26 de agosto de 2014

A VERDADEIRA SABEDORIA SE MANIFESTA NA PRÁTICA



A VERDADEIRA SABEDORIA SE MANIFESTA NA PRÁTICA

TEXTO ÁUREO = “Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria” (Tg 3.13).

VERDADE PRÁTICA = A verdadeira sabedoria não se manifesta na vida do crente através do discurso, mas das obras.

LEITURA BÍBLICA  = Tiago 3.13-18

INTRODUÇÃO

O saber humano é limitado, falho, e mutável a cada ano que passa. Entretanto, a sabedoria que vem da parte de Deus, é ilimitada, perfeita e imutável, consubstanciada na Sua Palavra, que permanece para sempre, capacitando o crente fiel a saber conduzir-se ante as mais difíceis situações, de modo surpreendente, diante de Deus e dos homens.

Na sua discussão quanto à sabedoria no seu aspecto global, Tiago afirma existirem dois tipos de sabedoria: a sabedoria proveniente de Deus, “a sabedoria que vem do alto” (v.17), e a sabedoria “terrena”, a sabedoria “animal”, própria do homem natural. Ao estabelecer a diferença entre ambas, o apóstolo desafia os seus leitores, bem como a todos os crentes, hoje, a se empenharem na conquista da verdadeira sabedoria, a divina, que procede do alto.

CONCEITOS DE SABEDORIA

1. Sob o ponto de vista humano. Sabedoria significa “grande conhecimento, erudição, saber, ciência, conhecimento justo das coisas, razão”. Esse é o aspecto positivo da concepção humana de sabedoria. Há, também, o sentido negativo, segundo o qual, sabedoria é “esperteza, astúcia, manha”. Daí, alguém dizer:
“Fulano é muito sabido...”.

2. Sob o ponto de vista bíblico.

a) É guardar os mandamentos do Senhor. Moisés, exortando o povo de Israel, sobre o cumprir os mandamentos do Senhor, disse: “Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que ouvirão todos estes estatutos e dirão: Só este grande povo é gente sábia e entendida” (ver Dt 4.1-6). Para Deus, sábio é quem Lhe obedece.


b) É saber calar (Jó 13.5). O patriarca disse aos seus amigos, que se eles tivessem ficado calados, isso seria a sua sabedoria. “Até o tolo, quando se cala, será reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por sábio” (Pv 17.28). Tiago considera impossível domar a língua (Tg 3.8). Entretanto o sábio segundo Deus cala-se, quando for tempo de calar (Ec 3.7b).

c) É temer a Deus. No livro de Jó está escrito: “Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal a inteligência” (Jó 28.28). Para Deus, o sábio é aquele que teme ao Senhor, ou seja, que tem respeito profundo ao Criador. Salomão disse: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e a ciência do Santo, a prudência” (Pv 9.10).

d) É dom do Espírito Santo. Deus dá dons aos crentes, como “manifestação do Espírito”, “a cada um para o que for útil”. “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria” (1 Co 12.7,8a). O dom da palavra da sabedoria é “parte da sabedoria de Deus dada ao homem; opera no saber, na pregação, no aconselhamento, nas emergências, na separação de obreiros e na administração”. Quantos problemas e desastres têm ocorrido em muitas igrejas, que se esfacelam ou sobrevivem a duras penas, por falta desse dom.

A SABEDORIA DO MUNDO

A “sabedoria” enfocada neste ensino de Tiago, nada tem a ver com o conhecimento que resulta da formação acadêmica ou com a que decorre da experiência de vida ao alcance de todos os homens. Tiago está falando aqui da “sabedoria” que ensina ao homem viver para si mesmo e não para Deus. É a que traz em seu bojo a inveja, a contenda, a divisão, a perturbação da paz. Tal “sabedoria” é própria do homem sem Deus. Deste modo, a sabedoria segundo o mundo “é terrena, animal e diabólica” (v.15). As suas conseqüências são:

1. Amarga inveja (v.14). Quanto desse fruto nocivo é encontrado em nossas igrejas! A inveja do progresso material de um irmão ou do seu crescimento espiritual ou posicional dentro da igreja, por exemplo. A inveja por parte de alguns daqueles que exercem cargos de liderança na igreja tem perturbado bastante o desenvolvimento da obra de Deus.

