 5.32; Rm 2.8; 10.16; 2Tm 1.8; Hb 5.9; l Pé 4.17).

 

3. A Bíblia é poder santifica- dor. A autoridade da Bíblia é afirmada e demonstrada pelo seu poder santificador. O Senhor orou pêlos seus discípulos: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a "verdade (Jo 17.17). A nação de Israel ainda há de ser santificada pela ação da Palavra da verdade.

O próprio DEUS declara: "Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu DEUS e eles serão o meu povo" (Jr 31.33).

 

4. A Bíblia é poder restaurador. Os capítulos 36 e 37 do livro do profeta Ezequiel resumem a destruição e restauração de Israel. Na sua assolação, Israel é assemelhado a um vale de ossos secos. Do que de- pende então a sua completa restauração? Depende da ação poderosa da Palavra de DEUS. Quanto a isto, registra o profeta: "Então me disse:  Profetiza sobre estes ossos, e dize- lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor Jeová a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis" (Ez 37.4,5).

 

5. A Bíblia é poder revelador. Ela testifica e prova a sua autoridade de ser uma revelação dada aos homens. Como diz o salmista, a ex- posição da Palavra de DEUS dá luz; dá entendimento aos simples (SI 119.130). Todas as revelações de coisas celestiais e terrenas, do tempo e da eternidade, do bem e do mau, são derivadas da Palavra de DEUS. Como diz o escritor da Epístola aos Hebreus, na verdade a Palavra de DEUS, viva, eficaz e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, é apta para revelar o escondido e até mesmo as intenções do coração do homem.

 

POR QUE A PALAVRA DE DEUS É EXCELENTE

 

1. Ela é pura. Não há mistura na Palavra de Deus. Em toda a Escritura Sagrada, não há uma só discordância quanto à essência da mensagem. Os inimigos da Palavra já procuraram desacreditá-la, apontando discrepâncias e contradições, mas em vão. As divergências sugeridas são apenas aparentes, porque “as palavras do Senhor são palavras puras como prata refinada em forno de barro e purifica sete vezes” (SI 12.6). É puríssima (Sl 119.140).

 

2. Ela é reta. a segue uma linha de pensamento que, começando no Gênesis, termina no Apocalipse, mas sem quaisquer desvios ou mistificações apesar de ter sido escrita por cerca de 40 homens, durante quase 1.600 anos, nos mais diversos lugares. A mensagem da Bíblia é uma só: O amor de Deus e o seu plano para a salvação do homem. “Porque a palavra do Senhor é reta, e todas as suas obras são fiéis” (SI 33.4).

 

3. Ela é santa. A Palavra de Deus identifica-se com a natureza divina, que é santa. Os seres celestiais, no Apocalipse, cantam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir” (Ap 4.8). A palavra do homem, quase sempre, tem verdade e mentira, realidade e engano, mas a palavra de Deus é santa (Sl 105.42).

 

4. Ele é lâmpada e luz. Somente a Palavra de Deus tem o Poder de iluminar o caminho do homem. Há muitos, por aí, que se dizem iluminados pelas filosofias de Buda, de Confúcio, e de outros, mas, na verdade, estão em trevas. “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho” (Sl 119.105).

 

5. Ela é verdade absoluta. Em J0 17.17, Jesus declarou: “...a tua palavra é a verdade”. Não é uma verdade entre outras, como pensam os sábios segundo o mundo. A palavra de Deus é “a” verdade, no sentido absoluto, pois é a revelação do Deus Criador, Onipotente, Onisciente, Onipresente. Santo, Justo e Salvador. O salmista é categórico: “A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre” (SI 119.160).

 

6. É o poder de Deus. Paulo, falando aos coríntios, foi enfático: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1.18). As palavras, as filosofias, os ensinos, as idéias e os pensamentos dos mestres do mundo conseguem, no máximo, apenas reformar vidas. Mas a Palavra de Deus transforma o mais vil pecador numa nova criatura: ela, em si mesma, é e tem o poder de Deus.

