30 de janeiro de 2013

UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO - 03

UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO
TEXTO ÁUREO = Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados ;perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2 Co 4.8,9).
VERDADE PRÁTICA =  Os conflitos de Elias o levaram a enfrentar períodos de depressão e tristeza. Mas o Senhor ajudou-o superar.
LEITURA BIBLICA = I REIS 19: 2-8
INTRODUÇÃO
Qual o limite de um homem? Como ele se comporta quando e encontra numa situação-limite? Nessas circunstâncias, há na vida algum sentido ou significado? Foi com a proposta de a estas perguntas que o psiquiatra vienense Viktor E. Frankl escreveu o livro: Em Busca de Sentido.

Frankl foi um dos poucos sobreviventes de campo de concentração nazista durante a segunda Guerra Mundial, responsável pelo extermínio de seis milhões de judeus! Gordon W. Allport, amigo de Frankl e renomado psicólogo da Universidade de Harvard, destaca o fato que Frankl foi prisioneiro durante muito tempo em campos de concentração, onde seres humanos eram tratados de modo pior do que se fossem animais, e que ele se viu reduzido à existência nua e crua.

O pai, a mãe, o irmão e a esposa de Viktor Frankl morreram em campos de concentração ou em crematórios, e, excetuando sua irmã, toda a sua família morreu nos campos de concentração. Como foi que ele — tendo perdido tudo o que era seu, com todos os seus valores destruídos, sofrendo fome, frio e brutalidade, esperando a cada momento a sua exterminação final — conseguiu encarar a vida como algo que valia a pena preservar?

Nas páginas 16 e 17 de seu livro, Frankl narra a dramaticidade de viver em um campo de extermínio: “O não iniciado que olha de fora, sem nunca ter estado num campo de concentração, geralmente tem uma ideia errada da situação num campo desses, imagina a vida lá dentro de modo sentimental, simplifica a realidade e não tem a menor ideia da feroz luta pela existência, mesmo entre os próprios prisioneiros e justamente nos campos menores.

É violenta a luta pelo pão de cada dia e pela preservação e salvação da vida. Luta-se sem dó nem piedade pelos próprios interesses, sejam eles do indivíduo ou do seu grupo mais íntimo de amigos. Suponhamos, por exemplo, que seja iminente um transporte para levar certo número de internados para outro campo de concentração, segundo a versão oficial.
Mas há boas razões para supor que o destino seja a câmara de gás, porque o transporte de pessoas doentes e fracas representa uma seleção dos prisioneiros incapacitados de trabalhar, que deverão ser dizimados num campo maior, equipado com câmaras de gás e crematório. E neste momento que estoura a guerra de todos contra todos, ou melhor, de uns grupos e panelinhas contra outros. Cada qual procura proteger a si mesmo ou os que lhe são chegados, pô-los a salvo do transporte, ‘requisitá-los’ no último momento da lista do transporte.

Um fato está claro para todos: para aquele que for salvo dessa maneira, outro terá que entrar na lista. Afinal de contas, o que importa é o número; o transporte terá que ser completado com determinado número de prisioneiros.

Cada qual então representa pura e simplesmente uma cifra, pois na lista constam apenas os números dos prisioneiros. Afinal de contas, é preciso considerar que em Auschwitz, por exemplo, quando o prisioneiro passa pela recepção, ele é despojado de todos os haveres e assim também acaba ficando sem nenhum documento, de modo que, quem quiser, pode simplesmente adotar um nome qualquer, alegar outra profissão etc.

Não são poucos os que apelam para esse truque, por diversas razões. A única coisa que não dá margem a dúvidas e que interessa aos funcionários do campo de concentração, é o número do prisioneiro, geralmente tatuado no corpo. Nenhum vigia ou supervisor tem a ideia de exigir que o prisioneiro se identifique pelo nome, quando quer denunciá-lo, o que geralmente acontece por alegação de ‘preguiça’. Simplesmente verifica o número que todo prisioneiro precisa usar, costurado em determinado pontos da calça, do casaco e da capa, e o anota (ocorrência muito temida por suas consequências).

O que faz sentido numa situação dessas? Como bem observaram os editores da obra de Frankl, ele toca na essência do que é ser humano: usar a capacidade de transcender uma situação extremamente desumanizadora, manter a liberdade interior e, desta maneira, não renunciar ao sentido da vida, apesar dos pesares. E manter-se aberto para a vida, mesmo naquelas situações aparentemente sem sentido e dessa forma encontrar o sentido mais profundo da transcendência humana.

A história de Viktor Frankl possui alguma similaridade com a do profeta Elias — ambos viveram situações-limite. Frankl era um judeu que sobreviveu ao extermínio promovido pelo nazismo; Elias, também judeu, sobreviveu ao extermínio promovido pelo rei Acabe. Assim como Frankl, Elias era humano! Estava sujeito aos mesmos sentimentos (Tg 5.17).
Muitas vezes ficamos tão fascinados com o registro bíblico sobre homens e mulheres de Deus que acabamos esquecendo de que os mesmos eram humanos! Passamos a enxergá-los como heróis e como tal acreditamos que eles não possuem falhas. Todavia a Escritura mostra os homens de Deus como de fato os são — homens vigorosos, destemidos, corajosos e ousados — mas ainda assim humanos.

Com Elias também foi assim. Elias foi um profeta que deixou seu legado na história bíblica como um gigante espiritual. Um servo de Deus de profunda convicção espiritual e consciente de sua missão profética.
Por causa disso, enfrentou soberanos, falsos profetas e o coração de um povo dividido. Isso deixou uma sobrecarga sobre ele, e foi isso que fez aflorar na vida do profeta de Tisbe todo o seu lado humano, frágil e carente da ajuda divina (1 Rs 19.1-18).

Elias — um homem como os outros

Um homem sentimental = O apóstolo Tiago destacou em sua epístola a dimensão humana do profeta Elias. Elias era homem, estava também sujeito aos sentimentos peculiares aos seres humanos. E isso o que o apóstolo diz: “Elias era homem semelhante a nós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu” (Tg 5.17).Tiago diz duas coisas importantíssimas sobre Elias que nós parecemos esquecer: primeiramente “Elias era homem”. Elias foi um gigante espiritual, mas era homem! Não era um anjo! Quando escrevi um comentário para a Escola Dominical sobre a vida do rei Davi, destaquei esse fato: “Davi era humano, demasiado humano! Foi Nietzsche quem usou essa expressão em um outro contexto.

Todavia, acredito que ela se aplica bem a Davi. Davi era tudo aquilo que podemos identificar como humano. Um homem espiritual, mas humano. Um guerreiro forte, mas ao mesmo tempo um líder quebrantado (SI 34.18). Um homem que sabia pensar e ao mesmo tempo chorar (2 Sm 12.22). Davi em algumas vezes se mostra extremamente racional e em outras um homem altamente emocional. Davi era humano! As vezes ficamos com um sentimento de decepção quando vemos Davi se emaranhando nas teias do pecado sexual.

E evidente que a Escritura reprova veementemente essa ação de Davi, todavia isso nos mostra um outro lado da moeda — Davi era um homem!
E como homem, estava sujeito a falhas. Ele não era um anjo, ou um semideus ou ainda um dos heróis antigos, mas um homem que amava a Deus mesmo com todas as suas fragilidades.

As vezes esquecemos que, ao escolher Davi, o profeta Samuel, sob direção divina, disse: “já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração” (1 Rs 13.14). Deus procurou um homem, e não um semideus. Não um herói.

Não devemos esquecer a nossa humanidade. Às vezes encontramos crentes que não querem mais ser humanos, eles buscam um projeto de espiritualidade destituído da parte humana. Isso é extremamente perigoso. Devemos ser crentes espirituais, mas não esquecendo de que ainda habitamos neste tabernáculo (2 Pe 1.14).