Na vida do rei Saul encontramos a manifestação devastadora do ciúme e da inveja.
Para Saul era inconcebível que as mulheres em Jerusalém cantassem: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares. Então Saul se indignou muito, e aquela palavra pareceu mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares deram a Davi, e a mim somente milhares: na verdade, que lhe falta, senão só o reino?” (1 Sm 18.7,8). O que Saul não sabia era que ele mesmo, e não Davi seria a vítima da sua atitude de inveja e ciúmes.

O que começou com uma aparente “inocente” atitude de ciúme desdobrou-se em raiva e conseqüente tentativa de assassinato, e com tudo isso, o temor: “E temia Saul a Davi, porque o Senhor era com ele e se tinha retirado de Saul” (I Sm 18.12).

2. Sentimento faccioso (v.14). O espírito de facção no seio da comunidade cristã é de inspiração diabólica. O Espírito de Deus nada tem a ver com as divisões e partidarismos eventualmente surgidos na Igreja de Jesus Cristo. Para muitos crentes, hoje, a glória é pertencer a esta ou àquela igreja, a este ou àquele ministério, enquanto que para eles os demais crentes são cristãos de segunda categoria.

Isto é um desserviço ao reino de Deus e uma forma de rompimento dos sagrados laços do amor fraternal. Esta tendência de criar facções e partidos dentro da Igreja de Jesus Cristo não é tão recente como alguns possam imaginar. Já nos primórdios da Igreja havia aqueles que estufavam o peito e arrogantemente diziam: “Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo...” (I Co 3.4).

A esses o apóstolo Paulo censurou veementemente: “Ainda sois carnais. Pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?... Porventura não sois carnais?” (I Co 3.3,4).

O resultado quando damos corda a estes dois aspectos da sabedoria “terrena, animal e diabólica” (v.15), é a “perturbação e toda a obra perversa” (v.16).

CARACTERÍSTICAS DA SABEDORIA CARNAL (vv.14-16)

1. Tem amarga inveja. O sábio carnal é dominado pela inveja. Ele fica perturbado e revoltado com o sucesso alheio. Sua sabedoria só abrange as coisas carnais e humanistas, é de natureza baixa (v.15). 2. Sentimento faccioso. É sentimento de divisão, de grupos e grupelhos, de “panelinhas”. Essa sabedoria só faz mal à obra do Senhor.

3. É terrena. Já vimos que a sabedoria excelente é a que vem do alto. A sabedoria carnal é terrena e só serve para as coisas desta vida.

4. Animal. É sabedoria dominada pela natureza carnal, não-convertida, que não tem a virtude do Espírito Santo.

5. Diabólica. Na sabedoria que não é de Deus, o Diabo procura ocasião, para causar inveja, espírito faccioso e “perturbação e toda obra perversa” (v.16).



O SÁBIO E INTELIGENTE SEGUNDO A BÍBLIA

1. Aquele que tem bom trato (v.13). Isto se refere ao crente que tem bom procedimento, boas maneiras e modos no relacionamento com as outras pessoas. É qualidade muito necessária em nossos dias, quando, em face do frenesi que domina a sociedade, pessoas, mesmo na igreja, tornam-se agressivas, grosseiras, mal-educadas, causando problemas de relacionamento. Infelizmente, até obreiros têm-se perdido nesse ponto. O crente sábio tem bom trato. Paulo aconselha que devemos considerar cada um superior a nós mesmos (Fp 2.3).

2. Aquele que tem obras de mansidão de sabedoria (v.13b). Isto fala do crente que cultiva a mansidão de modo sábio, consciente e não por medo ou covardia. Ele sabe que é melhor ser manso do que agressivo, pois, assim, glorifica a Deus e evita muitos dissabores. Mansidão é fruto do Espírito ((II 5.22). O Mestre disse: “...aprendei de” mim, que sou manso e humilde de coração...” (Mt II .2’)).