 

7. E viva e eficaz. Até hoje, nenhum cirurgião conseguiu descobrir onde fica a divisão da alma e do espírito. Os médicos só podem agir sobre o corpo. Quanto à mente, limitam-se a trabalhar o comportamento observável do homem. Contudo, “...a palavra de Deus... penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e  tenções do coração” (Hb 4.12). A Palavra de Deus tem vida e é eficaz, ou seja, produz efeitos, muda comportamentos, transforma vidas.

 

O QUE A PALAVRA DE DEUS PRODUZ NO HOMEM

 

1. A Palavra de Deus Transforma. Transformar é “dar nova forma, feição ou caráter; tornar diferente do que era; mudar, alterar...” (Dic. Aurélio). Todos os significados da palavra transformar, no sentido mais elevado do termo, podem ser aplicados ao que a Palavra de Deus produz na vida de uma pessoa que a ouve e a recebe em seu coração.

 

a) Dá nova vida. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).

 

b) Liberta do pecado. Os que “andam na lei do Senhor não praticam iniqüidade, mas andam em seus caminhos” (v3). O poder transformador da Palavra de Deus faz com que o homem ímpio deixe os seus maus procedimentos, e passe a andar segundo a orientação de Deus.

 

c) A Palavra de Deus purifica o interior do ser humano. “Como purificará o jovem o seu caminho?” (v. 9). O salmista faz essa indagação porque, em todos os tempos, o comportamento dos jovens sempre foi alvo da tentação do inimigo.

Mas a resposta vem logo em seguida: o jovem pode purificar o seu caminho, “observando-o conforme a tua palavra”. Na verdade, não só ao jovem se aplica essa verdade, mas as pessoas de todas as faixas etárias.

 

2. A Palavra de Deus produz vida eterna. Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna...” (Jo 524)

 

A AUTORIDADE ABSOLUTA DA PALAVRA

 

1. Esta acima da razão humana. A razão humana só aceita aquilo que pode ser percebido pelos sentidos naturais, que pode ser provado empiricamente. É por isso que a Bíblia declara: “...a palavra da cruz é loucura para os que se perdem” (1 Co 1.18). Diante disso, Deus destrói a sabedoria dos sábios e aniquila a inteligência dos inteligentes (1 Co 1.19-20). A Palavra de Deus contém “coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem” (1 Co 2.9).

 

2. Não pode ser contestada pela Igreja. Paulo, doutrinando o jovem Timóteo, ordena-lhe que advirta a outros para que não ensinem outra doutrina (1 Tm 1.3) e não se dêem a fábulas, “que mais produzem questões do que edificação em Deus” (1 Tm 1.4). Por ignorarem tal exortação, muitos entregam-se a” vãs contendas, querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam” (1 Tm 1.6-7).

 

3. Não pode ser questionada pelo misticismo. O misticismo tem tomado conta de nossa época. A chamada “Nova Era” tem chegado até mesmo a certas igrejas. Sonhos, revelações e profecias, ou profetadas, têm procurado ultrapassar a Palavra de Deus. Isso não tem sentido, pois a Palavra já está completa. Não se deve modificá-la, sob pena de incorrer-se em castigo severo (Ap 22,18- 19).

 

4. É a única regra de fé e prática. Para o cristão verdadeiro, livros podem ser escritos; pensamentos podem ser expostos. Mas nada toma o lugar da Palavra de Deus. A Igreja Cristã, ao ‘contrário das seitas, só tem a Bíblia, a Palavra de Deus, como única regra de fé e prática. Fora da Bíblia, nada prevalece como doutrina ou ensino a ser seguido.

 

5. Sua ética é a mais elevada do Universo. Ética é a parte da Filosofia que estuda o que é certo e errado. A ética humana parece um pantanal sem fim, O que era certo há poucos anos, agora é errado; o que era errado, agora é certo. Adultério não é mais crime. Homossexualismo não é mais crime. E aceito amplamente pela ética humana, O aborto, crime inominável, é legal em muitos países. Agora, já se pensa em clonagem (cópia) de seres humanos; o homem mortal tenta invadir uma área que só a Deus pertence. Graças a Deus, que a Bíblia, em termos de ética, é inabalável. Pecado é pecado. Abominação é abominação, ontem, hoje e sempre. As obras da carne (GI 5.19-21) jamais deixaram de ser contrárias à Lei de Deus.

