5 de fevereiro de 2024

Igreja Organismo e Organização

 

Igreja Organismo e Organização

TEXTO ÁUREO

 

“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6.3)

Entenda o Texto Áureo:

 

- sete homens. Não eram diáconos nos termos do ofício posterior na igreja (1Tm 3.8-13), embora realizassem algumas das mesmas tarefas. Estêvão e Filipe (os únicos dos sete mencionados em outros lugares na Escritura) eram claramente evangelistas, não diáconos. Mais tarde, Atos menciona presbíteros (14.23; 20.17), mas não diáconos. Parece, portanto, que nesse tempo uma ordem permanente de diáconos não havia sido estabelecida. cheios do Espírito. Em contraste com o batismo com o Espírito, que é ato único no tempo mediante o qual Deus coloca os crentes no seu corpo (1Co 12.13), o enchimento é uma realidade repetida do comportamento controlado pelo Espírito, que Deus ordena aos crentes manter (veja Ef 5.18).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A Igreja é um organismo vivo. Contudo, como toda estrutura viva, precisa ser organizada.

Entenda a Verdade Prática

 

- A igreja é, ao mesmo tempo, organização e organismo. É estrutura material ao mesmo tempo em que é organismo vivo. Trata de questões materiais, mas também de questões “espirituais”. A igreja tem, portanto, duas dimensões. A dimensão organismo diz respeito à sua razão de ser, enquanto a organizacional diz respeito à estrutura que permita que ela seja o que deve ser.

 

LEITURA BÍBLICA  = Atos 6.1-7

 

1 Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.

- multiplicando-se. O número pode ter alcançado o total de 20.000 homens e mulheres; hebreus... helenistas. Os “hebreus" eram a população nativa da Palestina; os "helenistas" eram os judeus da Diáspora. A absorção helenista de aspectos da cultura grega tornava-os suspeitos para os judeus palestinos. As viúvas deles estavam sendo esquecidas. Os helenistas acreditavam que suas viúvas não estavam recebendo porção adequaria de alimento que a igreja fornecia para as necessidades delas (cf. 1Tm 5.3-16).

 

2 E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.

- servir às mesas. A palavra traduzida por "mesas" pode reterir-se às mesas usadas para questões monetárias (cf. Mt 21.12; Mc 11.15; Jo 2.15) bem como àquelas usadas para servir refeições. O envolvimento em questões financeiras ou no serviço de refeições os desviariam da prioridade mais importante.

 

3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.

- de boa reputação. Para que não haja espaço para suspeitar de parcialidade ou injustiça. cheios do Espírito Santo e da sabedoria. Pois não é uma questão de luz dispensar até os bens temporais da Igreja. Para fazer isso bem, uma grande medida dos dons e da graça de Deus é necessária. Quem definiremos sobre esse assunto – Teria sido feliz pela Igreja, se seus ministros comuns, em todas as épocas, tivessem o mesmo cuidado de agir em conjunto com as pessoas comprometidas com sua tarefa, que os próprios apóstolos, por mais extraordinários que fossem seus cargos. , fez nesta e em outras ocasiões.

 

4 Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.

- A oração e o ministério da Palavra definem as mais elevadas prioridades do líderes da igreja.

 

5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;

- Todos os sete homens escolhidos pela igreja tinham nomes gregos, o que indica que eram helenistas. A igreja, numa demonstração de amor e unidade, pode tê-los escolhido para retificar o aparente desequilíbrio envolvendo viúvas helenistas. Estêvão... Nicolau. Sobre o ministério de Estêvão, veja At 6.9—7.60. Seu martírio tornou-se o catalisador para espalhar o evangelho além da Palestina (8.1-4; 11.19). Filipe também desempenhou função importante na difusão do evangelho (cf. 8.4-24,26-40). Quase nada se sabe sobre os outros cinco. Segundo certa tradição antiga, Prócoro tornou-se o secretário do apóstolo João quando este escreveu o seu Evangelho, e Nicolau era um gentio de Antioquia convertido ao judaísmo.

 

6 e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.

- orando, lhes impuseram as mãos. Essa frase foi usada a respeito de Jesus quando curava (Mc 6.5; Lc 4.40; 13.13; cf. 28.8) e às vezes era indicativa de ser levado preso (5.18; Mc 14.46). No AT, ofertantes de sacrifícios colocavam suas mãos sobre o animal como expressão de identificação (Lv 8.14,18,22). Mas no sentido simbólico, significava a afirmação, o apoio e a identificação com uma pessoa e seu ministério.

