21 de abril de 2020

A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE


A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE

Texto Áureo

 Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação,
Efésios 1.17

As palavras “o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo”, devem ser comparadas com Efésios 1.3 ( ..o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo..), o Senhor Jesus chamava o Pai de “meu Deus” ( João 20.17), o Pai era o “Deus de Jesus” desde que o filho tomou sobre si mesmo a forma humana, embora Deus, Jesus e o Espírito Santo sejam um em essência, são 3 personalidades diferentes por assim dizer, embora muitos teólogos digam que na trindade há igualdade, isto é verdade apenas em certo sentido, é verdade no sentido de que os 3 são Deus ( isto é visível nas Escrituras, principalmente no Novo Testamento), mas é Deus Pai quem dita as regras, por assim dizer, isto é biblicamente inegável.

A expressão “o Pai da glória” significa que é Deus quem confere glória, Ele é a fonte da glória, não há nada e nem ninguém mais glorioso do que o Pai.

Na frase “vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação”, não podemos ter a certeza de se a palavra “espírito” aqui se refere ao Espírito Santo ou a outro espírito ou atitude qualquer, por quê o texto grego não deixa isto bem claro, por isso não temos meios de distinguir se está em foco o Espírito Santo ou um espírito ( atitude, disposição) do coração, por assim dizer.

Mas como é óbvio, não há outro meio de alguém adquirir sabedoria divina a não ser através do Espírito Santo de Deus. O que Paulo queria dizer, provavelmente é que, a parte espiritual do ser humano, iluminada pelo Espírito Santo será possuidora de sabedoria divina ( desde que, o ser humano busque essa sabedoria divina, através do “andar em obediência a Deus e sua Palavra”), esta é a oração, o desejo de Paulo e também um ensino para os irmãos de Éfeso ( e é claro para nós também).

1 – A Esperança da Vocação e as Riquezas da Glória.

1.     Ação de graças e intercessão.

Paulo ensina que os salvos precisam ser iluminados Pelo Espírito Santo para compreenderem quais são a esperança da vocação e as riquezas da glória da sua herança. Afinal é o Espírito Santo quem convence o ser humano da justiça, do juízo e do pecado (João 16.8), sem a iluminação do Espírito Santo é impossível “enxergar o caminho, conhecê-lo e permanecer nele”, por assim dizer.

Em Efésios 1.16-19, vemos que Paulo ora para que Deus permita que sua “igreja” tenha mais conhecimento sobre Deus e sua Palavra.

16. não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações,
17. para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação,
18. tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos
19. e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,
Efésios 1.16-19

É muito interessante notar que nas orações que Paulo fez na prisão (Efésios 1.15-23; 3.14-21; Filipenses 1.9-11; Colossenses 1.9 12),encontramos as bênçãos que ele desejava que seus convertidos desfrutassem. Em nenhuma dessas orações, ele pede coisas materiais. Sua ênfase é sobre a percepção espiritual e sobre o verdadeiro caráter cristão. Não pede que Deus lhes dê aquilo que não têm, mas sim que Deus lhes revele o que já possuem (quando estava em prisão Paulo escreveu as cartas aos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom).

Reflita sobre, como tem sido as suas orações, sobre qual tem sido o foco das suas orações, você tem pedido para que Deus o ilumine e lhe dê mais conhecimento sobre Ele e sua Palavra, ou o foco das suas orações sem sido, bençãos materiais ou talvez até que Deus lhe dê vitória sobre aqueles que estão sendo usados pelo inimigo?

Você tem sido grato a Deus por tudo o que ele fez, faz e fará por você e pelos seus familiares e amigos?
Tem havido gratidão em suas orações?

Paulo não cessava de agradecer e reconhecer o agir de Deus na vida dele e na vida da “igreja”, Paulo também não cessava de interceder
(pedir, rogar, suplicar) em favor dos irmãos. Que venhamos a aprender com a atitude do apóstolo.

2.     A esperança da vocação.

Em sua petição a Deus, Paulo intercede para que o Espírito Santo ilumine os crentes a fim de saberem“qual seja a esperança da sua vocação”(Efésios1.18).
Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santosEfésios 1.18

Era comum entre o povo judeu orar por “olhos iluminados” para entender a Palavra de Deus. O Antigo Testamento também menciona a ideia de “abrir os olhos” para a Palavra de Deus (Salmo 119.18), ou para outras realidades espirituais (2 Reis 6.17).

A iluminação espiritual do cristão refere-se a obra sobrenatural do Espírito Santo sobre a mente humana tornando-a apta para compreender os mistérios divinos, essa iluminação espiritual começa quando se ouve a Palavra de Deus (Romanos 10.17), quando se lê a Palavra de Deus ( João 5.39) e quando se obedece a Palavra de Deus (2 Coríntios 5.7).

É fundamental que o cristão nunca pare de aprender e conhecer sobre Deus e sua Palavra, o cristão precisa ser santo e se santificar a cada dia mais, o cristão precisa conhecer os seus direitos e deveres como membro da “igreja” de Cristo.

Você como cristão, precisa estar mais próximo de Deus hoje do que estava ontem, precisa conhecer mais sobre Deus hoje, do que conhecia ontem.
É impossível o cristão poder dizer; Eu estou do mesmo jeito agora do que estava a 2 anos atrás, ou você está melhor agora ou está regredindo na sua caminhada com Deus.

Paulo se preocupava e orava incessantemente para que os irmãos se aprofundassem no conhecimento sobre Deus e sua Palavra.

Para que o cristão nunca perca ou diminua a sua esperança e fé em Deus e sua Palavra é preciso se aprofundar a cada dia mais no conhecimento sobre Deus e sua Palavra.

3.     As riquezas da glória da sua herança.

Na oração, o apóstolo pede para que os crentes entendessem “as
riquezas da glória da sua herança” (Efésios 1.18b). A expressão “sua herança” enfatiza o que Deus deu aos seus eleitos, veja Colossenses 1.12.