 

CONCLUSÃO

 

A Palavra de Deus é excelente sob todos os aspectos que se possa considerar. Individualmente, ela deve ser acatada com fé, amor e profunda gratidão. Coletivamente, deve ser aceita como única regra de fé e prática. No culto cristão, deve ter prioridade máxima. Infelizmente, em muitos cultos, quase não há espaço para a - exposição da Palavra de Deus. A cantoria toma conta do tempo. A palavra fica em último plano. Que Deus nos ajude a ser gratos pela sua palavra, e que possamos pô-la em prática em nosso viver.

 

 

 

Evangelista Isaias Silva de Jesus

 

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém  - Em Dourados – MS

 

Bibliografia

 

Lição Bíblicas 4º. Trimestre 1986  - CPAD

Lição Bíblicas 3º. Trimestre 1997  - CPAD

 

INSPIRAÇÃO DIVINA E AUTORIADE DA BIBLIA

 

A Bíblia está traduzida atualmente para 2.935 línguas, segundo dados da Sociedade Bíblica do Brasil (A Bíblia no Brasil, n° 252 — agosto a outubro de 2016, Ano 68, p. 16). Todas essas versões transmitem a mesma mensagem dos antigos escritores bíblicos. Os oráculos divinos entregues a eles foram preservados e estão disponíveis para toda a humanidade. Sua inspiração divina e sua autoridade fazem dela um livro sul gen eris.

 

CÂNON E INSPIRAÇÃO

 

As palavras “cânon” e “inspiração”, às vezes, significam a mesma coisa. O termo kanõn se origina do vocábulo hebraico qãneh, “cana”, que se usava como “cana de medir” (Ez 40.3, 5; 41 .8) e originalmente quer dizer “vara de medir”. Na literatura clássica, significa “regra, norma, padrão”. Aparece no Novo Testamento com o sentido de regra moral (Gi 6.16). É também traduzido por “medida” (2 Co 10.13, 15). Nos três primeiros séculos do cristianismo, o termo se referia ao conteúdo normativo, doutrinário e ético da fé cristã.

 

A partir do quarto século, os pais da Igreja aplicaram as palavras “cânon” e “canônico” aos livros sagrados, para reconhecer sua autoridade como textos inspirados por Deus e instrumentos normativos para a vida e a conduta dos cristãos, portanto separados de outras literaturas. Eles constituíram a partir de então uma “lista de livros com autoridade divina”, uma biblioteca que é a nossa medida, a nossa regra de fé e prática.

O cânon é, assim, a lista de livros já definidos e reconhecidos como divinos para a vida e a conduta do cristão. Cada um dos livros era reconhecido como inspirado por Deus desde a sua origem, mas a coleção desses escritos sagrados só aconteceu posteriormente.

 

A inspiração divina é chamada de teopneustia, que significa “inspiração divina da Bíblia” (Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa) e “inspiração divina das Escrituras — teoria segundo a qual Deus inspirou aos autores bíblicos todas as palavras e todas as ideias” (Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa, de Laudelino Freire). O Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, de Michaelis, repete as mesmas palavras de Laudelino Freire. O termo “teopneustia” vem da Bíblia: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (1 Tm 3.16) ou “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil” (ARA). A palavra grega aqui traduzida por “inspirada por Deus” ou “divinamente inspirada” é theopneustos, que vem de theos, “Deus”, e pneõ, “respirar”. Isso significa que a Bíblia é respirada ou soprada por Deus. A construção grega nesse versículo permite ambas as traduções, mas a tradução da Almeida Atualizada é mais precisa, uma vez que a partícula grega kai vem entre os dois adjetivos “divinamente inspirada” e “proveitosa”; também expressa melhor a intenção do Espírito Santo, pois afirma duas verdades sobre a Bíblia: a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa.

A ausência do artigo antes de grajê empasa grajê teopneustos kai õfélimos1 não deixa claro se a construção é atributiva, “Escritura divinamente inspirada”, ou predicativa, “[a] Escritura é divinamente inspirada”.