 

7  E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.

- 6.7 Uma das afirmações periódicas de Lucas para resumir o crescimento da igreja e a difusão do evangelho (Lc. 2.41,47; 4.4; 5.14; 4.31; 12.24; 13.49; 16.5; 19.20). muitíssimos sacerdotes. A conversão de grande número de sacerdotes pode ter contribuído para a ferrenha oposição que se levantou contra Estêvão; obedeciam à fé. A fé verdadeira que salva sempre resulta em obediência e submissão ao senhorio de Jesus Cristo (Rm 16.19,26; Mt 7.13-14,22-27; Tg 2.17-20).

 

INTRODUÇÃO

 

A Igreja é, ao mesmo tempo, organização e organismo. É estrutura material ao mesmo tempo em que é organismo vivo. Trata de questões materiais, mas também de questões “espirituais”. A igreja tem, portanto, duas dimensões. A dimensão organismo diz respeito à sua razão de ser, enquanto a organizacional, diz respeito à estrutura que permite que ela seja o que deve ser. A igreja, enquanto organização religiosa, tem um Estatuto registrado em Cartório, Assembleia, Diretoria, Conselho Fiscal e outros cargos para cumprir determinadas funções. Nesta condição é regida pelo Código Civil e precisa seguir os parâmetros legais, inclusive fiscais.

 

Igreja, enquanto organismo vivo, é dirigida pelo Espírito Santo, enviado por Jesus, pois a igreja, biblicamente constituída, pertence a Ele. Mas como ela é um instrumento do Reino de Deus para atuar no mundo decaído e formada por seres humanos, também decaídos, sofre a influência do pecado. Jesus, entre a liderança de sua pequena igreja, tinha alguns problemas: uns queriam ser mais importantes do que os outros (Lc 9.46), um outro negou publicamente que seguia Jesus (Lc 22.34) e, ainda, outro, o traiu, sendo subornado por 30 moedas (Mt 26.15). Como organização é visível, local, humana, imperfeita (tem defeitos, problemas e pode até cometer erros), é temporária (pode vir a desaparecer). Como organismo é invisível, universal, divina, perfeita (sem ruga, sem mácula) e nunca poderá desaparecer nem ser vencida pelas portas do inferno. Só desaparecerá da face da Terra quando for arrebatada na volta de Cristo.

 

Toda instituição precisa ser organizada, e o mesmo ocorre com a igreja local. Uma igreja deve ser organizada para receber bem seus membros e visitantes, ter pessoas responsáveis atuando nos diversos ministérios e departamentos, checar se o santuário está aberto e em condições de receber pessoas para os momentos de culto e orações. Entretanto, mais do que os aspectos citados, a igreja precisa ser organizada, porque isso agrada a Deus. O Senhor tem planos e Ele anuncia seus planos aos seus filhos fazendo com que sejam realizados, e isso é organização. Se Deus preza por organização, não poderíamos imaginar que a sua Igreja deveria seguir um padrão diferente. Uma igreja desorganizada não reflete a perfeição do Evangelho.

 

PALAVRA-CHAVE: Organização e Organismo

- Nem sempre estas distinções são tão claras. Aliás, estas duas dimensões, a institucional (igreja como organização) e a espiritual (igreja como corpo) caminham lado a lado e, às vezes, até se misturam. Vejamos estas duas dimensões e como, por meio de ambas, podemos glorificar a Deus.

 

I. A ESTRUTURA DA IGREJA CRISTÃ

 

1. A Igreja como organismo.  A Igreja tem sua origem na presciência de Deus e cumpre a relevante responsabilidade de ser o instrumento da revelação de Seus mistérios ao mundo, bem como o Seu instrumento de ação na Terra. A igreja de Deus não é apenas uma organização material, formal, social, que implica em condicionamentos humanos e dedicadamente restritos a uma localidade e normas, Ela é o Corpo Vivo de Cristo, cuja cabeça é Ele próprio. “Hora vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”. É bem verdade que a igreja local, constitui-se num “Microcosmo”, isto é, um pequeno universo, do grande universo que é a Igreja de Deus. A igreja de Deus como organismo é o corpo místico de Cristo, que diz respeito à vida espiritual, misterioso e sobrenatural. É espiritual, invisível e universal e compõe-se de crentes regenerados, tirados do mundo para a sujeição completa a Cristo, a cabeça da igreja, como organismo é única. É total e plenamente indivisível e universal, “Agora, pois há muitos membros, mas um corpo” (1Co 12.12). Paulo usou o corpo humano como uma analogia (1Co 10.1 7) para falar da unidade da igreja em Cristo.