Dando graças ao Pai, ( Paulo nunca se esquecia de agradecer a Deus pelas bençãos recebidas) que nos fez idôneos (A palavra “idôneos” tem o sentido de “preparado, qualificado, adequado, ou seja, aqueles que recebem Cristo estão adequados, qualificados, preparados para participar da herança dos santos) para participar da herança dos santos ( A herança dos santos é tudo quanto Deus nos dá em Cristo e através dele) na luz ( A palavra luz aqui está associada a retidão, a presença, a glória e majestade de Deus, bem como a sua presença).Colossenses 1.12

O termo “riquezas” em Efésios 1.18, refere-se às maravilhosasbênçãos que acompanham oplano da salvação, tais como: o perdãodos pecados, a adoção de filhos e asbênçãos que serão desfrutadas no porvir e etc., (Colossenses 1.27; 1 Pedro 1.4,5).

2 – A Sobre- Excelente Grandeza e Força do Poder Divino

1.     A sobre-excelente grandeza do seu poder.

Na época de Paulo (e hoje não é muito diferente) o mundo era cheio de pessoas que cultuavam outros deuses, havia inúmeras divindades tais como Atena (deusa da sabedoria) era muito cultuada na Grécia antiga e em várias partes da Ásia menor, por sua “entre aspas”, “sabedoria”.

Havia também o deus Zeus (considerado o rei dos deuses), havia também Caos, considerado o primeiro deus a surgir no universo, dentre inúmeras outras “divindades”.

E Paulo conhecia toda esta crença, por isso Paulo explica aos Efésios detalhadamente sobre Deus, Jesus, e o Espírito Santo, a fim de fazê-los entender que Deus existia antes da fundação do mundo (Efésios 1.3,4) e não o “deus Caos”, que Deus é muito mais sábio do que Atena e outros deuses ( Efésios 1.4), capaz de eleger e predestinar antes da fundação do mundo, que Deus é muito mais poderoso do que Zeus por criar e sustentar o universo ( Efésios 1.3).

Paulo falava e explicava detalhadamente sobre Deus, Jesus e o Espírito Santo a fim de “tirar da cabeça de todos”, por assim dizer, as crenças e mitos pagãos.

Paulo mostrava que Deus é todo poderoso e que nada e nem ninguém pode se comparar a Deus e a grandeza de seu poder, precisamos ter em mente que, em Éfeso e em todo o mundo antigo, havia um grande “pano de fundo” em volta da igreja primitiva, e este “pano de fundo” era a crença e o culto a  várias divindades, havia várias histórias e mitos sobre o surgimento de “divindades”, sobre a criação do mundo, sobre a sabedoria dos deuses e etc.
 Paulo lutava para tirar todas estas crenças pagãs da “igreja” e arredores.

Paulo ensinava que só Deus é o todo poderoso, para fazer tudo o que fez e para fazer tudo o que prometeu fazer.


2.     A força do poder divino.

Em Efésios 1.19 Paulo diz:

E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,
Efésios 1.19

O que Paulo queria dizer é que, o poder de Deus é inigualável.
O poder de Deus é extraordinário e supera todo e qualquer outro poder. Esse maravilhoso poder opera no interesse de salvar a humanidade caída.

Lembre-se que havia um “grande pano de fundo” ( a crença e o culto a várias divindades), e Paulo se esforçava para fazer os irmãos compreenderem que Deus é todo poderoso de maneira tal que enviou a Cristo, resgatou os que “creem” e preparou bençãos indizíveis, nos adotou e tornou-se nosso Pai, graças a obra redentora de Cristo e tudo isto Deus já havia preparado antes da fundação do mundo ( Efésios 1.3-14).

Paulo explicava tudo isto em detalhes, para refutar o “grande pano de fundo” da crença em outras divindades e nas histórias famosas oriundas (originárias) do paganismo.

No mundo grego dos tempos dos apóstolos, o deus grego “Zeus” também era considerado como o “pai dos deuses” e também o “pai dos homens”.

Paulo explicava em detalhes que Deus era o todo poderoso, por suas obras incomparáveis.

O próprio Deus deixa bem claro nas Escrituras que Ele é o Deus todo poderoso (Gênesis 17.1; Salmo 62.11; Ezequiel 10.5; Isaías 43.13; Jeremias 32.27; Lucas 1.37).

3 – Cristo Nosso Exemplo de Exaltação

1.     Cristo: As primícias dos que dormem.

Paulo enfatiza que o poder de Deus se “manifestou em Cristo,  ressuscitando -o dos mortos”.
20. que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus,
21. acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro.
22. E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja,
23. que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.
Efésios 1.20-23

Paulo mostra que Deus com seu inigualável poder ressuscitou a Cristo e lhe deu uma posição acima de todo principado e poder, e potestade e domínio e de todo o nome que se nomeia não só neste século, mas também no vindouro.

Em outras palavras, Paulo estava mostrando aquela “igreja” e ao mundo daquela época, que Deus é tão poderoso que colocou Cristo acima de todas as “divindades” existentes e respeitadas naquela época e também acima de qualquer “ser” ou poder existente. (Efésios 1.21,22), Paulo mostrava que Cristo estava acima dos deuses gregos e acima de todo governo humano e acima de qualquer poder pagão.

Paulo também mostrava que o mesmo poder de Deus que ressuscitou a Cristo e o colocou em uma posição inigualável também está disponível para agir na vida daqueles que servem a Deus.

6. e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
7. para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.
8. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
9. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
10. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.
Efésios 2.6-10


2.     Cristo elevado a direita de Deus.

Analisemos o que diz Efésios 1.20:
que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus,
Efésios 1.20

Em Efésios 1.20está em foco a ascensão de Cristo como cumprimento da promessa messiânica “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita(Salmo 110.1a).

 Estêvão, o primeiro mártir cristão, contemplou o Cristo ressurreto à direita de Deus (Atos 7.56).