Assim como Davi, Elias também era humano. Ele estava sujeito aos
“mesmos sentimentos”. Elias não era apenas espiritual, era também sentimental! Alegrava-se, mas também se entristecia! Talvez o que distingue Elias dos demais mortais é que ele não maquiava seus sentimentos. Ele os punha para fora.

Um homem espiritual = Como vimos, há muitas semelhanças nas histórias de Frankl e do profeta de Tisbe, em especial quando levamos em conta a dimensão psicológica ou subjetiva. Todavia há diferenças também. Elias não era psiquiatra, não possuía formação em comportamento humano, mas era um profeta com uma profunda vida espiritual. Se Frankl se valeu do que ele mesmo batizou com o nome de logoterapia, uma técnica que busca um sentido para a existência, Elias buscou o sentido dessa mesma existência em Deus. Elias era servo do Deus vivo, razão última de toda a existência humana! Dizendo isso de uma outra forma, o profeta de Tisbe era um homem espiritual.

Elias era um homem espiritual e vários fatos narrados nas Escrituras atestam essa verdade. Primeiramente vemos Elias como um profeta profundamente envolvido com a Palavra de Deus: “E, que segundo a tua palavra fiz todas essa coisas” (1 Rs 18. 36). Em segundo lugar, observamos que o profeta de Tisbe possuía uma profunda vida devocional. Elias era um homem de oração: “Subiu Acabe a comer e a beber; Elias, porém, subiu ao cimo do Carmelo, e, encurvado para a terra, meteu o rosto entre os joelhos, e disse ao seu moço: Sobe e olha para o lado do mar. Ele subiu, olhou e disse: Não há nada. Então, lhe disse Elias: Volta. E assim por sete vezes” (1 Rs 18.42,43). Elias aprendera a arte da oração!

As causas dos conflitos de Elias

Decepção = O capítulo 18 de 1 Reis narra a fantástica vitória que o profeta Elias obtivera sobre os profetas de Baal. O Senhor havia respondido a oração do seu servo e respondeu com uma demonstração inequívoca do seu poder. O Senhor enviou fogo do céu em resposta à oração de Elias (1 Rs 18.38).
O que Elias esperava em resposta a esse avivamento era um total quebrantamento do povo, incluindo a casa real. Todavia o avivamento não alcançou as proporções desejadas. A casa de Acabe ficou insensível a ele. Jezabel mandou dizer a Elias, em tom de ameaça: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (1 Rs 19.2). Parece que a vitória havia se convertido em derrota! Sem dúvida Elias ficou decepcionado, não com o seu Deus, mas com o príncipe de seu povo!

Para a psicóloga Esther Carrenho (2001, pp.148-149) essa sem dúvida foi a razão que motivou o profeta Elias ficar deprimido. Em sua excelente obra, Carrenho faz uma análise detalhada sobre os principais conceitos da Depressão, em especial quando ela se manifesta em personagens bíblicos tais como: Jó, Moisés, Davi e Elias.

Na sua análise sobre o profeta de Tisbe, Carrenho destaca que:
“Quando analisamos psicologicamente os fatos na vida de Elias, podemos também concluir que sua depressão poderia ser chamada de “depressão após o sucesso”. Esse é um tipo de depressão que também pode cair sobre muitas pessoas. Normalmente, diante de um desafio, o corpo passa a produzir um excesso de adrenalina para que a pessoa dê conta de executar todo seu plano até ver o desafio cumprido. Uma vez que a tarefa está encerrada, a produção de adrenalina também cessa, trazendo para o corpo uma prostração e um cansaço de tal forma que algumas pessoas demoram alguns dias para se recuperarem novamente”.

Medo = Diante da ameaça de morte sentenciada pela rainha Jezabel, a reação de Elias foi imediata: “Temendo, pois, Elias, levantou-se, e, para salvar a sua vida, se foi, e chegou a Berseba, que pertence a Judá; e ali deixou o seu moço” (1 Rs 19.3). Elias teve medo e fugiu! O homem que havia confrontado Acabe e os falsos profetas de Baal e Aserá, agora fugia temendo morrer pela mão de uma mulher! Não devemos esquecer que Elias era um homem semelhante a nós e sujeito aos mesmos sentimentos (Tg 5.17).

Os gigantes também possuem seus momentos de fraqueza! Não há dúvidas de que aqui os sentimentos falaram mais alto do que a fé!

Esther Carrenho destaca que: “Acabe relata tudo para sua mulher, Jezabel, que se enfurece com Elias ao saber da morte dos profetas de Baal. Ela manda um aviso dando lhe 24 horas de prazo; depois disso, ela o destruirá da mesma forma com que ele destruiu e matou os profetas. Elias sentiu medo diante da ameaça de Jezabel. E esse medo vai desencadear uma depressão que faz com que Elias, o grande herói e vencedor, se prostre em total desânimo”.

As consequências dos conflitos

Fuga e isolamento = O texto sagrado destaca a fuga do profeta Elias (1 Rs 19.3). O homem de Deus que havia enfrentado situações tão adversas, agora se vê impotente diante das ameaças de uma rainha pagã. Ele se viu sem escapatória diante dessa nova situação e temeu por sua vida. Humanamente falando, era ficar e morrer. Devemos observar que o Senhor não recriminou Elias por isso, nós também não devemos fazê-lo.

Por outro lado, Elias não apenas fugiu, ele também se isolou. “Ele mesmo, porém, se foi ao deserto” (1 Rs 19.4). Essa é uma marca de uma pessoa deprimida — ela busca o isolamento. Somos seres sociais e como tal não podemos viver no isolamento. Carrenho (pp. 150,151) vê o medo e isolamento de Elias como os dois primeiros sintomas depressivos do profeta: “O primeiro sintoma da depressão presente em Elias é o medo.

Ele se deu conta de que, humanamente falando, não tinha escapatória, e diante da sensação de impotência foge para salvar a própria vida.
‘Elias teve medo e fugiu para salvar a vida.’ O segundo sintoma é o isolamento. ‘Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo e entrou no deserto, caminhando um dia.’ Foi no deserto e sozinho que ele achou que poderia se proteger do ataque de Jezabel.

Autopiedade e desejo de morrer = Vemos ainda as marcas do comportamento depressivo do profeta na sua atitude de autopiedade, um termo sinônimo para autocomiseração, cunhado pelos psicólogos. Elias achava que somente ele ficara como um servo fiel do Senhor. “Eu fiquei só” (1 Rs 19.10). Ele achava que todos haviam apostatado ou abandonado a fé. Não havia mais fiéis, somente ele. Como o texto deixa claro, isso era ver a realidade de forma distorcida. Deus possuía ainda seus sete mil (1 Rs 19.18).

Mas Elias foi mais além — ele agora queria morrer. “E pediu para si a morte” (1 Rs 19.4). Os psicólogos observam que este é um sintoma de uma pessoa com depressão profunda. Ela perde o encanto pela vida.
Elias, portanto, precisava urgentemente da ajuda do Senhor.

Carrenho destaca com muita propriedade que: “O desejo de morrer não significa desejo de se matar. Há diferença entre sentir o desejo de morrer, não querer continuar a viver, e o desejo de se matar. Elias pede que Deus tire a vida dele, que na verdade é uma forma de ter a vida terminada, mas sem a própria participação. Para muitas pessoas, o simples fato de pensar em morrer já se torna um peso insuportável, pela culpa que elas sentem”.