 

2. A Igreja como organização. Organização significa um conjunto de pessoas, ou um processo onde várias pessoas buscam um relacionamento, a fim de atingirem um objetivo comum. Como organização, a Igreja aparece em vários trechos da Bíblia, porém, os capítulos dois e três do livro de Apocalipse nos trazem um entendimento melhor sobre o tema. A mensagem de Cristo as sete Igrejas locais existentes no Oeste da Ásia Menor, com o propósito de instruir, advertir e edificar, é uma revelação do que Jesus ama e quer ver nas Igrejas locais, cada uma com suas particularidades. A igreja como organização é provavelmente o primeiro contato dos crentes com a Eclesiologia. É uma prática normal para os crentes, ou pelo menos para a maioria, quando encontra outro que não o conhece, porém percebe que o tal também é crente, logo pergunta: de que Igreja você faz parte? Em outras palavras, querem saber de que organização eclesiástica aquela pessoa pertence. Se o interrogado responde que faz parte de uma organização eclesiástica semelhante a nossa, logo estabelecemos amizade, caso contrário, dificilmente estabelecemos vínculo de comunhão (Mc 9.38-41).

 

3. Organismo e organização. A igreja é, ao mesmo tempo, “família de Deus” e “corpo de Cristo” (Ef 2.19; Rm 12.4-5). Isso aponta para dois fatos importantes. Primeiro, apesar do cuidado legítimo com estruturas físicas e organizacionais, a igreja não pode ser identificada meramente com um prédio ou instituição jurídica. Como grupo social organizado, ela possui personalidade jurídica, um patrimônio e lugar no qual se reúne para articular os serviços orientados pela Escritura. No entanto, todas essas coisas não são propriamente “a igreja”. A palavra grega mais usada no Novo Testamento e traduzida por “igreja” significa, literalmente, uma assembleia convocada, um grupo de pessoas agregadas para adorar, testemunhar e servir. Em segundo lugar, os cristãos se integram à igreja para servir no poder do Espírito Santo. A igreja cresce ao se esforçar pela unidade, reconhecendo o oficialato como dom de Cristo para o exercício do governo pela Palavra, amadurecendo pelo desfrute da sã doutrina, seguindo a verdade em amor, com cada crente desempenhando seu serviço para o benefício dos demais (Ef 4.1-16).

 

COMO ORGANIZAÇÃO:

a. é visível

b. é local

c. é humana

d. é temporária

e. é imperfeita

 

COMO ORGANISMO:

a. é invisível

b. é universal

c. é divina

d. é perpétua

e. é perfeita

 

II. IGREJA: UM ORGANISMO VIVO E ORGANIZADO

 

1. No seu aspecto local. Quando Cristo instituiu sua igreja, Ele tinha em mente um organismo vivo, um corpo que seria o Seu Corpo, formado por todos nós que somos os membros, sendo Ele próprio a Cabeça. Esse corpo foi criado à sua imagem e semelhança, com o objetivo de se desenvolver, atingir a maturidade e chegar à “estatura de varão perfeito, à medida da plenitude de Cristo…” (Ef 4.13). Como organismo é que a igreja local nasce, cresce e se multiplica em outras igrejas, assim como uma célula fecundada se transforma em embrião, em feto e depois em recém-nascido pronto para encarar a vida. A igreja visível, local, militante é uma organização, uma vez que, perante a lei dos homens tem que ser organizada em pessoa jurídica, com estatutos, sede, diretoria e outras exigências legais. Tem uma denominação, patrimônio, regimento interno e existência física. Como organização é visível, local, humana, imperfeita (tem defeitos, problemas e pode até cometer erros), é temporária (pode vir a desaparecer).