Tanto a ressurreição quanto a ascensão (elevação) de Cristo são obras do poder de Deus. Quanto a ressurreição, havia uma oração diária judaica que via a habilidade divina de ressuscitar os mortos no futuro como sendo o principal exemplo do grande poder de Deus.
Efésios 1.20 diz que Deus o colocou a sua direita nos céus. A posição “ao lado direito” de um governante era uma posição de grande honra e autoridade. Assentar-se a direita de Deus significava ser entronizado como o governante do cosmo (do universo em sua totalidade).

3.     Cristo exaltado sobremaneira.

Cristo foi exaltado acima de toda eminência dobem e do mal e de todo título que se possa conferir nessa era e também no porvir. O resultado desse triunfo traz duplo benefício para a Igreja: primeiro,que Deus fez Cristo o cabeça da Igreja (Efésios 1.22); e, segundo, que Deus designoua Igreja para ser a expressão plena de Cristo (Efésios 1.23). Isso significa que nenhumpoder pode prevalecer contra a Igrejado Senhor (Mateus 16.18).

Na época de Paulo os judeus em geral reconheciam que poderes demoníacos/ou angelicais atuavam por trás das estruturas políticas do mundo.

Os pagãos em geral acreditavam nas suas várias divindades pagãs e na influência das mesmas na humanidade.


Paulo tinha de “lutar” para fazer com que todos (não apenas os irmãos de Éfeso, mas de todas as partes) entendessem que Deus é o todo poderoso e que Deus exaltou a seu Filho Jesus Cristo acima de todas as divindades, forças e poderes.

Conclusão:

Embevecido com as bênçãos espirituais,Paulo mantém adoração contínua ao Eterno Deus, atitude que deve ser seguida por todos os salvos. A compreensão das dádivas da salvação demonstra o excelso valor daquilo que Deus fez por nós. Seus atos poderosos viabilizam a transformação e a glorificação dos que creem.  Aleluia!

Por = Professor José Junior          

Fontes:

Enciclopédia Bíblica R. N. Champlin,
Livro de Apoio do 2° Trimestre de 2020,
E-BOOK: Subsídios EBD 20- A Igreja Eleita,
Comentário Histórico Cultural da Bíblia Craig S. Keener, Apontamentos teológicos professor José Junior

A Iluminação Espiritual do Crente

Texto Áureo

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação,” (Ef 1.17)

Verdade Prática

A vocação do crente inclui a herança de preciosas riquezas conferidas aos eleitos pela grandeza do poder de Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Efésios 1.15-23

INTRODUÇÃO

A importância da oração para o apóstolo Paulo tinha vital importância em seu ministério. Aos crentes de Éfeso, no versículo anterior, ele mesmo escreveu dizendo que rogava constantemente ao Senhor para que lhes desse um espírito de sabedoria e entendimento das coisas do Alto, de modo que pudessem compreender a palavra do Senhor e fossem corretamente instruídos da sã doutrina legada a todos os santos. Agora, após esta primeira sentença petitória diante do Criador, o apóstolo se põe a clamar que o Senhor também confirme em seus corações a esperança que possuíam em Cristo, a fim de que pudessem ter um melhor entendimento da vida com o Salvador.

A ESPERANÇA DA VOCAÇÃO E AS RIQUEZAS DA GLORIA

Observemos a sequência que a Santa Palavra nos revela:

Em primeiro lugar, Paulo parte da pressuposição de que o Senhor de fato lhes daria um espírito de sabedoria em revelação. Notemos como ele diz que, "Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento" - isto é, devido ao espírito de entendimento concedido graciosamente pelo Senhor, os crentes teriam os olhos do seu entendimento (uma linguagem antropomórfica) iluminados e já não seriam mais desconhecedores da eterna revelação de Deus.

Em segundo lugar, uma vez iluminados, a igreja de Éfeso seria cônscia de seus deveres para com o Senhor - "para que saibais".

Em terceiro lugar, uma vez tendo deixado da ignorância quanto ao mistério do Senhor (v. 9) e abandonado os rudimentos deste mundo, passariam a conhecer "qual seja a esperança da sua vocação".

E, em quarto lugar, o apóstolo clama ao Senhor para que não somente soubessem das coisas no presente tempo, mas sim que anelassem e firmemente fossem estimulados a algo superior - "quais as riquezas da glória da sua herança nos santos". 

Assim, se tem um pequeno vislumbre de como a oração pelos irmãos deve ser tratada. Não devemos somente orar por questões terrenas como curas e livramentos de males físicos, mas igualmente precisamos recordar da grandiosa importância de rogar para que o Senhor fortaleça a todos os irmãos e irmãs sobre a necessidade de olharem para trás e recordarem do sacrifício de Cristo e também olharem para frente e colocarem as suas esperanças não no presente momento, e sim nas coisas futuras que todos os santos haverão de herdar - "Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta" (Hb 12.1). 

O autor de Hebreus é enfático ao dizer que precisamos deixar " todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia". À semelhança do cego Bartimeu que após ter sido curado lançou para fora de si sua capa (Mc 10.46-52), os cristãos também precisam deixar tudo aquilo que neste mundo lhes impede de correr e "segui[r] a Jesus pelo caminho" (v. 52). Não há melhor crente neste mundo do que aquele que deixa tudo para seguir o mestre e salvador de suas vidas. Bartimeu pôde ouvir as melhores palavras um homem poderia receber: "Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama" (v. 49). Sim! Jesus mandou chamar um cego, um pobre homem destituído da glória de Deus, imundo em seus pecados, mas que haveria de ser salvo pela graça! 

Isto nos leva a quatro aplicações do presente versículo que estamos a analisar.

1. O cristão tem o seu entendimento iluminado - "Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento".

A palavra do Senhor não consiste em uma coletânea de boas sugestões e meros princípios norteadores de práticas cotidianas. As Sagradas Escrituras são o guia, a linha mestra, o norte e o campo magnético de todo o cristão neste mundo. Sendo isto de fato verdade, então é mister que compreendamos que uma vez tendo recebido "o espírito de sabedoria e de revelação" (Ef 1.17), desdobra-se com alta clarividência que o entendimento, anteriormente obscurecido pelo pecado e cego para a revelação Eterna, agora passa a ser iluminado. 