3. Aquele que vê o mal e esconde-se. Em Pv 22.3, lemos: “O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena”. Esconder-se do mal é ser sábio, O jovem sábio é aquele que “foge dos desejos da mocidade” (2 Tm 2.22).

4. Aquele que ganha almas. “. ..o que ganha almas sábio é” (Pv 11. 30b). O sábio, no conceito mundano, é aquele que ganha muito dinheiro, de preferência com esperteza e ilicitude. Ou aquele que possui graus acadêmicos superiores. Para Deus, no entanto, o verdadeiro sábio é aquele que se esforça para ganhar almas.

A SABEDORIA QUE VEM DO ALTO

Já estudamos que “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17).

Estudamos também que se alguém “tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada” (Tg 1.5).

Portanto, há uma sabedoria superior, que vem do alto, procedente de Deus, para tantos quantos a busquem sinceramente, “não duvidando” (Tg 1.6).

Os realmente sábios detentores desta sabedoria singular mostram-na “pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria” (Tg 3.13).

De acordo com o ensino de Tiago, a verdadeira sabedoria, aquela que vem do alto
(Tg 3.17), é:


1. Pura. A pureza se constitui num dos aspectos da perfeição divina e de tudo quanto se relaciona a ela. O termo grego a9ui empregado para a palavra “pura ‘ é agné, e geralmente está associada com purificação cerimonial. A purificação cerimonial era uma exigência do culto no judaísmo para agradar a Deus. Uma pessoa impura não podia participar dele. Até aqueles que eram designados para conduzir os vasos do Senhor tinham que ser puros (Is 52.11).

A sabedoria do alto é cerimonialmente pura, não está contaminada pelas imundícias que desagradam a Deus. Procedentes de Deus ela não está à sua inteira disposição para que seja aplicada naquilo que contribui para cumprimento do Seu desígnio.

2. Pacífica. Ao contrário da sabedoria do alto, que é pacífica, a sabedoria diabólica produz “perturbação e toda a obra perversa”. O termo eiréne aqui traduzido por “paz” e “pacífica” designa um estado de ordem de segurança e isenção de ódios.

Nenhum verdadeiro seguidor de Jesus Cristo usará da sabedoria do alto a qual Deus lhe confiou, para prejuízo de alguém; tampouco usará da influência de sua liderança para prejudicar o amor e a harmonia entre os filhos de Deus. Uma pessoa dominada pela sabedoria de Deus projetará isto no seu relacionamento com os seus semelhantes. Aqui jaz a bem-aventurança do pacificador (Mt 5.9).

3. Tratável. O termo sugere gentileza, uma forma de cavalheirismo com as pessoas. Infelizmente existem muitas pessoas e não poucos cristãos que não são tratáveis, pelo contrário: são agressivos, grosseiros, maldosos, rancorosos.  Alguns confundem franqueza com má educação, e convicção cristã irremovível com intransigência. A violência verbal e os ataques de alguns cristãos mostram que nada aprenderam do Cristo manso e humilde de coração (Mt 11.29).

Cristãos coléricos, irados contra aqueles que deles discordam, constituem-se uma ofensa ao evangelho. É o amor à verdade ou o ego ferido que prevalece? A sabedoria do alto não é truculenta, pelo contrário, ela nos leva a zelar pela reputação do nosso semelhante.

4. Cheia de misericórdia e de bons frutos. Aqueles que possuem a sabedoria divina e por ela se deixam conduzir, têm profundo interesse pelos que sofrem, e estão prontos a ajudar-lhes a levar as cargas. A insensibilidade para com o sofrimento alheio não é própria de quem provou em sua vida a compaixão e misericórdia de Deus. Neste caso não basta ser misericordioso para com os que sofrem, é necessário ser possuidor de bons frutos. Frutos, aqui, é a demonstração do cristianismo através das ações.