O socorro divino

Um breve esboço da estadia do profeta Elias no Monte Horebe ou Sinai, que é uma espécie de resumo do que foi dito até aqui, pode ser dado como segue:

A) Elias entrando na caverna

a) Decepção (1 Rs 19.2)
b) Medo (1 Rs 19.3)

B) Elias dentro da caverna

a) Fuga (1 Rs 19.3)
b) Isolamento (1 Rs 19.4)
c) Autopiedade (1 Rs 19.10)
d) Desejo de desistir e morrer (1 Rs 19.4,18)

C) Elias saindo da caverna A terceira e última parte é a que iremos analisar agora — Elias saindo da Caverna. Foi o escritor americano John Gray (1995, pp.42,43) quem popularizou a figura da caverna como símbolo de conflitos psicológicos.

Em seu livro: Homens São de Marte e as Mulheres são de Venus, que se tornou best-seller, ele escreveu:  “Quando um homem está estressado, ele se retira para dentro de uma caverna na sua mente e se concentra na resolução de um problema. Ele geralmente escolhe o problema mais urgente ou mais difícil.
Ele fica tão concentrado na resolução desse problema que perde temporariamente a noção de tudo o mais. Outros problemas e responsabilidades desaparecem gradualmente no pano de fundo.
Em tais momentos, ele se torna progressivamente distante, esquecido, insensível e preocupado em seus relacionamentos. Por exemplo, quando tiver uma conversa com ele em casa, parece que somente
5% de sua mente estão disponíveis para o relacionamento enquanto os outros 95% ainda estão no trabalho.

Sua plena consciência não está presente porque ele está ruminando o próprio problema, esperando encontrar uma solução. Quanto mais estressado estiver, mais preso ao problema ficará. Em tais momentos, ele é incapaz de dar a uma mulher a atenção e o sentimento que ela normalmente recebe e certamente merece. Sua mente está preocupada, e ele se sente impotente para liberá-la. Se, no entanto, ele puder encontrar a solução, ele se sentirá melhor instantaneamente e sairá da caverna; repentinamente ele estará à disposição para participar do relacionamento novamente.

Entretanto, se ele não puder encontrar uma solução para seu problema, então permanecerá enfiado na caverna. Para sair, ele ficará atraído pela resolução de pequenos problemas, como ler o jornal, ver televisão, dirigir seu carro, fazer exercícios físicos, assistir a um jogo de futebol, jogar basquete, e por aí afora. Qualquer atividade desafiadora que inicialmente requeira somente 5% de sua mente pode ajudá-lo a esquecer seus problemas e a sair. Assim, no dia seguinte, ele será capaz de redirecionar seu foco para seu problema com mais sucesso.

No caso de Elias, fica evidente o fato que se não fosse a mão do
Senhor, Elias jamais teria conseguido sair daquela caverna.

Esther Carrenho destaca esse fato: “Elias, na minha opinião, é o exemplo bíblico mais forte e significativo de uma pessoa deprimida. Primeiro, porque sua depressão poderia ser classificada como severa.
Há todos os indícios e sintomas de alguém que se prostra sem recursos próprios para sair da situação sem ajuda externa.

Só depois que Elias é assistido, até de maneira sobrenatural, é que ele recobra suas forças e consegue caminhar novamente em direção ao monte Horebe.

Provisão física = O socorro do Senhor chegou até o profeta na forma de provisão física ou material: “Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come”(l Rs 19.5). Os psicólogos veem aqui um dos sintomas da depressão de Elias — a inapetência ou alteração dos hábitos alimentares. Nesse estado a pessoa pode não querer comer como também pode possuir um apetite exagerado. Em ambos os casos é necessário o auxílio de terceiros.

Esse sintoma é denominado pelos psicólogos de inapetência, isto é, “a alteração nos hábitos alimentares, quando tanto pode ocorrer a falta de apetite como o comer exagerado. No caso de Elias, ele só dorme e não tem nenhum interesse em providenciar o alimento. E preciso que o anjo traga a alimentação pronta. Os familiares e aqueles que cuidam de pessoas com depressão precisam saber que em muitos casos é preciso tomar a iniciativa de, respeitosa e amorosamente, por um tempo, cuidar do deprimido.”

No caso do profeta, o anjo do Senhor é quem o auxilia providenciando-lhe alimento. Ele precisava alimentar-se e Deus fez com que isso fosse providenciado: “Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir” (1 Rs 19.6,7).

Provisão espiritual = Observamos que Elias se alimentou de pão e água, sem dúvida alguma, elementos de natureza material. Todavia a forma e o instrumento usado por Deus para fazê-los chegar até ao profeta era de natureza espiritual. Como já vimos, o texto sagrado diz que um anjo do Senhor foi quem providenciou aqueles víveres para o profeta (1 Rs 19.5,6). Mas não foi apenas um anjo que prestou auxílio ao profeta. O próprio Deus a quem Elias servia o conduziu durante todo o tempo. A própria ida de Elias ao monte Horebe fez parte dessa terapia. Ali Elias seria revitalizado não apenas na sua vida espiritual, mas também na sua vida emocional (1 Rs 19.8-15).

O Dr. Rodrigo Pires do Rio (2010, pp.82,83) destaca esse momento na vida do profeta Elias: “A experiência do deserto marcou a caminhada de Elias. Deserto não apenas como região externa, mas, principalmente, como experiência interior. Elias viveu em uma época de corrupção e suborno, de uso abusivo e absurdo do poder, de ruptura com as coisas de Deus e culto de idolatrias. Ele teve momentos de não saber, de estar perdido, de ter medo, de achar que tudo estava terminado, de querer fugir e morrer. Ele procurou Deus nos sinais tradicionais (terremoto, vento, fogo) e não O encontrou.

Pareceu-lhe, como para muitos de nós hoje, que não havia sentido na vida, nem direção a ser seguida. Os sinais tradicionais eram para Elias nada mais que lâmpadas que já não se acendiam. Elias só encontrou a Deus, de maneira inesperada, na brisa leve, que significa voz de calmaria suave. A brisa leve indica algo, um fato que, de repente, faz a pessoa ficar calada, cria nela um quebrantamento e, assim, a dispõe para escutar; provoca nela expectativa.

A brisa leve é o “sair de si próprio” para se encontrar novamente, é rever as próprias convicções pela Palavra de Deus; é redescobrir o sentido da vida pela vida que vem de Deus. Elias desesperou-se, perdeu-se, procurou, perseverou e reencontrou-se em Deus (2 Rs 2.11).

Acabamos de observar que os homens de Deus também têm conflitos.
Padecem também dos males comuns a todos os mortais. Todavia é perceptível que o servo de Deus conta com uma forma de auxílio diferenciado — ele não está sozinho neste mundo e por isso não depende apenas dos limitados recursos humanos. O Senhor se faz presente nas horas conflituosas da vida e presta-nos o seu auxílio. Lemos nos Salmos as palavras: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas angústias” (SI 46.1).

O psiquiatra cristão John White observa que: “Todos nós experimentamos tais sentimentos de vez em quando. As soluções são muitas: uma boa caminhada, contar as bênçãos, uma boa noite de sono, uma conversa com os amigos, alguns hinos de louvor, uns momentos a sós com Deus.
Quando, entretanto, os sentimentos continuam a nos assaltar por semanas e meses, devemos procurar ajuda de alguém [...]

Infelizmente, os cristãos têm uma inclinação para considerar suas depressões só em termos espirituais. Acham que desapontaram a Deus.
Os judeus religiosos fazem o mesmo, interpretando suas experiências dentro de uma estrutura religiosa. E os conselheiros espirituais, presos nessa mesma estrutura, podem muito bem diagnosticar um problema espiritual em algum cliente, mas não perceber uma enfermidade depressiva em outro, de modo que a fé vai ser encorajada onde ela não existe, ou o louvor em um coração murcho como uma ameixa seca.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
BIBLIOGRAFRIA

1 - FRANKL, Viktor E. Em Busca de Sentido. 31a edição, Rio de Janeiro: Editoras Sinodal/Vozes, 2011.