O homem em Cristo em Jesus já não vive mais envolto em trevas, pois passou da escuridão para luz - "O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; E, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou" (Mt 4.16). O espírito de sabedoria revela e abre os olhos do entendimento. Não é possível crermos que o coração do homem, sem qualquer influência divina, possa abrir os seus próprios olhos e passar a enxergar a beleza da santidade e salvação no Senhor. O crente verdadeiramente transformado pelo Senhor é alguém que transborda de alegria, pois tal qual as escamas caíram dos olhos do apóstolo Paulo e ele passou a ver (At 9.17-18), assim também se depreende a transformação que o Senhor efetua em todos os eu filhos. Todavia, ao homem não regenerado resta somente chorar a sua miséria, lamentar por suas feridas expostas e ir definhando rumo à sepultura eterna.

Que possamos, aqui, refletir em nossos corações se de fato temos recebido o entendimento; se temos nos desembaraçado de todo vil pecado que nos assedia; se as escamas têm caído de nossos olhos e podemos enxergar "as riquezas da glória da sua herança nos santos". Um cristão convicto de seu pecado não é alguém morno e indiferente para o evangelho, mas sim um homem que valentemente combate o bom combate, acaba a carreira que lhe foi proposta e guarda a fé em seu íntimo (2Tm 4.7).

2. O cristão passa a enxergar o reino de Deus - "para que saibais".

O cristão é alguém repleto de conhecimento de Deus. Todavia, embora muitas vezes não saiba expressar exatamente aquilo que pensa e nem defender todas as doutrinas estabelecidas na Bíblia, sabe dizer como fez o cego curado em Siloé - "uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo" (Jo 9.25). Esta é a atitude de um verdadeiro cristão: ele reconhece sua miséria anterior e passa desfrutar de uma nova vida em Cristo Jesus. Ainda que o cego de Siloé não fosse um mestre da lei ou algum outro erudito da época, ele sabia delinear a diferença entre sua vida passada e a que levava agora com a cura advinda do Senhor. É necessário que os cristãos compreendam que precisam saber trazer uma linha divisória entre o "antes" e "depois" da conversão. 

Aqui, que cada um responda em seu coração se de fato conhece a respeito do Senhor. Que possa se lembrar das palavras divinas que dizem: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17).

Sob nenhuma hipótese podemos acreditar que alguém pode estar em Cristo e continuar a viver na prática deliberada do pecado - "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado" (Rm 6.6).

Embora o cristão ainda lute ferozmente - no poder do Espírito Santo - contra o pecado e frequentemente leve duros golpes nesta batalha, uma coisa lhe é patente e visível em sua vida: ele não serve mais ao pecado, pois é servo de Cristo. Observemos como os próprios apóstolos afirmavam isto em suas cartas:

"Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo" (Tg 1.1);
"Judas, servo de Jesus Cristo" (Jd 1.1);
"Paulo, servo de Jesus Cristo" (Rm 1.1);
"Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo" (2 Pe 1.1).

Assim como eles, os cristãos também precisam compreender que após terem descoberto o mistério da vontade de Deus (Ef. 1.9) e terem seus olhos do entendimento iluminados, já não podem mais viver como outrora; precisam diligentemente passar a vislumbrar novas concepções, ideias, filosofias e ensinamentos. O apóstolo não ora para que "talvez vós saibais" - pelo contrário, é cirúrgico em dizer "para que saibais", como que instruindo os irmãos de Éfeso sobre que se isso não acontecesse na vida de alguns, seria bastante provável que  ainda não tivessem reconhecido o senhorio de Cristo e nunca houvesse sido verdadeiramente transformados pelo Poder.

3. O cristão vive com uma esperança superior a que o mundo oferece - "qual seja a esperança da sua vocação".

Uma vez tendo o entendimento alinhado com a revelação da vontade de Deus e sendo conhecedor das bênçãos eternas e celestiais em Cristo (Ef 1.3), o cristão passa a ter descortinado diante de si uma nova e viva esperança neste mundo. Assim como centurião romano, embora fosse homem com certa autoridade militar, achou graça diante do Senhor que curou seu filho (Mt 8.5-10), também os fieis em Cristo precisam compreender que mais vale a esperança da salvação do que as ovações e poderes recebidos de homens vis e pecadores.

Também é importante notar como que não devemos viver neste mundo, isto é, precisamos levar cativo as palavras de Hebreus que nos dizem: "Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura" (Hb 13.13-14). O cristão não deposita seu tesouro e esperança neste mundo, pois é alertado de que, "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mt 6.21). A vida cristã precisa ser radicalmente oposta ao que o mundo vive: 

- "Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo" (Jo 17.14);

- "E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Rm 12.2).

- "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp 3.20).

Uma vez que o cristão compreende a sua esperança, ele trabalha arduamente em sua vocação. Chega a ser uma extrema insensatez afirmar que se é um cristão e viver para ajuntar "tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam" (Mt 6.19). É tão estúpido proceder desta forma como um homem que após receber a maior recompensa deste mundo, vai, recebe o prêmio e queima-o por completo. O modo de viver do cristão deve ser de desapego as coisas materiais (embora elas sejam também uma bênção de Deus). A atitude do cristão deve ser de ajuntar "tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam" (Mt 6.20).

O cristão igualmente compreende sua vocação: "Vós sois o sal da terra" (Mt 5.13) e "Vós sois a luz do mundo" (Mt 5.14). Embora seja verdadeiro que o sal e a luz tenham propriedades (também), respectivamente, de dar gosto e revelar as coisas ocultas, também é fato de que ambos os elementos são muitas vezes desgostosos para as pessoas. Jogue sal por cima de uma ferida exposta e você entenderá o que Jesus está dizendo; acenda um grande holofote de luz enquanto alguém está dormindo e você entenderá o modo com o mundo lhe tratará. A vocação do cristão precisa ser absurdamente diferente daquele que o mundo vive.