5. Imparcial. Onde a sabedoria divina está presente não há preferência por determinadas pessoas em detrimento de outras. Agir com parcialidade é uma forma de discriminação, e, como já estudamos, Deus condena a acepção de pessoas. Qualquer tipo de preferência por uma pessoa, porque ela é culta, rica e de boa posição social, em detrimento de outras, que não usufruem de iguais privilégios, não é, por certo, de inspiração divina.

6. Sem hipocrisia. Aqueles que amam e detêm a verdadeira sabedoria de Deus, aborrecem a hipocrisia; evitam ceder à tentação de demonstrar bondade teatral. Tais indivíduos, através de seus gestos e atos de bondade, buscam agradar a Deus, e não aos homens.Três das características da sabedoria divina, à disposição do crente, são encontradas nas bem-aventuranças proferidas por Jesus:

Pura: “Bem-aventurados os puros de coração...” (Mt 5.8).
Pacífica: “Bem-aventurados os pacificadores...” (Mt 5.9).
Cheia de misericórdia: “Bem-aventurados os misericordiosos...” (Mt 5.7).

“A sabedoria é a coisa principal: adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o conhecimento. Exalta-a, e ela te exaltará; e, abraçando-a tu, ela te honrará. Dará à tua cabeça um diadema de graça, e uma coroa de glória te entregará” (Pv 4.7-9).



Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Lições Bíblicas CPAD 1989

Lições Bíblicas CPAD 1999


19 de agosto de 2014

O CUIDADO COM A LÍNGUA



O CUIDADO COM A LÍNGUA
TEXTO ÁURO = “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo (Tg 3 2).

VERDADE PRATICA = A nossa língua pode destruir vidas, portanto sejamos cuidadosos com o que falamos.
LEITURA BIBLICA = TIAGO 3: 1-12

INTRODUÇÃO

É muito difícil alguém não tropeçar em palavras. Às vezes, dizemos algo que não gostaríamos que saísse de nossos lábios. Quando percebemos,já é tarde. É o que se, chama de ato falho, pois revela o que está no interior da pessoa e, muitas vezes, causa sérios problemas a quem diz e a quem ouve. Por isso, precisamos vigiar, santificando a língua, para que não venhamos a tropeçar por palavras.

A DIFICULDADE EM DOMINAR A LÍNGUA

1. Mais duro juízo aos mestres. Tiago aconselha que muitos não devem querer ser mestres, pois para estes está reservado “mais duro juízo” (v.l). De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, os mestres são “os pastores, dirigentes de igreja, missionários, pregadores da Palavra ou qualquer pessoa que ensine às congregações. O professor precisa compreender que ninguém na igreja tem uma responsabilidade maior do que aqueles que ensinam as Sagradas Escrituras. No juízo, os mestres cristãos serão julgados com mais rigor e mais exigência do que os demais crentes”.

2. O mestre tem que ser exemplo. É tarefa difícil ensinar na Igreja do Senhor. As pessoas empolgam- se com os ensinos bem ministrados, fundamentados e ilustrados, mas, depois, olham para a vida do pregador. “Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade” (Tg 2.12).

3. O varão perfeito (v.2). O apóstolo diz que “todos tropeçamos em muitas coisas”. Ele se incluía entre os que falhavam em muitas coisas, acrescentando que “se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo”. E isso não é fácil. Contudo, entregando nosso eu ao controle do Espírito Santo, Ele pode refrear nossos impulsos, inclusive a compulsão no falar.

4. E mais fácil dominar animais e navios (vv.3,4).

Tiago diz que os cavalos e navios são dominados pelo homem e que, “toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana”.
Enquanto isso, “nenhum homem pode domar a língua” (v.8). Só há uma solução: santificar a língua dizendo como Davi: “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios” (SI 141.3).