2 - FRANKL, Viktor e. Em Busca de Sentido. Rio de Janeiro: Ed. Sinodal/ Vozes, 2011.

3 - John White, psiquiatra cristão, no entanto oberva que: “Frankl é um deleite e uma frustração para os cristãos. E um prazer na sua concepção do fato fundamental de que precisamos entender porque estamos vivos. Mas é uma frustração porque ele foge à questão básica (o significado final da existência), confinando-se ao significado idiossincrático da existência de cada pessoa. Uma mãe abandonada, por exemplo, pode ser ajudada a suportar as dificuldades entendendo que o significado de sua vida consiste na criação de um futuro pra os eu filho aleijado” (WHITE, John. As Máscaras da Melancoliarum psiquiatra cristão aborda a problemática da depressão e do suicídio, p. 103, Editora ABU, 2001).

4 - GONÇALVES, José et al. Davi - as vitórias e derrotas de um homem de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

5 - CARRENHO, Esther. Depressão: tem luz no fim do túnel. São Paulo: Editora Vida, 2007.

6 - CARRENHO, Esther. Depressão: tem luz no fim do túnel. Idem.

7 - CAREENHO, Esther. Depressão. Idem.

8 - CARRENHO, Esther. Depressão. Idem.

9 - GRAY, John. Os Homens são de Marte e as Mulheres são de Vênus – um guia prático para melhorar a comunicação e conseguir o que você quer nos seus relacionamentos. 12° edição. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1995.

10 - CARRENHO, Esther. Depressão. Idem.

11 - CARRENHO, Esther. Depressão. Idem.
12 - DO RIO, Rodrigo Pires. O Poder da Contra a Depressão. Belo Horizonte: Ed. Dynamus, 2010.

13 - WHITE, John. As Máscaras da Melancolia: um psiquiatra cristão aborda a problemática da depressão e do suicídio. São Paulo: Editora ABU, 2001.

14 - Livro Porção Dobrada - Casa Publicadora das Assembleias de Deus - José Gonçalves – 2012


UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO - 02

UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO
TEXTO ÁUREO  = "Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença"
(Sl 42.5).
 
VERDADE PRÁTICA = Deus não criou o ser humano para viver desanimado ou deprimido, mas para uma vida saudável e feliz.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE 1Rs 19.1-8

INTRODUÇÃO

Um dos males que mais atingem as pessoas em todo o mundo é a depressão. Há vários tipos de depressão. De igual modo, são várias as suas causas. Contudo, a causa primeira foi certamente a entrada do pecado no mundo - origem de todas as fraquezas e males emocionais, nervosos, psicológicos e físicos.

O QUE É DEPRESSÃO
1. Conceito. O Dicionário Aurélio diz que depressão é o “ato de deprimir-se; abatimento moral ou físico; letargia”. No dicionário Webster, lemos que depressão é “a sensação de sentir-se deprimido; desalento: redução da vitalidade funcional; estado anormal de inércia e emoção desagradável”.
2. Sintomas da depressão. De acordo com Collins, autor do livro Aconselhamento Cristão, estes são alguns dos sintomas da depressão: “tristeza, apatia; perda de energia e fadiga, normalmente acompanhada de insônia; pessimismo; medo; sentimento de culpa, vergonha, senso de desamparo; perda de interesse no trabalho, sexo e atividades usuais; perda de apetite”. Para Paul Hoff, no seu livro O Pastor Como Conselheiro, a depressão manifesta-se também através de “doenças físicas variadas: tonturas, palpitações cardíacas, dificuldades respiratórias, pressão no peito, acidez estomacal”. Existem ainda outros sintomas que podem indicar estado de depressão.
3. Exemplos bíblicos de depressão
a) Moisés. Em Números 11.11- 15, vemos o grande líder de Israel, demonstrando imensa tristeza diante das murmurações dos israelitas, a ponto de dizer a Deus: “Por que fizeste mal a teu servo?.. .eu sozinho não posso levar a todo o povo, porque muito pesado é para mim... E, se assim fazes comigo, mata-me, eu to peço, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes ver o meu mal”. (Grifo nosso).
b) Elias. Em 1 Reis 19, lemos o que aconteceu a Elias após ter matado os profetas de Baal e Azera. Ameaçado pela diabólica Jezabel, “ele pediu em seu ânimo a morte...” (v. 4).