Enquanto os ímpios maquinam o mau e vivem para ser próprios prazeres, o crente precisa encher os pulmões com o ar do Senhor e firmemente bradar: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gl 2.20).

4. O cristão compreende que possui mais riquezas que todos os homens da terra - "quais as riquezas da glória da sua herança nos santos".

Costuma-se dizer que o dinheiro não compra a felicidade - e isto é bastante verdadeiro. Entretanto, há uma riqueza que não somente nos fornece felicidade, mas também imortalidade: as riquezas da glória de Cristo.

As riquezas que o Senhor tem preparado para todos os Seus filhos é demasiadamente bela, incalculavelmente grande e abismalmente mais profunda do tudo o que o homem possui na terra. "Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a" (Mt 13.45-46).

Observe que a parábola de Jesus nos fala sobre um homem que negociava pérolas, isto é, ele já possuía algumas e frequentemente as vendia, trocava e adquiria novas. Mas um dia este homem encontrou "uma pérola de grande valor".
Assim como este homem ao encontrar tal preciosidade "foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a" (moradia, meio de transporte, barcos, tendas), igualmente o cristão precisa compreender que nos céus há uma riqueza muito mais elevada do que tudo o que ele julga possuir nesta vida.

Isto nos estimula, por fim, a ansiarmos e frequentemente nos recordarmos de que um dia haveremos de ter todo o choro e lágrima enxugados de nossas faces. Porém, só cessarão as lágrimas daqueles que viveram neste mundo com um coração contrito e que semearam com súplicas e rogos da bênção divina, afinal, que lágrimas haveriam de ser enxugadas daqueles que nunca labutaram e sofreram pela causa de Cristo? Tais homens ouvirão: "Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade" (Mt 7.23).

Que o Senhor nos estimule a pensarmos em coisas mais elevadas, em termos as posses deste mundo como sendo completamente passageiras e destituídas de qualquer relevância eterna para nossas almas. Pela graça do Senhor, que Ele nos leve a um maior conhecimento de Sua palavra e Sua revelação, de modo que possamos ressoar em uníssono as palavras do apóstolo: "E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo" (Fp 3.8).

A SOBRE EXCELENTE GRANDEZA E FORÇA DO PODER DIVINO

"E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder" (Ef 1.19).

Aqui, se vislumbra a continuação necessária da oração de Paulo. Após ter instado e proclamado aos irmãos (no versículo anterior) sobre que o Senhor de fato iria continuamente lhes abrir "
os olhos do vosso entendimento" para que eles soubessem "qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos", no presente versículo o apóstolo escreve sobre algo profundamente importante para a vida cristã: a grandeza do Seu poder sobre os Seus filhos.

A falta de compreensão sobre a sublime grandeza do Alto sobre nós é a causa de muitos esfriamentos (em oposição aos avivamentos) que infelizmente têm acontecido na igreja. Digo "igreja" porque a verdadeira Igreja (os reais cristãos de todo o mundo) constantemente trilha o devido caminho designado pelo Senhor e não se desvia "
nem para a direita nem para a esquerda" (Pv 4.27), e, quando ocorre de tropeçar, "lembra de onde caiu, arrepende-se, e pratica as primeiras obras" (Ap 2.5 - tempo verbal modificado). Esta pequenez de entendimento acerca do grandioso poder que habita em todos os crentes muitas vezes ocorre porque os professos da fé cristã já não se maravilham (se é que isto uma vez aconteceu em alguns corações) com as obras e feitos do Senhor.

1. "
E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós"


Uma narrativa bíblica nos exemplifica este ponto: ‎"E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (Mt 8.27). A vida cristã não deve ser indiferente para com os feitos do Senhor. Esta sentença nos admoesta sobre a importância e necessidade de muitíssimas vezes ficarmos maravilhados e perplexos diante do Poder do Altíssimo.

Note como aqueles homens que estavam paulatinamente sendo ensinados e transformados por Cristo Jesus ficaram maravilhados diante do poder onipotente do Senhor - "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?" - estarrecidos diante da majestade e comparando-a com suas fraquezas, não sabiam sequer o que pensar.

Assim também deve ser em nossos dias: os cristãos que nunca se maravilharam com o Senhor, talvez jamais tenham percebido sua real miséria, de modo que, para estes, é impossível perceber que no tocante ao poder e soberania de Deus, até "os ventos e o mar lhe obedecem".

Observemos atentamente como de forma similar à narrativa, o apóstolo escreve os crentes de Éfeso: "
E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós". Aqui, importa-nos fazer a pergunta e cabe a cada um perscrutar a resposta em seu próprio coração: compreendemos qual é a mais do que excelente grandeza de Deus que habita em todos os seus filhos? Conseguimos ter alguma visualização das grandezas de Deus como o salmista nos diz, "Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?" (Sl 8.3-4)?

Em outras palavras, a soberania plena de Deus e Seu estrondoso poder nos deixam estarrecidos como os discípulos de Jesus no barco e nos leva à pergunta, "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (Mt 8.27)?

Isto é, que tão grande poder é este que até mesmo as forças "indomáveis" da natureza lhe são sujeitas?

Você sabe do que estamos dizendo - aquele senso de impotência diante do algo surpreendentemente maior, mais poderoso, mais forte e indescritivelmente indomável diante de nossas forças. Se maravilhar com os feitos do Senhor é semelhante àqueles momentos em que uma grande tempestade vem até nós e simplesmente pensamos, atônicos: "que poderia eu fazer para cessar tão grande tormenta? Diante desta inigualável chuva e vento que se abatem sobre a terra, poderia o homem fazer alguma coisa a fim de apaziguar tão grande fenômeno?".

Esta noção preciosa do quão pequeninos somos diante de outros fatores naturais, deve ser significativamente aumentado quando entendemos que tudo o que ocorre e nos espanta é controlado milimetricamente pelo Eterno e sapientíssimo Deus - este foi o entendimento dos discípulos - "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?".