 

O termo grego pasa, feminino de pas, “todo, tudo, cada”, afirma que a inspiração das Escrituras é plena, total, por isso afirmamos a nossa fé na inspiração plenária da Bíblia. Mas essa crença não se fundamenta apenas nisso, e o contexto do Novo Testamento nos deixa à vontade nesse sentido. É verdade que no período apostólico a Bíblia da Igreja era o Antigo Testamento (Lc 24.44). O termo “Escrituras”, ou “Escritura” no singular, aparece inúmeras vezes no Novo Testamento como referência específica ao Antigo Testamento ou a parte dele e entre elas podemos citar (Mt 21.42; Mc 2.10/l 118.22,23; Mt 26.56; Mc 15.28/Is 53.12; Lc 4.21/Is 61.1,2; Lc 24.27).

 

A expressão “Toda Escritura” (2 Tm 3.16) não se restringe apenas ao Antigo Testamento; diz respeito também aos escritos apostólicos, ou seja, ao Novo Testamento. A Bíblia inteira é divinamente inspirada, pois a autoridade dos profetas e apóstolos é a mesma. Ambos os grupos de escritores bíblicos aparecem alternadamente: “para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos” (2 Pe 3.2).

 

Mais adiante, o apóstolo Pedro coloca as epístolas paulinas no mesmo nível nas Escrituras do Antigo Testamento: “Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos dificeis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2 Pe 3.16).

O apóstolo Paulo considerava os escritos apostólicos no mesmo nível das Escrituras dos judeus: “Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” (1 Tm 5.18). Há aqui duas citações.

 

A primeira vem da lei de Moisés: “Não atarás a boca ao boi, quando trilhar” (Dt 25.4); e a segunda não aparece em parte alguma do Antigo Testamento, mas nos evangelhos: “porque digno é o operário do seu alimento” (Mt 10.10); “pois digno é o obreiro de seu salário” (Lc 10.7). A construção grega revela que o apóstolo está citando o evangelho de Lucas. Ambas as frases são chamadas de “Escritura”. Outras vezes Paulo ousa dizer que seus escritos são de origem divina (1 Co 7.40; 2 Co 13.3; 1 Ts 4.8).

 

Assim, a frase “Toda Escritura é inspirada por Deus” se refere à Bíblia inteira, aos seus 66 livros. A inspiração da Bíblia é especial e única. Não existe na Bíblia um livro mais inspirado e outro menos inspirado. Todos têm o mesmo grau de inspiração e autoridade.

A inspiração plenária se refere à totalidade dos 66 livros bíblicos, e a inspiração verbal significa que cada palavra foi inspirada pelo Espírito Santo (1 Co 2.13). Não somente as palavras, mas também as ideias são de origem divina: “porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (1 Pe 1.21).

 

A palavra grega usada aqui para “inspirados” é o verbo pherõ, que significa também “mover, movimentar”. Os escritores bíblicos são homens santos que foram movidos pelo Espírito Santo para falarem da parte de Deus.

 

A inspiração verbal não elimina a individualidade de cada autor humano. Qualquer leitor da Bíblia consegue ver sem muito esforço a diferença de linguagem e de estilo em cada livro. Essa diversidade se revela ao comparar um profeta com outro profeta do Antigo Testamento, ou um apóstolo com outro apóstolo do Novo Testamento. Quem ler os profetas Isaias, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Amós ou os apóstolos Pedro, João e Paulo pode observar com clareza meridiana a peculiaridade na estrutura de raciocínio de cada um deles, no seu grau de instrução, no seu convívio, no seu gênio e contexto sociopolítico e religioso. Assim, a Bíblia revela o aspecto natural da individualidade e o aspecto sobrenatural da inspiração.

 

CREDIBILIDADE DOS TEXTOS BfBL1COS

 

A quantidade enorme de manuscritos antigos, o grande número de versões em outras línguas e as citações da patrística nos primeiros séculos do cristianismo falam por si como prova da autenticidade dos livros da Bíblia. É assunto que nem mesmo os céticos questionam. Nenhuma obra da Antiguidade apresenta hoje tantos manuscritos hebraicos, gregos, latinos e em outras línguas.