c) Davi. No Salmo 42, vemos o salmista muito triste ante a incredulidade sempre crescente de seus contemporâneos (v. 3). A certa altura, ele pergunta: “Por que estás abatida, á minha alma? e por que te perturbas em mim? (v.5).
AS CAUSAS DA DEPRESSÃO DE ELIAS
(01) Elias tirou os olhos de Deus e colocou-os nas circunstâncias. Num dado momento, Elias pensou que sua vida dependia da ímpia Jezabel e não de Deus. Por isso, ele temeu e fugiu. Sempre que tiramos nossos olhos de Deus para colocá-los nas circunstâncias adversas afundamos num pântano de desespero. (02) Elias entrou na caverna da solidão quando ele mais precisava de pessoas à sua volta. A depressão nos prega essa peça: quando mais precisamos de companhia queremos nos trancar em quartos escuros.
Elias dispensou o seu moço, quando mais precisava dele. (03) Elias fez uma leitura pessimista da situação à sua volta. Pensou que somente ele havia permanecido fiel a Deus naquela crise de apostasia, mas Deus lhe afirmou que havia mais sete mil que tinham permanecido firmes na fé. (04) Elias perdeu completamente a perspectiva do futuro, pedindo para si a morte. Julgou que o melhor tempo da sua vida havia ficado no passado e que o futuro só lhe reservava desespero
AS CAUSAS DA DEPRESSÃO
Observemos alguns elementos que podem levar-nos à depressão.
1. Oposição. Quando Elias chegou a Jezreel e soube que Jezabel intentava matá-lo (1 Rs 19.1,2), tomou atitudes que revelaram seu estado depressivo. Sempre que realizamos ou estamos prestes a realizar algo importante para Deus, enfrentamos o ataque do Inimigo. Essas investidas inesperadas ou oposição sistemática visam enfraquecer nossa confiança na proteção divina, levando-nos a desistir de lutar e assim impedir o progresso da obra de Deus (Jo 16.33; 1 Pe 5.8).
2. Frustração. O sentimento de incapacidade ou fracasso, diante da realização de um trabalho aparentemente inútil, pode levar-nos à depressão. A idéia que se tem é que a vida não faz o menor sentido. Elias perdera o ânimo e o interesse de viver: "toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais" (1 Rs 19.4). Humanamente falando, não somos diferentes do profeta; compartilhamos a mesma natureza (Tg 5.17).
3. Medo. O pavor incontido do que nos possam fazer os adversários, e a possibilidade de sermos perseguidos, ridicularizados, caluniados, ou até mortos podem levar-nos à depressão. Foi o que aconteceu com o profeta Elias (1 Rs 19.1,2,10).
4. Angústia. Quando enfrentamos um problema de difícil solução e não vislumbramos uma saída, tendemos à tristeza e a angústia. E justamente nesse momento que a crise depressiva se instala (Jó 3.11; 6.11; 17.1; Sl 13.1-3; 56; 57.6,7).
1. Ressentimento. O ressentimento é a emoção mais destrutiva nos relacionamentos humanos e para o bem-estar pessoal. Não é isso o que Deus quer de nós. Se temos alguma coisa contra alguém, ou se alguém tem alguma coisa contra nós, precisamos, o quanto antes, perdoar ou pedir perdão, que é o antídoto infalível contra a “gangrena emocional” do ressentimento. Jesus mandou perdoar “setenta vezes sete” (Mt 18.22), ou seja, sempre.
2. Mágoa. É a irmã gêmea do ressentimento. Guardar mágoa não traz vantagem nenhuma. Só males, doenças e até morte. A Bíblia, sabiamente, diz: “Toda a amargura, e ira... seja tirada de entre vós” (Ef 4.3 1). Veja também esta passagem: “Segui a paz com todos... tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb12.l4a-15).
3. Ira. É a mãe das duas causas anteriores. E sinônimo de cólera, raiva, indignação. É a principal causa de conflitos ministeriais, conjugais, familiares; é a causadora de miséria, de acidentes e de assassinatos. A ira humana, em geral, é prejudicial à vida espiritual e à saúde da mente e do corpo. O Salmo 37, ora em estudo, recomenda-nos claramente: “Deixa a ira e abandona o furor; não te indignes para fazer o mal (v. 8).
4. Ação maligna. Embora os autores de livros sobre aconselhamento não enfatizem esse fator como causa da depressão, salientamos que, em certos casos, quando não há causas orgânicas ou emocionais evidentes (morte de um ente querido, separação conjugal etc), a depressão pode ser provocada por ação demoníaca.
REAÇÕES NATURAIS DIANTE DA DEPRESSÃO
 1. Fugir. Moisés, incompreendido pelos filhos de Israel e procurado por Faraó, fugiu para Midiã (Êx 2.15). Fugir é a primeira reação quando nos sentimos incapazes diante do inimigo (1 Rs 19.3). Davi tomou a mesma atitude. Durante prolongada crise, fugiu para Aquis, rei de Gate, fazendo-se de louco. Ler 1 Sm 21.10-15; 27.1-7; 29.1-11; Sl 34; 56. Muitos, por não confiarem plenamente em Deus, usam o sono, o isolamento, o entretenimento, e tantas outras coisas para fugir da realidade. Caso o leitor esteja enfrentando um problema difícil, a ponto de desejar esconder-se em uma cisterna (1 Sm 13.6), saiba que o Senhor tem um escape para você (Sl 91; Hb 13.5).
2. Esconder-se. Elias realizou grandes feitos perante o Senhor: extirpou a idolatria de Israel (1 Rs 18.19-40) e fez chover sobre a terra, após um longo período de seca (1 Rs 18.41,42; 17.1; Lc 4.25; Tg 5.17,18). Todavia, isso não impediu que o profeta ficasse apavorado diante das desprezíveis ameaças de Jezabel (1 Rs 19.4,9).
3. Desistir. Muitos, quando deprimidos, ficam alienados, ou fechados dentro de si mesmos, como num casulo. O abandono da comunhão com os irmãos pode ser um sintoma de depressão: "... deixou ali o seu moço" (1 Rs 19.3). Elias não devia ter dispensado seu auxiliar, nem deveria ter ido para o deserto (1 Rs 19.3.4). A solidão agrava a depressão. Um bom confidente e santo irmão e amigo é uma boa linha de defesa, pelo fato de ter alguém para dialogar e orar juntos. A depressão priva a pessoa do relacionamento com os irmãos e amigos. Ela reprime o desejo de viver (1 Rs 19.4).
ENFRENTANDO A DEPRESSÃO
 1. Confiando firmemente no Senhor. Deus é soberano, nada ocorre sem a sua permissão (Dn 4.34-37). O crente que confia na soberania de Deus, mesmo nos momentos difíceis, como os vividos por Elias, não se deprime, mas descansa naquEle que tudo pode (Mt 19.26). O Senhor jamais nos abandona. Ele não havia abandonado seu profeta, nem seu povo fiel.
2. Orando e jejuando. O crente fiel pode deparar-se no seu dia-a-dia com situações que somente são resolvidas através da oração (Mt 9.15; Jr 29.12,13; Et 4.16). O jejum e a oração são armas espirituais poderosas para trazer cura e alívio aos corações abatidos.