Frequentemente e corretamente se tem citado o profeta Oséias para demonstrar um dos motivos da falta de verdadeiro conhecimento e poder vivificar do Senhor em nossos tempos: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos" (Os 4.6). Olhemos atentamente e entendamos o que o Senhor diz através do profeta:

Em primeiro lugar, há um motivo específico dito pelo Senhor pelo qual o povo era desconhecedor dos decretos do Soberano e, por isso, perecia: "
lhe faltou o conhecimento". Embora seja verdade que "o justo pela sua fé viverá" (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38), é igualmente real que a fé verdadeira é uma fé conhecedora das coisas de Deus. De fato analisamos anteriormente o cego de Siloé e sua compreensão do poder de Deus - "uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo" (Jo 9.25) -, todavia, o Senhor nos diz que também é muitíssimo importante o conhecimento.

Em segundo lugar, há um motivo justo pelo qual o Senhor rejeita a muitos: "porque tu rejeitaste o conhecimento". Lembremos de que "Do SENHOR vem a salvação" (Jn 2.9) e Ele tem completo domínio sobre tudo o que faz, de modo que aqui Ele explicita ao povo que a sua condenação estava vindo porque haviam rejeitado o conhecimento - não quiseram conhecê-lo e sofreriam as árduas mazelas advindas da ira divina.

Em terceiro lugar, o Todo Poderoso é cirúrgico em dizer que rejeita (e rejeitará!) todo aquele que não se agrada em buscar conhecer ao Senhor: "também eu te rejeitarei". De imediato lembramo-nos das duras palavras dirigidas àquele perverso homem: "E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou" (Hb 12.16-17). O autor de Hebreus também já nos alertou sobre que "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (Hb 10.31) e para isso precisamos corretamente atentar.

Em quarto lugar, aqueles que se afastam do conhecimento de Deus e não buscam conhecê-lO com todas as suas forças e não se dedicam à meditação e ao estudo diligente da Palavra "de dia e de noite" (Sl 1.2), não são dignos de oferecerem orações, sacrifícios vivos e levar uma vida denominada "cristã": "para que não sejas sacerdote diante de mim".

Em quinto lugar, homens e mulheres, devido ao grande pecado e por não militarem corretamente na batalha cristã, se deixam enredar pelas vicissitudes da vida e acabam por trocar as ordenanças e mandamentos de Deus pelos prazeres e ditames deste mundo - "e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus". É certo que o esquecimento da Lei de Deus vem por causa do pecado, mas também advém porque os professos da fé cristã muitas vezes não dedicam longos tempos no estudo das Escrituras, de forma que o mundo vai lhes parecendo mais colorido do que a eterna e fixa revelação de Deus (a Bíblia Sagrada).

Em sexto e último lugar, ao contrário do que Ele promete aos filhos dos cristãos fieis, isto é, de que abençoará e guardará "até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos" (Dt 7.9), para àqueles que não buscam estudar e guardar em seu íntimo Sua lei e preceitos divinos, a recompensa será completamente outra: "também eu me esquecerei de teus filhos".

Assim como aconteceu naqueles dias também não se repete em nossa geração? Quantos são os homens e mulheres cujo conhecimento do Senhor lhes falta em abundância, e, por isso, preferem mais os caminhos do pecado do que Deus! Há quantos anos pessoas vêm assiduamente à igreja, participam de centenas de atividades na congregação, mas seus corações estão afastados do Senhor "
porque lhe faltou o conhecimento"!

Em vez de oferecem o seu "culto racional" (Rm 12.1) ao Deus vivo, são meros frequentadores e perpetuadores das tradições de homens que invalidam a Palavra de Deus (Mc 7.8). Oh! Que o Senhor possa transformar este caos espiritual em que muitos vivem e os leve ao verdadeiro reconhecimento de Sua grandeza acima de todas as coisas, tal qual o profeta Isaías expressou: "Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima" (Is 40.15). Deus reina acima de tudo e todos, e você precisa conhecer o Seu poder!

O poder de Deus está acima de toda excelência que se pode imaginar - reflita primeiramente nisto.

Observemos outra expressão de alegria pela grandeza de Cristo que nos é registrada: "E aconteceu que, ouvindo Hirão as palavras de Salomão, muito se alegrou, e disse: Bendito seja hoje o SENHOR, que deu a Davi um filho sábio sobre este tão grande povo" (1Rs 5.7). Salomão, sendo uma expressão da sabedoria do Cristo que viria, é louvado e bendito entre os nascentes - nós fazemos o mesmo? O apóstolo igualmente nos ensinou sobre isto quando disse: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Ef 1.3) - pondere também este ponto: você é cônscio desta verdade estrondosa?


As bênçãos que os cristãos têm sobre si são infinitamente e incomparavelmente superiores a tudo que os homens podem oferecer neste mundo vil e pecaminoso. Este precioso e vital entendimento levou o salmista a dizer: "Muitas são, SENHOR meu Deus, as maravilhas que tens operado para conosco, e os teus pensamentos não se podem contar diante de ti; se eu os quisera anunciar, e deles falar, são mais do que se podem contar" (Sl 40.5). Atente para o fato de que o salmista não fala de "poucas", mas sim de "muitas" coisas que o Senhor tem "operado para conosco". O melhor crente é aquele que consegue deleitar-se em Deus e confiar em sua "sobreexcelente grandeza" que habita em sua vida. O cristão que não reconhece a grandeza sobreexcelente do Senhor sobre sua vida, é, na melhor das hipóteses, um cristão confuso, e, na pior, um hipócrita e fariseu que pensa já ser salvo.


Recordemos ainda outra vez de que anteriormente o apóstolo escreveu à igreja de Éfeso e lhes disse: "Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos" (Ef 1.18). O descortinar do pecado e o aparecer da glória de Deus deve fazer com que sejamos irresistivelmente atraídos ao senhorio de Cristo e somente a Ele passemos a render todo louvor e árdua labuta em Seu favor.