 

2. No seu aspecto litúrgico e ritual. A respeito da estrutura do culto, a partir de 1Co 12.40, sabemos que tudo deve acontecer com decência e ordem, para a edificação do Corpo de Cristo (1Co 12,26), e que esse deve ser racional (Rm 12.1). Na Igreja Primitiva, por não disporem de templos, os primeiros crentes se reunião nas casas (At 3.1; 4.23,24), onde oravam e adoravam ao Senhor, oferecendo contribuições voluntárias para a obra de Deus (1Co 16.2; 2Co 9.7; Fp 4.18). Nesses encontros, havia espaço para a leitura de textos bíblicos (At 2.42; 17.11) e cânticos de adoração (Ef 5.18-21). Alguns pensam que o aspecto organizacional é um mal necessário. Na realidade, é uma condição sine qua non para existir e sobreviver no contexto onde está inserida. Por outro lado, Jesus não fundou sua igreja para ser um império político-financeiro, com poder temporal. Não estava em seus planos que um líder cristão se transformasse em chefe político, magnata gospel ou missionário milionário, como alguns pastores, nossos conhecidos, que até figuram na lista dos 10 mais da Forbes, ou desfilam por ai com seus carrões/aviões. Mas é como organismo que Jesus deseja que sua igreja se destaque. Lá no céu não haverá organizações, denominações, templos, nem eleição de diretoria. Somente uma família na festa das bodas do Cordeiro.

 

III. O GOVERNO DA IGREJA NAS DIFERENTES TRADIÇÕES CRISTÃS

 

Governo de Igreja é o ramo da eclesiologia (estudo da igreja) que trata da estrutura organizacional e da hierarquia da igreja. Infelizmente, este é um assunto pouco ensinado e discutido hoje em dia. Vários motivos podem ser dados para essa situação, como:

(1) desinteresse pela igreja local ou uma visão consumista de igreja,

(2) o extremo dos desingrejados,

(3) o outro extremo do institucionalismo morto,

(4) autoritarismo e abusos de autoridade eclesiástica,

(5) modelos de crescimento de igreja desraigados da Escritura e por aí vai.

 

1. Episcopal. O Governo Eclesiático Episcopal é aquele onde todas as decisões são centralizadas no pastor presidente da igreja. A adoção deste modelo de administração é muito comum em igrejas de pequeno porte. Normalmente, este modelo é adotado em função de um dos seguintes fatores:

A igreja ainda não possui membros e líderes capacitados para auxiliar na sua gestão;

A organização ainda é de pequeno porte e possui poucos membros;

O pastor presidente emprega recursos próprios na igreja.

Uma das vantagens do governo episcopal é a celeridade da tomada de decisões, tendo em vista que todo poder de decisão é concentrado no pastor presidente. No entanto, por outro lado, essa aparente vantagem também pode ser vista como um ponto negativo, pois o pastor pode se sentir sobrecarregado, e além disso, podem ser levantadas dúvidas sobre a idoneidade da sua gestão.

 

Neste sistema mais antigo, adaptado como por exemplo pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa, os ministros principais da Igreja são os bispos. Outros ministros são presbíteros e diáconos. Todos estes são mencionados no Novo Testamento. O Governo é centralizado na figura de um dirigente, responsável pelas decisões e destinos da igreja, mas que possui um grupo de subalternos, o Colégio Episcopal, responsáveis pela administração da gestão do sistema. Como denominação evangélica, a Igreja do Evangelho Quadrangular segue este governo, qual o bispo rege uma ou mais regiões eclesiásticas e há ainda os pastores, evangelistas e diáconos.

 

2. Presbiteral. O Governo Eclesiástico Presbiteral funciona como um meio termo entre o Episcopalismo e o Congregacionalismo. Este modelo é muito interessante, pois o poder de decisão não fica concentrado apenas no pastor, nem tão pouco apenas na igreja. Aqui, as decisões são tomadas por um conselho, ou seja, um grupo de líderes eleitos pela igreja e da qual, o pastor presidente faz parte. Vale destacar que a adoção de um tipo de governo eclesiástico é fundamental para a gestão da igreja e o bom andamento das suas atividades. O governo presbiteriano é uma forma de organização da Igreja que se caracteriza pelo governo de uma assembleia de presbíteros, ou anciãos. Esta forma de governo foi desenvolvida como rejeição ao domínio por hierarquias de bispos individuais (forma de governo episcopal). Esta teoria de governo está fortemente associada com os movimentos da Reforma Protestante na Suíça e na Escócia (calvinistas), com as igrejas reformadas e mais particularmente com a Igreja Presbiteriana. O governo presbiteriano serviu e serve de inspirações a vários regimes democráticos ao redor do mundo, principalmente no que diz respeito às esferas de poder. A forma de governo consiste numa ordem crescente de conselhos. O menor de todos os conselhos é o Conselho da Igreja Local, formado pelos ministros docentes (pastores) e pelos ministros leigos (presbíteros). Acima dos conselhos locais se encontram os Presbitérios, formados por presbíteros representantes de cada igreja de sua área de abrangência. Envolvendo os Presbitérios e formado por representantes dos mesmos, está o Sínodo, de autoridade máxima em sua circunscrição. Como estância máxima de apelação e decisões sobre a igreja está a Assembleia Geral ou Supremo Concílio, que toma todas as decisões sobre a Igreja e trata dos assuntos externos, ficando a cargo de exercer poder jurídico sobre decisões tomadas por conselhos inferiores.