 

 

Temos hoje em todo o mundo mais de 25 mil manuscritos bíblicos produzidos antes do advento da imprensa no século XV. Em segundo lugar, vem a ilíada, de Homero, com apenas 457 papiros e 188 manuscritos, perfazendo um total de 645 exemplares. Nenhuma obra da Antiguidade é mais bem confirmada que a Bíblia.

 

De todas as obras literárias produzidas na Antiguidade, o manuscrito mais antigo que sobreviveu apresenta um intervalo de 750 anos entre o tal manuscrito e a possível data de sua autoria.

 

É uma obra de História, de Plínio, o Jovem, historiador romano que viveu entre 61 e 113 dc. Restaram apenas sete manuscritos, e o mais antigo deles é datado de 850 d. C. Todos os demais, com exceção de Suetônio, também historiador romano, com 950 anos de intervalo o manuscrito mais antigo e a possível data de sua autoria, apresentam um intervalo superior a mil anos. É o caso de Platão, Tetralogias, sete cópias; e Heródoto, História, oito cópias, entre outros que não são citados aqui por absoluta falta de espaço (MCDOWELL, 2013, pp. 141, 142).

 

As descobertas dos rolos do mar Morto revelam a credibilidade e a fidelidade dos textos hebraicos do Antigo Testamento. Com exceção do livro de Ester, todos os outros livros do Antigo Testamento estão representados nesses 800 manuscritos. As 11 cavernas de Uaid Qumran trouxeram à tona cerca 200 manuscritos bíblicos, descobertos entre 1947 e 1964, sem contar outros manuscritos não bíblicos.

 

O primeiro grupo desses manuscritos é datado entre 250 a.C. e 68 d.C., com manuscritos escritos ainda na grafia paleo-hebraica, ou seja, o hebraico arcaico. Julio Treboile Barrera faz menção de alguns deles: quatro de Levítico, dois de Gênesis, Êxodo e Deuteronômio, um de Números e um de Jó (BARRERA, 1999, p. 263). O segundo grupo é datado entre 70 e 132 d.C., período entre a destruição de Jerusalém e a Revolta de Bar-Cochbar, em Yavne, ou Jâmnia.

 

Muitos desses manuscritos não foram produzidos pelos essênios; muitos deles vieram da Babilônia e do Egito. Trata-se, portanto, de textos procedentes de várias épocas e de vários lugares. Quando o alfabeto paleo-hebraico foi substituído pelo alfabeto quadrático, os escribas tiveram de fazer adaptações. O rolo do profeta Isaías, por exemplo, é datado do ano 100 a.C. É exatamente o mesmo texto da Bíblia Hebraica, exceto por uma diferença de apenas 17 letras no capítulo 53.

 

As inúmeras profecias são exclusividade das Escrituras Sagradas e provas visíveis de sua inspiração e autenticidade. Muitas delas já se cumpriram em relação a muitos povos, tanto na Antiguidade como na atualidade. Um exemplo é a queda de Babilônia: “E Babilônia, o ornamento dos remos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra quando Deus as transtornou.

Nunca mais será habitada, nem reedificada de geração em geração” (Is 13.19, 20). Essa profecia foi proferida quando a Babilônia estava no apogeu de sua glória. Hoje, no entanto, essa Palavra se cumpre diante de nossos olhos.

 

A Bíblia anunciou de antemão a dispersão dos judeus, mas profetizou seu retorno à terra de seus antepassados. Depois de cerca de 1.800 anos na diáspora, os filhos de Israel retornam para sua terra, e em um só dia nasceu uma nação (Is 66.8). Essa Palavra diz respeito à fundação do Estado de Israel logo após a derrocada do nazismo.

 

Não é possível enumerar todas as profecias aqui. Mas destacamos as profecias sobre reis, como Ciro, rei da Pérsia, e Alexandre, o Grande, em Isaías 44.28; 45.1 e Daniel 8.21, 22, além das profecias messiânicas cumpridas em Jesus, desde o seu nascimento de uma virgem, em Belém, conforme Isaías 7.14 e Miqueias 5.2, até a sua ascensão, registrada em Salmos 24.7-10. Tudo isso faz da Bíblia um livro sul generis, que não se assemelha a nenhum outro e está acima de qualquer outro já produzido no mundo. A Bíblia declara a si mesma como a infalível Palavra de Deus: “a palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (Is 40.8) e em fraseologia similar: “mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pe 1.25). É o único livro que se apresenta como a revelação escrita do verdadeiro Deus e com um propósito definido: a redenção humana.