3. Evitando a autocomiseração. De acordo com a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, quando formos tentados a pensar que somos os únicos fiéis que restam para realizar algo, não devemos nos lamentar. A autocomiseração diluirá o bem que porventura fizermos. Elias considerava-se a única pessoa que ainda era autêntica para com Deus. Solitário e desanimado esqueceu-se de que outros permaneceram fiéis em meio à impiedade de sua nação (1 Rs 19.18).
4. Entregando a vida e o futuro a Deus. O deprimido deve, sem demora e pela fé, levar a Cristo o fardo opressor de sua angústia, convicto de que Ele o livrará e de tudo cuidará (Sl 42; Is 53.4,5; Mt 11.28,29). Ter convicção de que Deus nos ama e que Ele se importa conosco, fortalece e consolida a nossa fé, principalmente quando circunstâncias desagradáveis nos ameaçam e, por fim, nos atingem.
SAINDO DA DEPRESSÃO
 Após ouvir, atentamente, as queixas de Elias, Deus o encorajou. Da mesma forma o Senhor quer restaurar seu ânimo trazendo alívio para sua alma abatida.
1. Restauração física. Através de um anjo, Deus proveu alimento e água para o profeta. Em seguida, o Senhor lhe proporcionou um sono reparador (1 Rs 19.4-6). O bem-estar físico e psíquico de Elias era fundamental (Sl 103.14).
2. Mudança de ambiente. Deus tirou Elias do deserto conduzindo-o a Horebe, cerca de 300 km de Berseba (1 Rs 19.7,8). Elias precisava de tempo e de um novo ambiente, para considerar sua vida sob um novo ponto de vista. Um ambiente estressante e uma rotina rígida e interrupta afeta a saúde física e mental da pessoa. É imprescindível ao deprimido mudar de ambiente, modificar sua rotina, reduzir seu trabalho e desfrutar de um período de férias para passar mais tempo com sua família (Ec 2.21-26; 3.1-8; Mc 6.30,31).
3. Bem-estar espiritual. O vento, o terremoto e o fogo no monte Horebe eram uma demonstração da suficiência e do poder de Deus; a voz mansa e suave, por sua vez, falava do grande amor do Pai (1 Rs 19.11,12). Talvez uma caverna (v. 9) não seja o local mais adequado para Deus revelar-se a alguém, todavia, nas situações mais adversas da nossa vida, o Senhor pode vir ao nosso encontro para nos tirar da depressão. O profeta saiu daquele lugar com uma nova visão acerca do seu Deus (1 Rs 19.13-18; Sl 23.4,5).
A CURA DA DEPRESSÃO: RECEITA DO SALMO 37.
1. Não se indignar por causa dos malfeitores (v. 1). Muitas vezes, o crente é levado a um estado de revolta e desânimo, e até de inveja, por ver a aparente prosperidade dos ímpios. Há coisas que não entendemos, mas Deus é justo, e fará justiça a seu tempo. Mas a inveja é obra da carne (Gl 5.21a). Não deve ter lugar no coração do crente.
2. Confiar Deus (v.3). A depressão pode ocorrer em diversas situações. Rejeição, insucesso, problemas da meia-idade, complexo de inferioridade, desemprego, perda de um ente querido etc. Todas essas situações podem explicar a depressão, mas não a justificam na vida do crente fiel, pois temos em quem nos apoiar nas horas amargas da vida. (SI 125.1).
3. Fazer o bem (v.3). Uma das manifestações do fruto do Espírito é a benignidade (Gl 5.22): a qualidade daquele que só faz o bem. A Bíblia manda fazer o bem e, como resultado, vem o viver pleno na terra que nos concedeu o Senhor, com o devido suprimento de todas as nossas necessidades (Sl 37.3b).
4. Deleitar-se em Deus (v.4). É vacina eficaz contra a depressão, preparada na farmácia de Deus. É buscar a alegria de Deus, pois a Bíblia declara que na presença do Senhor “há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (SI 16.11). Muitas vezes não recebemos bênçãos porque nos inquietamos, e até murmuramos, mas a alegria em Deus assegura a vitória contra o desânimo e a depressão.
5. Entregar o caminho ao Senhor (v. 5a). Há situações em que o crente, por estar tão deprimido, não consegue nem orar. A Palavra de Deus, porém, nos assegura que, se lhe entregarmos os nossos caminhos, sem restrições e com total confiança, Ele tudo fará. Mas é preciso ENTREGAR, CONFIANDO. Entregar os caminhos significa colocar nas mãos de Deus os problemas, a família, a casa, o lar, o emprego, a empresa, os estudos, o namoro, o noivado, o casamento, o ministério, os desejos e os sonhos. É lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7). Deus é fiel! Ele vela pela sua palavra (Ir 1.l2b; Is 55.1 1). Ele trabalha pelos que nele esperam (Is 64.4).
6. Descansar no Senhor e esperar nele (V. 7). Este passo, indicado no salmo em estudo, parece-nos o mais difícil. Descansar mesmo, de verdade, no Senhor, não é tão fácil como se pensa. Diante de certas dificuldades, embora pareça que entregamos tudo a Deus, ficamos agarrados à corda da falta de fé.
Descansar no Senhor é fazer como fez Abraão. Diante da ordem divina, o patriarca não vacilou: pegou Isaque e o levou para o sacrifício. Indagado onde estaria o cordeiro, respondeu: “Deus proverá”(Gn 22.5-8). Descansar em Deus é responder como Jó em meio à prova tremenda: “Porque eu sei que o meu Redentor vive... Vê-lo-ei por mim mesmo...” (Jó 19.25-27). Um antigo hino (369 HC), diz: “Descansarei, descansarei, sob Suas asas preciosas! Descansarei, e não temerei, sob asas tão poderosas!”
A CURA PARA A DEPRESSÃO DE ELIAS
Deus tratou a depressão de Elias usando vários recursos:
(01) Deus o tratou por meio da sonoterapia. A depressão deixa a mente agitada e o corpo cansado. Elias precisou dormir e descansar para sair da depressão.
(02) Deus o tratou por meio da alimentação adequada. Deus preparou uma refeição para Elias no deserto. Deu-lhe pão e água e ele recobrou suas forças. Uma pessoa deprimida, muitas vezes, sente náuseas do alimento. É preciso fortalecer o corpo no tratamento dessa doença.
(03) Deus o tratou dando-lhe a oportunidade do desabafo. Elias estava dentro de uma caverna, quando Deus lhe perguntou: “O que fazes aí, Elias?”. Deus, assim, o ordena a sair da caverna para desabafar. O desabafo é uma necessidade vital para a limpeza da alma.
CONCLUSÃO
 "Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos..." (Tg 5.17 - ARA), inclusive, à depressão. O Deus de Elias também é o nosso Deus. Assim como deu vitória ao profeta, nos concederá também
A história de Elias, teve um final feliz. Ele venceu em vida, até ser arrebatado aos céus. Seus inimigos, tiveram um fim trágico. Elias, com todas as suas falhas, foi agradável a Deus. Conosco, não é diferente. Deus nos ama. Mais do que nossa finita mente possa alcançar. Ele, não quer que desistamos, mas que nos refugiemos Nele.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
BIBLIOGRAFIA
Lições bíblicas CPAD 1997
Lições bíblicas CPAD 2008
CARLSON, R. (et al) O pastor pentecostal. RJ: CPAD, 1999.
DANIEL. S. Como vencer a frustração espiritual. RJ: CPAD, 2006

UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO - 01

UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO
TEXTO ÁUREO = Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados ;perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2 Co 4.8,9).
VERDADE PRÁTICA =  Os conflitos de Elias o levaram a enfrentar períodos de depressão e tristeza. Mas o Senhor ajudou-o superar.
LEITURA BIBLICA = I REIS 19: 2-8
INTRODUÇÃO
A DEPRESSÃO DE ELIAS = A depressão é uma doença que atinge todas as faixas etárias, classes sociais e segmentos religiosos, agravando outros problemas na vida humana. Um cristão pode enfrentar uma depressão. David Brainerd, John Bunyan e William Cowper, sofreram com esta doença. Em I Reis 19:1-18 vemos o profeta Elias, que aprendeu a depender de Deus e a realizar grandes obras em nome do Altíssimo, mas ficou deprimido, pedindo para si a morte. Vejamos as causas e a cura da depressão de Elias:
AS CAUSAS DA DEPRESSÃO DE ELIAS
(01) Elias tirou os olhos de Deus e colocou-os nas circunstâncias. Num dado momento, Elias pensou que sua vida dependia da ímpia Jezabel e não de Deus. Por isso, ele temeu e fugiu. Sempre que tiramos nossos olhos de Deus para colocá-los nas circunstâncias adversas afundamos num pântano de desespero. (02) Elias entrou na caverna da solidão quando ele mais precisava de pessoas à sua volta. A depressão nos prega essa peça: quando mais precisamos de companhia queremos nos trancar em quartos escuros.
Elias dispensou o seu moço, quando mais precisava dele. (03) Elias fez uma leitura pessimista da situação à sua volta. Pensou que somente ele havia permanecido fiel a Deus naquela crise de apostasia, mas Deus lhe afirmou que havia mais sete mil que tinham permanecido firmes na fé. (04) Elias perdeu completamente a perspectiva do futuro, pedindo para si a morte. Julgou que o melhor tempo da sua vida havia ficado no passado e que o futuro só lhe reservava desespero.
AS CAUSAS DA DEPRESSÃO E CONFLITOS DE ELIAS
Observemos alguns elementos que podem levar-nos à depressão.
1. Oposição. Quando Elias chegou a Jezreel e soube que Jezabel intentava matá-lo (1 Rs 19.1,2), tomou atitudes que revelaram seu estado depressivo. Sempre que realizamos ou estamos prestes a realizar algo importante para Deus, enfrentamos o ataque do Inimigo.
Essas investidas inesperadas ou oposição sistemática visam enfraquecer nossa confiança na proteção divina, levando-nos a desistir de lutar e assim impedir o progresso da obra de Deus (Jo 16.33; 1 Pe 5.8).
2. Frustração. O sentimento de incapacidade ou fracasso, diante da realização de um trabalho aparentemente inútil, pode levar-nos à depressão. A idéia que se tem é que a vida não faz o menor sentido. Elias perdera o ânimo e o interesse de viver: "toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais" (1 Rs 19.4). Humanamente falando, não somos diferentes do profeta; compartilhamos a mesma natureza (Tg 5.17).
3. Medo. O pavor incontido do que nos possam fazer os adversários, e a possibilidade de sermos perseguidos, ridicularizados, caluniados, ou até mortos podem levar-nos à depressão. Foi o que aconteceu com o profeta Elias (1 Rs 19.1,2,10).
4. Angústia. Quando enfrentamos um problema de difícil solução e não vislumbramos uma saída, tendemos à tristeza e a angústia. E justamente nesse momento que a crise depressiva se instala (Jó 3.11; 6.11; 17.1; Sl 13.1-3; 56; 57.6,7).
REAÇÕES NATURAIS DIANTE DA DEPRESSÃO
 1. Fugir. Moisés, incompreendido pelos filhos de Israel e procurado por Faraó, fugiu para Midiã (Êx 2.15). Fugir é a primeira reação quando nos sentimos incapazes diante do inimigo (1 Rs 19.3). Davi tomou a mesma atitude. Durante prolongada crise, fugiu para Aquis, rei de Gate, fazendo-se de louco. Ler 1 Sm 21.10-15; 27.1-7; 29.1-11; Sl 34; 56. Muitos, por não confiarem plenamente em Deus, usam o sono, o isolamento, o entretenimento, e tantas outras coisas para fugir da realidade. Caso o leitor esteja enfrentando um problema difícil, a ponto de desejar esconder-se em uma cisterna (1 Sm 13.6), saiba que o Senhor tem um escape para você (Sl 91; Hb 13.5).
2. Esconder-se. Elias realizou grandes feitos perante o Senhor: extirpou a idolatria de Israel (1 Rs 18.19-40) e fez chover sobre a terra, após um longo período de seca (1 Rs 18.41,42; 17.1; Lc 4.25; Tg 5.17,18). Todavia, isso não impediu que o profeta ficasse apavorado diante das desprezíveis ameaças de Jezabel (1 Rs 19.4,9).
3. Desistir. Muitos, quando deprimidos, ficam alienados, ou fechados dentro de si mesmos, como num casulo. O abandono da comunhão com os irmãos pode ser um sintoma de depressão: "... deixou ali o seu moço" (1 Rs 19.3). Elias não devia ter dispensado seu auxiliar, nem deveria ter ido para o deserto (1 Rs 19.3.4). A solidão agrava a depressão.
Um bom confidente e santo irmão e amigo é uma boa linha de defesa, pelo fato de ter alguém para dialogar e orar juntos. A depressão priva a pessoa do relacionamento com os irmãos e amigos. Ela reprime o desejo de viver (1 Rs 19.4).
O SOCORRO DIVINO
A CURA PARA A DEPRESSÃO DE ELIAS
Deus tratou a depressão de Elias usando vários recursos:
(01) Deus o tratou por meio da sonoterapia. A depressão deixa a mente agitada e o corpo cansado. Elias precisou dormir e descansar para sair da depressão.
(02) Deus o tratou por meio da alimentação adequada. Deus preparou uma refeição para Elias no deserto. Deu-lhe pão e água e ele recobrou suas forças. Uma pessoa deprimida, muitas vezes, sente náuseas do alimento. É preciso fortalecer o corpo no tratamento dessa doença.
(03) Deus o tratou dando-lhe a oportunidade do desabafo. Elias estava dentro de uma caverna, quando Deus lhe perguntou: “O que fazes aí, Elias?”. Deus, assim, o ordena a sair da caverna para desabafar. O desabafo é uma necessidade vital para a limpeza da alma.
(04) Deus o tratou revelando-lhe que o melhor da sua vida estava pela frente. Elias pensou que o seu ministério havia chegado ao fim. Mas, ele ainda haveria de ungir um profeta em seu lugar, um rei na Síria e outro em Israel. Elias pensou que a vida não fazia mais sentido e por isso, queria morrer, mas Deus o levou para o céu sem que ele passasse pela morte, deixando os trapos da depressão.
COMO SAIR DA DEPRESSÃO
 Após ouvir, atentamente, as queixas de Elias, Deus o encorajou. Da mesma forma o Senhor quer restaurar seu ânimo trazendo alívio para sua alma abatida.
1. Restauração física. Através de um anjo, Deus proveu alimento e água para o profeta. Em seguida, o Senhor lhe proporcionou um sono reparador (1 Rs 19.4-6). O bem-estar físico e psíquico de Elias era fundamental (Sl 103.14).
2. Mudança de ambiente. Deus tirou Elias do deserto conduzindo-o a Horebe, cerca de 300 km de Berseba (1 Rs 19.7,8). Elias precisava de tempo e de um novo ambiente, para considerar sua vida sob um novo ponto de vista. Um ambiente estressante e uma rotina rígida e interrupta afeta a saúde física e mental da pessoa. É imprescindível ao deprimido mudar de ambiente, modificar sua rotina, reduzir seu trabalho e desfrutar de um período de férias para passar mais tempo com sua família (Ec 2.21-26; 3.1-8; Mc 6.30,31).
3. Bem-estar espiritual. O vento, o terremoto e o fogo no monte Horebe eram uma demonstração da suficiência e do poder de Deus; a voz mansa e suave, por sua vez, falava do grande amor do Pai (1 Rs 19.11,12). Talvez uma caverna (v. 9) não seja o local mais adequado para Deus revelar-se a alguém, todavia, nas situações mais adversas da nossa vida, o Senhor pode vir ao nosso encontro para nos tirar da depressão. O profeta saiu daquele lugar com uma nova visão acerca do seu Deus (1 Rs 19.13-18; Sl 23.4,5).
CONCLUSÃO
A história de Elias, teve um final feliz. Ele venceu em vida, até ser arrebatado aos céus. Seus inimigos, tiveram um fim trágico. Elias, com todas as suas falhas, foi agradável a Deus. Conosco, não é diferente. Deus nos ama. Mais do que nossa finita mente possa alcançar. Ele, não quer que desistamos, mas que nos refugiemos Nele. No "zimbro", onde Àgua e Comida, nos fortalecerá rumo a vitória. Que as lições de Elias "homem sujeito ás mesmas paixões que nós"Tg 5:17, fale, profundamente aos nossos corações, amém.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Lições bíblicas CPAD 2008

Revista Ensinador Cristão, CPAD, no 35, p.38.

CARLSON, R. (et al) O pastor pentecostal. RJ: CPAD, 1999.

DANIEL. S. Como vencer a frustração espiritual. RJ: CPAD, 2006

VENCENDO A DEPRESSÃO
TEXTO ÁUREO = “Porque estás abatida. ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença” (SI 42.5).
VERDADE PRÁTICA  = A melhor maneira de se evitar a depressão é encher-se do Espírito Santo, e ocupar a mente com pensamentos fundamentados na Palavra de Deus, confiando no Senhor em todos os momentos da vida.
LEITURA BIBLICA EM CLASSE  = SALMO 37.1-11
INTRODUÇÃO

Um dos males que mais atingem as pessoas em todo o mundo é a depressão. Há vários tipos de depressão. De igual modo, são várias as suas causas. Contudo, a causa primeira foi certamente a entrada do pecado no mundo - origem de todas as fraquezas e males emocionais, nervosos, psicológicos e físicos. Estudemos, à luz da Bíblia, como vencer e como evitar a depressão com base no Salmo 37.
1.0 QUE É DEPRESSÃO
1. Conceito. O Dicionário Aurélio diz que depressão é o “ato de deprimir-se; abatimento moral ou físico; letargia”. No dicionário Webster, lemos que depressão é “a sensação de sentir-se deprimido; desalento: redução da vitalidade funcional; estado anormal de inércia e emoção desagradável”.
2. Sintomas da depressão. De acordo com Collins, autor do livro Aconselhamento Cristão, estes são alguns dos sintomas da depressão:
“tristeza, apatia; perda de energia e fadiga, normalmente acompanhada de insônia; pessimismo; medo; sentimento de culpa, vergonha, senso de desamparo; perda de interesse no trabalho, sexo e atividades usuais; perda de apetite”. Para Paul Hoff, no seu livro O Pastor Como Conselheiro, a depressão manifesta-se também através de “doenças físicas variadas: tonturas, palpitações cardíacas, dificuldades respiratórias, pressão no peito, acidez estomacal”. Existem ainda outros sintomas que podem indicar estado de depressão.
3. Exemplos bíblicos de depressão
a) Moisés. Em Números 11.11- 15, vemos o grande líder de Israel, demonstrando imensa tristeza diante das murmurações dos israelitas, a ponto de dizer a Deus: “Por que fizeste mal a teu servo?.. .eu sozinho não posso levar a todo o povo, porque muito pesado é para mim... E, se assim fazes comigo, mata-me, eu to peço, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes ver o meu mal”. (Grifo nosso).
b) Elias. Em 1 Reis 19, lemos o que aconteceu a Elias após ter matado os profetas de Baal e Azera. Ameaçado pela diabólica Jezabel, “ele pediu em seu ânimo a morte...” (v. 4).
c) Davi. No Salmo 42, vemos o salmista muito triste ante a incredulidade sempre crescente de seus contemporâneos(v. 3). A certa altura, ele pergunta: “Por que estás abatida, á minha alma? e por que te perturbas em mim? (v.5).
II. AS CAUSAS DA DEPRESSÃO
Nem todas as causas da depressão são bem definidas. Há causas físicas, ambientais, psicológicas, emocionais e muitas outras. Entretanto, algumas delas já são bastante conhecidas, conforme veremos a seguir:

1. Ressentimento. O ressentimento é a emoção mais destrutiva nos relacionamentos humanos e para o bem-estar pessoal. Não é isso o que Deus quer de nós. Se temos alguma coisa contra alguém, ou se alguém tem alguma coisa contra nós, precisamos, o quanto antes, perdoar ou pedir perdão, que é o antídoto infalível contra a “gangrena emocional” do ressentimento. Jesus mandou perdoar “setenta vezes sete” (Mt 18.22), ou seja, sempre.
2. Mágoa. É a irmã gêmea do ressentimento. Guardar mágoa não traz vantagem nenhuma. Só males, doenças e até morte. A Bíblia, sabiamente, diz: “Toda a amargura, e ira... seja tirada de entre vós” (Ef 4.3 1). Veja também esta passagem: “Segui a paz com todos... tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb12.l4a-15).
3. Ira. É a mãe das duas causas anteriores. E sinônimo de cólera, raiva, indignação. É a principal causa de conflitos ministeriais, conjugais, familiares; é a causadora de miséria, de acidentes e de assassinatos. A ira humana, em geral, é prejudicial à vida espiritual e à saúde da mente e do corpo. O Salmo 37, ora em estudo, recomenda-nos claramente: “Deixa a ira e abandona o furor; não te indignes para fazer o mal (v. 8).
4. Ação maligna. Embora os autores de livros sobre aconselhamento não enfatizem esse fator como causa da depressão, salientamos que, em certos casos, quando não há causas orgânicas ou emocionais evidentes (morte de um ente querido, separação conjugal etc), a depressão pode ser provocada por ação demoníaca.
III. A CURA DA DEPRESSÃO: RECEITA DO SALMO 37.
1. Não se indignar por causa dos malfeitores (v. 1). Muitas vezes, o crente é levado a um estado de revolta e desânimo, e até de inveja, por ver a aparente prosperidade dos ímpios. Há coisas que não entendemos, mas Deus é justo, e fará justiça a seu tempo. Mas a inveja é obra da carne (Gl 5.21a). Não deve ter lugar no coração do crente.
2. Confiar Deus (v.3). A depressão pode ocorrer em diversas situações. Rejeição, insucesso, problemas da meia-idade, complexo de inferioridade, desemprego, perda de um ente querido etc. Todas essas situações podem explicar a depressão, mas não a justificam na vida do crente fiel, pois temos em quem nos apoiar nas horas amargas da vida. (SI 125.1).
3. Fazer o bem (v.3). Uma das manifestações do fruto do Espírito é a benignidade (Gl 5.22): a qualidade daquele que só faz o bem. A Bíblia manda fazer o bem e, como resultado, vem o viver pleno na terra que nos concedeu o Senhor, com o devido suprimento de todas as nossas necessidades (Sl 37.3b).
4. Deleitar-se em Deus (v.4). É vacina eficaz contra a depressão, preparada na farmácia de Deus. É buscar a alegria de Deus, pois a Bíblia declara que na presença do Senhor “há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (SI 16.11). Muitas vezes não recebemos bênçãos porque nos inquietamos, e até murmuramos, mas a alegria em Deus assegura a vitória contra o desânimo e a depressão.
5. Entregar o caminho ao Senhor (v. 5a). Há situações em que o crente, por estar tão deprimido, não consegue nem orar. A Palavra de
Deus, porém, nos assegura que, se lhe entregarmos os nossos caminhos, sem restrições e com total confiança, Ele tudo fará. Mas é preciso ENTREGAR, CONFIANDO. Entregar os caminhos significa colocar nas mãos de Deus os problemas, a família, a casa, o lar, o emprego, a empresa, os estudos, o namoro, o noivado, o casamento, o ministério, os desejos e os sonhos. É lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós (1 Pe 5.7). Deus é fiel! Ele vela pela sua palavra (Ir 1.l2b; Is 55.1 1). Ele trabalha pelos que nele esperam (Is 64.4).
6. Descansar no Senhor e esperar nele (V. 7). Este passo, indicado no salmo em estudo, parece-nos o mais difícil. Descansar mesmo, de verdade, no Senhor, não é tão fácil como se pensa. Diante de certas dificuldades, embora pareça que entregamos tudo a Deus, ficamos agarrados à corda da falta de fé.
Descansar no Senhor é fazer como fez Abraão. Diante da ordem divina, o patriarca não vacilou: pegou Isaque e o levou para o sacrifício. Indagado onde estaria o cordeiro, respondeu: “Deus proverá”(Gn 22.5-8). Descansar em Deus é responder como Jó em meio à prova tremenda: “Porque eu sei que o meu Redentor vive... Vê-lo-ei por mim mesmo...” (Jó 19.25-27). Um antigo hino (369 HC), diz: “Descansarei, descansarei, sob Suas asas preciosas! Descansarei, e não temerei, sob asas tão poderosas!”
IV. VIVENDO ABUNDANTEMENTE
1. Os mansos herdarão a terra (v. lia; v. 22). É promessa de Deus. Os violentos, os iracundos, não arrependidos, só herdarão a sepultura e o inferno. Mas os mansos, um dia, haverão de herdar a terra. Foi o que Jesus prometeu em suas bem-aventuranças (Mt 5.5). Jesus é mestre em mansidão, e convida todos ao aprendizado (Mt ll.29b). Mansidão é a prevenção contra a depressão proveniente da ira, da cólera.
2. Os mansos terão abundância de paz (v. 11b). A paz é tão procurada, mas tão pouco encontrada, porque as pessoas não querem Jesus, o Príncipe da Paz. Para os que obedecem a Deus, a paz é prometida em abundância.
3. Os passos são confirmados pelo Senhor (v. 23). Deus promete confirmar os passos “de um homem bom”, pois “ele deleita-se em seu caminho”. O homem bom, segundo a Bíblia, é aquele que pauta a sua vida nos princípios de Deus e não na justiça ou bondade humanas. Esse homem não se deixa dominar pela depressão, pois sabe que Deus o apóia em suas decisões, pois estas são tomadas de acordo com a justiça divina.
4. Deus sustenta o homem bom. (v. 24). “Ainda que caia não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão”. Os olhos do Senhor estão sobre o justo (Sl 34.15). Mesmo que este caia muitas vezes, se levantará (Pv 24.16a).
5. Deus ampara o justo (v. 25). “Fui moço e agora sou velho, mas nunca vi desamparado o justo nem a sua descendência a mendigar o pão”. Esta é uma das mais belas promessas de Deus. Quem confia nEle, não fica deprimido, nem pensando no seu próprio futuro nem no futuro de sua família.
6. Um futuro de paz (v. 37). O salmista exorta-nos a notar “o homem sincero” e o “que é reto”, pois, para esses, é prometido um futuro de paz e não de tristeza, nem de amargura ou depressão.
CONCLUSÃO
O Salmo 37, um dos mais belos do Saltério, traz lições maravilhosas, não só quanto ao aparente sucesso dos ímpios, mas principalmente quanto a confiar no Senhor, entregando-lhe todos os problemas. Este salmo ensina-nos a descansar inteiramente no Senhor. Quem adota essas orientações, desenvolve atitudes mentais elevadas, e jamais será dominado por qualquer tipo de depressão. Afinal, o Senhor Jesus nos promete vida e vida com abundância.
Lições bíblicas CPAD 1997