 

3. Congregacional. O Governo Eclesiástico Congregacional é aquele onde todas as decisões são atribuídas a uma Assembleia Geral de Membros. Este é o modelo de governança mais democrático, mas também aquele, onde o pastor presidente possui o menor poder de decisão. No governo congregacional, todos os membros possuem direito a voto, e, portanto, podem interferir na tomada de decisões. Votando inclusive, em posição contrária à do próprio pastor, que neste caso, nada pode fazer. Além da falta de autonomia da diretoria para tomada de decisões, este modelo de governo acaba sendo muito lento e burocrático, tendo em vista que as decisões sempre dependem de aprovação e votação em assembleia.

 

Entre as igrejas que adotam o governo Congregacional, estão os Batistas e os Congregacionais. Nesta forma de governo eclesiástico, a igreja é aquela “comunidade local, formada de crentes unidos para a adoração e obediência a Deus, no testemunho público e privado do Evangelho, constitui-se em uma Igreja completa e autônoma, não sujeita em termos de Igreja a qualquer outra entidade senão à sua própria assembleia, e assim formada é representação e sinal visível e localizado da realidade espiritual da Igreja de Cristo em toda a terra.” O sistema de governo Congregacional é aquele em que a Igreja se reúne em assembleias, para tratar de questões surgidas no seu dia-a-dia e tomar decisões relacionadas ao desenvolvimento de seus trabalhos. O poder de mando de uma Igreja Congregacional reside em suas assembleias.

 

4. O sistema de governo de nossa igreja. Quanto ao sistema de governo, caracteriza a Assembleia de Deus um complexo sistema de redes. Igrejas-sedes, igrejas e congregações dependentes das igrejas-mães. O pastor-presidente da igreja-sede funciona como um bispo do respectivo campo (zona de atuação). Última instância de poder de decisão, a Convenção-Geral das Assembleias de Deus é formada por convenções estaduais e ministérios filiados. O fiel, para chegar até o pastorado, passa por outros cargos (auxiliar, diácono, presbítero e evangelista).

 

A Assembleia de Deus começou com um modelo congregacional bem definido, haja vista a herança eclesiológica batista, que é congregacional. O modelo congregacional fica bem claro nas palavras do pastor assembleiano Alcebiades Pereira dos Vasconcelos, no Mensageiro da Paz, nº 10, de 1959:

 

"No nosso entender, a igreja cristã biblicamente entendida, governa-se a si mesma, mediante o sistema democrático em que todos os seus membros livremente podem e devem ouvir e ser ouvidos e ser ouvidos, votar e ser votados, conforme a sua capacidade pessoal de servir(…) A igreja cristã, à luz do Novo Testamento, é uma democracia perfeita, em qual o pastor e seus auxiliares de administração (tenham as categorias ou denominações que tiverem) não dominam, pois quem domina sobre ela é Jesus, por mediação do Espírito Santo, sendo o pastor apenas um servo que lidera os trabalhadores sob guia do mesmo Espírito Santo; e, neste caso, é expressa e taxativamente proibido ter domínio sobre a igreja. I Pedro 5.2,3".

 

Os pentecostais clássicos sempre tiveram uma tendência para a democracia na igreja, um modelo em que a congregação tinha voz, o teólogo Myer Pearlman deixa bem claro essa posição:

 

As primeiras igrejas eram democráticas em seu governo- circunstância natural em uma comunidade onde o dom do Espírito Santo estava disponível a todos, e onde toda e qualquer pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial. É verdade que os apóstolos e anciãos presidiam às reuniões de negócios e à seleção dos oficiais; mas tudo se fez em cooperação com a igreja (Atos 6.3-6; 15.22, I Co 16.3, II Co 8.19, Fp 2.25).

 

E Pearlman completa: Nos dias primitivos não havia nenhum governo centralizado abrangendo toda a igreja. Cada igreja local era autônoma e administrava seus próprios negócios com liberdade.