 

A VERSÃO DOS SETENTA

 

A Septuaginta é a primeira tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego. O termo “Septuaginta” vem do latim e significa literalmente “septuagésimo”, tendo sido usado pela primeira vez por Eusébio de Cesareia em História Eclesiástica.

Agostinho de Hipona foi o primeiro a chamá-la de a “Versão dos Setenta”, em A Cidade de Deus. O termo “Septuaginta” é uma forma abreviada da expressão latina interpretatio Septuaginta virorum, “a tradução pelos setenta homens”, similar à forma grega katá tou hebdomëkonta, “conforme os setenta”, ou hoi hebdomëkonta, “os setenta”, todos usados por escritores cristãos do segundo século para referir-se ao Antigo Testamento Grego. Hoje é conhecido também pelo nome de “Versão dos Setenta, Versão de Alexandria” e identificado pelos algarismos romanos “LXX”.

 

A tradução do Pentateuco do hebraico para o grego aconteceu na metade do século III a.C., por 72 eruditos judeus enviados de Jerusalém para Alexandria; nos séculos seguintes, os outros livros do Antigo Testamento foram traduzidos. Foi um empreendimento cultural sem precedentes na história da civilização ocidental, pois a revelação divina saía do confinamento judaico para se tornar universal. Era o pensamento religioso semita à disposição do Ocidente numa língua indo-europeia.

 

Sua influência nos escritores do Novo Testamento foi determinante, servindo de ponte linguística e teológica entre o hebraico do Antigo Testamento e o grego do Novo. Tanto os apóstolos como os antigos escritores cristãos encontraram na Septuaginta uma fonte de conceitos e termos teológicos para expressar o conteúdo e o pensamento cristão.

Ela foi usada pelas gerações de judeus helenistas em todas as partes do mundo antigo. Foi a Bíblia adotada pelos cristãos de língua grega, como disse Agostinho no século V: “A Igreja recebeu a versão dos Setenta como se fora única e dela se servem os gregos cristãos, cuja maioria ignora se há alguma outra. Dessa versão dos Setenta fez-se a versão para o latim; é a usada nas igrejas latinas. Serve, ainda, como fonte importante para o estudo da história da Bíblia Hebraica” (A Cidade de Deus, livro 18.43).

 

A TRADUÇÃO PARA OUTRAS LÍNGUAS TEM A APROVAÇÃO DIVINA

 

O projeto de tradução das Escrituras dos judeus para a língua grega num período em que nem mesmo o cânon estava fixado mostra ser a Bíblia um livro traduzível por natureza, sendo ao mesmo tempo o prenúncio de milhares de línguas para as quais a Palavra de Deus seria traduzida — as primícias de uma grande ceifa de versões em todo o mundo. A Bíblia completa está traduzida em 563 idiomas, o Novo Testamento em 1.334 línguas, e as porções bíblicas em 1 .038 línguas. O total é de 2.935 línguas. São dados publicados pela revista A Bíblia no Brasil citada acima.

 

É a vontade de Deus que a sua Palavra seja conhecida por todos os povos e nações na sua própria língua. Essa aprovação divina é reconhecida pelo uso do grego na redação do Novo Testamento e pelas inúmeras citações diretas da Septuaginta. Isso mostra que não importa a língua, mas o conteúdo da mensagem. A Septuaginta “no transcorrer dos anos veio a ser o Antigo Testamento por excelência dos cristãos no vasto império romano. Quando a LXX foi acrescentada à coleção de livros do Novo Testamento era o surgimento de um novo livro, a Bíblia Cristã” (SOARES, 2009, p. 56).

 

 

Evangelista Isaias Silva de Jesus

 

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Setor I - Em Dourados – MS

 

Livro A Razaão da Nossa Fé – Ezequias Soares -CPAD 1º. Edição 2017