OS MALES PROVENIENTES DA LÍNGUA

1. A língua é um fogo (v.6a). Tiago usa essa figura para mostrar que, assim, como um pequeno fogo pode incendiar um grande bosque (v.5), “a língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade”, posta entre os nossos membros, “e contamina todo o corpo”, “inflamada pelo curso do inferno”. Realmente, na vida quotidiana, vemos que a língua serve de instrumento para propagação da mentira, das falsas doutrinas, da intriga, da inveja, das agressões verbais, dos impropérios, da fofoca, que tantos males têm causados às igrejas.

2. A dubiedade da língua (vv.9, 10). A língua “está cheia de peçonha mortal” (v.Sc). Por isso, é preciso muito cuidado no falar, pois com a mesma língua com que “bendizemos a Deus e Pai”, “amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”. Ainda que de uma mesma fonte não possa sair água doce e água amarga (Tg 3.11), ou de uma figueira sair azeitona, ou da videira sair figos (Tg 3.12), infelizmente, da mesma língua podem sair a bênção e a maldição. Não nos esqueçamos de que um dia cada um dará contas a Deus até das palavras ociosas. Jesus advertiu: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.37).

3. Todos tropeçam em muitas coisas (3.2). Estas “muitas coisas” aqui mencionadas pelo apóstolo incluem necessariamente o falar. Quem, sinceramente, não se lembra de uma ou mais ocasiões em que fez mau uso da língua para expressar ira, murmuração ou para prejudicar a reputação do seu semelhante?

Salomão encara esta questão com extremo realismo quando diz: “Tampouco apliques o teu coração a todas as palavras que se disserem, para que não venhas a ouvir que o teu servo te amaldiçoa. Porque o teu coração também já confessou muitas vezes que tu amaldiçoaste a outros” (Ec 7.21,22).

Por isso a advertência de Jesus deve sempre ressoar em nossos corações: “Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.37).

3. A língua é humanamente indomável (3.8). Tiago diz que se pode disciplinar o cavalo e guiá-lo com rédeas, bem como o navio se deixa navegar sob o comando dum pequeno leme, “mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal (v.8).
Um cavalo sem rédeas pode tornar-se um destruidor, tal como um navio sem leme pode ser destruído ou causar a destruição de outros. Da mesma forma, a menos que o homem discipline o seu falar, a língua poderá torná-lo destrutivo e auto-destrutível.

4. Com a língua tanto se bendiz quanto se amaldiçoa (3.9). Como é possível que um mesmo instrumento tenha a capacidade de ser usado para fins tão opostos entre si?
A língua é capaz disto. Ela tanto bendiz ao Deus Criador como amaldiçoa o homem, feito à semelhança divina. Aturdido, em face de esta duplicidade no uso da língua, suplica o apóstolo do Senhor:  “Meus irmãos, não convém que isto se faça assim” (v.10). Que Deus nos guarde do mau uso da língua!

OS CRIMES COMETIDOS COM A LÍNGUA

1. A calúnia. Pode ser feita através da mentira, falsidade e invenção contra alguém. A lei jurídica brasileira prevê pena contra os caluniadores. E de admirar que, em muitas igrejas, quem calunia não sofre qualquer ação disciplinar e com isso o mal se avoluma, pois o caluniador é assim estimulado na sua tarefa maligna e destruidora dos valores alheios. Outros, da mesma índole, têm prazer em relembrar, comentar e espalhar fraquezas, imperfeições e pecados dos outros, servindo-se da língua. A Bíblia condena a calúnia (ler o SI 101.5). “Não dirás falso testemunho contra teu próximo” (Êx 20.16). (Ver Êx 23.7; Dt 5.20; Pv 19.9.)  Hoje, há pessoas que estão desviadas dos caminhos do Senhor, porque foram vítimas de calúnia de algum irmão.

2. A difamação. Da mesma forma, é crime contra a honra, previsto no Códïgo Penal Brasileiro. É perigoso o tropeço na palavra, falar contra a honra de alguém.
Muitas vezes, o obreiro “passa a mão por cima” do difamador para não dá escândalo. Se alguém fuma é “cortado” da comunhão. Fumar é pecado contra o corpo, mas será isso mais grave que difamar alguém? 