 

No decorrer do tempo, a Assembleia de Deus, não deixando de ser congregacional, passou a mesclar com o modelo episcopal e presbiteriano. Hoje, é comum a figura o pastor-presidente, um verdadeiro bispo regional. Nas Assembleias de Deus há traços do modelo presbiteriano, com as convenções ou concílios regionais e nacionais (CGADB e Conamad). A Assembleia de Deus, portanto, não tem um modelo eclesiástico puro. O Rev. Antônio Gouvêa Mendonça, comenta em relação a Assembleia de Deus:

 

Seu sistema de governo eclesiástico está mais próximo do congregacionalismo dos batistas por causa da liberdade das Igrejas locais e da limitação de poderes da Convenção Nacional. Todavia, a divisão em ministérios regionais semi-autônomos lembra um pouco o sistema presbiteriano.

 

Alguns fatos interessantes: em cidades do interior, as Assembleias de Deus são bem congregacionais, pois a igreja em constantes assembleias, decidem o rumo da congregação juntamente com o pastor. As igrejas AD da capital são normalmente divididas em setores, com a figura presente do pastor-presidente, sendo mais um modelo episcopal. Mas as congregações das cidades interioranas e da metrópole estão sujeitas a convenção estadual e nacional, semelhante aos supremos concílios presbiterianos.

 

A Assembleia de Deus foi influenciada por várias denominações, desde de sua eclesiologia até a sua teologia. Exemplo dessa mistura esteve nas palavras do pastor Thomas B. Barrat, de Oslo, Noruega em 1914, que disse: “Com respeito à salvação, somos luteranos. Na forma do batismo pelas águas, somos batistas. Com respeito à santificação, somos metodistas. Em evangelismo agressivo, somos como o Exército da Salvação. Porém, com respeito ao batismo com o Espírito Santo, somos pentecostais!”

 

O lamentável é o fato de muitas igrejas Assembleia de Deus aderindo a um modelo episcopal, abandonado a tradição congregacional. Mais o modelo episcopal, hoje adotado não é o mesmo dos metodistas ou anglicanos, mas sim das igrejas neopentecostais, onde a figura do líder é centralizadora, um modelo episcopal levado ao extremo. (REFLEXÃO).

 

CONCLUSÃO

 

Tem sido observado que a igreja de Cristo é mais organismo do que organização. Infelizmente, a prática eclesiástica muitas vezes contraria esse conceito essencial.

Jesus Cristo fez críticas severas para os líderes religiosos do seu tempo. A razão da crítica se radicava no distanciamento que o institucionalismo havia posto entre as formas religiosas e o relacionamento do indivíduo com Deus. Nunca se deve deixar que as estruturas tomem o lugar do compromisso interior com Deus.

 

Ao tratar temas de ordenanças e sacramentos da igreja, é necessário primeiramente fazer distinção entre estes dois termos.

 

Por sacramento, entende-se um ritual que transmite a graça salvífica de Deus, não apenas como ritual simbólico.

 

Por ordenança, comunica-se de forma contrária que a graça não é substância, mas uma disposição relacional divina.

A ordenança, portanto, não é salvífica, enquanto que o sacramento é considerado como um ritual que contribui para ou confere a salvação.

 

A Vida da Igreja neste mundo é transitória, e um dia vai receber em definitivo a eterna herança. E é justamente esta transitoriedade que obriga o cristão a ter um compromisso consciente com o serviço da Igreja. Só uma vida cristã incontaminada e uma fé viva, podem confrontar o pecado, as injustiças e toda forma de opressão.

 

É preciso mais do que nunca valorizar a comunhão. Mas para que isso aconteça, cada cristão deve estar em inteira submissão ao senhorio de Cristo. Quem desfruta do relacionamento com o Senhor, sente a necessidade de manter-se em relacionamento com seus irmãos em fortalecimento da vida da Igreja na sociedade.

 

Quanto a forma de governo, sempre, na história das controvérsias cristãs, houve uma luta para saber qual era o modelo de governo eclesiástico mais bíblico. O fato é que todos os modelos de governos eclesiásticos (congregacional, episcopal e presbiteriano) se baseiam no Novo Testamento. O episcopal concede o poder para o seu pastor ou bispo, o presbiteriano concede poder ao presbitério da igreja e o congregacional concede poder aos seus membros ou a um conselho de irmãos reunidos.

 

UMA EXELENTE AULA COM AJUDA DO ESPIRITO SANTO

AMEM