2. "
sobre nós, os que cremos"

Porém, a fim de que ninguém se insurgisse dizendo que Deus abençoa sobreexcelentemente a todos sem distinção, o apóstolo é firme em escrever: "
E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos" (grifo meu). Paulo expressou este entendimento também os romanos quando afirmou: "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28). A ênfase dada pelo apóstolo é a mesma em ambas as cartas: os filhos do Senhor é que são abençoados de sobremaneira.

Embora muitos sejam agraciados com coisas comuns, tal qual um teto sobre suas cabeças, um tanto de comida e frívolas e passageiras diversões, os predestinados "
para filhos de adoção por Jesus Cristo" (Ef 1.5) são mui mais benditos e somente estes podem desfrutar de uma eficaz bênção salvífica do Senhor.

Esta declaração bíblica deve, por um lado, nos encher da mais nobre alegria que um homem pudesse ter, levando cada cristão a salmodiar ao Eterno com todas as suas energias - "
Está alguém contente? Cante louvores" (Tg 5.13). Porém, por outro lado, precisa nos fazer tremer e temer diante do Deus onipotente, pois não pode haver maior desgraça (falta de graça) do que levar sobre si o gigantesco fardo de seus pecados e ainda ser afligido pela santa e pura ira do Senhor - o Israel veterotestamentário pôde perceber muito bem isto quando ouviu: "E será objeto de opróbrio e blasfêmia, instrução e espanto às nações que estão em redor de ti, quando eu executar em ti juízos com ira, e com furor, e com terríveis castigos. Eu, o SENHOR, falei" (Ez 5.15).

As Escrituras são abundantes em distinguir a bênção e grandeza do Senhor sobre o seu povo em comparação aos ímpios e não regenerados:

- "
Os olhos do SENHOR estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor" (Sl 34.15);

- "Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre" (Sl 37.29);

- "Bênçãos há sobre a cabeça do justo, mas a violência cobre a boca dos perversos" (Pv 10.6);

- "Aquilo que o perverso teme sobrevirá a ele, mas o desejo dos justos será concedido" (Pv 10.24).

- "Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; Mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal" (1Pe 3.12).

3. 
 "segundo a operação da força do seu poder"

Todavia, para que nenhum verdadeiro filho de Deus se orgulhasse e pensasse que poderia ser prepotente e vaidoso diante dos ímpios, o apóstolo acrescenta: "
segundo a operação da força do seu poder".

As Escrituras são claras em nos dizer que a sobreexcelente grandeza de Deus está sobre todos os Seus filhos, porém deixa igualmente bastante evidente que eles têm esta bendita e divina graça segundo o bem querer daquele que faz todas as coisas segundo a Sua vontade (Ef 1.1, 5, 9, 11, 19).

Esta declaração bíblica nos revela a importância de jamais (nunca, sob nenhum circunstância, mesmo sob ameaças de morte e perda de todo prestígio social) atribuirmos ao Senhor o título de "injusto". Aqui, portanto, que cada um celebre durante longas horas a benignidade do Senhor e o Seu imenso favor para com todos nós que outrora chamávamos Deus de injusto por causa de Sua eleição e predestinação.

Que reconheçamos nossa mais completa miséria diante do Artífice e sejamos prostrados rosto em terra diante "a operação da força do seu poder". Creio que ser mais do que mister que compreendamos o quão abençoados são os filhos de Deus e o quão magistralmente são guiados segundo as veredas da justiça (Sl 16.11) aqueles que possuem um coração reto e humilde diante do Senhor - mas que também, embora reconheçamos diariamente o bem que o Eterno nos tem feito, possamos clamar às almas perdidas e lhes anunciar as boas novas do evangelho.

Assim sendo, que possamos compreender - pelo poder do Espírito Santo - a quão grandes bênçãos estamos submetidos e que enormes prazeres as Escrituras tem legado a todos os Seus filhos. Que não sejamos negligentes no estudo das Escrituras, para que não nos falte conhecimento; que não deixemos para amanhã o vislumbrar dos inúmeros benefícios que tem o Senhor concedido a nós, para que não adoremos falsamente ao Senhor.

Que sejamos maravilhados diariamente com aquele que "que até os ventos e o mar lhe obedecem" e sejam gravadas as palavras ímpares do salmista em nosso coração: "O SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!" (Sl 8.1).

CRISTO NOSSO EXEMPLO DE EXALTAÇÃO


CRISTO AS PRIMICIAS DOS QUE DORMEM: A lei determinava que as primícias da colheita fossem levadas ao templo para serem oferecidas ao Senhor (Lv 23.10,11). Esse primeiro feixe colhido era muito importante para Israel: (1) ele apontava que Deus havia abençoado a lavoura e dava ao israelita a esperança de que haveria colheita naquele ano;
Nenhum israelita poderia comer de fruto algum da terra sem primeiro trazer essa primeira oferta ao Senhor. Cristo é chamado por Paulo de "a primícia dos que dormem". Isso nos aponta para preciosas aplicações.

Primeiro, a ressurreição de Cristo é a benção de Deus para a humanidade perdida. Quando o homem Jesus ressuscita, Ele garante a todos os fiéis a sua futura ressurreição, sendo Ele próprio o primeiro, porque é necessário que Jesus sempre tenha a primazia.

Segundo, se o primeiro homem ressuscita, os demais que andam em suas pisadas também ressuscitarão. Por fim, pelo fato de Cristo ser oferecido como sacrifício por todos na cruz, e também como a primícia da futura ressurreição, agora todos nós podemos nos fartar das dádivas do reino e da benção da vida eterna.

CRISTO ELEVADO À DIREITA DE DEUS. De forma que o poder que é colocado à disposição dos homens é o poder demonstrado e conhecido em sua verdadeira dimensão, pela própria operação de Deus, o qual exerceu Ele em Cristo, e isto através de duas ações decisivas.