Uma jovem contou que seu pastor excluiu-a da igreja, porque um irmão disse que ela estava namorando com um incrédulo, quando isto não era verdade. Nem sequer teve oportunidade de defesa. Enquanto isso, o difamador ficou normalmente nas atividades da congregação. A Bíblia diz: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros” (Tg 4.11 a).

3. A injúria. ‘Jesus, no Sermão da Montanha, disse: “...e qualquer que chamar a seu irmão de raça será réu do sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno” (Mt 5.22b). Há uma atitude de dois pesos e duas medidas, em muitas igrejas, quando só são punidos aqueles que adulteram ou roubam, mas ficam totalmente impunes os caluniadores, injuriadores e difamadores. Alguém responderá por isso no juízo de Deus.

OUTROS TROPEÇOS NA PALAVRA

1. O boato. Originariamente, boato vem do latim boatu, significando “mugido ou berro de boi”. Hoje, significa “notícia anônima, que corre publicamente sem confirmação; baleia; rumor, zunzunzum”. Há um demônio espalhando esse tipo de coisa em muitas igrejas. É o “ouvi dizer...”, o “disseme-disse”, sinônimos de mexerico. Já é conhecida a história do homem que espalhou boato contra outro. Este, abatido, ficou doente. Depois, ficou provado que o fato não era verdade. O boateiro foi pedir perdão ao atingido pela má notícia. Este lhe disse: “Eu perdôo se você fizer duas coisas”, O outro indagou: “O que?” Primeiro, que você pegue este saco de penas, suba o monte e deixe o vento levá-las. O boateiro disse: “Sim, isto é fácil. Faço logo”. E o fez. Ao retornar, o homem doente lhe disse: “Agora, peço que faça a segunda coisa: vá e junte todas as penas que espalhou”.

O mentiroso disse: Ah! Isso é impossível! A Palavra de Deus condena esse tipo de mal uso da língua (ler Lv 19.16; Ex 23.1). Tenhamos cuidado com esse “mugido de boi” do Diabo!

2. A murmuração. Murmurar significa “dizer em voz baixa; segredar; censurar disfarçadamente; conversar, difamando ou desacreditando”. Os demônios da murmuração estão soltos no meio de muitas igrejas. É crente falando contra o pastor e sua família e vice-versa; é obreiro falando contra outro; é esposa de obreiro murmurando contra esse ou aquele crente; só quem gosta disso é o Diabo, causando tristeza e dissensões nas igrejas. Devemos ter cuidado, pois Deus ouve as murmurações (Êx 16.7,8; SI 31.13). A Bíblia ordena: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14).

3. As palavras torpes. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem?” (Ef 4.29).

São palavras chulas, ou grosseiras; pornofonias (palavras ou expressões obscenas); pornografias. Ou seja: baquilo relativo à prostituição, a coisas obscenas, (sejam por revistas, filmes, etc.), piadas grosseiras; anedotas que ridicularizam as coisas de Deus. Tudo isso leva o crente a tropeçar na palavra, usando a língua para agradar ao Diabo e entristecer o Espírito Santo.

ILUSTRANDO O PODER DAS PALAVRAS

Não pode haver duplicidade na palavra do cristão. O dúplice pensar não deve fazer parte do estilo de vida do seguidor de Jesus Cristo. Procurando ilustrar o que isto significa, Tiago pergunta: “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
Meus irmãos podem também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (vv.11.12).  Atentemos, pois, para esta tríplice ilustração do poder das palavras, feita pelo apóstolo:

1. A fonte que jorra dois tipos de água. “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?” (v.11). A resposta óbvia a esta pergunta é que uma mesma fonte não produz água doce e água amargosa.  Da mesma maneira, a língua do cristão, diferente da língua do ímpio, não pode produzir dois tipos de palavras, a de bênção e a de maldição. Cada fonte produz um tipo de água. Um é o falar do cristão. Outro é o falar do ímpio. O ideal divino para o cristão é que a sua palavra seja “temperada com o sal” do temor a Deus, para que saiba como convém responder a cada pessoa (Cl 4.6).