Primeiro, Ele demonstrou o Seu poder ressuscitan- do-0 dentre os mortos. Ê muito freqüente o Novo Testamento descrever a ressurreição como obra de Deus-Pai (At 2:24, 32, etc.). O fato de levantar Seu Filho dentre os mortos é o sinal de Sua aprovação, do reconhecimento de Cristo como sendo Seu Filho, e Sua proclamação como o Senhor de tudo (At 3:15; 4:10; 10:40; 17:31; Rm 1:4).
Mas é também a manifestação do poder do Pai.
Segundo, tal poder é demonstrado fazendo-0 sentar à Sua direita. A ascensão é pouco mencionada no Novo Testamento (Mc 16:19; Lc 24:51; At 1:9), mas é constantemente reconhecida, e seu significado é enfatizado (Rm 8:34; Cl 3:1; Hb 1:3; 1 Pe 3:22).
Para Paulo, e também para o Novo Testamento em geral, a cruz, a ressurreição e a ascensão são consideradas como três partes de um único grande ato de Deus. A ascensão, tanto quanto a ressurreição, é enfatizada como sendo obra do Pai.
Ele está a honrar Seu Filho com a honraria mais alta possível (Fp 2:9-11), e isso novamente constitui também demonstração do Seu poder.
Nas palavras aqui encontradas temos uma referência ao Salmo 110:1, que é um versículo freqüentemente citado no Novo Testamento. A exaltação do rei de Israel como o ungido de Deus emprestou uma aplicação suprema ao Cristo. Assim já era entendido antes de Sua vinda, mais especialmente, porém, depois de Sua morte, ressurreição e ascensão (At 2:34; Hb 1:13; veja também Mt 26:64; At 7:55; Rm 8:34; Cl 3:1; Hb 1:3; 8:1; 10:12; 12:2; 1 Pe 3:22).


Inevitavelmente, quando a ascensão e a exaltação são mencionadas, temos a tendência de imaginá-las ocorrendo num determinado lugar, mas no dizer de Calvino, quando se diz que Ele está elevado à mão direita do Pai, “Não significa um determinado lugar, mas que o Pai tem dado o poder a Cristo, para que possa administrar em Seu nome o governo dos céus e da terra.
Por isso, a ressurreição e a ascensão exprimem a medida do poder do Pai que é posto à disposição dos homens. O apóstolo orou por si mesmo para que pudesse conhecê-lo, conhecendo também o “poder da Sua ressurreição” (Fp 3:10). 

Freqüentemente ele pensava nestes grandiosos atos de Deus não apenas como a medida do poder que os cristãos podem possuir, mas como a indicação da força divina que pode levantá-los para uma nova vida com Cristo (1 Co 6:14; 2 Co 4:14; Cl 2:12), e fazê-los viver com Ele nos lugares celestiais (veja comentário sobre o v. 3).

CRISTO EXALTADO SOBREMANEIRA. Agora o pensamento sobre a ressurreição e a exaltação de Cristo conduz à declaração dEle como o Senhor de tudo. Sua posição é muito acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio. Esse sempre foi Seu lugar no universo, porque Ele é eternamente o Deus Filho (Jo 3:31).

Para esse lugar Ele foi novamente exaltado depois de ter a Si mesmo Se humilhado para assumir nossa humanidade (Ef 4:10). Os títulos neste versículo talvez tenham sido tirados dos poderes espirituais venerados pelos mestres gnósticos, aos quais o apóstolo se opôs em Colossenses. Três dos quatro títulos usados aqui encontram-se no plural em Colossenses 1:16, onde se afirma que Cristo é o Criador de todo poder espiritual que existe.

Aqui Paulo se preocupa em dizer que Cristo é Senhor sobre todos eles, sobre todo nome que se possa referir, toda dignidade que possa ser reverenciada pelo homem (Fp 2:9). Há poderes não só no presente século, mas também no vindouro, e com isto o apóstolo concordaria com os gnósticos. Mas ele afirmaria que nenhum destes seres tem qualquer origem aparte de Cristo; e dentre eles, todos os que são maus foram por Eles subjugados (Cl 2:15), e estão todos sujeitos a Ele como Senhor (Km 8:38; 1 Pe 3:22).

Contra os poderes espirituais do mal, o servo de Cristo deve realmente batalhar na força de seu Mestre (6:12), e também Paulo dirá que para os “principados e potestades nos lugares celestiais” a Igreja deve unicamente declarar “a multiforme sabedoria de Deus” (3:10).

O que aconteceu antes pode ser resumido dizendo-se que o Pai pôs todas as coisas debaixo dos Seus pés, e assim, sem dúvida alguma é de maneira intencional que são usadas as palavras do Salmo 8:6. Este versículo é usado novamente em 1 Coríntios 15:27 é é importante perceber que o Salmo fala do lugar do homem, conforme Deus pretendeu  que fosse, coroado de “glória” e “honra”, e criado para ter “domínio sobre as obras” das mãos de Deus.


Em grande parte o homem perdeu esta posição devido à fraqueza e ao estado de sujeição a que foi reduzido pelo pecado. Portanto, vemos somente Um, o verdadeiro Homem Jesus Cristo, satisfazendo este propósito divino, mas, através dEle, e nEle, somos restaurados à nossa verdadeira dignidade. Hebreus 2:5-10 pode ser considerado como um comentário inspirado do Salmo 8, o qual se cumpriu em Cristo e naqueles que, por meio dEle, são reconduzidos como “filhos à glória”.

CONCLUSÃO

Diante dessas verdades espirituais, em que o Senhor de tudo foi dado como Cabeça da Igreja, não há razão para os salvos temerem a oposição do homem ou das forças do mal. Aliás, mais para frente, o apóstolo vai convocar os fiéis “fortalecidos no Senhor e na força do seu poder” para enfrentar e vencer as astutas ciladas do diabo
(6.10-12).

Por: Ev. Isaias S. de Jesus

Bibliografia

Apontamentos Isaias de Jesus

http://devocionais.amoremcristo.com
Livro Efésios Introdução e comentário Francis Foulkes