2. A árvore que produz frutos segundo a sua espécie. “Pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos?” (v.12). Por uma questão de sensatez todos hão de concordar que a figueira produz figos e não azeitonas, e que a videira produz uvas e não figos. Isto é, cada árvore produz frutos segundo a sua espécie, de acordo com a sua natureza. Através desta oportuna pergunta do apóstolo Tiago, o Espírito Santo dirige a nossa atenção no sentido de refletirmos no fato de que não deve haver duplicidade de frutos em nosso viver. Produza, então, o cristão o fruto que dele se espera.

3. A fonte que produz um só tipo de água. “Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (v.12). Se pudermos tomar a fonte que produz água salgada como tipo do homem não regenerado, então a fonte de água doce seria um tipo do homem convertido, do crente. É desta fonte que o mundo precisa beber a água cristalina, que é a Palavra de Deus, ou seja, precisam ouvir boas palavras, palavras de consolo, de ajuda e de edificação. Agora, se nos falta essa palavra de esperança de quem o mundo a ouvirá?

PURIFIQUE O CORAÇÃO PARA CONTROLAR A LÍNGUA, 3.9-12

Nos versículos 3-8, Tiago escreveu a respeito da língua e a natureza humana do homem caído. No versículo 9, uma nova dimensão é introduzida enquanto o apóstolo discute o falar dos crentes — Meus irmãos (v. 10). “A língua é a expressão dos pensamentos do homem e a revelação se ele está dominado pela vontade própria ou pela obediência à vontade de Deus”. A língua dobre é tão incongruente no cristão quanto uma fonte de onde manam água doce e água amarga (v. 11) ou como uma figueira (v. 12) que produz azeitonas.

CONCLUSÃO

Diante do que temos visto, o crente só pode combater o tropeço na palavra, lendo a Palavra de Deus, deixando-se dominar pelo Espírito Santo, vigiando e disciplinando o falar. Usemos a língua para o bem (ler Ef 4.29), pois somos cidadãos dos céus e não devemos descer a linguagem ao nível diabólico. Devemos usar a língua para encorajar outros, louvar a Deus, e levara mensagem do evangelho aos perdidos. Assim fazendo, dificilmente tropeçaremos em palavras.

Após considerar as possibilidades do mau uso da língua e do tropeço no falar, diz Tiago: “Meus irmãos, não convém que isto se faça assim” (v.10). Então, o que deve fazer o cristão para exercer o governo sobre a sua língua? Entre outras coisas ele deve compreender que:

1. Deus quer que tenhamos linguagem sã. “Em tudo te dá, por exemplo, de boas obras... linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” (Tt 2.7,8). O crente tem de possuir linguagem compatível com a sua vida de santidade.

2. Deus mesmo pode purificar a nossa língua. Após contemplar a glória da majestade divina e confessar a sua impureza de lábios Isaías viu que um serafim, enviado por Deus, chegou com uma brasa viva e com ela tocou nos seus lábios, dizendo:  “Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado” (Is 6.1-7).  Nenhum homem pode dominar a sua língua a menos que a submeta à autoridade de Deus.

3. Deus quer que a nossa língua seja veículo de bênçãos. Diz o sábio Salomão que  “Há alguns cujas palavras são como pontas de espada, mas a língua dos sábios é saúde” (Pv 12.18). Eurípedes, um ilustre homem da antiguidade, disse: “O sábio tem duas línguas: uma para dizer a verdade; a outra, para dizer o que é oportuno”.
A Bíblia, no entanto, condena a língua dobre, e Jesus disse: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mt 5.37) veja também Mt 12.33-37.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

Comentário Bíblico Beacon
LIÇÕES BIBLICAS CPAD 1999
LIÇÕES BIBLICAS CPAD 1989